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112011_EO Modelo Japonês

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Relações de Trabalho no Japão: 
impactos de transformações sócio-econômicas recentes1
 
 
Armindo dos Santos de Sousa Teodósio2
Marcelo Gouvêa Teixeira3
 
Introdução 
 
 As últimas décadas têm sido pródigas em transformações econômicas e 
sociais em nível mundial. Paralelamente ao avanço de tecnologias microeletrônicas, 
assiste-se à uma crescente globalização dos mercados. A correlação entre limites 
político-geográficos e fronteiras econômicas não se verifica mais, fazendo com que o 
mercado se apresente às organizações como uma realidade extremamente complexa e 
competitiva. 
 
 A inserção nos negócios globais demanda não apenas altos índices de 
produtividade, padrões elevados de qualidade, aprimoramento tecnológico, entre 
outros, mas sobretudo capacidade de interação com novos agentes econômicos. 
Conhecer suas seus padrões de comportamento e suas realidades sócio-culturais 
torna-se prerrogativa básica para a identificação de oportunidades, potenciais 
concorrentes e parceiros, formação de alianças, observação de experiências e 
trajetórias,etc. 
 
 Nesse sentido, o Leste Asiático vem se consolidando tanto como a 
região estrategicamente mais relevante em termos de comércio e fluxo de capitais 
internacionais, para a qual têm convergido as atenções e interesses das grandes 
potências econômicas4, quanto a que mais desafios à compreensão de sua dinâmica 
sócio-econômica e de suas organizações tem colocado para teóricos e homens de 
negócio ocidentais. 
 
 Dentre as experiências nacionais asiáticas, o caso japonês destaca-se 
como um dos mais importantes objetos de estudo. Quer seja por seu peculiar arranjo 
institucional, sua inserção na economia do Leste da Ásia, as características de suas 
organizações e suas práticas de gerenciamento ou mesmo pelo verdadeiro furor que 
vem causando entre os países do ocidente5, o Japão tem despertado intensos debates 
tanto nos meios acadêmicos quanto empresariais. 
 
1 TEODÓSIO, A. S. S.; TEIXEIRA, M. G. Relações de Trabalho no Japão: impactos de 
transformações sócio-econômicas recentes. In: Anais do XX Congresso Lationoamericano de 
Sociologia da Associação Latinoamericana de Sociologia. Cidade do México – México: ALAS, 
outubro de 1995. 
2 teodosio@pobox.com; www.teodosio.xpg.com.br; www.armindoteodosio.blogspot.com. 
3 marcelo.teixeira@saude.mg.gov.br . 
4International Journal of Strategic Management (1995) e Businees Week, (1995d). 
5A rápida trajetória japonesa de desenvolvimento econômico no pós-guerra, aliada à penetração de 
suas organizações nas economias ocidentais disseminou a idéia do Japão como “The Number One”, 
despertando sentimentos como o de que “o mundo ‘livre’está drogado pela tecnologia japonesa” (Nora, 
1992) ou de que “o desejo predominante do Japão é conquistar o mundo” (The Economist/Gazeta 
Mercantil, 1992). 
 
 2
 
 Seu estudo torna-se mais atrativo e relevante a partir do momento em 
que inúmeras transformações começam a se manifestar e exigir dos atores que 
construíram a trajetória de sucesso japonesa respostas face à novas realidades sociais, 
econômicas e institucionais. Este trabalho pretende, a partir da discussão desse 
cenário, contribuir para um avanço compreensivo acerca da natureza das relações 
consolidadas no seio da economia e sociedade japonesas. 
 
 
Marco Teórico 
 
• Cultura Organizacional 
 
 Alguns autores, como destaca Rodrigues (1995a), têm associado a 
recente retomada da noção de cultura organizacional nos estudos administrativos ao 
grande êxito alcançado pelas empresas japonesas, simultâneamente ao declínio da 
indústria americana. Revelando dimensões coletivistas, que se chocavam com a 
crescente ênfase na autonomia, auto-realização, crescimento individual das 
sociedades ocidentais, as organizações asiáticas despertaram o interesse por sua 
significativa orientação em torno do consenso e do comprometimento. 
 
 Buscando não apenas a compreensão da cultura dessas organizações, 
mas sua “aprendizagem e aplicação” (no ocidente), surgiram estudos assentados na 
idéia de cultura corporativa. Tal enfoque pretende conciliar dimensões racionais e/ou 
econômicas das organizações com seus aspectos subjetivos e emocionais. Dessa 
forma, concebe-se a gestão tanto do mundo material quanto do simbólico - 
imprevisível e intangível - no ambiente organizacional. (Rodrigues, 1991) 
 
 Gerir o simbólico significa produzir e moldar a cultura. Na visão 
corporativa as organizações têm estilo de vida e cultura próprios. Tem-se com isso 
uma “abordagem intervencionista que procura conciliar as necessidades do indivíduo 
com as exigências da organização” (Rodrigues, 1991, p. 56) como forma de se 
alcançar maior produtividade e eficiência econômica. Para tanto, são construídos 
significados compartilhados através de símbolos, rituais, mitos e heróis. A gerência 
assume um caráter ideológico, na medida em que, valendo-se desses símbolos, cria 
“justificativas ou racionalidades” para as ações organizacionais. 
 
 No entanto, Rodrigues (1995a) chama a atenção para o fato dessa 
abordagem superestimar o potencial de uma cultura organizacional “forte” em gerar 
significados para a identidade dos indivíduos, promover a integração e consolidar um 
estado de homogeneidade cultural. 
 
 Deve-se ter em mente, segundo a autora, que cultura organizacional é 
um “espaço” multifacetado e em contínua construção, onde se alocam posições de 
poder entre vários grupos, em disputa pela prevalência de seus valores e crenças na 
 
 
 
 
 3
esfera da representação organizacional. Além disso, pode assumir ela um caráter 
disruptivo, minando os significados que promovem a identificação do indivíduo. 
 
 Cultura e identidade aparecem como esferas “interrelacionadas e 
interdependentes, na medida em que uma necessita da outra como fonte de 
significados” (Rodrigues, 1995a, p.6). Por um lado, é através de um processo de 
separação que se efetiva a distinção e reconhecimento da identidade. Isso se opera 
através da cultura, que como destaca Bordieu, se torna dominante por meio de um 
processo político: impõe uma leitura da realidade que hierarquiza, exclui ou inclui e 
distingue indivíduos. Dessa forma, diz a eles onde estão, o que são e quais são seus 
papéis. 
 
 Por outro lado, uma cultura só se consolida enquanto “forte” quando 
oferece respostas adequadas aos anseios simbólicos e materiais de seus 
“consumidores”. A incorporação de significados e a aceitação de rituais por parte do 
indivíduo se concretizam ou não, de acordo com a contribuição apresentam para a 
confirmação de sua identidade. 
 
 No momento em que aqueles elementos organizacionais geradores de 
significância para a identidade individual, tais como pessoas, grupos ou valores 
deixam de existir ou são alterados por estratégias corporativas, a organização reduz 
seu poder sobre o indivíduo. Surge com isso um conflito entre identidade subjetiva - 
estabilidade individual - e identidade propalada pelos novos papéis institucionais. 
 
 Essa vulnerabilidade do indivíduo no que tange à sua identidade 
remete-se à própria dinâmica na qual se encerra a vida em organismos sociais: “A 
experiência dual do eu seja como ser distinto e, ao mesmo tempo, como ser integrado 
ao mundo social, e tanto como sujeito ou objeto cria ambiguidades e torna a 
identidade um conceito precário.”(Rodrigues, 1995a, p.7) 
 
 Portanto, apresenta-se a identidade como um fenômeno tanto subjetivo 
quanto social. O “eu” depende da maneira como se auto-define o sujeito a partir dos 
“outros”. Diante disso, a perspectiva dos teóricos institucionais adquire relevância. 
São estudadas asinterconexões sociais, entendidas a partir da vinculação entre 
símbolos e valores organizacionais e ação coletiva. A manutenção de instituições e 
tradições pelas organizações reporta-se à uma intersubjetividade normativa criada e 
mantida pelos membros organizacionais, que se estende através das organizações. 
(Rodrigues, 1995a) 
 
 
• A Abordagem Institucional 
 
 A proposta de análise institucional procura romper tanto com a visão 
estritamente economicista do mainstream (Rodrigues, 1995b) quanto com a 
abordagem restrita às variáveis culturais. Assume-se que o reducionismo de ambas as 
partes deve ser superado através de uma perspectiva analítica que incorpore e concilie 
os dois extremos. Com isso, os fatores ambientais deixam de ser considerados 
unidimensionalmente (mercado ou cultura) para a explicação das formas 
organizacionais.(Orrú, 1991) 
 
 4
 Para Biggart (1991), a abordagem institucional deve se desenvolver a 
partir da confrontação das vantagens e deficiências de três principais vertentes de 
análise econômico-social: os modelos de economia política, os de mercado e os 
culturalistas. 
 
 Os modelos de economia política têm como mérito o reconhecimento 
da importância da ligação entre as várias esferas institucionais da sociedade - 
culturais, políticas e econômicas; a consideração tanto de fatores materiais quanto 
ideais para a explicação da dinâmica social - tanto a classe social quanto sua 
ideologia, por exemplo; a visão da centralidade do Estado nas economias capitalistas 
avançadas; e a noção de poder como variável estrutural. No entanto, pecam ao 
assumirem a esfera econômica como pré-determinante da estruturação social. Com 
isso, o indivíduo perde sua capacidade de auto-determinação, ficando 
despersonalizada a ação social. Soma-se a isso ainda, o fato da noção de Estado 
aparecer impregnada de concepções e referências relacionadas às trajetórias estatais 
desenvolvidas no ocidente, as quais se diferenciam significativamente das surgidas no 
Leste Asiático, por exemplo. 
 
 Já na perspectiva de mercado ou dos economistas neo-clássicos, o 
mercado apresenta-se estreitamente relacionado com a ação econômica de indivíduos 
e organizações. A racionalidade desses agentes estrutura-se em torno da idéia de 
otimização ou maximização de resultados. Com isso, os modelos organizacionais que 
se desenvolvem são sempre considerados a resposta mais adaptada às condições de 
mercado, ou então, como estágios intermediários em direção ao padrão mais 
adaptado. Os problemas com esse tipo de abordagem são muitos: ênfase excessiva na 
construção de modelos teóricos distantes de fatores empíricos relevantes, como os de 
natureza social e política; deficiências explicativas quanto à grande variedade de 
padrões organizacionais encontrados num mesmo contexto econômico; visão 
etnocêntrica, na medida em que considera universais valores típicos das sociedades 
ocidentais, como o individualismo e a igualdade de oportunidades. 
 
 Por fim, os modelos culturais rompem com o determinismo econômico 
e técnico, destacando a importância dos atores sociais na análise das atividades 
produtivas. Variáveis como valores e recompensas sociais, ideologias do trabalho e 
gerenciais, entre outras, ganham centralidade na análise, relevando importantes 
dimensões da dinâmica organizacional e social. No entanto, a despeito da relevância 
desse enfoque, surgem limitações quanto ao potencial de generalização dos resultados 
encontrados. Além disso, a ênfase explicativa tende a se concentrar nas 
similaridades entre organizações, recebendo pouco destaque as características 
diferenciadoras. Soma-se a isso ainda uma dificuldade de compreensão e explicação 
de movimentos de mudança ao longo do tempo. 
 
 No marco teórico institucional serão explorados os pontos de 
complementariedade entre elementos dessas três perspectivas de leitura social. As 
organizações são tomadas como produto social concreta e materialmente objetivado, 
enquanto a racionalidade econômica é entendida a partir de sua construção social e 
sua manutenção cultural. 
 
 Rompe-se com o pressuposto de que as atividades econômicas são 
transações bilaterais discretas, passando as relações entre organizações a serem 
 5
consideradas em termos de trajetórias históricas construídas num ambiente social 
determinado (Gerlach, 1992). Princípios institucionais vigentes no organismo social 
são entendidos enquanto geradores de significado para a lógica da ação competitiva 
econômica entre organizações, incitando-as a um caminho caracteristicamente 
homogêneo (Orrú et al, 1991). 
 
 Além disso, incorpora-se à abordagem uma perspectiva dinâmica, na 
medida em que as instituições são vistas como um construto social em permanente 
elaboração por forças sociais, econômicas, políticas e culturais. O Estado passa a ser 
entendido enquanto agente em interação, de diferentes modos e escalas, com outras 
formas organizacionais presentes na estrutura social, e não mais como agente 
independente e responsável único por todos os eventos e desdobramentos no ambiente 
organizacional (Orrú et al, 1991). 
 
 A relação entre técnica e ambiente institucional também assume outro 
caráter. O foco recai antes sobre a conformidade em relação a regras e rituais sociais 
do que nas exigências técnicas, ou seja, sobre a legitimidade e não apenas a 
eficiência econômica. Além disso, o suposto antagonismo entre as duas variáveis é 
relativizado. Técnica e ambiente institucional podem vir a convergir 
harmoniosamente em formatos organizacionais. Um exemplo dessa interação seria 
observado nos grupos de empresas asiáticas, onde requerimentos de competitividade e 
cooperação/conformidade operam simultâneamente. (Orrú et al, 1991) 
 
 Considera-se que o formato de organizações circunscritas a um mesmo 
ambiente tende à convergência. Para DiMaggio and Powell (1991) esse processo, 
denominado isomorfismo, opera através de três variantes básicas. O “isomorfismo 
coercitivo”, resultante de pressões exercidas tanto por outras organizações quanto por 
expectativas e demandas culturais da sociedade; o “mimético”, que se dá pela difusão 
de experiências e modelos organizacionais considerados de sucesso adotados por 
outras organizações; e as “pressões normativas”, resultado da profissionalização de 
administradores, que formados ou influenciados por orientação semelhante, passam a 
divulgar normas e técnicas de gestão convergentes. 
 
 No entanto, há de se considerar também a influência que as 
organizações podem exercer sobre o ambiente institucional em que se inserem. 
Organizações com grande peso e penetração podem determinar mudanças no sentido 
de consolidar sua posição, melhorar seus rendimentos, legitimar suas atividades, 
obstaculizar a concorrência, etc. (North, 1990) 
 
 Para DiMaggio and Powell (1991) a teoria do isomorfismo seria um 
exemplo do avanço explicativo oferecido pela abordagem institucional. Através dela 
as óticas weberiana (homogeneização de estruturas), a marxista (dominação de 
grupos) e a funcionalista (respostas adaptativas a exigências externas) antes de se 
excluírem mutuamente, encontrariam compatibilização e integração, oferecendo 
níveis e perspectivas variáveis de compreensão do fenômeno social e organizacional. 
 
 Mas se seu potencial explicativo faz-se superior, por outro lado a 
abordagem institucional exige múltiplos níveis de análise. Como destaca Biggart 
(1991), incorporando elementos da teoria weberiana, além de considerar a atividade 
produtiva enquanto ação social, a institucionalização da ação e a lógica 
 6
organizacional, a análise institucional exige o estudo em múltiplos níveis, quer sejam 
da estrutura ou da ação, quer sejam do macro ou micro universo. 
 
 O que se percebe é que, sobretudo no estudo das organizações 
asiáticas, a perspectiva institucionalvem oferecendo interpretações mais coerentes 
diante dos peculiares e complexos arranjos sócio-organizacionais desenvolvidos em 
países como Japão, China ou Coréia, visto que distancia-se do etnocentrismo 
ocidental, ao mesmo tempo em que explora interrelações entre várias esferas e atores 
sociais. 
 
 
A experiência japonesa6
 
 Vários autores têm destacado que a experiência japonesa revela um 
padrão de relacionamento entre os agentes econômicos diferente daquele tradicional e 
historicamente observado nas economias ocidentais (Aoki, 1990; Orrú et al, 1991; 
DiMaggio and Powell, 1991; Schwartz, 1990; Elger and Smith, 1994; Emmott, 1992; 
Oliver and Wilkinson, 1992). 
 
 Ao contrário de nações como Estados Unidos e Grã-Bretanha, onde as 
relações entre os agentes são marcadas pela conflituosidade, no Japão as bases do 
relacionamento econômico-produtivo assentam-se na cooperação e integração. Isso 
tem levado alguns autores a atribuírem à experiência japonesa o status de novo 
paradigma de organização capitalista: “Capitalismo de Alianças” (Gerlach, 1992); 
“Capitalismo Organizado” (Tavares et al, 1991); “Capitalismo Cooperativo ou 
Coletivo” (Tauile, 1994). 
 
 Esse tipo de comportamento dos atores econômicos remete-nos à 
cultura e tradição milenares do Japão, caracterizadas pela disciplina, lealdade, 
compromisso, valorização do consenso e do trabalho (Morita, 1987; Hofstede, 1991; 
Paik and Teagarden, 1995; Nakamaki, 1992), bem como à sua homogeneidade étnica 
(Kobayashi, 1995). No entanto, o entendimento da dinâmica vigente nessa economia 
deve passar também pela trajetória histórica japonesa nesse século, sobretudo no 
período do pós-guerra (Schwartz,1990; Osawa, 1993; Lyun and Rao, 1995). 
 
 Derrotado, devastado, ocupado por tropas americanas, ameaçado 
externamente pela proximidade com a China Comunista e União Soviética, e 
dispondo de um parque industrial debilitado7, o Japão se mostrou capaz de aglutinar 
esforços em torno de um projeto de soergimento econômico. A partir do 
reconhecimento da fragilidade e da interdependência entre os agentes, constróem-se 
acordos e contrapartidas internas que se transformam em referência para a ação 
econômica. A promoção do nacionalismo econômico passa a balizar as relações 
industriais: todos os esforços das organizações e dos trabalhadores voltam-se para a 
 
6Não se tem aqui a intenção de proceder a uma caracterização exaustiva da experiência japonesa. O 
que se pretende é resgatar alguns pontos do já amplamente debatido caso japonês, a fim de facilitar a 
compreensão da linha de argumentação do trabalho. 
7Antes do pós-guerra o Japão era conhecido como uma nação fabricante de “cheap tin toys and plastic 
flowers”. (Fortune, 1995b) 
 7
consolidação do país como potência econômica (Kawanishi, 1992). Transpõe-se para 
o nível individual o projeto de reconstrução nacional. 
 
 Dessa forma, percebe-se na experiência japonesa um entrelaçamento 
entre a realidade dos espaços micro-organizacionais, como por exemplo as formas de 
gestão desenvolvidas, e a esfera macro-social e cultural - as relações entre firmas, 
Estado, os valores milenares, etc. Sendo assim, o estudo do caso japonês exige uma 
análise que perpasse esses diferentes níveis. 
 
 
• Cultura Nacional 
 
 O estudo de Hofstede (1991) traz importantes contribuições para a 
compreensão dos traços culturais nacionais e dos desdobramentos que podem trazer 
para a esfera organizacional e a ação econômica. O autor desenvolve quatro 
dimensões através das quais culturas poderiam ser diferenciadas: distância do poder, 
o quanto as incertezas são evitadas, masculinidade-feminilidade e individualimo-
coletivismo. 
 
 A primeira categoria de análise (distância do poder) diz respeito ao 
grau de aceitação por parte da sociedade de uma distribuição desigual de poder. Em 
nações como o Japão, onde, segundo Hofstede (1991) a distância do poder é elevada, 
as regras e procedimentos estabelecidos são aceitos com mais facilidade. Não há 
maiores questionamentos das decisões tomadas pelos superiores hierárquicos, 
havendo um significativo respeito e dependência pela cadeia de comando. 
 
 Outro ponto a ser considerado é até que ponto determinada cultura 
preconiza ou não evitar incertezas. Para o autor, no Japão comportamentos e atitudes 
são fortemente orientados para se evitar incertezas. Sendo assim, tal sociedade tem 
alta aversão a situações de risco, regras indefinidas e idéias desviantes. Os sistemas de 
controle tendem a ser extensamente prescritivos, relegando-se poder e status àqueles 
que lidam com incertezas. 
 
 Já o grau de masculinidade-feminilidade relaciona-se à extensão 
através da qual uma cultura privilegia a realização, o sucesso material e o heroísmo 
em detrimento de relacionamentos, qualidade de vida, cautela,... Segundo o autor, a 
sociedade japonesa tem o caráter predominantemente masculino. Um dos reflexos 
disso é o significativo valor atribuído à carreira profissional entre os japoneses. 
 
 Por fim, aparece o tipo de vinculação do indivíduo com a estrutura 
social. No caso japonês o caráter seria coletivista, ou seja, ao contrário de ter como 
referência a si próprio, os japoneses se reportariam ao grupo. Comportamentos se 
estruturam de acordo com sua contribuição para a família, o clã, a organização na 
qual o indivíduo trabalha, etc. Além disso, as decisões são marcadas pela busca do 
consenso e grande valor é atribuído aos relacionamentos. 
 
 A categorização desenvolvida por Steers, Shin and Ungson (1989 
apud Paik and Teagarden,1995) também oferece importante contribuição para a 
compreensão de traços culturais e seus reflexos no comportamento econômico-
organizacional.. São nove as categorias analisadas: ética do trabalho; foco da 
 8
realização; base da realização; contrato social; base para o sucesso na carreira; relação 
entre superior e subordinado; relacionamento nos negócios; tomada de decisão; e 
papel das mulheres. 
 
 Os resultados sobre a cultura japonesa apontam uma ética do trabalho 
elevada (o trabalho no Japão seria visto como um dever sagrado para com o grupo), o 
que nos reporta ao sistema de valores do confucionismo; o grupo enquanto foco das 
realizações do indivíduo; a organização como base dessas realizações; um contrato 
social marcado pela preservação da harmonia; a senioridade como parâmetro para o 
sucesso profissional; uma relação paternalista do tipo clã entre subordinado e 
superior; relações de negócio fortemente orientadas por relações pessoais e afiliação 
organizacional; um padrão de decisão do tipo “bottom-up”; e finalmente, um papel de 
extrema subordinação relegado às mulheres. 
 
 Essas características da cultura e tradição japonesas se manifestam em 
diferentes aspectos da gestão em suas organizações. Apresentando padrões distantes 
dos tradicionalmente adotados no ocidente, as organizações japonesas conseguiram 
desenvolver estruturas e práticas gerenciais que as colocaram em destaque na 
competição por eficiência econômica e desenvolvimento tecnológico. 
 
 
• Gestão e Cultura Organizacional 
 
 As empresas japonesas têm como característica central a cooperação e 
integração entre os atores organizacionais. Sendo o grupo a fonte de significado para 
o indivíduo e a harmonia a referência nas relações sociais, desenvolve-se um senso 
de comunhão de interesses em torno do projeto organizacional. As relações 
hierárquicas se fundam não no contratualismo, mas na solidariedade e respeito 
(Tavares et al., 1991). Esse seria, segundo Morita (1987), o grande diferencial entre a 
gestão japonesa e a ocidental. 
 
 Já para Kobayashi (1995), a diferença residiria apenas na forma como 
são utilizados os recursos de gestão, e não nos recursos em si. A despeito disso, 
percebe-se nas organizações japonesaso desenvolvimento de práticas produtivas que 
dificilmente sobreviveriam em ambientes não-cooperativos, visto que pressupõem o 
engajamento da mão-de-obra. Esse estado é viabilizado não apenas através de 
contrapartidas para o trabalhador no sucesso da empresa (Myai, 1991), mas também 
através de intensos processos de internalização dos valores da cultura organizacional. 
 
 A dependência da administração japonesa em relação ao trabalhador 
pode ser observada em métodos de produção como o “Just-in-Time”, “Círculos de 
Controle de Qualidade”, “Kaizen” e trabalho em células. Enquanto o primeiro é 
altamente sensível a rupturas e exige que o operário cumpra rigorosamente suas 
funções (Humphrey, 1994), os “CCQs” e o “Kaizen” centram-se na participação do 
empregado em questões de produtividade e qualidade. Já o trabalho em células, ao 
mesmo tempo em que estimula a polivalência do trabalhador, exige engajamaneto e 
dedicação para a consecução das metas (Marx, 1992). 
 
 Segundo Leborgne and Lipietz (1988), o sucesso das organizações 
japonesas reside na incorporação sistemática do “saber-fazer” operário aos métodos e 
 9
técnicas de produção. Por outro lado, como destaca Imai (1994), sugestões simples e 
de baixa repercussão econômica também são valorizadas através do “Kaizen”, sendo 
mais significativos seus impactos em termos de mobilização e engajamento dos 
trabalhadores8. 
 
 Percebe-se que tais práticas gerenciais possuem não apenas relevância 
econômico-produtiva, mas também enquanto instrumentos de consolidação da cultura 
organizacional. Ao enaltecer, premiar e promover aqueles que participam de 
programas como os “CCQs” e recriminar os que não participam, delimita-se 
“fronteiras” entre comportamentos aceitos e não aceitos, entre os que devem pertencer 
e os que não devem pertencer ao grupo organizacional. 
 
 Também os encontros matinais entre gerência e trabalhadores 
cumprem papel duplo. Ao mesmo tempo em que servem para otimizar o fluxo de 
informações (Takayanagi, 1985), se fazem espaço para reafirmação e reavivamento 
do caráter coletivista e cooperativo da organização. Outro momento são as cerimônias 
religiosas9 pela prosperidade da organização e dos seus trabalhadores. Através delas 
são venerados heróis e mitos da cultura organizacional, como fundadores, gerentes e 
empregados mais dedicados, os quais se encontram sepultados nos santuários da 
empresa (Nakamaki, 1992). 
 
 Nas organizações japonesas a figura do gerente distancia-se da 
supervisão cerrada, característica do taylorismo. As gerências adotam uma postura 
participativa, que é favorecida pelo reduzido número de níveis hierárquicos - 
geralmente três incluindo-se a presidência. Além disso, percebe-se baixa 
diferenciação entre gerência e empregados em termos de status e remuneração. O 
próprio “layout” do local de trabalho reflete e ajuda a fortalecer essa proximidade, ao 
manter sob um mesmo espaço, sem separação por portas ou divisórias, gerentes e 
subordinados (Takayanagi, 1985). 
 
 Para Freyssenet (1993), esse padrão de relacionamento é responsável 
pelo elevado dinamismo tecnológico das organizações japonesas. Comparando-as 
com empresas francesas, o autor constatou que enquanto nas últimas as sugestões 
operárias eram vistas com desconfiança pela gerência e tinham que superar uma série 
de entraves burocráticos para serem implementadas, nas empresas japonesas a palavra 
final era do operador do equipamento. Isso denota também a orientação para mudança 
na cultura japonesa: ao invés de se valorizar grandes e abruptas transformações 
(geradas pelas equipes de engenharia), privilegia-se mudanças incrementais e 
contínuas - vindas dos operários (Emmott, 1992). 
 
 
8O autor dá exemplos de sugestões a respeito do café adotadas numa organização japonesa. Mesmo 
sendo insignificantes em termos de redução de custos, elas foram implementadas e os empregados 
responsáveis receberam menção honrosa. 
9A religião predominante no Japão, o xintoísmo, apresenta grande capacidade de incorporação de 
elementos da vida moderna, o que lhe confere função importante na institucionalização de valores 
como a dedicação ao trabalho e à empresa: “Há cerimônias para a maioria dos eventos da vida social e 
profissional moderna, como as cerimônias de purificação dos novos equipamentos de uma fábrica. (...) 
o xintoísmo está mais associado a aspectos da vida cotidiana do que a uma crença religiosa estruturada 
(...).” (Revista Istóe, 1995) 
 10
 Contato intenso também se desenvolve entre alta gerência e 
sindicalistas, que participam do conselho de gestão das empresas. Estruturados não 
em termos de setor ou categorias profissionais, mas por empresa, os sindicatos no 
Japão desenvolvem linhas de atuação sintonizadas com os interesses da organização 
(Arai, 1991). Diante disso, a participação sindical, longe de ser reprimida, é 
estimulada e valorizada, inclusive como qualidade para a ascensão à gerência. 
 
 Os conselhos diretivos das organizações são formados por membros 
escolhidos dentre e pelos próprios empregados (Kobayashi, 1995). Além disso as 
decisões são do tipo “bottom-up”, sendo a participação dos trabalhadores encorajada. 
Dessa forma, “a consideração dos interesses dos empregados ocupa, certamente, uma 
posição de capital importância nas decisões dos executivos” (JPC, 1991, p.26). 
 
 Nas organizações japonesas o trabalhador é visto como capital 
humano, o qual deve crescer e aperfeiçoar-se conjuntamente com a empresa. Para 
tanto, as políticas de recursos humanos estruturam-se em torno da manutenção do 
emprego. A prática do emprego vitalício se desenvolve a partir de um acordo 
implícito entre trabalhadores e organização, ou seja, sem a existência de garantias 
legais. 
 
 Apesar de não atingir todo o corpo funcional indistintamente, a 
estabilidade é cultivada e propalada como um valor e obrigação pela empresa. Dessa 
forma, a demissão, mesmo para os não-estáveis é sempre o último recurso. Como 
atesta Kobayashi (1995), durante as crises do petróleo na década de 70 as empresas 
sofreram grandes prejuízos, mas no entanto, não demitiram seus empregados. 
 
 Os critérios de promoção e as políticas de remuneração têm como 
referência básica a senioridade, sendo a variável mérito incorporada a medida em que 
se caminha para níveis hierárquicos mais elevados (JPC, 1991). Auxílios-
aposentadoria são oferecidos como forma de estimular a permanência dos 
trabalhadores qualificados nas empresas. Além disso, bônus e benefícios são 
concedidos com frequência, sendo considerados pelos empregados componentes 
indissociáveis do salário (Takayanagi, 1985). 
 
 A contratação norteia-se pelo princípio do aperfeiçoamento do capital 
humano na empresa. Dessa forma, os trabalhadores são recrutados antes mesmo de 
saírem das escolas secundárias e universidades. O maior interesse não reside na 
qualificação prévia (diplomas) do candidato, mas em sua atitude frente ao trabalho em 
grupo e seu potencial de desenvolvimento dentro da empresa. A qualificação e o 
conhecimento profissional serão adquiridos através dos próprios colegas de trabalho. 
Segundo Kobayashi (1995), isso se processa sem maiores temores e problemas dado a 
existência do emprego vitalício. Já para Osawa (1993), esse sistema veio de encontro 
às necessidades de manutenção de mão-de-obra qualificada pelas organizações 
japonesas no pós-guerra. 
 
 Por outro lado, percebe-se que a permanência dos trabalhadores nas 
empresas não se dá meramente em função de contrapartidas materiais. As 
organizações japonesas conseguem se consolidar enquanto fonte de significado para a 
identidade de seus empregados. Servir à organização e permanecer nos seus quadros 
 11
torna-se base para a realização profissional: “a maioria dos trabalhadores considera odestino da empresa como idêntico ao seu” (Arai, 1991, p.21). 
 
 Com isso, os indivíduos são levados se superarem no emprego, sendo a 
presença no ambiente de trabalho bastante valorizada (Pastore, 1994)10. As empresas 
passam a ser consideradas as organizações mais importantes na sociedade e 
referência para a ação social (Kobayashi, 1995). 
 
• Arranjo macro-social 
 
 Na esfera macroeconômica e social também se reproduzem os padrões 
de cooperação e integração entre os agentes. Tanto o relacionamento entre empresas, 
quanto dessas em relação ao Estado pressupõe a ação conjunta, a interdependência e 
o compartilhamento de interesses. 
 
 A estrutura atual remonta ao pós-guerra, quando a administração 
americana determinou a extinção das antigas oligarquias econômicas que dominavam 
o sistema produtivo japonês: os “zaibatzus”. A dispersão das ações dessas famílias no 
mercado se realizou de forma a cruzar propriedades, dando origem aos grupamentos 
de empresas (Lyun and Rao, 1995; Gerlach, 1992; Schwartz, 1990). 
 
 Porém, como destaca Orrú et al (1991, p.369), tais grupos diferem dos 
padrões tradicionalmente encontrados nos conglomerados americanos. A despeito da 
propriedade cruzada de ações, essas redes de empresas “são antes entidades sociais 
do que legais”. As organizações apresentam identidades distintas, mas se sentem 
pertencentes a uma “comunidade de corporações”, na qual desempenham papéis 
definidos para a prosperidade do grupo. Isso não implica, no entanto, na ausência de 
competição: “essas companhias se unem em matrimônios duradouros, que envolvem 
tanto brigas ferozes quanto compromissos enormes e a troca de informações” (The 
Economist/Gazeta Mercantil, 1992). 
 
 Além do controle acionário compartilhado, os grupos de firmas 
interligadas apresentam finanças e transações de mercado mútuas, e intercâmbio dos 
quadros gerenciais. Quanto aos padrões de interação, dois tipos básicos de associação 
entre organizações são identificados no Japão: os grupos intramercado - “kigyo 
shudan” - e os independentes.(Orrú et al, 1991) 
 
 Nos primeiros forma-se uma estrutura horizontal ou teia de grandes 
empresas, em sua maioria ocupando posições de liderança no seu setor produtivo. A 
competição se dá na economia como um todo, ou seja, entre setores, mas nunca 
dentro deles. Associados a essas megaempresas aparecem também bancos e 
companhias de seguros, que se encarregam das necessidades financeiras do grupo. 
 
 Nos grupos intramercado também se observa o alinhamento vertical 
entre empresas. Esse padrão de associação conhecido como “keiretsu” se estrutura a 
partir da relação entre as grandes organizações e suas afiliadas e contratadas, que por 
 
10Segundo o autor, além da jornada de trabalho no Japão, bem como em outros países asiáticos, ser 
mais elevada que nas economias ocidentais, os japoneses habitualmente não utilizam o total de dias de 
suas férias, vendendo-as ou utilizando-as para casos de doença. 
 12
sua vez, mantêm como subcontratadas um grande número de pequenas e médias 
firmas. Apesar de não serem membros oficiais do “keiretsu”, as subcontratadas 
desempenham papel vital para a cadeia produtiva do grupo e se identificam com a 
comunidade de empresas. (Orrú et al, 1991) 
 
 Os grupos independentes tendem a se estruturar como os “keiretsus”, 
formando uma comunidade geográfica, econômica e social dentro do mesmo setor 
produtivo. Exemplo clássico é o da Toyota, em torno da qual gravitam centenas de 
controladas, fornecedoras, subcontratadas, etc. constituindo uma cidade de empresas 
(Coriat, 1993). Diferentemente da relação entre as grandes empresas nos grupos 
intramercado, onde não há dominação, formando-se uma “comunidade de iguais ou 
quase iguais”, nos grupos independentes estabelece-se uma hierarquia de relações que 
dá origem a uma estrutura vertical de associação. O grau de solidez no 
relacionamento e o status adquirido frente ao conjunto de empresas variará de acordo 
com a importância da função desempenhada pela organização na cadeia produtiva do 
grupo. (Orrú et al, 1991) 
 
 Práticas comumente encontradas nos grupos de empresas, como 
entrosamento de diretorias, partilha de marcas registradas, troca de executivos, 
participação conjunta em atividades públicas, favores financeiros, entre outras, 
acabam gerando padrões isomórficos entre as organizações japonesas. Para Orrú et al 
(1991), apesar do sucesso econômico desses grupos de empresas, a explicação para o 
isomorfismo na economia japonesa reside sobretudo em fatores institucionais e não 
tanto em fatores competitivos. Ou seja, dizem respeito à eficiência, mas 
principalmente à solidariedade e cooperação. 
 
 Um exemplo disso pode ver visualizado na questão do 
desenvolvimento tecnológico. Umas das vantagens competitivas obtidas pelas 
organizações japonesas é a pulverização de investimentos em tecnologia entre as 
empresas interligadas. Com isso, ao invés de ser demandado grande aporte de 
recursos para uma determinada firma, os custos e riscos são disseminados entre várias 
unidades. No entanto, é através da fidelidade e da solidariedade entre os agentes que 
estará assegurado o compartilhamento das inovações. Caso isso não ocorresse o 
sistema não se sustentaria. 
 
 A cooperação também viabilizou um arranjo singular e eficaz do 
sistema financeiro japonês. Quando as empresas não dispõem de capitais para se auto-
financiar, ou seja, reinvestir na própria produção, os bancos disponibilizam recursos a 
baixo custo com longo prazo de pagamento. Isso se deve ao fato do investidor japonês 
não visar ganhos imediatos e sim o crescimento das organizações, visto que as 
propriedades são cruzadas e os interesses mútuos. Outro elemento de fundamental 
importância nesse processo é o Estado, o qual exerce forte presença reguladora sobre 
a especulação financeira e a entrada de capitais estrangeiros (Emmott, 1992). 
 
 A relação entre Estado e grupos de empresas no Japão, como detaca 
Orrú et al (1991), não se constitui numa via única de dominação, quer seja dos grupos 
em relação ao Estado ou vice-versa. É antes um relacionamento colaborativo baseado 
nas “expectativas culturais” e na integração entre as partes. Além de muito comum a 
alternância entre cargos públicos e privados (Emmott, 1992), a absorção de 
tecnocratas pelas empresas privadas é bastante frequente (Tavares et al, 1991). 
 13
 
 O Estado japonês conseguiu se firmar desde o pós-guerra como força 
relevante no arranjo institucional do país. Apesar da ocupação americana, a 
burocracia estatal deteve considerável margem de manobra com a administração 
McArthur. Interessado nas eleições americanas, o general não conteve esforços para 
ser bem sucedido numa rápida reconstrução do Japão (Schwartz, 1990). Isso 
possibilitou aos quadros burocráticos japoneses atenderem as exigências americanas 
de reformulação econômica através da transição dos “zaibatzus” para os grupos de 
empresa. (Gerlach, 1992; Orrú et al, 1991). Processo esse menos traumático para os 
envolvidos, mais conciliatório e consensual. 
 
 Essa tornou-se a tônica dos ajustes econômico-produtivos no Japão. 
Dado a intensa participação acionária cruzada e o caráter cooperativo do arranjo 
institucional, riscos e incertezas são drasticamente reduzidos, permitindo ao Estado 
maior agilidade e facilidade na reorientação dos programas industriais. Soma-se a isso 
a estabilidade do quadro político nacional nas últimas décadas, sob a hegemonia 
absoluta do Partido Liberal Democrático - PLD. (Tavares et al, 1991) 
 
 A experiência japonesa se constitui, segundo Orrú et al (1991), num 
exemplo da convergência entre técnica e ambiente institucional, ou entre 
requerimentos de competitividade e de cooperação/conformidade. O arranjo sócio-
econômico desenvolvido no Japãofoi capaz de elevá-lo à condição de potência 
econômica. No entanto, a trajetória de reconstrução do país foi acompanhada por 
mudanças sociais e econômicas significativas, que têm se manifestado mais 
intensamente nos últimos anos. Soma-se a elas um quadro conjuntural nunca antes 
experimentado pela nação. Isso traz repercussões para a ação social e vem demandar 
dos atores respostas e posicionamentos. 
 
 
 
 
 
De “ilha fechada” a “portas abertas” 
 
 A partir do pós-guerra o Japão começou a experimentar períodos de 
crescimento econômico continuado. Sua inserção na economia internacional se deu de 
maneira unilateral. Ao mesmo tempo em que comercializava em mercados 
estrangeiros, gerando pesados déficts de balança comercial em países como os 
Estados Unidos, sua economia permanecia fechada à penetração de capitais externos. 
Esse quadro se mantinha através de uma incisiva ação do Estado, adotando leis 
restritivas aos investimentos externos e processos burocráticos que tornavam bastante 
morosa a instalação de indústrias estrangeiras no país11. (Emmott, 1992) 
 
 
11Um dos casos de atrito com capitais estrangeiros é o da Ford, que após um período de presença na 
economia japonesa e frequentes conflitos com o Governo, acabou se retirando do país e só retornando 
recentemente. (The Economist/Gazeta Mercantil, 1995) 
 
 
 14
 No entanto, a ascensão do Japão à condição de segunda economia 
mundial, seus persistentes superávits comerciais, a penetração de suas empresas nos 
países ocidentais e a proeminência do yen como moeda de referência internacional, 
acabaram gerando intensa demanda por reciprocidade. Diante dessas forças, o 
mercado financeiro japonês é desregulamentado em 1980 (Raines and Leathers, 
1995), dando vazão a um afluxo de investimentos estrangeiros que rapidamente 
deram a Tóquio o status de importante centro financeiro internacional (Emmott, 
1992). 
 
 Apesar disso, o problema da balança comercial ainda persiste, fazendo 
do Japão alvo sistemático dos ataques de países ocidentais, sobretudo os Estados 
Unidos. Nos últimos anos os governos dos dois países têm travado duras 
negociações, que vêm sinalizando para um arranjo de comércio internacional baseado 
no “yen forte/dólar fraco”, como forma de minimizar o défict externo americano 
(Greenwald, 1995; Revista Exame, 1995). Os recentes desdobramentos dessa disputa 
resultaram na taxação de produtos japoneses como os automóveis, que ao lado dos 
eletroeletrônicos, constituem a principal pauta de exportação para os Estados Unidos. 
Soma-se a isso a crescente entrada de empresas norte-americanas no mercado 
japonês. (Business Week, 1995b; Fortune, 1995a; Business Week, 1995c). 
 
 Esse quadro vem trazer importantes repercussões para a realidade 
sócio-econômica do país. Segundo Kobayashi (1995), as organizações japonesas, 
diante de uma economia que passou de “ilha fechada” a “portas abertas”, não poderão 
mais contar com o estreito relacionamento com o Governo e terão de reconhecer a 
crescente interdependência com o contexto externo. Em economias globalizadas o 
Estado perde significância enquanto agente, dado a inserção de novas variáveis na 
dinâmica do mercado, sobre as quais detém pouco poder. Além disso, questões 
externas assumem lugar de destaque na pauta das organizações. 
 
 Entre as repercussões quanto ao contexto externo, percebe-se que a 
transferência de atividades produtivas das organizações japonesas para outras nações, 
como já vinha acontecendo acentuadamente nos Estados Unidos e Grã-Bretanha, 
adquire nova complexidade. Além de ser um meio de minimizar as pressões 
ocidentais sobre as empresas japonesas, torna-se agora uma forma de escapar da perda 
de potencial competitivo gerada pela alta cotação do yen (Greenwald, 1995; Revista 
Exame, 1995). 
 
 A partir disso, a ênfase na manutenção de relações estáveis com os 
trabalhadores começa a ser perpassada pela busca de mão-de-obra mais barata. Várias 
empresas, como a Pioneer (do grupo Matsushita) e a Kenwood, já anunciaram o 
fechamento de unidades produtivas no Japão e a transferência para outros países; ao 
passo que a indústria automobilística vem elevando sua produção no exterior, a 
despeito das altas taxas de desemprego japonesas nos últimos anos. (The 
Economist/Gazeta Mercantil, 1993). Norio Ohga, presidente do conselho de 
administração da Sony, dá o tom das preocupações vividas: “Com o dólar no 
patamar dos 80 ienes é impossível se manter competitivo. Nós ainda produzimos 60% 
dos nossos produtos no Japão porque acreditamos ter um compromisso com os 
cidadãos japoneses, mas se o governo não tiver um projeto para o próximo século, 
vamos atrás de alternativas em outros países.” (Revista Exame, 1995) 
 
 15
 Além do baixo custo, outros fatores relacionados à mão-de-obra seriam 
relevantes. Nos últimos anos as indústrias dos setores de ponta da economia vêm 
requerendo um trabalhador com maior capacidade inventiva e imaginativa, o que se 
coloca como desafio ao sistema de grupos de trabalho da gestão japonesa, cuja ênfase 
recai na uniformidade e conformidade (Kobayashi, 1995). Nesse sentido, o 
economista japonês H. Shimada (Revista Veja, 1995) afirma que os japoneses terão 
de rever a ênfase em só empregar mão-de-obra nacional: “Por quê temos sempre de 
trabalhar só com japoneses? Nossas economias são ótimas para martelar os pregos 
que mantêm a sociedade ajustada. Mas a produção de software pede um novo tipo de 
educação que arranque os pregos para deixar o talento mais solto. Por quê não usar 
a supervalorização do iene para atrair ao Japão os melhores talentos disponíveis no 
exterior? Por quê não contratamos brasileiros brilhantes? Ou turcos, ou vietnamitas, 
americanos?” 
 
 Segundo Reich (1991), uma das desvantagens dos corporações 
japonesas é sua dificuldade em trabalhar com uma mão-de-obra multinacional, 
principalmente no que diz respeito a cargos executivos. Tal quadro assume maior 
importância quando se percebe, como argumenta Kobayashi (1995), que uma das 
opções mais atraentes para as organizações japonesas é a formação de alianças 
estratégicas. Caso se lancem por esse caminho, terão elas de incorporar ao seu estilo 
de gerenciamento requerimentos da diversidade cultural e nacional a qual irão travar 
contato. Como destaca Rodrigues (1995b), a capacidade de compreensão do 
comportamento dos agentes estrangeiros e de incorporação das rotinas demandadas 
em seu ambiente apresenta-se como variável competitiva relevante no cenário de 
economias globalizadas. 
 
 Dentro desse contexto, as nações do Leste Asiático, especialmente a 
China, vêm se constituído no principal foco dos investimentos japoneses (Business 
Week, 1995d). Isso se justifica não só pelo baixo custo da mão-de-obra e 
flexibilidade nas relações de trabalho nesses países (Pastore, 1994), mas sobretudo 
pela afinidade cultural e importância estratégica que a região vem assumindo 
(Rodrigues, 1995b). Nesse sentido, as empresas japoneses se mostram em posição de 
vantagem perante as ocidentais no embate pela penetração em países como a China, 
por exemplo. Por outro lado, as pretensões imperialistas e a história de dominação do 
Japão na região se apresentam como complicadores desse processo. 
 
 Na disputa pelo mercado chinês, as empresas americanas começam a 
voltar seus olhos para a economia japonesa, que seria uma espécie de “passagem ou 
caminho de entrada” para a China e os demais países do Sudeste Asiático (Business 
Week, 1995a). Além disso, o próprio mercado interno japonês está se transformando 
num filão atrativo para os americanos. Várias são as empresas já se instalaram ou têm 
planos imediatos de penetração no país, atraídas pelas mudanças que têm ocorrido no 
hábitos de consumo da população japonesa (Fortune, 1995a). 
 
 Apesarde figurar entre as setes maiores economias do mundo, o 
desenvolvimento japonês não se reverteu em melhores condições de consumo interno. 
Como vimos, os esforços individuais e coletivos voltaram-se para a reconstrução da 
nação e sua consolidação enquanto potência econômica. Para tanto, duras penas 
deveriam ser suportadas pela população: o mercado interno foi sacrificado em prol 
do bom desempenho externo. Enquanto os produtos exportados se tornavam 
 16
imbatíveis em termos de preço e qualidade, dentro do país altos preços, má qualidade 
e reduzida opção de escolha faziam do Japão o “paraíso dos produtores e o inferno 
dos consumidores” (Sakaya, 1993 apud Masiero, 1995). 
 
 No entanto, com a chegada de gerações mais novas, que não viveram 
os horrores da guerra e o processo de reconstrução, já encontrando o Japão na 
posição de potência econômica, um consumidor mais exigente e disposto a maiores 
gastos está aparecendo. Além disso, as cidades cresceram consideravelmente, fazendo 
com que o preço dos terrenos nas áreas urbanas se elevassem. Assim, o sonho dos 
trabalhadores das décadas de 60 e 70 de comprar a casa própria está cada vez mais 
distante para os novos trabalhadores, que preferem consumir a economizar seus 
salários. (Emmott, 1992) 
 
 Mas se por um lado os padrões de consumo e a ameaça dos 
competidores externos vêm exigindo das organizações japonesas novas posturas, por 
outro sua forma de atuação e de gestão tem se tornado alvo de importantes 
questionamentos. Entre eles destaca-se a ênfase da gerência japonesa na conquista e 
manutenção do mercado em detrimento da maximização direta dos lucros, o que teria 
levado a uma desconsideração por fatores como preço de venda, custos e distribuição 
de dividendos. Tais fatores agora, como argumenta Akio Morita, deverão se constituir 
no centro das preocupações dos administradores japoneses (The Economist/Gazeta 
Mercantil, 1992). 
 
 Essa mudança de orientação também apresenta-se relacionada com a 
entrada de capitais internacionais no mercado financeiro japonês, o que veio trazer 
um novo tipo de investidor, mais preocupado com a lucratividade a curto-prazo (The 
Wall Street Journal/Gazeta Mercantil, 1992). Para Kobayashi (1995) a economia 
japonesa está caminhando para um novo padrão de distribuição de rendimentos entre 
os agentes, no qual a ênfase deixará de ser a proteção ao produtor, recaindo sobre o 
retorno dos investimentos, através de maiores taxas de retorno e dividendos. Antes do 
processo de desregulamentação ocorrido na década de 80, a negociação de ações das 
empresas japonesas se dava basicamente entre os grupos de organizações. Dado o 
padrão cooperativo dos relacionamentos entre essas empresas, havia grande 
disponibilidade de recursos para investimento, inclusive a longo-prazo, e reduzida 
pressão em termos de rentabilidade das ações. Como atesta Emmott (1992), as 
empresas japonesas figuravam entre as mais competitivas no comércio internacional, 
mas no entanto, eram as que menor retorno de capital representavam para seus 
investidores. 
 
 
Considerações Finais 
 
 Raines and Leathers (1995), valendo-se da análise desenvolvida por 
Veblen no início do século, argumentam que a economia e a sociedade japonesas 
caminham para a ocidentalização, trajetória natural de qualquer nação inserida na 
dinâmica do sistema econômico internacional. Esse tipo de pensamento se reforçaria 
ainda mais a partir do recente quadro conjuntural japonês - escândalos políticos 
envolvendo corrupção, elevadas taxas de desemprego e descrença generalizada no 
potencial de recuperação da economia (The Economist/Gazeta Mercantil, 1993) -, o 
que viria provar que os males do ocidente se instalaram definitivamente no Japão. 
 17
 
 No entanto, há de se considerar que cultura e sociedade são esferas em 
em contínua reprodução pelos atores sociais. Sendo assim, manifestações da realidade 
sócio-cultural são perpassadas por acontecimentos conjunturais, sem que no entanto 
isso represente mudanças estruturais. O que no presente teria grande repercussão - 
como os recentes fatos na conjuntura japonesa - no longo-prazo poderia significar 
apenas um momento de adaptação à novas demandas/realidades. 
 
 A trajetória japonesa mostra que o país conseguiu responder às 
exigências de reconstrução econômica e inserção no comércio internacional sem 
abdicar de seus traços culturais, ou melhor, valeu-se deles para a aquisição de um 
diferencial competitivo. Agora novas demandas se apresentam para o país. 
 
 Na busca por soluções, práticas institucionalizadas podem perder sua 
centralidade dando lugar a novos arranjos institucionais. No entanto, valores como a 
harmonia e consenso, herdados das tradições milenares não deixarão de existir. O que 
pode vir a se transformar são as formas de manifestação econômica e social desses 
valores e tradições, mas as soluções encontradas se darão sempre a partir deles. 
 
 Na análise dos espaços nacionais a forma de problematização da 
realidade social deve ultrapassar as concepções e referências desenvolvidas a partir 
de realidades específicas. Isso se torna prerrogativa básica sobretudo quando 
ocidentais se voltam para o estudo das sociedades asiáticas. Nesse sentido, a inserção 
no cotidiano de outras culturas pode resultar em um avanço compreensivo 
significativo. Isso nos leva a considerar a argumentação de Emmott (1992), que 
vivenciou a realidade sócio-cultural japonesa. 
 
 Para o autor, a idéia de que o país é está se ocidentalizando é 
equivocada e reflete um desconhecimento da maneira como essa cultura enxerga a 
questão da mudança. A concepção de que o Japão é resistente a mudanças tornou-se 
um mito entre os ocidentais. Na verdade, as mudanças na sociedade japonesa se 
dariam de maneira diferencial e tranquila, mas ao mesmo tempo radical e 
significativamente. Porém, isso não implica numa ruptura da tradição. Ao contrário, 
no Japão mudança e tradição caminhariam de mãos dadas, visto que a mudança é 
uma tradição entre os japoneses. 
 
 
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