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Fichamento FH-UFG Prof. Dr. David Maciel Aluno :Silvio Gabriel De A. Alves Texto : SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. “Os fascismos”. In: REIS FILHO, Daniel A.; FERREIRA, Jorge e ZENHA, Celeste (orgs.), O século XX: o tempo das crises. Volume 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 109-164. • Conceito de fascismo: “conjunto de movimentos e regimes de extrema direita que dominou um grande número de países europeus desde o início dos anos 20 até 1945.” (p. 112) • Fascismo é um conceito genérico usado de modelo ideal para casos específicos como o nazismo, hitlerismo, etc. (p. 112) • Base ideológica: nacionalismo e autoritarismo. • O auto r critica a visão historiográfica que considera o fascismo um fenômeno meramente histórico, como se tivesse sua influência encerrada com o fim da guerra em 1945. (p. 113) • PROFE: O fascismo não é apenas um efeito da 1ªGM, m as é um fenômeno de ordem sociológica, emergindo em épocas de crise, principalmente econômica. • A historiografia pós-guerra centrada a penas na experiência alemã: forma de punição extra à Alemanha, culpabilizando-a (BY: EUA). • Outro interesse estratégico da historiografia estadunidense: classificar o nazismo como um regime de esquerda , ao d estacar prioritariamente as apropriações do comunismo realizados pelo nazismo. O que é facilmente desmentido ao se ler o Mein Kampf, de Hitler, que explicita que utilizaria sim estratégias comunistas, mas como forma de se apossar delas para outro objetivos, dentre eles combater o comunismo. • Após a guerra , vários setores políticos se remontaram a partir da continuidade e dominância fascista para os novos regimes democratizados, e não a partir de uma ruptura e desnazificação, o que contribuiu para o neofascismo (termo usado pelo autor). (p. 115) • A demonização da história alemã (p. 117) o Ex: Daniel Goldhagen, que tratou o holocausto como um fenômeno alemão e o próprio fascismo como uma possibilidade histórica já encerrada com a democratização imposta pela ocupação ocidental. • Conceito de fascismo (Wolfgang Schieder) o “Se reconhece como fascistas movimentos nacionalistas extremistas de estrutura hierárquica e autoritária e de ideologia antiliberal, antidemocrática e antissocialista que fundaram ou intentaram fundar, após a Primeira Guerra Mundial, regimes estatais autoritários. Neste último sentido, o fascismo constitui um dos fenômenos centrais e mais característicos do entre guerras.” (SCHIEDER,1972, p. 97) o + especificardes, mas que não o faz descaracterizar do fascismo (p. 118) • Teoria do totalitarismo: o By fascismo italiano ft Mussolini o Intenção de elevar o Estado à posição de realidade última da Nação. o “[...] espiritual ou materialmente não existiria qualquer atividade humana fora do Estado, neste sentido o fascismo é totalitário.” (MUSSOLINI, B., 1935, p. 7) O autor não apoia o conceito de totalitarismo, pois para ele apenas existe uma PRETENSÃO TOTALITÁRIA. • O professor acha interessante a comparação entre autoritarismo (obediência + m ata-se quem incomoda) e totalitarismo (obediência e adesão + mata -se quem não veste a ideologia). • Elementos comuns entre autores sobre o fascismo (p. 120) - Aparelho político (partido, Estado, forças armadas, política secreta, etc.). o Liderança e condução inconteste do grande líder. - Ausência de análise da participação das massas populares/ visão dessa como passivas, manipuláveis. • Ressurgência do fascismo/neofascismo o Anos 90. o Na Alemanha: processo d e reunificação alemã pós Guerra Fria + onda de nacionalismo xenofóbico. o A historiografia “insistia, quase que numa posição defensiva, no caráter histórico, quer dizer, único e não retomável, do fenômeno fascista.” (p. 121) - “A ciência política liberal consideram qualquer hipótese de ressurgência d o neofascismo como uma invenção de esquerda (TREVOR-HOPE, 1974, p. 51)” (p. 121) • “O ressurgimento do fascismo como fenômeno de massa hoje não pode ser explicado à luz dos fenômenos que pretensiosamente explicariam o fascismo nos anos 20 e 30 (a derrota alemã e Versalhes, a frustração política italiana em 1919 ou a crise d e 1929). Podemos, mesmo, duvidar se tais eventos históricos efetivamente explicaram o fascismo histórico... Assim, a ressurgência do fascismo nos obriga a lançar mão de um novo arsenal teórico e de novos métodos que possam explicar as duas marés fascistas (anos 20/30 e anos 90) ocorridas em nosso século e, mesmo, unificar a teoria explicativa do fascismo, pensando-o em termos mais fenomenológicos, enquanto modelo de reação, organização e participação de amplas camadas das massas populares nas modernas sociedades industriais ou em transição à industrialização, e muito menos como fenômeno específico da história alemã ou italiana dos ano s 20. [...] poderíamos dizer que a anatomia do neofascismo ajudaria enormemente a explicar o fascismo histórico.” (SILVA, 2000, p. 121-122) • O auto r busca um modelo de análise do fascismo, o que segundo o professor, parte de Max Weber e o tipo ideal. o Cria-se u m modelo e, a partir dele, se analisa o fenômeno e suas particularidades. • No geral, o fascismo é: antiliberal, antidemocrata, antissocialista, historicista, nacionalista (o que, segundo Ernst Nolte, pode ser d inominado como o minimum fascista. (p. 125)) • Na obra também são considerados movimentos fascistas que não foram bem sucedidos, pois “Muitas vezes, [... ] movimentos fascista s que não chegaram ao poder apresentam um perfil fascista bem mais desenhado do que regimes estabelecidos. Regimes fascista s, nas maioria da s vezes, chegaram ao poder através de pactos e alianças com outras f orças conservadoras, sendo obriga dos a abrir mão de parte do seu ideário inicial.” (p. 125) • Fascismo: movimento de caráter metapolítico (p.127) • Das características: O antiliberalismo e antiparlamentarismo fascista (p. 127) • Acusa as formas liberais de organização de originarem a crise contemporânea • Duas dimensões antiliberais: o Falência do sistema liberal; o Caráter geneticamente desagregador do liberalismo; • “A principal resposta fascista à crise de identidade atribuída à imposição dos princípios liberais foi a proposição do Estado coorporativo .” (p. 139) • Modo de propor formas eficientes de resistir à crise e a insegurança geral, e a face metapolítica do fascismo • Controle da esfera pública e privada “(política de casamentos puros, controle sexual, incentivo e punição em relação ao número de filhos, cultos cívicos públicos, perseguições religiosas, etc.)” (p. 139) • Por sua pretensão totalitária, o fascismo “implica a subordinação e o sucumbir da sociedade civil aos objetivos identificados como nacionais pelo Estado. Assim, é ele que organiza, normatiza e dirige a sociedade, com total desprezo por qualquer esfera exclusiva do privado.” (p. 140) • TRADIÇÃO : propõe recuperar a unidade nacional e a integridade do homem a partir de instituições, rituais e cerimônias que reestabeleçam os corpos sociais do Antigo Regime, se contrapondo à sociedade industrial moderna libera l (p. 140) • Entretanto, por reconhecer o fim do Antigo Regime, é proposto a Revolução Fascista, não reestabelecendo a Tradição, e sim o estabelecimento de uma nova teia social. • “[O fascismo é] revolucionário porque é antidogmático e antidemagógico, fortemente inovador e carece de preconceitos. Nós nos colocamos em defesa da guerra revolucionária acima de tudo e de todos.” (Il Popolo d’Itália, 1919) – p. 141 • “O fascismo se propunha um estado que se presentaria como a corporação do trabalho, supraclassista e a cima d os mesquinhos interesses priva dos e de suas representações partidárias.” (p. 142) • O fascismo se propunha como uma TERCEIRA VIA, negando o marxismo e o liberalismo (p. 142) • A apropriação de um layout socialista partiu da necessidade de incorporar o movimento operário e sindical, o que é explicado pelo próprio Hitler em seu livro Mein Kampf como Truques na luta pelos eleitores. (p. 143) • “O fascismo se oferececomo uma possibilidade de restauração de identidades perdida s.” (p. 142), onde a raça, a história e o espírito da nação seriam o cimento na construção da nova comunidade. • Os sindicatos foram substituídos pelas corporações, onde a Frente Alemã do Trabalho regulava as relações entre operários e empregadores (p. 144) • Não havia uma relação direta trabalhador/patrão, e sim patrão/partido • Assim se criava uma nova forma de regulação econômica, a AUT ARQUIA, objetivando a reorganização da economia num sistema anticrese, aonde a intervenção econômica garantiria o mercado interno, o abastecimento e o escoamento da produção (p. 144 – 145) • A autodenominação NACIONAL-SOCIALISMO: o Os fascistas defendiam “uma comunidade solidária, harmônica, sem conflitos, fundada em um REGIME DOS PRODUTORES” (p. 145), sendo assim o verdadeiro socialismo, não vinculado ao bolchevismo e ao marxismo. o É daí que surge a f rente anticapitalista d o fascismo, que esperava por uma Segunda Revolução onde se eliminariam os exploradores capitalistas. Esses f oram eliminados pela Gestapo na Noite das Longas Facas, e foram presos na Itália. o OU SE JA, os que tomaram e permaneceram no poder NÃO ERAM ANTICAPITALISTAS. o Após a conquista do Estado, o fascismo revolucionário devia ser eliminado, tendo sido usado apenas para destruir o Estado liberal (p. 146) -Os fascistas se viam socialistas porque viam “no socialismo, quer dizer, na interdependência vital de todos os membros da comunidade, [...] a única possibilidade de manter nosso patrimônio étnico e , por conseguinte, d e reconquistar nossa liberdade e renovar o Estado Alemão.” (GOEBBELS, 1928) o OU SEJA, PRA ELES SOCIALISMO = COORPORATIVISMO o “É exatamente por se definir enquanto um regime de produtores, nacional e defensor do bem -estar coletivo, que o fascismo se define como socialista.” (p. 147) - “O corporativismo seria a b ase do socialismo n acional, ou do nacional-socialismo” (p. 148) A destruição do Eu e a negação do outro (p. 148) • A partir do estabelecimento do que é nacional , tudo o que não se encaixa nesse padrão deve ser eliminado, pois impossibilita a COESÃO NACIONAL e a homogeneidade (p. 149) • Os judeus e ciganos se d estacavam como antinacionais por serem povos universais, cosmopolitas e de línguas distintas, não possuindo assim homogeneidade nem entre os seus. • “No fascismo não há espaço para o outro, mesmo o outro hierarquizado e subordinado, tampouco para sua educação e conversão num homem novo, como o comprova o extermínio de judeus e gays.” (p. 149) • O autor critica as tentativas de buscar nos judeus a ração d e serem as maiores vítimas do holocausto, pois dessa forma se estabelece a culpa nas vítimas e não nos algozes. • “O Holocausto, bem com o outros genocídios, deve ser filiado a uma concepção de mundo que ne ga qualquer possibilidade de um contratipo ao seu tipo padrão, e não à história específica de um povo.” (p. 150 – 151) • O que os judeus, ciganos e gays tinham em comum é que “são grupos constituídos por uma cultura marcada por laços de solidariedade [...], de auto - identidade e ajuda. A família judaica, a nação cigana e o grupo de amigos gays são, em suma , exemplos famosos de possibilidades arrebatada s de ENFRENTAR DESAFIOS EM NOME DO AMOR.” (p. 151) • A característica base dos algozes foi e é a FRIEZA do indivíduo pelo outro (incapacidade de amar) • Tal frieza era ensinada desde cedo por meio da educação escolar e familiar autoritárias. • O estado fascista se ergueria com base no “espírito de camaradagem e de sacrifício, o sentimento de ser peça, parte substituível, de uma imensa engrenagem voltada para um fim maior.” (p. 155) • Associação masculina, hierarquizada pelo princípio do mando e voltada para valores como a força, lealdade, honra, temperança e desprendimento com sua própria vida. • Idealização do corpo esportivo, militar, distinguindo -se do burguês acomodado. • O super-homem nazista/fascista • Às mulheres cabia gerar mais filhos para o Império • As relações homossexuais eram reprimidas por não servir ao proposito de perpetuação e expansão da raça ariana, sendo consideradas luxúria. CONCLUSÃO: O tipo ideal fascista • Pontos do fascismo: antiliberalismo, antimarxismo, organicismo social, liderança carismática e negação da diferença. • Caráter metapolítico do fascismo, mobilizado para a incorporação da nação, numa concepção de mundo único, excludente e terrorista. • Importância da educação autoritária, baseada no ódio ao diferente e na frieza. • Estado orgânico. • Líder único, que irá transmitir a ideologia ideal para a sociedade por meio de órgãos do Estado perfeitos, racionais e funcionais. • Movimento moderno (que não tem uma visão focada no passado, diferente dos conservadores e reacionários), ou seja, revolucionário. (p. 138) • Objetivo fascista: COESÃO NACIONAL