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Indaial – 2022 Pública Prof.ª Danrlei Anderson Peyerl 2a Edição contabilidade Elaboração: Prof.ª Danrlei Anderson Peyerl Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: Caro acadêmico, seja bem-vindo à Disciplina de Contabilidade Pública. A Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que tem como finalidade, no processo gerador de informações, aplicar os princípios contábeis e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público. E essas entidades são: órgãos, fundos, fundações públicas e pessoas jurídicas de Direito Público ou que, possuindo personalidade jurídica de Direito Privado, recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, na execução de suas atividades. Seremos capazes de compreender que o objetivo da Contabilidade Pública é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e patrimonial do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social. Essa, por último, pautada na função social de fornecer informações que sejam compreensíveis e úteis aos cidadãos no desempenho de sua soberana atividade de controle do uso de recursos e patrimônio público pelos agentes públicos. Na Unidade 1, abordaremos, inicialmente, os principais aspectos da Administração Pública, tratando da divisão dos poderes, da estrutura e seus princípios. Posteriormente, trataremos dos conceitos e princípios introdutórios aplicados à Contabilidade Pública, seguido da apresentação do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Por último, discutiremos os marcos legais da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, mais especificamente, a Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estabelece as normas gerais do Direito Financeiro, Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece as normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e, por fim, as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público e demais legislações aplicadas à Contabilidade Pública. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos o Orçamento Público. Nessa unidade, buscaremos estudar os principais instrumentos do ciclo de planejamento das contas públicas, que inclui a elaboração do Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual, necessários para a viabilização da prestação dos serviços públicos para o bem-estar da coletividade. A seguir, aprofundaremos nossas discussões sobre o conceito e a finalidade do Orçamento Público, os tipos de orçamentos, os princípios orçamentários, suas alterações e seu ciclo. Por último, abordamos a classificação das receitas e despesas públicas, suas fontes e destinação de recursos. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos os principais aspectos conceituais e legais da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, seus regimes de contabilização orçamentária e contábil, suas variações orçamentárias e patrimoniais, seus subsistemas APRESENTAÇÃO de informação contábil, em termos do sistema orçamentário, financeiro, patrimonial e de custos, apresentando ao final o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público. Na sequência, serão apresentados os principais lançamentos contábeis do setor público, mais especificamente, os lançamentos típicos de execução de receitas e despesas orçamentárias. Finalmente, trataremos das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público, com o objetivo de compreender e avaliar os resultados alcançados e os aspectos orçamentários, econômico-financeiros e físicos do patrimônio das entidades do setor público e suas mutações, bem como as demonstrações exigidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Por tudo isso, este Livro didático servirá de orientação para você começar a construir e organizar o seu conhecimento ao longo deste período de estudos, sobre Contabilidade Pública. Bons estudos, será um prazer estar com você nesta caminhada! Prof. Danrlei Anderson Peyerl Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Você lembra dos UNIs? Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. 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SUMÁRIO UNIDADE 1 - ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS AO SETOR PÚBLICO ........................... 1 TÓPICO 1 - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 DIVISÃO DOS PODERES ...................................................................................... 32.1 PODER LEGISLATIVO ............................................................................................................9 2.2 PODER EXECUTIVO ..........................................................................................................12 2.3 PODER JUDICIÁRIO ...........................................................................................................14 3 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................... 14 3.1 ADMINISTRAÇÃO DIRETA ..................................................................................................15 3.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA ............................................................................................. 17 4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ....................... 21 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................24 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................25 TÓPICO 2 - CONCEITO E APLICABILIDADE DA CONTABILIDADE PÚBLICA ..... 27 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 27 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS DA CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO ...........................................................................................28 2.1 CONCEITO ............................................................................................................................34 2.2 OBJETIVO ........................................................................................................................... 35 2.3 OBJETO ...............................................................................................................................36 2.4 PATRIMÔNIO .......................................................................................................................38 2.5 CAMPO DE APLICAÇÃO ................................................................................................... 42 3 PRINCÍPIOS APLICADOS À CONTABILIDADE PÚBLICA ..................................43 4 MANUAL DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO .................... 48 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................52 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................53 TÓPICO 3 - LEGISLAÇÕES APLICADAS À CONTABILIDADE PÚBLICA .............. 57 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 57 2 LEI Nº 4.320, DE 17 DE MARÇO DE 1964 ..........................................................58 3 LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000 .....................................60 4 NORMAS BRASILEIRAS APLICADAS À CONTABILIDADE PÚBLICA ...............65 5 DEMAIS LEGISLAÇÕES APLICADAS À CONTABILIDADE PÚBLICA ................ 67 LEITURA COMPLEMENTAR ...................................................................................71 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 76 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 77 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 79 UNIDADE 2 — ORÇAMENTO PÚBLICO ..................................................................85 TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL ...............................................87 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................87 2 INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO .............................................................87 2.1 PLANO PLURIANUAL ........................................................................................................ 93 2.2 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS ........................................................................ 95 2.3 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL ...........................................................................................98 3 SERVIÇOS PÚBLICOS ...................................................................................... 101 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 107 AUTOATIVIDADE .................................................................................................108 TÓPICO 2 - ORÇAMENTO PÚBLICO .................................................................... 111 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 111 2 CONCEITO E FINALIDADE ................................................................................ 111 3 TIPOS DE ORÇAMENTOS ................................................................................. 114 4 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ....................................................................... 116 5 CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS ..........................................................................117 5.1 CRÉDITOS ADICIONAIS .................................................................................................... 119 5.1.1 Fontes dos créditos adicionais ............................................................................. 121 5.1.2 Suplementares .........................................................................................................122 5.1.3 Especiais ....................................................................................................................122 5.1.4 Extraordinários .........................................................................................................122 6 CICLO ORÇAMENTÁRIO ...................................................................................124 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................128 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 129 TÓPICO 3 - RECEITAS E DESPESAS PÚBLICAS.................................................131 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................131 2 RECEITA PÚBLICA ............................................................................................131 2.1 CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA ....................................................... 134 2.1.1 Classificação da receita orçamentária por natureza ...................................... 134 2.1.2 Classificação da receita orçamentária por indicador de resultado primário ............................................................................................ 140 2.1.3 Classificação da receita orçamentária por esfera orçamentária.................... 141 3 DESPESA PÚBLICA ..........................................................................................142 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA ................................................................... 143 3.1.1 Classificação qualitativa e quantitativa da despesa orçamentária ............ 143 3.1.2 Classificação funcional da despesa orçamentária ........................................ 144 3.1.3 Classificação por natureza da despesa orçamentária .................................. 146 4 FONTE OU DESTINAÇÃO DE RECURSOS ........................................................ 152 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 155 RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................161 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 162 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 163UNIDADE 3 — CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO ..................... 165 TÓPICO 1 — CONTABILIDADE PÚBLICA E SUBSISTEMAS DE INFORMAÇÕES .......................................................................... 167 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 167 2 REGIMES DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL ......................................................168 2.1 RECEITA SOB O ENFOQUE ORÇAMENTÁRIO ...............................................................171 2.2 RECEITA SOB O ENFOQUE PATRIMONIAL ...................................................................171 2.3 DESPESA SOB O ENFOQUE ORÇAMENTÁRIO ...........................................................172 2.4 DESPESA SOB O ENFOQUE PATRIMONIAL ................................................................173 3 SUBSISTEMAS DE INFORMAÕES .................................................................... 173 4 PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PÚBLICO .................................... 176 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................184 AUTOATIVIDADE .................................................................................................185 TÓPICO 2 - CONTABILIZANDO NO SETOR PÚBLICO ........................................ 187 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 187 2 CARACTERÍSTICA QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL .................188 3 EXECUÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA .....................................................189 3.1 LANÇAMENTOS TÍPICOS DE EXECUÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA ............. 191 4 EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA ................................................... 197 4.1 EMPENHO .......................................................................................................................... 199 4.2 RESTOS A PAGAR ........................................................................................................... 201 4.3 LANÇAMENTOS TÍPICOS DE EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA .........203 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................... 209 AUTOATIVIDADE .................................................................................................210 TÓPICO 3 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS APLICADAS AO SETOR PÚBLICO ......................................................................... 213 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 213 2 BASE LEGAL E NORMATIVA ............................................................................214 3 BALANÇOS APLICADOS AO SETOR PÚBLICO ...............................................214 3.1 BALANÇO ORÇAMENTÁRIO ............................................................................................215 3.2 BALANÇO FINANCEIRO ................................................................................................. 218 3.3 BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................................221 4 DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ..................................... 226 5 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO .....................227 6 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA .................................................... 228 7 NOTAS EXPLICATIVAS .................................................................................... 233 8 DEMONSTRAÇÕES EXIGIDAS PELA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL 234 8.1 RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA ......................................234 8.2 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL ..................................................................................235 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................... 238 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................... 245 AUTOATIVIDADE ................................................................................................ 246 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 248 1 UNIDADE 1 - ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS AO SETOR PÚBLICO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a organização político-administrativa do nosso país; • compreender os motivos pelas quais existe a separação – tripartição – dos poderes; • identificar as funções típicas e atípicas de cada poder; • identificar quem compõe a Administração Direta e Indireta de cada um dos poderes; • conhecer os Princípios Fundamentais da Administração Pública; • compreender o conceito, objetivo, objeto, patrimônio e campo de aplicação de estudo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público; • conhecer e aplicar os Princípios de Contabilidade no setor público; • conhecer e compreender o propósito do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público; • conhecer a legislação que norteia a Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TÓPICO 2 – CONCEITO E APLICABILIDADE DA CONTABILIDADE PÚBLICA TÓPICO 3 – LEGISLAÇÕES APLICADAS À CONTABILIDADE PÚBLICA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1 INTRODUÇÃO Para que possamos iniciar nossos estudos sobre a Contabilidade Aplicada ao Setor Público temos que compreender os principais fundamentos e conceitos da Administração Pública. Para isso, tomaremos como base a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e o Direito Administrativo, uma vez que a disciplina jurídica da Administração Pública no Brasil centraliza-se no Direito Administrativo. Esse último, é o ramo do direito público que trata de princípios e regras que disciplinam a função administrativa e que abrange entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na consecução do interesse público e coletivo. Considerando que o Direito Administrativo, ramo autônomo no campo do Direito, em sua essência, disciplina a atuação da Administração Pública, e que o objeto de estudo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o patrimônio público, é necessário conhecer algumas noções básicas sobre a estrutura e o funcionamento da Administração Pública. Para fins deste Livro didático, a Administração Pública será entendida como “um conjunto de atividades do Estado que auxiliam as instituições políticas de cúpula no exercício de funções de governo, que organizam a realização das finalidades públicas postas por tais instituições e que produzem serviços, bens e utilidades para a população” (MEDAUAR, 2020, p. 43). Nesse sentido, para iniciarmos nossos estudos sobre a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, no Tópico 1, abordaremos a divisão de poderes, que, de acordo com o disposto em nossa Constituição Federal, se divide em Legislativo, Executivo e Judiciário. Na sequência, abordaremos de forma sucinta e didática a estruturação da Administração Pública, mais objetivamente sobre a Administração Direta e Indireta, as diferenças em suas estruturas internas, bem como suas especificidades. Por fim, discutiremos os cinco princípios fundamentais da Administração Pública presentes no Artigo 37 de nossa Constituição Federal as quais condicionam o padrão que a Administração Pública (em todos os seus poderes) devem seguir. São eles: Legalidade; Impessoalidade; Moralidade; Publicidade; e Eficiência. Aos estudos! 2 DIVISÃO DOS PODERES A República Federativado Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados (26 estados, além do Distrito Federal) e Municípios (5.570 municípios) e do Distrito Federal (IBGE, 2021), constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: i. a soberania; ii. a cidadania; iii. a dignidade da pessoa humana; iv. os TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e v. o pluralismo político (BRASIL, 1988). Para fins da organização do Estado, a organização político-administrativa de nosso país compreenderá a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos de nossa Constituição Federal (BRASIL, 1988). Em seu Artigo 2º, nossa Carta Magna divide os Poderes da União, independentes e harmoniosos entre si: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, para evitar que um dos Poderes usurpe as funções de outro. Para Medauar (2020, p. 28), “a separação dos poderes apresenta-se como um dos pressupostos da existência do Direito Administrativo, pois, se a Administração [Poder Executivo] não estivesse separada dos outros poderes [Legislativo e Judiciário] do Estado, dificilmente poderia existir um direito específico que disciplinasse sua atuação”. Apresentamos no Quadro 1 a composição dos poderes de nossa República Federativa. QUADRO 1 – COMPOSIÇÃO DOS PODERES FONTE: Adaptado de Silva (2011, p. 28) e Brasil (1988) PODER LEGISLATIVO Federal Senado Federal Câmara de Deputados Tribunal de Contas da União Estadual Assembleia Legislativa Tribunal de Contas do Estado Conselhos de Contas dos Municípios Municipal Câmara de VereadoresTribunal de Contas Municipal (se houver) PODER EXECUTIVO Federal Presidência e Vice-Presidência da RepúblicaMinistérios Estadual Governador e Vice-Governador do EstadoSecretarias Estaduais Municipal Prefeito e Vice-Prefeito MunicipalSecretarias Municipais e Departamentos Auxiliares PODER JUDICIÁRIO Federal Supremo Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiça Superior Tribunal Militar Tribunal Superior Eleitoral Tribunal Superior do Trabalho Tribunais Regionais Federais Tribunais Regionais do Trabalho Tribunais Regionais Eleitorais Conselho Nacional de Justiça Estadual Tribunal de Justiça 5 A tripartição dos poderes, como também é chamada a separação dos poderes, difundiu-se na formulação de Montesquieu (MEDAUAR, 2020), segundo a qual se distinguiam três funções estatais – a legislação, execução e jurisdição –, que deveriam ser atribuídas em três órgãos distintos e independentes entre si (MONTESQUIEU, 2000). No livro, “O Espírito das Leis”, Montesquieu (2000) esclarece que quando há a união dos três poderes em um único indivíduo (e.g. monarquias), a liberdade do povo está presa e, portanto, a voz do povo não terá força e todas as atividades praticadas pelo governo não serão contestadas, pois esse direito não é concedido ao povo. Portanto, a tripartição de poderes vem para garantir que todos os indivíduos de uma nação sejam ouvidos e que o poder não seja concentrado nas mãos de uma única pessoa, visando manter a paz social e assegurar o gozo da liberdade, evitando arbitrariedades e autoritarismo (PELICIOLI, 2006). A análise dos escritos de Montesquieu (2000, p. 167-168; 172-173) permite compreender suas concepções sobre a tripartição dos poderes, para quem: Existem em cada Estado três tipos de poder: o poder legislativo, o poder executivo das coisas que dependem do direito das gentes [sic] e o poder executivo daqueles que dependem do direito civil. Com o primeiro, o príncipe ou o magistrado cria leis por um tempo ou para sempre e corrige ou anula aquelas que foram feitas. Com o segundo, ele faz a paz ou a guerra, envia ou recebe embaixadas, instaura a segurança, previne invasões. Com o terceiro, ele castiga os crimes, ou julga as querelas [sic] entre os particulares. Chamaremos a este último poder de julgar [Poder Judiciário] e ao outro simplesmente poder executivo do Estado. [...] E o Judiciário Municipal? Caro acadêmico, perceba que no Quadro 1, na divisão de poderes, não há Poder Judiciário Municipal, pois os municípios não possuem um Poder Judiciário próprio. O Poder Judiciário (Federal ou Estadual) não divide sua atuação em municípios, mas em comarcas. Comarcas são extensões territoriais do Poder Judiciário, podendo abranger mais de uma unidade municipal. Os juízes possuem jurisdição – poder de decidir as causas – sobre uma comarca, não um município, ou seja, mais de um município pode estar contido em uma única comarca. Sua atuação é sempre federal, quando o assunto é de interesse da União, ou estadual, quando o interesse é local ou regional (Estadual ou Municipal), portanto, no âmbito municipal, a atividade judiciária é exercida pelo Poder Judiciário Estadual. Os prédios da Justiça Federal estarão localizados em diversos municípios, especialmente nas capitais, assim como os da Justiça Estadual, para receber os processos da região, embora isso não signifique que a Justiça Federal atue em causas regionais ou municipais. FONTE: <encurtador.com.br/eCKLN>. Acesso em: 6 dez. 2021. ATENÇÃO 6 Quando, na mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistratura, o poder legislativo está reunido ao poder executivo, não existe liberdade; porque se pode temer que o mesmo monarca ou o mesmo senado crie leis tirânicas para executá-las tiranicamente. Tampouco existe liberdade se o poder de julgar [Poder Judiciário] não for separado do poder legislativo e do executivo. Se estivesse unido ao poder legislativo, o poder sobre a vida e a liberdade dos cidadãos seria arbitrário, pois o juiz seria legislador. Se estivesse unido ao poder executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor. Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as querelas [sic] entre os particulares. [...] O poder executivo deve estar entre as mãos de um monarca, porque esta parte do governo, que precisa quase sempre de uma ação instantânea, é mais bem administrada por um do que por vários; ao passo que o que depende do poder legislativo é com frequência mais bem ordenado por muitos do que por um só. Pois, se não houvesse monarca e o poder executivo fosse confiado a um certo número de pessoas tiradas [sic] do corpo legislativo, não haveria mais liberdade, porque os dois poderes estariam unidos, participando as mesmas pessoas, por vezes, e podendo sempre participar de um e de outro. Portanto, uma vez que nossa Constituição Federal prevê que os poderes sejam autônomos como pressuposto de legitimidade do Estado Democrático de Direito, as ações entre os três poderes precisam ser articuladas para que juntos possam atingir as finalidades públicas e serem harmoniosos entre si. No nosso país, a tripartição dos poderes realiza-se através da atribuição de funções governamentais a órgãos específicos, para isso, cada um dos três poderes possuem funções típicas e atípicas. A função típica seria a função inerente e intrínseca a cada função devido a sua natureza, enquanto a função atípica em virtude da natureza dessas funções pertenceria, inicialmente, a outros órgãos, ou seja, aquela exercida com preponderância é a típica, e a função exercida com menos preponderância é a atípica (GOUVEIA; AMARAL, 2008). Em seguida, visualizaremos no Quadro 2 a função típica e atípica de cada um dos três poderes para realizar sua própria gestão administrativa, financeira, patrimonial e de controle. 7 QUADRO 2 – FUNÇÃO TÍPICA E ATÍPICA DOS PODERES FONTE: Adaptado de Silva (2011, p. 3) e Medauar (2020, p. 31-32) Por exemplo, o Poder Legislativo tem como principal função organizar, elaborar e atualizar o ordenamento jurídico do Estado, que é sua função típica e preponderante, mas ainda administra seus órgãos, momento em que exerce uma atividade típica do Poder Executivo. Da mesma forma, a edição de Medidas Provisórias pelo Presidente da Repúblicaé uma função atípica do Poder Executivo, visto que sua função típica é a prática de atos de chefia de Estado, de chefia de governo e atos administrativos. Portanto, mesmo havendo a separação dos poderes, pode-se perceber por meio das funções típicas e atípicas exemplificadas anteriormente a inexistência de uma separação absoluta de funções (MEDAUAR, 2020). Para um melhor entendimento da divisão dos poderes e suas funções típicas e atípicas, apresentamos a seguinte figura: PODER FUNÇÃO TÍPICA ATÍPICA LEGISLATIVO Normativa, na elaboração de leis e fiscalização do Poder Executivo Administrativa Judicativa Controle Interno EXECUTIVO Administrativa, com repercussão imediata na coletividade Normativa Judicativa Controle Interno JUDICIÁRIO Judicativa, com atuação no direito objetivo e a pacificação social Administrativa Normativa Controle Interno 8 FIGURA 1 – MODELO DE SEPARAÇÃO DOS PODERES FONTE: <https://bityli.com/znpEVq>. Acesso em: 8 dez. 2021. Na sequência, serão apresentadas as finalidades e particularidades de cada um dos poderes de nossa República Federativa, com base no disposto em nossa Carta Magna. Caro acadêmico, para saber mais sobre a organização dos poderes e suas funções típicas e atípicas, sugere-se a leitura do artigo intitulado “Organização dos poderes e suas funções típicas e atípicas segundo a Constituição Federal de 1988” de Daniel Otávio Genaro Gouveia e Sérgio Tibiriçá Amaral. Nesse artigo, os autores apresentam uma análise da forma como os três poderes de organizam, descrevendo suas funções típicas e atípicas e exemplificando-as, com base na nossa atual Constituição Federal. FONTE: GOUVEIA, D. O. G.; AMARAL, S. T. Organização dos poderes e suas funções típicas e atípicas segundo a Constituição Federal de 1988. In: IV ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E III ENCONTRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA. 4., 2008, Presidente Prudente. Anais [...] Presidente Prudente: Intertemas, 2008. NOTA 9 2.1 PODER LEGISLATIVO A Constituição Federal de 1988, no Título IV que trata da Organização dos Poderes, no Capítulo I discorre sobre o Poder Legislativo (BRASIL, 1988). O Poder Legislativo, de acordo com o Artigo 44 da Constituição Federal de 1988, é exercido pelo Congresso nacional, que é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, organizando-se como um poder bicameral (nesse sistema cada uma das Casas Legislativas inicia o processo legislativo e a outra o revisa). Nos Estados, Distrito Federal e Municípios, o Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores, respectivamente. Quanto às atribuições do Congresso Nacional, nossa Carta Magna disciplina o seguinte: Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: I- sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; II- plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; III- fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; IV- planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento; V- limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União; VI- incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas; VII- transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII- concessão de anistia; IX- organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; X- criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; XI- criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; XII- telecomunicações e radiodifusão; XIII- matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; XIV- moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal; XV- fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I- resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; 10 II- autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III- autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV- aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; V- sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; VI- mudar temporariamente sua sede; VII- fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; VIII- fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; IX- julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X- fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; XI- zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; XII- apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; XIII- escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV- aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV- autorizar referendo e convocar plebiscito; XVI- autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII- aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. XVIII- decretar o estado de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério. § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não – atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. Com base nas atribuições dispostas anteriormente, observa-se que o Artigo 48 enumera uma série de matérias que podem ser objeto de lei, que dependem da aprovação do Congresso Nacional e da sanção do Presidente da República, enquanto 11 o Artigo 49 enumera as competências exclusivas do Congresso Nacional, que são veiculadas por decreto legislativo, para o qual não é exigida a sanção do Presidente da República. É importante ressaltar que o Congresso Nacional também é responsável pelocontrole e fiscalização do Poder Executivo, por meio do disposto nos Artigos 49 e 50. Cabe ao Congresso Nacional, portanto, legislar sobre as matérias de competência da União, por meio da elaboração de emendas constitucionais, de leis complementares e ordinárias, e de outros atos normativos com força de lei e a fiscalização e controle dos atos administrativos praticados pelo Poder Executivo (CONGRESSO NACIONAL, 2021). No que se refere à Contabilidade Aplicada ao Setor Público, além da aprovação em matéria de assuntos do sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas (Art. 48; I; BRASIL, 1988) e do Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias, Orçamento Anual, Operações de Crédito, Dívida Pública e Emissões de Curso Forçado (Art. 48; II; BRASIL, 1988), o Poder Legislativo é responsável pela fiscalização contábil, financeira e orçamentária com o auxílio dos Tribunais de Contas das contas públicas (Art. 70-75; Seção IX; Capítulo I; Título IV; BRASIL, 1988). Mais especificamente: Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. [...] Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros. 12 Caro acadêmico, fique tranquilo, estudaremos com profundidade nas próximas unidades do nosso Livro didático, os assuntos relacionados à função de aprovação do Poder Legislativo do Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Lei Orçamentário Anual (LOA) e aprovação das contas públicas. Nesse ponto, é importante entender que o papel do Poder Legislativo é muito importante para as atividades relacionadas à Contabilidade Pública. Caro acadêmico, a Câmara dos Deputados representa a população dos Estados, uma vez que é composto por representantes eleitos pelo povo (Art. 45; BRASIL, 1988), enquanto o Senado Federal representa os Estados, eleitos segundo o princípio majoritário (Art. 46; BRASIL, 1988). Nesse sentido, exerça seu poder de cidadão (Art. 1; BRASIL, 1988) e exija de seus representantes eleitos tudo o que foi prometido nas campanhas eleitorais. Fique de olho! Questione e fiscalize-os constantemente. ESTUDOS FUTUROS NOTA 2.2 PODER EXECUTIVO No Capítulo II, Título IV, a Constituição Federal de 1988 trata do Poder Executivo (BRASIL, 1988). O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado (Art. 76; BRASIL, 1988), no compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição Federal, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil (Art. 78; BRASIL, 1988), tendo a função de governar a nação e administrar os interesses públicos. Nos Estados, Distrito Federal e Municípios, o Poder Executivo é exercido pelo Governador, auxiliado pelos Secretários de Estado e pelo Prefeito Municipal, com auxílio dos Secretários Municipais, respectivamente. Nossa Carta Magna disciplina o seguinte, em relação às atribuições do Poder Executivo: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: I- nomear e exonerar os Ministros de Estado; II- exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; III- iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; IV- sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; V- vetar projetos de lei, total ou parcialmente; 13 Caro acadêmico, você sabe quais são os crimes de responsabilidade que não podem ser cometidos pelos Chefes do Poder Executivo Federal, Estadual e Municipal? Nossa Constituição Federal (Art. 85; BRASIL, 1988) elenca como crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente: i. a existência da União; ii. o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; iii. o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; iv. a segurança interna do País; v. a probidade na administração; vi. a lei orçamentária (grifos nossos); e vii. o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Os crimes de responsabilidade cometidos pelo Presidente da República, Ministros de Estado e do Supremo Tribunal Federal, Governadores e Secretários de Estado, são regulados pela Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, enquanto os cometidos por Prefeitos e Vereadores são regidos pelo Decreto- Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967. INTERESSANTE VI- dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; [...] XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição; XXIV- prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; [...] (BRASIL, 1988). Observa-se pelos dispostos que o Poder Executivo é, segundo o próprio termo, aquele que executa as matérias anteriormente deliberadas pela Constituição Federal e pelo Congresso Nacional, ou seja, tem a função de executar e fazer cumprir as leis elaborados pelo Poder Legislativo e dar início a esse processo (e.g. I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais; leis que orientam o planejamento governamental e que serão estudadas na Unidade 2). São exemplos de atividades da responsabilidade de órgãos da Administração Pública situados no Poder Executivo (MEDAUAR, 2020): i. pavimentação de ruas; ii. coleta de lixo; iii. limpeza de vias e locais públicos; iv. educação e ensino público; v. saúde pública; vi. construção de rodovias; vii. transporte público; e viii. entre outros. 14 2.3 PODER JUDICIÁRIO Por fim, no Capítulo III, último do Título IV da Constituição Federal de 1988,que trata da Organização dos Poderes, apresenta-se o Poder Judiciário (BRASIL, 1988). Constitucionalmente, o Poder Judiciário tem a função garantir os direitos individuais, coletivos e sociais, bem como resolver conflitos entre cidadãos, entidades e o Estado, gozando de autonomia administrativa e financeira (Art. 99; BRASIL, 1988). 3 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA De acordo com Medauar (2020, p. 43), a Administração Pública, como objeto de estudo do Direito Administrativo, encontra-se inserida no Poder Executivo, podendo ser considerado sob o ângulo funcional e sob o ângulo organizacional, conforme descreve: No aspecto funcional, Administração Pública significa um conjunto de atividades do Estado que auxiliam as instituições políticas de cúpula no exercício de funções de governo, que organizam a realização das finalidades públicas postas por tais instituições e que produzem serviços, bens e utilidades para a população (grifos do autor). [...] Sob o ângulo organizacional, Administração Pública representa o conjunto de órgãos e entes estatais que produzem serviços, bens e utilidades para a população, coadjuvando as instituições políticas de cúpula no exercício das funções de governo (grifos do autor). Portanto, do ponto de vista funcional, a Administração Pública representaria o conjunto de atividades desempenhadas pelo Poder Executivo que não se enquadram na legislação e jurisdição, como a coleta de lixo, enquanto, do ponto de vista organizacional, a Administração Pública estaria vinculada à estrutura necessária, em termos de órgãos (e.g. ministérios), indispensável ao desempenho das atividades típicas do Poder Executivo (MEDAUAR, 2020). Em decorrência do disposto no Artigo 1º da Constituição Federal de 1988, em nossa organização político-administrativa existem níveis de poder político- administrativo e administrativo, cada um com sua própria estrutura administrativa, o que implica em uma divisão vertical e horizontal da Administração Pública (MEDAUAR, 2020). Tais divisões são explicitadas no Quadro 3. 15 Portanto, tendo compreendido a função do Poder Executivo em cada um dos entes da Federação (vertical), é necessário compreender a divisão da Administração Pública em Administração Direta e Administração Indireta (horizontal). Essa divisão ocorre por conta do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 (BRASIL, 1967), que estudaremos a seguir. 3.1 ADMINISTRAÇÃO DIRETA A Administração Direta da Administração Federal consiste em serviços integrados à estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios (Art. 4; I; BRASIL, 1967). Medauar (2020, p. 49) esclarece que a segregação entre Administração Direta e Administração Indireta estendeu-se aos níveis estadual e municipal, razão pela qual essas expressões foram consolidadas no ordenamento jurídico brasileiro. Na definição de Medauar (2020, p. 59, grifo do autor), a “Administração Direta é o conjunto dos órgãos integrados na estrutura da chefia do [Poder] Executivo e na estrutura dos órgãos auxiliares da chefia do [Poder] Executivo”. Em outras palavras, significa dizer que são os órgãos (pastas governamentais) diretamente vinculados QUADRO 3 – ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FONTE: Adaptado de Medauar (2020) e Brasil (1967) VERTICAL HORIZONTAL Administração Federal Administração Direta Administração IndiretaAdministração Estadual Administração Municipal ↔ ↔ Medauar (2020) ressalta que a existência de uma estrutura administrativa própria em cada ente da Federação faz com que ocorra uma nova divisão vertical e horizontal, no âmbito de cada estrutura. Caro acadêmico, para saber mais sobre a estrutura organizacional do Poder Executivo Federal, consulte o Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 (com alterações posteriores). Esse decreto dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. NOTA NOTA 16 e subordinados ao Chefe do Poder Executivo de um governo, cujas atividades para cumprir sua finalidade são exercidas pela ação conjunto de diversos outros órgãos ou departamentos. Na União, a Administração Direta é composta pelos Ministérios, nos Estados pelas Secretarias de Estado e nos Municípios pelas Secretarias Municipais. Por exemplo, para que o Ministério da Economia do Governo Federal (Administração Direta) exerça suas competências e atribuições (Art. 31; BRASIL, 2019), é necessária a atuação conjunta das seguintes Secretarias (órgãos) (Art. 32; BRASIL, 2019): i. Secretaria Especial da Fazenda; ii. Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil; iii. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho; iv. Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais; v. Secretaria Especial Desestatização, Desinvestimento e Mercados; vi. Secretaria Especial de Emprego, Produtividade e Competitividade; vii. Secretária Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital; e viii. Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos. O funcionamento conjunto de todos esses órgãos faz com que o Ministério da Economia, representado pelo Ministro da Economia, a exercer as suas funções de Estado. Na sequência, apresentamos no Quadro 4 mais alguns exemplos de Administração Direta. QUADRO 4 – EXEMPLOS DE ADMINISTRAÇÃO DIRETA 1, 2, 3 ENTE POLÍTICO ENTIDADE ÓRGÃO (1º nível) SUBÓRGÃO (2º nível) UNIDADE ADMINISTRATIVA (3º nível)ADMINISTRAÇÃO União Administração Federal Governo Federal Ministério da Educação [...] Secretaria de Alfabetização Diretoria de Alfabetização Baseada em Evidências Diretoria de Políticas de Alfabetização [...] [...] Estado Administração Estadual Governo do Estado de Santa Catarina Secretaria de Estado da Fazenda [...] Diretoria de Administração Tributária Consultoria de Gestão de Administração Tributária [...] [...] Município Administração Municipal Prefeitura Municipal de Joinville Secretaria de Administração e Planejamento Unidade de Apoio Operacional [...] Unidade de Gestão Unidade de Orçamento 17 3.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA A Administração Indireta compreende as seguintes categorias de entidades: i. Autarquias; ii. Empresas Públicas; iii. Sociedades de Economia Mista; e iv. Fundações Públicas (Art. 4; II; BRASIL, 1967), em que na Administração Federal ficará vinculada ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada sua atividade principal (BRASIL, 1967). Fique tranquilo, esse vínculo de subordinação ficará mais claro nos exemplos apresentados no Quadro 6. Na definição do Artigo 5º do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 (grifos nossos): I- Autarquia – o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. II- Empresa Pública – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. III- Sociedade de Economia Mista – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. 1 Os exemplos não representam totalmente as estruturas organizacionais destas entidades. 2 As entidades destacadas em negrito representam os órgãos do Poder Executivo, cuja natureza jurídica é da Administração Direta. 3 Na Administração Pública Municipal, o 2º nível equivale à Unidade Administrativa (3º nível) da Administração Pública Federal e Estadual. FONTE: Adaptado de <http://portal.mec.gov.br/institucional/estrutura-organizacional>;<https://www.sef. sc.gov.br/institucional/organograma>; <https://www.joinville.sc.gov.br/institucional/sap/>. Acesso em: 07 mar. 2022. Você conhece a estrutura organizacional do seu Estado ou Município? Caso você tenha interesse em conhecer, acesse o website dos poderes desejados e veja como eles se estruturam em termos da repartição dos poderes e da Administração Direta e Indireta. DICA 18 IV- Fundação Pública – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. Medauar (2020, p. 65, grifo do autor) descreve a Administração Indireta como “o conjunto de entidades personalizadas que executam, de modo descentralizado, serviços e atividades de interesse público”. Simplificando, os órgãos da Administração Indireta são entidades descentralizadas da Administração Direta, autorizadas pelo Chefe do Poder Executivo, para exercer alguma atividade administrativa, caracterizada como serviço público ou de interesse público, para prover ao Estado a satisfação de seus fins administrativos (KOHAMA, 2012). Por exemplo, em consonância com o texto constitucional, a educação pública é direito de todos e dever do Estado (Art. 205; Art. 206; IV; BRASIL, 1988), cabendo à União (Governo Federal) a responsabilidade pelas instituições federais de ensino superior: as universidades (BRASIL, 1996). Nesse sentido, para que a União possa garantir a oferta do ensino superior público gratuito, o Presidente da República autoriza a criação de Universidades e Institutos Federais (Autarquias em Regime Especial), órgãos descentralizados vinculados ao Ministério da Educação (Administração Direta), para garantir o acesso público da população ao ensino superior e o cumprimento de sua finalidade administrativa constitucionalmente estabelecida. Apresentamos no Quadro 5 um compilado com as principais características dos tipos de entidades da Administração Indireta, distinguindo-as de acordo com suas especificidades. QUADRO 5 – COMPARATIVO ENTRE AS ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA Característica Autarquia Empresa Pública Sociedade de Economia Mista Fundação Pública Privada Previsão Art. 5º; I Art. 5º; II Art. 5º; IIII Art. 5º; IV Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 Criação Criada por Lei Autorizada por Lei Criada por Lei Autorizada por Lei Base Constitucional Capítulo VII; Seção I; Art. 37; XIX “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação” Atividades Administra- tiva Econômi- ca Econômica Social Social Personalidade Jurídica Direito Público Direito Privado Direito Público Direito Privado 19 Na sequência, apresentamos no Quadro 6 alguns exemplos de Administração Indireta. Legendas: S.A. – Sociedade Anônimas; IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; FUNCATE – Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais. FONTE: O autor Bens Público Privado Público Privado Capital Público 100% Público Público Privado Público Privado Regime de Contratação Estatutário CLT Estatutário CLT Licitação Sim, com base na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 – Antiga Lei das Licitações (com vigência até 1º de abril de 2023) e, posteriormente, com base na Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021 – Nova Lei de Licitações Exemplos Banco Central Correios Petrobras S.A. IBGE FUNCATE Caro acadêmico, caso seja do seu interesse entender mais sobre as características e diferenças entre as entidades da Administração Indireta, recomendo a leitura do 5º Capítulo da 22ª edição do livro Direito Administrativo Moderno da escritora Odete Medauar. Nele você encontrará esses aspectos discutidos em profundidade e à luz do ordenamento jurídico nacional. Caro acadêmico, você sabia que as Sociedades de Economia Mista estão sujeitas à Lei das Sociedades por Ações – Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976? Nos termos do Artigo 235, as sociedades anônimas de economia mista estão sujeitas a essa lei, sem prejuízo das disposições especiais da legislação federal, bem como quando companhias abertas de economia mista estão também sujeitas às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. No entender, “[...] o Estado visa assegurar aos participantes, aos quais oferece associação, os mesmos direitos e garantias de que fruem os acionistas das demais companhias, sem prejuízo das disposições especiais da lei federal” (PISCITELLI; TIMBÓ, 2010, p. 23). DICA IMPORTANTE 20 QUADRO 6 – EXEMPLOS DE ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 1, 2, 3 1 Os exemplos não representam totalmente as estruturas organizacionais destas entidades. 2 As entidades destacadas em negrito representam os órgãos do Poder Executivo, cuja natureza jurídica é da Administração Indireta. 3 Na Administração Pública Municipal, o 2º nível equivale à Unidade Administrativa (3º nível) da Administração Pública Federal e Estadual. 4 O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é um Autarquia Especial do Poder Executivo Federal, atualmente subordinada ao Ministério do Trabalho e da Previdência. 5 A Fundação Escola de Governo (ENA) é uma Fundação de Direito Público do Poder Executivo Estadual, atualmente subordinada à Secretaria de Estado da Administração. FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3JV3eQg>; <https://bit.ly/3iW55bm>; <https://bit.ly/3NMtHlo>. Acesso em: 7 mar. 2022. ENTE POLÍTICO ENTIDADE ÓRGÃO (1º nível) SUBÓRGÃO (2º nível) UNIDADE ADMINISTRATIVA (3º nível)ADMINISTRAÇÃO União Administração Federal Governo Federal Ministério do Trabalho e Previdência [...] Instituto Nacional do Seguro Social 4 [...] Diretoria de Atendimento Diretoria de Benefícios [...] [...] Estado Administração Estadual Governo do Estado de Santa Catarina Secretaria de Estado da Administração [...] Fundação Escola de Governo 5 [...] Diretoria Técnico-Científica Diretoria do Arquivo Público [...] [...] Município Administração Municipal Prefeitura Municipal de Joinville Companhia Águas de Joinville Departamento de Trânsito de Joinville Unidade Administrativo-Financeira Unidade da Escola Pública de Trânsito Unidade de Operações Unidade de Trânsito Hospital Municipal São José Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Joinville 21 Caro acadêmico, fique atento à personalidade jurídica da Administração Indireta! Medauar (2020) explica que as entidades da Administração Indireta têm personalidade jurídica própria e que ela não deve ser confundida com a personalidade jurídica da entidade maior à qual estão vinculadas (e.g. União), uma vez que tendo personalidade jurídica, essas entidades realizam atividades e atos jurídicos em seu próprio nome. IMPORTANTE 4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Todos os agentes públicos, no exercício das suas funções públicas nos órgãos e entidades da Administração Pública, devem orientar-se nos seguintes princípios constitucionais: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (grifos nossos)” [...] (BRASIL, 1988). Com base no instrumento constitucional, a seguir explicamos a essência de cada princípio, tendo como base os escritos de Di Pietro (2020) e Medauar (2020): • O princípio da legalidade nos diz que a Administração Pública só pode fazer o que a lei permite. Portanto, todos os atos administrativos devem estar previamente autorizados em lei. Assim, enquanto na administraçãoprivada é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autorizar. • O princípio da impessoalidade diz respeito à necessidade de o Estado, ao elaborar as leis e aplicá-las, atuar de forma imparcial perante terceiros, não podendo beneficiar ou causar danos a pessoas específicas, visando atingir o bem-estar e social de toda a coletividade, uma vez que os interesses públicos têm precedência sobre os interesses individuais (DI PIETRO, 2020). Além disso, o princípio da impessoalidade vincula os atos do agente público ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual o agente público age, ou seja, o ato de um agente público representa o ato do órgão. Por exemplo, o ato ilícito de um servidor público representa, em verdade, ato ilícito praticado pelo órgão em que esse servidor está lotado. • O princípio da moralidade assegura a ideia de honestidade nas práticas administrativas praticadas por agentes públicos, embora seja um princípio de difícil expressão verbal (MEDAUAR, 2020) e que alguns autores entendem como um conceito já absorvido pelo conceito de legalidade em si (DI PIETRO, 2020). Em essência, esse princípio visa garantir que os atos administrativos praticados pelos agentes públicos sejam pautados em preceitos éticos e morais, vinculando a moralidade administrativa ao conceito do “bom administrador”. Nesse sentido, 22 portanto, um agente público, ao identificar uma oportunidade jurídica de se beneficiar de algo, não poderá fazê-lo devido à limitação imposta pelo princípio da moralidade administrativa. • O princípio da publicidade obriga a Administração Pública a dar ampla divulgação aos seus atos administrativos de forma a possibilitar o controle de terceiros, interno e externamente. Esse princípio busca dar transparência aos atos administrativos e garantir o direito de controle e fiscalização da sociedade, um dos requisitos para a eficácia e moralidade dos atos administrativos. A transparência é a regra, o segredo e o sigilo são a exceção! • O princípio da eficiência determina que a Administração Pública deve atuar de modo célere e preciso, fazendo a utilização eficaz dos recursos públicos, para satisfazer as necessidades coletivas. Portanto, o agente público deve se empenhar para obter o melhor resultado (eficaz) com o mínimo de recursos (eficiente). É importante frisar que, em nome da eficiência, a legalidade não deve ser sacrificada, portanto, o princípio da eficiência e o princípio da legalidade devem ser conciliados (MEDAUAR, 2020). É necessário enfatizar que o princípio da impessoalidade, moralidade e publicidade estão intrinsicamente ligados. Medauar (2020, p. 126-127, grifo nosso) assim explica: “[...] a impessoalidade configura-se meio para atuações dentro da moralidade; a publicidade, por sua vez, dificulta medidas contrárias à moralidade e impessoalidade; a moralidade administrativa, de seu lado, implica observância da impessoalidade e da publicidade”. Portanto, esses e os demais princípios constituem as bases para o funcionamento da Administração Pública. Por fim, apresentamos na Quadro 7 a seguir um resumo descritivo de cada um dos princípios fundamentais que devem alicerçar o funcionamento de toda a Administração Pública. QUADRO 7 – “LIMPE” FONTE: Adaptado de <https://bityli.com/VNJNWN>. Acesso em: 13 dez. 2021. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA LEGALIDADE IMPESSOALIDADE MORALIDADE PUBLICIDADE EFICIÊNCIA Atenção e submissão às leis, respeitando os interesses coletivos acima dos interesses privados. Tratamento igual a todos os cidadãos e cidadãs. Atuação sem favoritismo e sem autopropaganda por parte dos agentes públicos. Preservação da ética e da moral (nos termos da lei) em todas as ações por parte dos agentes públicos. Priorização da transparência e da prestação de contas em todas as ações que envolvem os recursos ou informações de interesse público. Execução dos serviços públicos com qualidade, respeitando e fazendo o bom uso do orçamento público (sem desperdícios). 23 Segue uma dica para você nunca esquecer os cinco princípios constitucionais da Administração Pública. As iniciais de cada princípio presente no Artigo 37 de nossa Constituição Federal formam a sigla denominada “LIMPE”: (L) Legalidade; (I) Impessoalidade; (M) Moralidade; (P) Publicidade; e (E) Eficiência. Guarde essa sigla e você não se esquecerá desses princípios! Para uma visão mais contemporânea da Administração Pública, recomenda- se a leitura do artigo intitulado “O perfil da Administração Pública no século XXI: uma releitura à luz dos direitos fundamentais” de Luiz Carlos Figueira de Melo e Marcella Rosiére de Oliveira, publicado em 2018 na Revista Digital de Direito Administrativo da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto. Nesse artigo, os autores abordam esses aspectos sobre suas novas formas de expressão e instrumentos de ação. FONTE: MELO, L. C. F.; OLIVEIRA, M. R. O perfil da Administração Pública no século XXI: uma releitura à luz dos direitos fundamentais. Revista Digital de Direito Administrativo, v. 5, n. 2, p. 97-118, 2018. DICA NOTA 24 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A organização político-administrativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos da Constituição Federal de 1988. • De acordo com a Constituição Federal de 1988, os poderes são divididos em Legislativo, Executivo e Judiciário, apresentando-se como um dos pressupostos da existência do Direito Administrativo, ramo autônomo no campo do Direito que, em sua essência, disciplina a atuação da Administração Pública. • As ações entre os três poderes precisam ser articuladas para que juntos possam atingir as finalidades públicas e serem harmoniosas entre si. • Cada um dos três poderes possui funções típicas e atípicas; a que é exercida com preponderância é a típica e a função exercida secundariamente é a atípica. • O Poder Legislativo, Executivo e Judiciário tem como principal função organizar, elaborar e atualizar o ordenamento jurídico do Estado; governar a nação e administrar os interesses públicos; e garantir os direitos individuais, coletivos e sociais, bem como resolver conflitos entre cidadãos, entidades e o Estado, respectivamente. • A Administração Pública é dividida em Administração Direta e Indireta. A primeira composta pelos órgãos diretamente ligados aos entes da federação e a segunda pelos órgãos descentralizados e autônomos para em nome do Chefe do Poder Executivo do ente, exercer alguma atividade administrativa. • As Sociedades de Economia Mista (Administração Indireta) estão sujeitas à Lei das Sociedades por Ações – Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. • A Administração Pública – direta e indireta – de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios obedecerá aos princípios previstos no Artigo 37 da Constituição Federal de 1988, que são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. RESUMO DO TÓPICO 1 25 1 A tripartição de poderes, como também é chamada a separação dos poderes, difundiu-se nas discussões apresentadas por Montesquieu (MONTESQUIEU, 2000). Nesse sentido, considerando suas concepções, disserte sobre a tripartição dos poderes a partir da divisão de poderes estabelecida em nossa Constituição Federal de 1988. FONTE: MONTESQUIEU. O espírito das leis. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 851 p. 2 Considerando a função típica e, tendo como base de análise a União e a função de cada poder, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Legislativo. II- Executivo. III- Judiciário. ( ) Sanciona, promulga e veta leis. Coloca programas de governo em prática, bem como pode propor leis e emendas constitucionais. ( ) Garante direitos e resolve conflitos entre cidadãos, entidades e o Estado. Assegura o cumprimento da Constituição Federal e tema palavra final nas questões que envolvem suas normas. ( ) Propõe leis, emendas à Constituição Federal, Medidas Provisórias, Decretos e Resoluções. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) II – I – III. b) ( ) III – II – I. c) ( ) II – III – I. d) ( ) I – II – III. 3 Para assegurar a plena fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, no que tange aos entes públicos, a Constituição Federal de 1988 prevê dois tipos de controle. Acerca disso, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Controle Interno e Privado. b) ( ) Controle Externo e Público. c) ( ) Controle Interno e Externo. d) ( ) Controle Público e Privado. AUTOATIVIDADE 26 4 Em decorrência do disposto no Artigo 1º da Constituição Federal de 1988, existem níveis de poder político-administrativo e administrativo em nossa organização político- administrativa, implicando em uma divisão vertical e horizontal da Administração Pública. Nesse sentido, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A Administração Direta consiste em serviços integrados à estrutura administrativa do Poder Executivo e demais órgãos auxiliares subordinados ao Chefe deste Poder. ( ) Na União, a Administração Direta é composta pelas Secretarias, nos Estados pelas Secretarias de Estado e nos Municípios pelas Secretarias Municipais. ( ) A Administração Indireta executa de forma descentralizada, serviços e atividades de interesse público, sem vínculo de subordinação ao Chefe do Poder Executivo. ( ) A Administração Indireta compreende as seguintes categorias de entidades: Autarquias; Empresas Públicas; Sociedades de Economia Mista; e Fundações Públicas e Privadas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – F. b) ( ) V – F – V – F. c) ( ) V – V – F – V. d) ( ) F – F – F – V. 5 Os agentes públicos, no exercício das suas funções nos órgãos e entidades da Administração Pública, devem orientar-se em diferentes tipos de princípios. Nesse sentido, considerando os preceitos apresentados nesta unidade, disserte especificamente sobre a finalidade dos cinco princípios constitucionais da Administração Pública. 27 CONCEITO E APLICABILIDADE DA CONTABILIDADE PÚBLICA 1 INTRODUÇÃO Piscitelli e Timbó (2010) indicam que a Contabilidade Aplicada ao Setor Público constitui uma das subdivisões da Contabilidade Aplicada a diferentes tipos de atividades, de entidades e que tem seu campo de atuação o das pessoas jurídicas de Direito Público – União, Estados, Distrito Federal, Municípios (Administração Direta) e suas autarquias (Administração Indireta) –, bem como o de algumas de suas entidades vinculadas – fundações públicas e empresas públicas –, essas pelo menos quando utilizam recursos públicos à conta do Orçamento Público dos entes federativos. Em termos práticos, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público é um dos ramos mais complexos da ciência contábil (KOHAMA, 2012) e visa proporcionar a coleta, o registro e o controle dos atos e fatos que afetam o patrimônio público, em específico os fatos e atos de natureza orçamentária e financeira (LIMA; CASTRO, 2012). Portanto, considerando o escopo de trabalho da Contabilidade Pública e suas características especiais em relação a outras áreas de atuação da contabilidade, é necessário compreender as terminologias e refinar conceitos específicos dessa área, que é o nosso objeto de estudo para este tópico. Nesse sentido, para dar continuidade aos nossos estudos, no Tópico 2, abordaremos questões relacionadas às concepções introdutórias da Contabilidade Aplicada ao Setor Público em termos de conceito, objetivo, objeto, patrimônio e campo de aplicação de estudo dessa área da Ciência Contábil. Posteriormente, discutiremos os princípios aplicados à Contabilidade Pública, especificamente os princípios da entidade, continuidade, oportunidade, registro pelo valor original, competência e prudência. Por fim, apresentaremos o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, instrumento que visa colaborar com o processo de elaboração e execução do orçamento, além de auxiliar no resgate do objeto da contabilidade como ciência, que é o patrimônio, em particular, o patrimônio público. Aos estudos! UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 28 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS DA CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO Antes de iniciarmos as discussões específicas sobre os temas abordados neste tópico, iremos, primeiramente, compreender as principais diferenças entre a Contabilidade Tradicional aplicada às pessoas jurídicas de Direito Privado e a Contabilidade Pública aplicada às pessoas jurídicas de Direito Público. Essas diferenças e particularidades são apresentadas no Quadro 8. QUADRO 8 – DIFERENÇAS ENTRE A CONTABILIDADE PÚBLICA E A TRADICIONAL ASPECTOS CONTABILIDADE PÚBLICA CONTABILIDADE TRADICIONAL Legislação Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964 Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 Princípios Contábeis E Entidade C Continuidade O Oportunidade R Registro pelo Valor Original C Competência P Prudência A Atualização Monetária (E) Princípios Orçamentários U Unidade ou Totalidade - Não há equivalente U Universalidade A Anualidade ou Periodicidade E Exclusividade O Orçamento Bruto L Legalidade P Publicidade T Transparência N Não-Vinculação E Equilíbrio Regime de Escrituração Regime Misto Regime de Competência Regime de Caixa: Receitas Regime de Competência: Despesas Receitas e Despesas Resultado ( + ) Superávit ( + ) Lucro ( - ) Déficit ( - ) Prejuízo 29 Legendas: E - Excluído; I - Incluído. FONTE: Adaptado de <https://bityli.com/Yiq82py>. Acesso em: 13 dez. 2021. Com base nos aspectos apresentados, explicamos as principais diferenças: • A Contabilidade Tradicional é disciplinada pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, enquanto a Contabilidade Pública é regida pela Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estabelece as normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços dos entes da República Federativa do Brasil. • O dicionário da Oxford Languages define o substantivo “Princípio” como “o primeiro momento da existência (de algo), ou de uma ação ou processo; começo, início” e “o que serve de base a alguma coisa; causa primeira, raiz, razão” (PRINCÍPIO, 2022). Em termos práticos, os “Princípios Contábeis” são as normas a serem observadas por – todos – os profissionais da contabilidade no exercício de sua profissão e aplicadas no objeto de estudo da ciência contábil: o Patrimônio. Os “Princípios Contábeis de Contabilidade (PFC)” foram inicialmente publicados pelo Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993 e, posteriormente alterada pela Resolução CFC nº 1.282, de 28 de maio de 2010, que atualiza e consolida as disposições da Resolução CFC nº 750/1993. Além dos “Princípios de Contabilidade (PC)” – nova denominação dada pela Resolução CFC nº 1.282/2010 –, aplica-se também na Contabilidade Pública os “Princípios Orçamentários”, essas dispostas na Lei nº 4.320/1964 e na Constituição Federal de 1988, por conta do Orçamento Público. • Os “Fatos Administrativos” e “Atos Administrativos” correspondem aos atos realizados pela administração, privada ou público de uma entidade, que modifica (e.g. pagamentos e recebimentos) ou não (e.g. apreensão de mercadorias) o patrimônio Sistemas de Informação Contábil Sistema Orçamentário Não há equivalenteSistema Financeiro (E) Sistema Patrimonial e de Resultado Sistema Patrimonial e de Resultado Sistema de Compensação Não há equivalente Sistema de Custos (I) Demonstra- ções Contá- beis Balanço Orçamentário Balanço Não há equivalenteFinanceiro Patrimonial Patrimonial Demonstração das Variações Patrimoniais Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração dos Fluxos de Caixa Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Demonstração dos
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