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e fezes moles, com muco e um pouco de sangue. 14 Amebíase intestinal crônica É a forma clínica predo- minante entre os pacientes sintomáticos. Caracteriza-se por evacua- ções freqüentes (5-6 vezes ao dia, talvez) de tipo diarréico ou não, flatulência, desconforto abdominal ou ligeira dor, duran- te alguns dias. Segue-se um intervalo sem sintomas, de dias ou semanas, antes que se repitam as crises. Períodos de constipação po- dem alternar-se com os de diarréia. Segundo sua freqüência, elas levam a um estado de fadiga, perda de peso e reduzida dispo- sição para o trabalho. O quadro pode confundir-se com o de outros processos patológicos gastrintestinais. Por isso, o diagnóstico da amebíase deve basear-se em um teste sorológico positivo mais a demonstração da presença da Entamoeba histolytica no orga- nismo ou em seus excreta, indicando que: Houve efetiva invasão dos tecidos pela forma patogênica do parasito (sorologia positiva). Resposta favorável à tera- pêutica anti-amebiana, quando os tratamentos não-específicos falharam. E um quadro clínico compa- tível com alguma de suas formas. 15 Complicações da amebíaseComplicações da amebíase Colite amebiana fulminante Forma grave da doença que afeta mulheres durante a gravidez e o puerpério ou pessoas com imunodepres- são de qualquer natureza. Os cólons ficam cravejados de úlceras, muitas das quais chegam a perfurar a parede intestinal. Há febre e dor em todo abdome que pode apresentar rigidez da parede devida à peritonite; ou ficar distendido por um íleo paralítico. As evacuações são muco- sanguinolentas, com fortes cólicas e tenesmo. Sem medicação intensiva o desfecho é fatal. Outras complicações A perfuração do intestino com peritonite e as hemorra- gias são raras mas acompa- nham os quadros graves da doença. Apendicite e tiflite são complicações localizadas que imitam infecções bacterianas. Os amebomas constituídos de tecido granulomatoso firme ocorrem mais vezes em for- mas crônicas. Por crescerem continua- mente, eles podem causar obstrução e serem confundi- dos com tumores. As amebas aí são raras, mas a resposta ao tratamento é eficaz. 16 Amebíase hepática Não é rara, pois encontra-se em um terço dos casos fatais autopsiados, principalmente de adultos masculinos. Lesões difusas ou abscessos afasta- dos da superfície hepática evoluem em silêncio por muito tempo. Os sintomas são: desconforto ou dor no hipocôndrio direito que se irradia para a região escapular. A amebíase hepática pode imitar uma colecistite, com febre inconstante, náuseas e vômitos. O fígado fica aumentado e doloroso, podendo haver icterícia. A cintilografia e a ecotomografia permitem avaliar a situação e a extensão do processo. Esquema que indica a propagação hematogênica ou por contigüidade das lesões amebianas do intes- tino para o fígado, pulmões, cérebro ou outros órgãos (Segundo Faust). 17 Outras formas de amebíase Abscesso cerebral amebiano As localizações cerebrais po- dem simular abscessos piogê- nicos ou serem completamente inespecíficos. A suspeita do diagnóstico em geral só ocorre quando é precedido de quadros intesti- nais, hepáticos ou pulmona- res. Muitos desses pacientes foram vistos na fase terminal da amebíase hepática ou da amebíase pulmonar. A morte sobrevém poucos meses depois da hospitaliza- ção, tendo a autópsia revelado a presença de lesões hepá- ticas em todos os casos. Amebíase pleuro-pulmonar Nas infecções dos pulmões e pleuras há febre, dor torá- cica no lado direito, tosse e expectoração que ora lembra suco de tomate, ora choco- late ou gelatina. Mas muda de cor se houver infecção bacteriana. Em metade dos casos há também amebíase hepática. A radiografia mostra mobi- lidade diminuída do hemidia- fragma direito ou a sombra limitada de uma elevação sobre a cúpula do diafragma, nesse lado; ou sinais de efusão pleural e pericárdica, de abscesso ou de consoli- dação pulmonar. A E. histolytica pode ser encontrada no escarro. 18 Diagnóstico da amebíase Na maioria das vezes, o quadro clínico é o de uma colite, com ou sem a presença da E. histolytica. Mas a presença dessa ameba não significa que seja ela obrigatóriamente a causa da doença. Como foi dito, anterior- mente, o diagnóstico dessa doença deve basear-se em: - Um quadro clínico com- patível com essa parasitose. - Demonstração da pre- sença da Entamoeba histoly- tica no organismo ou em seus excreta. - Um teste sorológico positivo, indicando que houve efetiva invasão dos tecidos pelas formas patogênicas do parasito. - Resposta favorável à te- rapêutica antiamebiana, quan- do outros tratamentos não- específicos falharam. A B C D Trofozoíto e cisto de Entamoeba hartmanni (A, B) e de Entamoeba histolytica (C, D), que mede 10 a 20 µm. Os 3 últimos corados pelo iodo. 19 Tratamento da amebíase Tratamento da amebíase (1) As formas graves requerem repouso no leito, dieta branda, rica em proteínas e vitaminas, mas pobre em carboidratos e fibras. Tomar líquidos em abundância. Há dois tipos de amebicidas: A. Amebicidas não absorvíveis, que atuam apenas na luz intestinal. São as dicloracetamidas: Teclosan, Furamida ou o furoato de diloxamida e Clefamida. Agem sobre os trofozoítas por contato, destruindo-os e interrompendo o ciclo reprodutivo do parasito na luz intestinal. Indicados para tratar infecções assintomáticas e os eliminadores de cistos. Mas, por não afetarem os parasitos que se encontrem nos tecidos, devem se associados aos amebicidas do 2o grupo. 20 Tratamento da amebíase Tratamento da amebíase (2) B. Amebicidas teciduais que, sendo absorvidos pelo intestino, são capazes de destruir as formas invasivas do parasito em qualquer tecido onde se encontrem. São os nitroimidazóis, utilizados especificamente para tratar a amebíase doença: Metronidazol, Tinidazol, Ornidazol e Nimorazol (ou nitrimidazina). Exigem associação com as dicloracetamidas para uma cura radical, visto serem rapidamente absorvidos no intestino delgado e não chegarem ao intestino grosso, onde as amebas colonizam. 21 Epidemiologia da amebíaseEpidemiologia da amebíaseEpidemiologia da amebíaseEpidemiologia da amebíase (1) A Entamoeba dispar é muito freqüente em todo mundo, tendo sido confundida, no passado, com a E. histolytica. Esta tem prevalência 10 vezes menor. Segundo a OMS, ocorreriam 48 milhões de casos de amebíase por ano, em todo mundo, com 40 a 110 mil óbitos. No Brasil, prevalências altas foram registradas em lugares como Manaus, Belém, João Pessoa e Porto Alegre e relativamente altas na Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Mas, nas regiões frias ou nas temperadas de todo Mundo a amebíase doença é rara. O abscesso hepático tem sua própria distribuição geográfica. Ele é freqüente no Sudeste Asiático, Índia, África do Norte e México. Mas é raro em outros lugares, mesmo quando localmente a prevalência do parasitismo intestinal seja alta. 22 Epidemiologia da amebíase Epidemiologia da amebíase Epidemiologia da amebíase Epidemiologia da amebíase (2)(2) As principais fontes de infecção amebiana são os pacientes crônicos, os assintomáticos e os indiví- duos portadores sãos. Em uma evacuação de aspecto normal podem ser eliminados milhões de cistos de E. histolytica. A transmissão ora é direta por mãos sujas, ora indireta por águas e alimentos contaminados. Insetos, como moscas e baratas, podem trans- portar mecanicamente os cistos de amebas.. Propagação da amebíase (segundo Piekarski, 1962) 23 Epidemiologia da amebíase Epidemiologia da amebíase (3)(3) Todos os tipos de coleções de águas naturais podem ser contaminados com fezes humanas e, por sua vez, contaminarem