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Contabilidade Pública Esta disciplina tem caráter multidisciplinar e reveste-se de singular importância, não apenas para a formação acadêmica, em variadas áreas como Ciências Contábeis, Administração e Gestão Pública, mas, especialmente, para aqueles que têm a intenção de atuar como profissionais na área pública, notadamente nas funções com mais forte interface com as finanças públicas. Nessa direção, o material apresentado abrange parte dos conteúdos que têm sido requisitados em concursos para provimento de cargos públicos. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: Distinguir as estruturas do Estado, do governo e da Administração Pública, na dinâmica de funcionamento das finanças estatais, de forma a situar a função da Contabilidade Pública neste contexto; Identificar os princípios da Contabilidade Pública, seu regime, objeto, objetivos, campo de aplicação, função social, e a forma de contabilização das principais operações típicas da área pública, realizadas com a utilização do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público; Reconhecer os conceitos e as estruturas de classificação das receitas e das despesas, públicas, dos créditos públicos, da dívida ativa e das demonstrações contábeis do setor público, bem como a importância dos mecanismos de controle do patrimônio e da gestão pública. Aula 1: Estado, Governo e Administração Pública Nessa aula, serão apresentadas noções gerais de Administração Pública e do funcionamento das finanças públicas. Apresentaremos as estruturas do Estado, do governo e da Administração Pública. Abordaremos também os princípios que regem a Administração Pública e a classificação dos serviços públicos. Aula 2: Formas de financiamento da atividade estatal Nessa aula, trataremos dos meios através dos quais o Estado obtém recursos para o seu funcionamento. Veremos os conceitos e as estruturas de classificação das receitas públicas, dos créditos públicos e da dívida ativa. Também serão apresentados os estágios de execução das receitas públicas. Aula 3: Despesa pública Nessa aula, trataremos das despesas públicas, destacando os aspectos relacionados com as normas constitucionais. Veremos os conceitos, as estruturas de classificação e os estágios de execução das despesas públicas. Também serão abordados três tipos especiais de despesas: restos a pagar, despesas de exercícios anteriores e suprimento de fundos. Aula 4: Aspectos Introdutórios Nessa aula, traçaremos um breve histórico da evolução da contabilidade pública no Brasil, identificaremos seus princípios, regime, objeto, objetivos, campo de aplicação e função social, e também apresentaremos os principais componentes do seu arcabouço legal. Aula 5: Aspectos Práticos Nessa aula, abordaremos os aspectos relacionados com o patrimônio público, suas variações, formas de mensuração, reavaliação e provisionamento. Apresentaremos o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), os subsistemas de informações contábeis, e analisaremos a forma de contabilização das principais transações do setor público. Aula 6: Demonstrações contábeis do setor público Nessa aula, serão apresentadas e analisadas cada uma das seis demonstrações contábeis que compõem o conjunto de relatórios devendo ser apresentados pelas entidades do setor público das diferentes esferas de governo — União, estados, Distrito Federal e municípios, a saber: Balanço Patrimonial; Balanço Orçamentário; Balanço Financeiro; Demonstração das Variações Patrimoniais; Demonstração dos Fluxos de Caixa e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Aula 7: Gestão Patrimonial Nessa aula, abordaremos os diferentes tipos de inventários, suas fases, princípios, normas e a integração entre os setores de patrimônio, almoxarifado e contabilidade. Conheceremos também a forma de classificação patrimonial dos bens públicos. Aula 7: Gestão patrimonial Nessa aula, abordaremos os diferentes tipos de inventários, suas fases, princípios, normas e a integração entre os setores de patrimônio, almoxarifado e contabilidade. Conheceremos também a forma de classificação patrimonial dos bens públicos. Aula 8: SIAFI Nessa aula, serão apresentadas noções gerais do SIAFI, sua importância como instrumento de apoio à gestão orçamentária, financeira, patrimonial e contábil dos entes públicos, seus objetivos, suas características, formas de acesso, modalidades de uso e principais transações. Aula 9: Lei de Responsabilidade Fiscal Nessa aula, você conhecerá a Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal. A abordagem terá como foco principal os dispositivos que estabelecem os limites de gasto e endividamento, devendo ser observados pelos gestores públicos das três esferas de governo. Aula 10: Controle da Administração Pública Nessa aula, trataremos da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, estabelecida no art. 70 da Constituição Federal de 1988. Conheceremos as diferentes formas e tipos de controle na Administração Pública, e abordaremos também os aspectos relacionados com o processo de contas, suas formas, seus tipos, sujeitos e prazos. Bibliografia BEZERRA FILHO, João Eudes; Contabilidade aplicada ao setor público: abordagem simples e objetiva. São Paulo: Atlas, 2014. JUND, Sérgio; AFO, Administração Orçamentária e Financeira: teoria e 730 questões. 2. ed. São Paulo: Campus, 2007. SILVA, Valmir Leôncio. A Nova Contabilidade aplicada ao setor público: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. Bibliografia complementar LIMA, Diana Vaz de. Contabilidade Pública: integrando União, estados e municípios (SIAFI e SIAFEM). São Paulo: Atlas, 2007. BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000. Manual de Contabilidade aplicada ao setor público. 6. ed. Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) números: 0750/1993, 1111/2007, 1121/2008, 1128/2008 a 1137/2008, 1282/2010 e 1366/2011. Aula 1- Estado, Governo e Administração Pública Introdução O seu sucesso profissional depende fortemente do quanto você conhece e domina o negócio da organização na qual trabalha. É preciso que você conheça a organização, seu negócio, seus mercados e clientes, sua estrutura, missão, objetivos, metas, valores etc. Quando aplicamos esse conceito, na área pública, nos deparamos com um ambiente complexo e diferenciado, porque o Estado atua em praticamente todas as áreas, como por exemplo, petróleo e gás, telecomunicações, transporte, segurança, saúde, lazer, turismo, ensino etc., sendo que nenhuma delas configura o “negócio estatal”, o que nos remete a duas questões iniciais: Qual é o negócio do Estado? Qual a sua estrutura? Para se ter uma visão abrangente da função da Contabilidade Pública, como ferramenta de gestão das finanças públicas, inicialmente é necessário conhecer as estruturas de funcionamento do Estado, do governo e da Administração Pública. Objetivos Ao fim desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: Analisar as estruturas de funcionamento do Estado, do Governo e da Administração Pública; Identificar os princípios que regem a Administração Pública. Estrutura do Estado Estado é uma entidade política e abstrata criada pela vontade da sociedade, que ocupa um território, e tem a soberania reconhecida, no âmbito nacional e internacional. Desde o nascimento o homem é tutelado pelo Estado que, mesmo contra sua vontade, é obrigado a seguir as suas regras. O objetivo do Estado é assegurar a vida humana em sociedade, garantir a ordem interna e internacional, elaborar as regras de conduta, distribuir justiça e promover o bem-estar da coletividade. Estado Democrático de Direito Situação jurídica na qual são assegurados os direitos fundamentais, e os indivíduos e o poder público respeitam as normas, a hierarquia e a separação dos poderes. Sistema Jurídico: Conjunto de normas jurídicas interdependentes, reunidas segundo um princípio unificador. São três os elementosque formam o Estado: Povo: Conjunto de pessoas físicas que mantém vínculo jurídico-político com o Estado. Território: Espaço físico onde se exerce a soberania. Governo: É o ente gestor do Estado através do exercício da soberania, não admitindo poder igual no plano interno e nem tampouco poder superior no plano externo. Fins e Finalidades: Alguns autores acrescentam um quarto elemento que são os objetivos a serem alcançados pelo Estado, notadamente os fins fundamentais. Formas de Estado São as maneiras através das quais o Estado organiza o seu povo, no seu território, e estrutura o seu poder. As formas podem ser: Simples (ou unitário) - Existe uma única unidade centralizadora do poder político. Composto (ou complexo) - Há uma pluralidade descentralizada do poder político. Pode ser uma confederação ou uma federação. Federação - É a reunião de partes internas (com governos) autônomas. Entende-se que a soberania é do Estado Federal. Confederação - É a união de mais de um Estado. Atividade Financeira do Estado Para Alexandre Santos de Aragão (2007, p. 129), toda atividade estatal, de qualquer Poder, possui finalidade voltada para o ''bem comum ou a satisfação das necessidades dos cidadãos''. Dessa forma, podemos considerar que o “negócio do Estado” é gerar o bem comum, e que para isso, o Estado necessita obter recursos e gerenciá-los. O governo, como gestor do Estado, obtém os recursos, legitima sua utilização através da aprovação dos representantes do povo e gasta visando a satisfazer as necessidades dos cidadãos. Esses procedimentos podem ser evidenciados de forma sistêmica no diagrama a seguir. Para exercer atividade financeira o Estado utiliza as estruturas de governo e da Administração Pública. Estrutura de Governo Todo governo faz sua estrutura fundamentada em alguns pilares, tais como: Conceito Governo é o componente do Estado que conduz, politicamente, o conjunto de órgãos e atividades para execução das políticas públicas. É comum haver confusão entre os conceitos de Estado e Governo, porque muitos acreditam que essas expressões possuem o mesmo significado, entretanto, são conceitos diferentes. Os governos são transitórios e podem apresentar diferentes formas, enquanto os Estados são permanentes. Formas de Governo São os tipos de relação do governo com o povo. Existem dois tipos básicos: • Monarquia - O governo é exercido por um monarca que governa e transmite o poder por hereditariedade. • República - O princípio republicano relaciona as ideias de soberania popular com a responsabilidade dos governantes que representam o povo e são escolhidos em intervalos regulares através de eleições. Teoria de Montesquieu Na teoria clássica da tripartição dos poderes, conhecida como teoria de Montesquieu, o governo é organizado em três poderes harmônicos entre si, e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF/88 art. 2º). • Poder Legislativo - Função normativa (elaboração de leis). • Poder Executivo - Função administrativa (cumprimento das leis). • Poder Judiciário - Função judicial (aplicação forçada das leis). Cada Poder exerce a sua função de modo preferencial, mas não exclusivo, porque todos os poderes praticam atos que, a rigor, seriam de outro poder. Exemplos: • O Poder Executivo exerce a função legislativa quando edita medidas provisórias; • O Poder Legislativo exerce a função administrativa quando regula seus serviços internos e a função judicial quando julga o Presidente da República por crime de responsabilidade; • O Poder Judiciário exerce a função administrativa quando regula seus serviços internos e a função legislativa quando edita súmulas vinculantes e declarações de inconstitucionalidade. Legislativo Executivo Judiciário Federal Senado Federal Câmara dos deputados Tribunal de Contas da União Presidência da República Ministérios Supremo Tribunal Federal Superior tribunal de Justiça Superior Tribunal Militar Tribunal Superior do Trabalho Tribunal Superior Eleitoral Tribunais Regionais Federais Estadual Assembleia Legislativa Tribunal de Contas do Estado Conselho de Contas Governadoria Secretarias de Estado Tribunal de Justiça Municipal Câmara dos Vereadores Tribunal de Contas do Estado ou do Município Prefeitura Secretarias Municipais Órgãos Auxiliares Inexistente Estrutura da Administração Pública Administração pública é o conjunto de órgãos do Estado que tem por finalidade satisfazer as necessidades da coletividade, através da execução dos serviços públicos em áreas como Educação, Segurança, Saúde, Transporte etc. A Administração Pública pode ser exercida de forma centralizada ou descentralizada. Direta Quando o Estado executa suas atividades diretamente através dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Nesse caso, os órgãos não possuem personalidade jurídica própria nem patrimônio. Indireta Quando o Estado transfere a execução das suas funções para outras pessoas jurídicas, ligadas a ele. Nesse caso, as entidades possuem personalidade jurídica e patrimônio, próprios, e são vinculados a um órgão da administração direta. Auxiliar Visa a ampliar o alcance da ação estatal, fazendo-a chegar até os cidadãos através de organizações particulares que recebem delegação de encargos públicos. Estrutura da Administração Pública Direta Indireta Auxiliar Poder Executivo Poder Legislativo Poder Judiciário Autarquias Fundações Empresas Públicas Sociedades de Economia Mista Concessionárias Permissionárias Entidades não Públicas Administração Direta É composta pelo conjunto de órgãos diretamente ligados à estrutura central de cada uma das esferas de governo: federal, estadual ou municipal, com capacidade política para executar os serviços públicos por intermédio dos seus órgãos. Dessa forma, a Administração Direta é constituída pelos órgãos que integram a estrutura de governo. Administração Indireta Tem por base a descentralização da estrutura administrativa com vistas a ampliar o alcance dos serviços prestados pelo Estado, e é constituída por um conjunto de órgãos vinculados à Administração Direta. Autarquia As autarquias são entidades da Administração Indireta, autônomas, com personalidade jurídica de direito público interno, sem fins lucrativos, destinadas à realização de atividades tipicamente públicas que requeiram, para o seu melhor funcionamento, gestão financeira e administrativa descentralizada, e podem ser classificadas em três categorias básicas: • Autarquias institucionais: são entidades criadas pelo Estado para executar tarefas que lhe foram destinadas por lei. São meros entes administrativos, sem delegação político estatal, que procuram apenas atingir os objetivos que lhes foram atribuídos. • Autarquias corporativas: são entidades incumbidas de exercer a fiscalização sobre o exercício de certas profissões. Exemplo: OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CRM (Conselho Nacional de Medicina). • Autarquias especiais (ou de regime especial): são entidades regidas por normativas legais específicas, que lhes conferem prerrogativas especiais e diferenciadas. Fundação Pública São entidades da Administração Indireta, com autonomia administrativa, caracterizadas pela atribuição da personalidade jurídica, de direito público ou privado, a um patrimônio, que exercem atividades de caráter social, como assistência médica, educação, assistência social, pesquisa etc. Empresa Pública São entidades da Administração Indireta, dotadas de personalidade jurídica de direito privado, com capital exclusivo do Estado, criadas para exploração de atividade econômica que o Poder Público exerce por força de contingência ou conveniência administrativa. Sociedades de Economia Mista São entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, criadas para exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, que o Estado, ou uma entidade da Administração indireta, detenha a maioria das ações com direito.
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