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PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E DO TRABALHO 2 RESUMO B R E N D A A B U R Q U E T I CARVALHO, C.A.; VIERA, M.M.F. O Poder nas organizações. São Paulo: Thomson Learning, 2007. AS ORGANIZAÇÕES COMO ESTRUTURAS DE AUTORIDADE A categoria assimétrica do poder possui três enfoques: a obtenção de aquiescência ou controle, a relação de dependência e a desigualdade. ➜ Poder interpretado sob enfoque da aquiescência ou do controle: enfatiza o predomínio da vontade de uns sobre os outros. O poder implica resistência e conflito (controle social). ➜ Poder interpretado sob enfoque de dependência: é aquele que potencializa as relações de dependência entre os atores sociais. É enfatizado os tipos e as formas de conquista e sustentação das relações de dependência entre o sujeito e o objeto do ato de poder. ➜ Poder interpretado sob enfoque da desigualdade: encerra uma noção que focaliza as capacidades diferenciais dos atores dentro de um sistema para assegurar as vantagens e os recursos valiosos, mas escassos. Não é necessário que o receptor do ato de poder seja dependente ou aquiesça para que o poder se exerça. O poder como controle é importante para a análise organizacional uma vez que, nas organizações burocráticas, o controle é exercido por meio de regulamentos, normas e comunicação formal, elementos chaves de estrutura de poder. Para Weber, o poder representa a probabilidade de que um ator em uma relação social possa realizar sua própria vontade apesar da resistência, independentemente da base na qual essa probabilidade repousa. A classificação weberiana de poder é estabelecida em relação ao conceito de autoridade. O poder exige o emprego da força e a autoridade não. Tipologia de weber: autoridade tradicional, carismática, racional-legal. ➜ Autoridade tradicional: tem por base a crença na tradição. ➜ Carismática: tem por base a crença no carisma. ➜ Racional-legal: sua base de aceitação é a crença em regras e normas. É a características as sociedades modernas. Weber relaciona de forma indissociável os conceitos de legitimidade, autoridade, racionalidade e eficiência. As sociedades modernas são o locus de manifestação de um tipo específico de poder: aquele legitimado por crença em normas e regras, que por serem racionais, garante a eficiência na forma de organização social. PODER E MEDIAÇÃO Mediação é uma estratégia das organizações para gerar contradições nas pessoas. É uma estratégia de risco. A organização elabora estratégias de produção de contradições cujo princípio é unir e evidenciar fortes restrições e grandes vantagens. Características básicas: introjeção (interiorização das contradições; o indivíduo é submetido a estímulos contraditórios) e solidificação da ideologia das organizações (utilização de um conjunto de técnicas, tornando a política fonte suplementar de satisfação do indivíduo). Tipos: econômica, política, ideológica e psicológica. ➜ Mediação econômica: representa o acolhimento das relações de produção e do sistema social (dominação capitalista). ➜ Mediação política: são responsáveis por mediar a contradição entre o desejo do indivíduo de ter autonomia e o respeito à política controladora da empresa. ➜ Mediação ideológica: o indivíduo produz uma ideologia semelhante à da empresa, necessariamente não contraditória. ➜ Mediação psicológica: os privilégios-restrições (coerções) transformam-se em prazer-angústia. IDEOLOGIA E DOMINAÇÃO O indivíduo produz uma ideologia semelhante à da empresa e necessariamente não contraditória. Falsa realidade. O indivíduo encontra e racionaliza justificativas que o colocam em uma posição de “conformismo satisfeito” com sua situação contraditória. Dominação psicológica: os privilégios-restrições (coerções) transformam-se em prazer-angústia. Angústia caracteriza-se pela presença forte e constante dos mecanismos de controle sobre o indivíduo, que está ligado à organização por laços psicológicos. Nessa perspectiva, assume-se que os indivíduos criam vínculos emocionais com a organização. PANÓPTICO ORGANIZACIONAL É o modelo de nossa sociedade disciplinar, em que os indivíduos estão visíveis para um “olho invisível”. É um modelo/metáfora usado para explicar a sociedade moderna como forma de controle. Para Foucault, essa sociedade de controle é caracterizada por um tipo específico: poder disciplinar. O poder disciplinar responde a três critérios: 1. Tornar o exercício de poder o menos custoso possível. 2. Fazer que seus efeitos sejam levados à máxima intensidade e estendidos a todo corpo social. 3. Fazer crescer ao mesmo tempo a docilidade e a utilidade de todos os elementos do sistema, ou seja, criar indivíduos dóceis e úteis. No panóptico, o poder é interiorizado e transformado pelo indivíduo em comportamento natural, automatizado, reproduzido inconscientemente. O objetivo era moralizar as condutas, modelar comportamentos, aumentar o controle e reduzir as incertezas da ação humana. de Sousa, N. C., & de Meneses, A. B. N. T. (2010). O poder disciplinar: uma leitura em Vigiar e Punir. Saberes: Revista interdisciplinar de Filosofia e Educação, (4). A NOÇÃO DE PODER EM MICHEL FOUCAULT Para Godinho (1995) há quatro tipos de poder: o poder econômico, sob a forma do salário como pagamento da força de trabalho; o poder político em que uns dão ordens sobre outros; o poder judiciário, em que alguns, podem julgar e punir infrações, tais como: incapacidade, irresponsabilidade, entre outros; o poder epistemológico, que extrai dos indivíduos um saber, um conhecimento sobre estes indivíduos já submetidos ao olhar e controlados por estes diferentes poderes. Para Foucault (2005) o poder não existe, o que existe são as práticas ou relações de poder que se estabelecem na sociedade. Dessa forma, ele é próprio do funcionamento da sociedade. Os efeitos de dominação exercidos pelo poder não devem ser atribuídos a uma apropriação, mas a táticas, técnicas e funcionamentos. Na sociedade de controle Foucault define duas formas de poder: o poder disciplinar, que se aplica ao corpo por meio das técnicas de vigilância e das instituições punitivas; e o poder ao qual ele denomina de biopoder, que se exerce sobre a população, trata-se do poder sobre a vida, constituído no poder empregado para controlar os corpos individuais e a população. PODER QUE PRODUZ SABER Existe uma relação entre poder e saber, ou seja, entre o poder político e o conhecimento. Saber médico, a partir do discurso do médico e do louco. O PODER EM VIGIAR E PUNIR Foucault situa seu estudo percebendo a punição como uma função social complexa, na qual ele faz uma análise dos métodos punitivos como técnicas de poder, colocando a tecnologia do poder no princípio da humanização da penalidade e do conhecimento do homem. Sendo assim, através da história da violência nas prisões Foucault mostra como os regimes de poder se efetivam não só na prisão, mas na escola, no hospital, na sociedade, por meio de mecanismos de vigilância e controle. O PODER DISCIPLINAR E SUAS PRÁTICAS DISCIPLINARES A punição e a vigilância são mecanismos de poder utilizados para docilizar e adestrar as pessoas para que essas se adéquem às normas estabelecidas nas instituições. A vigilância é uma tecnologia de poder que incide sobre os corpos dos indivíduos, controlando seus gestos, suas atividades, sua aprendizagem, sua vida cotidiana. O poder disciplinar é fruto de transformações da sociedade burguesa, do deslocamento do poder soberano para o corpo social. Os dispositivos do poder disciplinar caracterizam-se pela minúcia e pelo detalhe. Características do poder disciplinar: atenção das disciplinas sobre a distribuição dos indivíduos dentro do espaço e a organização de um espaço serial. A “clausura”consiste em estabelecer a organização no espaço físico. O CONTROLE DA ATIVIDADE O controle da atividade implica em saber utilizar corretamente o tempo, estabelecendo horários rígidos de trabalho, sempre repetitivos e constantes. Trata-se de construir um tempo integralmente útil, sem desperdícios. Sendo assim, o horário constituísse um importante mecanismo do poder disciplinar. A função da disciplina difere da função do suplício, uma vez que esta tortura e destrói o corpo, enquanto a disciplina apropria-se do corpo, com a finalidade de tirar dele o máximo possível. O castigo disciplinar tem a função de reduzir os desvios, e, portanto, deve ser essencialmente corretivo. A punição funciona como uma gratificação- sanção, e é esse sistema que vai incidir no processo de treinamento e de correção. O PANOPTISMO Funciona como uma espécie de laboratório de poder. O poder disciplinar panóptico, por meio da visibilidade, da regulamentação minuciosa do tempo e na localização dos corpos no espaço, possibilitou o controle sobre os indivíduos vigiados, de forma a torná-los dóceis e úteis à sociedade, instaurando, dessa forma, uma nova tecnologia do poder. O panóptico foi desenvolvido a partir do princípio de que o poder devia ser visível e inverificável. Tinham por finalidade adestrar e docilizar os corpos dos operários, dos alunos, dos doentes e dos considerados prejudiciais ao funcionamento da sociedade. No entanto, apreendeu-se que para se tornarem dóceis e produtivos, esses indivíduos eram submetidos às tecnologias do poder, sendo confinados em celas, distribuídos em filas, obedecendo a uma hierarquia e a uma cronologia. TIPOS DE GERENCIAMENTO Atenção. Significado. Confiança. Si própria. ➜ Gerenciamento da atenção: capacidade de trazer as pessoas para perto de si; transmitem um senso de comprometimento. Os líderes gerenciam a atenção através de um ponto de vista envolvente que leva os outros a um lugar aonde nunca foram. ➜ Gerenciamento de significado: para tornar sonhos visíveis para os outros e para alinhar as pessoas com esses sonhos, os líderes precisam transmitir seus pontos de vista. A capacidade de gerenciar a atenção e o significado vem da pessoa como um todo. ➜ Gerenciamento da confiança: é essencial para todas as organizações. As pessoas preferem seguir indivíduos as quais podem confiar, mesmo que discorde deles. ➜ Gerenciamento de si próprio: os líderes conhecem a si mesmos e desenvolvem seus pontos fortes. EMPOWERMENT É o efeito coletivo da liderança. As pessoas sentem-se importantes. Aprendizado e competência. As pessoas são parte de uma comunidade. O trabalho é estimulante. O PROCESSO DE LIDERANÇA: DIVERSAS ABORDAGENS Abordagem dos traços pessoais. Abordagem dos estilos. Abordagem contingencial. Abordagem da nova liderança. Abordagem da liderança dispersa. ➜ Traços pessoais: busca determinar as qualidades pessoais e características dos líderes. Esta orientação implica a crença de que a liderança é inata e não uma habilidade aprendida. Traços físicos (altura, aparência); habilidades (inteligência, fluência no discurso) e características de personalidade (conservadorismo, introversão, extroversão e autoconfiança). ➜ Estilos: mudança no foco, indo das características pessoais do líder para seu comportamento enquanto líderes. Os dois principais componentes do comportamento do líder que os pesquisadores tenderam a enfocar foram alcunhados de consideração e iniciativa para estruturar. A consideração denota um estilo de liderança no qual os líderes estão preocupados com seus subordinados enquanto pessoas têm a confiança dos subordinados e promovem um ambiente agradável. A iniciativa para estruturar refere-se a um estilo no qual o líder define clara e precisamente o que e como os subordinados devem fazer suas atividades. Conclusões iniciais indicaram que consideração estava associada com melhor moral e satisfação no trabalho entre os subordinados, mas baixos níveis de desempenho. Já a iniciativa para estruturar associava-se a baixa moral, mas melhor desempenho do grupo. ➜ Contigencial: colocam os fatores situacionais no centro de qualquer entendimento da liderança. O cerne desta abordagem é um instrumento de mensuração conhecido como L.P. C (COLEGA DE TRABALHO MENOS PREFERIDO) – que objetiva medir a orientação da liderança de pessoa que está sendo avaliada. A personalidade não é prontamente sujeita à mudança, é necessário mudar a situação do trabalho para ajustar o líder. O modelo de Fiedler tem sido objeto de grande controvérsia e debate por vários aspectos entre eles. ➜ Liderança: liderança transformacional; liderança visionária; ou simplesmente liderança. Liderança transacional – compreende uma troca entre os líderes e seguidores no qual o líder oferece recompensa na forma de prestígio ou dinheiro pela obediência a seus desejos. Esta liderança não é ineficaz, mas sua eficiência está limitada a um contrato entre líderes e liderados e estes não estão unidos em mútua e continua busca por um propósito maior. Liderança transformadora – eleva tanto as aspirações de seus seguidores que as aspirações deles se fundem com a dos líderes. A abordagem da nova liderança apoia a maioria das pesquisas com líderes de alta cúpula frequentemente presidentes ou executivos de grandes companhias, tendo pouco a dizer sobre os processos informais da liderança. Outro aspecto criticado nesta abordagem é a tendência a exaltar as virtudes do líder que são capazes de alterar a situação em busca pelo aperfeiçoamento do desempenho de seus liderados, apresentando uma visão que faz o sucesso ingrediente essencial da liderança. ➜ Dispersa: defendem a ideia da superliderança, que é um novo paradigma da liderança, onde a ênfase colocada é conduzir as pessoas a se liderarem, assim os seguidores são estimulados a se tornarem líderes. A superliderança está relacionada com o desenvolvimento da capacidade de liderança e com a educação dos subordinados, a fim que sejam estimulados a se tornarem independentes de líderes formais e desenvolverem seus talentos e sua motivação. A ideia de “prática” da liderança tende a observar como a liderança se forma nas organizações e projeta uma imagem de liderança muito mais difusa e dispersa nas organizações do que a alternativa de ver a liderança como um patrimônio de alguns poucos líderes como acontece na abordagem da nova liderança. LIDERANÇAS TRANSFORMACIONAL E TRANSACIONAL Liderança transformacional: relação de influência mútua, entre líder e liderados, levando em consideração as necessidades de ambas as partes. O ponto central do conceito é o interesse pelas pessoas. O líder dedica grande parte de seu tempo conversando com seus seguidores para saber mais sobre suas metas e problemas. Ela objetiva o engajamento dos indivíduos em busca de laços que aumentem o nível de motivação de líder e liderado. Os líderes transformacionais podem ser caracterizados por quatro componentes: ➜ Influência idealizada: é conhecido como influência carismática, uma vez que o líder carismático desenvolve múltiplos cenários para o futuro pela análise de diferentes fatores circunstanciais para descrever o espectro de possíveis estados futuros. Nessa característica, as pessoas sentem-se especiais e o líder faz com que os outros sigam sua visão. ➜ Motivação inspiracional: é baseada na comunicação para elevar o espírito de equipe e aflorar o entusiasmo, desenvolvendo também o comprometimento. O líder inspiracional deve encontrar o equilíbrio entre a visão inspiracional e os planos concretos distintos. Esse equilíbrio permite que seguidores sejam inspirados pela visão e ao mesmo tempo acreditem em sua factibilidade. ➜ Estímulo intelectual: aqui existe o estímulo a novas ideias em seus seguidores.Há estímulo por parte dos líderes para que seus seguidores desafiem as próprias crenças e valores, assim como os de seus líderes e da organização. ➜ Consideração individualizada: refere-se ao desenvolvimento e à mentoria dos seguidores, o que requer delegação e empoderamento. O líder desenvolve habilidades nos subordinados e melhora a qualidade e a efetividade de toda a equipe. No início, as instruções podem levar mais tempo que o cumprimento da tarefa, porém esse processo é vantajoso no longo prazo, uma vez que há aumento da qualificação e da motivação do empregado, bem como a diminuição do tempo de supervisão do líder. Liderança transacional: é focado em termos das relações contratuais explícitas e implícitas – as atribuições do trabalho são claras juntamente com as condições de empregabilidade, códigos disciplinares e estrutura de benefícios. Todos têm um preço para sua motivação no trabalho. Assim, a influência dos líderes sobre seus seguidores passa a basear-se em relações instrumentais na medida em que a recompensa vai ao encontro das necessidades dos subordinados. Os compromissos entre os líderes transacionais e seus subordinados são de curto prazo e os interesses individuais são exaltados. A liderança transacional pode ser dividida em dois fatores: ➜ Recompensa contingente: a recompensa é resultado do esforço do liderado, que varia de acordo com as necessidades dele. Os seguidores devem dar seu tempo e esforço para receber recompensas materiais e não materiais. Esse líder vê o tempo em sua função compensatória. Se usa seu tempo para desenvolver ou instruir seguidores, ele espera obter valor na forma de resultados como retorno. ➜ Gerenciamento por exceção: diz respeito a correção do trabalho, feedback e reforço negativo. O gerenciamento por exceção pode ser ativo ou passivo. Na forma ativa, o líder não tenta evitar o erro: ele observa e espera que o erro ocorra para aplicar uma ação corretiva. Já a forma passiva é caracterizada pela ausência de monitoramento e de prevenção de erros e falhas. O líder apenas intervém quando o erro fica realmente evidente. Organizações possuem ambos os tipos de lideranças – transformacionais e transacionais –, os quais são importantes e complementares e sua utilização variará de acordo com o contexto e o momento vivido pela organização. Acredita-se que a liderança transformacional seja a mais adequada para ambientes em turbulência e em constantes mudanças, enquanto a liderança transacional se adapta melhor a ambientes mais estáveis. Finalmente, existe também o fator de ausência de liderança. Esse tipo é caracterizado pelo comportamento neutro e despreocupado. O líder não se envolve com o desenvolvimento do liderado nem com suas necessidades e realizações.
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