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FILME ELSA E FRED

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JÚLIA SANTOS DE FARIA
FILME “ELSA E FRED” E A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ
POUSO ALEGRE – MG
2018
JÚLIA SANTOS DE FARIA
	
FILME “ELSA E FRED” E A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO
Trabalho apresentado à disciplina de Psicogerontologia, do curso de psicologia, da Faculdade de Ciências Médicas Doutor José Antônio Garcia Coutinho, da Universidade do Vale do Sapucaí. 
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ
POUSO ALEGRE – MG
2018
FILME “ELSA E FRED” E A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO
O filme “Elsa e Fred” retrata a história da vida de dois idosos e focaliza o tema do envelhecimento em suas diversas vertentes, incluindo o envelhecimento ativo, contribuindo de forma efetiva com a assimilação do conteúdo proposto na disciplina de Psicogerontologia. 
De acordo com Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) (2005), o envelhecimento ativo é o processo que consiste em melhorar a qualidade de vida das pessoas na medida em que eles ficam mais velhas. Possibilita que os indivíduos enxerguem seus potenciais para o desenvolvimento do bem-estar físico, social e mental durante a vida e que se envolvam na sociedade conforme seus desejos, capacidades e necessidades (OPAS, 2005).
No processo de envelhecimento ativo, o papel da gerontologia e da psicogerontologia se fazem importantes. Segundo Ayama e Feriancic (2014), a gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento humano, tanto em seus aspectos biológicos e clínicos, como também sociais, psicológicos, econômicos e históricos em que esse processo se dá. Além disso, essa ciência é multi e interdisciplinar, que conta com especialistas de vários campos do conhecimento para criar, organizar e planejar projetos que tem como objetivo atender às necessidades globais do idoso. A psicogerontologia, por sua vez, é um campo diferenciado dentro da gerontologia. Ela trata da saúde psíquica do indivíduo que envelhece, de modo a integrar os diversos saberes da saúde mental como, por exemplo, a psicologia, psicanálise, neurociência e teoria cognitiva, objetivando a prevenção, reabilitação e a assistência.
As perspectivas psicoterápicas podem ajudar os idosos no restabelecimento de seu equilíbrio depois de enfrentarem períodos de distúrbios emocionais que surgem após a viuvez, aposentadoria, doenças limitantes ou outros momentos de crise. Pode ser que, por questões culturais, a mulher ainda é quem mais apela a esse tipo de ajuda psicoterápica, principalmente pela preocupação com os filhos, pelos cuidados com os netos ou para resolver conflitos conjugais. No filme, “Elsa e Fred”, a questão sobre processos psicoterápicos não foi abordada, no entanto abordou, de forma divertida, a percepção de dois idosos, Elsa e Fred, sobre a velhice e como que eles encaram, de maneiras diferentes, questões relacionadas como a aposentadoria, doenças, questões emocionais e viuvez, que se fazem tão presentes na contemporaneidade. 
Fred é um senhor com quase 80 anos que se muda para um novo prédio, logo após ficar viúvo, e conhece sua vizinha também com quase 80 anos. Ela, que sofre de grave doença, é muito comunicativa, ativa, otimista, criativa, esperta, disposta, energética e ainda motorista que tenta viver intensamente cada dia, enquanto Fred é um hipocondríaco, triste, reservado, com pouca disposição, sério e quieto. Mesmo com essas diferenças, e pela insistência de Elsa, essas diferenças são superadas e juntos redescobrem o prazer de viver, a cumplicidade e a amizade. Na obra cinematográfica, pode-se perceber que Elsa vivia um processo de envelhecimento ativo, pois estava envolvida na sociedade conforme seus desejos, capacidades e necessidades e ainda gozando do seu bem-estar social, mental e também do físico apesar de sua doença.
Fred, no entanto, pode-se dizer que, até o começo do filme, não passava pelo mesmo processo ativo que Elsa, sendo considerado literalmente como velho. Segundo Ferreira (2000), a palavra “velho” significa muito idoso, antigo, gasto pelo tempo, experimentado, veterano, que há muito tempo exerce uma profissão ou tem certa qualidade, desusado, obsoleto. Nesta breve definição, percebem-se os vários sentidos negativos da palavra velho como algo descartado, já ultrapassado e fora de moda.
Fred representa milhares de idosos homens na vida real. Muitos apresentam sentimentos de incapacidade, improdutividade, tristeza e até depressão após a aposentadoria, por exemplo. Essa problemática está muito relacionada com a questão cultural sobre o trabalho na sociedade. A mulher, por sua vez, tem as suas questões existenciais, no entanto a incidência de depressão é menor que a nos homens, justamente pela sociedade não cobrá-la tanto para um trabalho fora do lar. Outra questão na qual Fred representa muitos idosos, é a dificuldade de superar o luto. No filme, no entanto, Elsa, por meio de seu otimismo e alegria, colocou um espaço de acolhimento e elaboração para que Fred pudesse transformar seu sentimento em abertura, e passasse a se permitir experienciar o novo. Na velhice, principalmente, a viuvez pode gerar diversas complicações. Perder o parceiro com quem a pessoa dividiu muitos anos de sua vida, pode levar a processos degenerativos, como depressão e outros transtornos. Muitas vezes quando há a morte de um dos cônjuges a família destitui o lugar daquele que está vivo, e dá pouco espaço para que o indivíduo possa elaborar seu sofrimento e ressignificar sua vida futura.
Além do exposto, a obra cinematográfica, aborda diversos aspectos tabus e preconceitos com o processo de envelhecimento. O filme faz nós refletirmos, que hoje, em nossa sociedade, um dos preconceitos que mais prevalece é a questão da velhice ligada à morte; com uma representação negativa de que os idosos estão próximos do fim, a intervenção se tornaria inútil. Outro preconceito diz respeito à passividade, isto é, as pessoas idosas teriam pouca disponibilidade emocional e pouca capacidade para aprender. Nesse caminho, inclui-se, ainda, a ideia de que nessa etapa da vida, Tanatos (pulsão de morte) supera Eros (pulsão de vida) e os desejos vão se esvaindo (Ayama & Fereiancic, 2014). No entanto, Elsa vem nos mostrar que é uma pessoa ativa, sempre disposta a aprender, experenciar novas emoções e desejos.
Um funcionamento inadequado da psique pode causar tremendos prejuízos ao corpo, da mesma forma que, inversamente, um sofrimento corporal pode afetar a psique; pois a psique e o corpo não estão separados, mas são animados por uma mesma vida. Assim sendo, é rara a doença corporal que não revele complicações psíquicas mesmo quando não seja psiquicamente causada (Ramos, 2006). Diante desse fato, podemos pegar o modelo de Fred, idoso saudável biologicamente, mas que dependia de vários remédios; era hipocondríaco. 
No entanto, é preciso admitir que o processo de envelhecimento é irreversível, no qual ocorrem transformações funcionais e estruturais em todos os indivíduos. A negação da própria velhice mobiliza a onipotência e ofusca a percepção de que envelhecer pode ser também uma possibilidade de existência. (Ayama & Fereiancic, 2014). Muitas vezes, é difícil do idoso perceber o momento em que ele se perde do contato com o próprio corpo e depois ele não consegue reintegrar sua autoimagem. Com frequência, as pessoas idosas dizem que “a velhice é muito feia”. No filme, Elsa mesmo chegou a falar para o espelho: “olá estranha”, isso mostra como ela havia mudado fisicamente, aponto de não mais se reconhecer, pois a pele dela estava flácida e com rugas. Essa imagem repulsiva é apreendida como o avesso de uma imagem ideal, e quando o ideal fracassa, revela-se a “feiúra” ou o “tempo do espelho quebrado”, que, para a mulher, pode ser a entrada na menopausa (quando termina a época reprodutiva) e, para o homem, o aparecimento de efeitos somáticos, quando ele entrega ao filho a sucessão de seus negócios (Ayama & Fereiancic, 2014). 
De acordo com Ayama e Fereiancic(2014), o envelhecimento traz a consciência de finitude, junto a limitações corporais profundas que colocam um sentimento de “desagregação” no ser que envelhece. A identidade pode sofrer desequilíbrio (pelas mudanças físicas e psíquicas) e, em casos mais graves, precipitar demências.
A autoestima pode ser abalada pelas mudanças e dificuldades adaptativas e o investimento de prazer no corpo passa a ser secundário ou inexistente. A atenção ao corpo só existe quando ele dói. Frases como “Eu quero fazer tantas coisas, mas meu corpo não deixa”, “O joelho não me deixa andar” ou “As pernas já não me obedecem” são frequentemente ouvidas nos consultórios médicos. O corpo não faz parte de um ser total, transforma-se em uma entidade (Ayama & Fereiancic, 2014). 
Os transtornos decorrem do grande esforço interno em conseguir uma satisfação existencial e uma adaptação às constantes brigas entre o tempo e a realidade. O medo se instala e o tempo torna-se persecutório: “Há tanto para ser feito, mas o tempo está acabando”. Os sentimentos internalizados sobre a velhice podem ser desfavoráveis ao psiquismo do idoso. O registro social depende da forma como a sociedade “enxerga” seus velhos, das condições de vida e de trabalho a qual a sociedade submete seus integrantes. No filme “Elsa e Fred” é possível perceber, por exemplo, que as famílias dos dois idosos reprovam atitudes e formas de viver que, para eles, “velhos” não poderiam fazer ou viver. A pessoa idosa internaliza o registro intelectual como falha de memória, dificuldade de concentração, orientação e aprendizado. O aposentado sente-se um indivíduo improdutivo. Funcionalmente, ele se vê sem autonomia e sem independência (Ayama & Fereiancic, 2014). 
Para algumas pessoas, o balanço entre perdas e aquisições (investimentos que se fazem em relação a outras pessoas, objetos, situações, lazer e manejo de questões existenciais) é um importante parâmetro para configurar a entrada na velhice. Frequentemente, o que marca o envelhecimento é um desequilíbrio, uma ruptura entre as aquisições e as perdas (morte, tombo, fratura, etc.). Essa percepção nem sempre coincide com a idade cronológica avançada; exemplo disso é o que pode acontecer a muitos indivíduos no momento da aposentadoria (Ayama & Fereiancic, 2014). 
Segundo Viorst:
[...] perdemos, não só pela morte, mas também por abandonar e ser abandonado, por mudar e deixar coisas para trás e seguir nosso caminho. E nossas perdas incluem não apenas separações e partidas dos que amamos, mas também a perda consciente ou inconsciente de sonhos românticos, expectativas impossíveis, ilusões de liberdade e poder, ilusões de esperança – e a perda do nosso próprio eu jovem, o eu que se julgava para sempre imune às rugas, invulnerável e imortal (Viorst, 1988, p. 292).
Ainda segundo Ayama e Fereiancic (2014), mesmo admitindo que as perdas fazem parte do ciclo de vida e dos processos de transformação (criança, adolescente, adulto, velho), na velhice, quando a relação entre o tempo vivido e o tempo futuro é menor, as sensações de declínio físico, ansiedade, impotência, tristeza e depressão se intensificam. 
Alguns idosos com melhores condições de adaptação não manifestam transtornos emocionais diante das perdas marcadas pelo envelhecimento, como no caso de Elsa, no filme. Nesse momento, é preciso que as perdas e os ganhos sejam relativizados e ressignificados. Se os desequilíbrios forem temporários, podem dar origem a situações mais significativas, proporcionando formas mais gratificantes e conscientes de viver, elaborando-se as perdas, ajustando-se às novas realidades e reposicionando-se emocionalmente perante a vida (Ayama & Fereiancic, 2014).
REFERÊNCIAS
Ayama, S., & Fereiancic, M. M. (2014). Fundamentos de gerontologia. In Mendes, T. A. B. (Org.). Geriatria e gerontologia. Barueri, SP: Manole.
Ferreira, A. B. H. (2000). Miniaurélio século XXI escolar: o minidicionário da Língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Organização Pan-Americana da Saúde. (2005). Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Recuperado em 24 agosto, 2010, de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf
Ramos, D. G. (2006). A psique do corpo: a dimensão simbólica da doença. São Paulo: Summus. 
Viorst, J. (1988). Perdas necessárias. São Paulo: Melhoramentos.

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