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Finanças Internacionais e Crise - Resumo PUC SP

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AULA 2 - 12/03
Desenvolvimento capitalista e riqueza de algumas nações.
Leitura indicada: FIORI, J. L. (Org.). Estados e moedas no desenvolvimento das nações. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. Introdução: de volta à questão da riqueza de algumas nações.
· Ao longo do processo de desenvolvimento há uma impressão de que, se as instabilidades dos mercados são frutos da própria dinâmica capitalista, em que o capitalismo vai se transformando ao longo do tempo. O capitalismo do período pós-segunda guerra mundial é muito diferente do capitalismo de hoje. Isso tem implicações diretas sobre a geração da riqueza, os vínculos do mundo do trabalho nas relações empregatícias (ver filme O Espírito de 45, Eu Daniel Blake e Você Não Estava Aqui)
· Retrospecto do desenvolvimento capitalista da 2ª metade do século XIX, que é quando diversas nações avançam no processo industrializante:
· Naquele momento o capitalismo estava promovendo uma profunda uma transformação econômica, tecnológica, organizacional e financeira, ou seja, era uma mudança social, em que diversas nações estavam se formando (com a formação dos Estados modernos) com uma intensa migração da população para os centros urbanos, e nisso há uma mudança significativamente a forma de se viver. Por isso que é uma transformação profunda na economia e na tecnologia porque partimos para um processo de produção manufatureiro que tem um ritmo de produção diferente da manual, e organizacionais porque estruturar o chão de fábrica é diferente de estruturar o processo de plantio por exemplo, em que no plantio tem que ficar de olho nas condições naturais e acertar no período exato de plantação para não pegar secar e não gastar insumos à toa (deve-se respeitar as condições naturais e entender o ciclo da natureza, o que é totalmente diferente do ritmo de uma produção de fábrica). No início do processo de industrialização era bastante comum jornada de 12h a 14h, porque enquanto a máquina estiver contribuindo para o processo produtivo havia a suposição de que o trabalhador devia se adaptar a esse tempo, e sabemos que no final das contas isso não se manteve porque eram condições exaustivas, então diversas reinvindicações vão surgir na tentativa de regular as condições de trabalho, criando turnos e etc.
· Ao invés de garantir a sobrevivência da população, isso eventualmente mataria a população por exaustão, então tem uma questão organizacional importante nesse período além da questão financeira, ou seja, o que significava ampliar a capacidade de produção via processo manufatureiro. A manufatura tem como característica a capacidade de reprodução, em que se deixa de produzir 1, 2 ou 3 peças no modelo manual e se passa a produzir centenas/milhares do mesmo produto.
· Também dentro da questão organizacional as leis também estavam se alterando para dar garantia de uma coesão social que também estava em transformação, então também há uma mudança social mais profunda nesse período que remete ao sistema capitalista.
· Núcleo político europeu (no caso, as nações que estavam a frente nesse processo de industrialização) transformou em colônia ou em periferias o mundo africano, asiático e a maior parte da América Latina, em que você desloca a função de fornecedores de matérias primas e de mão de obra para o continente Europeu para que houvesse esse processo de industrialização.
· América Latina sabe bem o que é isso porque ficou durante muito tempo exportando produtos naturais de maneira que sustentasse esse processo de industrialização na Europa.
· Apesar de todo esse contexto, em termos de abordagem econômica, no final do século XIX, mais ou menos em 1870, teve um conjunto de teóricos que vão reivindicar uma revolução das ideias (Revolução Marginalista). Naquele momento essas ideias tentavam chamar a atenção de que a economia era uma ciência assim como a matemática ou física, era uma ciência que estava vinculada aos acontecimentos das ciências naturais com abordagens neoclássicas. A Economia Política clássica cedeu lugar ao enfoque neoclássico das teorias de equilíbrio geral (como pensavam os teóricos Walras, Jevons e Menger).
· A economia deveria pensar a partir de uma determinada linguagem para acharmos a solução dos nossos problemas. Em 1891 surgem os princípios de economia com o estudo micro dos indivíduos e das firmas, a partir de uma linguagem matematizada. O desenvolvimento é considerado como um processo gradual, contínuo, natural e harmonioso, independentemente do momento e do lugar em que ocorra. Isso está dado como se todas as nações chegariam a esse patamar de desenvolvimento desconsiderando o fator de concorrência entre as nações. Se uma nação avança em relação as outras, essa que avança vai tomar o espaço econômico e político das outras. 
· Ao longo do século XX as nações que se industrializaram na segunda metade do século XIX (EUA após a Guerra de Secessão, Alemanha após a Unificação Alemã, a Rússia na segunda metade do século XIX, Japão, Inglaterra, França, Holanda e Bélgica) já estavam em um mundo dividido no aspecto competitivo de busca por mercados. Alguns países tinham colônias, e, portanto, mantinham um sistema mercantil entre metrópoles e colônias, ou entre colônias. A consequência de desenvolvimento não vai ser um processo harmonioso, porque essas nações conforme estavam se industrializando elas precisavam vender, uma vez que a capacidade produtiva é maior que a capacidade de absorção da economia local, então no limite os países precisavam de espaço internacional para conseguir dar vasão a essa produção. E ocorre que enquanto tínhamos 1 ou 2 nações que mantinham esse papel internacional estava ok, mas no final do século XIX para o início do século XX diversas nações se industrializaram, aumentando o processo competitivo de busca de mercados.
· As teorias imperialistas retomaram o debate político sobre as causas das transformações econômicas e políticas, tentando chamar atenção de forma crítica quais eram essas causas que tinham levado essas economias a essa situação de disputa entre territórios e mercado de consumo. No início do século XX houveram tanto abordagens mais liberais sobre as teorias imperialistas quanto as mais radicais inspiradas no Marx (Robinson era o grande introdutor sobre o debate do imperialismo).
· Hilferding e Bukharin eram marxistasque estavam mais crentes esse processo imperialista e o enxergando com bons olhos, e mantiveram uma visão otimista, progressista, pioneira e civilizatória do imperialismo nas regiões atrasadas ou colonizadas do mundo. Exceto pela Rosa Luxemburgo que enxergava que se não fosse um sistema socialista seria a barbárie, que qualquer outro sistema não daria certo. As teorias imperialistas têm uma grande função para interpretar tudo o que estava acontecendo naquele momento.
· A competição entre as nações, principalmente a partir de 1870, empurrou os capitais e os Estados europeus à corrida imperialista dentro do núcleo político interestatal do sistema e à guerra de 1914.
· Esse momento de concorrência capitalista vai ser o quadro mundial desde o início do século XX. No decorrer do século XX e início do século XXI, o que temos visto no mundo ora de maneira mais expressiva essa concorrência capitalista entre as nações e ora menos. O primeiro grande momento em que as nações entram em uma disputa mais lado e lado e mais competitiva nesse sentido será quando a primeira guerra mundial avança. Logo depois vem a crise de 1929 e depois a depressão da década 1930 em que desorganiza bastante as economias e há uma redução do comércio mundial. Para ajustar esse cenário vem a segunda guerra mundial.
· Na saída da segunda guerra mundial vem a necessidade de reorganizar o sistema capitalista, mostrar sua potência e sua capacidade estabilizadora, vai exigir que as nações centrais do capitalismo façam um acordo entre sim, e esse acordo ficou conhecido como acordo de Bretton Woods. No final da segunda guerra mundial, Harry Dexter White representando os EUA e Keynes representando a Coroa Inglesa vão discutir sobre quais vão ser os pontos relevantespara se chegar em um acordo de maneira que garantisse condições estáveis que as economias capitalistas se recuperassem. Haviam essa preocupação de retomar as características da dinâmica capitalista para o capitalismo mostrar todas as suas forças, afinal, as duas guerras mundiais e a grande depressão de 1930 fragilizou bastante as economias. Nesse período a União Soviética estava indo muito bem.
· 1841 – Sistema nacional de economia política – F. List (interpretação da dinâmica Alemã)
· List supõe uma relação competitiva entre as nações e que algumas nações se industrializaram posteriormente em relação a algumas outras nações. E essas nações então que tinham essa característica de um capitalismo tardio, serão analisadas. No caso List pega a dinâmica Alemã, ou seja, que se industrializa de maneira mais forte enquanto um processo nacional depois da unificação, ou seja, depois de 1871. Nesse momento uma parte da Europa já está industrializada (Inglaterra passando pela segunda revolução industrial, França, Holanda, Bélgica). Os países que vinham de forma “atrasados” foram os EUA depois da guerra de secessão depois de 1865, a Alemanha depois da unificação depois de 1871, Itália, Rússia, Japão)
· List diz que essas nações que tem um desenvolvimento tardio, ou seja, que estão tentando se industrializar, mas já tem concorrentes internacionais, essas nações precisam contar com o poder político e a intervenção do Estado, em que o Estado nacional precisa garantir as condições competitivas de maneira que essas nações que estão se industrializando completem seu ciclo, caso contrário a própria concorrência internacional não permitiria o desenvolvimento. É um processo, porque o Estado assumirá função de agente regulador dessa concorrência capitalista internacional.
· Tese: o problema central é como se constroem ou destroem as forças produtivas de cada nação, e não a divisão do trabalho e a expansão dos mercados como teorizou Smith. Então para List a ideia era como dinamizar internamente a economia/como organizar. Ele se preocupa em como as condições produtivas em cada nação avançam/como se constroem. E havia essa necessidade de intervenção do Estado de maneira que houvesse condições para organizar esse processo.
· A política, a nação e a guerra são elementos essenciais de todo e qualquer cálculo econômico, na medida em que, para List, a produção e distribuição da riqueza mundial é um jogo de soma negativo, onde há e haverá sempre lugar para muito poucos Estados nacionais e poderosos.Um jogo em que só ganhariam os povos com “vocação de potência” e os Estados capazes de alavancar suas economias em função de seus objetivos e interesses estratégicos de longo prazo. Ou seja, essa noção de concorrência tem uma soma que não dá zero, ela é negativa, porque é noção de concorrência, e os Estados nacionais que se industrializaram anteriormente se mostravam mais poderosos que os demais, então não havia espaço para todo mundo.
· Ex de hoje: revolução 4.0 com a nova tecnologia de 5G de transmissão de dados e de velocidade de informação. No mundo tem dois grandes países que estão produzindo, os EUA e a China. Também tem a Alemanha, mas não na mesma velocidade e com as mesmas condições avançadas que EUA e a China. Então hoje o que estamos vivendo é uma concorrência capitalista entre EUA e China, o que muitas pessoas identificam como guerra comercial, mas por detrás disso tem uma guerra tecnológica.
· Durante o século XX, logo após a segunda guerra mundial, o capitalismo viveu um período atípico de crescimento econômico. 
· Entre 1950 e 1970 a produção cresceu mais de 200% e o comércio mundial mais de 350%, o que é um crescimento extremamente elevado em relação ao que já se passou na história.
· Na década de 1950 o comércio dos EUA cresceu 6% a.a. e na década de 1960 o comércio cresceu 7,5% a.a. e entre 1963 e 1966 chegou a 9,5% a.a., ou seja, é um crescimento elevadíssimo.
· Após 30 anos de forte crescimento econômico, a partir de meados da década de 1970, houve uma retração do ritmo de crescimento econômico, como consequência aumentando a taxa de desemprego e a taxa de inflação, que vão passar a pressionar as condições econômicas e sociais. Então aqueles 30 anos de ouro de crescimento que vai de 1945 a 1970 começa a dar sinais de desaquecimento.
· 
· Não é fácil perder essa dinâmica de crescimento, e no início os anos 1970 haverá o problema de estagflação, algo que as teorias neoclássicas não davam conta de tratar, ou seja, era impossível se ter ao mesmo tempo estagnação com inflação, mas essa foi a característica dos anos 1970.
· Quais seriam então os motivadores de perda do vigor de crescimento?
· Ampliação da concorrência intercapitalista.
· Esgotamento do modelo fordista de organização do trabalho.
· Limites no avanço da produtividade.
· Fim do “compromisso” (acordo de Bretton Woods) Keynesiano com o apoio das classes e frações das classes dominantes.
· Liberalização do movimento de capitais; desregulamentação das industrias financeiras.
· Crise do petróleo (1973/1979).
· 
· Mostra em 1960 as economias crescendo, mostrando uma recuperação da crise e estabilidade, depois começou a cair e despencou com o fim de Bretton Woods. Nos anos de 1980 a taxa de lucro se descola do processo de acumulação, ou seja, dos volumes de investimento. Então da onde vem esse lucro sem um processo de acumulação? Ele está relacionado com o conceito de capital fictício que Marx falou, seria algo próximo a uma valorização artificial e são questões que estão em análise até os dias de hoje.
AULA3 - 19/03
Padrão monetário internacional: os anos dourados.
Leitura indicada: EICHENGREEN, Barry. A globalização do capital: uma história do sistema monetário internacional. São Paulo: editora 34, 2007. Capítulos 4 e 5 (até p. 210).
· Arranjos monetários.
· Quais características que todos têm? Teoricamente, um arranjo monetário bem-sucedido e estável garante 3 elementos principais:
· Uma capacidade de ajustamento de preços relativos, ou seja, quando se tem um arranjo monetário é possível manter os preços relativos mais ou menos constantes, e isso é importante para evitar que haja a formação de preços na economia.
· Adesão de todos os participantes a regras monetárias e robustas, ou seja, quando se tem um arranjo monetário todos os agentes da economia respeitam e fazem adesão à essas regras, o que também representa uma plena função da moeda, em que as autoridades conseguem institucionalmente garantir o poder da moeda e garantir o arranjo monetário/o sistema monetário vigente. Sempre lembrando das 3 funções básica da moeda: meios de pagamento, unidade de compra e reserva de valor.
· Habilidade para conter pressões de mercado, ou seja, qualquer possível desajuste por efeitos da lógica de mercados (problemas de oferta e demanda por exemplo). Uma vez que se tem os preços relativos estáveis é possível evitar possíveis desajustes por efeitos da lógica de mercado, ou seja, problemas de oferta e demanda por exemplo.
· Em tempos de flutuação (de divisas, pensando nas moedas internacionais), há uma tendência a associar um regime monetário internacional tranquilo com estabilidade das taxas de câmbio. Uma vez que as moedas estão circulando no mercado monetário internacional, isso quer dizer que há uma certa estabilidade nas taxas de câmbio.
· Quando as taxas de câmbio são fixas, há uma tendência análoga a comparar as falhas desde sistema com alternativas idealizadas: modelos de taxas flutuantes administradas. Essa flutuação é totalmente pertinente ao regime monetário internacional, caso essas taxas de câmbio estejam estáveis. Se pode ter desde um regime de câmbio fixo a um regime de câmbio flutuante com intervenção do Banco Central, ou seja, o Banco Central efetua as intervenções diárias de maneira a garantir a estabilidade desse arranjo monetário internacional.
· Capacidade de efetuar ajustes de preços relativos
· Quando as taxas de câmbio são flexíveis, variações na taxa de câmbio alteram diretamente os preços relativos, porque há um componente no câmbio na formação depreço considerando que os mercados são e estão integrados. Sob um sistema de taxas realmente fixas (à medida que isso seja possível), o peso de todo o ajustamento cai sobre cada um dos preços expressos em moeda nacional. Quando as taxas são fixas, mas ajustáveis, os choques mais fracos são absorvidos por meio de ajustamentos nos preços internos (como se fosse um regime de câmbio fixo), enquanto os excepcionais (os que tem efeitos maiores) podem provocar variações da taxa de cambio anteriormente fixada, que é quando o regime de câmbio é fixo, mas com possibilidade de ajustamento.
· Dessa perspectiva, um sistema monetário internacional satisfatório exige que as taxas de câmbio variem quando os preços em moeda doméstica e os custos forem imperfeitamente flexíveis (supondo um regime de câmbio flexível, então a absorção de qualquer variação internacional vai ser ajustada via cambio e via preço). Quando os preços são rígidos para baixo (ou seja, não caem), uma queda na demanda produzira desemprego, ao invés de deflação. Neste caso, será valiosa uma variação na taxa de cambio que possibilite a adoção, pelas autoridades, de políticas compensatórias de administração da demanda (temos que avaliar que tipo de preço estamos lidando se não estivermos em uma situação em que consigamos ajustar via preço com redução de preço, a consequência disso vai ser uma queda na demanda, ou seja, o preço não cai. Como há uma rigidez de preço para baixo há uma queda na demanda. Isso aumenta o desemprego ao invés de um ajuste de preço). Uma implicação é que quando distúrbios requerem ajustes frequentes e amplos nos preços relativos de uma economia, taxas de câmbio flexíveis tornam-se evidentemente mais vantajosas porque mesmo que haja qualquer problema de rigidez de preço, o ajuste se dá via cambio. Sob taxas de câmbio flexíveis toma-se mais obvio o desemprego do cambio para facilitar ajustamentos as perturbações ocorridas. Mas, o mesmo é verdadeiro para todos os sistemas de taxas de câmbio fixas, que vigoraram nos últimos cem anos. Todos possuíam cláusulas de escape permitindo que taxas de câmbio fixas variassem na ocorrência de choque excepcionais. Mesmo sob o padrão ouro clássico, como veremos, havia clausulas que suspendiam a conversibilidade temporariamente e permitiam a depreciação da taxa de cambio na ocorrência de choques excepcionais.
· Regras monetárias robustas:
· Se as contingencias que geram variações excepcionais da taxa de câmbio não são facilmente observáveis, nem ocorrem autonomamente, pode faltar credibilidade em relação a cláusula de escape (tomar cuidado para ver se as variações que eram excepcionais não estão se tornando recorrentes). O mercado desmentirá o veredicto do Banco Central de que os movimentos da taxa de cambio serão temporários e reversíveis. As autoridades serão postas sob suspeição de manipular a taxa de cambio por meio de regras contingenciais. Consequentemente, o movimento da taxa em direção ao limite da banda pode não elidir a estabilização especulativa. No limite, este problema tornaria a cláusula de escape e a estabilidade da taxa de cambio incompatíveis, exigindo que as autoridades optassem entre elas. Portanto, o problema de informações privadas leva à opção por um sistema híbrido que combine as vantagens das taxas fixas e das flexíveis. Não dá para manter por um período muito longo taxas fixas, exceto quando se tem um acordo, porque caso contrário pode se ter um desajuste dos preços internos.
· Capacidade de conter pressões de mercado:
· Adquirir reputação para perseguir regrar monetárias robustas pode ser custoso e demorado. Enquanto as autoridades buscam obter credibilidade/reputação para seu compromisso de defesa da taxa de cambio, a economia pode ficar sujeita a taxas de juros elevadas por um longo período. Tais taxas podem ter feitos negativos sobre o nível de investimento, sobre o mercado imobiliário, sobre os custos do serviço da dívida pública e a estabilidade dos bancos comercias. Com isso, as autoridades conseguem manter uma certa capacidade de contenção das pressões que o mercado realiza, principalmente via cambio.
· Supervisão por uma “companhia de seguros “, como o FMI ou Comitê Monetário da EU. O FMI vai exercer esse papel de supervisão, de emprestador de última instancia e o emissor dos direitos especiais de saque.
· Controle sobre o movimento de capital (também vai fazer parte do sistema de Bretton Woods)
· Padrão ouro clássico:
· 1880-1913: taxas de câmbio estáveis em relação ao ouro. Esse é o padrão libra-ouro do sistema monetário e financeiro inglês que hegemonizou o sistema monetário internacional e daí vem o poder da Grã-Bretanha, e quem faz a gestão é a Inglaterra.
· Por meio de arbitragens no mercado do ouro, essas políticas estabilizavam as taxas de câmbio. Enquanto se mantivesse a conversibilidade externa e não se colocasse obstáculos às remessas de ouro, as taxas de câmbio variavam no interior dos gold points(bandas m torno da relação entre preço doméstico e externo do ouro, definida pelos custos de remessa e de seguro). Então as taxas de câmbio ficaram estáveis em relação ao ouro, a hegemonia era da Inglaterra (da libra esterlina), e todas as moedas mantiveram uma taxa de câmbio estável em relação ao ouro, e isso foi possível por conta dessas arbitragens no mercado de ouro. Com isso as taxas de câmbio mantinham-se estáveis porque haviam ajuste na variação entre o preço doméstico e externo do ouro.
· Superficialmente, o padrão ouro do pré-guerra não parece ter satisfeito a qualquer um dos pré-requisitos acima identificados para o funcionamento estável de um sistema monetário internacional. A taxas de câmbio mantiveram-se estáveis por extensos períodos sem o recurso de controles de capital ou de auxílios externos. Os salários não eram perfeitamente flexíveis: os mercados de trabalho estruturados limitavam a flexibilidade dos salários ao longo do tempo, mesmo ante que o sindicalismo houvesse se espraiado ou se consolidasse o crescimento das grandes corporações com departamentos de pessoal. Comparações da flexibilidade dos salários na Inglaterra, nos períodos pré e entre guerras, não provem evidencias de um declínio secular das flexibilidades do mercado de trabalho. Mesmo nos EUA, onde os estudos iniciais sugeriram uma inércia crescente dos salários nominais, pesquisas posteriores, a partir de dados micro e macroeconômicos, tem questionado tal hipótese.
· Então havia um controle forçado sobre o preço salarial, porque assim não desorganiza o preço interno. O funcionamento efetivo do sistema é um pouco mais complexo, porque parte do pressuposto que é possível arbitrar, portanto absorver possíveis variações, porém nem sempre isso funciona de maneira perfeita pensando no sistema monetário internacional.
· Cláusulas de escape durante o padrão ouro:
· Na ocorrência de distúrbios excepcionais, os países poderiam suspender a conversibilidade temporariamente sem afetar sua credibilidade. Uma das formas de se pensar como uma moeda se mantem hegemônica no sistema monetário internacional, essa forma é a possibilidade de conversão. Então quando há uma pressão extraordinária sobre aquela moeda referência, se suspende temporariamente a conversibilidade só para não promover uma pressão de maneira a desestruturar o arranjo monetário internacional.
· Ampliação da banda de flutuação em caso de pressão sobre o câmbio. Então é possível ter uma mudança da maneira de precificar essa relação com o ouro.
· Cooperação internacional entre bancos centrais e governos. No fundo, isso acaba modificando o sistema de pagamentos internacional, e essa cooperação pode permitir uma clausula de escape porque tira a pressão sobre os preços e sobre o câmbio.
· Entre guerras:
· No período entre guerras não houve necessariamente um período de um sistema padrão ouro internacional, pelo contrário, o período entre guerras foi um período mais conflituoso e competitivo entre as nações, porque as nações centrais já tinham garantido uma dinâmica industrial e estavam disputando os mercados. Então o período entreguerras será um período que vai predominar a ausência das regras monetárias robustas.
· Nos anos 1920-1930 as taxas de câmbio se tornaram flutuantes: é o fim do sistema padrão ouro.
· Há um acirramento da disputa comercial internacional, e isso terá um efeito sobre o ritmo de crescimento das atividades econômicas. Não é à toa que a década de 1920 termina em uma crise gigantesca que vai levar a uma grande depressão na década de 1930 dessas economias centrais que vão gerar um efeito sobre as economias periféricas. 
· Experiência ruim que provocou uma aversão a este regime cambial. Eventualmente, estas experiências desastrosas produziam suas próprias soluções. O caos financeiro quebrava resistências ao comprometimento fiscal e a inflação alta enfraquecia a oposição à independência do Banco Central (naquele momento uma vez que se está saindo de um regime do padrão clássico ouro isso vai promover uma desorganização dos preços, uma desorganização institucional e da economia). Na segunda metade dos anos 1920, o padrão ouro foi restabelecido. Por razões previsíveis, entretanto, foi mais fraco que no pré-guerra. As políticas monetárias eram ainda influenciadas politicamente, principalmente enquanto a taxa de desemprego permanecesse a níveis de dois dígitos. Os Bancos Centrais que elevassem as taxas de juros em defesa de suas taxas de câmbio eram pressionados pelas possíveis consequências sobre o emprego. Assim, por razoes políticas, não era factível a adoção de regras monetárias, dificultando o recurso às cláusulas de escape e produzindo um sistema de câmbio fixo rígido e frágil. (Então a situação de pressão sobre a economia acaba prejudicando a possibilidade de manter as regras monetárias robustas, então os Bancos Centrais começam a alterar a política monetária e isso acaba levando uma pressão sobre o câmbio, e a consequência disso é que as próprias cláusulas de escape não funcionem, e a tendência é que esse arranjo monetário que estava garantido se torne frágil).
· Também era mais difícil conter as pressões de mercado. O suporte internacional a taxas de câmbio fracas revelou as dificuldades de se conciliar às políticas domésticas, as controvérsias políticas internacionais e estruturas conceituais incompatíveis. A prevenção dos grupos de interesse contra ajustamentos cooperativos das políticas econômicas que pudessem prejudica-los, as disputas internacionais quanto as dívidas de guerra e reparações e a adoção de estruturas conceituais concorrentes em diferentes países impediram que os formuladores de política econômica chegassem a um entendimento comum aos problemas econômicos e a uma solução conjunta. (Porque no fundo acaba mesclando questões que são de fundo doméstico com questões internacionais, então há essa impossibilidade de conciliar todas essas questões).
· Começa os anos 1920 com regime de câmbio flutuante, não tem regras monetárias robustas bem aparamentadas, depois tenta-se com uma medida quase que de tampão para voltar com o regime de padrão ouro com câmbio fixo, mas as economias já estavam em outro patamar de disputas internacionais para ganhar mercados e acesso as divisas.
· Ter acesso a divisas é uma questão importante por permitir uma capacidade de pagamento internacional e por conta dos efeitos cambiais. No caso de pagamento internacionais é meio evidente: ou se acessa as divisas com exportações ou atraindo investimento. E qual a importância disso? Ter condições de arcar com as compras internacionais, seja para o setor público seja para o setor privado. Se não há divisas deve-se tomar crédito, e tomar crédito depende do interesse dos agentes externos financiarem suas operações, e aí vem todo um custo: os juros, possibilidade de abrir mão da venda de algum produto no mercado internacional.
· Vem a segunda guerra mundial e abandona-se tudo isso. Na saída da segunda guerra mundial é feito um acordo internacional, que começou a ser tratado no final de 1944, e na conferência de Bretton Woods ele é firmado pelos países centrais, que vão garantir a reconstituição de um sistema monetário internacional robusto.
· Sistema de Bretton Woods:
· Há uma retomada do padrão ouro, mas dessa vez se tornou o padrão dólar-ouro. O dólar entra como a moeda alternativa ouro enquanto reserva desse novo sistema monetário internacional. Isso é fruto da razão que até hoje o dólar é a moeda de reserva internacional, sendo fruto das negociações da saída da segunda guerra mundial.
· EUA já saí nesse primeiro momento com uma capacidade monetária impressionante, e nessa cotação de dólar-ouro havia uma certa previsão de uma paridade das moedas em relação ao dólar americano (banda de variação de 1%), em que se permitia alterações de paridade na ocorrência de um desequilíbrio fundamental.
· Aí que vem a origem da aceitação do dólar mundial que em tão pouco tempo, considerando o sistema monetário internacional, o mundo inteiro ficou com suas reservas caracteristicamente em dólar, não mais em libra nem em ouro. O dólar será a moeda referencial e a moeda aceita no sistema de pagamentos internacional.
· FMI: é criado nesse momento enquanto um órgão fiscalizador e regulador, inclusive das políticas econômicas que vão sendo adotadas nos países porque tem que ter uma coordenação das políticas econômicas. É aquela história de ter um conjunto/arranjo robusto. Então o FMI também vai ter uma função de recomendar e avaliar políticas econômicas que estavam sendo adotadas. 
· É também um emprestador de última instancia por ser o “Banco Central” de todos os Bancos Centrais. Mas claro que ao olharmos para a composição dos depósitos do FMI, desde a sua origem, o país que mais mantem depósito no FMI são os EUA (o que dá para entender seu papel e seu posicionamento no FMI).
· Controle sobre o fluxo de capitais, o que vai permitir junto com o padrão dólar-euro (ou seja, o câmbio praticamente fixo em relação ao dólar com o dólar funcionando como moeda dereserva internacional), mais uma instituição, o FMI, realizando o papel de fiscalizador, regulador e emprestador, mais o controle. Esses 3 elementos serão cruciais para compreender a estabilidade macroeconômica do período.
· Antes do sistema de Bretton Woods os países mantinham suas reservas principalmente em ouro e libra. Após a segunda guerra mundial e o sistema de Bretton Woods a partir de 1944, esse controle sobre os fluxos de capitais vai impedir que as nações que mantinham as reservas principalmente em ouro e libra percam imediatamente a capacidade de pagamento. Agora o sistema de pagamentos está organizado em torno do dólar, e não mais do ouro e da libra. (O que irá gerar uma pressão futura em 1960).
· Acordo de Bretton Woods:
· Em 1961, os Bancos Centrais assinaram o Acordo de Basiléia pelo qual cada país se comprometia a defender as demais moedas e a participar de empréstimos recíprocos. O pool do ouro, em Londres, tinha como objetivo impedir o esgotamento das reservas de ouro dos EUA (era uma forma de manter essa estabilidade no sistema monetário internacional, então quando os EUA emitiam o dólar para o mundo inteiro, o FED deveria estar acumulando uma quantidade de ouro crescente). Em 1962, os países industrializados realizaram swaps para fornecer linhas de crédito adicionais. Seguiu-se, ainda, o Acordo Geral para Empréstimos, os Direitos Especiais de Saque (que são uma moeda proporia do FMI que o FMI administra e tem aceitação internacional) e outros dispositivos de ampliação dos recursos disponíveis para Bancos Centrais com problemas. Vale repetir que este não era um apoio ilimitado, tampouco a soma de todos estes recursos eram suficientes para conter pressões especulativas dos mercados financeiros com posições baixistas. Mas poderiam ser instrumentos importantes em situações específicas.
· Portanto, a ampliação da cooperação internacional, em termos de apoio à taxa de câmbio, diferenciou Bretton Woods dos arranjos monetários internacionais anteriores. (Essa cooperação internacional que se consolidava basicamente no FMI foi importante para dar sobrevida ao período que percorre oacordo de Bretton Woods. Não é à toa que esse período de Bretton Woods vai ser justamente um período de um crescimento elevado, que dão os 30 anos de ouro/gloriosos do capitalismo). E grande parte da sustentação das principais paridades do sistema foi realizada fora dos canais do FMI, então o FMI foi importante e essas ajudas diretamente entre os países.
· Pós-Bretton Woods:
· Vai acontecer um conjunto de pressões sobre o sistema ao longo da década de 1960 até o final da década de 1960. Aquela paridade de U$35,00 por onça de ouro rapidamente foi questionada, principalmente por conta da Guerra do Vietnã, que teve um custo elevadíssimo para os EUA. Então toda aquela garantia e regra robusta que os EUA mantinham foi sendo cada vez mais questionada. Isso aconteceu em meados dos anos 1970 e em 1971 o dólar perde essa estabilidade. E aí é uma questão de tempo do FED anunciar que não guardava mais aquela paridade.
· Em 1972, os membros da Comunidade Econômica Europeia estabeleceram a “serpente no túnel” (que eram formas de se ter uma certa estabilidade cambial, porque a Comunidade Econômica Europeia conseguiu usar suas reservas que não estava denominada em dólar, porque ela tinha outras fontes de reserva internacional), que mantinham as taxas de câmbio dentro de margens (de flutuação) mais estreitas que as requeridas pelo Acordo Smithsoniano. Criou-se o Acesso ao Financiamento de Curtíssimo Prazo (VSTF) para auxiliar os países membros a superar déficits temporários de balanço de pagamentos. E em 1973 é quando o acordo fracassa e é finalizado.
· Veio após um momento em que as políticas fiscais e monetárias estavam excessivamente expansionistas
· Veio a crie do petróleo em 1973
· Recessões somadas as políticas anticíclicas com consequências inflacionárias como foi nos EUA
· A consequência desses 3 itens é a dissolução de Bretton Woods.
· Foi possível constituir um arranjo monetário estável que permitiu o crescimento das economias. A alteração desse quadro de um arranjo monetário estável vai promover diversas desorganizações da economia, em diferentes lugares. Momento em que o FED não garantia mais essa conversibilidade. Mas na verdade foi um grande golpe dos EUA, porque os EUA se alçaram como um país hegemônico principalmente pela sua situação monetária da sua conversibilidade em relação ao ouro, e ao chegar em 1971 simplesmente disseram que não havia mais.
· Haverá então a transição do dólar fixo para o dólar flexível, e as transformações econômicas desse período. Acirra as concorrências novamente, e vai permitir uma flutuação não só das moedas, mas também dos preços domésticos e internacionais. 
	
	AULA 4 - 09/04
Retomando:
· O final da segunda guerra mundial e as transformações que ocorreram no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 reforçaram essa hegemonia dos EUA, e não o seu fracasso e sua crise, apesar, de economicamente, os EUA não estarem em uma situação muito confortável em questão de inflação e capacidade de manter o crescimento econômico no início dos anos 1970.
· Diante dessa situação, em 1971 é quebrada essa conversibilidade do dólar e em 1973 o sistema de Bretton Woods que o sistema quebra e vai à falência. O dólar tinha deixado de ser conversível em ouro, e o elo era a conversibilidade das outras moedas para o ouro, o que enfraqueceu bastante os EUA. Com isso, o FMI vai triar uma moeda própria e estrutural chamada de direitos especiais de saque, que vai ser uma moeda estrutural que o FMI utiliza e oferece para empréstimos, sendo aceitada internacionalmente. O valor desse título acaba tendo uma referência em rela]ao as moedas dos países depositários no FMI.
A mundialização do capital e a expansão do poder americano.
Leitura Indicada: TAVARES, M.C; BELLUZZO, L.G. M. A Mundialização do Capital e a Expansão do Poder Americano. In: Fiori, J.L. O Poder Americano. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
· Formação e expansão do sistema capitalista partindo de uma análise histórica do processo.
· Ao longo do século XVI haverá uma análise desde o capitalismo mercantil e as formações dos Estados nacionais, em que este, por sua vez, tem o papel dos banqueiros: agentes de expansão capitalista e de financiadores das guerras e da expansão ultramarina e de manter relação com as burguesias nacionais.
· Hegemonias políticas e expansão do capital sem limites territoriais, que é o momento das colonizações da Inglaterra no século XIX e os EUA no século XX. E lembrando que na metade do século XX essa disputa pela busca da hegemonia política estadunidense está muito vinculada com a Guerra Fria: capitalismo X socialismo soviético.
· A expansão do capitalismo tem sua expressão mais geral na apropriação privada da riqueza e na vocação compulsiva para a acumulação sem limites, que se expressa na sua forma geral, o dinheiro. Este, é o Deus do mercado, mas também o instrumento dos príncipes. A expansão do capital não se processa em forma de crescimento sustentado, tem ciclos de acumulação, de incorporação de progresso técnico, de valorização e desvalorização do capital financeiro, e de deslocamento espacial. A conquista de novos mercados, a incorporação de novos consumidores e a expansão da força de trabalho, a taxa de exploração variável, são forças imanentes da concorrência capitalista. Suas contradições são expressas concretamente em termos de deslocamento econômicos, sociais e políticos que geram crises periódicas no sistema.
· Então a expansão do capital não é um caminho sempre crescente, mas sim um caminho tortuoso. Essa expansão do capital tem momentos de crescimento e momentos de decrescimento, porque tem um fator que opera constantemente que é a concorrência, que mexe nesse jogo de disputa, seja interna ou uma concorrência internacional.
· Já a expansão do poder dos Estados Nacionais com vocação de potência imperial é limitada pelo poder internacional de seu “dinheiro público” e pela rivalidade imperialista. Nenhuma potência capitalista teve expansão territorial ilimitada, ou seja, não dá para conquistar e colonizar o mundo inteiro (porque 1º: limitação territorial; 2º: há uma concorrência internacional). Os limites à expansão imperial são sempre externos, já que nenhuma foi derrubada ou barrada sem que a outra a detivesse pelo poder das armas e do dinheiro. A ligação entre a expansão geográfica do capitalismo e a expansão dos impérios – decisiva para a história do sistema – não é dedutível do momento imanente do capital, nem de uma teoria geopolítica abstrata. A concorrência dos capitais e a rivalidade entre potencias dão a este sistema um dinamismo fantástico, incompatível com a noção de estado “estacionário”, “equilíbrio de mercado” ou “equilíbrio de poder”.
· Considerando a expansão do poder dos estados nacionais, a busca por mercados e a disputa territorial limitada, essa concorrência internacional de tempos em tempos pode provocar fissuras, que podem virar guerras físicas, guerras comerciais e etc.
· Poder americano na ordem liberal burguesa vem do final do século XIX e decorrência da consolidação do sistema monetário e de pagamentos internacional com a adoção do padrão ouro.
· EUA ainda não estava na hegemonia, esse momento do final do século XIX é um momento de expansão, é um processo. Até então o país hegemônico era a Inglaterra.
· É uma metamorfose do sistema de crédito mundial
· Depois da guerra de secessão (guerra civil norte americana) vai acontecer a abolição da escravidão e a unificação do Estado em busca do algo em comum, porque os EUA eram bem divididos pelos interesses de cada região. 
· A região Norte estava focada no desenvolvimento da indústria, já na região Oeste e Sul dos ainda eram centros produtores de produtos primários com mão de obra escrava, algo que os industriais do Norte queriam acabar para justamente garantir a promoção do desenvolvimento capitalista, e isso foi a guerra de secessão, que foi capaz de unificar. E a partir disso vai ter um conjunto de políticas por parte do Estado nacional na promoção desse desenvolvimento industrial, como forma de concorrer internacionalmente ede promover uma mudança econômica.
· Constituição de forças produtivas especificamente capitalistas – crescente separação técnica e econômica entre o departamento de meios de consumo e o departamento de meios de produção.
· Desenvolvimento da divisão internacional do trabalho entre um centro produtor de manufaturas e uma periferia produtora de matérias-primas e alimentos.
· Emergência das “novas” potencias industrias, construídas à sombra das relações comerciais e financeiras proporcionadas pela hegemonia liberal britânica. No final do século XIX diversos países vão alçar uma força para a promoção do desenvolvimento industrial (EUA, Alemanha, Itália, Rússia e Japão.)
· Construção da hegemonia dos EUA a partir de 4 características:
· Inserção “virtuosa” na divisão internacional do trabalho; finança doméstica “desregulada”; proteção comercial; privilégios concedidos por seu Estado Nacional aos promotores de negócios.
· Os EUA, uma economia em rápida ascensão, terminou o século XIX como a maior economia industrial do planeta (a Guerra de Secessão foi em 1865), tonando-se poderoso competidos nos mercados mundiais de alimentos, matérias-primas e manufaturados (tem uma grande capacidade produtiva). Ainda assim, a economia americana protagonizou frequentes e severas crises financeiras e cambiais, dada a posição subordinada do dólar, a organização “desregulada” de seu sistema e as intervenções arriscadas e especulativas dos bancos de investimento na promoção dos negócios. Colapsos de preços dos títulos e corridas bancárias sucederam-se na posteridade da Guerra Civil.
· Nas últimas décadas do século XIX e no início do século XX, as práticas financeiras especulativas e os sucessivos episódios de deflação de preços sempre acompanhados de liquidação dos devedores e de destruição da riqueza do“público” suscitaram surtos violentos de centralização do capital e permitiram a consolidação do assim chamado capitalismo trustificado. Essa forma “moderna” assumida pelo capitalismo foi desenvolvida a partir das modificações ocorridas na economia americana depois da Guerra de Secessão. Os resultados das transformações observadas bem merecem a qualificação de “capitalismo moderno”, sobretudo no sentido de que o surgimento e desenvolvimento da grande corporação americana se constituem no embrião nacional do posterior desdobramento transacional do grande capital.
· A internacionalização do capital ocorreu a partir da estrutura da grande empresa e, condensa todos os mecanismos interiores e expansão: mercantis, industriais e financeiros.
· Passagem da hegemonia inglesa para a hegemonia americana.
· A constituição da hegemonia dos EUA vai ao mesmo tempo revelar a fragilidade da Inglaterra em coordenar esse processo e também a ascensão de novos mercados financeiros.
· No final do século XIX e início do século XX os EUA crescem com as finanças desreguladas.
· Na década de 1920, os EUA, embora de forma desequilibrada, houve a expansão do capitalismo americano consolidando os seguintes pontos:
· Criação de uma lógica de consumo de massas, que vai se expandir para a Europa
· Hiperinflação e programas de estabilização da Alemanha e na Europa Central
· Políticas de stop and gona Inglaterra (que vão fazer parte da superação das crises, quando a Inglaterra perde controle na coordenação do processo) e crise econômica no norte da Europa
· Intensificação das lutas sindicais e populares e dos partidos socialdemocratas na Europa continental ou mesmo dos trabalhistas na Inglaterra.
· O contubérnio entre os negócios e o Estado chegou ao ápice nos anos 1920. O Banco de Morgan transformou-se no braço financeiro da política de Washington. Os funcionários do Morgan comandaram os empréstimos destinados a garantir reservas em moeda forte para o plano de estabilização da Alemanha em 1924 e para a França em 1926. Feito o empréstimo de estabilização, a Alemanha regressou ao padrão-ouro, o que forçou a Inglaterra a regressar em 1925, com a libra apreciada em relação ao dólar, fixada na paridade anterior à guerra. Neste momento é deflagrado um forte movimento de capitais dos EUA em direção à Europa estabilizada e à periferia endividada do sistema inglês. A partir daí o Banco Morgan tornou-se o carro chefe da enxurrada de empréstimos baratos para a Europa e a América Latina.
· A ordem liberal começa a ruir de alto a baixo, tanto do ponto de vista econômico-financeiro quanto do ponto de vista social e político. A crise de 1930 agrava a desorganização do sistema mundial e leva ao surgimento de experiências nacionalistas e estatizantes de vários matizes. No extremo liberal democrático, os EUA tentem a experiência do New Dealenquanto a Inglaterra sai do padrão-ouro e faz uma política de juros baixos e gasto público compensatório. No continente europeu, a gravidade do desemprego, a deflação e a contração do comércio internacional decorrente das desvalorizações competitivas levam a um alto grau de intervenção do Estado. A arregimentação de massas sem precedente leva ao surgimento de nacionalismos autoritários que reforçam o expansionismo bélico das chamadas potencias do Eixo e levaram a eclosão da segunda guerra mundial.
· Isso faz patê da maneira como essa hegemonia norte americana vai sendo constituída e como a Inglaterra perdeu sua capacidade de manter-se de forma hegemônica. Tem a própria situação da expansão das economias como um todo e os EUA forçando sua inserção internacional.
· Guerras mundiais e poder americano
· Os EUA no final do século XIX e início do século XX na primeira guerra mundial:
· É um grande produtor de matérias-primas e de alimentos (EUA termina o século XIX como o maior produtor mundial), mas também tem Nova York como um importante centro financeiro e de negócios, capazes de promover simultaneamente investimento de alto risco em novos setores e a rápida centralização de capitais
· 1ª Guerra Mundial: EUA entra com uma capacidade industrial acima da Alemanha e da Inglaterra, e quando sai da 1º guerra mundial há essa sensação de que o EUA já havia derrotado a hegemonia da Inglaterra.
· Abandono das cânones liberais e “esforço de guerra”.
· 2ª Guerra Mundial:
· Essa sensação de que os EUA já tinham derrotado a hegemonia se confirma, porque essa construção histórica já estava acontecendo e porque os EUA foram capazes de promover uma mobilização de recursos que permitiu seu crescimento e uma capacidade produtiva industrial
· Aumento do poder destrutivo das armas com a reconvenção industrial dos segmentos químico, metalúrgico, metal-mecânico e transporte
· EUA conquistou uma superioridade competitiva em diversos setores
· Da construção política à crise da hegemonia americana
· Subordinação da economia à política:
· Sistema de Bretton Woods influenciou a criação de instituições como Nações Unidas, FMI, Banco Mundial e GATT.
· Reconhecimento de desmoronamento definitivo da ordem liberal burguesa.
· A expansão mundial do capitalismo sob a hegemonia americana muda a divisão internacional do trabalho e o esquema centro-periferia proposto pela hegemonia inglesa, tanto porque a natureza e a dimensão do novo centro é radicalmente diferente quanto porque a sua expansão para fora e a incorporação de periferias funcionais não correspondem mais à divisão clássica entre um centro produtos de manufaturas e uma periferia produtora de matérias primas. Como já foi dito, a economia norte-americana, desde o século XIX, é simultaneamente grande produtora de manufaturas, matérias primas e alimentos. Assim, a sua expansão para fora não se dá apenas nem fundamentalmente pelo comércio, mas, sobretudo pelas filiais do grande capital financeiro trustificado. Este é dominante internamente desde o final do século XIX e internacionalmente desde o começo do século XX.
· No segundo pós-guerra, a expansão da grande empresa vai promovendo paulatinamente o aparecimento de fluxos comerciais entre países que são, na verdade, comércio entre matrizes e filiais. (Quando se dá a expansão dos capitais na verdade se está exportando filiais; antes as exportações dos EUA estavam concentradasem manufaturados). Este movimento vai se deslocando do Atlântico Norte para a América Latina, avançando depois para o Pacífico. Ao chegas na Ásia muda novamente a divisão do trabalho em que esta região se torna grande produtora de manufaturas baratas e importadora de matérias primas. Estas modificações alteram completamente os termos da relação Centro-Periferia propostos pela Inglaterra e teorizados por Raul Prebish o ‘fundador” da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). As relações de troca no comércio mundial deixam de inclinar-se a favor das manufaturadas e contra os Produtos Primários porque é no território dos países asiáticos de mão de obra barata e com abundância de IDE que se produzem as novas manufaturas. Assim, enquanto a deflação de ativos veio dos EUA, no final do século XX a deflação de preços de manufaturas veio da Ásia, bem como a grande demanda de alimentos e matérias primas.
· Com a nova divisão internacional do trabalho, facilitada pelo deslocamento das filiais multi-sourcing(lembrando que é um processo de deslocamento produtivo), a economia nacional americana se vê forçada a ampliar o seu grau de abertura comercial e a gerar um déficit comercial crescente para acomodar a expansão comercial assimétrica dos países asiáticos produzida em grande parte pela expansão global do grande capital americano. Esse movimento está na raiz da ruptura definitiva do sistema de Bretton Woods e da crescente liberalização financeira imposta pela potência hegemônica aos demais países a partir da década de 1980.
· O gesto do presidente Richard Nixon em 1971 ao decretar a inconversibilidade do dólar em relação ao ouro, teve consequências que os protagonistas e observadores da época foram incapazes de avaliar. Depois da desvinculação do ouro em 1971 e da introdução das taxas de câmbio flutuantes em 1973, a demanda da moeda americana para transações e como reserva praticamente entrou em colapso, dando origem a um instável e problemático sistema de flutuações cambiais. O dólar “flutuava” continuamente para baixo. (Essa inconversibilidade tem um fator que é político, que é a emissão de dólares, considerando que naquele momento guardava uma paridade com o ouro e isso provoca um certo questionamento internacional. Outro aspecto é que com o fim oficial da conversibilidade somada à própria situação da economia norte americana com gasto público elevado e nível de endividamento elevado vai promover de alguma forma um processo inflacionário com uma economia estagnada – será um problema para a economia dos EUA). Sendo assim, não era de espantar que o papel da moeda americana nas transações comerciais e financeiras começasse a declinar, assim como a sua participação na formação das reservas em divisas dos bancos centrais. A continuada desvalorização do dólar, ao provocar a queda das receitas e do valor das “reservas de óleo” denominadas na moeda americana, está também na origem dos dois choques do petróleo deflagrados em 1973 e 1979. Esta “crise do dólar” chegou a suscitar, no final dos anos 1970, as tentativas de sua substituição por Direitos Especiais de Saque, ou seja, ativos líquidos emitidos pelo Fundo Monetário Internacional e lastreados em uma “cesta de moedas”. (Só seria possível outros países fazer essa mesma expansão monetária dos EUA se não houvesse hierarquia de moedas).
· A decisão do FED de subir unilateralmente as taxas de juros americanas em outubro de 1979 (antes do 2º choque de petróleo) foi uma resposta à investida de europeus e japoneses, tomada com o propósito de resgatar a supremacia do dólar como moeda de reserva. (Todo esse cenário de crise no início dos anos 1970 da economia dos EUA é fechada – como que os EUA como superpotência economia e dentro desse processo hegemônico são audaciosos na sua capacidade de execução de determinadas políticas. Essa subida de juros em 1979 foi impressionante, sendo a marca de que os EUA iriam manter a posição de país hegemônico e que iriam fazer políticas econômicas audaciosas para reforçar isso). Ao impor e regeneração do papel do dólar como standarduniversal através de uma elevação sem precedentes das taxas de juros, em 1979, os EUA, além de deflagrarem uma crise de liquidez para os devedores do Terceiro Mundo e deram o derradeiro golpe nas pretensões de reformar a ordem monetária de Bretton Woods.
· Na verdade, neste momento – argumenta corretamente Michael Hudson, os EUA estavam impondo aos detentores de excedentes em dólar o US Treasury Bill Standard, um padrão ouro monetário cujos ativos líquidos de última instancia passaram a ser os títulos de dívida do Tesouro americano ampliando o poder de seignorage da moeda americana. A partir de então, libertos das cadeiras da conversibilidade e da paridade fixa com o ouro, os EUA podem atrais capitais para os seus mercados e dar-se ao luxo de manter taxas de juros moderadas, fenômeno que se acentua nos anos 1990 com a acumulação de reservas pelos países asiáticos a partir da ampliação dos déficits comerciais crescentes com a área. Ou seja, os EUA vão ter um déficit comercial gigantesco, mas ao mesmo tempo é ele que constitui a reserva dos países, “amarrando” as duas pontas de alguma forma.
· Essas políticas no final dos anos 1970 vão mostrar a superioridade dos EUA e sua hegemonia.
· Financeirização
· A partir de meados de 1970 surgiu a financeirização: regime de acumulação dirigido pelas finanças
· Em 1971 com Nixon: inconversibilidade do dólar em ouro
· Em 1973: câmbio flutuante
· Em 1979: aumento da taxa de juros
· Maximização do valor ao acionista entre os objetivos corporativos: papel dos investidores institucionais e inovações tecnológicas financeiras
· Fragilidade dos mercados
· Capital fictício
· Nova divisão internacional do trabalho: mudanças nas posições relativas no sistema econômico internacional nas esferas comercial, produtiva, tecnológica, monetária e financeira.
AULA 5 - 16/04
As raízes da crise econômica mundial
Leituras indicadas:CHESNAIS, F. As raízes da crise econômica mundial. Revista em pauta, Rio de Janeiro, n.31, v.11, p. 21-37, 2013.
HUSSON, Michel. Finança, hiperconcorrência e reprodução do capital. In: BRUNHOFF, Suzanne de; et al. A finança capitalista. São Paulo: Alameda, 2010. ​
· A partir desse período nós estamos vivendo hoje uma quarta globalização, que é muito diferente da globalização do século XX. Para Michel Husson, o que teremos nesse período do século XX é uma hiperconcorrencia entre os capitais (comerciais, financeiros e industriais) e nas diferentes regiões do mundo.
· As raízes no processo de acumulação
· O objetivo de François Chesnais é mostrar as raízes desse processo de acumulação. Ou seja, o que efetivamente aconteceu nesses meados dos anos 1970 para que houvesse essa mundialização do capita cuja centralidade de seu em torno da finança, e não mais em torno do capital industrial como nos períodos anteriores.
· “Cada crise concreta se compreende na relação que ela mantém com o desenvolvimento da sociedade global” (MATTICK, 1976 p.133-114 comentando uma observação de Engels). 
· Ou seja, a maneira como enxergamos a expressão de uma crise é uma expressão do próprio desenvolvimento da sociedade global. Pelo fato de estarmos hoje em uma pandemia isso se torna muito evidente, sendo a pandemia fruto do nosso modelo de desenvolvimento muito concentrado em grandes centros, com um ritmo de acumulação bem elevado e uma aceleração do tempo que faz com que o ritmo da vida também se acelere, onde mal temos tempo para nos deslocarmos ou fazer nossas próprias coisas de lazer.
· A amplitude e os traços específicos das grandes crises resultam dos meios que o capital (nele incluídos os governos dos mais importantes países capitalistas) teria recorrido no período precedente para “ultrapassar os limites que lhe são imanentes” (a grande crise no geral faz isso, ela inverte – ver plano do Biden: retomar suas políticas fiscais por meio de políticas expansionistas), antes de “essas mesmas barreiras se erigirem diante dele a uma escala ainda mais imponente”. As crises explodem nomomento em que o capital está de novo “preso” por essas contradições, confrontando às barreiras que ele mesmo criou (as vezes a crise faz esse ajuste no capital que está preso e que não está conseguindo se recuperar, muitas vezes dando um novo fôlego para ele porque o capital é queimado por empresas que quebram, dando uma nova característica de concorrência). Quanto mais importantes terão sido esses meios, quanto mais o período terá sido longo (no curso do qual os meios de ultrapassagem terão atingido seu objetivo), quanto mais a revelação da superacumulação terá sido diferida, tanto mais a crise será importante etanto mais longa e difícil será a busca de novos meios para “ultrapassar os limites imanentes”. E desta maneira que a história invade a teoria das crises. Ou seja, quanto mais difícil é superar uma crise, mais o capitalismo tende a nos dar chances para ultrapassar esses limites imanentes, na forma de um conjunto de inovações que são colocadas em práticas.
· Na saída da crise de 2007-2008 foi a vez da política monetária expansionista. Hoje o argumento de alguns economistas de visão liberal/ortodoxa para a crise que vivemos hoje é da possibilidade de aplicar novamente a política monetária expansionista - mesmo que no passado nos anos 1970-1980 a história nos disse que não era para que os governantes atuassem de tal maneira e entre outras coisas - porque na saída de crise de 2007-2008 a política dos EUA foi uma política monetária expansionista, e não necessariamente tinha levado a uma crise inflacionária, em que permitiu um crescimento (não tal como o desejado mas permitiu). Então mesmo com uma política monetária expansionista que era questionável, hoje esses economistas vão dizer que “ok, não foi tão ruim assim”.
· A história invade a teoria das crises. Como pensamos a situação da crise? A crise se coloca, primeiro, em uma contradição na capacidade de manter a acumulação ou mesmo de recuperar períodos anteriores (lembrando que sempre temos como parâmetro durante toda a história do capitalismo, mas acima de tudo o período mais recente de crescimento elevado que foi o imediato pós segunda guerra, então a crise sempre se coloca como um momento de fazer um “acerto de contas” com o próprio passado e promover políticas estatais que buscam romper com esses entraves na capacidade de organizar a economia.
· Biden nesse momento de recuperação dos EUA, tem uma medida de recolocar os EUA nessa disputa internacional, ou seja, disputa essa que estava bastante centrada entre EUA e a China.
· Seria possível resgatar Marx, diante do processo contemporâneo de acumulação? 
· Chesnais (p.26) vai dizer que a tomada do poder pela finança (que é o D e D’), o dinheiro em sua brutalidade, aquele sobre o qual Marx escreve em seus Manuscritos 1857-1858: que “o capital [...] na medida em que representa a forma universal da riqueza – o dinheiro – tem a tendência ilimitada e incomensurável de ultrapassar seu próprio limite”. Ou ainda em O Capital, que “a circulação do dinheiro como capital tem seu fim nele mesmo, pois é somente por esse movimento que o valor continua a se valorizar. O movimento do capital não tem limite”.
· Lembrando que na saída da crise de 2007-2008 os EUA multiplicaram aproximadamente 15x sua base monetária. Ou seja, já foi uma expansão monetária sem precedentes. Segundo Eichengreen os EUA apresentam uma exuberância irracional, e os EUA contam com isso, em que eles podem fazer isso considerando que é uma hierarquia de moedas e que EUA ainda cumpre hoje o papel de hegemonizar o sistema econômico político internacional. Não a toa, Biden testando essa política de expansão fiscal não significa que todos os países poderão fazer algo parecido, mas na verdade não é bem assim.
· Formas contemporâneas de valorização
· Após a reestruturação das economias centrais e o crescimento das economias periféricas, houve uma grande expansão do capital. Isso em meados do século XX.
· Pensando nessa ideia de que o capital precisa manter esse ritmo de acumulação continuamente, tem dois pontos que se devem considerar:
· O primeiro são as diversas frações do capital, ou seja, de qual maneira que os diferentes agentes da economia vão tentar recuperar sua lucratividade/com qual tipo de atividade vão tentar recuperar a lucratividade (comercial, financeira, industrial, tecnológica, especialização na produção de bens a partir das vantagens comparativas ou mesclando?). Uma outra questão importante é a dinâmica mundial, ou seja, o que está posto nos momentos de crise? É o reordenamento de uma nova divisão internacional do trabalho? Ou seja, quais são as características daquele centro-periferia? A tendência é ter uma mudança nessa organização daquilo que é o centro e a periferia, ou seja, nessa tentativa de mostrar que há uma nova reorganização ou não, se realmente a tendência é o centro se firmar como centro e a periferia se firmar como periferia. 
· Essa dinâmica que envolve pensar na divisão internacional do trabalho e a outra é que dentro da dinâmica interna quais seriam as frações de capital e as especializações.
· Depois de 30 anos (de ouro; gloriosos – que vai do imediato pós-segunda guerra mundial até meados dos anos 1970), a “riqueza abstrata” tomou cada vez mais a forma de massas de capital dinheiro (ou seja, é aquela história de que se pegarmos a renda de um país mais e mais a renda tende a ficar concentrada nas rendas financeiras; cada vez mais as famílias fazem aplicações financeiras – falando de modo genérico porque dependendo do país e do tipo de aplicação a velocidade é diferente, como no Brasil que os fundos de pensão não avançaram tanto como no Japão ou na Holanda – e existe uma potencialidade nesse sentido ainda) à busca de valorização, colocadas nas mãos de instituições (grandes bancos, sociedades seguros, fundos de pensão, corretoras e Hedge Funds), cuja “profissão” é valorizar seus haveres de maneira puramente financeira, ou seja, sem sair da esfera dos mercados de títulos e de ativos fictícios “derivados” de títulos, sem passar pela produção, ou seja, há uma dinâmica de valorização de títulos sem necessariamente ter como suporte e apoio a produção industrial. É sempre aquela história de que no mercado de bolsas de valores, no momento da emissão nos mercados primários, a ação guarda uma correspondência com a própria empresa que está fazendo o lançamento, depois no mercado secundário há uma lógica muito própria que não guarda uma relação direta e exclusiva com a dinâmica estratégica da empresa, ou seja, se essa empresa promove ou não inovações e qual seu nível de responsabilidade, sendo um mercado totalmente fictício que também não passa pela produção. A dinâmica industrial não é o que é analisado para entender as variações e volatilidades do mercado de bolsas de valores por não estar mais atrelado a ela. Enquanto que as ações e os títulos da divida (publica, de empresas ou de famílias) são somente “haveres”, direitos a se apropriar de uma parte do valor e da mais-valia, concentrações imensas de capital dinheiro assumem o “ciclo breve do Dinheiro-Dinheiro’“, que representa a expressão máxima do que Marx chama de fetichismo do dinheiro, ou seja, é a capacidade do dinheiro se transformar em mais dinheiro, em que se aplica, por exemplo, R$10, e se espera no dia seguinte ter mais do que R$10. Expresso por formas cada vez mais abstratas, fictícias e “ideais” (termo utilizado pela finança; o que seria o ideal do dinheiro, que é garantir juros/valorização) do dinheiro, a indiferença com relação às conseqüências da valorização sem fim e sem limites do capital impregna a economia e a política, mesmo em “tempos de paz”. Ou seja, a economia acaba ditando um ritmo não só de acumulação, mas também de uma lógica de ganho no curtíssimo prazo que acaba interferindo nos diversos momentos do tempo.
· Capitalismo contemporâneo
· Mundialização: “a análise da economia mundial [...] procura levar em conta simultaneamente dois processos interligados: por um lado, a tendência a homogeneização sob a forma de um fortalecimento do “mercadomundial” como um espaço comum de valorização, colocando todas as empresas em concorrência direta, provocando assim um processo de eliminação e concentração propriamente mundial; por outro lado, a reprodução dos fatores de diferenciação entre países com a constituição de relações ainda mais fortemente assimétricas e hierarquizadas do que na época fordista” (Chesnais, 2002, p.3).
· Essa mundialização do capital atualmente, ou seja, depois de meados da década de 1970, “não há lugar no mundo atual que não seja objeto da ação do capital” (MARQUES, 2015, p.16), ou seja, todo o modelo de organização social, o modelo de pensar as características da política econômica, das características da gestão do trabalho, as características do modo de vida, a maneira como pensamos as questões da natureza. É a partir do fim dos anos 1960 que começa essa discussão sobre o desenvolvimento sustentável. Há um alerta sobre a necessidade de se pensar sobre o desenvolvimento das economias e ao mesmo tempo garantir a conservação e a recuperação da natureza. Nos anos 1970 passam a ser criados institutos e a ONU é a grande responsável por que vai estimular e tentar trazer essa idéia de transformação. Essa lógica de lucro, valorização sem limites é a grande chamada que os governos irão propor.
· A expansão do comercio internacional e da deslocalização e da produção, então há um ritmo do deslocamento produtivo. Hoje o termo mais comum para chamarmos isso é a formação das “cadeias globais de valor”. Então há essa transformação ocorrendo ao longo do século XX, mas em períodos de crise isso se intensifica. Como Husson diz, há uma hiperconcorrência na hora em que se mundializou. Um exemplo disso foi a saída da Ford do Brasil, o governo atual brasileiro tem uma responsabilidade, mas também está relacionada a reorganização dentro da industria automobilística. 
· Expansão do IDE (investimento direto estrangeiro) e fluxos de capital de curto prazo. Essa expansão é parte inerente a trasnacionalização da produção, porque esta é o movimento em que diversas empresas matrizes deslocam sua produção para o mundo, e deslocar quer dizer gerar, por exemplo, tecnologia em um lugar, compra insumos de outro e monta a produção em outro lugar, e desse lugar se exporta para o mundo inteiro. Conforme isso acontece, para se instalar todas essas bases devem ocorrer investimentos diretos estrangeiros como parte desse movimento do deslocamento produtivo. Além disso, há a relação de fluxos de capital de curto prazo, em que é uma relação imediata com a liberalização do fluxo financeiro, que está dentro dessa lógica de valorizar a busca pela aplicação financeira, ou seja, pelos ganhos mais rápidos, o que acaba coincidindo com os interesses anteriormente mencionados.
· Expansão do capital a setores antes não explorados – por exemplo, serviços públicos que antes eram estatais e vão sendo privatizados. A última grande dinâmica no mercado internacional vem sendo alvo de questionamento e liberalização desde os anos 1990 com a OMS, que é a possibilidade dos países abrirem as suas compras estatais para a concorrência mundial. Há uma grande pressão, mas que os países centrais não abrem mão e acaba travando grande parte dessa discussão. Recentemente o Brasil propôs liberalizar parte das comprar públicas para concorrência internacional, promovendo mais uma abertura, sendo uma evidencia de uma expansão do capital a setores que antes não eram explorados, além de ser uma possibilidade de o capital estrangeiro poder participar desse tipo de mercado. Geralmente os países centrais justificam essa proteção desse mercado aos ofertantes nacionais porque o gasto público da maquina publica é financiado por tributação, aí fica o questionamento: se é fruto da tributação então que pelo menos esse dinheiro gasto fique no país, e os países centrais não abrem mão disso.
· Financeirização:
· A liberalização dos fluxos financeiros entre os países iniciados nos países centrais, mas depois isso vai para os países periféricos também. A liberalização dos fluxos começa no final dos anos 1950 e inicio dos anos 1960 nos países centrais e rapidamente aparece nos países periféricos. O acordo de Bretton Woods acaba em 1973, mas mesmo antes disso os países já vinham promovendo de forma bastante marginal esse processo de abertura financeira.
· A criação de novos instrumentos financeiros, “as chamadas inovações financeiras”, em que os derivativos farão parte dessas inovações, cujo conceito é um titulo com objetivo de mitigar risco. Há inúmeras maneiras de mitigar riscos, como por exemplo, com o derivativo de crédito, derivativo de juros, derivativos de cambio e etc. Dado que esses novos instrumentos só fazem sentido se pensarmos conjuntamente nas inovações tecnológicas, como formas de pagamento por criptomoedas adaptadas no FMI e com novos formatos de bancos e meios de pagamento.
· Com maior fluxo entre os países e com grande volatilidade, que tem como impacto um aumento de instabilidade para as economias e essa instabilidade não fica restrita apenas ao mercado financeiro, indo muito além dele. A tendência é gerar uma instabilidade da economia como um todo.
· Grande parte dos recursos fica em posse de novos atores financeiros, como os investidores institucionais, fundos de aplicação, corretoras, seguradoras, os fundos de Hedge, os fundos de pensão e etc, e Chesnais diz que tem 3 desses que são característicos desse processo:
· (1) A desregulamentação monetária e financeira permitindo maior fluxo e maior capacidade das instituições inovarem, em que a inovação financeira tem que ter o aspecto legal, e se é desregulamentada quer dizer que se está dando liberdade para criarem novos ativos financeiros; (2) a desintermediação bancária, ou seja, o banco faz a intermediação direta entre credor e devedor, e agora com essas novas instituições se tem uma finança direta sem passar pelos bancos, porque quando se fala de intermediação bancária se fala em um conjunto de normas de, inclusive, alavancagem, e alavancagem essa que tem regras internas determinadas pelo Banco Central e o banco internacional; (3) e a descompartimentalização dos mercados financeiros nacionais, então se promove uma ampliação das concorrências dos mercados financeiros nacionais.
· A financeirização de acordo com o Chesnais não é uma distorção dentro do capitalismo, mas sim parte integrante do próprio desenvolvimento capitalista, retomando o livro 3 do O Capital – Marx que reflete bem esse aspecto. Essa ampliação da finança não é uma distorção daquilo que é visto na realidade, e sim uma parte, sendo uma nova fase do capitalismo monopolista.
· As finanças estão imbricadas no processo produtivo como um todo, da produção à circulação, da distribuição ao consumo. Ou seja, não da mais para separar, porque em todas as frações do capital, seja uma empresa de comércio ou uma empresa produtiva industrial, ambas estão operando para garantir o fluxo de caixa, mas conforme os ganhos de tesouraria acabam sendo atrativos, aquilo ganha uma expressão significativa dentro das operações das empresas. 
· Isso gera um processo simultâneo de “financeirização da vida” (Christian Marazzi), relacionado ao “neoliberalismo da vida” (Dardot e Laval). Não é mais uma questão de apenas uma instituição como o banco, ou de várias instituições financeiras, mas sim uma visão que aplica a idéia de pensar na sociedade como um todo e suas diferentes características.
· Abordagem macro-setorial: análise histórico-estruturalista sobre como os agentes econômicos monetizam a riqueza.
· O processo de financeirização se manifesta por uma defasagem crescente e recorrente, entre o valor dos papeis que representam a riqueza, o valor dos bens e serviços e as bases técnico-produtivas de uma sociedade e desvalorizando as outras atividades. (BRAGA, 1998).
· O grau de financeirização de uma nação ou de uma empresa é mensurado pelo seguinte indicador: ativos financeiros/ativos totais (ativos financeiros e reais). (SALAMA, 1999).
· Abordagem macro setorial: análise regulacionista com inspiraçãokeynesiana e regulacionista.
· São estimulados para os EUA, Canadá e Japão diferentes parâmetros representativos da financeirização: fração da riqueza sob a forma de ações/ renda disponível; e fração de ações e obrigações/capital financeiro das famílias. (BOYER, 2000).
· Realiza uma análise setorial para a economia brasileira a partir da evolução da estrutura patrimonial das empresas não financeiras e da análise macroeconômica por meio da construção do indicador: fluxo de juros recebidos pelo setor bancário e financeiro/ PIB. (BRUNO,2007).
· Abordagem macro-setorial: análises empíricas.
· Dois indicadores de financeirização são representados: lucro gerado no setor financeiro/lucros gerados no setor não financeiro. (KRIPPNER,2005).
· Abordagem micro: análise regulacionista com relações de trabalho e governança corporativa.
· Análise da evolução da estrutura patrimonial das grandes empresas francesas a partir da década de 1980. Irá mostrar que a financeirização promove uma concorrência nos investimentos. (PLIHON,1999).
AULA 6 - 23/04
Finança e hiperconcorrência.
Leituras indicadas: HUSSON, Michel. Finança, hiperconcorrência e reprodução do capita. In: BRUNHOFF, Suzanne de; et al. A finança capitalista. São Paulo: Alameda, 2010.
· Finança para Michel Husson: ele trata a finança como uma fase do capitalismo, ou seja, no período pós meados dos anos 1970, e para ele o que a finança promove pela própria lógica é uma hiper concorrência de diversas formas. É um autor extremamente crítico, e ele mostra que as raízes das crises contemporâneas estão nas finanças, ou seja, a partir de meados dos anos 1970 e início dos anos 1980 em que temos uma nova lógica de concorrência no capitalismo global.
· A tese essencial que este capítulo busca desenvolver poderia ser resumida em: a finança é a “árvore que esconde a floresta”, ou seja, se fica discutindo a finança e sua operacionalidade (mercado financeiro) e com essa frase acaba se escondendo o sistema – toda a lógica de concorrência, lucratividade, acumulação, geração e apropriação de lucro, e para Husson a finança não é um obstáculo a um funcionamento “puro” do capital, mas o instrumento de seu retorno a um funcionamento “puro”, desembaraçado de toda uma série de regras que foram impostos a esse sistema ao longo das décadas.
· Quando se fala em “capital” Husson trabalha o conceito Marxista de relação social. Não é que a finança atrapalha o capitalismo ou a reprodução do capital, pelo contrário, ela reforça o funcionamento do capital. As finanças enfim se libertaram das amarras das regras de todo o controle que estava restringindo a circulação depois dos anos 1980.
· O domínio da “finança” está definido a partir de três fenômenos estreitamente imbricados:
· O aumento da parte das rendas financeiras na repartição a renda nacional
· O peso crescente do capital financeiro na orientação geral da acumulação do capital (As normas e a lógica do capital financeiro orientam o capital em geral, inclusive no ramo produtivo, em que no ramo produtivo as empresas acabam fazendo a gestão da carteira por uma questão de fluxo de caixa e pela influência do capital financeiro que caba ditando a regra sobre a gestão das diferentes frações do capital. Então em uma empresa produtiva, a área de tesouraria que antes tinha suas atividades focadas em organizar o fluxo de caixa passa a ter uma outra lógica, ou seja, as operações de tesouraria passam a buscar a recuperar parte do lucro da empresa, sendo a lógica do capital financeiro que vai orientando a lógica do capital).
· A decolagem das cotações bursáteis.
· O que seria essa financeirização: é o lucro que não é acumulado e acaba gerando uma renda financeira. O “acumular” significa lucros que não retornam para a indústria, ou seja, não retorna na forma de investimento produtivo, pelo contrário, ele circula no mercado financeiro gerando novas aplicações financeiras em detrimento dos investimentos. De acordo com Husson, a repartição da renda sofreu uma inflexão significativa na metade dos anos 1980 em que a parte salarial diminuiu em benefício das rendas financeiras, enquanto que a parte da renda nacional consagrada ao investimento permanece constante no médio prazo. Portanto, o que está acontecendo é uma redistribuição da renda em que a parte salarial diminuiu em detrimento das rendas financeiras, e no agregado o investimento permanece constante.
· Depois de meados de 1970, com o fim do acordo de Bretton Woods, há um novo rearranjo das economias globais, e a partir dos anos 1980 fica mais acentuada pelos dois choques do petróleo a curva de crescimento (quadradinho no gráfico abaixo) e a curva de produtividade (tracejado cm bolinha no gráfico abaixo) que andam juntas. Depois dos anos 1980 isso vai desregulamentando, e segundo Husson, a dinâmica do capital medida por essas 4 variáveis (taxa de lucro, taxa de acumulação, taxa de crescimento e taxa de produtividade) faz aparecer uma grande coerência tanto na prosperidade quanto na crise, e depois dos anos 1980 (principalmente depois dos dois choques do petróleo) isso se altera. A taxa de lucro (linha preta mais forte) se recupera a partir dos anos 1980 sem que a acumulação ocorra junto, apensar da crise de 1987 dar uma amenizada na situação, essas duas linhas se abrem no final. Husson tenta estabelecer essa relação e explicar como que a taxa de lucro se recupera sem que a taxa de acumulação ocorra ao mesmo tempo.
· 
· A retomada que se situa entre os dois choques petrolíferos somente freia esta queda de maneira transitória. As duas outras curvas, a do crescimento e a da produtividade, também evoluem juntas. Então, é o conjunto do círculo virtuoso dos anos fordistas que se desregula. A dinâmica do capital, medida por essas quatro variáveis fundamentais, faz aparecer uma grande coerência, tanto na prosperidade como na crise. ​
· A história que se segue, das duas últimas décadas, pode ser assim resumida: a taxa de lucro tende a se restabelecer regularmente (ao menos até 1997), mas não tem sucesso em encadear as outras variáveis, ou tem somente de maneira transitória. Assim, no fim dos anos 80, a economia mundial parece anestesiada pelo crash de 1987 e, contra toda expectativa, apresenta uma bela retomada. O crescimento recomeça, e com ele a acumulação, a tal ponto que esse período é caracterizado por um renascimento do interesse pelos ciclos longos; artigos e declarações otimistas na imprensa se multiplicam, então, para anunciar vinte novos anos de crescimento. ​
· Euforia Bursátil
· A euforia bursátil e as ilusões criadas pela “nova economia” (ou seja, essa economia cuja lógica se dá pela operacionalidade da finança) deram a impressão de que se podia “enriquecer dormindo” (ou seja, operando o mercado financeiro sem que tenha todo aquele esforço do que envolve o processo produtivo), em que a finança tinha se tornado uma força autônoma de valor, ou seja, essa possibilidade que em larga medida é oferecida de enriquecimento no mercado financeiro.
· A tese da escolha de portfólio postula que os capitais têm permanentemente a escolha de investir na esfera produtiva ou de aplicar nos mercados financeiros especulativos, e que arbitram entre os dois em função dos rendimentos relativos esperados.
· Do ponto de vista teórico, as cotações da Bolsa deveriam ser indicadores de lucros antecipados, ou seja, o que significa uma ação: é um título de propriedade, em que a indicação da Bolsa deveriam ser indicadores de lucros antecipados. Na prática, esta ligação é evidentemente imperfeita e depende também da estrutura de financiamento das empresas: conforme elas se financiam principalmente ou acessoriamente nos mercados financeiros, a cotação da ação será um indicador mais ou menos preciso. O economista Anwar Shaikh apresentou um modelo que mostra que esta relação funciona relativamente bem para os EUA. O mesmo aconteceria para o caso francês: entre 1965 e 1993 o Índice da Bolsa de Paris, deflacionado por um índice geral de preços, está bem correlacionado a taxa de lucro; mas esta ligação desaparece a partir

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