Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA DE MACHADO CURSO AGRONOMIA ENTOMOLOGIA GERAL Neyla Cristina Ferreira do Prado MACHADO-MG 2008 2 CENTRO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA DE MACHADO Morfologia Externa Neyla Cristina Ferreira do Prado Trabalho apresentado ao curso de Agronomia ao Profº Renildo Felix à disciplina de Entomologia MACHADO-MG 2008 3 ÍNDICE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 4 MORFOLOGIA EXTERNA ............................................................................................................................ 6 CABEÇA ........................................................................................................................................................... 6 OLHOS COMPOSTOS E OCELOS .................................................................................................................... 7 ANTENAS ....................................................................................................................................................... 7 ESTRUTURAS DE UMA ANTENA TÍPICA .......................................................................................................... 8 TIPOS DE ANTENAS ....................................................................................................................................... 8 DIMORFISMO SEXUAL NAS ANTENAS .......................................................................................................... 11 PEÇAS BUCAIS ............................................................................................................................................ 12 CLASSIFICAÇÃO DOS APARELHOS BUCAIS ................................................................................................. 15 APARELHO BUCAL NAS FASES IMATURA E ADULTA ................................................................................... 20 DIREÇÃO DAS PEÇAS BUCAIS ..................................................................................................................... 21 TÓRAX ............................................................................................................................................................ 23 CONSTITUIÇÃO DE UM SEGMENTO TORÁCICO ............................................................................................ 24 APÊNDICES TORÁCICOS .......................................................................................................................... 26 PERNAS ......................................................................................................................................................... 26 ESTRUTURAS DE UMA PERNA TÍPICA .......................................................................................................... 28 TIPOS DE PERNAS ........................................................................................................................................ 30 ASAS ............................................................................................................................................................... 35 ESTRUTURAS DE UMA ASA .......................................................................................................................... 35 CÉLULAS ..................................................................................................................................................... 36 REGIÕES DA ASA ......................................................................................................................................... 37 MARGENS OU BORDOS ................................................................................................................................ 37 ESTRUTURAS DE ACOPLAMENTO ................................................................................................................ 38 TIPOS DE ASAS ............................................................................................................................................ 39 ABDOME ........................................................................................................................................................ 43 CARACTERÍSTICAS DOS SEGMENTES ABDOMINAIS .................................................................................... 43 APÊNDICES ABDOMINAIS ............................................................................................................................. 44 TIPOS DE ABDOME ....................................................................................................................................... 47 CONCLUSÃO ................................................................................................................................................ 48 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................. 50 4 Introdução Os insetos ou insectos são animais invertebrados da classe Insecta, o maior e, na superfície terrestre, mais largamente distribuído grupo de animais do filo Arthropoda, são caracterizados pela divisão do corpo em três partes: cabeça, tórax e abdome. Os insetos são o grupo de animais mais diversificado existente na Terra, possuem mais de 800 mil espécies descritas, mais do que todos os outros grupos de animais juntos. Os insetos podem ser encontrados em quase todos os ecossistemas do planeta, mas só um pequeno número de espécies se adaptaram à vida nos oceanos. Existem aproximadamente 5 mil espécies de Odonata (libelinhas), 20 mil de Orthoptera (gafanhotos), 170 mil de Lepidoptera (borboletas), 120 mil de Diptera (moscas e mosquitos), 82 mil de Hemiptera (percevejos e afídeos), 350 mil de Coleoptera (besouros) e 110 mil de Hymenoptera (abelhas, vespas e formigas). Alguns grupos menores, com uma anatomia semelhante, como os colêmbolos, eram agrupados com os insetos no grupo Hexapoda, mas atualmente seguem um grupo parafilético Ellipura, tendo discussões filogenéticas relevantes no campo da biologia comparativa. Os verdadeiros insetos distinguem-se dos outros artrópodes por serem ectognatas, ou seja, com as peças bucais externas e por terem onze segmentos abdominais. Os insetos são geralmente pequenos e têm o corpo segmentado e protegido por um exosqueleto de quitina. O corpo é dividido em três tagmas: cabeça, tórax e abdómen. Na cabeça encontram-se um par de antenas sensoriais, um par de olhos compostos, dois ou três olhos simples ou ocelos e as peças bucais: um par de mandíbulas, um par de maxilas e a hipofaringe. Outras estruturas que fazem parte do aparelho bucal dos insetos são o lábio, o labro, um par de palpos labiais, um par de palpos maxilares e o clípeo. Essas peças são modificadas em cada grupo para atender aos diferentes hábitos alimentares, formando diversos tipos de aparelho bucal (sugador, mastigador e lambedor). Podem ser caracterizados como animais de simetria bilateral e segmentados como os demais artrópodes e também com os anelídeos.São, porém, os únicos artrópodes que possuem asas, que são finas expansões do exoesqueleto, possibilitando a dispersão por distâncias maiores. O tórax é dividido em três segmentos: protórax, mesotórax e metatórax cada um com um par de patas e, nos alados (Pterygota), um ou dois pares de asas, um no mesotórax e outro no metatórax. O abdómen em geral apresenta onze segmentos, mas em muitos esse número é reduzido. Podem ser encontrados apêndices no 11° segmento, estes são chamados cercos. Além disso, é no abdómen que se encontram as estruturas reprodutivas. Nos machos o segmento genital é o 9°, onde há a abertura genital. Nas fêmeas são os segmentos 8° e 9°. Os machos de algumas espécies podem apresentar um par de ganchos no segmento genital que auxilia na cópula como nos percevejos (Hemiptera), outros insetos possuem estilos (par de pequenos prolongamentos) como baratas e louva-a-deus. As 5 fêmeas de muitos insetos possuem ovopositores, apêndices dos segmentos genitais adaptados a postura de ovos. São compostos de três pares de valvas, um no 8° segmento e dois no 9° segmento. 6 Morfologia Externa Estuda exteriormente as partes do corpo dos insetos. As características morfológicas serão apresentadas para as três regiões do corpo de um inseto: cabeça, tórax e abdome. Cabeça Apresenta os apêndices fixos (olhos compostos e ocelos) e os móveis (antenas e peças bucais). Além desses apêndices existem, ainda, suturas e carenas (cristas), que, por sua posição e forma, têm valor taxonômico. As subiras são sulcos ou linhas marcadas na superfície externa do tegumento resultantes da invaginação deste ou da justaposição de escleritos. As carenas são resultantes da evaginaçào do tegumento. A invaginação do tegumento na cabeça pode levar à formação de processos internos chamados de apódemas que, quando unidos, formam o tentório. Este funciona como “endoesqueleto” da cabeça em alguns insetos. Em insetos com a cápsula cefálica bastante dura como nos besouros, a maioria das suturas e o tentório estão ausentes. Com exceção da sutura pós-occipital, que provavelmente marca a separação entre a maxila e o lábio inferior primitivos, as demais suturas não têm nenhum significado na metamerização da cabeça. As principais suturas cefálicas (Fig. 4.1) são: • Epicranial - Na parte frontal da cabeça, em forma de um Y invertido: o ramo único denomina-se sutura coronal e os ramos da bifurcação constituem as suturas frontais. É a partir da sutura epicranial que o inseto imaturo inicia o rompimento do velho tegumento na ecdise. • Epistomal ou clipeal - Separa o clípeo da fronte. É também denominada fronto-clípeal ou clípeo-frontal. • Labro-clipeal ou clípeo-labral. Separa o clípeo do lábio superior. • Subgenais - Uma de cada lado da cabeça, próximas às articulações das mandíbulas. • Oculares - Circundam os olhos compostos. • Suboculares - Na parte inferior dos olhos até a base das mandíbulas. • Antenais - Circundam a base das antenas. • Subantenais - Na base das antenas e orientam-se para as mandíbulas. • Occipital - Na parte posterior da cabeça. • Pós-occipital - Atrás da occipital. 7 Essas suturas delimitam áreas da cabeça, as quais são chamadas áreas inter-suturais. As principais áreas são: • Frontal - Área delimitada pela ramificação das suturas frontais. • Fronto-clipeal - Área mediana da cabeça entre as antenas ou suturas frontais até a base do lado superior, abrangendo, portanto, a fronte e o clípeo. • Parietais - Na parte superior da cabeça entre os olhos compostos, separadas pela sutura coronal. • Vértice - Porção mais elevada da cabeça, também chamada de epicrânio. • Genais - Abaixo e atrás dos olhos, estendendo-se até as mandíbulas. • Subgenais - Duas áreas estreitas entre as áreas genais e a articulação das peças bucais. • Pós-genais - Na base do arco occipital. • Occipital - Entre as suturas occipital e pós-occipital, em forma de um arco. • Pós-occipital - Entre a sutura pós-occipital e o cérvice (“pescoço”). Olhos compostos e ocelos Antenas 8 São apêndices móveis da cabeça embriologicamente originários do segundo segmento da cabeça (antenal), inseridos na cavidade antenal. Todos os insetos adultos possuem um par de antenas (díceros). São apêndices sensoriais (olfato, audição, tato e gustação e, desse modo, apresentam inúmeras modificações e estruturas para desempenhar essas funções. As antenas podem também desempenhar funções de equilíbrio e auxiliar o macho a segurar a fêmea durante a cópula. Estruturas de uma antena típica A antena é formada por uma série de artículos ou antenômeros e apresenta três partes distintas: escapo, pedicelo e flagelo (Fig. 42). O escapo é o primeiro artículo, em geral o mais desenvolvido, e articula-se à cabeça por meio de uma parte basal mais dilatada (bulbo), O pedicelo é o segundo antenômero, geralmente curto, porém às vezes pode ser dilatado para abrigar o órgão de Johnston função auditiva), O flagelo é formado pelos demais artículos, e varia muito quanto ao número e à forma. E a parte mais distinta da antena, sendo que os variados aspectos de seus antenômeros podem ser de importância para a taxonomia dos insetos. Tipos de antenas De acordo com o aspecto dos antenômeros do flagelo, podem ser reconhecidos os seguintes tipos de antenas: • Filiforme - Todos os artículos são semelhantes em tamanho, ligeiramente alongados, formando uma seqüência que se assemelha a um fio. É 9 considerado o tipo mais primitivo. É a antena encontrada nas esperanças, baratas etc. • Moniliforme - Segmentos arredondados, semelhantes às contas de um colar. Encontrada em cupins e algumas espécies de besouros • Clavada - O flagelo termina em uma dilatação semelhante a uma dava, não muito pronunciada. Essa dava ou massa apical pode ser constituí da de apenas um articulo ou de vários. E a antena típica das borboletas. • Capitada - É uma antena semelhante à clavada, porém com a dava apical bastante dilatada. Encontrada em várias espécies de besouros, por exemplo, na broca-do-café. • Imbricada - Artículos em forma de taças, com a base de cada um encaixada no ápice do outro. Encontrada em besouros, por exemplo, espécies de Calosoma (Carabidae). • Fusiforme - Artículos medianos algo dilatados dando à antena aspecto de fuso. Típica das espécies da família Hesperiidae (lepidópteros de hábitos crepusculares). • Serreada - Artículos com expansões em forma pontiaguda em um ou ambos os lados, semelhantes aos dentes de uma serra. E a antena dos besouros da família Buprestidae. Quando as expansões ocorrem nos dois lados, a antena é denominada bisserreada • Denteada - Artículos com expansões arredondadas, com conformações de dentes. Essa antena é encontrada em espécies de vaga-lumes. Quando as dilatações estão em ambos os lados, a antena é denominada bidenteada. • Estiliforme - Extremidade apical do flagelo em forma de estilete, recurvado ou reto. E a antena típica de algumas espécies de dípteros (por exemplo, mutucas) e das espécies de Sphingidae (mariposas). • Plumosa - Flagelo com inúmeros pêlos que circundam todos os artículos, assemelhando-se a uma pluma ou pena. E a antena típica dos machos de pernilongos. • Flabelada - Expansões laterais em forma de lâminas ou folhas, como em algumas espécies de besouros e de microimenópteros. • Setácea - Antenômeros diminuem de diâmetro da base para extremidade da antena; a separação entreos artículos é evidente. E comumente encontrada em gafanhotos e serra-paus. • Furcada - Antenômeros do flagelo dispostos em dois ramos, tomando a forma da letra Y. E encontrada nos machos de alguns microimenópteros. •Pectinada - Artículos com expansões laterais, longas e mais ou menos finas, assemelhando-se a um pente. Quando as expansões encontram-se nos dois lados do flagelo, é denominada bipectinada. Comuns em mariposas, principalmente nos machos. • Lamelada - Os três últimos antenômeros são expandidos lateralmente; juntos formam lâminas que se sobrepõem. Antenas típicas dos besouros da família Scarabaeidae. 10 • Geniculada - Escapo longo; pedicelo e artículos do flagelo dobrados em ângulo, assemelhando-se a um joelho. Encontrado em formigas, abelhas, vespas e mamangavas. • Aristada - Flagelo com um único artículo globoso e com uma cerda (pêlo) denominada arista. E a antena típica das moscas. • Composta - Formada pela combinação de uma antena geniculada (dobrada; escapo longo) com um outro tipo, por exemplo, genículo-clavada, genículo-capitada, genículo-moniliforme etc. 11 Dimorfismo sexual nas antenas 12 É possível o reconhecimento do sexo de algumas espécies por meio das antenas, com base em; • Tamanho - As antenas dos machos geralmente são mais desenvolvidas. • Tipo - Machos e fêmeas têm antenas de tipos diferentes. Por exemplo, os machos de pernilongos têm antenas plumosas e as fêmeas, filiformes. • Inserção - Machos de alguns besouros têm antenas inseridas na extremidade do prolongamento cefálico, enquanto nas fêmeas localizam-se no meio desse prolongamento. • Número de antenômeros - Machos de alguns himenópteros aculeados têm 13 antenômeros e as fêmeas, 12. Peças bucais O aparelho bucal é composto de apêndices móveis, embriologicamente originários do 3º, 4º, 5º e 6º segmentos cefálicos. Compõe-se, primitivamente, de um conjunto de peças, em número de oito, sendo duas, muitas vezes, atrofiadas. Essa atrofia pode ocorrer em todas as peças bucais, havendo assim insetos agnatos, isto é, não possuem aparelho bucal funcional, como no caso de muitas espécies de efeméridas na fase adulta. A morfologia das peças varia de espécie para espécie principalmente devido às adaptações alimentares. Assim há insetos que se alimentam de nutrientes sólidos e outros de líquidos; há aqueles que encontram seu alimento facilmente na superfície, e outros que precisam introduzir o aparelho bucal para a retirada do alimento, como no caso da sucção de seiva das plantas ou do sangue dos animais. São as seguintes as peças bucais (Fig. 4.3): 13 • Labro ou lábio superior (LS) É uma peça articulada ao clípeo (epistoma) pela sutura clípeo-labral. Sua forma é bastante variável (retangular, bilobada ou triangular). Pode movimentar-se para baixo e para cima, com função de proteção e manutenção dos alimentos, que são triturados pelas mandíbulas. • Mandíbulas (MD). Duas peças localizadas lateralmente ao labro, articulando- se por meio de côndilos na parte lateral da cabeça. Têm função trituradora, cortadora, moedora, perfuradora, modeladora e transportadora, além de defesa muitas vezes são extremamente modificadas na sua morfologia, em razão das exigências alimentares. 14 • Maxilas (MI). Duas peças auxiliares das mandíbulas durante a alimentação. Cada maxila é formada por várias peças, algumas com função tátil e gustativa ou função mastigadora ou, quando extremamente modificadas, perfuradora. Essas peças são denominadas cardo (peça basal, que faz articulação da maxila à cabeça), estipe (peça mais ou menos quadrangular que suporta duas peças laminares, gálea, externa e lacínia interna). Há ainda os palpos maxilares, com função tipicamente sensorial, que se articulam lateralmente à estipe, por meio de um esclerito chamado palpífero. • Lábio ou lábio inferior (LI). Peça ímpar, constituída pela fusão de duas maxilas nos artrópodes primitivos, havendo portanto uma homologia entre as 15 peças constituintes do lábio e as das maxilas. Apresenta função tátil e de retenção de alimentos. O lábio é composto de uma parte basal chamada de pós-mento ou pós-lábio, e uma parte distal que é o pré-mento ou pré-lábio. O pós-mente compreende duas partes achata das e alargadas, o submento e o menta. Os palpos labiais articulam-se lateralmente ao pré-monto, por meio de um esclerito chamado palpígero. Os palpos labiais apresentam normalmente 3 segmentos e têm função sensorial. Estão ainda inseridos no pré-mento 4 lobos: as glossas (2 lobos menores e internos; e as paraglossas (2 lobos externos). Quando essas 4 peças acham-se fundidas em uma só, formam um apêndice bilobado chamado de lígula. • Epifaringe (EP). Localizada na parte interna ou ventral do labro. É constituída por uma dobra membranosa recoberta por pêlos sensoriais, com função gustativa. • Hipofaringe (HP). Inserida junto ao lábio. Possui função gustativa e tátil, sendo mais ou menos quitinizada, apresentando função de canal salivar em muitos insetos. Os insetos apresentam as peças bucais livres e salientes na cavidade bucal (ectógnatos). Portanto, a mastigação é feita fora da cavidade bucal. A boca” recebe o nome de cibário ou cavidade pré-oral. Classificação dos aparelhos bucais 16 • Triturador ou mastigador - Apresenta todas as 8 peças bucais: labro, 2 mandíbulas, 2 maxilas, lábio, epifaringe e hipofaringe. Algumas peças podem ser levemente modificadas, mas isso não afeta suas funções, ou seja, a trituração ou mastigação de alimentos. Está presente na maioria das ordens. E considerado o mais primitivo. • Sugador labial - É também chamado picador-sugador. Apresenta as peças bucais modificadas em estiletes ou atrofiadas, com exceção do labro, que é normal e pouco desenvolvido. O lábio transforma-se num tubo, denominado haustelo, rostro ou bico, que aloja os demais estiletes. O lábio não tem função picadora. A sucção do alimento é função das mandíbulas, epifaringe e hipofaringe. As maxilas, que possuem extremidades serreadas, têm função perfuradora. De acordo com o número de estiletes abrigados pelo lábio, tem-se os subtipos: — hexaqueta - 6 estiletes (2 MD, 2 MX. EP e HP. Ocorre nos dípteros (pernilongos, mutucas e borrachudos) (Fig. 4.4). 17 — tetraqueta - 4 estiletes (2 MD e 2 D A epifaringe e hipofaringe são atrofiadas. Somente nos hemípteros (cigarras, cigarrinhas, percevejos, pulgões, cochonilhas e moscas-brancas. — triqueta - 3 estiletes. Em tripes (MD esquerda, a direita é atrofiada e 2 MX), piolhos hematófagos (MX unidas, Li e HIP) e pulgas (2 MX e EP). 18 — diqueta – 2 estiletes (Díptera). Nas moscas-dos-estábulos, os estiletes são representados pela fusão do LS com o EP (labro-epifaringe) e HIP, tendo função de picar. Nas moscas-domésticas, esses 2 estiles são rudimentares. As peças bucais transformam-se numa probóscida, adaptada para lamber. • Sugador maxilar - A modificação ocorre somente nas maxilas, sendo as demais peças atrofiadas. As gáleas das maxilas transformam-se em duas peças alongadas e internamente sulcadas, de modo que, quando justapostas, originam um canal por onde o alimento é ingerido por sucção, O conjunto assume o aspecto de um tubo longo e enrolado (em repouso) denominado espirotromba. Encontrado somente nas borboletas e mariposas. 19 • Lambedor - Labro e mandíbulas normais. As mandíbulas estão adaptadas para furar, cortar, transportar ou moldar cera. As maxilas e o lábio inferiorsão alongados e unidos, formando o órgão lambedor. As glossas são transformadas numa espécie de língua com a qual os insetos retiram o néctar das flores, possuindo a extremidade dilatada (flabelo). Em abelhas e mamangavas. 20 Aparelho bucal nas fases imatura e adulta 21 • Menorrincos - Aparelho bucal sugador labial tanto na forma jovem como no adulto. Ex.: tripes, percevejos, cigarras, pulgões, cochonilhas, moscas-brancas etc. • Menognatos - Aparelho bucal mastigador nas larvas e adultos. Ex.: besouros, gafanhotos, baratas, cupins, louva-a-deus etc. • Metagnatos - Aparelho bucal mastigador na fase imatura e sugador maxilar (borboletas e mariposas), lambedor abelhas, mamangavas ou sugador labial moscas, pernilongos etc, na fase adulta. Direção das peças bucais • Hipognata - Peças bucais dirigidas para baixo e cabeça vertical em relação ao eixo do corpo (90º) Ex.: gafanhotos, baratas, louva-a-deus, abelhas, libélulas etc. • Prognata - Peças bucais dirigidas para a frente e cabeça horizontal em relação ao eixo do corpo (180º). Ex.: tesourinhas, cupins etc. 22 • Opistognata - Peças bucais dirigidas para baixo e para trás, formando um ângulo menor que 90°. Ex.: cigarras, percevejos, pulgas etc. 23 Tórax É a segunda região do corpo do inseto e apresenta os apêndices locomotores (pernas e asas). E derivado dos três segmentos torácicos embrionários que per manecem na fase adulta; portanto o tórax é formado por três segmentos, cada um derivado do respectivo segmento embrionário. O primeiro segmento é o protórax, que está unido à cabeça; o mesotórax é o mediano e o metatórax é o terceiro e liga-se ao abdome. Somente o protórax é desprovido de asas, todavia apresenta o primeiro par de pernas; mesotórax e metatórax possuem cada um, geralmente, um par de asas e um par de pernas. Na fase adulta, todos os insetos possuem seis pernas (hexápodes). Com relação ao número de asas, podem ser ápteros (sem asas), dípteros (duas asas) e tetrápteros (quatro asas — maioria das espécies). O dorso de um segmento torácico alado é inteiramente ocupado por uma placa tergal, na qual se articulam as asas. Porém, no segmento com asas mais desenvolvidas, há outra placa posterior chamada pós-noto. Essas placas aladas formam a alinoto. Em alguns himenópteros, aparentemente o tórax tem 4 segmentos, porém o “quarto segmento” é na realidade o primeiro segmento abdominal (propódeo ou epinoto), que está intimamente unido ao metatórax. 24 Constituição de um segmento torácico O corpo dos insetos é revestido por uma substância quitinosa que forma o exoesqueleto, porém, essa camada protetora não sofre solução de continuidade. Assim, torna-se fina, membranosa e flexível nas articulações e espessa nas demais partes, devido à maior concentração de quitina. Essas placas de quitina, constituintes dos segmentos ou metâmeros torácicos e abdominais, são chamadas escleritos (grego skleros = duro). Um segmento típico, por exemplo, o mesotórax (Fig. 4.8), apresenta sempre o mesmo número de escleritos. O metâmero típico é constituído por dois semi- arcos, um superior e outro inferior, O semi-arco superior ou dorsal é o tergo ou noto e os seus escleritos são chamados tergitos. O semi-arco inferior ou ventral é o esterno, formado pelos esternitos. Esses semi-arcos são ligados lateralmente por áreas membranosas denominadas pleuras, e seus escleritos são chamados pleuritos. 25 O tergo é constituído por oito tergitos: 2 prescutos, 2 escutos, 2 escutelos e 2 pós-escutelos; o esterno é formado por dois esternitos, para cada metade do semi-arco. Cada pleura é constituída por dois pleuritos: epímero (em contato com o tergo) e episterno (relacionado com o esterno). Portanto, considerando- se o tergo formado por oito tergitos (4 pares simétricos), o esterno por 2 esternitos, e cada pleura por 2 pleuritos, tem-se que uni segmento típico é formado por 14 escleritos. Dependendo do segmento torácico no qual determinado esclerito se localiza, empregam-se os prefixos pra, meso ou meta, em sua nomenclatura. Assim, tem-se, por exemplo, pronoto, proepímero, propleura, mesoesterno, mesoescuto, metapleura, metaepisterno etc. Essa nomenclatura é empregada nos estudos de morfologia externa e taxonomia. 26 Apêndices torácicos Pernas São apêndices locomotores terrestres ou aquáticos. Os insetos, no estado adulto, apresentam 6 pernas (hexápodes) e um número variável nas larvas. Além da locomoção, as pernas são também adaptadas para escavar o solo 27 coletar alimentos, capturar presas etc. Há um par de pernas em cada segmento torácico isto é, pernas protorácicas ou anteriores, mesotorácicas ou medianas e metatorácicas ou posteriores. As pernas estão articuladas, na parte posterior de cada segmento torácico, entre o epímero e o episterno. 28 Estruturas de uma perna típica 29 • Coxa (cx). Normalmente curta e grossa; articula-se ao tórax por meio da cavidade coral. • Trocanter (tr). Segmento curto entre a coxa e o fêmur, freqüentemente fixo a este. As vezes pode estar dividido em duas partes (dítroca), não-articuladas entre si. • Fêmur (fm). Parte mais desenvolvida; fixa-se ao trocanter e às vezes diretamente à coxa, deslocando o trocanter lateralmente. • Tíbia (tb). Segmento delgado e quase tão longo quanto o fêmur; pode apresentar espinhos e esporões. • Tarso (ts). Porção articulada, constituída por artículos denominados tarsômeros, que variam de 1 a 5. De acordo com o número de tarsômeros, os insetos podem ser agrupados em: • Homômeros - Mesmo número de tarsômeros nos 3 pares de pernas. Os insetos homômeros podem ser monômeros, dímeros, trímeros, tetrâmeros e pentâmeros, quando possuem, respectivamente, 1, 2, 3, 4, ou 5 artículos nos tarsos de todas as pernas. Podem ser ainda criptotetrâmeros quando aparentam ter apenas 3 tarsômeros, mas na realidade possuem 4, pois o 3º articulo fica embutido entre o 2º e o 4º, e criptopentâmeros quando o 4° tarsômero está oculto entre o 3° e o 5°, aparentando apenas 4 artículos, em vez de 5. • Heterômeros - Diferente número de tarsômeros em pelo menos um par de pernas, como nas formulas tarsais: 3-5-5, 4-5-5, 54-4, 5-5-4 (cada número indica os tarsômeros existentes em um par de pernas). • Pós-tarso (pt). Parte distal da perna, também chamada de pré-tarso (Fig. 4.10). As garras tarsais são estruturas do pós-tarso presentes na extremidade apical de todas as pernas; geralmente são duplas, mas em alguns grupos de insetos só há uma garra (ou unha) apical. Entre as garras pode haver uma expansão membranosa, que é o arólio. Alguns dípteros apresentam, entre as garras, uma estrutura bilobada, denominada pulvilo e pode ocorrer também um processo mediano conhecido por empódio em forma de espinho ou de uma expansão membranosa semelhante ao pulvilo. O pós-tarso tem a função de auxiliar a fixação, quer pelas garras (em superfícies ásperas), quer por meio do arólio (em superfícies lisas). 30 Tipos de pernas Conforme a função a ser exercida, as pernas podem apresentar modificações em suas partes que as tomam mais adaptadas para o desempenho daquela função. Essas modificações são adaptações dos insetos de acordo com o meio onde vivem e podem ocorrer nos três pares de pernas ou somente no primeiro ou último par. Assim, tem-se os diferentestipos de pernas, sendo os principais: • Ambulatórias - Sem modificação especial em nenhuma de suas partes; é o tipo fundamental, próprio de quase todos os insetos, e são adapta das para andar ou correr. Geralmente as pernas protorácicas são mais curtas, as mesotorácicas, de tamanho intermediário, e as metatorácicas, mais longas. E o tipo de pernas das baratas, moscas, muitos besouros, borboletas, mariposas, formigas etc. 31 • Saltadoras ou saltatórias - Pernas posteriores dos gafanhotos, grilos, esperanças pulgas e alguns besouros. Fêmur e a tíbia bastante desenvolvidos e alongados, funcionando como uma alavanca que impulsiona o inseto para a frente aos saltos, que podem alcançar 100 vezes o tamanho do inseto (pulgas). 32 • Nadadoras ou natatórias - Pernas de insetos de hábito aquático, com adaptação mais acentuada nos tarsos posteriores, que assumem a forma de remo. Fêmur, tíbia e tarso achatados e geralmente com as margens providas de pêlos que auxiliam a locomoção na água. E o tipo de pernas das baratas- d’água e besouros aquáticos. • Preensoras - Fêmur desenvolvido com um sulco, onde se aloja a tíbia recurvada. Servem para apreender outros animais, inclusive outros insetos, entre o fêmur e a tíbia. • Raptadoras ou raptatórias - Fêmur e tíbia possuem perfeita adaptação, além de numerosos espinhos e dentes que auxiliam na apreensão das presas, geralmente outros insetos. São as pernas anteriores dos louva- a-deus (Mantodea) e dos mantispídeos (Neuroptera). 33 • Fossoriais ou escavadoras - Tarso modificado em digitus (nas paquinhas) ou tíbia em forma de lâmina larga e denteada (nos escaravelhos) para escavar o solo. Portanto, são as penas anteriores de insetos de hábito subterrâneo. • Escansoriais - Tíbia, tarso e garra tarsal com conformação típica para agarrar o pêlo (ou cabelo) do hospedeiro, para a sua fixação. São os três pares de pernas dos piolhos hematófagos. 34 • Coletoras - Servem para recolher e transportar grãos de pólen. Primeiro segmento do tarso bastante desenvolvido, constituindo o basitarso, provido de pêlos e nas abelhas, a superfície externa da tíbia é lisa e com longos pêlos nas laterais, formando a corbícula, uma espécie de “cesto” para o transporte do pólen. E o terceiro par de pernas das abelhas. • Adesivas - Alguns tarsômeros das pernas anteriores são dilatados e pilosos, formando uma “ventosa”. São as pernas anteriores dos machos de algumas espécies de besouros aquáticos, que auxiliam sua fixação durante a cópula. 35 Asas Os insetos na fase adulta, podem possuir dois pares de asas (tetápteros), inseridas no mesotórax e no metatórax. Todavia, há insetos com apenas um par de asas (dípteros) e outros desprovidos de asas no estado adulto (ápteros). Há insetos que, apesar de possuírem asas, não as utilizam para vão: são os insetos aptésicos (mariposa do bicho-da-seda). Estruturas de uma asa • Articulações com tórax - Cada asa está unida ao tórax por uma porção membranosa que contém um conjunto de escleritos chamado de pterália. • Nervuras - Expansões das traquéias enrijecidas que percorrem as asas dos insetos, funcionando como estruturas de sustentação. As nervuras têm enorme importância na taxonomia dos insetos, pois variam entre os grupos e são constantes dentro do grupo. No sistema Comstock-Needham, são reconhecidas seis nervuras longitudinais, ou seja, dispostas no sentido do comprimento da asa. Muitas espécies apresentam uma redução no número de nervuras (por exemplo, dípteros, microimenópteros etc.), enquanto outras apresentam grande número de nervuras (libélulas, neurópteros etc.). • Nervuras longitudinais - (abreviaturas com iniciais maiúsculas): — Costal (C). Marginal sem ramificações; — Subcostal (Se). Logo abaixo da C, pode ramificar-se (Sc1,Sc2) — Radial (R). Bifurca-se em um ramo indiviso R e num segundo ramo (setor radial — Rs) que se divide, e cada bifurcação divide-se nova mente, originando-se 4 ramos terminais: R2, R3, R4 e R5. — Medianas (M). Situadas abaixo das radiais, iniciando-se no meio da asa, denominadas M1, M2, M3 e M4. 36 — Cubital (Cu). Bifurca-se em Cu1, e Cu2 algumas ordens, a nervura Cu1 é denominada Cu e seus ramos Cu1e Cu2. — Anais (A). Não ramificadas, percorrem a parte inferior da asa (região anal: 1A, 2A e 3A. • Nervuras transversais - (abreviaturas em letras minúsculas. Unem as nervuras longitudinais transversais e são denominadas de acordo com as nervuras que ligam. Por exemplo: radial (r) entre R1 e R2, radial- mediana (r-m) entre o ramo posterior da radial como primeiro da mediana; médio-cubital (m- cu), entre o último ramo da mediana com o primeiro da cubital; cubital-anal (cu- a) entre o último ramo da cubital com o primeiro da anal. Há ainda a umeral (h) entre a subcostal com a costal e a setorial (si, entre a R a R, (abreviaturas com a inicial minúscula). Células São as áreas da asa, delimitadas pelas nervuras ou por estas e as margens das asas. São denominadas células fechadas quando completamente circunda das pelas nervuras e células abertas quando se estendem até a margem da asa. As células das asas também possuem valor taxonômico e recebem o mesmo nome da nervura longitudinal que limita o lado anterior da célula, por exemplo, célula radial, célula mediana etc. Quando uma célula é circundada anteriormente por uma nervura fundida (R4+5) será denominada segundo o componente posterior daquela nervura (célula R5). Se uma célula for dividida por uma nervura transversal, cada célula formada é designada por um número; assim, a nervura transversal mediana m divide a célula M2, em duas, portanto, a célula basal é considerada a primeira célula M2 e a distal como segunda célula M2. Em Lepidoptera, há uma célula (fechada ou aberta) que atinge quase a metade da asa, denominada célula discal. Em Odonata, há células chamadas triângulo, alça anal (área formada por várias células) etc. 37 Regiões da asa • Área articular - Região da asa que se articula com o t&ax e abrange a pterália. • Ala - Constitui a asa propriamente dita, também chamada remígio. Com preende a porção distal da asa que contém a maioria das nervuras e toma parte ativa durante o vôo do inseto. • Anal ou vanal - Região triangular separada da ala pela dobra anal ou vanal. • Jugal - Região pequena, nem sempre presente, separada da região anal pela dobra jugal. As vezes, na margem interna da asa, próximo a sua base, pode ocorrer um lobo, denominado álula. Margens ou bordos • Margem costal ou anterior - Limita o bordo anterior da asa, ou seja, da articulação com o tórax até o seu ápice. • Lateral ou externa - Limita lateralmente a asa, do ápice ao ângulo anal. É também chamada posterior ou póstero-lateral. • Anal ou interna - Limita a asa internamente, ou seja, do ângulo anal à sua base. 38 Estruturas de acoplamento Unem as asas de um mesmo lado entre si, dando maior eficiência ao vôo. • Jugo - Projeção do lobo jugal da asa anterior, que se encaixa na margem costal da asa posterior, permanecendo esta presa entre o jugo e a margem anal da asa anterior. Ex.: algumas espécies de mariposas. • Frênulo - Cerda ou várias cerdas inseridas no ângulo umeral da asa posterior, que se prende à asa anterior por um tufo de cerdas ou dobra, chamado de retináculo. Nos machos, o frênulo é constituído por uma única cerda, e nas fêmeas por 2 ou 3 cerdas. Ex.: muitas espécies de mariposas.39 • Hâmulos - Diminutos ganchos da parte mediana da margem costal da asa posterior, que se prendem na margem anal da asa anterior. Ex.: abelhas, mamangavas. Nas borboletas, o acoplamento das asas não é feito por estruturas, mas pela expansão da região do ângulo umeral da asa posterior sobre a qual se apóia a região anal da asa anterior. Esse tipo de acoplamento é chamado de amplexiforme. Tipos de asas • Membranosa - Asa fina e flexível com as nervuras bem distintas. A maioria dos insetos apresenta o par posterior das asas desse tipo. Podem ser nuas ou cobertas por pêlos ou escamas. 40 • Tégmina - Asa anterior de aspecto pergaminhoso ou coriáceo e normalmente estreita e alongada. Ex.: baratas, louva-a-deus, gafanhotos, grilos etc. • Hemiélitro - Asa anterior de percevejos, com a parte basal dura (cório) e apical flexível (membrana) onde estão as nervuras. O cório pode ser dividido fias áreas: clavo (área interna), embólio (área externa) e cúneo (área externa entre o embólio e a membrana). Na membrana podem ocorrer, em sua base, duas células contíguas (grande aréola e pequena aréola). 41 • Élitro - Asa anterior dura, que recobre a asa posterior do tipo membranosa. Ex.: besouros e tesourinhas. Pode ser liso e brilhante ou apresentar sulcos, carenas, grânulos, rugosidade etc. Nas tesourinhas e em alguns besouros, não recobrem totalmente o abdome, sendo denominados braquiélitros. • Balancins ou halteres - Asas metatorácicas atrofiadas que possuem função de equilíbrio. Ex.: moscas, pernilongos, borrachudos, mutucas, varejeiras etc. 42 • Pseudo-halteres - Asas anteriores atrofiadas. Provavelmente, originaram-se de élitros. Ex.: machos da Ordem Strepsiptera. • Franjada - Asa alongada com longos pêlos nas laterais. Ex.: tripes, microlepidópteros, microimenópteros. 43 • Lobada - Margem da asa acompanha as nervuras, formando lobos, as semelhando-se assim a uma asa partida ou dividida. Ex.: microlepidópteros. Abdome É a terceira região do corpo dos insetos, que se caracteriza pela segmentação típica, simplicidade de estrutura e ausência geral de apêndices locomotores. Embriologicamente nunca ocorrem mais de 12 segmentos abdominais ou urômeros. Nas ordens superiores, essa segmentação se reduz a 9 ou 10 urômeros distintos. A redução do número de segmentos ocorre, em geral, na parte posterior do abdome, porém em alguns insetos superiores, pode haver eliminação ou atrofia do primeiro urômero. Apesar da sua aparência simplificada, o abdome é uma região altamente especializada, que contém as principais vísceras; também essa é a região onde ocorrem os movimentos respiratórios. Cada urômero é formado por uma placa tergal (dorsal), mais ou menos arqueada, e outra menor e mais plana chamada placa esternal (ventral). Essas placas são separadas pela membrana pleural, que é bem desenvolvida. Desse modo, o abdome possui muita mobilidade e flexibilidade. Em alguns insetos, os 5 ou 6 primeiros urômeros são desenvolvidos e de aspecto globular (pré-abdome) e os segmentos restantes são de conformação tubular (pós-abdome), que abriga o acúleo (“ovipositor”), como nas moscas- das- frutas. Características dos segmentes abdominais • Segmentos pré-genitais ou viscerais - Urômeros I a VII (fêmeas) e I a VIII (machos), muito semelhantes entre si. O primeiro urômero está, em geral, amplamente unido ao metatórax, porém em alguns himenópteros (vespas, formigas), o primeiro urômero (propódeo ou epinoto) está fundido ao metatórax, e o segundo e terceiro urômeros formam uma constrição (pedúnculo ou pecíolo). Os espiráculos estão, normalmente, localizados nas pleuras abdominais, porém sua posição é muito variável. As ninfas de percevejos podem apresentar aberturas de glândulas odoríferas no dorso de alguns segmentos abdominais. Nos gafanhotos e em algumas mariposas, os tímpanos localizam-se lateralmente nas pleuras do 10 urômero. Os machos de cigarras possuem órgãos estridulatórios no esterno do 12 segmento abdominal. As 44 vezes, as pleuras são achatadas lateralmente, sendo denominadas conexivo como nos barbeiros. • Segmentos genitais - Urômeros VIII e IX (fêmeas) e IX (machos principalmente. Estão associados às estruturas genitais. Em algumas fêmeas, das placas pleurais (primeiros valvíferos) do oitavo urômero origina-se o 1 par de valvas, que toma parte na formação do ovipositor da fêmea, sendo que o e 3 pares dessas valvas originam-se dos escleritos pleurais do 9º segmento. Portanto, o ovipositor é formado por 6 lâminas, dispostas 3 a 3. Geralmente, as aberturas genitais femininas e masculinas ocorrem na parte posterior do 9º esternito abdominal. Mas fêmeas da maioria dos lepidópteros a abertura para a cópula localiza-se ventralmente no urômero VIII e o orifício de postura no urômero IX-X. • Segmentos pós-genitais - X e XI urômeros, principalmente. Em alguns casos, é difícil a separação desses segmentos, devido à fusão que pode haver entre eles. Os apêndices presentes no 10º segmento são denominados pigópodos, por exemplo, as pernas anais das lagartas e de algumas larvas etc. Na maioria dos insetos, o abdome termina no 10º segmento, pois normalmente o 11º desaparece. Em geral, o último urômero é cônico com o ânus no ápice. Apresenta uma placa dorsal (epiprocto) e 2 lobos ventrolaterais (paraproctos), cuja margem posterior prolonga-se num lobo subanal (hipoprocto). Apêndices abdominais Os insetos apresentam em seu desenvolvimento embrionário certos apêndices abdominais que, em geral, desaparecem com a eclosão da larva (ou ninfa), mas que em muitos casos permanecem após a eclosão para se transformar em estruturas funcionais . Alguns apêndices só ocorrem nos insetos atuais mais primitivos, por exemplo, as traças-dos-livros têm estilos abdominais (auxiliam a locomoção e o suporte ao abdome), vesículas protráteis e o filamento mediano, além de 2 cercos (estes presentes em outros insetos também), O filamento mediano e os cercos são denominados filamentos caudais. 45 Os adultos de Pterygota podem apresentar os cercos que são apêndices abdominais pares, multissegmentados ou não, inseridos nas partes látero- dorsais do último urômero. Sua principal função é sensorial, mas podem auxiliar na cópula e até exercer função preensora (tesourinhas). São encontrados nas traças-dos-livros, louva-a-deus, baratas, tesourinhas etc. Pode haver também dois Silos, articulados ventralmente nas partes laterais ou posteriores do último urômero. São multissegmentados, e mais curtos do que os cercos, com função sensorial e presentes apenas nos machos (dimorfismo sexual de louva-a-deus, baratas etc. Os pulgões apresentam um par de apêndices dorsais, denominados sifúnculos ou cornículos, os quais podem liberar feromônio de alarme. As lagartas (ordem Lepidoptera) e as larvas de alguns himenópteros (subordem Symphyta) possuem pernas abdominais no 3º,4º 5º e 6º urômeros (em algumas lagartas - curuquerês - há redução no número de pernas abdominais); no 10º segmento localizam-se as pernas anais. Às larvas de Coleoptera podem apresentar no dorso do 9º urômero uma projeção cuticular denominada urogonfo. Ainda como apêndices abdominais das formas imaturas, devem ser mencionadas as brânquias das larvas e ninfas dos insetos aquáticos. 46 47 Tipos de abdome São baseados na ligação do abdome com o tórax: • Séssil ou aderente - Abdome liga-se ao tórax em toda a sua largura. Ex.: baratas, gafanhotos, besouros etc. • Livre - Constriçãopouco pronunciada na união do abdome com o tórax. Ex.: moscas, abelhas, borboletas etc. • Pedunculado - Constrição acentuada no 2º ou e 3º segmentos abdominais, o 1º segmento abdominal está fundido ao metatórax. Ex.: formigas e vespas 48 Conclusão Dentre todos os grupos animais, os insetos (Classe Insecta) rivalizam com os seres humanos como os organismos mais bem adaptados à vida terrestre. Estimativas de diversidade de insetos variam de 1 milhão a mais de 10 milhões de espécies. Pode-se dizer que mais de 90% das espécies animais terrestres são insetos. Entre as razões para a fantástica multiplicidade de espécies de insetos estão: tamanho reduzido ciclo de vida de curta duração sofisticado sistema sensorial e neuro-motor interações evolutivas com plantas e outros organismos metamorfose presença de asas e pernas baixa taxa de extinção. Essas características dão ao inseto a habilidade para explorar os mais diferentes habitats, com uma capacidade para responder a estímulos externos comparável a dos vertebrados. O tamanho reduzido permite que os insetos explorem diferentes nichos num mesmo habitat. Assim, por exemplo, uma árvore que proporcione algumas refeições a um grupo pequeno de mamíferos herbívoros pode garantir alimento para várias gerações de dezenas de espécies de insetos, que se alimentariam de virtualmente qualquer parte da planta, seja raiz, fruto, folhas, flor ou semente. O ciclo curto favorece mudanças genéticas de natureza adaptativa em reação a mudanças ambientais, sejam elas alterações de temperatura, exposições a inseticidas, ou outros efeitos desfavoráveis. Essas adaptações resultam em baixa taxa de extinção. O excelente sistema locomotor ajuda na notável distribuição geográfica dos insetos: com exceção da água salgada, os insetos colonizaram todo o planeta. A presença de asas certamente foi o fator mais importante na dispersão desses animais. Não é por acaso que as ordens de insetos mais numerosas contêm insetos alados e de metamorfose completa. Insetos que exploram diferentes habitats e diferentes alimentos durante seu ciclo teriam mais chance de sucesso, com menor exaustão dos recursos e (relativamente) menor exposição a inimigos naturais. Todas essas 49 vantagens fazem com que insetos sejam encontrados em situações naturais em populações altamente numerosas. 50 BIBLIOGRAFIA BORROR. D.J.; CÁ. TRIPLEHORN, C.A; JOHNSON, N.F. An Introdz4ction to the Study of Insects, 6 ed. Saunders College Publishing, 1989. 875p. CSIRO, Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (Division of Entomology The Insects of Australia - a Textbook for Students and Research Workers, 2 ed., 2v. Cornell University Press 1991. l137p. ETCHEVERRY, M & HERRERA, J. Curso teórico-prático de entomologia. Santiago, Universitária 1971. 385p. Disponível em: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/inseto/insetos- 1.php Disponível em: http://www.ufpe.br/entomologia/insecta.htm Disponível em: http://www.fiocruz.br/editora/media/05-PMISB01.pdf Disponível em: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.insecta.ufv.br/Entomolog ia/ent/disciplina/ban%2520160/AULAP/torax/pernaP.jpg&imgrefurl=http://www.i nsecta.ufv.br/Entomologia/ent/disciplina/ban%2520160/AULAP/torax/torax.html &h=101&w=87&sz=10&hl=pt-BR&start=8&tbnid=NP4Bs- vEqwJ0iM:&tbnh=83&tbnw=71&prev=/images%3Fq%3Dtipos%2Bde%2Bperna s%2B%2522insetos%2522%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Insetos Disponível em: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.pragas.com.br/noticias/d estaques/images/morf3.jpg&imgrefurl=http://www.pragas.com.br/noticias/destaq ues/insetos_morfologia2.php&h=351&w=203&sz=22&hl=pt- BR&start=12&tbnid=Ca74f- d2cmhlzM:&tbnh=120&tbnw=69&prev=/images%3Fq%3Dtorax%2Bde%2Bum %2Binseto%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR Disponível em: http://www.ufmt.br/famev/ento/bucais.html 51 Disponível em: http://zoo.bio.ufpr.br/hymenoptera/chalcidoidea/introducao.htm Disponível em: http://www.agr.feis.unesp.br/cahf/home/H_Ent_Ger/EG_Trans/txt/transparencie s.php Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101- 81752005000400049&script=sci_arttext
Compartilhar