Buscar

Resenha Psicanálise – Teoria

Prévia do material em texto

Aluna: Catherine Silva da Cunha
Curso: Pós-Graduação em Psicanálise
Disciplina: Psicanálise – Teoria
Ao se deparar com uma paciente que melhorou de seus sintomas a medida em que falava livre e ininterruptamente, Breuer decidiu compartilhar a experiencia com Sigmund Freud, um jovem medico austríaco que o acompanhava. Freud juntou o conhecimento adquirido com esse relato, com os 4 meses de estágio na clínica do Hospital Salpêtrière ao lado de Charcot e a sua repetida leitura do livro “A arte de tornar-se um escritor original em três dias” de Ludwig Borne para conseguir compreender como a palavra toca o corpo da histérica e quão necessário se faz que seu relato seja ouvido de forma não disciplinadora, ou seja, ouvida na singularidade de cada expressão usada. Assim nascia a psicanálise, que tinha como objetivo trazer ao conhecimento do sujeito afetos recalcados pelo inconsciente que, de alguma forma, atrapalhassem a sua vida e dessa maneira faze-lo seguir seu caminho livre de traumas.
A utilização da fala livre do paciente é característica mais marcante do primeiro período da psicanalise. Porem, esta foi logo substituída por outra técnica, chamada por alguns profissionais da época de maternagem, por remeter a fala de uma mãe ao seu bebê. Essa técnica foi criada no intuito de acabar com o silêncio que ocorria nas sessões quando o paciente não conseguia ultrapassar a barreira do recalque, preenchendo-o de forma esclarecedora com a fala do analista baseada na contratransferência vivida no ambiente terapêutico. J. Lacan, respaldado em Freud, negou essa pratica veemente, afirmando que o silencio precisava ser vivido e ouvido e não negado ou recoberto de interpretações contratransferências. Afirmava também que o próprio significante (palavra), e não apenas o significado do dito pelo analisando, deveria ser levado em consideração pois nele estava a base das formações inconscientes tratadas em análise. O sonho passou a ser interpretado por meio dos mecanismos da metáfora e da metonímia, criando assim a primeira lógica do inconsciente. Freud afirmava que o processo elucidativo é infinito porque sempre haverá um ponto vazio na análise, uma vez que nem tudo pode ser nomeado, tornando assim o dito em analise insuficiente e interminável.
Em XXI a clínica psicanalítica passou por uma nova mudança em sua ênfase. Quando a psicanalise nasceu, criou uma estrutura clinica tão bem elaborada que todos começaram a aceita-la como verdade da espécie humana. O Complexo de Édipo conseguia explicar todos os conflitos vividos pela sociedade da época, que respondia a um padrão vertical de organização, onde tudo girava em torno da figura paterna. Era possível valorizar a articulação simbólica do inconsciente porque os padrões de comportamento eram relativamente estáveis, características estas da primeira clinica de Lacan. Porem o mundo evoluiu e a configuração da sociedade mudou para horizontal e de opções múltiplas. Hoje o sujeito queixa-se mais do futuro do que do passado, deixando clara a necessidade da reinvenção da psicanalise para suprir a demanda.
Nesse novo mundo o indivíduo é levado cada vez mais a considerar em suas decisões importantes o sem sentido, o que significa fazer escolhas baseado em uma aposta, também chamado de Invenção e Responsabilidade (I. R.). O I. R. consiste na invenção de uma resposta por um sujeito diante do que não se sabe e, posteriormente, a sua responsabilização por essa ação. Essa é a principal característica da segunda clínica de Lacan, também chamada de clínica do Real. Na clínica atual, a posição do analista deve dar ao analisando uma percepção não assustadora do não saber, levando-o a buscar uma resposta nova diante a situação vivida e o fazendo perceber que não lhe cabe o prêt-à-porter. o individuo atual vive o novo amor, onde se busca um par, não apenas no sentido romântico da palavra, para saber de si, fazendo valer a ideia que o outro lhe representa naquilo que lhe excede. 
A psicanalise lacaniana é sustentada pela ética do desejo, fazendo com que o sujeito seja responsabilizado pelas escolhas feitas e pelo modo de satisfação encontrado o incluindo no discurso e no inconsciente manifestado.

Continue navegando