Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
As Fundações do Pensamento Político Moderno – Quentin Squinner Segundo Squinner, o conceito moderno de Estado surgiu paulatinamente entre os século VII e XVI, quando operou-se na Europa Ocidental uma série de transformações (jurídica, filosóficas, mentais) que tornaram possível a separação entre o estado e a pessoa do príncipe, e entre estado e religião. Ainda segundo o autor, a palavra “estado” tem a sua origem na palavra latina status. Ainda segundo Squinner, por volta do século XVI emergiu na Europa a ideia moderna de Estado como uma forma de poder público, separada do governante e dos governados, constituindo a suprema autoridade política num território delimitado. Ainda segundo o autor, para que a ideia moderna de Estado amadurecesse foi necessário que algumas pré-condições fossem satisfeitas nas sociedades do Ocidente europeu, quais sejam: O surgimento, nas sociedades do Ocidente europeu, de uma esfera política como objeto de reflexão; o amadurecimento e a solidificação da ideia de que os reinos eram independentes uns dos outros, dispondo de soberania; a concretização da ideia de que no âmbito de cada reino o rei passa a ser a autoridade máxima a quem se deve lealdade; e a ideia de que a sociedade política passa a ser pensada como tendo fins exclusivamente políticos, restringindo assim o seu alcance. Segundo Squinner, essas precondições estavam presentes tanto no caso francês quanto no caso inglês. Squinner também chama a atenção para a importância e o contexto do desenvolvimento das concepções jurídicos-humanistas. É significativo que Squinner concebe o século XVI como o momento em que amadureceu o conceito moderno de Estado, caracterizado como um momento de formação dos estados nacionais no Ocidente, centralização dos estados via absolutismo monárquico, formação dos exércitos nacionais e de uma burocracia nacional, além do processo de laicização da sociedade, operado a nível mental. Segundo Squinner, um importante pré-requisito para essas mudanças se constitui na percepção de que “a esfera política deve ser percebida como um ramo distinto da filosofia moral”; e esse importante passo deu-se quando Guilherme de Moerbeke publicou a primeira tradução escrita de Aristóteles, em 1250, colocando em voga o conceito de política; especialmente o conceito de “política”, abordado no Livro I da obra de Aristóteles (Communicatio Politica - a Comunidade política), considerada por Aristóteles “a mais elevada comunidade”. Pouco tempo depois Brunetto Latini publicou a obra Os Livros do Tesouro (1260), na qual versava sobre “os princípios do governo”, uma das primeiras referências à “Ciência Política” e obra pioneira. Skinner também cita as contribuições de muitos pensadores humanistas do século XVI, como Guillaume Budé (Da educação do Príncipe) e Ponet (Breve Tratado sobre o Poder Político); La Noue (Discursos Políticos e Militares); Lipsius (Seis Livros de Política ou Doutrina Civil) e Althusius (A Política Exposta Metodicamente), entre outros autores. Em suma, Squinner concebe a afirmação do conceito moderno de Estado como resultado de um processo gradual de separação da esfera política como um ramo do saber distinto da “filosofia moral”; paralelamente ao processo de formação dos estados nacionais modernos, centralização dos estados via absolutismo monárquico, e ao processo de laicização da sociedade.
Compartilhar