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A Educação como princípio moral na obra de John Stuart Mill: subsídios para uma análise da educação popular na Primeira República brasileira Azilde L. Andreotti Doutora em Educação e pesquisadora vinculada ao Grupo de Estudos e Pesquisa HISTEDBR - História, Sociedade e Educação no Brasil da Faculdade de Educação da UNICAMP. Este texto tem o objetivo de apresentar algumas idéias sobre a função da educação para os trabalhadores na obra Princípios de Economia Política de Stuart Mill (1806-1873), publicada em 18481 e analisá-las frente ao ideal de educação popular manifesto na Primeira República brasileira. Produzido em meados do século XIX, período em que as contradições geradas pelo capitalismo se acentuavam, o trabalho de Mill sobre Economia Política aborda a necessidade da educação como valor econômico e para criar o bom senso entre a população. No Brasil, os preceitos republicanos da última década do século XIX elegeram a educação como princípio moral e como propulsora do progresso. No período estava se consubstanciando um projeto educacional pautado na concepção liberal de educação, que irá se consolidar nas primeiras décadas do século XX. A especificidade de dois momentos em países distintos não invalida a proposta deste trabalho, uma vez que os elementos essenciais e as matrizes que encaminharam as relações capitalistas contêm traços gerais e universais. A função da educação como elemento regulador, presente no tratado de Mill, se encontra no ideário liberal da Primeira República, em nome de um projeto civilizador. As raízes do liberalismo enquanto como teoria são identificadas com Adam Smith (1723-1790), principalmente na sua obra A Riqueza das Nações, publicada originalmente em 1776, época de transformações na ordem política e econômica do século XVIII e de consolidação da economia política clássica. Diferentemente do contexto de A riqueza das 1 Deefok Realce Nações, Stuart Mill lançou Princípios de Economia Política em meados do século XIX, momento de organização das massas trabalhadoras e crise do sistema econômico clássico. Esse contexto vivido na Inglaterra e as influências teóricas recebidas por Mill compuseram os pressupostos principais de sua obra. As primeiras décadas do século XIX assistiram a uma série de mobilizações de trabalhadores na Europa. Na Inglaterra ficaram mais conhecidos os ludistas, movimento de revolta e destruição das máquinas, consideradas as responsáveis pela opressão dos trabalhadores e à luta pela democracia política por meio da adesão dos trabalhadores ao movimento cartista (A Carta), que reivindicava o sufrágio universal para os homens. Estudioso da obra de David Ricardo, amigo de seu pai (James Mill), Stuart Mill fez parte da ala mais progressista do Partido Liberal inglês defendendo teses como o voto feminino e a total liberdade de expressão. Sua obra sofreu a influência Jeremy Bentham2, August Comte, com quem manteve estreitas relações e os socialistas utópicos, principalmente Saint Simon. Princípios,3 publicado em 1848, o mesmo ano da publicação do Manifesto Comunista, divide-se em dois volumes, Produção e Distribuição e é considerado um resumo das doutrinas da economia clássica, um manual baseado no livre mercado.4 Para o autor, sua obra diverge de qualquer tratado de economia política desde Adam Smith por ultrapassar a especulação abstrata e postular a aplicabilidade dos princípios econômicos, ligando economia política e filosofia social. (p.21).5 Mill escreveu um texto didático e repleto de exemplos, acessível mesmo para os não especialistas e financiou um volume popular de seu trabalho em 1865. A educação teve papel secundário nos escritos dos economistas clássicos, cujo foco principal versou sobre o enaltecimento da liberdade de mercado e das leis naturais da distribuição da riqueza, em oposição aos regulamentos e restrições mercantilistas. Em seu tratado Mill expõe suas idéias sobre a educação, principalmente a educação básica, que no seu entender deveria ser proporcionada a todos, propondo a necessidade da educação para os filhos das classes trabalhadoras e a responsabilidade do Estado nesse sentido. O papel do Estado se justifica para o autor, por ser o único instrumento capaz de garantir a acessibilidade à educação, já que essas escolas deveriam ser gratuitas ou muito baratas e os trabalhadores incentivados para que seus filhos as freqüentassem. 2 Deefok Realce A ideia de educação de Mill seria para que o estado desce ao trabalhador a oportunidade e condição para que seus filhos pudessem ser educados de acordo com o que eles faziam. Alguns tópicos sobre a função da educação, na obra de Mill, ilustram suas idéias. Uma coisa ainda não bem compreendida é o valor econômico da difusão geral da cultura e da instrução entre a população, afirma o autor. (p.109). Os benefícios da educação básica para o trabalhador6 e para o sistema são assim apontados: A falta de bom senso prático, que faz com que a maioria dos trabalhadores sejam tão maus calculadores –o que torna, por exemplo, sua economia doméstica tão imprevidente, relaxada e irregular – necessariamente os desqualifica para qualquer trabalho inteligente que não seja um de baixo nível, e torna seu trabalho muito menos produtivo do que este poderia ser com a mesma energia. (p.109). Na transcrição de um artigo sobre a instrução das crianças pobres, o autor reproduz o depoimento de um empregador de Zurique, produtor de algodão, com 2000 empregados: Constatamos que os trabalhadores mais instruídos tem melhores hábitos morais, (...) são sóbrios, discretos em seus prazeres, mais racionais, refinados,(...) cultivam, música, teatro, lêem; (...) são econômicos a sua carteira e ao capital do patrão, conseqüentemente são mais leais e confiáveis. (p.111). No capítulo sobre Os Fundamentos e os Limites do Princípio do “Laissez –Faire”, Mill volta ao tema da educação, destacando a necessidade de uma educação básica nacional para os filhos dos trabalhadores. Assim se expressa o autor: O consumidor é um bom árbitro sobre as mercadorias para o seu uso. Há coisas cujo valor não pode ser testado pela demanda do mercado, cuja falta é menos sentida onde a necessidade é maior: educação e instrução. Os que mais precisam são incapazes de encontrar por conta própria. O governo deveria ser capaz de oferecer educação melhor do que a exigida espontaneamente pela população. A educação, portanto, é uma dessas coisas que é admissível, em princípio, ao governo ter que proporcionar ao povo. (p.403). Mill enfatiza a imposição da educação: ela deve ser mostrada e recomendada suas vantagens. (p.404); toda a população deve receber ensinamentos básicos, pois é legítimo o poder impor aos pais a obrigação de dar educação elementar aos seus filhos e para isso tem que ser acessível, gratuita ou muito barata, uma vez que pagando, os pais sentem que é deles o dever de dar educação a seus filhos, afirma o autor.(p. 404). Os princípios da livre iniciativa se fazem sentir na obra de Mill quando propõe que o governo não deve ter o monopólio sobre a educação, nem interferir na iniciativa privada, 3 pois total controle da educação é despotismo. Um governo que puder moldar as opiniões e os sentimentos do povo desde a adolescência, pode fazer com ele o que bem entender, afirma Mill.(p.405). A instrução, na obra de Mill, é necessária para criar o bom senso entre os trabalhadores. Segundo o autor, as leis de produção são leis naturais: a organização do sistema tem uma sabedoria inerente e imutável, mas as leis da distribuição dependem da vontade humana, das leis e costumes da sociedade, não são inevitáveis.Na obra de Mill, a objetividade social e a casualidade, como categoria, dão lugar à apreensão da realidade conclamando princípios éticos e qualidades morais e é nesse sentido que a Educação é abordada pelo autor. Essa breve exposição de alguns escritos de Mill sobre a necessidade da educação para a população e o valor econômico dessa iniciativa nos remete a algumas considerações sobre o caráter moral, civilizador e necessário à produção que o autor enfatiza como função da instrução escolar, demonstrando que as classes trabalhadoras, segmento social que emergia no processo de produção capitalista precisava ser moldada aos princípios da sociedade burguesa que se expandia. Esses aspectos se fazem presentes no projeto republicano de educação nacional brasileiro, ao menos na sua primeira fase, na qual prevalece o caráter civilizatório da educação para as classes trabalhadoras. Em uma pesquisa sobre quatro escolas noturnas para trabalhadores na cidade de São Paulo na última década do século XIX, instituídas pelo município7 e já apresentadas em um trabalho anterior8, as discussões manifestas nas Atas da Câmara Municipal de São Paulo, em 1891, que justificaram essa iniciativa, apontavam a necessidade da educação para os trabalhadores e aprendizes que não podiam freqüentar uma escola diurna, em nome do progresso e das liberdades públicas.9 Essas escolas tiveram pouca duração, três semestres10 e fizeram parte de iniciativas esparsas e localizadas e não de uma política nacional para a educação popular.11 Sobre as finalidades dessas escolas, o texto da Ata propõe que se forneça uma instrução básica: ler, escrever e fazer cálculos simples, sem preocupação profissionalizante, atendendo a demanda por escolarização, em uma cidade, que no fim do século XIX apresentava um surto de crescimento demográfico e de urbanização, caracterizados pelo desenvolvimento de algumas regiões do país já consolidadas pela ação da produção 4 agrária.12 Essas escolas atenderam um público masculino com idade variando de 7 a 48 anos, indicando uma população trabalhadora infantil. As primeiras iniciativas oficiais de âmbito nacional para a educação de analfabetos no Brasil foram institucionalizadas nos anos de 1940, com o Fundo Nacional do Ensino Primário que delegou 25% de seus recursos para a alfabetização da população adulta.13 No período anterior, algumas propostas para a educação noturna de trabalhadores se fizeram presentes, com pouca continuidade. Beisiegel (1997, p. 201) traz uma indicação de escolas criadas pelo Exército, em 1913, para os recrutas analfabetos. Saviani (2004, p.30) em seu trabalho sobre o legado educacional do século XX afirma que a educação popular não estava ainda colocada no início da República. Encontra-se em São Paulo algumas diretrizes pioneiras sobre a organização da instrução pública nos anos de 1920, com a reforma Sampaio Dória14, que aborda a necessidade da alfabetização da população.15 Algumas diretrizes sobre as políticas para a educação durante o século XIX nos indicam como foi encaminhado o papel do Estado na educação da população. Desde a Constituinte de 1824 e o Ato Adicional em 1834, a educação para a maioria da população não esteve entre as prioridades das políticas públicas. A descentralização da educação elementar, sob responsabilidade das províncias, algumas dotadas de poucas condições materiais para implementar um projeto de educação básica, é um indicador dessa afirmação. Em 1890, o país apresentava 85,21% de iletrados e em 1900, 75,78%, (Cf. Paiva, 1987, p.85). Nos princípios republicanos a instrução foi um dos pilares para o progresso e a cidadania. Mesmo que consubstanciado como um regime federativo, descentralizado quanto à educação elementar, a República é a referência para a história da educação como o período em que o poder público assume a tarefa de organizar integralmente escolas, tendo como objetivo a difusão do ensino para toda a população. (Saviani, 2004, p.18). Vários autores se debruçaram sobre a educação popular no período, enfatizando algumas premissas que embasaram essas iniciativas na Primeira República, como o contingente de imigrantes em alguns centros urbanos e a demanda por educação (Cf. Paiva, 1987, p. 69); a restrição do voto ao analfabeto (Cf. Paiva, 1987, p. 83 e Noronha 2004, p.76); a questão dos maçons visando a influência da igreja católica (Cf. Cunha, 2000, p.25), entre outros. 5 De uma forma geral, a origem da escola para a população vinculou-se ao processo de modernização do país, com a industrialização e o uso de novas tecnologias para a produção; ao aumento populacional nos centros urbanos e o direito à cidadania, pressupostos das mudanças que se consolidaram na Europa no século XVIII, com a industrialização e a ascensão da burguesia ao poder. Nesse contexto, a ignorância da população foi considerada um obstáculo ao progresso. Em seu trabalho sobre a origem dos grupos escolares em São Paulo, Souza (1988, p. 15) aborda o projeto republicano de educação popular com a seguinte afirmação: os republicanos mitificaram o poder da educação a tal ponto que depositaram nele não apenas a esperança de consolidação do novo regime, mas a regeneração da Nação. O cultivo do bom senso e a aquisição de bons hábitos, que se resumem em um projeto civilizatório, necessário ao processo de modernização, se encontram na concepção liberal de educação, visto que essa concepção está baseada na idéia de uma classe que precisava ser moldada para esse novo momento. Segundo Noronha (2004, p. 73) no período a educação escolar foi uma medida de profilaxia social na formação do “homem novo” para a sociedade urbana industrial que aos poucos se consolidava. O aspecto civilizador da educação que se evidencia no período indica a sua função de desatrelar as camadas populares do seu obscurantismo. A intenção educativa imprime um princípio modelador da educação para homogeneizar comportamentos, indicando formas de condutas diferenciadas. Essa hierarquização e os benefícios da educação para uma vida civilizada aparecem com um modelo próprio, baseado nos valores da classe social hegemônica, que não compõe com o modo de vida popular e para isso, a necessidade da ação disciplinadora da educação. O intento de modificar hábitos e a questão moral implícita na ação educativa assinala que a classe trabalhadora, força social importante e em expansão, necessitava ser tutelada para não sofrer as influências dos “meios nocivos” em que vivia e não se constituir em uma ameaça à ordem social. 6 Notas 1 MILL, John Stuart. Princípios de Economia Política. São Paulo, Nova Cultural, 1986. As informações biográficas sobre o autor foram tiradas da Apresentação da edição mencionada, realizada por Raul Ekerman e da Introdução, escrita por W. J. Ashley, em 1909, para a reprodução da sétima e última edição revisada por Mill, em 1871. 2 Representante do “utilitarismo”, teoria desenvolvida pela filosofia liberal inglesa que considera a boa ação ou a boa regra de conduta, caracterizáveis pela utilidade e pelo prazer que podem proporcionar. 3 Obras principais de Stuart Mill: Um sistema de lógica, 1843; Ensaios sobre algumas questões não resolvidas da Economia Política, 1844; Considerações sobre o governo representativo, 1861 e uma autobiografia publicada após a sua morte. 4 Na sua crítica aos economistas clássicos, Marx ironiza trechos da obra de Mill sobre a origem do lucro na produção capitalista: Da planura imensa, montículos de terra parecem colinas; hoje mede-se a mediocridade de nossa burguesia pelo calibre deseus grandes espíritos. O capital, Parte V, vol. II, cap. XIV, “Mais Valia Absoluta e Mais Valia relativa”, São Paulo, Civilização Brasileira, 197 (p. 594). 5 Prefácio da 1a. Edição de 1848. 6 Mill define o termo classe trabalhadora para distingui-lo de alguma parcela da população que não trabalha. P. 255 7 Essas escolas foram uma iniciativa isolada, visto que o papel das Câmaras Municipais quanto à organização da instrução pública no início da República no Estado de São Paulo, estava pautado somente pela fiscalização do ensino: Regimento de 27/11/1893.CF. Reis Filho, 1995, p. 126. 8 Andreotti, Azilde L. Escolas noturnas para trabalhadores no município de São Paulo (1891-1892): uma abordagem preliminar. VI Jornada do HISTEDBR, UNISO, 2005. 9 Atas da Câmara Municipal, Conselho de Intendências, Setor “Indicações”, v. 77, 1891, p. 129-30. (Fonte: Biblioteca do Arquivo Histórico Municipal). 10 A baixa freqüência é um indício do fechamento desses cursos. Paiva (1987) indica, por exemplo, que as escolas de adultos nos anos de 1870 na Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Alagoas foram extintas por serem pouco freqüentadas. Nas Atas da Câmara de São Paulo, em Sessão Ordinária de 22/10/1892, uma emenda sobre as escolas noturnas assinala a sua continuidade, ressaltando que: quando não tiverem a freqüência diária de 25 alunos, serão suprimidas ou removidas para outros lugares. Compete assinalar que na época não havia leis que regulamentassem a jornada de trabalho. 11 Neste texto a educação popular é entendida como a escola alfabetizadora para trabalhadores, sem cunho profissionalizante. 12 A economia agro-exportadora do café propiciou um desenvolvimento no Estado de São Paulo, já visível na década de 1870. 7 13 Em 1946, no fim do Estado Novo e durante o Governo Provisório, o decreto-lei n.8529, ainda com o nome de Leis Orgânicas, criou esse Fundo. 14 Sampaio Dória foi Diretor Geral da Instrução Pública do Estado de São Paulo em 1920 e implementou uma reforma que priorizou a reorganização do ensino primário. 15 Casemiro dos Reis Filho (1998, p. 68 e p. 71) indica a legislação sobre escolas noturnas no início do século XX no Estado de São Paulo: Lei n. 1195, de 24 de dezembro de 1909. Cria 57 escolas noturnas para adultos. Contém 5 artigos. Ass. Albuquerque Lins e Carlos Guimarães; Decreto n. 1915, de 1 de julho de 1910. Dá regulamento para as escolas noturnas para adultos. Contém 9 artigos. Ass. Fernando Prestes de Albuquerque e Carlos Guimarães. Matérias: Leitura e linguagem; aritmética; Lições gerais; educação Cívica e moral, desenho. Referências Bibliográficas ALVES, Gilberto.A produção da escola Pública contemporânea. Capinas, Autores Associados, 2001. ANDREOTTI, A. L. Escolas noturnas para trabalhadores no município de São Paulo (1891-1892): uma abordagem preliminar. Anais do VI Jornada do HISTEDBR, UNISO, 2005. BEISIEGEL, C. Educação e Sociedade no Brasil após 30. In: HOLANDA, S. B. (Dir.) O Brasil Republicano: economia e cultura. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1995. v. 4 (Col. História Geral da Civilização Brasileira). CUNHA, O ensino Profissional na irradiação do industrialismo.São Paulo, UNESP, 2000. MARX, K. O capital. Livro I, v. 2, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, MILL, Stuart. Princípios de Economia Política. São Paulo, Nova Cultural, 1986. NORONHA, Olinda M. 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