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Lição 6 Poder, Estado e Controle Social

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PODER, ESTADO E CONTROLE SOCIAL
SABADELL, A. L. Poder, Estado e controle social. In: ______. Manual de Sociologia Jurídica: introdução a uma leitura externa do direito. 2. ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2002, lição 6, p. 130-142.
WEBER, M. Os três tipos puros de dominação legítima. In: COHN, G. (org.). Weber. 7. ed. São Paulo: Ática, 2004, p. 128-141.
1. CONCEITO:
Tudo o que influencia o comportamento dos membros de uma sociedade.
Para a Sociologia Jurídica pode ser entendido como “qualquer influência volativa dominante, exercida por via individual ou grupal sobre o comportamento de unidades individuais ou grupais, no sentido de manter-se uniformidade quanto a padrões sociais”.
Qualquer meio de levar as pessoas a se comportarem de forma socialmente aprovada.
2. DISTINÇÕES IMPORTANTES PARA A SOCIOLOGIA JURÍDICA:
Há dois modos de exercício do controle social:
Como instrumento de orientação (ex. novela);
Como meio de fiscalização do comportamento (ex. ronda policial).
Na maioria dos casos o controle social é fiscalizador e orientador ao mesmo tempo.
O controle social diferencia-se com relação aos destinatários:
Difuso (fiscalização do comportamento de todos);
Localizado (controle intenso dos grupos marginalizados ou rebeldes que apresentam um comportamento anômico).
O controle social diferencia-se com relação ao seus agentes (fiscalizadores):
Órgãos estatais (mais forte nas sociedades modernas);
Sociedade em geral.
A última distinção refere-se ao âmbito de atuação:
Opera diretamente sobre os indivíduos (papel do professor);
Opera indiretamente sobre as instituições sociais (papel do MEC sobre as escolas).
Segundo o grau de organização:
Sanções formais – pressupõe um processo de institucionalização (predominante nas sociedades modernas);
Sanções informais – o controle é difuso, mutável e espontâneo (predominante nas pequenas sociedades).
3. FORMAS DE CONTROLE SOCIAL:
Dependendo do tipo de atuação o controle social pode ser:
Negativo – reprovação de determinados comportamentos;
Positivo – incentivo e prêmio ao “bom comportamento”.
Segundo a eficiência do processo de socialização:
Controle interno – a maior parte do controle social é efetuada de forma interna. O indivíduo é ao mesmo tempo, objeto do controle e seu fiscalizador;
Controle externo – quando falha o controle interno e o indivíduo transgride as normas.
4. FINALIDADES DO CONTROLE SOCIAL:
Diferentes visões de finalidade, dependendo da posição teórica adotada:
Perspectiva liberal-funcionalista – visão pouco crítica do controle social;
Perspectiva da teoria conflitiva – visão mais crítica do controle social.
4.1. PERSPECTIVA LIBERAL-FUNCIONALISTA:
Objetiva impor regras e padrões de comportamento para preservar a coesão social perante comportamentos desviantes. 
Segundo Soriano (apud SABADELL, 2002, p. 135) uma política liberal e democrática do controle social limita o seu exercício em base a quatro princípios:
Conseguir um bem estar maior do que existiria sem o uso do controle social;
Limitação da intervenção ao estritamente necessário (proporcionalidade entre meio e objetivo);
Criação democrática dos instrumentos de controle;
Responsabilidade dos agentes de controle (controle dos controladores).
4.2. PERSPECTIVA DA TEORIA CONFLITIVA:
Os instrumentos e os agentes do controle induzem as pessoas a se comportarem de forma funcional ao sistema. “O que se controla”? “Quem é controlado”? “Para que se controla?”
O sistema atual é fundamentado na concentração do poder econômico e político.
A finalidade do controle social é favorecer aos interesses da minoria que detém o poder e a riqueza.
O controle social denota uma preocupação em condicionar as pessoas para aceitarem a distribuição desigual dos recursos sociais, apresentando a ordem social como “justa” e intimidando quem coloca em dúvida.
Relações são sempre assimétricas – inexistência do igual tratamento e da reciprocidade nas relações sociais.
5. Poder e Burocracia
Direito, burocracia e poder relacionam-se entre si e estão envolvidos na comum tarefa de controlar a sociedade.
Poder – é o sujeito-agente do controle.
Burocracia e o sistema jurídico são os meios utilizados pelo poder para exercer o controle nas sociedades modernas.
5.1 Poder 
O poder do Estado é o principal agente de controle social.
O poder consiste na possibilidade de uma pessoa ou instituição influenciar o comportamento de outras pessoas.
Weber – poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências.
Nesta definição interessam dois elementos.
1) o poder cria uma relação de desigualdade entre aquele que impõe sua vontade (superior) e aquele que se submete à mesma (inferior).
Quanto mais forte é o poder, mais contundentes serão os meios de coerção que estão à sua disposição, quanto mais forte é o consenso do qual este goza, mais provável será o cumprimento de suas ordens. Exemplo: garçom e policial. 
2) a relação de poder indica que existe uma chance de obediência, já que o inferior pode opor resistências e, se esta for eficaz, o superior não alcançará suas finalidades. O exercício do poder é uma probabilidade de imposição de mandamentos. Muitas vezes quem exerce o poder necessita fazer concessões e mudar seus planos diante da resistência de indivíduos ou grupos. Exemplo: aceitação de reivindicações salariais após uma greve.
O poder apresenta duas características:
Plurifacetário – porque apresenta diversas formas de manifestação: força, coação, influencia, autoridade, manipulação.
Força – é o poder que se impõe e vence a resistência utilizando-se, se necessário, de violência física.
Coação – é o exercício do poder por meio da ameaça de violência.
Influência – é o poder “pacífico”, que se vale da persuasão.
Autoridade – pode ser definida como o poder aceito, porque é visto razoável ou porque resulta da imposição de uma regra pré-instituída. 
Manipulação – quando utiliza o engano para obter os seus objetivos.
Formas de manifestação do poder de caráter omisso. Ex. quando o Estado não toma as providências para efetuar os direitos sociais estabelecidos na Constituição.
 
Pluridimensional – poder tem vários campos de atuação.
Poder político.
Poder econômico.
Poder carismático.
Poder patriarcal.
 
Antonio Virgilio B. Bastos
UFBa
TRADICIONAL: (estruturas feudais; formas primitivas de organização)
Fundamentos estão nos costumes e convenções. Envolve relações particulares de confiança.
RACIONAL - LEGAL: há a crença na validade de um estatuto legal
Fundamentos estão nas regras instituídas racionalmente, nas formalidades, nos procedimentos técnicos.
Nas organizações burocráticas, modernas: nomeação, qualificação por títulos, promoções na carreira.
CARISMÁTICO: ou ‘dom divino’ dos líderes: induz à devoção dos seguidores
Base: veneração, imensa confiança depositada nas qualidades
Envolve relações místicas entre líderes e adeptos.
As 3 formas de PODER LEGÍTIMO em Weber:
Foucault – algo que atravessa todo o corpo social
Análise capitalizada de poder – não se limita ao estado;
Permeia relações, produz coisas, induz ao prazer, forma saber e produz discurso;
Constrói uma prática discursiva que legitima as práticas sociais;
Uma relação de poder não aprisiona – há sempre a possibilidade de resistência. 
Burocracia
“poder de escritório”. Bureau: escritório (em francês) e Kratein: deter um poder, dominar (em grego).
Na sociologia a burocracia é estudada como um sistema de organização de grandes grupos sociais e de atividades coletivas (Estado, grandes empresas) que objetiva a racionalização e a eficácia.
Princípios que caracterizam o seu funcionamento:
 Princípio da generalidade e da imparcialidade – regras e procedimentos preestabelecidos, que vinculam a todos. Independe da vontade das pessoas que as executam e dos destinatários.
Princípio da racionalidade – manifesta-se na adequação da organização aos fins que persegue.
 Princípio da impersonalidade – as
pessoas concretas “não contam”, o que vale são os cargos por elas ocupados. Os cargos sobrevivem as pessoas e não podem ser cedidos pelos seus titulares.

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