Buscar

Civil Apostila - Coisas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA – MULTIVIX
PROFESSOR TACIANO MAGNAGO
APOSTILA PRIMEIRO BIMESTRE
DIREITO CIVIL – COISAS
NOVA VENÉCIA
2015
INTRODUÇÃO
PERSONALIDADE
 OBRIGAÇÕES (CONTRATO)
 DIREITO CIVIL DIREITO PATRIMONIAL
 DIREITO REAL (PROPRIEDADE)
OBRIGAÇÕES (CONTRATO) HOMEM => HOMEM 
 RELAÇÃO (R$) 
DIREITO REAL (PROPRIEDADE) HOMEM => COISA
CONCEITO: É o campo do direito patrimonial cujas regras tratam do poder dos homens sobre as coisas apropriáveis, cuja eficácia vale contra todos.
COISA É O GÊNERO DO QUAL BEM É ESPÉCIE.
COISA: É tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem.
BEM: Aquilo que é suscetível de apropriação (úteis e raras) e que possuem valor econômico. 
Obs.: Ar da atmosfera; águas dos oceanos etc., não são bens em sentido jurídico, por existirem em abundância na natureza.
Porque DIREITO DAS COISAS?
Pois existem bens que não são coisas, tais como a liberdade, a honra, a imagem, a vida. O termo COISA está ligado aos bens que são, ou podem ser, objetos de direitos reais, ligados ao domínio sobre a natureza física, nas suas variadas manifestações.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
- É o ramo do direito civil mais influenciado pelo direito ROMANO, e o qual se encontra mais homogeneizado com o direito comparado ocidental (internacional).
- A propriedade sempre existiu, porém, coube ao Direito Romano estabelecer a sua estruturação.
- O marco da concepção da propriedade foi o período medieval, onde a ideia de propriedade era extremamente individualista, assim figurando até a Idade Média, onde houve uma dualidade de sujeitos (havia quem podia dispor da propriedade, porém o domínio era de quem detinha o poder político). Com a Revolução Francesa, a visão de propriedade individualista voltou a figurar, em favor da burguesia da época. Com o início do Século XX, a função social da propriedade ganha força, havendo restrições ao uso absoluto da propriedade, evoluindo até os dias atuais (artigo 1.228, §1º, CC/02).
1) Direito Romano – caráter individualista da propriedade;
2) Idade Média – sistema feudal/propriedade dúplice (senhor/servo);
3)Revolução Francesa – volta da feição individualista;
4)Modernidade – função econômica e social da propriedade.
NATUREZA JURÍDICA
Sua natureza jurídica é definida como sendo uma relação de senhorio, um poder imediato e direto do homem sobre a coisa, isto é, imediato e direto, porque o titular não necessita da participação de um terceiro para extrair as vantagens da coisa a que se prestar. 
Obs.: Quanto aos direitos reais sobre as coisas alheias requer dois sujeitos: o dono e o titular do direito real, porém, cada um com direitos distintos e sem intermediação do outro. Ex.: “Locador e locatário”.
DIREITOS REAIS X DIREITOS PESSOAIS
- DIREITOS REAIS: Deriva de RES, REI, que significa COISA. 
Elementos: Sujeito Ativo + Coisa + relação de PODER sobre a Coisa = Domínio.
Eficácia: Contra todos.
- DIREITOS PESSOAIS: Esta ligada a prestação em uma relação obrigacional. 
Elementos: Sujeito Ativo (poder de exigir) + (do) Sujeito Passivo + (determinada) Prestação = Relação Jurídica.
Eficácia: Apenas nas pessoas participantes da relação jurídica.
CARACTERÍSTICAS
- Oponibilidade erga omnes: o direito real é oponível contra todos, isto é, vale para todos. Normalmente o direito real nasce com um registro. Daí deriva a sua eficácia.
- Direito de Sequela: é o direito que a pessoa tem de seguir a coisa onde ela estiver e com quem ela estiver. Pela ação reivindicatória, o proprietário de uma coisa chama-a de volta para si, quando indevidamente tomada. NÃO EXISTE NOS DIREITOS OBRIGACIONAIS (PESSOAIS).
Obs.: No caso de hipoteca, o imóvel hipotecado pode ser vendido porque o credor hipotecário tem o direito de sequela. Caso a dívida não seja paga, o credor irá atrás da coisa, esteja ela com quem estiver. O comprador nada pode fazer, pois deveria saber que comprou com tal gravame. 
- Direito de preferência: só é aplicável aos direitos reais de garantia (hipoteca, penhor, anticrese e alienação fiduciária em garantia). É o direito de receber o seu crédito antes dos credores comuns ou quirografários.
CLASSIFICAÇÃO
1. Direito real sobre a própria coisa (jus in res propria): este é o direito de propriedade plena, não há o que questionar. É o cerne de onde partem todos os outros direitos reais. Não existe nenhum direito real que não tenha sido originado, que não tenha correlação com o direito da propriedade.
2. Direitos reais sobre coisas alheias : são todos os descritos no art. 1225, com exceção do direito de propriedade. Todos são originados pelo direito de propriedade. Alguém estará usando um direito real sobre algo que não lhe pertence.
Curiosidade: O CC de 1916, trazia o direito real de enfiteuse, direito pelo qual a pessoa transfere a outra a posse, o uso e o gozo de uma coisa, inclusive, com direito de aliená-la para um terceiro. No entanto, toda vez que alienasse a coisa teria que pagar um percentual estabelecido no contrato ao proprietário e era conferido ao proprietário o direito de resgatar o bem. Isso não pode mais ser criado, mas o que foi criado sob a vigência do CC de 1916, ainda é válido. O CC de 2002 não pode simplesmente abolir esse direito que era permitido na época do antigo CC.
3. Direitos acessórios e direitos principais: direito acessórios são os direitos reais de garantia (penhor, art. 1431; anticrese, art.1506; e a hipoteca, art. 1473 cc.), todos os outros direitos são principais.
4. Direito do promitente comprador na aquisição do imóvel: Artigo 1.417, do CC/02, compromisso de compra e venda. É inovação legislativa, anteriormente não era aceito.
PRINCÍPIOS
- PRINCÍPIO DA ADERÊNCIA: Cria um vínculo, uma relação de senhorio entre o sujeito e a coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir. Diferente do que ocorre com os direitos obrigacionais.
- PRINCÍPIO DO ABSOLUTISMO: Os direitos reais se exercem erga omnes, ou seja, contra todos, que devem abster-se de molestar o titular, pois é absoluto. Desse princípio decorre o direito de sequela. Diferente do que ocorre com o direito obrigacionais, que é relativo, pois só pode cobrar a dívida do devedor e não de todos.
- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE / VISIBILIDADE: Os direitos reais sobre imóveis só se adquirem com o registro, no Cartório de Registro de Imóveis (art. 1227, CC). Já os móveis, só depois da tradição (art. 1226 e 1267, do CC).
- PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE: Os direitos reais são criados pelo direito positivo, ou seja, por lei, sendo esta quem limita a quantidade de direitos reais. Atualmente, a lista de direitos reais está prevista no artigo 1225, do CC, e ainda, o direito de retenção; o pacto de retrovenda; o promitente comprador; a alienação fiduciária e a concessão de uso. Diferente do que ocorre com os direitos obrigacionais, onde particulares não podem criar garantias reais em seus contratos.
- PRINCÍPIO DA PERPETUIDADE: A propriedade é um direito perpétuo, pois não se perde pelo uso, mas tão somente pelos meios e formas legais, tais como: desapropriação, usucapião, renúncia, abandono, etc.
PARTE II
DA POSSE
A posse é a exteriorização da propriedade, que é o principal direito real; existe uma presunção de que o possuidor é o proprietário da coisa. Ex.: Olhando para as pessoas presumo que as roupas e livros que estão usando (possuindo) são de propriedade delas, embora possam não ser, possam apenas ser emprestadas, ou alugadas. 
A aparência é a de que o possuidor é o dono, embora possa não ser.Posse é o estado de fato que corresponde ao direito de propriedade. Como a posse não é direito, a propriedade é mais forte do que a posse. Diremos que a posse é uma relação de fato transitória, enquanto a propriedade é uma relação de direito permanente, e que a propriedade prevalece sobre a posse. Assim, considera-se possuidor toda pessoa que tem, de fato, o exercício de algum dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade.
Embora a posse se origine de mera relação de fato, a lei procura protegê-la, assegurando ao possuidor a possibilidade de se manter na posse por meio dos interditos proibitórios, ou ainda, converter em proprietário, por intermédio da usucapião. 
JUS POSSESSIONIS X JUS POSSIDENDI
A posse é protegida para evitar a violência e assegurar a paz social, bem como, porque a situação de fato aparenta ser uma situação de direito. É assim, uma situação de fato protegida pelo direito.
Uma situação possessória pode ser criada, proporcionando a pessoa direito a proteção, quando esta se instala em um imóvel e nele se mantém, mansa e pacificamente. Tal direito é denominado de Jus Possessionis, ou simplesmente de Posse Formal, pois deriva de uma posse totalmente autônoma, independente de qualquer título. Assim, o possuidor somente perderá o imóvel para o legítimo proprietário em vias ordinárias, ou seja, por meio de ação judicial. Enquanto isso, aquela situação será mantida, e será sempre mantida contra terceiros que não possuam nenhum título nem melhor posse.
Por sua vez, o direito a posse conferido ao portador de título devidamente transcrito, assim como o portador de outros direitos reais, como a servidão, a habitação, ect., será denominado de Jus Possidendi ou Posse Casual. E tanto no Jus Possessionis como no Jus Possidendi, é assegurado o direito a proteção a posse contra atos de violência, para a garantia da paz social.
Em suma, o Jus Possessionis se preserva, até que o Jus Possidendi o extinga.
TEORIAS DA POSSE (SAVIGNY x IHERING)
Para aprofundar o conceito de posse e compreende-la de modo completo, se torna necessário analisar este instituto à luz de duas teorias criadas para a sua observância no mundo jurídico, sendo-as: Teoria Objetiva (Teoria de Ihering) e a Teoria Subjetiva (Teoria de Savigny).
Para Savigny, para haver posse, devem estar presentes dois elementos, um de natureza objetiva (o corpus) e outro de natureza subjetiva (o animus). O corpus é o poder físico sobre a coisa, e o animus é a intenção de ter a coisa como sua. Se faltar à relação jurídica a presença do animus, não haverá posse, mas sim, mera detenção.
Para Ihering, a posse requer somente a presença do corpus. Porém, para a teoria objetiva, o corpus não possui o mesmo significado que na teoria subjetiva. Nesta teoria, o corpus é a visibilidade de propriedade, ou seja, é possuidor, aquele que age como tal.
É denominada por ele próprio como objetiva, porque não empresta à intenção, ao animus, a importância que lhe confere a teoria subjetiva. Considera-o como já incluído no corpus e dá ênfase, na posse, ao seu caráter de exteriorização da propriedade. Para que a posse exista, basta o elemento objetivo, pois ela se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa.
A teoria objetiva de Ihering é a teoria adotada no Código Civil Brasileiro. Nesta teoria é possível o desdobramento da posse em posse indireta (posse de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal ou real – Artigo 1197 do Código Civil) e posse direta (posse daquele que a exerce diretamente sobre a coisa, exercendo os poderes do proprietário), e também amplia o conceito de posse.
CONCEITO
A palavra possessio provém de potis, radical de potestas, poder; e sessio, da mesma origem de sedere, significa estar firme, assentado. Indica, portanto, um poder que se prende a uma coisa.
A posse é uma situação de fato em que uma pessoa, independente de ser ou não proprietária, exerce sobre uma coisa poderes ostensivos, conservando-a e defendendo-a, assim como faz o proprietário, o locatário, etc.
Esta prevista no art. 1196, do Código Civil brasileiro, e possui a seguinte redação:
“Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.”
ATENÇÃO: Para alguns doutrinadores e juristas, a posse é um direito, contudo, na visão atual esta não é a posição mais acertada, figurando a posse como um estado de fato, que garante uma proteção jurídica.
DIFERENÇA ENTRE PROPRIEDADE / POSSE / DETENÇÃO
Antes de adentrarmos mais a fundo acerca do instituto da posse, necessário estabelecer a diferença básica entre POSSE e DETENÇÃO, o que faço a seguir:
Qual é a diferença entre posse e detenção?
Posse é menos do que propriedade, e DETENÇÃO é menos do que posse, existindo, portanto, um estado de fato inferior à posse que é a detenção.
Há situações em que uma pessoa não é considerada possuidora, mesmo exercendo poderes de fato sobre uma coisa. Isso acontece quando a lei desqualifica a relação para mera detenção, como faz os arts. 1.198, 1.208 e 1.224. Numa palavra: É aquele que exerce poder sobre o bem sem alcançar o status de possuidor.
Podemos dizer que é aquele que tem posse juridicamente desqualificada ou posse aparente. Um fato importante e muito indagado em provas é o fato do detentor não poder fazer uso dos interditos possessórios. 
*Algumas bancas de concurso a chamam de fâmulo ou servo da posse. Enquanto o possuidor conserva a posse em nome próprio o detentor conserva em nome alheio.
Pode ocorrer transmudação da detenção em posse? A resposta a essa indagação é positiva e pode ser confirmada segundo a leitura do enunciado 301 do CJF e o art. 1198 § único.
DETENÇÃO: Encontra previsão no artigo 1.198, do Código Civil, e de acordo com a sua literalidade, é aquele que está no uso e gozo da coisa com características em relação ao possuidor ou proprietário, com relação de dependência e subordinação. Não existe no fâmulo de posse ou detenção qualquer expectativa quanto à posse ou propriedade.
Ex: o motorista de ônibus; o motorista particular em relação ao carro do patrão; o bibliotecário em relação aos livros, o caseiro de nossa granja, casa de praia, etc. Tais pessoas não têm posse, mas mera detenção por isso jamais podem adquirir a propriedade pela usucapião dos bens que ocupam, pois só a posse prolongada enseja usucapião, a detenção prolongada não enseja nenhum direito. O detentor é o fâmulo, ou seja, aquele que possui a coisa em nome do verdadeiro possuidor, obedecendo ordens dele. Vide ainda art. 1208 que se refere ao ladrão, ao invasor, àquela pessoa que atravessa nosso terreno para encurtar caminho, etc.
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE
É profunda e antiga a divergência acerca da natureza jurídica da posse, fundando-se a mesma em três correntes, a saber:
1ª corrente: Sustenta ser um Fato. Trata-se de um fato que gera consequências jurídicas, contudo, não possuindo autonomia e nem valor jurídico próprio. Diz essa corrente que se a posse fosse um direito deveria estar elencada no rol do artigo 1225 CC/02. (Jose Acyr, Tupinambá Miguel de Castro, Silvio Rodrigues).
2ª corrente: Sustenta ser um Direito. Trata-se de um Direito por ser um interesse juridicamente protegido (Ihering). Assim pensam, pois destinam a posse uma condição de utilização econômica e por isso o direito a protege. Hoje professores modernos como Marco Aurélio Bezerra de Melo, defendem que a posse é um Direito Real.
3ª corrente: Sustenta ser especial. Admite-se nesta corrente que a posse seja fato e um direito, pois considerada em si mesmo é um fato, considerada nos efeitos que produz (ex. Usucapião), é um direito.
Segundo Beviláqua, Moreira Alves, C.R. Gonçalves, a posse não é direito real, nem pessoal, mas um direito especial, sendo portanto, sui generis.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
A posse pode ser classificada segundo diversos critérios, dentre os quais destacamos os seguintes: 
a) Posse plena, posse direta e posseindireta. 
Posse plena é aquela exercida exclusivamente pelo proprietário da coisa, ou seja, sem desdobramento.
Posse direta ou imediata é aquela exercida diretamente pelo possuidor com a autorização do proprietário, por exemplo: o inquilino.
Posse indireta ou mediata é aquela que o proprietário exerce, após ter transferido a coisa, por sua própria vontade, ao possuidor direto, por exemplo: o locador do imóvel. 
Obs.: Uma posse não anula a outra, consoante regra estabelecida no artigo 1.197 do CC/02:
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Obs.: A vantagem dessa divisão é que tanto a posse direta como a indireta possibilita invocar a proteção possessória contra terceiro, contudo, somente o segundo pode adquirir a propriedade por usucapião.
b) Posse justa ou posse injusta. 
Posse justa é aquela que não foi violenta, clandestina ou precária (art. 1.200, CC/02). 
Posse injusta é a violenta, clandestina ou precária. 
Posse violenta nasce da força, por exemplo: invasão de uma fazenda, de um terreno urbano, o roubo de um bem. 
Posse clandestina é adquirida na ocultação, por exemplo: o furto, às escondidas, e o dono nem percebe o desapossamento para tentar reagir. 
Posse precária é a posse injusta mais odiosa porque ela nasce do abuso de confiança, por exemplo: o comodatário que findo o empréstimo não devolve o bem; o inquilino que não devolve a casa ao término da locação. 
Obs.: Como paralelo a outro ramo do direito, podemos afirmar que os três vícios apontados acima correspondem às figuras definidas no Código Penal, como o Roubo (Violenta); Furto (Clandestina) e Apropriação Indébita (Precária).
Obs.: Ainda que viciada, pois, a posse injusta não deixa de ser posse, visto que a sua qualificação é feita em face de determinada pessoa, sendo, portanto, relativa. Será injusta em face do legítimo possuidor. Mesmo viciada, porém, será justa, suscetível de proteção em relação às demais pessoas estranhas ao fato.
c) Posse de boa-fé e posse de má-fé. 
Posse de boa-fé é quando o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa, ou do direito possuído. 
Posse de má-fé é quando o possuidor está consciente de que a coisa foi adquirida de forma violenta, clandestina ou precária. 
d) Posse Nova e Posse Velha.
Posse nova: é há que conta com menos de um ano e um dia (ano e dia). Não se confunde com ação de força nova, que leva em conta não a duração temporal da posse, mas o tempo decorrido desde a ocorrência da turbação ou do esbulho;
Posse velha: é a que conta com mais de ano e dia. Não se confunde com a ação de força velha intentada depois de ano e dia da turbação ou esbulho.
Obs.: Uma consequência prática da conceituação de posse nova e posse velha está presente no art. 924 do CPC, que confere a possibilidade da concessão de medida liminar nas ações possessórias quando as mesmas forem intentadas num prazo de menos de ano e dia do fato que ensejou a demanda. Caso já tenha transcorrido o presente prazo, a ação seguirá o rito ordinário, embora não deixe de ser uma ação de cunho possessório. Nesse sentido dispõe o artigo mencionado:
Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
e) Posse Ad Interdicta; Ad Usucapionem
Posse “ad interdicta”: é a que pode ser defendida pelos interditos ou ações possessórias, 
quando molestada, mas não conduz à usucapião (a do locatário, p. ex.);
Posse “ad usucapionem”: é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio;
f) Composse
É a posse exercida por duas ou mais pessoas, como o condomínio, sendo a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa. Está prevista no art. 1.199, do CC/02.
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
 
Como exemplos podemos tratar as hipóteses de marido e mulher que sucedem como adquirentes de coisa comum, em regime de comunhão de bens ou com coerdeiros antes da partilha.
A composse pode ser tanto na posse direta como na indireta por exemplo: dois irmãos herdam um apartamento e alugam a um casal, hipótese em que os irmãos condôminos terão composse indireta e o casal a composse direta). 
A situação que se apresenta é que cada compossuidor possui a sua parte abstrata, porém, isso não significa que o compossuidor esteja impedido de exercer o seu direito sobre toda a coisa, pois é lhe dado o direito de praticar todos os atos possessórios que não excluam a posse dos outros compossuidores, podendo cada qual invocar a proteção possessória para defesa do objeto comum.
Composse Pro Diviso e Pro Indiviso
Podem os compossuidores estabelecerem uma divisão de fato para a utilização pacífica do direito de cada um, o que denominamos de Composse Pro Diviso, ao passo que, se todos exercem ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa os poderes de fato (utilização ou exploração comum do bem), estaremos diante de uma Composse Pro Indiviso.
PARTE III
DA AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
Quem pretende demonstrar a aquisição da propriedade tem de demonstrar a prova da origem ou do motivo que a constituiu. Com relação à posse, o mesmo não ocorre, por se tratar de mero estado de fato, que pode ser demonstrado como tal, não há razão para se lhe remontar à origem.
No entanto, a fixação da data da aquisição da posse se torna necessária e justificável, dentre os motivos podemos citar a necessidade de identificar uma posse nova e uma posse velha, bem como, para determinar o início da contagem da prescrição aquisitiva que resultará no direito do posseiro em usucapir o bem.
Bem, já sabemos que nosso legislador adotou a teoria objetiva da posse de Ihering. Então possuidor é todo aquele que ocupa a coisa, seja ou não dono dessa coisa (art. 1.196, CC/02), salvo os casos de detenção já vistos (art. 1.198, CC/02). Sabemos também que o proprietário, mesmo que deixe de ocupar a coisa, mesmo que perca o contato físico sobre a coisa, continua por uma ficção jurídica seu possuidor indireto, podendo proteger a coisa contra agressões de terceiros (art. 1.197, CC/02).
Para melhor entendimento do instituto da posse, devemos descortinar quais os poderes inerentes à propriedade, que se encontram referidos no art. 1.196, CC/02. São três: o uso, a fruição (ou gozo) e a disposição, conforme art. 1.228, CC/02. 
Assim, todo aquele que usa, frui ou dispõe de um bem é seu possuidor (art. 1.196, CC/02). É por isso que muitos autores chamam a propriedade de um direito complexo, porque é a soma de três atributos/poderes/faculdades. 
Isso significa dizer que, para adquirir a posse de um bem, basta usar, fruir ou dispor desse bem. Pode ter apenas um, dois ou os três poderes inerentes à propriedade que será possuidor da coisa (art. 1.204, CC/02: “em nome próprio” para diferenciar a posse da detenção do 1.198, CC/02). É por isso que pode haver dois possuidores (o direto e o indireto), pois a posse pertence a quem tem o exercício de algum dos três poderes inerentes ao domínio.
CLASSIFICAÇÃO DA AQUISIÇÃO DA POSSE
Desta forma, antes de estudar as formas de aquisição da posse, necessário se faz a análise de uma breve classificação da posse, que a doutrina distingue entre Posse Originária e a Posse Derivada.
Posse Originária: De forma bem resumida, podemos definir que a aquisição da posse é originária, quando da relação possessória não existir vínculo com o possuidor anterior, ou seja, não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior, ou seja, quando nãohá consentimento de possuir precedente.
Posse Derivada: Por sua vez, posse derivada é aquela em que há anuência do anterior possuidor, como na tradição precedida de negócio jurídico, caso em que ocorre a transmissão da posse ao adquirente, pelo alienante, ou seja, necessita de ato ou negócio bilateral entre o possuidor anterior e o posterior, ou quando a lei dispuser dessa forma.
Assim, será derivada a posse quando existir entre as partes, por exemplo, um contrato de compra e venda ou depósito (nesse caso a posse se materializa com a tradição, ou entrega da coisa), pela ocorrência do constituto possessório ou quando houver sucessão, quando uma pessoa substitui outra em determinada situação jurídica.
A aquisição pode se dar por qualquer dos modos em geral, mas sempre a partir de um determinado momento, como, v.g., a apreensão, o constituto possessório ou outro negócio jurídico, a título gratuito ou oneroso, inter vivos ou causa mortis. Vejamos como se divide.
MODO AQUISITIVO ORIGINÁRIO
Podem se dar de duas formas: Apreensão da Coisa e Pelo Exercício do Direito.
A) APREENSÃO OU OCUPAÇÃO: a apreensão ou ocupação consiste na apropriação unilateral da coisa de ninguém, quer abandonada (res derelicta), quer seja sem dono (res nullius); é modo aquisitivo originário da posse, ou seja, não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior;
Res Derelicta: Coisas abandonadas, que já pertenceram a alguém mais foram renunciadas.
Res Nullius: Coisas de ninguém, que nunca pertenceram a alguém. Ex.: Peixe no mar.
Res Deperdicta: Coisa Perdida, coisa que foi perdida por seu posseiro ou proprietário. A coisa perdida tem dono, que apenas está privado de sua posse. Havendo o encontro da coisa perdida e não ocorrendo sua devolução, há o crime tipificado no Diploma Penal, no artigo 169, P. ú. II, ou seja, o delito de apropriação de coisa achada. Segundo o artigo do Código Penal:
" (...) II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou ao legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de 15 (quinze) dias.
Pena- detenção de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa".
Dever de efetivar diligências para encontrar o legítimo dono e de comunicar a autoridade policial:
Art. 1.233 – Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.
O que ocorre após a notícia a autoridade policial sobre a coisa perdida?
Art. 1.237 – Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido.
Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a achou.
Ocorre também a apreensão quando a coisa é retirada de outrem sem sua permissão, embora com violência ou clandestinidade, porque, se o primitivo possuidor não reagir, de imediato, esses vícios desaparecerão (artigos 1.210 e 1.211, ambos do CC/02);
B) EXERCÍCIO DO DIREITO: o exercício do direito (artigos 1.196 e 1.204, ambos do CC/02) consiste na manifestação externa do direito que pode ser objeto da relação possessória. Aqui, a posse é adquirida diante do uso de um direito destinado ao civil, que pode se manifestar das mais variadas formas, desde que não exista entre o atual possuidor e o antigo, um liame pré-existente.
Exemplo clássico é o da servidão. Se constituída pela passagem de um terreno alheio, adquire a sua posse se o dono do prédio serviente permanece inerte pelo prazo de ano e dia.
Obs.: O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente por 10 anos pode conduzir à usucapião (artigos 1.379 c/c 1.242, ambos do CC/02).
Enfim, ter o exercício do direito é poder usá-lo gozando de suas vantagens.
MODO AQUISITIVO DERIVADO
Há aquisição derivada ou bilateral quando a posse decorre de um negócio jurídico, caso em que é inteiramente aplicável o artigo 104, do CC/02. A posse neste caso é transmitida de um possuidor a outrem, e pode se dar de duas formas: por meio da Tradição e da sucessão Inter Vivos ou Causa Mortis.
A) TRADIÇÃO: é a entrega ou a transferência da coisa, pressupondo um acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação, quer a título gratuito, como na doação, quer a título oneroso, como na compra e venda. 
A tradição ocorre nas suas três modalidades: REAL, SIMBÓLICA e FICTA. 
Real: Entrega real do bem, ou seja, quando a coisa for realmente entregue a outrem. Ex.: quando a pessoa entra numa loja e compra uma blusa, e a mercadoria é entregue a ela.
Simbólica: Entrega de algo que simbolize o bem, ou seja, ocorre quando, um ato simbolizar a entrega da coisa. Ex.: quando a concessionária de automóveis entrega as chaves do carro para o adquirente.
Ficta: A tradição ficta, por sua vez, é aquela em que não há qualquer entrega da coisa, porque essa pessoa, já possuía a coisa, e posteriormente, torna-se proprietário. Ex.: Venda de um celular para quem já detinha o comodato do aparelho, ocorrendo à ficta entrega.
OBS.: CONSTITUTO POSSESSÓRIO: O constituto possessório para parte da doutrina é considerado modo isolado de modo aquisitivo derivado da posse, no entanto, a doutrina moderna o coloca dentro da espécie de tradição ficta, em razão da sua natureza.
Nesse caso, a pessoa exerce a posse em nome próprio, mas por ato de vontade, passa a exercê-la em nome alheio. Sai do título de proprietário e passa para a de posseiro.
Esse instituto serve mais uma vez para se evitar a restituição da coisa, para a posterior entrega, sendo uma cláusula que assegura a pessoa a continuar na posse do bem, embora a outro título. É a chamada cláusula constituti. Vale dizer que a referida clausula serve tanto para coisas móveis quanto imóveis, devendo a mesma ser expressa nos contratos, uma vez que não podem ser presumidas.
Exemplo: estou com um familiar doente e preciso vender meu imóvel para pagar as despesas, procuro uma imobiliária que me oferece vários institutos, faço opção por vender e ficar no imóvel como inquilino. 
B) SUCESSÃO DA POSSE: A terceira e última forma de posse derivada é pela sucessão. Haverá sucessão quando uma pessoa substituir a outra em relação ou situação jurídica. Antes de mais nada, é mister identificar as várias espécies de sucessão.
Quanto à causa, a sucessão será inter vivos ou causa mortis.
Sucessão Inter Vivos é a que se opera durante a vida do sucessor e do sucedido, Se adquiro um bem, estarei sucedendo o alienante na titularidade do domínio. Se um invasor desocupa um imóvel, sendo substituído por outro, este estará sucedendo aquele na posse.
Já a sucessão causa mortis é aquela que se realiza entre o morto e seus herdeiros e legatários.
Quanto ao objeto, a sucessão será a título singular ou a título universal.
 A sucessão a título singular ocorre quando o sucessor substitui seu antecessor na titularidade de um ou mais bens ou direitos determinados, especificados. Será a título universal a sucessão quando o sucessor substituir seu antecessor na titularidade de conjunto de bens e direitos indeterminados.
No entanto, não só a sucessão causa mortis poderá ser a título universal ou singular. O mesmo acontece na sucessão inter vivos.
Se doo todo meu patrimônio a uma pessoa, reservando para mim o usufruto de alguns bens para meu sustento, terá havido sucessão inter vivos, a título universal. Todavia, se comprar carro, a sucessão será inter vivos, mas a título singular.
Cuidaremos primeiro da sucessão causa mortis. 
Pode ser tanto a título universal, como a sucessão dos herdeiros, quanto a título singular, como a sucessão dos legatários. Tanto num quanto noutro caso, haverásucessão na posse (successio possessionis).
Por outros termos, a posse se transmite do defunto aos sucessores (herdeiros e legatários), com todos os seus defeitos e vantagens. Se a posse do morto era precária e de má-fé será a posse dos sucessores. Se a posse do de cujus era ad usucapionem, os herdeiros e legatários também terão posse ad usucapionem. Ocorre sucessão na posse, vale dizer, os sucessores continuam a mesma posse de seu antecessor.
É de se acrescentar que a transmissão da posse do morto a seus sucessores opera-se tão logo ocorra à morte. No exato momento da morte, os herdeiros e legatários, ainda que não o saibam, tornam-se automaticamente proprietários e possuidores do patrimônio do defunto, aqueles a título universal, estes a título singular.
Examinemos, agora, a sucessão inter vivos. 
A primeira afirmação sobre ela pode assustar, mas só de início: a sucessão inter vivos não é modo de constituição de posse. Por maior que seja o assombro, tudo se esclarecerá com as devidas explicações.
Na verdade, quando ocorre sucessão inter vivos, a posse se constitui para o sucessor ou pela apreensão, ou pela tradição, ou pelo constituto possessório.
Quando o invasor de um terreno o desocupa, sendo sucedido por outro, a posse se constitui para o segundo pela apreensão da coisa, no caso, o terreno. Não houve, aqui, transmissão da situação de posse do antigo ao novo possuidor.
Se compro um bem, torno-me seu possuidor, não pela sucessão em si, mas pela tradição. A posse se transferiu do vendedor a mim pela tradição da coisa. Se vendo minha casa, continuando a possuí-la como locatário, terei adquirido a posse não pela sucessão, mas pelo constituto possessório.
De qualquer forma, interessam-nos os casos de sucessão inter vivos a título universal e singular, a fim de estudarmos seus efeitos específicos.
Se a sucessão inter vivos for a título universal, haverá verdadeira sucessão na posse (successio possessionis). Vale dizer que, embora não tenha sido a sucessão a causa da constituição da posse, o sucessor continuará a posse de seu predecessor com todas as vantagens e desvantagens. Exemplifiquemos: A doou a B todo seu patrimônio, ficando B com a obrigação de pagar-lhe renda mensal. Supondo que a posse de A sobre certo bem fosse injusta, injusta também seria a posse de B.
Ao contrário, se a sucessão inter vivos for a título singular, não haverá successio possessionis. Poderá haver, no máximo, accessio possessionis, ou seja, acessão da posse. Vale dizer que o sucessor tem a opção de começar posse nova, podendo ou não adicionar à sua a posse de seu antecessor. 
Exemplifiquemos: Se locatário de imóvel vende-lo a terceiro, teremos a seguinte situação: apesar de a venda conter defeito grave, por ser o vendedor agente incapaz na transação (o locatário não pode vender o que não é seu), deu-se sucessão a título singular. Dessarte, passado o tempo necessário, o comprador poderá requerer o usucapião do imóvel. Isto porque não houve sucessão na posse. O comprador começou posse nova, escoimada do elemento que impedia o usucapião. A posse do comprador não era em nome de outrem, como a do locatário, seu antecessor. Se tivesse havido sucessão na posse, o comprador jamais poderia requerer usucapião, por estar apenas continuando a posse do locatário, que não era ad usucapionem. Teria havido sucessão na posse se o locatário morresse, sendo substituído por herdeiro.
Concluindo, sempre que a sucessão for causa mortis, haverá sucessão na posse, por força do artigo 1.206, do CC/02, que reza:
Art. 1.206: A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Estudemos outro exemplo de sucessão inter vivos. Um invasor residiu em certo imóvel por 10 anos ininterruptos, sem qualquer oposição do dono. Decorrido este tempo, abandonou o imóvel. Imediatamente, outro invasor o ocupou, passando nele a residir. O segundo invasor começa posse nova. Não há sucessão na posse, por não se tratar de sucessão mortis causa. De qualquer jeito, transcorridos cinco anos, o novo possuidor poderá unir sua posse à de seu antecessor, requerendo o usucapião extraordinário, como lhe facultam os artigo 1.238 e 1.243, ambos do CC/02. A hipótese é de acessão da posse.
Se o invasor do exemplo acima tivesse morrido, sendo substituído por um herdeiro, este poderia requerer o usucapião após cinco anos, alegando para isso a sucessão na posse.
Simplificando, na acessão da posse, o sucessor pode ou não somar sua posse, que é nova, com a de seu antecessor. Efetuará ou não a soma, de acordo com sua conveniência. Na sucessão na posse, a posse do antecessor continua nas mãos do sucessor: a posse é uma só.
Por fim, para melhor interpretação e entendimento da matéria, cito trecho de Acórdão reconhecendo o direito à partilha da posse, proferido pelo TJRS, vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL. INVENTÁRIO. DIREITOS POSSESSÓRIOS. PARTILHA. POSSIBILIDADE. Os direitos de posse sobre bens imóveis podem ser partilhados em ação de inventário. Inteligência do art. 993, IV, g, do CPC e dos arts. 1.206 e 1.784 do CC. RECURSO PROVIDO, SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. (Apelação Cível Nº 70048421184, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 16/05/2012)993IVgCPC1.2061.784CC
(70048421184 RS , Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Data de Julgamento: 16/05/2012, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 21/05/2012)
VOTOS
Des.ª Liselena Schifino Robles Ribeiro (RELATORA)
Têm razão os recorrentes.
Possível a partilha, em ação de inventário, de direitos de posse sobre bens imóveis, independentemente do título de domínio. Conforme Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, em comentários ao art. 1.784 do Código Civil, “com a morte do autor da herança, a posse e a propriedade dos bens que a compõem transmitem-se desde logo aos herdeiros, sem que haja necessidade nem de intenção de ter como proprietário ou de possuidor (animus), nem de apreensão física da coisa (corpus)” .Ademais, segundo estabelece o art. 1.206 do Código Civil, “a posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres”.[1: Art. 1784 – Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.][2: NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. São Paulo : RT, 2007, 5. ed, p. 465 e 649.]
Deste modo, e considerando que os documentos juntados (fls. 98/107) são suficientes a demonstrar que o imóvel estava efetivamente na posse do falecido, quando da abertura da sucessão, pode ser partilhado em inventário, o que encontra amparo, ainda, no art. 993, IV, “g”, do CPC.[3: Art. 993.  Dentro de 20 (vinte) dias, contados da data em que prestou o compromisso, fará o inventariante as primeiras declarações, das quais se lavrará termo circunstanciado. No termo, assinado pelo juiz, escrivão e inventariante, serão exarados: (...) IV - a relação completa e individuada de todos os bens do espólio e dos alheios que nele forem encontrados, descrevendo-se:(...) g) direitos e ações; ]
Este, aliás, é o entendimento desta Câmara:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. SUCESSÃO. INVENTÁRIO, ARROLAMENTO DE BENS. PARTILHA DE DIREITOS POSSESSÓRIOS. VALOR ECONÔMICO. Os direitos de posse e ações sobre imóvel, ainda que desacompanhados do título de domínio, por possuírem expressão econômica, podem ser partilhados em processo de inventário. Exegese do disposto no art. 993, IV. ‘g’, do CPC. Precedentes. Agravo de instrumento provido. (Agravo de Instrumento Nº 70040421513, Sétima Câmara Cível, TJRS, Relator André Luiz Planella Villarinho, 16/12/2010)
APELAÇÃO CÍVEL. INVENTÁRIO. ARROLAMENTO. PARTILHA DE DIREITOS POSSESSÓRIOS. Os direitos possessórios adquiridos pelo de cujus transmitem-se aos herdeiros, com a abertura da sucessão, mostrando-se cabível a partilha nos autos do inventário, já que possuem valor econômico. Inteligência dos artigos 1.206 e 1.784 ambos do Código Civil. Apelaçãoprovida, de plano. (Apelação Cível Nº 70036912830, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall\'Agnol, Julgado em 04/05/2011)
 Assim, os direitos possessórios devem ser objeto de inventário, a fim de viabilizar a partilha correspondente.
Do exposto, do provimento ao recurso.”
QUEM PODE ADQUIRIR A POSSE
Reza o artigo 1.205, do Código Civil:
A posse pode ser adquirida:
I – Pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante ;
II – Por terceiro sem mandato, dependendo da ratificação.
a) pela própria pessoa que a pretende, desde que se encontre no pleno gozo de sua capacidade de exercício ou de fato e que pratique o ato gerador da relação possessória, instituindo a exteriorização do domínio;
b) por representante legal (pais tutor ou curador) ou procurador, munido de mandato com poderes especiais, do que quer ser possuidor, caso em que se requer a concorrência de duas vontades: a do representante e a do representado; já na representação legal, a vontade do representado está implícita;
Ex.: A forma mais comum de manifestar esse ânimo é a de um mandato que conferimos a outrem para tomar posse de uma coisa em nosso nome ou para gerir uma coisa nossa.
c) por terceiro sem procuração ou mandato, caso em que a aquisição da posse fica na dependência da ratificação da pessoa em cujo interesse foi praticado o ato; tal ratificação terá efeito ex tunc;
Ex.: Gestor de Negócios (art. 861, ss, CC/02). Alguém que cerca uma área e coloca lá um procurador, mas este não cultiva só a área cercada em nome do mandante, senão uma outra circunvizinha. Neste caso, o capataz, não é mandatário para o cultivo da segunda área, contudo, a aquisição da posse desta área pelo titular daquela pode efetivar-se por meio da ratificação, expressa ou tácita. 
A posse do imóvel faz presumir a das coisas móveis que nele estiverem (art. 1.209, do CC/02); trata-se da aplicação do princípio segundo o qual o acessório segue o principal; a presunção é juris tantum e estabelece a inversão do ônus da prova.
DA PERDA DA POSSE
Na realidade, quando se fala em perda da posse, tem-se em vista a perda do direito ou dos direitos de posse, gerados pela situação de posse. Quando se fala em cessão da posse, tem-se vista a desconstituição dessa situação fática. Contudo, a cessação desta implica a perda de todos os direitos a ela inerentes, Na prática, portanto, tanto faz dizer perda ou cessação da posse: cessa a situação de posse e se perde todo e qualquer direito de posse.
O Código Civil de 2002, diferente do seu antecessor, não mais enumera as hipóteses de perda ou cessação da posse. Preocupa-se tão-somente em conceituar a perda, dispondo que se perde a posse quando, embora contra a vontade do possuidor, cessar o poder sobre o bem, qual seja, o uso, fruição, disposição e reivindicação. Em outras palavras, se a posse se caracteriza pelo exercício de um ou alguns desses direitos, deixará de existir quando cessar o exercício desse(s) direito(s), mesmo que contra a vontade do possuidor.
Assim dispõe o atual CC/02, em seu artigo 1.223:
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Pode-se, entretanto, enumerar alguns casos de cessação ou perda da posse. Os principais seriam o abandono, a tradição, a perda ou destruição da coisa e suas colocação fora do comércio e a posse de outrem. Passamos ao estudo de cada um desses casos. Cambada!!
A) Abandono: para configurar o abandono, o sujeito deixa de exercer os atos próprios do titular de forma contínua, demonstrando o profundo desinteresse do possuidor em manter a determinada posse. A perda definitiva, entretanto, dependerá da posse de outrem, que tenha apreendido a coisa abandonada.
Ex.: Tenho uma aparelho de som, no entanto, quero me desfazer dele e o deixo na calçada da minha casa, próximo ao lixo. Isso subtende-se que não mais tenho interesse na posse daquele bem. Assim, quem passar e pegar o aparelho de som, iniciará com a coisa um dos poderes inerentes a propriedade, e com isso, terá a posse do bem e eu a perderei.
Obs.: O abandono nem sempre será efetivado em determinados casos, quando a ausência da presença física representa circunstância natural de sua utilização, como, por exemplo, se tratar de uma casa de praia ou de campo.
B) Tradição: conforme já fora visto a tradição é a entrega da coisa, e caso ela esteja associada à vontade de transferir a posse da coisa, constitui ato de perda da posse por parte de um e aquisição da mesma por parte do outro.
C) Pela Perda da Coisa: Em alguns casos, quando o bem desaparece, torna-se impossível exercer o poder físico em que se concretiza. O caso típico de perda da posse por impossibilidade de detenção é o do pássaro que foge da gaiola, ou da joia que cai no mar (mulherada nessa hora viaja relembrando o filme Titanic, quando o diamante “coração” cai no mar) rsrs.
Vale lembrar a seguinte lição do mestre Carvalho Santos, ao ponderar que, extraviando-se coisa móvel, sua posse vem a desaparecer, verificada a impossibilidade de reencontrá-la, por exemplo: perco meu relógio da marca Cássio (comprei para rimar com meu apelido Tácio = )) dentro de casa, embora não saiba exatamente onde se encontra no momento, não posso considera-lo perdido, juridicamente falando, não chego, por isso, a perder a posse, de modo que, ao acha-lo, não readquiro a posse, apenas continuo a ter a mesma posse, que nunca cheguei a perder. Agora, se a perda se verifica na rua, a situação muda de figura, enquanto à procura do objeto perdido não chego a perder a posse, mas quando desisto da busca, dando por inúteis meus esforços, então perco a posse.
D) Pela Destruição da Coisa: Perecendo o objeto, extingue-se o direito. Assim, pode resultar de acontecimento natural ou fortuito, como a morte de um animal em consequência de idade avançada (natural) ou devido à queda de um raio (fortuito). 
Pode ainda decorrer de fato voluntário do próprio possuidor, ao provocar a perda total do veículo por direção perigosa ou imprudente (em especial na semana de provas, quando o aluno vai ao Bar Brutu’s (Paraíso) e quando sai de carro quase vai para o outro Paraíso), ou ainda, de fato de terceiro, em ato atentatório à propriedade (neste caso, o aluno “bebum” citado colide com o carro de outra pessoa, e neste o bem da PT, que não é o partido do Lula e DIlma, mas sim “Perca Total”). Em todos os casos, deve haver inutilidade definitiva do bem.
E) Pela Colocação da Coisa Fora do Comércio: Por ter se tornado inaproveitável ou inalienável. Pode alguém possuir bem que, por razões de ordem pública, de moralidade , de higiene e de segurança coletiva, passe a categoria de coisa extra commercium, verificando-se, então, a perda da posse pela impossibilidade, daí por diante, de ter o possuidor poder físico sobre o objeto da posse.
Ex.: É a situação do comerciante que tem suas mercadorias apreendidas pelo Poder Público por estarem, por exemplo, sendo comercializadas de maneira ilícita, seja por não possuírem notas fiscais, por estarem vencidas ou estragadas, dentre outros motivos legais.
F) Posse de Outrem: Se outro indivíduo se apossa da coisa, ainda que contra a vontade do legítimo possuidor, haverá para este perda da posse, desde que se firme posse nova por parte de quem o esbulhou.
Ex.: O possuidor que quedar inerte por mais de ano e dia perderá sua posse para o esbulhador. 
Vale lembrar, o desapossamento violento ou clandestino por ato de terceiro da origem a detenção, viciada pela violência e clandestinidade. E assim, cessadas a violência e a clandestinidade, a mera detenção, que então estava caracterizada, transforma-se em posse injusta em relação ao esbulhado, permitindo ao novo possuidor ser mantido provisoriamente, contra os que não tiverem posse melhor. Na posse de mais de ano e dia, o possuidor será mantido provisoriamente, inclusive contra o proprietário, até ser retirado pelos meios ordinários (artigos 1,210 e 1.211,do CC/02 e artigo 924, do CPC).
Resumindo, quando há inércia do possuidor turbado ou esbulhado por prazo de ano e dia, ocorrendo extinção de sua posse em favor de outrem. Enquanto não ultrapassar esse lapso temporal, não haverá a perda da posse de forma definitiva.
G) Perda da Posse de direitos: O melhor é dizer que a expressão posse de direito abrange toda situação legal, por força da qual uma coisa fica à disposição de alguém, que a pode usar e fruir, como se fora à própria. Esta definição é mais abrangente e compreensiva, transcendendo a esfera dos direitos reais, sem, todavia incluir os chamados direitos obrigacionais, que proteção possessória não têm, pois são simples vínculo ligando pessoas nas obrigações de dar, fazer e não fazer alguma coisa.
a) Pela impossibilidade do seu exercício. Art. 1.196 e 1.223 do CC/02: Quando a impossibilidade física ou jurídica de possuir um bem leva à impossibilidade de exercer sobre eles os poderes inerentes ao domínio.
Ex.: A impede o exercício da servidão, por ter tapado o caminho, e o possuidor não age em defesa de sua posse, deixando que se firme essa impossibilidade.
Ex.: quando se perde o direito à servidão, porque o prédio serviente ou dominante foi destruído.
b) Pelo Desuso. art. 1.389, III do CC/02: Ocorre quando a posse de um direito não se exercer dentro do prazo previsto, tem-se por consequência, a sua perda para o titular.
Ex.: o desuso e uma servidão predial por 10 anos consecutivos põe fim à posse do direito.
OBS.: Perda da Posse do Ausente: Perde-se a posse o possuidor que não presenciou o esbulho. (art. 1.224 do CC/02). São as situações:
 
a) quando, tendo notícia do esbulho, o possuidor se abstém de retomar o bem, abandonando seu direito, pois não se mostrou visível como proprietário em razão do seu completo desinteresse.
b) quando tentando recuperar a sua posse, fazendo, p. ex: do esforço imediato ( art. 1.210 parágrafo 1º) for, violentamente, repelido por quem detém a coisa e se recusa, terminantemente a entregá-la.
Vale lembrar, que o dispositivo legal (art. 1.210, CC/02) quer dizer é que a simples ausência não importa na perda da posse, podendo o possuidor, embora ausente, continuar a posse solo animo, ainda que a coisa possuída por ele tenha sido ocupada por um terceiro, durante a sua ausência.
Ausente será aquele que não está presente e não se reconhece o paradeiro para defender sua posse.
Obs.: nesse caso, ele poderá pleitear a ação de reintegração de posse.
PARTE IV
EFEITOS E PROTEÇÃO DA POSSE
Muito tem-se discutido acerca da Posse fornecer poderes para aquele que a detém. E diante desta questão, muitos doutrinadores travam discussões acerca de quantos e quais poderes podem conter a Posse.
De início, afirmamos que a posse possui sim efeitos, sendo estes que lhe imprimem cunho jurídico e a distinguem da mera detenção, e quanto a isso, a doutrina atual não se contrapõe, ou seja, admite que a posse possui poderes. A divergência entre os doutrinadores se verifica tão somente a respeito de sua discriminação.
E qual seria essa discriminação, nobres mancebos?
Para Orlando Gomes, a doutrina civilista é dividida em dois grupos, um formado por juristas e pensadores que atribuem à posse vários efeitos, ou seja, uma pluralidade de poderes, enquanto o outro grupo, é formado por aqueles que enxergam apenas um efeito atinente a posse, qual seja, o de induzir à presunção de propriedade.
Curiosamente, Orlando Gomes se posta ao lado desta última teoria, argumentando que, sendo a posse a exteriorização da propriedade, todos os efeitos dimanam da propriedade que, na realidade, é o único efeito da posse. A meu ver, não é o entendimento mais acertado.
Porém, muitos outros doutrinadores traçaram conceitos e quantidade acerca dos efeitos da posse, chegando a traçar 72 (setenta e dois) efeitos, como fez o Mestre Tapia. Savigny, em análise desses 72 (setenta e dois) efeitos, resumiu que a posse possui apenas dois, quais sejam: a faculdade de invocar os interditos possessórios (ações de proteção à posse) e a usucapião.
A melhor lição, hoje, é reconhecer que a posse possui efeitos, sem contudo numera-los ao extremo, como também reduzi-los drasticamente.
Na atualidade, é harmônico o entendimento de que “a posse produz alguns poderes”, e com base no direito positivo (Código Civil), conseguimos enumerar 5 (cinco) efeitos, os quais se encontram mais evidentes, (lembrando sempre que esse rol pode variar de doutrina para doutrina) sendo eles: 
Proteção Possessória;
Percepção dos Frutos;
Responsabilidade pela Perda ou Deterioração da Coisa;
Indenização pelas Benfeitorias e Direito de Retenção;
Usucapião.
Passamos então a análise de cada um desses efeitos, a iniciar pelo o que demandará mais atenção de Vossas Excelências, cultos e dignos acadêmicos de Direito.
1. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
É considerado o principal efeito da posse, pois reconhece a situação de fato exteriorizada pelo posseiro que exerce poderes atinentes a propriedade, permitindo a conservação da posse junto de ti.
Ela se manifesta de duas formas, pela Legítima Defesa e Desforço Imediato (1ª forma), e pelas Ações Possessórias (2ª forma). Passamos a analisa-las: 
1.1 Legítima Defesa e Desforço Imediato, na qual o possuidor pode manter ou restabelecer a situação de fato por seus próprios recursos (que pode ser interpretado como a autotutela, autodefesa e defesa direta, ou seja, sem intervenção do Poder Judiciário). Artigo 1.210, §1º, do Código Civil.
Legítima Defesa: Será utilizada quando o possuidor se achar presente e for turbado no exercício de sua posse, podendo então agir em defesa direta de sua posse. Somente tem lugar enquanto a turbação perdurar, estando o possuidor na posse da coisa.
Desforço Imediato: Será utilizado quando o possuidor for esbulhado, assim, por meio do desforço ele consegue reagir, em seguida, e retomar a coisa. Aqui o Desforço Imediato é praticado diante do atentado já consumado, mas ainda no calor dos acontecimentos. (pode ser auxiliado por amigos, empregados, podendo até fazer o uso de armas, se necessário).
A expressão “por sua própria força”, constante do artigo supra, quer dizer: sem apelar para a autoridade, para a polícia ou para a justiça.
ATENÇÃO: Os atos de defesa ou de desforço não podem ir além do indispensável à manutenção , ou restituição da posse. Ou seja, os meios devem ser proporcionais à agressão, o excesso pode vir acarretar indenização pelos danos causados em esfera cível, assim como, a responsabilização criminal pela prática do crime tipificado no art. 345, do CPB.
1.2 Ações Possessórias, também conhecidas como “interditos Possessórios”, possibilitam a defesa da posse em Juízo, sendo criadas para este fim. As ações possessórias são divididas inicialmente em ações tipicamente possessórias, que são: Manutenção, Reintegração e Interdito Proibitório. E em ações afins aos interditos possessórios, que são: Ação de Imissão na Posse; Ação de Nunciação de Obra Nova; Embargos de Terceiros e Ação de Dano Infecto.
1.3 Contudo, antes da análise individualizada de cada espécie, necessário se faz abordar alguns PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS que regem tais ações, a saber:
1.3.1 Legitimidade Ativa e Passiva
Ativa: Exige-se a condição de possuidor para a propositura de interditos, ainda que não possua o título da posse. Para qualificar-se juridicamente à propositura de ação possessória, supõe-se antes de tudo a condição de possuidor que o autor tivesse antes do esbulho, ou ainda tenha nos demais casos. 
Passiva: A legitimidade passiva será do autor da ameaça, turbação ou esbulho, assim como do terceiro que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o era, ou seja, de má-fé.
1.3.1.1 Casuísticas da legitimidade passiva:
Menor ou Alienado Mental: Será o encarregado da vigilância (pais, tutores, curadores), se tendo conhecimento do ato, não tiver colocado a coisa em seu status quo ante;
Autor da Ordem: a ação pode ser interposta contra quem praticou o ato ou quem determinoua ordem, pois o possuidor molestado não é obrigado a saber que se trata de representação.
Herdeiro: É legitimado passivo, pois continua de direito a posse de seu antecessor. Quanto ao sucessor a titulo singular, somente irá responder ação de reintegração de posse, se recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era (artigo 1.212, CC/02).
Pessoa Jurídica de Direito Privado: Será esta a parte passiva, e não o seu gerente, administrador ou diretor, se estes não agiram em nome próprio.
Pessoa Jurídica de Direito Público: Também pode figurar em processos possessórios, podendo ainda ocorrer deferimento de liminar, desde que ouvidos os seus representantes. Ex.: Quando o Poder Público desapossa um bem sem o devido processo expropriatório regular, este comete esbulho. Se a obra foi concluída, segundo a jurisprudência o interdito possessório se converte em ação de indenização denominada de desapropriação indireta.
Detentor: Se detentor é quem pratica a ameaça, turbação ou esbulho, deve no processo haver um expediente processual denominado de nomeação à autoria. (art. 62, CPC).
Possuidor Direto: pode valer-se da denunciação da lide em relação ao possuidor indireto (art. 70, III, do CPC).
1.3.2 Fungibilidade dos Interditos
O princípio da fungibilidade das ações possessórias está regulamentado no artigo 920 do Código de Processo Civil, que assim reza:
Art. 920.  A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados.
Isso significa, se a ação cabível for à de manutenção de posse e o autor ingressar com ação de reintegração, ou vice-versa, o juiz conhecerá do pedido da mesma forma e determinará a expedição de mandado adequado ao requisito provado.
É uma aplicação do princípio da mihi factum dabo tibi jus, que significa, “me dê os fatos que lhe dou o direito”.
Obs. Somente se aplica as três ações tipicamente possessórias.
1.3.3 Cumulação de Pedidos
O diploma processual (CPC) permite a cumulação de pedidos, na inicial da ação possessória. Tal regra está disposta no artigo 921, do CPC, in verbis:
Art. 921.  É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
ll - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho;
III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.
Frisa-se que tal cumulação é facultativa e pode ocorrer sem prejuízo do rito especial.
1.3.4 Conversão da Ação Possessória em Ação de Indenização
Permite-se que o possuidor possa demandar a proteção possessória e cumulativamente, pleitear a condenação do réu nas perdas e danos, conforme autoriza o artigo 921, I, do CPC. Isso pode ocorrer, caso aconteça o perecimento ou deterioração considerável da coisa, onde restará apenas a possibilidade de pedir uma indenização.
1.3.5 Caráter Dúplice das Ações Possessórias
Em regra, Autor será aquele que formula o pedido inicial, e o réu, aquele que se opõe ao dito pedido, pleiteando a improcedência da ação.
Quanto as ações possessórias, em alguns momentos, essa ordem inexistirá, ou seja, dependendo da hipótese, qualquer dos sujeitos pode ajuizar a ação contra o outro. Ex.: Em ações demarcatórias e divisórias, uma vez que, qualquer dos consortes poderia tomar a iniciativa e ingressar com a ação.
Interessante caso é o constante da dicção do artigo 922, do CPC, que tornou dúplice o caráter possessório, permitindo que o juiz, independentemente de reconvenção do réu, confira-lhe a proteção possessória, se a requerer na contestação e provar ser o legítimo possuidor, vejamos:
Art. 922.  É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
1.3.6 Distinção entre Juízo Possessório e Juízo Petitório
A ação possessória é o meio de tutela da posse perante uma ameaça, turbação ou esbulho. A sua propositura instaura o juízo possessório, em que se discute o jus possessionis (posse autônoma ou formal). A ação petitória é o meio de tutela dos direitos reais, de propriedade ou outro. Aqui, no juízo petitório, se invoca o jus possidendi (posse casual).
1.4 AÇÕES TIPICAMENTE POSSESSÓRIAS
AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE: Esta ação é cabível quando houver turbação, ou seja, quando já houve violência à posse (ex.: derrubada da cerca, corte do arame, cerco à fazenda, fechamento da estrada de acesso). O possuidor não perdeu sua posse, mas está com dificuldade para exerce-la livremente conforme o exemplo. (vide art. 1.210, parte inicial, do CC/02). 
Objeto da ação: O possuidor pede ao Juiz para ser mantido na posse (01), para que cesse a violência (02) e para ser indenizado dos prejuízos sofridos (03).
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE: Esta ação vai ter lugar em caso de esbulho, ou seja, quando o possuidor efetivamente perdeu a posse da coisa pela violência de terceiros. 
Objeto da ação: O possuidor pede ao Juiz que devolva o que lhe foi tomado. O possuidor pede ao Juiz para ser reintegrado na posse.
Ex.: Pessoa que é desapossada do bem sobre o qual possui a posse, e não consegue a recuperação da mesma por meio do desforço imediato, abre-se a ela a possibilidade de ingressar em juízo visando ser reintegrada na posse.
1.4.1 Requisitos e Procedimentos das Ações de Manutenção e Reintegração da Posse
Como as duas ações acima são tratadas na mesma seção do estatuto processual (e até por isso estudar o seus procedimentos não faz parte de nossa matéria, mas sim, de direito processual civil), analisaremos de forma breve a sua instrumentalização junto a um processo, ou seja, como a mesma se desenvolve, suas etapas, tudo de forma resumida.
Previsão Legal: A previsão legal dessas duas ações estão elencadas nos artigos 926 a 931, do CPC.
Requisitos: Para que essas ações acima sejam interpostas, o autor deve, obrigatoriamente, comprovar certos requisitos essenciais, que possibilitarão o manejo, desenvolvimento processual e ao final, um pronunciamento judicial favorável, e que atenda a sua pretensão inaugural.
Tais requisitos encontram-se elencados no artigo 927, do CPC, que reza:
Art. 927. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração.
I – POSSE: Compete o Autor provar a posse que detém para com a coisa, ou seja, deve preencher os requisitos que exigem o artigo 1.196, do CC/02, e não o do artigo 1.198, do CC/02.
Obs.: A pessoa que adquire um imóvel e obtém a escritura definitiva, mas não a posse, por exemplo, porque o vendedor a retém, não pode socorrer-se da ação possessória, porque nunca teve a posse. Neste caso, a ação apropriada será a de imissão na posse.
Diferente será, diante de outro exemplo, se a situação apresentada o vendedor transfira a propriedade e a posse na escritura, contudo, não a entrega de fato. Aqui, não é cabível a imissão na posse, conforme exemplo acima, mas a ação de reintegração de posse, pois houve a transmissão de posse por meio de escritura pública (transmissão de posse por ato inter vivos), sendo denominada de posse civil ou jurídica, mesmo que nunca tenha contato físico com o bem.
Obs.: A ausência da demonstração da posse acarreta a improcedência da ação, e não a extinção do processo sem julgamento do mérito.
II – DEVE DEMONSTRAR QUE VEM SOFRENDO TURBAÇÃO OU ESBULHO PELO RÉU: 
Para tanto, devemos saber o conceito de cada elemento, ou seja, em que consiste cada um.
TURBAÇÃO: É todo ato que impeça/embaraça o livre exercício da posse, podendo ser todo fato material ou todo ato jurídico que direta ou indiretamente constitui ou implica uma pretensão contrária à posse de outrem.
A turbação é menor que o esbulho, pois não tolhe por inteiro ao possuidor o exercício do poder fático sobrea coisa, mas embaraça-o e dificulta-o, embora, sem chegar à consequência extrema de impossibilitação.
A turbação pode ser dividida em: Direta e Indireta. Por turbação direta entende-se como a comum, a que se exerce imediatamente sobre o bem, como, por exemplo, o corte de uma árvore ou a abertura de um caminho sobre a propriedade de outrem. Por sua vez, a turbação indireta, é aquela que é exercida por atos externos, mas que repercute sobre a coisa possuída, como, por exemplo, se em virtude de manobras do turbador, o possuidor não consegue inquilino para o prédio.
ESBULHO: Consiste no ato pelo qual o possuidor se vê privado da posse mediante violência, clandestinidade ou precariedade. Acarreta, pois, a perda da posse contra a vontade do possuidor.
O esbulho é o mais grave das ofensas, porque despoja da posse o esbulhado, retirando-lhe por inteiro o poder de fato que exercia sobre a coisa e tornando assim impossível a continuação do respectivo exercício.
Obs.: Há grande controvérsia no momento de identificação do esbulho ou turbação, na prática, por parte da doutrina, ou seja, suponhamos que determinado cidadão esbulha parcialmente a posse de outrem, na ordem de ingresso da ação, posso tanto supor que houve um esbulho parcial ou apenas uma turbação, já que continuo na posse do bem. Contudo, tal questão não é de tamanha preocupação, haja vista que, diante do princípio da fungibilidade das ações possessórias (art. 920, do CPC), a parte não saíra prejudicada, caso o entendimento do magistrado é diverso do autor.
III - A DATA DA TURBAÇÃO OU DO ESBULHO: O terceiro requisito consiste na contagem do prazo em que ocorreu a turbação ou esbulho. É de trivial importância, pois através dele que possibilitará a escolha correta do rito a ser adotado, vejamos o porquê.
A depender do lapso temporal, o rito a ser adotado inicialmente será diferente, e poderá trazer consequências práticas a pessoa que vem sofrendo o esbulho e a turbação.
Isso porque, se do ato de turbação e esbulho contar com até um ano e dia, o rito inicial a ser adotado é o Especial, com possibilidade de pedido liminar de manutenção ou reintegração na posse. Ultrapassado esse prazo, ou seja, caso do ato da turbação ou esbulho decorra mais de um ano e dia, o rito a ser adotado será o Ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório (artigo 924, do CPC).
Com a dicção do artigo 924, do CPC, significa dizer que, embora ultrapassado o prazo de um ano e dia, poderei ainda ingressar com uma ação possessória, contudo, com a única alteração relativa ao descabimento da concessão de medida liminar.
Obs.: O prazo de ano e dia é DECADENCIAL, portanto, fatal e peremptório, não suspende, nem pode ser ampliado ou reduzido pelas partes.
- Ação de Força Nova e de Força Velha
É diante deste prazo de ano e dia que se estabelece a distinção entre as ações de Força Nova e Força Velha, que na verdade é apenas um gênero adotado para possibilitar a escolha do rito que a ação possessória de manutenção e reintegração de posse deverão correr. 
A Ação de força nova é a intentada dentro do prazo de um ano e dia da turbação ou esbulho, e neste caso o procedimento inicial é especial, segundo o art. 924, primeira parte, do CPC. Quanto à ação de força velha, será aquela intentada após esse prazo de um ano e dia da turbação ou esbulho, sendo que neste caso o procedimento é ordinário, embora a ação não perca seu caráter possessório, segundo o mesmo art. 924, parte final, do CPC. 
ATENÇÃO: Na verdade, hodiernamente, todas as ações possessórias, tanto as de força nova como as de força velha, seguem o rito ordinário (art. 282 a 565, do CPC), depois de oferecida a contestação, conforme proclama o artigo 931, do CPC.
Ou seja, se contar com menos de um ano e dia da turbação ou esbulho, a parte ingressa com a uma ação de manutenção ou reintegração da posse, que no caso, será da modalidade Força Nova, com isso, o Juiz deverá analisar a ação por meio do rito especial previsto nos artigos 926 a 931, do CPC, podendo conferir a liminar. Após a oferta de contestação, encarra-se o rito especial, e o processo passa a tramitar no rito ordinário, conforme diz o artigo 931, do CPC, in verbis: “Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento ordinário.” Ou seja, após a contestação, deve ser analisado o rito ordinário.
Por fim, é importante a prova da data da turbação e do esbulho, para eventual contagem acerco do prazo de prescrição destas ações possessórias, que é de 10 (dez) anos (art. 205, CC/02).
IV - A CONTINUAÇÃO DA POSSE, EMBORA TURBADA, NA AÇÃO DE MANUTENÇÃO; A PERDA DA POSSE, NA AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO: 
Deve o autor provar, na ação de manutenção de posse, a sua posse atual, ou seja, que apesar de ter sido molestado, ainda a mantém, não a tendo perdido para o réu. Se não mais conserva a posse, por haver sido esbulhado, terá de ajuizar ação de reintegração de posse, como já mencionado.
1.5 PROCEDIMENTO DAS AÇÕES DE MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO DA POSSE:
É matéria ligada ao curso de processo civil, contudo, de modo breve, passaremos a analisar como se desenvolve tais ações possessórias:
Ação de Força Nova: 
1º - Petição Inicial: A petição inicial deve obedecer o que dispõem os artigos 921, 927 e 928 c/c art. 282 do CPC.
2º - Liminar: Se houver prova pré-constituída da presença dos requisitos legais (prova literal) cabe deferimento da medida liminarmente “inaudita altera pars”. O réu pode manifestar agravo de instrumento contra essa decisão liminar.
Se não houver prova pré-constituída, os fatos mencionados no artigo 927, do CPC, faculta-se ao autor, a justificação prévia devendo o réu ser citado para comparecer a audiência de justificação. Nessa hipótese, o juiz não defere de plano o mandado liminar.
Na audiência o autor produzirá prova testemunhal podendo o réu, por meio de advogado contraditar as testemunhas e formular perguntas. Entende-se que o réu não pode produzir prova oral nesta audiência. Não estamos diante de audiência de instrução e julgamento colhendo-se a prova apenas para fornecer ao juiz elementos para a apreciação do pedido de liminar.
Se for acolhida da justificação, o juiz determinará a imediata expedição do mandado de reintegração ou de manutenção. Rejeitada a justificação, a medida liminar será negada prosseguindo-se com a instauração de contraditório.
ATENÇÃO: Por conta do interesse público que as detém, contra Pessoa Jurídica de Direito Público (direito público externo e entes autárquicos), deverá ocorrer necessariamente a audiência prévia com os respectivos representantes judiciais. (art. 928, do CPC).
3º - Recurso Cabível: A decisão que denega medida liminar é interlocutória, uma vez que não põe fim ao processo. É, portanto, atacável por agravo, retido ou de instrumento (artigo 522, do CPC).
4ª – Execução da Decisão Concessiva Liminar: A execução da decisão liminar positiva se faz mediante expedição de mandado a ser cumprido por oficial de justiça. No caso de reintegração de posse, nem chega existir citação do réu para que desocupe o imóvel em determinado prazo, mas sim, a ordem para a expulsão do réu ou de qualquer pessoa que se encontre no imóvel litigioso.
5º - Contestação e Procedimento Ordinário: Ultrapassada a primeira fase, em que o juiz decide sobre a concessão ou não da liminar, a parte contrária é citada para no prazo de 15 (quinze) dias contestar a ação, e partir daí a ação possessória assume feição contenciosa, passando para o rito ordinário.
6º - Execução da Sentença: A execução da sentença se faz mediante a expedição, de plano, de mandado. O réu aqui não é citado para entrega a coisa no prazo de lei, mas sim, há uma emissão de ordem do magistrado para que o oficial de justiça expulse imediatamente o esbulhador e reintegre na posse o esbulhado, pois a própria ação possessória tem força executiva, não existindo instância executória.
Ação de Força Velha:
Obedecerá o rito ordinário, sem que a ação perca seu caráter possessório (art. 924, do CPC).
1.6 DO INTERDITO PROIBITÓRIOÉ uma ação preventiva usada pelo possuidor diante de uma séria ameaça a sua posse. Possui caráter preventivo, pois visa a impedir que se concretize uma ameaça à posse. Assim, se o possuidor está apenas sofrendo uma ameaça, mas se sente na iminência de uma turbação ou esbulho, poderá evitar, por meio da referida ação, que venham a consumar-se.
Ex.: Os jornais divulgam que o MST vai invadir a fazenda X nos próximos dias. O dono (ou possuidor, ex.: arrendatário/locatário) da fazenda ingressa então com a ação e pede ao Juiz que proíba os réus de fazerem a invasão, sob pena de prisão, e sob pena de multa em favor do autor da ação.
Deve restar claro que, se torna extremamente tormentoso afirmar se ato é turbação, esbulho ou simples ameaça. Não é qualquer receio que constitui ameaça suscetível de ser tutelada por meio da ação de interdito proibitório. Faz-se mister que o ato, objetivamente considerado, demonstre aptidão para provocar receio numa pessoa normal, um homem médio.
1.6.1 REQUISITOS: Para que possibilite o manejo do Interdito Proibitório, o autor deverá demonstrar a existência de três requisitos, sendo eles: a) posse atual do autor; b) ameaça de turbação ou esbulho por parte do réu e, c) justo receio de ser concretizada a ameaça.
Analisaremos cada um:
a) Posse atual do autor: Aqui, competirá o autor demonstrar que se encontra na posse atual da coisa, seja ela direta ou indireta. Isso porque, caso o autor tenha perdido a posse, por ter se consumado a ameaça, o instrumento processual apropriado será outro, qual seja, a ação de reintegração de posse.
b) Ameaça de turbação ou esbulho: Como dito linhas acima, não será qualquer ameaça que ensejará a propositura do interdito proibitório. Posto que, é necessário que tenha havido um ato que indique certeza de estar à posse na iminência de ser violada.
Ex.: Autor da ação que vem sendo ameaçado pelo réu, que afirma destruir qualquer coisa que venha o autor edificar, já tendo o réu, em outra oportunidade, derrubado um muro que o autor edificou em dito imóvel.
Ex.: Interposição do interdito proibitório por determinado Banco, contra sindicato de empregados em estabelecimento bancário que, em face de movimento grevista, cerceou o acesso de clientes e funcionários ao recinto de agência bancária, o que caracteriza ameaça de turbação, reconhecida pela inequívoca intenção de impedir a continuidade do efetivo exercício da posse. (STJ, RT, 771/193). O que visa à ação? Objetiva que durante o período de greve dos bancários, seja assegurado aos funcionários não grevistas e clientes o acesso às agências bancárias e prédios administrativos.
c) Justo receio de ser concretizada a ameaça: Aqui, para a jurisprudência, não basta a violência provável, porque o Código, exigindo que seja iminente, exige mais alguma coisa, que a violência seja quase certa diante das circunstâncias, dos indícios existentes traduzidos em atos que não tenham outra explicação senão a próxima violência a ser perpetrada. (RT, 175/259). Ou seja, é por meio de circunstâncias de fato e concretas, pela seriedade e sua capacidade e aptidão, que este terceiro requisito será preenchido.
Obs.: O segundo e terceiro requisito se entrelaçam, ou seja, estão tecnicamente ligado um ao outro.
1.6.2 COMINAÇÃO DE PENA PECUNIÁRIA: Como forma de evitar a concretização da ameaça. Deve ser pedida pelo autor em sua inicial, sendo fixada pelo magistrado, em montante razoável, que sirva para desestimular o réu de transgredir o veto, mas não ultrapassa, excessivamente, o valor do dano que a transgressão acarretaria ao autor.
Obs.: Quem indica o valor da pena pretendida é o autor. Na ausência de pedido expresso, deve o juiz mandar emendar a inicial, para que o autor se pronuncie acerca da pena. Nem por isso fica o juiz adstrito a essa avaliação, podendo reduzi-la, mas não aumenta-la.
1.6.3 PROCEDIMENTO: Será sempre especial o procedimento do interdito proibitório, por ser descabido falar-se, em relação a ele, em força velha, pois ameaça de ofensa à posse é necessariamente a atual. Dessa forma, no interdito proibitório a ação é de força nova, pois a ameaça de turbação ou de esbulho é sempre atual, no sentido de ainda não concretizada.
1.6.4 CONVERSÃO EM MANUTENÇÃO OU REINTEGRAÇÃO: Caso durante a ação do interdito proibitório, verifica a moléstia à posse, transmuta-se automaticamente o interdito proibitório em ação de manutenção (turbação) ou reintegração da posse (esbulho), bastando apenas que a parte comunique este novo fato ao magistrado. 
Assim, se a ameaça vier a se concretizar, a parte levará ao conhecimento do magistrado, o qual concederá a medida liminar apropriada e prosseguirá no rito ordinário. Todavia, o contrário não é possível, ou seja, ajuizada a ação de manutenção ou reintegração, não há mais lugar para ser intentado o interdito proibitório, por falta de interesse de agir.
1.6.5 LIMINAR: Provado o justo receio de turbação ou de esbulho possessório, o Juiz poderá, de forma inaudita altera parte, ou quando não demonstrado cabalmente seus requisitos, mediante justificação prévia pelo autor, poderá conceder mandado proibitório, com a cominação de pena pecuniária (arts. 250 e 251 do CC – obrigação de não fazer). 
Contestada no prazo de 15 dias, assim como as demais, o interdito proibitório seguirá o rito ordinário (art. 931 c/c o art. 282 e s/s do CPC).

Continue navegando