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o 40º dia da gestação até duas semanas após o nascimento da ninha- da. LagoquilascaríaseLagoquilascaríase Lagochilascaris minor A lagoquilascaríase é uma zoonose que, contrariamente ao que sucede com Toxo- cara, adapta-se bem ao organismo humano completando aí todo o ciclo reprodutivo. Trata-se de um pequeno nematóide da família Ascarididae, cujas fêmeas medem cerca de 15 mm e os machos 6,5-11,5 mm. Tem o corpo delgado e na extremidade anterior (A e B) apresentam 3 lábios, em torno da boca. Os órgãos internos são como em outros ascarídios (C). Os ovos esféricos ou ovóides medem entre 40 e 50 µm; possuem casca espessa, com numerosas depressões na superfície. Tornam-se infectantes no prazo de um mês, quando já contêm uma larva L3 e resistem ao formaldeído a 1%. Na água, a -10ºC, permanecem viáveis durante 400 dias. O ovo (apud Dr. Frahia) A infecção por L. minor Se um camundongo ou outro roedor ingerir os ovos embrionados, estes eclodem no intestino delgado ou no cecum, após 6 horas. As larvas invadem os linfá- ticos e o sistema porta e são encontráveis no fígado e nos pulmões, 1 ou 2 dias depois. Aí crescem envoltas por um nódulo fibrosado, onde sobre- vivem até um ano. Se um gato comer esse camundongo infectado, as larvas L3 migram para a região rinofaringiana do felino (sem fazer o ciclo pulmonar). No novo hospedeiro ocorrem novas mudas que os trans- formam em vermes adultos, ao fim de 10 a 20 dias. Nas lesões necróticas que se formam são encontráveis todas as fases do parasito, de ovo a ovo, multiplicando-se continuamente. A infecção por L. minor Em humanos, a L. minor também produz lesões granulo- matosas crônicas, sob a forma de nódulos, pseudo-cistos ou abscessos, localizados no pescoço (60% dos casos), na mastóide (35,5%) ou no ouvido médio (29%). Inicialmente forma-se uma pápula, pústula ou nódulo endurado que cresce lenta- mente invadindo as áreas vizinhas, ou abrindo trajetos fistulosos até as vias respi- ratórias superiores ou a pele. Outras lesões podem surgir nos pulmões, nas amígdalas e seios para- nasais; menos vezes no sistema nervoso central. No pus que surde das lesões encontram-se parasi- tos adultos, larvas e ovos, que podem ser eliminados pelas narinas, pela boca, pelos ouvidos ou pelas ulcerações cutâneas.Lesões na mastóide e no ouvido médio (Doc. de Frahia et al.). Diagnóstico e tratamento O diagnóstico, basea- do no encontro dos parasitos, é facilitado por essas circunstâncias. As localizações pulmo- nares ou as cerebrais exigem técnicas radioló- gicas ou tomográficas. O tratamento é feito com os anti-helmínticos, mas os resultados são variáveis. As recidivas costumam ocorrem após uma cura aparente. A ivermectina mata vermes adultos e larvas, mas não os ovos e larvas L3 encistadas. Tiabendazol e levamizol são também vermicidas, mas não afetam os ovos. As recidivas, portanto, são freqüentes. Epidemiologia e profilaxia A lagoquilascaríase é uma zoonose rara da Região Neotropical (62 casos até 1989) . No Brasil é encontrada sobretudo no Pará, Tocantins, Rondônia, Acre e Mato Grosso. Supõe-se que seus hospedeiros naturais sejam felídeos silvestres (como a jaguatirica). Os ovos resistentes de L. minor infectariam roedores e outras presas dos carnívoros. A doença humana seria devida ao consumo de caça infectada. Na falta de informações mais seguras, a prevenção consiste em só comer carne de caça quando bem cozida. Mapa da distribuição geo- gráfica de Lagochilascaris minor (as estrelas) e de Angiostrongylus costaricen- sis (os círculos), no Brasil. AngiostrongilíaseAngiostrongilíase Angiostrongylus costaricensis Duas espécies do gênero Angiostrongylus (superfamília Metastrongyloidea) parasitam ocasionalmente o homem: A. cantonensis, da Região Indo-Pacífica, que produz lesões no sistema nervoso central. A. costaricensis, do Conti- nente Americano, encontrado desde o sul dos EUA até o norte da Argentina. Esta espécie causa lesões abdominais; em geral, uma tiflite ou uma apendicite. Os hospedeiros normais são vários roedores silves- tres, quatis e sagüis, tendo por hospedeiros intermediá- rios moluscos pulmonados terrestres. Os vermes são filiformes, medindo as fêmeas cerca de 32 mm e os machos 20 mm de comprimento. Vivem na luz das artérias da região íleo-ceco-cólica, que são ramos da artéria mesentérica superior. Aí põem ovos que eclodem, saindo as larvas L1 com as fezes do roedor. A angiostrongilíaseA angiostrongilíase Ciclo biológico de Angiostrongylus costaricensis. Segundo C. Graeff Teixeira (PUC, Porto Alegre). Nos moluscos que ingerem tais excrementos, as larvas invadem o tecido fibromuscular onde sofrem 2 mudas e formam larvas L3, infec- tantes para os hospedeiros verte- brados que vierem a comê-los. Larvas L3 encontram-se, também, na esteira de muco que os moluscos deixam nos vegetais, frutas etc. sobre os quais caminham. As pessoas se infectam quando comem alimentos cobertos pelas secreções mucosas dos moluscos infectados, ou quando inadvertida- mente ingerem fragmentos desses moluscos, picados e misturados com as saladas. A angiostrongilíaseA angiostrongilíaseA angiostrongilíaseA angiostrongilíase Em 12 a 24 horas após a infecção, as larvas invadem os linfáticos e dentro de uma semana os vermes já estarão nas pequenas artérias do intestino grosso. A queixa costuma ser de dor abdominal difusa ou localizada na fossa ilíaca direita. A palpação local torna-se dolorosa e sugere a presen- ça de um tumor. Há febre de 38ºC ou uma febrícula persistente; leuco- citose e eosinofilia de grau variável. Outros sintomas são: astenia, anorexia, emagreci- mento, náuseas e vômitos. Nos casos mais graves, há uma síndrome de oclusão intestinal, com ulceração, perfuração e peritonite. O diagnóstico é imuno- lógico (ELISA ou aglutina- ção com partículas de látex), mas a radiologia pode fornecer subsídios para a localização e conhe- cimento da extensão do processo. Não há medicamentos para a quimioterapia. O tratamento é cirúrgico. Epidemiologia da angiostrongilíaseEpidemiologia da angiostrongilíase A doença foi escrita pela primeira vez em Costa Rica (1952), onde ocorre a maioria dos casos (600 por ano). Seu agente etiológico foi identificado só em 1971, naquele país. A incidência lá é principal- mente em crianças. No Brasil e outros países da América os casos são poucos e não discriminam as idades. A maioria foi descrita no Rio Grande do Sul (36 casos), outros em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Esta zoonose é mantida na natureza principalmente por por roedores silvestres e, eventualmente, por quatis e sagüis. O rato-do-algodão (Sigmo- don hispidus) é o principal hospedeiro natural, na Amé- rica Central; mas, no Brasil, duas espécies de Oryzomys já foram identificadas como hospedeiras de Angiostron- gylus. Os hospedeiros intermediá- rios são moluscos da família Veronicellidae (lesmas) e Limacidae, além de outras. Controle da angiostrongilíase Os moluscos vetores tor- nam-se abundantes sobre- tudo depois das chuvas, no verão, quando invadem hortas e jardins. A prevenção dependeria do controle de roedores e de moluscos terrestres, no peri- domicílio, feito com roden- ticidas e moluscicidas. Entretanto, os custos e os problemas operacionais, em vista da raridade dos casos em nosso meio, tornam inviável o controle da zoonose. Individualmente, os alimen- tos a serem consumidos crus (frutas e legumes) devem ser lavados cuidadosamente. Ou conservados em gela- deira durante alguns dias para que morram as larvas eventualmente presentes. As mãos devem ser lava- das com freqüência após o trabalho