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AUGE E DECLINIO

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AS TENSÕES CRESCENTES NO SISTEMA MONETÁRIOS INTERNACIONAL E A CRISE DOS ANOS 1970
Leandro José Teixeira Barros [1: Ciências Econômicas, Graduando, Universidade Federal do Maranhão. Email: leandrobarros51@hotmail.com]
Disciplina: Economia Internacional[2: Artigo apresentado à disciplina de Economia Internacional 2 – Ministrado pela Professora Drª Danielle Queiroz Soares, como requisito parcial para obtenção de 2ª nota.]
“As manias são ocasionalmente associadas à “irracionalidade” ou psicologia das massas. O relacionamento entre indivíduos racionais e um grupo irracional de indivíduos pode ser complexo. Diversas distinções podem ser feitas, e uma delas é a hipótese da psicologia das massas, um “pensamento de grupo” em que virtualmente todos os participantes no mercado mudam seu ponto de vista ao mesmo tempo e se movem como uma manada” (KINDLEBERGER p.54).
Durante os primeiros quinze anos pós-segunda guerra mundial, houve um período áureo, que perpassou não somente os Estados Unidos, mas o mundo como um todo, chamado de PAX Americana, sob a tutela de Bretton Woods e seus reflexos. O sistema se alicerçou basicamente na exportação de liquidez para o resto do mundo, a fim de financiar países arrasados pela 2ª guerra mundial, num primeiro momento.
“Boa parte desses investimentos destinava-se a financiar a reconstrução d Europa e do Japão mediante investimentos privados de multinacionais americanas e empréstimos governamentais para a renovação de infraestrutura” (WACHTEL, 1988, p.66)
Num primeiro momento Tal acordo, simbolizou o que foi em primeira instância o sucesso da Pax Americana, mas também a principal causa de seu declínio. A exportação de liquidez dos EUA para o mundo reforçou a base econômica de países “ajudados”, que souberam aproveitar a incursões de capital público e privado, que num segundo momento, já não faziam com que esses dólares fossem repatriados, de forma que, o déficit do Balanço de pagamentos americanos se voltasse a se equilibrar. De todo modo, a priori, este movimento fora importante para os Estados Unidos que se pautaram num sistema de ajuda mutua. Mas isso não somente fora o sucesso de Bretton Woods, como seu declínio, já que o aumento da competitividade desses países se acentuou significativamente, principalmente na Alemanha e Japão. Isto começou a desequilibrar o sistema, já que com a diminuição da repatriação dos dólares , “os EUA tiveram de garantir o sistema de Bretton Woods vendendo seu estoque de ouro – este estoque era fixo”. (WACHTEL, 1988, p.66)
Além disso, como o estoque de ouro era fixo, houve uma corrida para adquiri-lo de forma mais proeminente entre 1959 -1961. Nesse contexto, o déficit no balanço de pagamento representava dólares espalhados pelo mundo, já que o excedente desses dólares, não eram mais repatriados, tendo em vista que diminuiu consideravelmente a procura pelos produtos americanos. Assim um ataque especulativo contra o dólar, começou a se esboçar, quando os administradores de carteira começaram a sentir uma cada vez mais dólares em excesso no mundo. A priori, o sistema ofereceu conversibilidades aos dólares em excesso a U$$ 35,00 a onça, confiando no seu estoque, já que possuía mais da metade da reserva de ouro do mundo naquele momento. Com a queda das exportações americanas e crescentes importações do consumidor americano, esse acordo não duraria para sempre. 
Ademais o montante em dólares em poder de estrangeiros, levados ao próprio sentimento dos EUA de “mantenedor” do sistema como potência econômica vigente, obteve fissuras cada vez mais consistentes, já que a quantidade do metal, começou a se tornar quantitativamente incomparável ao montante de dólares no mundo. Ou seja, o mecanismo de ouro tornara-se obsoleto. Acabou que, a saída dos dólares, cada vez mais sistemática, não pôde ser repatriada. Além disso, juntasse a esse problema o temor de que a moeda americana pudesse ser desvalorizada, o que a gerou uma busca incessante pelo ouro, a fim de garantir valorização das suas reservas monetárias. Segundo (WACHTEL, 1988,p.69), “enquanto ainda existisse ouro bastante em Fort Knoxx e antes que os EUA suspendessem a conversão de sua moeda em ouro – o chamado “fechamento da janela de ouro. Ainda assim os ataques especulativos ao ouro foram sistemáticos durante tal período(1959-1961)
	Sob o governo Kennedy em 1960, houve um a disputa ferrenha entre EUA e Europa. Kennedy tinha como objetivo trazer de volta o pleno emprego, mas obviamente teria que mexer na economia internacional de modo que, pudesse parar a fuga de dólares. O principal objetivo era expandir a economia interna sem que esse fluxo se reverberasse na importação, deteriorando ainda mais o déficit do BP americano. Dito isto, as medidas tomadas por ele foram a pressão sobre o mercado europeu, para aplacar as exportações americanas, além disso, os EUA se retirariam de parte do contributo militar da OTAN. A essa altura os europeus não estavam interessados em manter-se dependentes da moeda americana. E propunham uma unidade monetária alternativa para transações internacionais, que se adequasse ao contexto de 1960. O problema do Mercado comum dada as distancias de finalidade monetárias e a dificuldade de inserção da França como potência inviabilizou tal processo. 
No entanto, no governo Kennedy, houve tentativa de remendo do sistema mediante uma mudança na taxa de juros interna para investimentos financeiros a curto prazo para desestimular saída de dólares e ao mesmo tempo repatriar, os que estavam em poder de europeus, por outro lado a taxa de juros de curto longo prazo com destinação a investimento para crescimento dos EUA fora mantida baixa. Outra política adotada foi o IEJ – Imposto de equiparação de juros. Tal medida, aplicava uma equiparação entre ou taxa extra sobre os empréstimos de governos empresas estrangeiras tomadas em solo americano, o que tornou o acesso aos dólares mais caros. Essa medida unilateral, não fora atendida por outras multilaterais, nas quais não foram possíveis chegarem ao acordo. Mesmo após a criação do Fundo Comum do Ouro, em que cada pais detentor de boa parte do ouro no mundo seria depositário de uma quantia, o que confrontaria o mercado livre do ouro, caso ultrapasse o preço estipulado em U$$35 a onça, assim o sistema venderia parte do estoque, reequilibrando o preço às reservas, paralelamente a esse o Acordo da Basileia reforçou o sistema como um antidoto à a especulação, o que aumentou os fundos do FMI, para fazer frente ao conceito mais próximo de Keynes, de banco central mundial, ou emprestador de última instancia. 
Logo, a calmaria financeira, cederia lugar a um novo conflito econômico entre Estados Unidos. Sob a tutela nacionalista de Gaulle, tentou-se de todas as formas destronar as reservas de ouro americana. Os franceses viam no metal algo como o porto seguro das negociações. Entre 1967 e 1968, os EUA estavam sob o governo de Lyndon Johnson, sua política teve como foco a guerra do Vietnam e uma política de “combate” a pobreza. Mas segundo Wachtel (1988), os EUA travavam uma outra frente de guerra do ouro com a França. 
A política de Johnson foi um pouco mais consistente em relação à saída de dólares. Das quais foram desde pedidos para as multinacionais restringirem seus investimentos no exterior. Além de pressionar os países a absorver custos militares na Europa, a fim de sanar a larga saída de dólares. Porém, a Guerra do Vietnam, minou as bases do equilíbrio monetário conseguido até então, pois de alguma forma os dólares americanos gastos na guerra, foram parar nas mãos do governo Francês, que estavam ávidos ao ouro, já que culturalmente, os franceses viam um ouro como um metal forte, eles defendiam tal tese ardorosamente. 
De início a França não conseguira obter êxito na sua empreitada, trocando seu estoque ilimitado de dólares por ouro. Mas durante as circunstâncias da guerra do Vietnam, os dólares entraram em ritmo frenético na zona de guerra, tais dólares, por ironia pararam nas mãos das autoridades francesas, de algummodo os laços históricos e econômicos com a Indochina propiciaram isto. No entanto, Johnson tentou rebater a fuga de dólares com outras medidas. Cortes no investimento externo, supressão dos empréstimos para fora do país, além da redução das pensões pagas a dependentes de militares no exterior, algo terrível. Tais medidas terríveis, não se mostraram excepcionais. O “ataque” ao mundo especulativo, somente serviu para que esse se remodelasse à uma nova ordem econômica, dessa vez supranacional, onde Bancos privados fugindo das restrições atuariam em larga escala no exterior. Além disso, o acordo duplo, tendo como lastro o Fundo Comum do Ouro, entrou em colapso em 1971, desvinculando o ouro do dólar. Outra solução seria o multilateral DES (direito especial de Saque), que eram créditos contra os quais os países poderiam sacar, que acabou evoluindo para uma moeda que independia de qualquer lastro com o dólar, o que aliviou a tensão momentaneamente.
De acordo com Wachtel(1988), “os remendos aplicados por Johnson no sistema foram os últimos”. Apesar da refreada crise do dólar, pela instauração do DES e queda de De Gaulle, e pela crescente força do marco alemão, a economia americana se veria arrolada novamente, em crise, já que a Europa tentaria se reorganizar. A fuga de dólares, logo se restabeleceria de forma desordenada, via de regra a supranacionalização dos bancos, que se aproveitaram da instabilidade do dólar para dominar o mundo na década de 1970. Isso se deu na medida em que:
“Nem a posição comercial dos EUA nem o estoque de ouro conseguiram acomodar convenientemente esses em lugar algum. Do ponto de vista dos europeus, isso equivaleria a uma bomba de efeito retardado que ameaçava explodir-lhes embaixo do nariz, uma vez que eram eles que seguravam a bomba, ao passo que o pavio estava nas mãos dos EUA”(WACHTEL, 1988,p.82)
Ou seja, caso a conversão continuasse, incessantemente, a economia americana e mundial entraria em colapso. A saída, foi abrir conversão para outras moedas que tinham boa aceitação no mercado monetário, dentre elas o marco alemão. O governo Nixon tentou alinhar a mesma estratégia, que já haviam tido antes, redução dos custos militares no exterior, e exigência de flexibilização e aceitação de mais exportações americanas. Em troca, abriria mão da frente da guerra do Vietnam e reduziria o papel do dólar na economia mundial, e buscar ou expandir novos mercados para suas exportações, dentre eles o da União Soviética. No entanto, dada a instabilidade americana e o escândalo político(Watergate) do presidente Nixon, os EUA mergulhariam numa espiral deficitária do seu estoque de ouro. Com relação a tal ataque à economia americana afirma Wachtel (1988) que “Nixon trancou a janela do ouro” , suspendeu a conversibilidade do dólar e sobretaxou em 10% todas importações.
Essas medidas, desvincularam de vez o outo do dólar, abrindo caminho para uma consequente desvalorização do dólar e uma guerra, o que obrigou os governos a manterem suas reservas em dólares ou vendesse ao mercado livre ao melhor preço que conseguissem. Foi uma medida forte, pois além do dólar ficar mais barato no resto do mundo, as exportações americanas poderiam deslanchar. O principal fato desse movimento foi o abandono do regime cambial fixo, baluarte de Bretton Woods. A flutuação começou 1973. Apesar desse movimento adiar a “morte do dólar”, a desvalorização, influenciou o poderio do cartel petrolífero mundial a OPEP, logo o poder de reação americano, seria maior que o “soneto”. 
Supranacionalização dos bancos e a crise dos anos 1970
Nos anos de 1960 a 1970, as transições para a qualidade de entidades transnacionais de movimentações bancárias tomaram espaços sem precedentes. A intenção, era se tornar global. A intenção era cresce, mas sob vultosas somas de empréstimos e retornos para manterem-se os custos globais. O surgimento de um euromercado monetário coincide com a agressividade com que tais entidades solaparam o exterior, em busca de novas oportunidades de empréstimos e num segundo momento de especulação financeira. O surgimento de grandes bancos privados no cenário internacional como o Citibank e o Chase Manhatan, estão diretamente ligado aos empréstimos governamentais e a empresas multinacionais. 
Dando lugar a banqueiros cada vez mais engenhosos e numa engenharia cada vez mais astuciosa, de conseguir depósitos suficientes para suas operações, levou o sucesso de alguns banqueiros, que logo estariam a frente de tais bancos. Inovações como o Certificado de Deposito, de W. Wriston do Citibank, iria revolucionar e colocá-lo como um dos maiores banqueiros do setor privado norte americano. No entanto, tais engenharias eram, em sua larga escala aplicadas para fugir da regulamentação governamental. Os Estados Unidos estavam como uma política aplicaram uma política de restrição creditícia para tomadores externos. O que acabou levando que banqueiros se instalassem nas praças europeias. A capacidade de elevar a taxas dos na Europa dos CD’s deram larga vantagem ao Citibank, a estratégia era levantar fundos na Europa e transferir para o mercado americano. 
Segundo Moffit (1984), “para os bancos americanos, a tração inicial do euromercado era como fonte alternativa de fundos para financiar operações das empresas suas principais clientes”. Porém, dada a expansão da econômica mundial, novas oportunidades sugiram, o que vai coincidir com o aumento do preço do petróleo em 1973. Um largo processo de reciclagem dos dólares adquiridos pelos países árabes, vão encharcar o euromercado. Além disso, esses dólares acabariam por atender a demanda para importar petróleo.
	Interessante destacar que a história do Eurodolar começa bem antes dos bancos privados começarem o “êxodo” bancário. Segundo Wachtel (1988, p. 93) por ironia, é justamente a URSS que acaba criando tal forma de financiamento, já que os chineses após Revolução Chinesa de 1949, as contas chinesas foram congeladas, resolveram passar suas contas para um banco russo instalado em Paris. Começava assim uma das formas mais eficiente do financiamento capitalista. 
	Até meados de 1950, quaisquer dólares ao redor do mundo, não demoraria a ser absorvido pelas transações interacionais e logo voltariam aos EUA, até esse momento Bretton Woods funcionava, já com sinais de debilidade. O que minaria tal sistema, seriam os eurodólares e a especulação advinda da flexibilização cambial. 
	A inserção dos petrodólares no euromercado, e a sinalização dos países da OPEP, no primeiro choque do Petróleo fez com que muitos profissionais chamados “arabistas” corressem contra o tempo para captar recursos junto a vultosa soma de dinheiro, num primeiro momento, o interesse era conceder o empréstimo o recurso, captar e conceder. Com foco em crescimento e manutenção do status quo global, uma posição no euromercado, se um banco não fizesse, outro faria. Assim afirmara Moffit (1984, p.60) “depois do primeiro choque do petróleo em fins de 1973, os eurobancos que tornaram-se os principais responsáveis pelo processo de reciclagem dos petrodólares”. 
Bretton Woods e seu sistema, estilo carro velho, que a essa altura do campeonato, não daria mais para revisa-lo, cedia lugar ao Euromercado, um novo quartel general do sistema econômico mundial. Funcionando como um enorme complexo transnacional de bancos que controlam trilhões de dólares. Este sistema era retroalimentando pelo vasto mercado interbancário. 
Cabe salientar, que o acordo smithsoniano, juntamente com a desvalorização do dólar em 1971, na era Nixon, era um meio termo entre o que viria se colapsar o que ainda restava de Bretton Woods. O regime de taxas flexíveis acabou por enterrar o sistema que encabeçou a Pax Americana e mundial. 
	Aqui o regime de câmbio flexíveis, levou a ataques especulativos moedas mundo afora, o interessante agora era jogar, e pôr em xeque o equilíbrio da ordem monetária internacional. De início alguns acordos tácitos sobre paridades monetárias seguravam tal desequilíbrio de nível mundial, o que acabou por acontecer,via de regra por ataques especulativos sistemáticos a moeda inglesa a Libra, o que que fez com que a autoridade monetária inglesa optasse por flexibilizar a flutuação da sua moeda. Segundo Moffit (1984,p.75) “A causa imediata da morte do sistema de Bretton Woods foi a maciça especulação contra o dólar, sem precedentes na história. A especulação monetária não era, em absoluto, um fenômeno novo”. Porém, não e o movimento que se inaugura, mas a interação dos agentes econômicos, que veem um novo método de aplicação de tais recursos. Já que, para as empresas dada a instabilidade das moedas viam como porto seguro para determinar a performance de seus balanços a necessidade de câmbio flexível. 
No início da década de 1970, as firmas americanas já não eram tão leais ao dólar, a exemplo de qualquer firma multinacional. Segundo o Wall Street Journal, elas estavam “apostando contra” o dólar. O que ocorreu essencialmente foi que as empresas e bancos, antecipando uma desvalorização, vendiam dólares nos mercados europeus de moedas para reduzirem seu descoberto em dólares. (MOFFIT, 1984, p.77)
Esse processo de especulação era negado pelos banqueiros, no entanto, os maiores não negavam que o processo seria fazer dinheiro através da flutuação cambial. Ademais, o Euromercado, nesse sentido começara a se afastar do seu sentido primeiro que seria o de financiar o comercio internacional, na verdade, de início tida como “legítima” financiadora de multinacionais e crescimento pelo mundo. No entanto, o que se viu foi oportunidade de lucros ainda maiores com a variação das taxas de câmbio. Já que os principais mercados estavam sob domínio dos especuladores, restava agora aplacar o mercado americano. 
Para passarmos para o período de Crise da dívida global e a tentativa de supressão do problema via sugestão para austeridade, resta-nos saber o que pensa uma das principais vozes que defendia a taxa de câmbio flexível, uma das causassem primeira instancia, mais sofisticada para a especulação financeira na década 1960 e 1970.
O livre mercado e as taxas de câmbio flexível.
Defender a ideia de um livre mercado pleno, e principalmente desvinculando o Estado com o papel soberano de controle e emissão da moeda para se financiar à custa de inflação, sempre alicerçou em linhas gerais o debate de Friedman. Principal influenciador das ideias neoliberais e representante do monetarismo e de flutuação de câmbio. 
Em seu livro Capitalismo e Liberdade, Friedman, critica ferozmente os acordos monetários, uma certa crítica ao mercado regulamento que o governo precisa manter como forma de controle dos pagamentos internacionais. Segundo ele, o controle cada vez mais intenso dos governos no comercio internacional, negligencia e leva ao desequilíbrio do livre, mercado além de não surtir efeitos positivos para o “bem estar” da população. Portanto o controle do câmbio, via de regra do comercio internacional ate meados da década de 1970, é tida como danoso. Pois segundo Friedman (1988,p.65), isso acaba levando a uma espiral sem fim, que começa com o racionamento de importações perpassa ao controle da produção doméstica que utiliza produtos importados ou produz substitutos para importação. 
	Para Friedman o papel do ouro no sistema monetário era um Pseudopadrão ouro, já que o mesmo tem o preço sustentado, como o de políticas de outrora em relação ao trigo. Além disso há uma contradição inerente ao lastro do ouro em que difere da política do preço sustentado do trigo. O preço é sustentado, e pago tanto para o produtor externo, quanto para o interno, além de vendermos livremente para o comprador externo, mas proibido para o interno, o terceiro e mais importante, na ótica monetarista a ser considerado, o Tesouro está autorizado emitir papel moeda para pagar os seus gastos, de tal forma que não precise passar pelo orçamento. Portando, segundo Friedman (1988, p.67) “o controle governamental do preço do ouro – da mesma forma que o controle de qualquer outro preço – é inconsistente com uma economia livre. Aqui, uma das causas do pseudopadrão, crítica ao padrão ouro defendido pelos EUA é a de que o governo não deveria fixar preços de forma que o preço do ouro variasse num livre mercado. Segundo ele, esse controle não diferia nesse sentido os EUA dos países que nacionalizavam suas economias, como a Cuba de Fidel Castro
	
Refiro-me à nacionalização do estoque de ouro. à proibição de propriedade privada o ouro para propósitos monetários e à ab-rogação da cláusula do ouro em contratos públicos e privados. É bom observar que se trata aqui de um ponto sutil que depende do que é mantido constante na estimativa do preço do mercado livre, particularmente com respeito ao papel monetário do ouro. (FRIEDMAN, p.68)
 Com relação aos equilíbrios externos, de modo que haja um emparelhamento entre pagamentos e fuga de capital, de modo que este último seja relativamente estabilizado, que culminam explicitamente no livre cambio, flexibilizado pela abertura do governo em relação ao seu estoque de ouro, redução dos preços internos e consequente redução da taxa de câmbio.
Há somente dois mecanismos consistentes com um mercado e um comércio livres. Um deles é um padrão ouro internacionalmente e completamente automático. Isto, como vimos no capítulo anterior, não é nem factível nem desejável, e, de qualquer forma, não podemos adotá-lo por conta própria. O outro é um sistema de taxas de câmbio livremente flutuantes, determinadas no mercado por transações privadas sem a intervenção governamental. (FRIEDMAN, p.77)
Cabe salientar, que como monetarista, Friedman, apoia alguns controles diretos, em última instancia, para estancar a deliberada emissão de moedas. A taxa de câmbio livre é condição sine qua non, para flexibilizar a pressão monetária de um país. Além do mais, segundo ele, afirma que ser a favor de taxas de câmbio flutuante não quer dizer que seja a favor de taxas cambio instáveis. Mas ao mesmo tempo, joga para o mercado e o estado como garantidores de um ambiente estável de negócios, onde os preços mudem com moderação e não violentamente.
Embora Friedman, um economista proeminente, o Sistema monetário Internacional, e supranacionalização do dinheiro e do sistema bancário, acabou por tirar dos governos tal controle de estabilização, logo a flutuação das taxas de câmbio, livres de qualquer regulamentação levou a alguns problemas que serão apresentados a seguir. 
Crise da Dívida Global e suas consequências.
Uma das principais causas da Crise da Dívida Global foi a consequente expansão do credito via o acentuado avanço dos bancos no mercado mundial da moeda. A criação de mais bancos e a concorrência interbancária, levou a que as margens de lucros dos empréstimos concedidos às empresas multinacionais, começassem a declinar. A busca de novos mercados foi imprescindível para a sobrevivência do sistema, neste sentido houve uma corrida de expansão dos empréstimos, o que aplacou os países do terceiro mundo, que podiam na maioria dos casos, oferecer como garantia os seus vastos recursos naturais, ou mesmo contava com a força de trabalho barata, onde as multinacionais poderiam se instalar, dadas estas situações teriam também que arcar com os juros do mercado. 
Em meados da década de 1970, tais empréstimos bancários já haviam excedido em muito os das entidades de fomento como o Banco Mundial por exemplo, além disso o FMI havia perdido espaço para os bancos privados, isso mesmo antes do primeiro choque do petróleo. Esse excarcerado domínio dos bancos privados no mercado de moeda mundial, logo levariam à crise do sistema, já que os países devedores, não mais poderiam suportar o peso das taxas de juros impostas, das rolagens de suas dívidas. 
Segundo Moffit(1988), a crise teve duas causas principais, a primeira foi a crescente importância dos países do Terceiro Mundo na revolução da atividade bancária mundial durante as décadas de 60 e 70, e o segundo momento, os choques inflacionários do petróleo que atingiram os anos 70. Já que a consequênciada dívida dos países do Terceiro Mundo nesse período fora consequência imediata da dependência, e por ironia um dos principais afetados é do no dizer de Moffit (1998), um dos “irmãos” da Opep do Terceiro Mundo, dentre eles o México. O Saldo da conta corrente dos países importadores de Petróleo do terceiro mundo deteriorou-se entre 1973 e 1982, os custos com juros e do principal das suas dividas cresceram enormemente, o que levou aos bancos terem mais cautela, um crescente ameaça a crise da dívida global. Interessante, fazer um retrospecto da Ascenção dos Petrodólares, que acabaram entrando num ciclo sem retorno, já que muitos países ficaram sem condições de pagarem os juros desses empréstimos. As novas ondas de choques na economia mundial, bem como a tentativa de recicla-los já não tinha a mesma força que outrora.
Já em 1980, os bancos não teriam aquela mesma posição agressiva como pois;
Os bancos sabiam que teriam sérios problemas se continuassem a emprestar nos níveis de 1979. Em 1980, os países do Terceiro Mundo, ao apresentarem seus planos anuais para a captação de emprestmos no mercado, pediram a mesma quantidade de dinheiro obtida em 1979, nas mesmas condições. Os bancos simplesmente rejeitaram tais planos. Felizmente para os bancos, os países estavam mais necessitados do dinheiro do que eles precisavam de papeis do Terceiro Mundo. Os países tiveram que recuar.
Comparados aos empréstimos conseguidos em 1979, os países importadores de Petróleo, dentre eles o Brasil, teve um corte nas cifras dos novos empréstimos. No entanto, a “cautela” dos bancos não evitou o inevitável, a crise da dívida, que abarcou não somente os países do Terceiro Mundo, mas na Polônia também eclodiu de proporções avassaladoras, em resposta à política agressiva dos banqueiros na década anterior, de incentivos para o Leste europeu. NO caso da Polônia é ainda mais peculiar, porque houve aportes de empréstimos, para salvar a economia daquele país de colapso, ou seja, a ideia era no auge da crise da dívida polonesa, garantir pelo menos os empréstimos antigos. Do outro lado do continente, em 1982, o México entra numa espiral deficitária financeira e não consegue mais honrar tais empréstimos, de proporções enormes. Apesar de as exportações do Petróleo disparar naquela mesma época, e voltando-se para uma política de industrialização a todo custo, o que acabou funcionando sinalizando bem para Euromercado poder socorrê-lo. No entanto em 1982, a economia Mexicana se desarticula fortemente, o que leva o governo a suspender o pagamento da dívida externa. Além do México, boa parte dos países da América Latina logo entrariam nesse grupo, compreendendo o que se chamou de crise da dívida global, consequentemente a retração, o próximo passo seria a austeridade imposta a esses governos na intenção do comprometimento de atender normas que garantissem o credito. 
A austeridade global é uma das partes do capitulo da crescente crise da dívida global, e a isso somasse a recessão dos recicladores de petrodólares. Segundo Wachtel (1988), o mundo só se deu conta do perigo dez anos depois da escalada de empréstimos bancários. Os maiores países da América Latina (Mexico e Brasil) juntos deviam vultosas somas de dinheiro aos maiores bancos. Nessa segunda etapa, o FMI assume um novo papel de fiscalizador e o principal sinalizador para que os bancos privados pudessem gerar aportes para tais países com crescentes dividas. O FMI vê o caso como o de má gestão economia, quando na verdade há um problema estrutural imanente que resultou da supranacionalização dos bancos e principalmente da desregulamentação monetária, com a profusão de sucursais dos maiores bancos do mundo, além disso, diga-se de passagem a abertura para a flexibilização da taxa cambial, defendida por Milton Friedman, acabou por levar uma legião de especuladores no mercado de monetário internacional
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOFFIT, Michael. O dinheiro do Mundo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984 (pp.41-116)
WACHTEL, HOWARD. Os mandarins do dinheiro: as origens da nova ordem econômica supranacional. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988 (pp. 65-127)
FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e liberdade. São Paulo.São Paulo: Nova Cultural, 1988. (pp.57-72)
KINDLEBERGER, Charles P. Manias, Pânico e Crashes: Um histórico das crises financeiras. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.(pp.60-85)

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