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Prévia do material em texto

COMUNICAÇÃO E 
EXPRESSÃO
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; CALICCHIO, Fátima Christina.
 
 Comunicação e Expressão. Fátima Christina Calicchio. 
 Reimpressão
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 218 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Comunicação. 2. Expressão . 3. Linguagem 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0244-7
 CDD - 22 ed. 302.2 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Fabiane Carniel
Design Educacional
Camila Zaguini
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
Thomas Hudson Costa
Revisão Textual
Yara Martins Dias
Ilustração
André Luís Onishi 
Bruno Pardinho
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de 
uma sociedade justa e solidária” –, o Centro 
Universitário Cesumar busca a integração do 
ensino-pesquisa-extensão com as demandas 
institucionais e sociais; a realização de uma 
prática acadêmica que contribua para o 
desenvolvimento da consciência social e política 
e, por fim, a democratização do conhecimento 
acadêmico com a articulação e a integração com 
a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
Mestra em Letras na área de Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual 
de Maringá (2014). Especialista em Língua Portuguesa pelo Instituto 
Paranaense de Ensino e Faculdades Maringá (2010). Graduada em Letras, com 
habilitações Português/Inglês e respectivas literaturas, pela Universidade 
Estadual de Maringá (2009); professora mediadora do curso de Letras. Tem 
experiência na área de Linguística, atuando principalmente nos seguintes 
temas: ensino de produção textual e análise linguística.
A
U
TO
R
A
SEJA BEM-VINDO(A)!
É com satisfação que começamos nossa disciplina de Comunicação e Expressão, e es-
tudar a Língua Portuguesa não é estudar somente múltiplas linguagens, mas também 
seus múltiplos impactos sociodiscursivos.
 Nesse sentido, a disciplina de Comunicação e Expressão tem como ponto de partida 
a relação entre as manifestações linguísticas como competências que devem ser de-
senvolvidas ao longo de toda a vida, e o período da graduação é substancial para o 
estreitamento do processo de construção do conhecimento da língua, sobretudo, para 
as relações sociais em suas diversas esferas da comunicação. Em outras palavras, a dis-
ciplina de Língua Portuguesa ou Comunicação e Expressão deste curso foi elaborada 
para lhe servir de instrumento de apoio e cumpre a função de contribuir para que você, 
acadêmico, tenha acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da sua 
profissão e da cidadania.
Voltada para o acadêmico como indivíduo imerso em uma rica variedade de linguagens, 
este material foi elaborado conforme as concepções interacionistas e pragmáticas da 
linguagem. Essas concepções preveem uma alteridade com relação ao uso da língua 
(gem), isto é, as abordagens Interacionista e Pragmáticas da língua (gem) relacionam-se 
às condições de produção que extrapolam a esfera da língua como sistema de signos, 
uma vez que é pela língua (gem), é só por intermédio dela, nas relações entre os falantes 
de uma determinada situação comunicativa que os indivíduos se constituem como su-
jeitos ativos capazes de refletirem, interagirem e agirem no e com o mundo.
A seguir, apresentamos os componentes que constituem as cinco unidades deste livro 
de estudos.
Na primeira unidade, abordaremos um estudo sobre as concepções de linguagem nas 
perspectivasEstruturalista e Sociodiscursiva, um estudo sobre os tipos de linguagem 
como: verbal, não verbal, mista e digital. Ainda nessa unidade, abordaremos, também, 
um estudo sobre as Variações Linguísticas.
Na segunda unidade, nós nos ocuparemos do estudo sobre o funcionamento da lín-
gua (gem) e comunicação. Além disso, também nos ocuparemos de um estudo sobre as 
funções da língua (gem) na construção dos enunciados. E, por fim, apresentaremos um 
estudo sobre o processamento da leitura nos enunciados.
Na terceira unidade, apresentamos um estudo no plano da expressão escrita como: a or-
tografia, a acentuação, as figuras de sintaxe na construção dos enunciados. Ainda nessa 
unidade, apresentaremos um estudo sobre a Semântica e seus elementos na construção 
dos enunciados.
APRESENTAÇÃO
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Na quarta unidade, oferecemos de forma introdutória um estudo acerca da sintaxe. 
Para tanto, desenvolveremos esse estudo com base na relação entre Gramática e 
Discurso.
Para encerrar, na quinta unidade, da Semântica, Gramática e Comunicação, veremos 
sobre os estudos dos Operadores Argumentativos, da Modalização, dos Implícitos e 
das Figuras de Linguagem na construção dos enunciados e, para isso, projetaremos 
esses estudos nas perspectivas da Semântica Argumentativa e o Funcionalismo Lin-
guístico.
Desejo que este material lhe proporcione um estudo bastante produtivo!
Abraços,
Professora Fátima Christina Calicchio
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
LÍNGUA E LINGUAGEM
15 Introdução
16 Concepção de Linguagem e Língua 
18 Concepção Estruturalista da Língua(gem) 
21 Concepção Pragmática da Língua(gem) 
24 O Signo Linguístico 
25 Noções de Linguagens: Linguagem Verbal e Não Verbal 
31 As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados 
51 Considerações Finais 
UNIDADE II
LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
61 Introdução
62 Interação Verbal (Comunicação) 
63 Processo Comunicativo 
65 As Funções da Língua (gem) na Construção dos Enunciados 
73 Processamento da Leitura 
77 Conhecimento Linguístico 
78 Conhecimento de Mundo 
80 Conhecimento Socionteracional 
88 Considerações Finais 
SUMÁRIO
UNIDADE III
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
95 Introdução
96 Ortografia 
98 Questões Notacionais da Língua 
108 Acentuação 
113 Semântica 
115 Sinonímia e Antonímia 
117 Hiponímia e Hiperonímia 
119 Polissemia 
120 Ambiguidade na Construção dos Enunciados 
124 Considerações Finais 
UNIDADE IV
GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
131 Introdução
132 O Que é Gramática? 
135 Tipos de Gramática 
142 Sinais de Pontuação 
150 As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados 
156 Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados 
164 A Sintaxe de Colocação na Construção dos Enunciados 
SUMÁRIO
11
168 Vícios e Dificuldades no Uso na Língua(gem) 
172 Considerações Finais 
UNIDADE V
SEMÂNTICA, GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
179 Introdução
180 Operadores Argumentativos e os Enunciados 
186 A Modalização e a Construção dos Enunciados 
191 Os Implícitos (Não-Ditos) nos Enunciados 
195 Figuras de Linguagem nos Enunciados 
202 Considerações Finais 
 
209 CONCLUSÃO
211 REFERÊNCIAS
215 GABARITO
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Professora Me. Fátima Christina Calicchio
LÍNGUA E LINGUAGEM
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Reconhecer a natureza da língua (gem).
 ■ Identificar elementos da língua (gem).
 ■ Identificar características da língua (gem) verbal e da língua (gem) 
não verbal.
 ■ Compreender os sistemas simbólicos das diferentes linguagens e 
usá-las como meios de interação, de organização cognitiva, de leitura 
da realidade.
 ■ Conscientização da importância do estudo da língua (gem) como 
fator de inserção crítica e consciente no mundo das relações sociais.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Concepção de linguagem e língua
 ■ Concepção estruturalista da língua (gem)
 ■ Concepção pragmática da língua (gem)
 ■ O signo linguístico
 ■ Noções de linguagens: linguagem verbal e não verbal
 ■ As variedades linguísticas na construção dos enunciados
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, o foco de discussões centra-se no funcionamento da linguagem 
e da língua. Nesse sentido, destacam-se os processos da dinâmica interacional, 
levando em consideração os interlocutores, os contextos em que a interação se 
dá e seus efeitos.
Como ponto de partida para as discussões, abordar-se-á a concepção de lín-
gua (gem) como instrumento integrador da organização do mundo e da própria 
realidade, evidenciando que o uso dessa língua (gem) pode adequar-se à situa-
ção comunicativa.
De igual maneira, explorar-se-á os sistemas de símbolos das diferentes lin-
guagens e seus usos como meio de interação, organização cognitiva e de leitura 
da realidade. Para tanto, trabalhar-se-á com o enunciado, que expressa nos-
sos pensamentos e renova-se por meio da língua, como nosso tema nuclear. 
Portanto, ressalta-se, nesta unidade, a importância do estudo da língua (gem) 
para a compreensão dos enunciados, a fim de ampliar as possibilidades de enten-
der o mundo que nos cerca.
Dessa forma, caro(a) aluno(a), a seguir, apresentar-se-á condições para que 
você como acadêmico(a) de um curso que tem como natureza a comunicação, 
reflexões sobre as relações existentes entre língua (gem) e os seus contextos de 
uso. Assim, serão expostos, nesta unidade I, a concepção de Linguagem e Língua, 
as noções de signo linguístico, os tipos de linguagens e as variações linguísticas 
na construção dos enunciados. 
Introdução
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LÍNGUA E LINGUAGEM
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM E LÍNGUA
Muitas são as teorias que tentam explicar o que é e como se processa a língua 
(gem). Nesse sentido, esta disciplina apresenta um recorte. Como ponto de par-
tida, vamos abordar uma perspectiva estrutural, seguida por uma postura mais 
inatista e fechar-se-á as discussões sobre o nosso objeto nuclear, a concepção de 
língua (gem), por um viés mais interacional.
Esse recorte foi realizado por acreditar que um estudo que pressupõe uma 
reflexão sobre a língua (gem) não poderia deixar de fazer referência às correntes 
linguísticas que mais se evidenciaram no campo dos estudos linguísticos. Quais 
sejam: a Estruturalista, a Inatista e a Pragmática.
Cabe, ainda, ressaltar que a discussão aqui empreendida centra-se de forma 
basilar em definir a concepção de língua (gem)1 subjacente a cada uma das refe-
ridas teorias. Assim, enfatizar-se-á que as teorias de língua (gem) aqui tratadas 
subjazem também teorias de aprendizagem, as quais influenciam diretamente 
na forma como é concebido o saber linguístico2
Dessa forma, caro(a) aluno(a), vamos iniciar nossa excursão pelos estudos 
da Língua Portuguesa, ao examinarmos as concepções de linguagem e de língua. 
Segundo Koch (2013), no decorrer do curso da história, a linguagem humana 
tem sido concebida de formas diversas, as quais podem ser sintetizadas em: 
a. Linguagem como espelho do mundo e do pensamento.
b. Linguagem como ferramenta de comunicação.
c. Linguagem como forma de ação e interação.
A primeira concepção é a mais antiga, contudo, ainda há defensores na atu-
alidade. Essa concepção de linguagem como expressão do pensamento 
fundamenta-se, segundo Perfeito (2005), na tradição gramatical e se rompe 
a partir do advento da linguística moderna com os estudos de Saussure. 
1 Os vocábulos língua elinguagem são usados como sinônimos nesta disciplina.
2 Saber/conhecimento linguístico – deve ser entendido como os componentes: morfológico
sintático, semânticos e pragmático.
Concepção de Linguagem e Língua
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Essa concepção pautava-se na dicotomia do certo e errado no uso da língua. A 
esse respeito, Travaglia (1996, p. 21) assim se expressa, 
as pessoas não se expressam por bem porque não pensam. A expressão 
se constrói no interior da mente, sendo sua exteriorização apenas uma 
tradução. A enunciação é um ato monológico, individual, que não é 
afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação 
social em que a enunciação acontece. 
Observe que essa concepção defende que a função da linguagem é representar/
refletir o pensamento e conhecimento de mundo humano. Em outras palavras, 
para essa concepção, existe uma forma correta de uso da linguagem que equi-
vale a forma correta de pensamento.
Essa visão é defendida pela Gramatica Normativa, que favorece os falantes 
da variedade do português padrão. Nesse sentido, a concepção de língua como 
expressão do pensamento está relacionada às chamadas Gramáticas Normativas, 
isto é, uma língua modelar, padrão.
Portanto, as regras da Gramática Normativa expressam uma obrigação e 
uma avaliação dual de certo e errado da língua (gem). É por isso que, nessa 
Gramática, a concepção que se tem da língua é aquela que valoriza a forma de 
falar e escrever da “norma padrão” e o seu aprendizado limitado à exposição da 
normatização gramatical.
 Por seu turno, a segunda concepção entende a linguagem como um código 
que tem a função de transmitir conhecimentos. Dessa forma, observamos que 
essa perspectiva está intrinsecamente ligada aos elementos comunicativos, em 
que o falante deseja transmitir uma mensagem a um ouvinte e, assim, coloca-a:
[...] em código (codificação) e a remete para o outro através de um ca-
nal (ondas sonoras ou luminosas). O outro recebe os sinais codificados 
e os transforma de novo em mensagem (informações). É a decodifica-
ção. (TRAVAGLIA, 1996, p. 22-23).
Como podemos notar, para Travaglia (1996), nessa concepção, a linguagem é 
concebida como uma ferramenta, que tem a função de transmitir uma mensa-
gem, uma informação. Segundo Geraldi (1984), essa concepção de língua faz uso 
da variedade padrão e despreza as demais variedades linguísticas. 
LÍNGUA E LINGUAGEM
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Por último, a terceira concebe a linguagem como mecanismo de interação 
e ação entre os membros de uma determinada situação comunicativa, isto é, “a 
linguagem é vista como um processo de interação humana, de atividade socio-
cultural” (MARTELOTTA, 2009, p. 238). A esse respeito, Travaglia (2003, p. 23) 
assim se expressa:
[...] Nessa concepção o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão 
somente traduzir e exteriorizar um pensamento, ou transmitir infor-
mações a outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlo-
cutor (ouvinte/leitor). A linguagem é, pois, um lugar de interação hu-
mana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido 
entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um 
contexto sócio-histórico e ideológico.
Observe que essa concepção defende que as manifestações linguísticas são pro-
duzidas por indivíduos concretos em situações concretas em uma determinada 
situação de produção. Dessa forma, como podemos observar, as concepções 
mais tradicionais concebem a língua como um sistema, como estrutura, já a 
mais moderna, a concebe como um produto sócio-histórico e ideológico. Para 
melhor entendermos as concepções de língua (gem), vejamos a noção de cada 
uma dessas perspectivas nos tópicos que seguem.
CONCEPÇÃO ESTRUTURALISTA DA LÍNGUA(GEM)
Com base em estudos da Linguística moderna de Ferdinand de Saussure, a par-
tir de uma obra póstuma, O curso de linguística geral, compilada por três de seus 
discípulos, podemos entender a linguagem como uma habilidade, isto é, a capa-
cidade que somente os seres humanos possuem de se comunicarem por meio de 
línguas que, segundo Corrêa (2002, p. 22),
Do ponto de vista do que representa para a espécie humana, esse termo 
designaria a faculdade, própria do ser humano, de produzir sentido, 
tendo, portanto, uma abrangência universal [...].
Concepção Estruturalista da Língua(GEM)
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Passemos ao conceito saussuriano de língua. Para Saussure, esse conceito não 
pode ser usado de forma intercambiável com os idiomas históricos: o Português, 
o Francês, o Italiano, dentre outros idiomas, mas deve ser tomado como o pro-
duto da capacidade humana de produzir signos e combiná-los em sistemas, isto é, 
ao tratar da questão sobre a linguagem, os estudos saussurianos concebem a lín-
gua como um sistema, como uma rede de combinações, ao privilegiar a estrutura 
interna da língua dissociada de seu contexto de uso. Sobre essa concepção, vejamos:
[...] a língua deve ser estudada em si mesma e por si mesma. É o que 
chamamos estudo imanente da língua, o que significa dizer que toda 
preocupação extralinguística precisa ser abandonada [...] (MARTE-
LOTTA, 2009, p. 115).
Por esse viés genebrino, podemos entender que a concepção de linguagem para 
Saussure trata-se de um fenômeno social, ao qual ele analisava o código, pois 
lhe interessava, apenas, o sistema e a forma e não a fala e seu funcionamento. 
Grosso modo, para a Teoria Estruturalista, podemos inferir que o fenômeno 
da língua (gem) é um aspecto (universal), a língua um aspecto (social) e a fala 
um aspecto (individual), o último não importava para as análises saussurianas.
Ferdinand Saussure, nascido em Genebra, Suíça, em 1857, é considerado o 
pai da linguística moderna. Estudou em Leipzig. Saussure dedicou sua vida ao 
estudo e ao ensino do sânscrito (antiga língua sagrada e literária da Índia, per-
tencente ao grupo Indo-Europeu). Defendeu sua tese de doutorado sobre o 
uso do caso genitivo no Sânscrito, e, nessa ocasião, em seu doutoramento, foi 
concedido o reconhecimento por qualificação máxima (summa cum laude). 
Depois de trabalhar como professor na Academia por dez anos, foi nomea-
do professor de gramática comparativa na Universidade de Genebra. A pu-
blicação póstuma (em 1916) do  CLG (Curso de Linguística Geral), produzido 
por dois de seus discípulos, Charles Bally e Albert Sechehaye, com base em 
anotações feitas das aulas ministradas por Saussure, é considerado um marco 
para os estudos linguísticos. No CLG, Saussure caracteriza a língua como uma 
instituição social e a fala como manifestação das idiossincrasias dos sujeitos.
 Fonte: adaptado de Acervo Saber (online). 
LÍNGUA E LINGUAGEM
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
A partir dos anos 1960, os estudos da linguagem centram-se na Teoria Gerativa3, 
a qual concebe a linguagem com origem em uma base mental. Isso significa para 
essa teoria que a linguagem se processa por meio de um dispositivo inato comum 
a todos os falantes das línguas naturais4.
Essa Teoria foi desenvolvida pela linguística Noam Chomsky (1957) em opo-
sição à Teoria Behaviorista5, que concebia a língua (gem) de forma condicionada 
pelo aspecto social. Assim, para a Teoria comportamentalista a linguagem se dá 
por meio de estímulos, resposta e reforço.
Sobre a linguística proposta por Chomsky, vejamos aspalavras de Marchuschi 
(2008, p. 35-36),
[...] o que está em jogo em primeira instância não é a análise de línguas 
nacionais nem suas exteriorizações ou vinculações com a cultura e a 
sociedade e sim a mente humana e seus princípios gerais, a faculdade 
da linguagem inata e seu funcionamento como base para a aquisição de 
qualquer língua [...].
Como podemos observar, caro(a) aluno(a), o estudo de Chomsky colocou em xeque 
a visão empirista da linguagem e lhe conferiu um aspecto racionalista, uma vez que, 
para esse estudioso, a capacidade de falar deve ser concebida como resultado de 
uma base biológica, capaz de desenvolver a competência linguística dos falantes das 
línguas naturais e não somente determinado pelo mundo exterior dos indivíduos.
Com base nas teorias formalistas, podemos entender que tanto a concepção 
estrutural de Saussure quanto a concepção inatista de Chomsky propõem uma 
visão abstrata da linguagem, isto é, limitam o seu escopo de análise à estrutura 
interna do elemento linguístico6 fora do seu contexto de uso.
Contudo surgiram outras teorias que começaram a se ocupar dos estudos 
da língua (gem) como atividade de interação e ação. Assim, alguns elementos 
passaram a ser considerados com o advento da Linguística pragmática. É sobre 
isso que discutiremos a seguir.
3 Para saber mais sobre a Teoria Gerativa consulte: Manual de Linguística (MARTELOTTA, 2009, p. 58).
4 Refiro-me aos idiomas históricos como o idioma Português, o Francês, o Italiano, dentre outros idiomas.
5 Observações nesse sentido podem ser vistas em: SKINNER, Burrrhus Frederic. Sobre o behaviorismo. (M. P. Villalobos, 
Trad.). São Paulo: Cultrix, 2006. (Trabalho original publicado em 1974).
6 Compreende a fonologia, morfologia, sintaxe, léxico e semântica.
Concepção Pragmática da Língua(GEM)
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CONCEPÇÃO PRAGMÁTICA DA LÍNGUA(GEM)
Antes de nos ocuparmos da terceira concepção de linguagem, convém escla-
recermos a noção de Pragmática que adotamos para esta disciplina. Segundo 
Armengaud (2006), a Pragmática extrapola o quadro das escolas linguísticas tra-
dicionais ao constituir-se como um frutífero cruzamento interdisciplinar para 
linguistas, filósofos, psicólogos, sociólogos. Ela surge com a tentativa de respon-
der a questões como: 
[...] Que fazemos quando falamos? Por que perguntamos ao nosso vizi-
nho de mesa se ele pode nos passar o sal, quando é flagrante e manifes-
to que ele pode? Quem fala, e a quem? Quem fala e com quem? Quem 
você acha que sou para me falar desse modo? [...] Como alguém pode 
dizer uma coisa completamente diferente daquilo que queria dizer? Po-
demos confiar no sentido literal de uma frase? Quais são os usos da 
linguagem? Em que medida a realidade humana é determinada por sua 
capacidade de linguagem? (ARMENGAUD, 2006, p.9).
A partir dessas indagações, podemos entender que toda forma de interação, 
ação do homem só será efetiva se consideramos o uso da linguagem em situa-
ções reais de comunicação. A título de explicação sobre o que é a Pragmática, 
imagine que em uma determinada situação de comunicação, entre amigos de 
faculdade, em uma conversa trivial, um falante pergunta ao seu amigo, por exem-
plo, se ele foi ao cinema ontem à noite, por sua vez, o interlocutor desse falante 
responde que dormiu cedo. 
Com base nessa situação de interação, a pergunta de um dos falantes dessa 
situação comunicativa representa bem o conceito de Pragmática, em que a inte-
ração entre os interlocutores dessa situação comunicativa, só pode ser entendido 
ao considerarmos não somente as informações manifestas, mas também o con-
texto que envolve a situação como o que é sugerido pelo amigo do falante que 
está implícito que ele não foi ao cinema, ao responder que dormiu cedo.
“ O QUE DÁ VIDA AO SIGNO? É NO USO QUE ELE VIVE. ELE TEM EM SI O SOPRO DE 
VIDA? OU O USO É O SEU SOPRO? ” (WITTGENSTEIN)
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A rigor, essa resposta seria considerada incoerente, uma vez que não responde 
gramaticalmente à pergunta “você foi ao cinema ontem à noite?”. Contudo essa 
situação de interação entre os falantes é uma clara demonstração de que, nós, 
falantes, por vezes, dizemos algo diferente daquilo que gostaríamos de dizer. Em 
vista disso, podemos afirmar que a Pragmática vincula o significado de uma ati-
vidade verbal ao seu contexto de uso. 
A concepção de linguagem como atividade e interação surgiu, no final de 
1970, com maior expressão no âmbito da filosofia a partir da influência da obra 
de Wittgenstein do campo da filosofia e de Mikhail Bakhtin do campo da lin-
guística. A partir dos estudos de Wittgenstein, há a substituição do paradigma 
da expressividade para o da comunicabilidade ao dar importância ao uso da lín-
gua (gem). “O que dá vida ao signo? É no uso que ele vive. Ele tem em si o sopro 
de vida? Ou o uso é o seu sopro?” (apud ARMENGAUD, 2006, p. 36).
Como podemos observar na exposição do filósofo austríaco, a perspectiva 
que a pragmática instaura para os estudos da linguagem passou a entender que 
não é a língua que significa, que o sentido não está apenas nas palavras, mas 
também, ao mesmo tempo, está nas palavras, nos falantes que as utilizam e nas 
circunstâncias em que são utilizadas. Assim, os sentidos produzidos, as inten-
ções comunicativas, os objetivos a serem alcançados pelos membros de uma 
determinada situação de interação não é tão somente verbal.
 Em consonância com a perspectiva pragmática de Wittgenstein, destacamos 
a visão interacionista, a qual coloca em evidência um sujeito, falante construído 
sócio-historicamente e o reconhecimento da linguagem como social e dialógica 
aliada a situação de comunicação e interação, que segundo Bakhtin:
A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema 
abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica iso-
lada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenôme-
no social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das 
enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamen-
tal da língua (BAKHTIN; VOLOCHINOV, 1999, p. 123).
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Conforme essa perspectiva, sociointeracionista7, a concepção de língua (gem) 
implica refletir sobre situações reais de uso da linguagem, materializada nos 
diferentes enunciados que circulam socialmente e que constituem, assim, nos-
sas relações discursivas. 
Em outras palavras, para Bakhtin; Volochinov (1999), a concepção de lin-
guagem implica em considerar o(s) interlocutor(es) real(is) que interage(m) por 
meio da linguagem realizadas em situações concretas que pressupõe um “eu” e 
“outro”, uma temática, uma organização discursiva em uma determinada situ-
ação comunicativa.
Diante desse quadro sociodiscursivo, caro(a) aluno(a), podemos inferir que 
essa perspectiva supera a concepção de linguagem como um sistema autocon-
tido e autossuficiente, haja vista que a perspectiva sociodiscursiva da linguagem 
prevê uma dinamicidade linguística, ao envolver o estudo da linguagem asso-
ciado aos falantes e aos contextos de uso da expressão linguística.
A partir desse breve quadro teórico sobre as concepções de linguagem, 
acreditamos que você se encontra preparado para percorrer um caminho a res-
peito dos tipos de linguagens. Contudo, antes detratarmos desse assunto, faz-se 
necessário esclarecermos a noção de signo linguístico. É sobre isso que tratare-
mos no tópico a seguir.
7 Neste discurso, tomamos as concepções Sociointeracionista e Sociodiscursiva como sinônima, uma vez que ambas 
concebem a língua (gem) constituída a partir de um processo social e interacional.
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O SIGNO LINGUÍSTICO 
Nós nos comunicamos e interagimos de 
forma satisfatória por meio da linguagem, a 
qual representa todo o sistema de sinais con-
vencionais, sejam esses de natureza verbal ou 
não verbal, e a língua que representa um sis-
tema de signos convencionais (de natureza 
gramatical) usados pelos membros de uma 
determinada comunidade, no nosso caso, a 
Língua Portuguesa. 
Partindo do pressuposto, de que a língua 
(gem) é um sistema de signos convencio-
nados, Saussure, fundador da linguística 
moderna, produz um estudo científico e dual sobre a linguagem verbal que é a 
associação entre um significante e um significado à unidade mínima que propõe 
para a língua que ele chamou de signo linguístico.
De modo a compreender melhor esse conceito do linguista genebrino, vamos 
utilizar como exemplo a palavra GATO. Assim, quando a ouvimos, de imediato, 
criamos uma imagem sensorial associada à materialização dessa imagem, isto é, 
criamos algo que a represente de forma gráfica, por meio dos fonemas que for-
mam as sílabas. Vejamos o Esquema 1:
Esquema 1: Signo linguístico 
Fonte: a autora.
CONCEITO
(SIGNIFICADO)
IMAGEM ACÚSTICA
(SIGNIFICANTE)
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Com base no esquema acima, podemos entender que, para Saussure, o signo 
linguístico (palavra) é constituído por dois componentes: o significado e o sig-
nificante. O primeiro seria o conceito e o segundo, a imagem acústica desse 
conceito. Assim, teríamos:
GATO: felídeo domesticado pelo homem 
desde tempos remotos.
Dicionário Aurélio - (significado).
Imagem sensorial, mental, que é a repre-
sentação gráfica do signo linguístico, GATO 
(significante).
De acordo com os estudos desse teórico, 
é possível considerar a língua como um sis-
tema de signos, regido por regras socialmente 
construídas, utilizado pelos falantes em suas 
situações. interativas.
Portanto, diante da proposta de Saussure, 
você poderá tomar a noção de signo como 
uma convenção estabelecida por um grupo de pessoas ou por uma comunidade 
linguística, com base em um conhecimento compartilhado, a fim de que ocorra 
a comunicabilidade entre os falantes. 
Passemos, agora, ao conceito de linguagens verbais e não verbais.
NOÇÕES DE LINGUAGENS: LINGUAGEM VERBAL E 
NÃO VERBAL
Vimos no tópico anterior que a linguagem é um sistema organizado de símbo-
los, a serviço dos indivíduos de uma determinada situação de interação. Esse 
sistema é amplo, complexo, extenso e possui propriedades particulares que pos-
sibilitam a codificação, a estruturação das informações sensoriais, a captação e a 
transmissão de sentidos, que favorecem a interação entre os homens.
Fonte: arquivo pessoal.
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Diante disso, entenda que a principal razão de qualquer ato de linguagem é a 
produção de sentido, haja vista que, ao interagir com alguém, oralmente ou por 
escrito, você organiza o seu pensamento e se comunica por meio de um sistema lin-
guístico que possui propriedades específicas de organização, ordenação e articulação.
Nesse sentido, para que exista uma interação, é fundamental que os participan-
tes dos enunciados (verbal ou não) e seus interlocutores/ouvintes compartilhem 
conhecimentos e conheçam as convenções que regem as situações sociais das 
quais participam. A esse respeito, vejamos a exposição de Cereja (2013, p. 13):
Linguagem é a expressão individual e social do ser humano e, ao mes-
mo tempo, o elemento comum que possibilita o processo comunicativo 
entre os sujeitos que vivem em sociedade. 
Por exemplo, as palavras, as expressões corporais e faciais, o desenho, a escrita, 
a mímica, o código de trânsito, o código Morse, a pintura, as notas musicais, a 
arquitetura, a escultura fazem parte da linguagem e têm seus significados con-
vencionados socialmente.
Uma vez feita essa breve discussão acima sobre a linguagem, esclarecemos 
que as noções de linguagens, aqui, são consideradas como atividades socioin-
terativas desenvolvidas em contextos de uso. Sobre essa noção, Marchuschi, 
inspirado em Beaugrand (1997), assim se expressa:
As pessoas usam a língua tão bem precisamente porque ela é um siste-
ma em constante interação com seus conhecimentos partilhados sobre 
o seu mundo e sua sociedade. (MARCHUSCHI, 2008, p. 81).
A partir da “fala” de Marchuschi (2008) de inspiração em Beaugrand (1997), 
há a proposta de que o enunciado/texto8 trata-se de um evento e não apenas uma 
sequência simples de palavras escritas e ou faladas. 
Por essa ideia, entendemos que as várias linguagens podem ser organizadas 
em linguagens verbal e não verbal. Iniciamos pela primeira, a linguagem verbal 
tem como unidade básica a interação por meio de palavras (falada e ou escrita). 
Essa linguagem é bastante eficaz porque possibilita a interação entre os falantes 
de uma determina situação comunicativa. Para um melhor entendimento sobre a 
linguagem verbal, observe o fragmento retirado da obra de Mia Couto (2007, p. 5).
8 Faço referência aos tipos de linguagens: verbal, não verbal e mista.
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Nesse fragmento da obra do escritor moçambicano, temos um exemplo de lin-
guagem verbal, porque é organizado em forma de palavra, escrita, que possibilita 
a interação comunicativa entre os indivíduos que têm conhecimento das con-
venções que regem a situação de comunicação.
Ainda, caro(a) aluno(a), é interessante observar que o texto de Mia Couto não se 
trata apenas de uma exposição de palavras sequenciadas, mas sim de uma conexão 
entre elementos linguísticos carregados de significações que pressupõe um outro.
Na linguagem não verbal, a interação se dá por meio de sons, imagens, códi-
gos, linguagem de sinais (libras), linguagem corporal, dentre outras formas de 
interação acima mencionadas.
A linguagem não verbal é amplamente explorada em gêneros como reporta-
gem, história em quadrinhos, tirinha, charge, propaganda, anúncio, cartaz, folheto, 
placa, entre outros. Nesse sentido, atente-se aos significados, atente-se às mensa-
gens que as linguagens não verbais veiculam por meio dos exemplos que seguem:
a. 
b. 
“O QUE FAZ ANDAR A ESTRADA? É O SONHO. ENQUANTO A GENTE SONHAR 
A ESTRADA PERMANECERÁ VIVA. É PARA ISSO QUE SERVEM OS CAMINHOS, 
PARA NOS FAZEREM PARENTES DO FUTURO.” 
(TERRA SONÂMBULA DE MIA COUTO.)
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c. 
d. 
e. 
No dia a dia, essas linguagens não aparecem sozinhas, uma vez que estão sem-
pre associadas de modo a construir significados, como no exemplo “a” que está 
pressuposto que se faça “silêncio!”.
 Em “b”, temos o símbolo que se coloca na porta e ou em placas para indicar 
sanitários: masculino e feminino. Com base na imagem “c”, você pode identi-
ficarque a linguagem empregada remete ao desflorestamento/desmatamento, 
possivelmente causado pela atividade humana. 
A partir da imagem do exemplo “d”, temos a linguagem de sinais (libras) que 
é uma língua gestual de movimento e de espaço das mãos usada para estabele-
cer a interação entre pessoas que não ouvem.
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Por fim, o exemplo da imagem “e” representa a mídia eletrônica, isto é, com 
o advento da informática, surgiu também a linguagem digital, capaz de armaze-
nar, transmitir informações e possibilitar a interação entre os usuários para que 
as informações e o conhecimento sejam compartilhados.
Há, ainda, as linguagens mistas que normalmente fazem uso das palavras e 
imagens. Essa relação funciona como recurso que pode contribuir para que a 
intenção do produtor da linguagem mista atinja seus propósitos. Para um melhor 
entendimento sobre essa linguagem, vejamos o exemplo que segue:
Fonte: Unicesumar (online). 
Diante desse exemplo, reflita comigo: se considerássemos apenas a parte verbal 
desse enunciado, o efeito de sentido seria o mesmo? Certamente, não, pois os 
recursos não verbais utilizados nos quadrinhos funcionam como mecanismos 
favoráveis à construção de sentido desse enunciado. 
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Observe, aluno(a), que a língua (gem) verbal em “COMO ESTÁ SENDO O 
SEU DOMINGO HOJE?”, pressupõe um interlocutor e, na base disso, encontra-
-se o princípio da interação que privilegia a negociação entre os falantes, haja 
vista que o domingo de cada receptor desse contexto pode ser reconhecido por 
meio de um dos sentimentos sugeridos pelos emoticons.
Dessa forma, temos os recursos da língua (gem) não verbal aliados aos recur-
sos da língua (gem) verbal, os quais dão base para a interpretação (o implícito)9. 
Assim, podemos entender que a construção de uma interação bem-sucedida, 
fundamenta-se na junção dos elementos que a compõe como: a língua (gem) 
verbal, não verbal e o contexto social em que essa interação ocorre.
Chegamos ao final deste tópico. Ressaltamos que a linguagem, seja verbal, 
não verbal, mista e/ou digital, funciona como um instrumento de comunicação 
e interação entre os indivíduos, uma vez que ela é um fenômeno natural com 
valor social.
Diante disso, podemos entender que a linguagem de um povo, de uma 
determinada comunidade de falantes, de uma determinada língua surge e se 
(re)constrói junto com o seu modo de ver o mundo, sua história, sua cultura e, 
nessa construção, ela se transforma ao assumir novos valores.
Como você pode perceber, a língua (gem) é viva, pois está em constante 
processo de transformação. Essas transformações não se limitam apenas aos 
aspectos ortográficos, mas também ocorrem na pronúncia das palavras, na cria-
ção de novas palavras ou expressões e até mesmo na criação de sentidos variados 
para uma mesma palavra. Esse processo de mudanças na linguagem é denomi-
nado de VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS. É sobre esse tema que discutiremos nos 
tópicos a seguir.
9 Sobre esse conceito veja a unidade V deste livro.
As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados
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AS VARIEDADES LINGUÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO 
DOS ENUNCIADOS
A Variação Linguística é um 
fenômeno estudado dentro 
de uma linha de investigação 
da Linguística denominada 
Sociolinguística que se preocupa 
com o estudo das características 
e fatores de ordem social que 
determinam ou influenciam 
uma língua ou as variedades 
apresentadas nessa língua. 
Os termos “Variação 
Linguística” ou “Diversidade Linguística” foram introduzidos na literatura lin-
guística a partir da década de 60 do século passado, por meio de uma série de 
investigações promovidas pelo americano William Labov, ao apresentar uma 
ampliação da dimensão dos aspectos linguísticos, sob a perspectiva social, geo-
gráfica e histórica.
A Variação na linguagem esteve presente em todo o contexto de formação 
e estruturação da Língua Portuguesa que, desde o início até a atualidade, sofreu 
diversas modificações. O fator principal para justificar essas transformações 
deve-se ao fato da língua ser um elemento vivo, e como tal, é dinâmica e flexível, 
portanto, acompanha as mudanças que ocorrem no mundo, na sociedade, com a 
formação de novos grupos sociais, na implementação de novas tecnologias, etc. 
Por esse viés, a Variação Linguística abrange diversos aspectos, dentre eles, 
o aspecto social, histórico, geográfico, tornando a língua um elemento hetero-
gêneo, que se comporta de acordo com as diversas situações comunicativas e o 
contexto em que os falantes estão envolvidos.
EU FALO, 
TU FALAS, 
ELE FALA...
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 Dessa forma, entendemos que Norte, Sul, Leste, Oeste de um país tão imenso 
quanto o Brasil possui um só idioma oficial: a Língua Portuguesa. Contudo, 
dentro dessa unidade, há uma multiplicidade linguística: o falar gaúcho, que é 
diferente do paulista, que é diferente do carioca, que é diferente do goiano, do 
paranaense, do baiano, do carioca, etc.
 Evidentemente, todos nós nos entendemos. E o que muda na língua é o 
sotaque, muda o vocabulário, muda a gíria, isto é, conforme a classe social, con-
forme a idade e conforme o contexto de uso nas interações entre os falantes, a 
língua (gem) apresentará uma variação.
 Existe, porém, um nível culto do Português, também chamado de “norma 
padrão”, que é a linguagem dos livros, da impressa, e, portanto, é por meio dela 
que se transmite um saber sistematizado, científico.
Essa variação da língua portuguesa, o nível culto, é o que a comunidade esco-
lar pretende passar. Já falamos a nossa língua, mas apreender a norma- padrão 
nos possibilita a compreensão de um universo maior de coisas e pessoas. Em 
outros termos, a norma-padrão trata-se de um modelo que serve para orientar 
os usuários da língua a fazerem uso dela em situações de interação que exigem 
mais formalidade linguística. E, a partir daí, podemos escolher em determinadas 
situações que variação usar: uma linguagem mais simples, familiar; em outras, 
a norma-padrão. 
Diante disso, podemos entender que um sujeito que só fala gírias é tão ente-
diante quanto um que só fala “difícil”. Assim, é preciso que haja uma adequação 
da linguagem à mensagem e a quem ela se dirige, tanto oralmente quanto por 
escrito, isto é, nós falantes podemos adaptar, naturalmente, a nossa língua (gem) 
a diferentes contextos de fala. Essas adaptações linguísticas levaram estudio-
sos a falarem em: a) Variação Diacrônica, b) Variação Diatópica, c) Variação 
Diastrática, d) Variação Diamésica. Vamos, agora, conhecer cada uma dessas 
variações.
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VARIAÇÃO DIACRÔNICA
Etimologicamente, Variação Diacrônica é aquela que se dá por meio do tempo, 
logo todas as línguas naturais estão sujeitas a essa variação. A esse respeito Ilari 
(2009, p. 152) explica que:
[...] as línguas têm uma história externa (que diz respeito à maneira 
como evoluem ao longo do tempo em suas funções sociaise em suas 
relações com determinada comunidade linguística) e uma história in-
terna (que diz respeito às mudanças que vão ocorrendo em sua gramá-
tica- fonologia, morfologia, sintaxe – em seu léxico.) [...].
Para um melhor entendimento da variação Diacrônica, observe o fragmento 
que segue:
TEXTO 1 – CANTIGA DE AMOR
TEXTO 2 - ALL STAR
Quer’ eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor,
e querrei muit’ i loar mia senhor [...]
[...]Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a faz, que a fez sabedor de todo bem e de mui gran valor[...]
El-Rei D. Dinis, CV 123, CBN 485
Disponível em: <http://www.csbrj.org.br/culturaclassica/antologiaMedieval.
htm>. Acesso em: 09 out. 2015.
[...] Estranho é gostar tanto do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
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Observe que os textos 1 e 2 têm como temática o amor, contudo a linguagem 
apresentada pelo texto 1 mostra-se distante da atualidade, pois está escrita em 
galego português (português antigo/arcaico). Esse português antigo revela um 
período medieval marcado pelo feudalismo, pelo pensamento teocêntrico e os 
costumes do período como transmitir oralmente os textos por meio das canti-
gas, no caso do exemplo, a cantiga de Amor.
Já a linguagem apresentada pelo texto 2 traz elementos mais próximos da 
nossa realidade. Essa linguagem contemporânea pode ser evidenciada pelas pala-
vras “All Star”, “elevador”, “bairro das laranjeiras”. 
Diante dessa exposição, entendemos que a Variação Diacrônica fica marcada 
entre a linguagem dos textos 1 e 2, uma vez que ela é reveladora dos costumes 
de uma determinada comunidade linguística de um período. Isso significa que 
as línguas, como expõe Ilari (2009), evidenciam sua história externa ao acom-
panharem as transformações socioculturais dos indivíduos.
Ainda, em consonância à exposição de Ilari (2009), a variação diacrônica 
também pode ser percebida na comparação entre gerações. Observe os exem-
plos do quadro a seguir:
GÍRIAS MAIS ANTIGAS GÍRIAS NA ATUALIDADE
Tá maus: está ruim. Balada: velocidade, diversão
Tô ki tô: estou bem. Beca: roupa
Tutu: dinheiro Demorô: Isso aí, sim.
Papo firme: conversa séria. Mala: pessoa chata.
Chapa/bicho: amigo Rolé: passear, andar sem compromisso.
Quadrado: conservador Colar com: andar junto com, se aproximar de.
Quadro 1 - Gírias entre gerações 
Fonte: a autora.
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje [...]
Nando Reis
Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/estranho_seria_se_eu_nao_me_
apaixonasse/>. Acesso em: 18 ago. 2015.
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Conhecemos gírias que, embora compreensíveis, soam antigas, além daque-
las gírias que só os mais velhos compreendem. Observe a palavra “bicho” que 
significava, no contexto dos anos 70, o mesmo que amigo. Ao mesmo campo 
semântico, na atualidade, dizem “véi/mano” que significa amigo em determi-
nados grupos sociais.
Existe um caso particular de variação diacrônica marcado pela gramaticali-
zação. Esse é o processo pelo qual uma palavra de sentido pleno passa a exercer 
outro valor/função. Um exemplo clássico de gramaticalização é a do pronome 
“você”, que, em sua origem, era um pronome de tratamento como “Vossa Mercê”, 
“vosmecê” e, na atualidade, é usado como pronome pessoal em substituição ao 
antigo pronome de segunda pessoa “tú”.
Há, ainda, outra particularidade com relação à gramaticalização de uma pala-
vra. Note que, em nossas literaturas, em discursos na mídia impressa eletrônica 
e ou televisiva, existe uma recorrência do uso da palavra “enquanto” (que é uma 
conjunção subordinativa temporal) usada com valor/função de um substantivo. 
Em outros termos, o falante tem usado essa palavra com valor, equivalente a 
construções como: “na condição de”, “na qualidade de”. Para um melhor entendi-
mento do uso dessa conjunção. Vejamos o trecho desta entrevista que fala sobre 
o funcionamento da linguagem. 
Como podemos observar, aluno(a), no trecho dessa entrevista de uma linguista 
brasileira, há o uso do “enquanto” com um valor semântico diferente do usual, 
que nos permite a seguinte paráfrase: “na condição de seres humanos...”, ou ainda, 
“como seres humanos...”. Vejamos outra ocorrência dessa conjunção temporal 
com valor diferente do apresentado pela Tradição Gramatical.
GU – Como a historicidade influencia o discurso? (Entrevistador)
EO – (Entrevistada) “Enquanto seres humanos somos seres históricos, simbó-
licos e sociais. Ao considerar o sujeito, o sentido, comecei a me interessar, cri-
ticamente, pelo processo dessa identidade, assim como pelo modo como os 
sentidos eram constituídos. ” [...] (grifo da autora)
Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noti-
cia/2012/11/eni-orlandi-fala-sobre-analise-do-discurso-e-linguagem-em-en-
trevista.html>. Acesso em: 22 ago. 2015.
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Esse exemplo apresenta o mesmo valor do “enquanto” materializado no exemplo 
anterior, isto é, a entrevistada, que, nesse exemplo, trata-se de uma celebridade 
do meio artístico brasileiro, ao opinar sobre algumas questões sociais brasileiras, 
toma a conjunção “enquanto” equivalente às construções como: “na condição 
de”, ou “como” ou, ainda, “na qualidade de”.
Para Neves (2000), a gramaticalização configura-se por um processo de 
natureza dinâmica e histórica, mas possível de uma interpretação sincrônica.
[...] A gramática, como obra que oferece modelos para pautar deter-
minados comportamentos verbais em línguas particulares, já não tem 
mais lugar e sentido: não existe mais determinada literatura, de um 
determinado período, que constitua modelos a ser seguido, já não há 
um determinado momento em que se pode dizer que a literatura mor-
reu, ou se esgotou; não existem situações culturais de vazio de criação 
que suscitem clamor por retorno. A criação se desenrola e, nas obras, 
o mecanismo vivo da língua inventa torneios, mescla registros, rompe 
padrões tradicionalmente assentados e por muitos tidos como imutá-
veis (NEVES, 2002, p. 23).
Em consonância com Neves (2002), Bittencourt (2009), em seus estudos sobre 
a gramaticalização, explica que, por exemplo, a construção “tipo assim” pode 
atuar como um neologismo que caminha num processo de gramaticalização no 
interior de uma oração, como marcador de tempo, de lugar, de número, dentre 
outros valores. Vamos conferir como os falantes fazem uso dessa construção?
1. “Eu tô achando que vou lá... tipo assim... dez horas” (marcador de tempo)
2. “Você me leva e fica me esperando tipo assim... do lado de fora! ” (mar-
cador de lugar)
3. “É bom comprar tipo assim... dez pasteis!” (marcador de número)
[...] “Podíamos decidir ser mais respeitados enquanto povo, mais olhados 
enquanto gente, mais seguros e mais protegidos enquanto sociedade. “[...] 
(grifos da autora)
Disponível em: <http://conhecimentopratico.uol.com.br/linguaportuguesa/
gramatica-ortografia/22/artigo178965-1.asp>. Acesso em: 22 ago. 15.
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4. “Minha professora de matemáticaé homem... tipo assim... ela é troncuda.” 
(marca uma explicação)10
Diante dessa discussão, convém refletirmos sobre a linguagem não como um 
modelo estabelecido de caráter definitivo, mas como uma atividade que é 
construída histórica e socioculturalmente nas interações entre os falantes das 
comunidades linguísticas. 
VARIAÇÃO DIATÓPICA
De acordo com Ilari (2009), Variação Diatópica compreende às diferenças que 
uma mesma língua apresenta na dimensão do espaço, quando é falada em dife-
rentes regiões de um mesmo país ou em diferentes países. Ressalto que, para 
esta disciplina, o foco será sobre a variação diatópica no português brasileiro. 
A variação diatópica ou regional pode ser observada do ponto de vista fono-
lógico, morfossintático e lexical. Vejamos como o fenômeno da variação regional 
ocorre a partir do léxico11 na letra da música que segue:
10 Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/10275/pdf>. Acesso em: 
19 ago. 2015.
11 Refiro-me ao vocabulário da língua.
Novas palavras denominam-se Neologismo. Etimologicamente, Neo, prefi-
xo grego que significa “novo”, une-se a logo, do grego logos, que exprime 
a ideia de palavra, e a ismo, sufixo grego (ismos), que forma substantivos.
Fonte: a autora
“TENHO-ME ESFORÇADO POR NÃO RIR DAS AÇÕES HUMANAS, POR NÃO 
DEPLORÁ-LAS NEM ODIÁ-LAS, MAS POR COMPREENDÊ-LAS. ” 
(BARUCH DE ESPINOSA)
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TEXTO 3
Observe que o compositor dessa música usou a palavra “aipim”, contudo a mesma 
realidade pode ser expressa em outras regiões como “macaxeira”, “mandioca”. 
Vejamos mais exemplos da variação regional:
Quitanda: mercearia, tenda. Pão francês: cacetinho (RS).
Feira: reunião de vendedores. Terreno: data (noroeste do Paraná).
Vamos, agora, voltar nossa atenção aos fenômenos de ordem fonológica e mor-
fossintática. Para exemplificarmos a variação no nível fonológico, podemos 
tomar como exemplo a pronúncia do /s/ e /z/ em finais de sílabas ou palavras 
na fala de cariocas, de algumas regiões de Minas Gerais, Espírito Santo, do Pará, 
Amazonas e Pernambuco.
<mais> pronunciado /maj∫/, <rapaz> pronunciado como /ra’paj∫/
Há, também, as pronúncias do /s/ em final de palavras com /h/. Essas pronúncias 
são caraterísticas das falas de regiões do Nordeste e do Rio de Janeiro. Vejamos:
<MAIS> pronunciado /MAJH/
CHOPIS CENTIS (Mamonas Assassinas)
Eu “di” um beijo nela
E chamei pra passear.
A gente fomos no shopping
Pra “mode” a gente lanchar.
Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim.
Até que “tava” gostoso, mas eu prefiro aipim.
Quanta gente,
Quanta alegria[...]
Fonte: Mamonas Assassinas (online).
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Pronúncias do /o/ e /e/ em final de palavras. Áreas da região sul e interior de 
São Paulo:
<LEITE QUENTE> pronunciado como [‘LEJTE ‘KÊTE]
Abertura das vogais pre-tônicas em regiões do nordeste, como:
<DECENTE> pronunciado [Dε’SÊTJI]
Pronúncia retroflexa do /r/. Exemplo:
<PORTA> pronunciado 
Essa pronúncia é uma das características do “dialeto caipira” que alcançam algu-
mas regiões do sul de Minas Gerais, do Mato Grosso, norte do Paraná, de Goiás 
e Tocantins.
Outra marca do ”dialeto caipira” pode ser observada com a pronúncia do 
/ / como: 
”FILHO” pronuncia [FIOJO]; “MILHO” pronuncia [MIJO]
Em regiões como São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais a variação fonética 
é marcada pela queda do /r/ final dos verbos no infinitivo e dos substantivos:
<ANDAR > pronuncia [Ã’DA];
<LUGAR> pronuncia [LU ‘GA]
<FLOR> pronuncia [FLO]
Quanto ao caráter morfossintático, vejamos estes exemplos:
O uso de “Tu” e “você” como pronomes de segunda pessoa. São três situações 
que marcam a variação regional pelo nível morfossintático. Vamos aos exemplos:
(1) PRONOME “TU” + VERBO DE SEGUNDA PESSOA: “TU ÉS”, “TU VAIS”.
(2) PRONOME “TU” + VERBO NA TERCEIRA PESSOA: “TU ÉS” / “ TU VAI”.
(3) PRONOME “VOCÊ” E VERBO DA TERCEIRA PESSOA. “VOCÊ É”/ “VOCÊ VAI”.
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As variações em (1) e (2) são comuns na região Sul e Nordeste do Brasil, já na 
fala carioca encontra-se as variações dos exemplos (2) e (3). Nas demais regi-
ões do país, prevalecem o uso do pronome “você” + verbo da terceira pessoa 
(você é/você vai).
Como vimos, a língua sofre pressões do seu contexto de uso. Nesse sen-
tido, é importante que você perceba que as observações que foram apresentadas 
acima não são estanques. 
VARIAÇÃO DIASTRÁTICA
De acordo com Fiorin (2009), essa variação corresponde às diferenças de lin-
guagem ao comparar-se diferentes estratos da sociedade como a escolaridade, 
a cultura. A Variação Diastrática é conhecida também como ”português subpa-
drão”, isto é, a variedade falada por falantes de classes menos escolarizada.
Em seus estudos, o linguista Castilho observou algumas características para 
a Variação Diastrática no nível fonológico, morfológico e sintático:
No nível fonético, há a perda da distinção entre vogal e ditongo. Observe este 
excerto da música de Patativa do Assará que apresenta a variação “rastero” 
em vez de “rasteiro”.
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No nível da morfologia, há a perda do “S” da desinência da primeira pessoa plu-
ral, como em “nóis cantamo”, “nóis cantemo”, em vez de “nós cantamos”. Para 
ilustrar essa variação, vejamos estes versos da canção de Raul Seixas:
Observe, aluno(a), que a variação em “vamo” é marcada nesses versos da música 
de Raul Seixas pela ausência da desinência da primeira pessoa plural, que, a 
rigor gramatical, teríamos: ‘vamos’. Essa variação está, naturalmente, também, 
na modalidade da expressão falada.
Em seus estudos, Castilho (1985) aponta a anteposição do advérbio de com-
paração a adjetivos que já são comparativos: “mais mió” em vez de “melhor”. 
No nível da sintaxe, Castilho (1985) observou a ausência de marca de con-
cordância na 3ª pessoa do plural do verbo como em: “os doce mais bonito é 
para a visita.”. Note essa variação nos versos desta canção de Adoniram Barbosa:
Há, ainda, a negação redundante com os indefinidos negativos, como “ninguém 
não sabia.”. Além dessa variação, Castilho (1985) também destacou o apareci-
mento de um segundo adverbio de negação depois do verbo, como “não vem 
não”, “vem não”.
SAUDOSA MALOCA
[...] QUE TRISTEZA QUE NÓIS SENTIA 
CADA TÁUBA QUE CAÍA
DUIA NO CORAÇÃO [...]
Disponível em: <http://letras.mus.br/adoniran-barbosa/43969/>. Acesso em: 
28 out. 2015.
ALUGA-SE
[...]NÓS NÃO VAMO PAGA NADA
NÓS NÃO VAMO PAGA NADA É TUDO FREE!
TÁ NA HORA AGORA É FREE
VAMO EMBORA[...]
Fonte: Raul Seixas (online).
O POETA DA ROÇA 
[...]MEU VERSO RASTERO, SINGELO E SEM GRAÇA
NÃO ENTRA NA PRAÇA, NO RICO SALÃO[...]
Fonte: Patativa do Assaré (online)..
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Vimos, por meio dos estudos de Castilho, que a Variação Diastrática é marcada 
pela baixa escolarização dos falantes. Em contrapartida ao português subpa-
drão, há o português padrão, a norma culta falada pelas pessoas escolarizadas. 
Contudo o uso da norma padrão está diretamente relacionado ao contexto socialem que os falantes estão inseridos em suas situações de interações comunicativas.
Dentro da estratificação social de uma comunidade linguística, podemos 
destacar o uso particular da língua (gem) de grupos específicos que caracteri-
zam as gírias. Também podemos destacar o modo particular de falar de grupos 
sociais como fãs de determinados estilos musicais: os fãs de rap, funk, sertanejo, 
de rock and roll. Grupos dos skatistas, surfistas, grafiteiros, etc.
Observem estes exemplos de gírias de funkeiros:
Quadro 2 - Gírias de Funkeiros/Funkeiras
Fonte: Dicionário Eureka (online).
Abalar: causar boa impressão.
Bonde: fileira; grupo de amigos da mesma comunidade.
Chapa quente: lugar que o clima é agitado.
Coiote: gay enrustido.
Demorô: isso aí, sim.
Gogó: pessoa que mente ou a própria mentira que ele conta.
Já é: é isso aí.
Mulão: grupo de muitas pessoas.
Olhões: os funkeiros.
Osso da borboleta: estar numa situação desfavorável.
Pisante: tênis.
Porpurinada: mulher bem tratada; cheirosa.
Presepeiro: pessoa que faz uma promessa e procede com safadeza; não cumpre o que 
promete.
Puxar o bonde: formar um grupo de galeras no baile.
Rapeize: rapaziada.
Responsa: confiável, agradável, divertido.
Shock Legal: muito bom, excelente.
Style: estar muito bem arrumado.
Tá ligado?: entendeu?
Tomar bola: sofrer prejuízo. 
Veneno: bebida alcoólica.
X9: informante..
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Ainda, o modo particular de falar de grupos de profissões também se caracteriza 
como um tipo de gíria. Esse modo particular de falar chama-se Jargão, por exem-
plo, há os jargões dos jornalistas, dos médicos, dentistas, dentre outras profissões. 
 Para ilustrarmos essa variação, imagine que em uma consulta com o seu 
médico, como diagnóstico, ele lhe informe que você está com uma necrose 
subcutânea! Diante dessa situação, provavelmente, a linguagem restrita à área 
específica da medicina, conhecida como “Mediquês”, estabeleceria uma situa-
ção desconfortável, uma vez que você, como paciente, poderia ser leigo com 
relação a essa variação e não saber que esse diagnóstico se trata de um tipo de 
infecção na pele.
Há muitos exemplos referentes aos jargões da área profissional. Observem 
este quadrinho:
Nessa imagem, temos o exemplo de expressões a partir do uso dos estrangei-
rismos12 que são comuns na área da comunicação. Agora, vejamos o significado 
dessas palavras:
12 Palavras, ou expressões alheias à língua portuguesa.
BRIEFBUDGETBU
SINE
SS T
O BU
SINE
SS
FEEDBACK
FEE
DBA
CK
FULL TIME
WORKAHOLIC
FULL TIME
IC
FULL TIME
BBFULBFB
UFB
NET
WOR
K
WORKAHOLIC
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Quadro 3 – Algumas expressões usadas em determinadas profissões (Texto adaptado de: http://www.
meirafernandes.com.br/site/noticias-e-artigos/?id=2020. Acesso em 22/11/2015.
Dentre as variações da linguagem no tempo, no espaço, e por níveis de estra-
tificação econômica, cultural e de escolaridade, há, também, a variação entre 
a linguagem falada e a linguagem escrita. No tópico que segue, trataremos da 
última variação, a Diamésica.
Brainstorming: método de desenvolvimento de ideias e solução de problemas a partir 
de uma reunião coletiva.
Brief: sumário, síntese, informações concisas/resumidas sobre um determinado assunto.
Budget: orçamento.
Business to business: transações comerciais entre empresas.
Dead line: prazo para execução de uma atividade/projeto.
Feedback: sessão de aconselhamento ou posicionamento da performance de um fun-
cionário.
Full time: tempo integral.
Headcount: número de colaboradores de uma área específica de uma organização.
Network: rede de contatos.
Workaholic: profissional que não consegue desligar-se do trabalho; viciado em trabalho.
As expressões idiomáticas são expressões que se caracterizam por não ser 
possível traduzir o sentido literal se analisadas individualmente. Diante dis-
so, reflita: elas correspondem a um tipo de gíria? 
Essas expressões, também marcaram e marcam gerações. Por exemplo: 
você já pisou em ovos? Ou entrou pelo cano? Teve que quebrar o gelo em 
alguma situação ou até engolir um sapo? Ou, ainda, descascar o abacaxi! Já 
segurou vela? Já encheu linguiça? 
Para saber mais sobre as expressões idiomáticas, recomendo que acesse o 
link disponível em: 
<http://www.dicionariodeexpressoes.com.br/buscaLetra.do?letra=b>. 
Acesso em: 19 ago. 2015.
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VARIAÇÃO DIAMÉSICA
Ao observarmos nossas atividades linguísticas cotidianas, desde a hora em que 
acordamos, até o final do dia, alternamos momentos em que falamos e momen-
tos em que escrevemos. Falamos ou escrevemos em situações específicas, com 
propósitos comunicativos bem definidos, uma vez que temos uma finalidade 
específica para interagirmos oralmente ou por escrito.
 A opção do falante por uma forma de interação ou outra (linguagem falada 
ou escrita) está diretamente relacionada com um gênero que possibilitará a 
produção daquilo que desejamos enunciar. Assim, por exemplo, se quisermos 
reclamar de uma cobrança indevida em uma fatura telefônica, podemos optar 
pelo e-mail e/ou telefonema à empresa cobradora. No primeiro caso, optaríamos 
pela escrita, no segundo, pela fala. A essa versatilidade de interação linguística, 
chamamos de Variação Diamésica.
Sobre a Variação Diamésica, Koch (2012) explica que a língua (escrita) é um 
evento sociocomunicativo que tem origem dentro de um processo interacional. 
Ainda, segundo essa autora, toda linguagem é resultado de uma coprodução 
entre interlocutores e o que difere a linguagem falada da escrita é a forma como 
essa coprodução ocorre.
[...] a coprodução se resume à consideração daquele para quem se escre-
ve, não havendo participação direta e ativa deste na elaboração linguís-
tica do texto, em função do distanciamento entre escritor e leitor. Nele a 
dialogicidade constitui-se numa relação “ideal”, em que o escritor leva 
em conta a perspectiva do leitor, ou seja, dialoga com determinado (tipo 
de) leitor, cujas respostas e reações ele prevê (KOCH, 2012, p. 13).
ZALUZEJO (O TEATRO MÁGICO)
[...] Mas quando alguém te disser ta errado ou errada
Que não vai s na cebola e não vai s em feliz
Que o x pode ter som de z e o ch pode ter som de x
Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz [...] 
Trecho da música “Zaluzejo” da trupe O Teatro Mágico. Disponível em: <http://
musica.com.br/artistas/o-teatro-magico/m/zazulejo/letra.html>. Acesso em: 
23 ago. 2015.
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Para Koch (2012), na linguagem escrita, como os contextos de produção e de 
recepção não coincidem em termos de tempo e espaço e não há a copresença 
dos interlocutores, o produtor/escritor possui mais tempo para a organização 
geral da linguagem escrita.
Por sua vez, a linguagem falada emerge na situação de interação, isto é, a 
linguagem falada é planejada à medida que é produzida, na copresença entre os 
falantes de uma determinada situação comunicativa.
[...] Por estarem os interlocutores copresentes, ocorre uma interlocução 
ativa, que implica um processo de coautoria, refletido na materialidade 
linguística por marcas da produção verbal conjunta.Por isso, a lingua-
gem falada difere em muitos pontos da escrita: a) pelo próprio fato de 
ser falada; b) devido às contingências de sua formulação [...] (KOCH, 
2012, p.14).
Portanto, para Koch (2012), linguagem falada e linguagem escrita são duas 
modalidades da língua e, embora utilizem do mesmo sistema linguístico, cada 
uma delas possui características próprias. Em outras palavras, a distinção entre 
a modalidade falada e a escrita ampara-se nas condições de comunicação e pro-
dução em que demandará estratégias de formulação específicas. 
Por exemplo: na linguagem usada ao celular, em mídias digitais, é natural 
encontrarmos uma linguagem coloquial, uma linguagem mais próxima do coti-
diano, marcada por abreviações como “ tá”, “tô”, “vc”/ “cê” “hj”(com referência à 
hoje), “kd” (cadê). A essa variação chamamos de linguagem informal que fala-
mos com amigos, familiares, isto é, a linguagem do dia a dia. 
A esse respeito, em uma entrevista a uma revista regional da cidade de 
Maringá, o professor Juliano Desiderato Antonio explica que:
[...] o uso de programas de comunicação instantânea pela internet e as 
mensagens via celular influenciam a forma das mudanças. Isso ocorre 
porque são modalidades híbridas de uso da língua, ou seja, a comuni-
cação é instantânea, como se fosse uma conversação face a face, mas o 
meio não é a fala, e sim o teclado. Como resultado, surgem diferenças 
em relação à escrita padrão. (ANTONIO, 2013, p. 45).
Contudo, segundo Koch (2012), convém salientar que fala e escrita não devem 
ser entendidas de forma dicotômica, estanque, pois os diversos tipos de práti-
cas sociais da produção verbal situam-se em uma correlação tipológica que, de 
um lado, estaria a escrita formal, e de outro, a fala que é espontânea, coloquial. 
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A esse respeito, Marchuschi (1995, p. 13, apud KOCH, 2012, p. 14), explica 
que “as diferenças entre fala e escrita se dão dentro do continuum tipológico das 
práticas sociais e não na relação dicotômica de dois polos opostos.”.
Ao considerarmos essa correlação entre a linguagem falada e a escrita, deve-
mos levar em conta, além do critério do meio, se oral, se escrito, também, o 
critério da proximidade ou distância (física, social, por exemplo) e o envolvimento 
maior ou menor dos interlocutores. Sobre isso, Koch (2012, p. 15) explica que:
[...] num dos polos estaria situada a conversação face a face, no outro, 
a escrita formal, como os textos acadêmicos, por exemplo. O que se ve-
rifica, porém, é que existem textos escritos que se situam, no contínuo, 
mais próximos ao polo da fala conversacional como, bilhetes, cartas 
familiares, textos publicitários e textos de humor. 
Como podemos observar, segundo a exposição de Koch (2012), é possível infe-
rir que na correlação entre a modalidade falada e a escrita, há linguagens que se 
situam mais próximas ao polo da conversação (fala) como podemos observar 
por meio do exemplo que segue:
Fonte: Unicesumar (online).
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Observe que nesse anúncio, embora não apresente uma situação face a face entre 
os interlocutores desse gênero, há uma coprodução - bem menor, é claro -, mas 
ela existe entre os envolvidos nessa situação de prática social. 
Isso significa que esse anúncio (linguagem híbrida), apesar de situar-se no 
polo da modalidade escrita, há um contínuo que o aproxima ao polo da modali-
dade da fala. Podemos evidenciar essa proximidade por meio do enunciado que 
prevê uma alteridade, isto é, estabelece uma dialogicidade para quem escreve, 
como em “quer ganhar vantagens incríveis?”, “você ganha descontos na mensa-
lidade e eles também [...]”.
De igual maneira, assim como as linguagens escritas podem se situarem ao 
polo da fala, também existem linguagens faladas que mais se aproximam do polo 
da escrita formal, como as conferências, videoconferências, entrevistas profis-
sionais, entre outros.
Diante disso, ao considerarmos a diversidade de fenômenos que são possí-
veis nos estudos sobre as variações linguísticas, especificamente a Diamésica, não 
poderíamos deixar de contemplar uma discussão sobre o Preconceito Linguístico. 
A esse respeito, Bagno (2004, p. 40) expõe que:
O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe uma úni-
ca língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensina-
da nas escolas, explicada nas gramaticas e catalogada nos dicionários. 
Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola-
-gramática-dicionário é considerada sob a ótica do preconceito linguís-
tico, “errada”, feia, estropiada, rudimentar, deficiente. E não é raro a 
gente ouvir que “isso não é português”. 
Podemos apreender pela exposição de Bagno (2004) que o Preconceito Linguístico 
se trata de um conjunto de ideias distorcidas que se baseiam no mito de uma 
língua unívoca, ideal, digna de ser ensinada nas escolas, prescritas pelas gramá-
ticas e compreendidas nos dicionários.
 Em outros termos, o preconceito linguístico refere-se a uma postura que 
impera na nossa sociedade contra as pessoas que falam uma língua diferente da 
ensinada na escola que é a norma padrão. Para ilustrar como é comum a prática 
do Preconceito Linguístico em nossa sociedade, vejamos um exemplo retirado 
da obra de Bagno:
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Há a transformação de “L” em “R” em encontros consonantais, como:
“Cráudia”, “Framengo”, “prano”, “chicrete”, “pranta”, entre outros. Para Bagno 
(2004), esses usos são condenados e, às vezes, considerados como fruto de um 
problema de ordem mental das pessoas que fazem a troca do “L” pelo “R”.
Ainda, conforme Bagno (2004), ao considerarmos um estudo científico de 
pessoas que falam o português subpadrão, observaríamos que ocorre um fenô-
meno fonético que deu origem a formação da língua portuguesa padrão. 
Para um melhor entendimento sobre isso, observe o quadro que segue:
PORTUGUÊS PADRÃO ETMOLOGIA ORIGEM
branco blank germânico
brando blandu latim
cravo clavu latim
dobro duplu latim
escravo sclavu latim
fraco flaccu latim
frouxo fluxu latim
grude gluten latim
obrigar obligare latim
praga plaga latim
prata plata provençal
prega plica latim
Quadro 4 – Contribuição da fonética na formação da língua portuguesa 
Fonte: adaptado de Bagno (2004, p. 41).
Conforme expõe o Quadro 4, as palavras do português padrão dessa lista, tinham, 
em sua origem, um “L”, transformado em “R”. Se considerarmos esse fenômeno, 
compreenderíamos que a maneira de falar de algumas pessoas que falam a varie-
dade não padrão da nossa língua, não significa que elas possuem mais ou menos 
cultura, ou ainda, problemas mentais, mas sim que o modo de falar dessas pes-
soas teve uma motivação a partir de uma origem de base histórica que contribuiu 
para o processo de formação de nossa língua padrão.
LÍNGUA E LINGUAGEM
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E50
Como podemos notar a variação linguística é uma realidade da linguagem 
humana e merece que seja refletida sobre os aspectos da heterogeneidade da lín-
gua. Essa reflexão é muito importante, pois nossa língua portuguesa é afetada 
por diversos falares marcados ora por fatores de escolarização, ora pela cultura, 
região, idade,além da influência de heranças linguísticas de culturas diversas.
Quem não fala de acordo com a norma padrão de prestígio é uma pessoa 
ignorante? Você conhece alguém que não domina a norma padrão de pres-
tígio, mas teve sucesso profissional e pessoal?
Fonte: a autora.
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, apresentamos as principais concepções teóricas sobre o funcio-
namento da linguagem e língua. 
Primeiramente, preocupamo-nos em trazer para você a concepção de lín-
gua (gem) a partir do ponto de vista estruturalista, seguida por uma postura 
mais inatista e fechamos as discussões a partir de uma perspectiva pragmática 
da língua (gem)
Em um segundo momento, atemo-nos ao esclarecimento sobre o que é o 
signo linguístico. Vimos que, para Saussure, o signo linguístico pode ser tomado 
como uma convenção constituída por falantes de uma determinada comuni-
dade linguística, com base em um conhecimento compartilhado, a fim de que 
ocorra a comunicabilidade.
Na sequência, nossa atenção centrou-se nos estudos sobre a língua (gem) 
verbal, não verbal, mista e a digital. Por meio desse estudo, conferimos que essas 
linguagens podem funcionar como mecanismos a serviço da comunicação e inte-
ração entre os falantes, uma vez que ela é um fenômeno natural com valor social.
E, por fim, nós nos ocupamos com os estudos sobre as Variações Linguísticas, 
como: a Variação Diacrônica, Variação Diatópica, Variação Diastrática e a 
Variação Diamésica. Ao nos ocuparmos sobre esse estudo, vimos que as Variações 
Linguísticas representam uma evolução e democratização da Língua Portuguesa, 
uma vez que favorecem a conscientização de que a língua não é um elemento 
homogêneo, ao contrário, é dinâmica, multifacetada e variável em muitos aspectos.
Isso significa que não existe apenas a norma padrão da língua, mas que há 
diversos falares, os quais variam conforme a região, a escolaridade, a idade, a 
cultura, etc. Assim, a diversidade linguística precisa ser respeitada, haja vista que 
reflete a identidade dos falantes de uma determinada comunidade linguística.
Espero que, com as informações e conceitos abordados nesta unidade, eu 
tenha contribuído com a ampliação de seu conhecimento sobre o funciona-
mento da linguagem.
1. Considere as diferentes concepções de linguagem e explique-as:
a) Como espelho do mundo e do pensamento.
b) Como instrumento de comunicação.
c) Como forma de ação ou interação.
2. Leia este enunciado e assinale a alternativa correta.
a) A expressão “OS LINGUÍSTA PIRA” pode ser caracterizada como uma variação 
diacrônica, uma vez que traz uma gíria que marcou e marca uma determinada 
geração de falantes da língua portuguesa.
b) A expressão “OS LINGUÍSTA PIRA” é marcada pela Variação Diastrática, uma vez 
que essa expressão evidencia um “português subpadrão”, isto é, a variedade fa-
lada por pessoas de classes menos escolarizadas. Pode-se comprovar essa va-
riedade pela ausência de concordância de número plural em “OS LINGUISTA” 
em vez de “OS LINGUÍSTA(S)”, além da ausência de marca de concordância na 
3ª pessoa do plural do verbo ”pirar”, que, a rigor gramatical, ficaria assim: “OS 
LINGUISTAS PIRA(M)”.
c) A expressão “OS LINGUÍSTA PIRA” evidencia uma Variação Diamésica, haja vista 
que essa expressão é uma marca do registro formal da língua.
d) A expressão “OS LINGUÍSTA PIRA” caracteriza a Variação Diatópica, pois essa ma-
neira de falar compreende as diferenças que uma mesma língua apresenta na 
dimensão do espaço quando é falada em diferentes regiões do país.
e) A expressão “OS LINGUÍSTA PIRA” evidencia que ocorreu uma Variação Diastrá-
tica, uma vez que essa expressão marca uma maneira peculiar de um deter-
minado grupo falar. Isto é, trata-se de um fenômeno denominado de “jargões” 
presentes na fala de determinados indivíduos em suas profissões.
3. Nesta unidade, nós nos ocupamos dos estudos sobre as Variações Linguísticas. 
Assim, a fim de refletirmos sobre os fenômenos da língua (gem). Elabore uma 
resposta argumentativa de 7 a 12 linhas. Para isso, você deve responder a esta 
pergunta: qual é a importância das Variações Linguísticas para a riqueza de nos-
sa língua? 
“Quando dizem que alguém fala errado...
Os linguísta pira!”
Fonte: adaptado de Silva (online).
53 
MAIS UM POUCO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA(GEM) E 
CONTEXTO DE USO
Caro acadêmico(a), nesta unidade, nós nos ocupamos de um breve estudo sobre 
as variedades linguísticas. Esse estudo nos permitiu uma reflexão sobre conceitos 
como adequação e inadequação linguística, erro, norma padrão, língua de prestígio, 
português subpadrão, gírias, internetês, entre outras variedades, isto é, tivemos a 
oportunidade de refletirmos sobre a relação entre língua (gem) e sociedade. A esse 
respeito, leiamos este fragmento de Alkmin (2012, p. 23):
Linguagem e sociedade estão ligadas entre si de modo inquestionável. 
Mais do que isso, podemos afirmar que essa relação é a base da constitui-
ção do ser humano. A história da humanidade é a história de seres orga-
nizados em sociedades e detentores de um sistema de comunicação oral, 
ou seja, de uma língua. Efetivamente, a relação entre a linguagem e socie-
dade não é posta em dúvida por ninguém, e não deveria estar ausente, 
portanto, das reflexões sobre o fenômeno linguístico[...]. 
Em outros termos, podemos pensar que a relação entre língua (gem) e sociedade é 
o estudo da língua em seu contexto social, isto é, em situações naturais de uso da 
língua que, segundo Alkmim (2012, p. 33),
Seu ponto de partida é a comunidade linguística, um conjunto de pessoas 
que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas 
com respeito aos usos linguísticos. Em outras palavras, uma comunidade 
de fala se caracteriza não pelo fato de se construir por pessoas que falam 
do mesmo modo, mas por indivíduos que se relacionam, por meio de re-
des comunicativas diversas, e que orientam seu comportamento verbal 
por um mesmo conjunto de regras. [...].
Note, aluno(a), que, nesse excerto, a autora explica que uma comunidade linguística 
não se caracteriza por pessoas que “falam do mesmo modo”, e, sim, por pessoas que 
se relacionam por uma diversidade linguística. 
E, aqui, chegamos a um ponto interessante dos estudos sobre a língua (linguagem), 
pois um olhar um pouco menos acurado da língua em uso poderia levar a uma con-
cepção equivocada de que a língua (gem) em seu contexto de uso é uma “espécie 
de caos, uma terra de ninguém, sujeita, portanto, ao uso arbitrário de seus recursos” 
(ALKMIM, 2012, p. 54). Pelo contrário! O estudo da língua (gem) em uso permite a 
nós falantes adequar a nossa linguagem a cada situação de interação verbal, haja 
vista que cada domínio discursivo demandará uma variedade linguística. Por esse 
viés sociolinguístico, para um melhor entendimento da relação entre língua (lingua-
gem) e contexto de uso, tomemos, como exemplo, a expressão oral e escrita. 
Como vimos nesta unidade, há dois polos que se imbricam em um contínuo. De um lado 
a língua falada, que se modifica rapidamente para se adaptar a diversos contextos de in-
teração. No outro polo, situa-se a escrita, a qual se altera com menos dinamicidade, uma 
vez que é a língua dos documentos, registros e, como tal, é caracterizada por mudanças 
mais lentas, e as regras podem ser determinadas com mais vagar.
Vimos, também, que os falantes são usuários da linguagem e não servos dela, uma vez 
ela está a serviço das intenções e propósitos comunicativos dos falantes. Assim, para 
estabelecer uma comunicação, interação, é preciso, pois, saber que linguagem usar em 
determinadas situações e identificar osdiferentes níveis de formalidade exigidos por 
usos específicos dela (da linguagem). Além disso, há circunstâncias em que o mais apro-
priado é recorrer à linguagem falada e há situações e que a linguagem escrita é reco-
mendável. 
Em vista disso, não podemos esperar que as pessoas falem da mesma forma que escre-
vem, mas podemos entender que os falantes podem e devem fazer uma adequação de 
suas falas aos contextos de comunicação/interação, isto é, não se trata de uma questão 
de norma e, sim, uma questão de bom senso linguístico!
Portanto, a imbricação das variedades que a linguagem nos possibilita em seus contex-
tos de usos, pode nos levar a desconstrução da ideia de unicidade de uma determinada 
variedade. 
 Fonte: a autora.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Neste link, você encontrará mais informações sobre a ciência linguística. Assistam!
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9LA-8nzO9XE>. Acesso em: 09 ago. 2015.
No link abaixo, você encontrará um pouco mais a respeito da linguagem bakhtiniana como 
concepção de língua e constituição do sujeito.
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/fi losofo-dialogo-487608.shtml>. 
Acesso em: 07 ago. 2015. 
Além desse, recomendo, também, a você, a fi m de ilustrar o conteúdo sobre linguagem digital a 
animação que está no link. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kknSsX1S7xI>. Acesso em 16 ago. 2012.
Recomendo a você, acadêmico(a), uma reportagem que apresenta as diferentes formas de se falar 
no Brasil. Confi ra!
Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/rpctv/noticia/2014/08/jornal-hoje-veja-todas-
reportagens-de-sotaques-do-brasil.html>. Acesso em: 17 ago. 2015.
Além desse link, recomendo, também, a você, a leitura deste link, que trata das variações 
linguísticas sob o ponto de vista da trupe O Teatro Mágico.
Disponível em: <http://www.cesumar.br/graduacao/arquivos/jornal_letras_2edicao2007.pdf>. 
Acesso em: 20 ago. 2015.
Veja, ainda, sobre as gírias entre períodos diferentes. Neste link, você encontra mais gírias que 
marcaram as gerações dos anos 60 até a atualidade. Confi ra!
Disponível em: <http://andryshqueiroz.blogspot.com.br/2011/06/girias-antigas-e-atuais.html>. 
Acesso em: 18 ago. 2015. 
Língua, Linguagem, Linguística: Pondo os 
Pingos nos ii
Marcos Bagno 
Editora: Parábola
Sinopse: Este livro tenta responder a três perguntas 
que as pessoas em geral e os estudantes iniciantes nos 
estudos das letras costumam fazer com frequência: o que 
é língua? O que é linguagem? O que é linguística? Essa 
obra é voltada aos que começam a adentrar os estudos 
da linguagem, por isso apresenta uma redação (escrita) 
no sentido de evitar uma nomenclatura técnica excessiva 
e “falar” da maneira mais simples ao público leitor.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Curso de Linguística Geral
Ferdinand de Saussure 
Editora: Cultrix
Sinopse: Essa obra póstuma do linguista suíço é tida 
como o marco inaugural da Linguística Moderna - com a 
fase estruturalista dos estudos da linguagem. O livro traz 
os pressupostos teórico-metodológicos dessa escola, 
que terminaram por infl uenciar outras ciências humanas.
Curso Básico de Linguística Gerativa
Eduardo Kennedy 
Editora: Saraiva
Sinopse: Eduardo Kenedy, professor e pesquisador da 
área, oferece aos universitários brasileiros o primeiro 
material didático escrito em língua portuguesa para 
um curso introdutório completo sobre linguística 
gerativa – a ciência da linguagem dedicada à 
dimensão cognitiva das línguas humanas. Numa 
estrutura dialógica, com ilustrações e exercícios com 
respostas, este livro preenche, assim, uma lacuna na 
literatura linguística no Brasil, apresentando à comunidade acadêmica os principais conteúdos do 
empreendimento gerativista e tratando de temas complexos com profundidade, mas utilizando-se 
de linguagem simples e objetiva. Esta obra destina-se especialmente aos estudantes de graduação 
e pós-graduação dos cursos de Linguística, Letras, Fonoaudiologia, Psicologia, Comunicação e 
demais áreas interessadas em linguagem e ciências cognitivas.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Sobre o Behaviorismo
SKINNER, B. F. 
Editora: Cultrix
Sinopse: Criticado por uns, louvado por outros, 
B.F. Skinner vem-se fi rmando há anos como o mais 
importante e o mais categorizado behaviorista 
de nosso tempo. Suas ideias têm infl uenciado, e 
continuam a infl uenciar, as chamadas ciências do 
comportamento, não obstante as incompreensões, 
quando não a má vontade, revelada por tantos quanto 
à natureza e fundamentos científi cos dessas ideias. 
Daí a importância deste “Sobre o behaviorismo”, livro de Skinner que apresenta, em linguagem 
concisa e acessível, sua visão do behaviorismo, expondo-lhe os conceitos básicos, discutindo-lhe as 
implicações mais gerais no campo do conhecimento e refutando as interpretações distorcidas dele, 
veiculadas por seus opositores. Para quantos se interessem pelo assunto, sobretudo professores e 
estudantes de Psicologia, Sociologia, Educação e áreas correlatas, este volume constitui assim a 
melhor, a mais fi dedigna introdução ao behaviorismo em geral e ao pensamento de Skinner, em 
particular.
A Língua de Eulália. Novela Sociolinguística. 
Marcos Bagno 
Editora: Contexto
Sinopse: O autor Marcos Bagno discute o certo e errado 
da língua falada no livro: A Língua de Eulália que trata 
de alguns problemas de ensino da língua portuguesa e, 
principalmente, do preconceito linguístico. Para tornar 
a leitura mais agradável e fácil para leitores em geral, 
Bagno aborda o tema do preconceito linguístico na 
forma de uma narrativa romanceada, com peripécias de 
enredo, personagens dinâmicas. É uma narrativa e ao mesmo tempo uma refl exão sociolinguística 
porque trata de questões que envolvem a relação entre a língua que falamos e a organização da 
sociedade que vivemos.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Línguas – Vidas em Português
Ano: 2004
Sinopse: Este fi lme mostra que há no mundo aproximadamente 
2700 línguas e 7 mil dialetos. As três línguas com maior número 
de falantes são o mandarim, falado na China, o hindi, falado 
na Índia, e o inglês, falado nos Estados Unidos, na Inglaterra 
e em várias partes do mundo. O Português ocupa o 7º lugar 
e é falado por cerca de 200 milhões de pessoas em quatro 
continentes, e, no Brasil, estão quase 90% dos seus falantes. 
O documentário Língua – Vidas em Português (2001), de Victor 
Lopes, mostra como se dá o uso da língua portuguesa em 
várias partes do mundo
Narradores de Javé
Ano: 2003
Sinopse: Somente uma ameaça à própria existência pode mudar 
a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé. É aí que eles 
se deparam com o anúncio de que a cidade pode desaparecer 
sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica. Em resposta à 
notícia devastadora, a comunidade adota uma ousada estratégia: 
decide preparar um documento contando todos os grandes 
acontecimentos heroicos de sua história, para que Javé possa 
escapar da destruição. Como os moradores são, em sua maioria, 
analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa 
escrever as histórias. Recomendo este fi lme, pois ele suscita uma 
refl exão sobre a importância da linguagem falada, escrita. Também nos convida a refl etirmos sobre 
uma maneira particular de falar de uma determinada comunidade linguística do Brasil.
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Professora Me. Fátima Christina Calicchio
LINGUAGEM E 
COMUNICAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Reconhecer a natureza comunicativa da linguagem.
 ■ Identificar as funções da linguagem.
 ■ Prover reflexões sobre as funções da linguagem em diferentes em 
diferentes situações de interação comunicativa.
 ■ Compreender o processamento da leitura.
 ■ Reconhecer a importância da leitura para a formação acadêmica e 
para o desenvolvimento da consciência crítica diante da realidade.Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Interação Verbal (Comunicação)
 ■ Processo Comunicativo
 ■ As funções da língua (gem) na Construção dos Enunciados
 ■ Processamento de leitura
 ■ Conhecimento linguístico
 ■ Conhecimento de mundo
 ■ Conhecimento interacional
INTRODUÇÃO
Na unidade I, nós nos ocupamos dos estudos sobre o funcionamento da lingua-
gem e vimos que ela desempenha uma série de funções interacionais, uma vez 
que é por meio da linguagem que expressamos nossos pensamentos, transmiti-
mos informações e interagimos no e com o mundo.
Por esse viés, pela linguagem, narramos fatos, persuadimos, expomos nossas 
emoções, expressamos nossa individualidade; por meio da linguagem mante-
mos boas ou más relações. Assim, é pela linguagem que criamos, formulamos 
e reformulamos ideias acerca da realidade, construímos conceitos, simulamos, 
manipulamos, ofendemos, perdoamos, aceitamos, rejeitamos, amamos, enfim, 
vivemos.
Portanto, faz-se necessário a você o estudo dos princípios e conceitos que 
permitem compreender teorias sobre a relação entre a linguagem e comunica-
ção, uma vez que, dessa forma, você estará mais preparado para atuar de maneira 
mais competente linguística e socialmente.
 Nos tópicos que seguem, nós nos ocuparemos, primeiramente, de forma 
breve, sobre o processo comunicativo, seguido de um breve estudo sobre a 
Interação Verbal (Comunicação), posteriormente, do estudo das funções da 
linguagem na construção dos enunciados. Por fim, trataremos da leitura e inter-
pretação de enunciados. Para tanto, buscamos aporte teórico na perspectiva 
Funcionalista que privilegia em seus estudos a linguagem em contextos natu-
rais de uso e aliamos a isso, enfoques teóricos de estudos da linguística textual 
de Koch e os estudos de Bakhtin sobre a natureza da linguagem e sujeito.
Introdução
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INTERAÇÃO VERBAL (COMUNICAÇÃO)
Olá, aluno(a)! Vamos dar continuidade aos nossos estudos? Vimos, na unidade I, 
três maneiras de se conceber a linguagem: como representação do mundo, trans-
missão de informação e como atividade de interação social. É sobre essa última 
concepção que projetaremos as discussões nesta unidade II.
Como já explicitamos anteriormente, a mais contemporânea das concepções 
de linguagem fundamenta-se na noção de que linguagem é atividade, é forma de 
ação, cujos falantes se comportam conforme suas intenções e propósitos comu-
nicativos durante a interação verbal.
O conceito de interação verbal tem na corrente Funcionalista um caráter subs-
tancial, uma vez que, para essa teoria, a linguagem é vista como um instrumento 
de interação social/verbal, cuja principal função é promover a comunicabilidade. 
Essa abordagem surgiu como um movimento particular dentro do Estruturalismo 
Linguístico, enfatizando a função das unidades linguísticas.
Sobre a necessidade de se estudar a língua com foco em análises em contex-
tos sociais de interação, Dik (1989) concebe a linguagem como um mecanismo 
de interação social entre seres humanos, usada com o objetivo basilar de esta-
belecer relações comunicativas entre os interlocutores. 
Dessa forma, o Funcionalismo tem, em seus estudos, o reconhecimento de 
análises que levam em consideração a linguagem em seu uso efetivo no evento 
comunicativo. Portanto, justificamos o tratamento dessa abordagem neste estudo 
pela importância que ela confere ao estudarmos a linguagem no contexto comu-
nicativo em que ela ocorre.
Processo Comunicativo
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PROCESSO COMUNICATIVO
Ao tratar de comunicação, Roman Jakobson (2003) apresenta algumas funções 
para a linguagem. De acordo com esse linguista, para que seja estabelecido a 
comunicação, é necessário que a linguagem esteja vinculada a uma situação de 
produção comunicativa. 
Para Jakobson, há na comunicação um remetente que envia uma men-
sagem a um destinatário, e essa mensagem, para ser eficaz, requer um 
contexto (ou um referente) a que se refere, apreensível pelo remetente 
e pelo destinatário, um código, total ou parcialmente comum a ambos, 
e um contato, isto é, um canal físico e uma conexão psicológica entre 
o remetente e o destinatário, que os capacitam a entrar e a permanecer 
em comunicação (FIORIN, 2006, p. 28).
A esse respeito Roman Jakobson (2003) propõe em sua Teoria da Comunicação 
seis elementos essenciais no processo comunicativo:
 ■ O locutor (emissor): aquele que enuncia algo a alguém).
 ■ O locutário (receptor): aquele a quem o enunciado do locutor se dirige.
 ■ A mensagem: o enunciado produzido pelo locutor.
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 ■ O código: a língua, o signo linguístico estabelecido por convenção e que 
permite compreender a estrutura da mensagem.
 ■ O canal: meio físico que conduz a mensagem som, ar, papel, platafor-
mas digitais.
 ■ O referente: o contexto, o assunto, ao qual a mensagem faz referência.
Para um melhor entendimento a respeito desses seis elementos, vejamos o 
esquema que segue:
Figura 1: Esquema da comunicação 
Fonte: a autora.
Perceba que o locutor e o locutário compartilham do mesmo signo linguístico, 
a fim de que a informação possa ser recebida e decodificada pelo locutário.
 Essa informação decodificada é a mensagem, contudo, segundo Martelotta 
(2009), para que haja a comunicação (interação verbal) não basta que um locutor 
envie uma mensagem a um locutário. Para que essa mensagem seja compreen-
dida, é necessário que ela seja eficaz, e, para tanto, conclui Martelotta (2009), 
essa mensagem deve constituir-se de:
Signo linguístico
Canal de comunicação
CONTEXTO
MENSAGEM
CÓDIGO
LOCUTOR LOCUTÁRIO
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• UM CONTEXTO APREENSÍVEL PELO ALOCUTÁRIO.
• UM CÓDIGO QUE SEJA CONHECIDO PELOS PARTICIPANTES DA COMUNI-
CAÇÃO.
• UM CONTATO OU CANAL FÍSICO QUE PERMITA A INTERAÇÃO ENTRE OS 
PARTICIPANTES DA COMUNICAÇÃO.
No próximo tópico, apresentaremos a você, os estudos acerca das funções da lin-
guagem, para que você possa compreender cada uma dessas funções. 
AS FUNÇÕES DA LÍNGUA (GEM) NA CONSTRUÇÃO 
DOS ENUNCIADOS
De acordo com Roman Jakobson (2003), em 
uma situação de comunicação, deve haver 
pelo menos dois falantes (interlocutores) que 
podem alternar os papéis ora de locutor, ora 
de locutário. 
A esse respeito, Émile Benveniste (1989), 
em sua Teoria da Enunciação (Ato de dizer) 
propõe que em uma determinada situação 
de comunicação/interação, um indivíduo se 
apropria da linguagem e, nesse momento, 
instaura-se como “EU” e, simultaneamente, 
instaura-se o outro como “TU”.
[...] é uma enunciação que pres-
supõe um locutor e um ouvinte e, no primeiro, a intenção de influen-
ciar o outro de alguma maneira. Em função do eu, caracterizam-se o 
aqui, o agora e todas as coordenadas espaço temporais. Eu e tu, porém, 
são reversíveis a cada instante: no momento seguinte, o interlocutor 
pode passar a designar-se eu, passando o antigo eu a tu; assim sucessi-vamente. [...] (apud KOCH, 2013, p. 13)
LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
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Segundo Benveniste (1989), o EU e o TU sempre são os participantes da enun-
ciação, isto é, são as pessoas enunciativas, note, aluno(a), que essa categoria difere 
da categoria tradicional de pessoa pronominal. 
A característica substancial das pessoas enunciativas está centrada na rever-
sibilidade. “Quando dirijo a palavra a alguém, ele é o tu; quando ele passa a ser 
eu e eu torno-me tu” (FIORIN, 2002, p.164), isso significa que, em uma situ-
ação de enunciação, as pessoas enunciativas trocam de lugar conforme aquele 
que toma a palavra (o dizer).
Em vista disso, entendemos que a linguagem pode assumir diferentes funções 
vinculadas à interação/atividade verbal, que envolve contexto, locutor, alocutá-
rio, código linguístico, conteúdo da mensagem e o contato entre os locutores. 
A seguir, vejamos os elementos que representam as Funções da Linguagem pro-
postos por Roman Jakobson em sua Teoria da Comunicação:
1. Função Referencial ou Denotativa.
2. Função Emotiva ou Expressiva.
3. Apelativa ou Conativa.
4. Função Fática.
5. Função Poética.
6. Função Metalinguística.
Agora, atente-se ao esquema abaixo, a fim de um melhor entendimento sobre 
essas funções:
As Funções da Língua (GEM) na Construção dos Enunciados
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Figura 2: Funções da linguagem
Fonte: a autora.
A seguir, vejamos as funções da Língua (gem) na Construção dos Enunciados.
1) Função Referencial - Consiste na transmissão de informações do locu-
tor ao alocutário. Essa função está centrada no contexto, uma vez que reflete 
uma preocupação em transmitir conhecimentos referentes a pessoas, objetos 
ou acontecimentos. 
Essa função é, essencialmente, objetiva, limitando-se à expressão dos fatos, 
sem que constem opiniões pessoais do emissor. Assim, a linguagem é formal e 
deve prevalecer o uso da 3ª pessoa. Para ilustrar essa função, vejamos o exem-
plo que segue (ALUNOS..., 2015, online):
CONTEXTO
Função Referencial
LOCUTOR
Função
Emotiva ou
Expressiva
LOCUTÁRIO
Função
Conativa ou
Apelativa
MENSAGEM
Função Poética
CANAL
Função Fática
CÓDIGO
Função Metalinguística
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ALUNOS CRIAM SOFTWARE QUE FORMATA TEXTOS 
CONFORME NORMAS DA ABNT
Três estudantes da pós-graduação em Computação da UFPE (Universidade 
Federal de Pernambuco) criaram um software que organiza textos no formato 
exigido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O programa 
está disponível temporariamente de forma gratuita na internet.
Em entrevista para assessoria de imprensa da Ufal (Universidade Federal de 
Alagoas), o estudante Yguaratã Cavalcanti explicou que o FastFormat foi pen-
sado para facilitar a vida de estudantes e professores que produzem artigos de 
conferência e periódicos, trabalhos de conclusão de curso, monografias, dis-
sertações e teses. Além de Cavalcanti, Bruno Melo e Paulo Silveira passaram os 
últimos quatro anos desenvolvendo o software.
O programa possui um blog com tutoriais para facilitar a interação dos usuá-
rios. Lá, é possível aprender a como fazer citações, escrever o resumo, entre outros. 
A função principal desse texto é informar, esclarecendo-o quanto ao Software 
que foi criado para formatar automaticamente trabalhos acadêmicos conforme 
as normas da ABNT. 
As Funções da Língua (GEM) na Construção dos Enunciados
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Esse texto faz uso da linguagem formal e objetiva, além do uso da 3ª pessoa 
em: “Três estudantes da pós-graduação” [...] “o estudante Yguaratã Cavalcanti 
explicou que [...]”.
Diante disso, evidenciamos a predominância da função referencial.
2) Função Emotiva ou Expressiva - Consiste na exteriorização da emoção 
do remetente em relação àquilo que fala de modo que essa emoção transpareça 
no nível da mensagem. Essa função está centrada no próprio remetente, uma 
vez que é sua emoção que está em jogo na mensagem. 
A função emotiva ou expressiva é caracterizada pelo uso de verbos na pri-
meira pessoa, pela subjetividade e pelo uso de metáforas ou recursos expressivos 
para revelar o “eu” do emissor que enuncia ao mundo. 
Podemos tomar como exemplos os contos, os romances, alguns poemas, 
enfim, os textos que evidenciam o “eu” do emissor, que possuem predominân-
cia da função emotiva ou expressiva. Veja estes versos da canção abaixo.
Os versos da letra da música da Trupe são marcados pela predominância da fun-
ção emotiva ou expressiva, haja vista que há a marca do “eu” que enuncia, como 
em “no meu coração” e “o meu coração”. 
Ainda nos versos de Fernando Anitelli, observa-se um trocadilho com as 
expressões “há ferrugem” e “a fé ruge”, “coração de lata” e “coração dilata”. Tal 
jogo de palavras confere ao texto mais expressividade, além de revelar a subjeti-
vidade do compositor, uma vez que ele é o foco, isto é, ele determina as escolhas 
feitas na construção do enunciado desse enunciado.
3) Apelativa ou Conativa - Consiste em influenciar o comportamento do 
destinatário. Essa função está centrada no destinatário, uma vez que ele é o alvo 
da informação. As propagandas são bons exemplos dessa função, pois suas carac-
terísticas básicas são persuadir, convencer, enfim, agir sobre o seu destinatário.
QUANDO A FÉ RUGE
“Quando há ferrugem, no meu coração de lata!
É quando a fé ruge, e o meu coração dilata!”
Fonte: O Teatro Mágico (online).
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IIU N I D A D E70
É comum, em enunciados que predominam a função Apelativa ou Conativa, 
o emprego de verbos no modo imperativo, além de verbos na 2ª e 3ª pessoas e o 
vocativo. Nessa função, o foco recai sobre o locutário, receptor, isto é, no outro. 
Vejamos o anúncio que segue.
Fonte: Unicesumar (online).
A função predominante nesse exemplo é a Apelativa ou Conativa, uma vez que 
ela foi construída para o receptor. Note: há, nesse anúncio, o uso da 2ª pessoa 
pronominal “você” que tem a finalidade de envolver o interlocutor no enun-
ciado. Além desse recurso linguístico, há, também, o uso da expressão “só para 
você”, que tem a função de aproximar o interlocutor da oportunidade oferecida 
pela instituição. 
É interessante destacar, também, que a informalidade em “com a gente” é 
proposital, pois confere, ainda, ao interlocutor, mais proximidade com a insti-
tuição, haja vista que a oportunidade de se obter o benefício restringe-se “Só 
para ex aluno” da instituição. Por fim, merece destaque o uso do verbo no impe-
rativo como em: “INSCREVA-SE”.
4) Função Fática - Consiste em iniciar ou prolongar ou terminar um ato 
de comunicação. Portanto, essa função está centrada no canal, uma vez que não 
visa propriamente à comunicação, mas ao estabelecimento do contato. Assim, 
o canal é o suporte por meio do qual a mensagem se encaminha ao receptor. 
As Funções da Língua (GEM) na Construção dos Enunciados
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Com essa função, os interlocutores podem manter, testar ou interromper a 
comunicação.Essa manutenção pode ser marcada pelos cumprimentos diários: 
“bom dia!”, “boa tarde!”, “olá!”, “tudo bem?”. Caso o meio seja o telefone; “alô!”, 
“hum”, “tá”, “entendo”. 
Vejamos:
5) Função Poética – Consiste na combinação de elementos linguísticos. Está 
centrada na mensagem e foco na forma, isto é, no modo como foi organizada, 
já que a estrutura/organização da mensagem agrega sentido ao assunto. Assim, 
a intenção não é simplesmente usar a mensagem como um mero veículo de sen-
tidos, mas construir sentido por meio de sua organização textual. Essa função é 
predominante em poemas. Vejamos:
QUADRILHA
JOÃO AMAVA TERESA QUE AMAVA RAIMUNDO 
QUE AMAVA MARIA QUE AMAVA JOAQUIM QUE AMAVA LILI 
QUE NÃO AMAVA NINGUÉM. 
JOÃO FOI PARA OS ESTADOS UNIDOS, TERESA PARA O CONVENTO, 
RAIMUNDO MORREU DE DESASTRE, MARIA FICOU PARA TIA, 
JOAQUIM SUICIDOU-SE E LILI CASOU COM J. PINTO FERNANDES 
QUE NÃO TINHA ENTRADO NA HISTÓRIA. 
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Quadro 5: Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade
Fonte: Drummond (online).
“ALÔ!”,
“HUM”,
“TÁ”,
“ENTENDO”.
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IIU N I D A D E72
No texto de Drummond, mais do que abordar a temática do desencontro entre 
a maioria dos personagens, o poeta busca construir os sentidos a partir da repe-
tição do pronome relativo “que” e do verbo amar, como em “amava”. Assim, os 
usos desses recursos linguísticos marcam a predominância da função poética da 
linguagem, logo, o foco recai sobre a forma em que o enunciado foi organizado.
6) Função Metalinguística - Consiste em usar a linguagem para se refe-
rir à própria linguagem. Está centrada no código e sobre a própria linguagem. 
Assim, é a mensagem que fala de sua própria produção discursiva. Seja 
ela linguística (escrita e ou oral) ou extralinguística (gestos, músicas, desenhos, 
pinturas). Observe este exemplo que Mário Quintana define o que é poesia pela 
própria poesia.
POESIA
“Impossível qualquer explicação: ou a gente aceita à primeira vista, ou não acei-
tará nunca: a poesia é o mistério evidente. Ela é óbvia, mas não é chata como 
um axioma. E, embora evidente, traz sempre um imprevisível, uma surpresa, 
um descobrimento.”
Fonte: Mário Quintana (online).
Quando se fala em Contexto, do que se fala mesmo?
Até aqui, vimos que a linguagem pode materializar funções variadas desde 
que associadas ao contexto de uso da língua (gem). Assim, podemos apre-
ender que, ao se falar em contexto, se fala dos elementos extra- linguísticos, 
isto é, fala-se dos elementos que constituem uma determinada situação co-
municativa, como: quem fala e a quem, o código linguístico, o conhecimen-
to de mundo entre os interlocutores e a situação de comunicação. Isso sig-
nifica que o contexto é um fator determinante para a produção de sentidos 
e constitui-se em tudo aquilo que envolve o texto (enunciado).
Fonte: a autora.
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Como você pode observar, tratamos das funções da linguagem de Roman Jakobson 
(2003) sob uma perspectiva dialógica da linguagem. 
Dessa forma, vimos que as funções da linguagem propostas pelo linguística 
russo são importantes na construção dos enunciados em situações efetivas de 
uso da linguagem, visto que o foco da construção dos sentidos de uma determi-
nada situação de interação comunicativa não se restringe somente à transmissão 
de uma informação, mas constrói-se na interação verbal em contextos de uso 
da linguagem.
Em vista disso, destacamos a importância da interação entre o sujeito (falante), 
linguagem e o contexto sociodiscursivo para que o processo da interação ver-
bal favoreça aos propósitos comunicativos; para que a construção dos sentidos 
entre os membros de uma determinada situação discursiva seja estabelecida. 
É sobre o processamento da construção dos sentidos que nos ocuparemos nos 
tópicos que seguem.
PROCESSAMENTO DA LEITURA
Nosso estudo até aqui proporcionou a você aprender que as múltiplas lingua-
gens e suas funções constituem-se como locus para a atribuição e construção de 
sentidos do e no mundo que nos cerca. Assim, a construção de sentidos1 efetiva-
-se a partir da manifestação da linguagem vinculada aos seus contextos de uso. 
Isso significa que o processo de leitura tem um caráter voltado para o contexto 
de uso da linguagem que vai além do nível frásico. 
1 Refiro-me ao processo de leitura.
“AS FRONTEIRAS DA MINHA LINGUAGEM SÃO
AS FRONTEIRAS DO MEU UNIVERSO”
 (WITTGENSTEIN, 2015, p. 86).
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IIU N I D A D E74
Por esse viés, proponho que reflita: como se dá o processo de leitura do e no 
mundo? Como lemos e para que lemos?
Segundo Koch (2013), o funcionamento da leitura é decorrente da concep-
ção de sujeito, de linguagem, de texto2 e de sentido que se adota.
Sobre a noção de sujeito, apoiar-nos-emos na concepção dialógica da lin-
guagem que defende a construção do sujeito a partir do social, isto é, o sujeito 
é construído a partir da interação com o outro, conforme postula o Círculo de 
Bakhtin:
[...] O Círculo destaca o sujeito não como fantoche das relações sociais, 
mas como um agente, um organizador de discursos, responsável por 
seus atos e responsivo ao outro [...] (BRAIT, 2014, p.24).
A noção de linguagem que orienta as discussões desta disciplina, como já men-
cionado, depreende-se dos domínios da linguagem como ação, uma vez que há, 
no fenômeno linguístico, dependência de fatores socioculturais. A esse respeito, 
reportamos à Garcez (1998, p. 48):
[...] A linguagem não existe no vácuo, mas imersa numa rede de valores 
discursivos de vários níveis. Assim, todo o universo linguístico, cons-
trói-se, existe e funciona num universo social, coletivo e não pode ser 
abstraído dessa condição. 
Sob o ponto de vista da linguística textual, tomaremos a noção de texto que, 
segundo Beaugrand (1997, p. 10, apud MARCUSCHI, 2008, p. 72), trata-se de um 
“evento comunicativo em que convergem ações linguísticas, sociais e comunicativa”. 
 Para a linguística textual, isso significa que o texto é uma prática social que 
possui “vida” ao ser percebido pelo sujeito-leitor que, com ele, pode estabelecer 
uma relação interativa. 
Assim, ler é atribuir significados, ler é construir significados e sentidos para 
o texto e com o texto. Diante disso, aluno(a), pergunto-lhes: o que é sentido?
Para Koch (2013, p. 11), a noção de sentido enconta-se na gama de elemen-
tos implicítos que emergem da relação entre os sujeitos e os contextos de uso 
da linguagem. “[...] o sentido de um texto é comstruído na interação texto-su-
jeitos e não algo que preexista a essa interação [...]”.
2 Para esta disciplina, adotamos como intercambiáveis as noções de texto e enunciado.
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Para um melhor entendimento sobre o processamento da leitura, observe 
este enunciado:
Imaginem que um casal está em uma churrascaria e no momento que o gar-
çom os serve, o casal apresenta seguinte diálogo:
- Você já pensou sobre essas religiões africanas que sacrificam animais?
- Acho um absurdo o tipo de prática dessas religiões! Pois eles comentem 
um verdadeiro ato de crueldade com os animais.3
3 Texto adaptado pela autora de: <https://scontent-gru1-1.xx.fbcdn.net/hphotos-xta1/v/t1.0-9/ s720x720/11148699_80
9875392425365_1168253728980055926_n.jpg?oh=d4ea4f1f0d70df82f8aa0329c1783401&oe=56B09DCD>.Acesso em: 
1 nov. 2015.
VOCÊ JÁ VIU
AQUELAS RELIGIÕES
QUE SACRIFICAM
ANIMAIS? É UM ABSURDO!
MUITA CRUELDADE
COM OS BICHINHOS!!
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IIU N I D A D E76
Esse enunciado representa bem o papel do leitor que, em interação com o texto, 
atribui-lhe sentido ao considerar não só as informações gramaticalmente cons-
tituídas, como também o que está implicitamente sugerido. 
Podemos tomar como exemplo que, nesse contexto, o autor sugere uma refle-
xão sobre as questões de crenças/religiões que entregam animais como aves e 
carneiros em oferendas aos deuses.
Esse enunciado sugere, ainda, que há entre algumas pessoas certa hipocri-
sia, uma vez que o casal da situação apresentada, provavelmente, alimenta-se de 
carne de aves, carne bovina, etc., que, também, tem sua origem a partir sacrifí-
cios em abatedouros.
Como base nesse olhar que lançamos sobre o enunciado acima e nas pala-
vras de Koch (2013), temos uma demonstração clara de que:
 ■ A leitura é uma atividade na qual se leva as experiências e o conheci-
mento do leitor.
 ■ A leitura de um texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do 
código linguístico, uma vez que o texto não é simples produto da codifi-
cação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.
Indubitavelmente, o processamento de leitura privilegia os sujeitos e seus conhe-
cimentos de mundo em contextos de uso concreto da linguagem. Sobre isso, 
assim se expressa Bakhtin (1992, p. 290, apud KOCH, 2013, p. 12), 
o lugar mesmo de interação - é o texto, cujo sentido “não está lá”, mas 
é construído, considerando-se, para tanto, “as sinalizações” textuais da-
das pelo autor e os conhecimentos do leitor, que, durante todo o pro-
cesso de leitura, deve assumir uma atitude “responsiva ativa”. Em outras 
palavras, espera-se que o leitor, concorde ou não com as ideias do autor, 
complete-as, adapte-as, etc., uma vez que “toda compreensão é prenhe 
de respostas e, de uma forma ou de outra, forçosamente, a produz”.
Como podemos observar, para Bakhtin (1992), no processo de leitura, o leitor é 
um coprodutor do texto, uma vez que ele pode se aproximar ou se distanciar das 
ideias que o texto sugere ao mesclar as suas ideias com as ideias que emergem 
do texto, o que é permitido ao leitor pela natureza da incompletude dos textos.
Conhecimento Linguístico
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Nesse nosso percurso a respeito do processamento da leitura, enfatizamos que 
ela é uma atividade que se dá na interação autor-texto-leitor. Assim, nesse pro-
cesso, convém considerar os elementos linguísticos do texto, elemento do qual 
e por meio do qual se estabelece a interação, logo, a construção de sentidos em 
um texto segundo Koch (2013), ocorre a partir de três sistemas de conheci-
mentos: o linguístico, o de mundo e o sociointeracional. Vamos iniciar com o 
Conhecimento Linguístico.
CONHECIMENTO LINGUÍSTICO
O Conhecimento Linguístico relaciona-se ao conhecimento dos elementos gra-
maticais e lexical presentes em um texto. Conforme Koch (2013), com base nesse 
conhecimento, o leitor, por exemplo, pode compreender a organização do mate-
rial linguístico na superfície textual. Pode compreender a função dos usos dos 
meios de coesão para possibilitar a sequenciação do texto. O leitor pode, ainda, 
compreender a seleção lexical adequada ao tema. Vejamos a importância do 
conhecimento linguístico para o processamento da leitura no exemplo que segue:
“A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam, 
e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua.” 
Fonte: Bakhtin (1992).
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Para a compreensão dessa tira, é necessário entender os valores semânticos dos 
verbos “somos” e “estamos” no contexto em que eles ocorrem, pois a construção 
de seu sentido só é possível ao entendermos a ideia que emergem deles sobre a 
rapidez de nossa efemeridade neste mundo, uma vez que o valor do verbo “somos” 
implica em um estado do sujeito, um sujeito que é deste mundo.
Por seu turno, o valor semântico do verbo “estar” tem uma ideia que cor-
responde a um momento breve neste mundo. Certamente, poderíamos realizar 
muitas leituras em relação à tirinha, contudo, nesse texto, o valor atribuído ao 
verbo “estamos” é um elemento relevante para a construção de sentido dessa tira 
que nos permite inferir que “estamos de passagem neste mundo”. 
Passemos, agora, ao Conhecimento de mundo.
CONHECIMENTO DE MUNDO
De acordo com Koch (2009), o Conhecimento de mundo refere-se aos conhe-
cimentos gerais sobre o mundo. Segundo essa linguista, há dois tipos de 
conhecimento de mundo: o declarativo (constituído por proposições a respeito 
dos fatos do mundo), por exemplo: “a capital do estado do Paraná é Curitiba”. 
somos
Tão
Passageiros
que, nÃo somos,
estamos.
ANA C. COUTO
Conhecimento de Mundo
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O episódico (constituído por “modelos cognitivos4” socialmente adquiridos por 
meio da experiência). A esse respeito, Koch (2009, p. 23), inspirada em Van Dijk 
(1989), explica que:
[...] os modelos constituem conjuntos de conhecimentos sociocultu-
ralmente determinados e vivencialmente adquiridos, que contêm tanto 
conhecimentos sobre cenas, situações e eventos, como conhecimentos 
procedurais sobre como agir em situações particulares e realizar ativi-
dades específicas. São, inicialmente, particulares (já que resultam das 
experiências do dia a dia), determinados espácio-temporalmente, por 
isso, estocados na memória episódica. Após uma série de experiências 
do mesmo tipo, tais modelos vão-se tornando generalizados, com abs-
tração das circunstâncias particulares específicas e, quando similares 
aos dos demais membros de um grupo, passam a fazer parte da memó-
ria enciclopédica ou semântica. 
Como se observa, para Van Dijk (1989), esse conhecimento tem um papel muito 
importante no processo de atribuição de sentidos a um texto. Por exemplo, se 
um texto abordar um assunto do qual o leitor não tem conhecimento, de nada 
adianta o conhecimento linguístico, pois o texto não seria compreendido. 
Assim, quanto mais conhecimento, quanto maior acervo cultural, maior o 
poder de leitura de um indivíduo. Para exemplificação sobre o conhecimento 
de mundo, observe o texto a seguir.
Fonte: autor desconhecido.
4 Algumas literaturas denominam: frames, cenários, esquemas, modelos mentais.
Alguém aí pergunta
pro Jota Quest
quando é que vai
ficar fácil
extremamente fácil. 
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IIU N I D A D E80
Se não considerarmos o conhecimento de mundo, como, então, aluno(a), com-
preender esse enunciado? Para a compreensão desse texto, é preciso que o leitor 
tenha conhecimento sobre a canção “Fácil” da banda Jota Quest. Dessa forma, o 
leitor poderia levantar hipóteses, criar expectativas e inferir, por exemplo, que o 
produtor desse enunciado, possivelmente, está enfrentando uma situação com-
plicada, laboriosa.
Diante disso, é importante que você entenda que o conhecimento de mundo 
é aquele que fica armazenado na memória de cada indivíduo e por ocasião do 
processamento de uma determinada informação, o leitor acessa-os para que a 
atribuição de sentidosseja estabelecida, isto é, é preciso ativar o conhecimento 
de mundo para produzir sentido por meio do que está posto linguisticamente 
nos enunciados. 
No próximo tópico, nós nos ocuparemos do Conhecimento Sociointeracional.
CONHECIMENTO SOCIONTERACIONAL
Para Koch (2009), o Conhecimento Sociointeracional compreende as formas de 
interação por meio da linguagem e engloba os conhecimentos do tipo Ilocucional, 
Comunicacional, Metacomunicativo e Superestrutural.
O Conhecimento Ilocucional permite que o leitor reconheça as intenções, 
os propósitos que um falante, em uma determinada situação comunicativa, pre-
tende atingir. No trecho a seguir, extraído da música “Vaca Estrela e Boi Fubá”, 
de Patativa do Assaré, observe um exemplo do conhecimento Sociointeracional.
Conhecimento Socionteracional
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Fonte: Di Paulo e Paulino (online).
Há situações de comunicação em que a construção da produção de sentido 
fundamenta-se na ausência do Conhecimento Ilocucional. Para um melhor 
entendimento sobre esse recurso, proponho que você reflita sobre este texto:
PARA QUEM NÃO DORME DE TOUCA
Na infância, ele era diferente. Acreditava nos outros, acreditava nas coisas.
Quando alguém dizia:
- Por que não vai ver se estou na esquina? Ele corria até a esquina, olhava, espe-
rava um pouco, reconfirmava e voltava: - Não tem ninguém na esquina. [...]
(Texto de Ignácio Loyla Brandão extraído de KOCH, p.47,2013)
Como podemos observar, aluno (a) a ausência do Conhecimento Ilocucional 
nesse exemplo provoca o efeito de sentido que a situação sugere, uma vez que o 
personagem entendeu de forma literal o sentido da expressão “ vai ver se estou 
na esquina”, pois o falante dessa situação não entendeu a intenção comunicativa 
proposta pelo seu interlocutor. 
VACA ESTRELA E BOI FUBÁ
Seu dotô me de licença
Pra minha história contá
Hoje eu tô na terra estranha
E é bem triste o meu pená
Mas já fui muito feliz
Vvendo no meiu lugá[...]
[...] Eu sou fio do nordeste
Não nego o meu naturá
Mas uma seca medonha
Me tangeu de lápra cá
Lá eu tinha o meu gadinho
Não é bom nem imaginá
Minha linda vaca Estrela
E o meu belo boi Fubá[...]
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Portanto, podemos apreender que a falta do Conhecimento Ilocucional (o estra-
nhamento do grupo de crianças da atualidade) chama a atenção para o princípio 
de que a atribuição de sentidos em um determinado enunciado, não está somente 
no texto, naquilo que é dito, mas também, está naquilo que é implicitamente 
sugerido (não-dito)5.
O Conhecimento Comunicacional, conforme Koch (2013), relaciona-se 
com a quantidade de informação necessária em uma situação comunicativa para 
que o falante/leitor seja capaz de reconstruir o objetivo do produtor do texto. 
Há necessidade, também, de que os elementos linguísticos sejam adequados 
à situação de interação. Ainda, segundo Koch, é necessário que haja uma adequa-
ção do gênero textual, por exemplo, à situação de interação. Vamos a exemplos 
que revelam a importância do Conhecimento Comunicacional.
TEXTO 4
5 Sobre o não-dito, veja, aluno(a), a unidade V deste livro.
[...] preste atenção: esse medicamento não deve ser usado em caso de função 
da medula insuficiente, após tratamento citostático ou doenças do sistema he-
matopoiético, ok?
NÃO SE ESQUEÇA:
ESSE MEDICAMENTO
NÃO DEVE SER USADO
EM CASO DE FUNÇÃO
DA MEDULA INSUFICIENTE,
APÓS TRATAMENTO
CITOSTÁTICO OU DOENÇAS
DO SISTEMA
HEMATOPOIÉTICO,
OK?
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TEXTO 5
No texto 4, há o uso da linguagem mais cientifica, técnica, que somente àque-
les que fazem parte da área médica conseguiriam manter uma interação verbal 
satisfatória. Por outro lado, se considerarmos a linguagem médica direcionada 
a um paciente sem conhecimento dessa linguagem, possivelmente, não enten-
deria o que ocorre com relação a sua saúde, por exemplo.
De igual maneira, no texto 4, pode-se inferir que há uma inadequação da 
linguagem diante da situação comunicativa, uma vez que pelo contexto apresen-
tado no texto 45, trata-se de uma entrevista de emprego, na qual o entrevistado 
está pleiteando uma vaga para a área de língua portuguesa, e, ao considerar-se 
essa situação de comunicação, espera-se uma linguagem mais formal e não uma 
linguagem coloquial como a apresentada pelo falante como em “acho bão”, pois 
esse tipo de linguagem, a coloquial, é adequada para uso em ambientes mais 
informais como: reuniões familiares, encontro com amigos.
Já o texto 6, é um excelente exemplo do que vem a ser o Conhecimento 
Comunicacional, já que a fala do segundo quadrinho da tirinha faz uma sele-
ção de uso da língua (gem) adequada à situação comunicativa. Vamos ao texto 6.
ANALISEI O SEU CURRÍCULO E GOSTARIA DE SABER,
O QUE VOCÊ ACHA DE ASSUMIR A DISCIPLINA DE
LÍNGUA PORTUGUESA?
ACHO
MUITO
BÃO!
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IIU N I D A D E84
TEXTO 6
Fonte: Mulher 30 (online).
Como você pode observar, o Conhecimento Comunicacional nessa tirinha 
evidencia-se por meio dos elementos linguísticos, especificamente, quando a 
personagem feminina adequa a sua “fala” ao uso de expressões que se revelam 
mais peculiares à linguagem do gênero masculino. 
Nesse sentido, evidentemente, essa tirinha nos permite uma leitura que toca 
em um campo sutil de valores sociais convencionais, como o discurso clássico 
de que homens são insensíveis ao romantismo.
Diante disso, podemos entender que a “fala” da personagem feminina faz 
uma adequação de sua linguagem, a fim de alcançar os seus propósitos comu-
nicativos. Assim, podemos inferir que essa tira retrata que há uma postura 
linguística que é socialmente mais apropriada para um sexo do que para outro, 
isto é, a autora da tirinha “Mulher de 30”, muito espirituosamente, mostra que 
há diferentes maneiras de dizer, de significar aquilo que queremos sem alterar 
o valor de verdade das coisas.
 Em vista disso, as mensagens dos primeiros enunciados são marcadas pela 
ausência do Conhecimento Comunicacional, observem que, tanto no texto 4 
quanto no texto 5, não existe uma adequação quanto ao uso da linguagem, quanto 
aos papeis dos interlocutores, quanto à mensagem e aos propósitos comunicativos. 
Diante dessa exposição, é possível entender a relevância sobre o Conhecimento 
Comunicacional à construção de sentidos, haja vista que se uma linguagem 
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apresentar um vocabulário inadequado ao seu contexto de uso, se os participantes 
de uma dada situação de interação não compartilharem da mesma linguagem, o 
processamento interativo fica comprometido. Outro Conhecimento que consti-
tui o Conhecimento Sociointeracional, refere-se ao conhecimento Metacognitivo. 
Vejamos, a seguir, a importância desse recurso à construção de sentidos em um 
enunciado. 
Conhecimento Metacognitivo, de acordo com Koch (2009), é aquele que 
permite ao locutor assegurar a compreensão do texto e conseguir a aceitação 
pelo seu interlocutor dos objetivos pelos quais é produzido. 
Conforme Koch (2009), há vários tipos de açõeslinguísticas presentes em 
um texto que são importantes para assegurar a compreensão do enunciado, 
como a introdução de sinais de articulação, como a organização textual, pará-
frases, repetições, etc. Vejamos o exemplo da “fala” de Guimarães Rosa para um 
melhor entendimento sobre esse Conhecimento.
Observe o realce na grafia do prefixo “in”, que tem a função de chamar a aten-
ção do leitor à mensagem desse texto. Nesse caso, destaca-se a importância de o 
leitor ter conhecimento sobre o elemento linguístico – prefixo - que serve para 
formar palavras em que, se adicionado à palavra felicidade, o leitor construiria 
um sentido negativo como (não – felicidade) ou um sentido de oposição a pala-
vra “felicidade” (infelicidade). 
Infelicidade
é questão
de prefixo
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IIU N I D A D E86
A partir disso, Guimarães Rosa, por meio do recurso linguístico “in”, atribui 
de maneira prática o sentido de algo profundo para as pessoas, um sentimento 
que pode ser marcado pela reversibilidade, ora feliz, ora “in-feliz” e, para tanto, 
basta ao leitor acrescentar, ou não, o prefixo “in”, isto é, ser (in) feliz é, de fato, 
uma questão de escolha gramatical. Há, ainda, segundo Koch (2013), um ter-
ceiro Conhecimento que se relaciona ao Conhecimento Sociointeracional. O 
Conhecimento Superestrutural. Esse conhecimento é, também, denominado 
de gêneros textuais, Koch (2013, p. 54), explica que:
A identificação de textos como exemplares adequados aos diversos 
eventos da vida social. Envolve também conhecimentos sobre as ma-
crocategorias ou unidades globais que distinguem vários tipos de tex-
tos, bem como sobre a ordenação ou sequenciação textual em conexão 
com os objetivos pretendidos. 
Conforme expõe Koch (2013), esse conhecimento permite aos falantes reconhe-
cerem textos como exemplares de terminado tipo ou gênero. Para uma melhor 
compreensão a esse respeito, vejamos os exemplos que seguem.
TEXTO 7
Figura 3: Gênero e-mail 
Fonte: Windows Microsoft (online). 
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TEXTO 8
Reconhecemos, na figura 7, o gênero textual e-mail que, sabemos que se trata de 
um gênero do meio eletrônico, que tem por função básica possibilitar o envio e 
recebimento de mensagens. 
Quanto ao texto 8, sabemos tratar-se de uma receita culinária. Nesse sen-
tido, nosso conhecimento sobre gêneros textuais nos alerta que o texto 8, por 
exemplo, não é uma fábula ou uma carta de reclamação, mas, sim, uma receita 
culinária que constituí os gêneros da ordem do instruir.
 Como vimos até aqui, ler é construir sentidos e essa construção é social, 
com diferentes contextos e intenções que cercam a produção de sentidos. Dessa 
forma, ler é um processo que envolve não só a mundividência do leitor, mas os 
conhecimentos sobre diferentes tipos de gêneros textuais, sua organização textual, 
conhecimentos lexicais, sintáticos, semânticos e pragmáticos, isto é, a compre-
ensão, a atribuição de sentidos ao um texto depende de vários conhecimentos.
RECHEIO DE SONHO DE VALSA PARA 
BOLOS
Ingredientes
1 lata de leite condensado.
1 e ½ lata de creme de leite.
15 bombons Sonho de Valsa.
Modo de preparo
Bata, no liquidificador, o creme de leite, o leite condensado e 10 bombons So-
nho de Valsa, até virar um creme.
Leve esse creme ao fogo e mexa até ele engrossar. Deixe esfriar.
Pique os 5 bombons Sonho de Valsa que restaram e incorpore ao creme frio. 
Pronto. Agora é só rechear o seu bolo!
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Chegamos ao fim de mais uma unidade. Como ponto de partida para os estudos 
sobre LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO. Desta unidade II, trouxemos como 
foco a perspectiva Funcionalista da linguagem que considera ,em suas análises, 
a relação entre os meios linguísticos em seus contextos naturais de uso.
Por meio desse quadro Funcionalista da linguagem, também nos ocupamos 
dos estudos do processo comunicativo e as funções da linguagem propostos pelo 
linguista Roman Jakobson. Vimos por meio desse estudo que as funções da lin-
guagem são seis: referencial, emotiva, apelativa, fática, poética e metalinguística, 
que assumem diferentes funções vinculadas ao ato de significar, que envolve con-
texto, locutor, alocutário, o código linguístico a mensagem e o canal.
Na unidade II, vimos sobre o processamento da leitura e, para tanto, recor-
remos aos estudos da Linguística Textual e à noção de sujeito vinculado aos 
estudos de Bakhtin. Dessa forma, enfatizamos a importância da relação entre 
a linguagem em seus contextos de usos para que a construção de sentidos dos 
enunciados se estabeleça.
Em vista disso, buscamos trazer a você, aluno(a), os estudos desenvolvidos 
por Koch a respeito da interação autor-texto-leitor. Do processamento de leitura, 
assim, entendemos que a natureza dialógica da linguagem constrói os sentidos 
a partir de alguns conhecimentos como: o Linguístico, o Comunicacional e o 
Sociointeracional. Com base na discussão desse tópico, vimos que o processa-
mento da leitura depende de fatores que extrapolam a superfície textual, uma 
vez que ler é interagir, é construir significado para o texto, por meio do texto e 
com o texto.
89 
1. As propagandas em meios impressos, eletrônicos e ou televisivos, direcionam-se 
aos seus interlocutores a partir do predomínio de umas das funções da lingua-
gem que vimos na unidade II. Assim, indique que função da linguagem é essa e 
justifique sua resposta.
2. Vimos nesta unidade que o processamento de leitura extrapola o nível do texto. 
Nesse sentido, explique a importância do Conhecimento de mundo para que o 
processo de leitura seja satisfatório.
3. Sobre o processamento de leitura, vimos que para Koch (2013, p. 11) “o sentido 
de um texto é comstruído na interação texto-sujeitos e não algo que preexista 
a essa interação[...]”. Diante da visão dessa linguísta, analise a imagem, abaixo e 
explique como pode ser contruída a atribuição de sentido(s) neste enunciado? 
Para isso, elabore um texto entre 8 e 12 linhas.
Fonte: EAD Unicesumar (online). 
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA DIALÓGICA
A presente unidade, em um dos tópicos, contemplou o processamento de leitura. Dian-
te disso, vimos a importância de se adotar uma leitura dialógica na construção das mais 
diferentes realidades nas interações sociais. Assim, compreender os fatores que cons-
troem os sentidos nos enunciados, como o Conhecimento de Mundo, Conhecimento 
Comunicacional e o Conhecimento Sociointeracional, é condição inalienável para um 
leitor perceber que a construção de sentidos de um enunciado não se limita tão somen-
te a extração de informações de um texto.
 A leitura dialógica possibilita que seja realizado um confronto de perspectivas e de (re)
construção de atitudes diante do mundo, isto é, a leitura dialógica vai além da relação 
entre o leitor e as unidades de sentido na construção de significados possíveis.
Em vista disso, no processo de leitura, há, então, um confronto entre autor-texto-leitor, 
pois o leitor abandonará uma atitude de passividade diante do texto e passará a ser 
participante do processo de (re)construção de sentidos, porque ele não está só nesse 
processo de leitura, pelo contrário, juntamente com o leitor, estão sua cultura, sua con-
cepção de língua (gem), seus procedimentos interpretativos, sua ideologia, etc. 
Fonte: a autora.
Em consonância à perspectiva dialógica da linguagem, sugiro a você, aluno(a), a leitura 
deste trechoextraído dos Parâmetros Curriculares Nacionais que, assim, define leitura.
A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e in-
terpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, 
sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem, etc. Não se trata de extrair infor-
mação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que 
implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não 
é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que 
vai sendo lidos, 70 permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, 
avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas. Um leitor com-
petente sabe selecionar, dentre os textos que circulam socialmente, aqueles que podem 
atender a suas necessidades, conseguindo estabelecer as estratégias adequadas para 
abordar tais textos. O leitor competente é capaz de ler as entrelinhas, identificando, a 
partir do que está escrito, elementos implícitos, estabelecendo relações entre o texto e 
seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos. 
Fonte: Parâmetros... (1998, p. 69-70).
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Comunicação nos Textos 
Norma Discini 
Editora: Contexto
Ano: 2012
Sinopse: Esta obra pretende romper os limites que cercam 
a comunidade dos estudiosos da linguagem. Apresenta-
se como livro didático e destina-se aos não iniciados nos 
estudos do discurso. Tem como objetivo descrever e 
levar o leitor a descrever mecanismos de construção do 
sentido nos textos, examinados para além da aparência e 
como construção linguageira do mundo. A descrição se 
respalda por refl exões teóricas e subsidia a produção de texto, 
considerada um fi m a ser perseguido continuamente.
O Artista
Ano: 2011
Sinopse: Um dos fi lmes mais recentes e um exemplo 
prototípico de metalinguagem no cinema podem ser 
conferidos por meio do fi lme: “O Artista”, de Michel 
Hazanavicius. Em pleno século XXI, o diretor criou um fi lme 
mudo e em preto e branco para mostrar as transformações 
pelas quais o cinema e os atores passaram a partir da 
década de 1930, quando o som chegou às telas, procurando 
aproximar o cinema da vida real.
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Professora Me. Fátima Christina Calicchio
A EXPRESSÃO ESCRITA E A 
SEMÂNTICA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender e refletir sobre as regras ortográficas.
 ■ Compreender e refletir sobre as regras de acentuação.
 ■ Refletir sobre algumas questões notacionais da língua.
 ■ Compreender o que é semântica.
 ■ Compreender e refletir sobre a importância da duplicidade de 
sentidos na (re)construção dos enunciados.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Ortografia
 ■ Questões Notacionais da Língua
 ■ Acentuação
 ■ Semântica
 ■ Sinonímia e Antonímia
 ■ Hiponímia e Hiperonímia
 ■ Polissemia
 ■ Ambiguidade na Construção dos Enunciados.
INTRODUÇÃO
Para iniciar os estudos sobre A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA, 
preocupamo-nos em fornecer instrumentos para que você possa praticar sua 
capacidade de compreensão, análise e reflexão sobre a expressão escrita (orto-
grafia) e suas possibilidades de sentidos (semântica). 
Vimos na unidade I que a língua tem convenções próprias e a grafia adequada 
das palavras, por exemplo, é regida por essas convenções. No início da alfabeti-
zação, um falante começa a tomar conhecimento dessas convenções. Depois, à 
mediada que amplia suas práticas de leitura e escrita, consolida o seu conheci-
mento sobre a expressão escrita (ortografia) e a expressão de sentido (semântica). 
Isso significa que o domínio desses saberes é processual.
Em vista disso, seguimos com a abordagem Pragmática da linguagem, que 
envolve a descrição e reflexão sobre os elementos linguísticos em seus contextos 
de uso. Nesse sentido, organizamos esta unidade da seguinte maneira: 
Primeiramente, apresentaremos o conceito sobre ortografia e os empregos 
das palavras na construção dos enunciados. Na sequência, nos ocuparemos da 
exposição e conceito de casos notacionais da língua em situações comunicati-
vas que circulam na sociedade. 
No tópico seguinte, nós nos ocuparemos, também, sobre a acentuação das 
palavras. Seguiremos nossos estudos com o conceito de semântica e os ele-
mentos tratados por esse saber como: Sinonímia e Antonímia, Hiponímia e 
Hiperonímia, Polissemia. E, por fim, fecharemos esta unidade com reflexões 
sobre a Ambiguidade na Construção dos Enunciados.
Introdução
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ORTOGRAFIA 
Na educação básica, na oralidade, já revelamos nosso domínio sobre regras bási-
cas do sistema linguístico. O nosso contato com as regras da modalidade escrita 
amplia, gradativamente, nossa capacidade de reconhecer a natureza dos even-
tos comunicativos diversos e de fazer escolhas adequadas de uso da língua. Essas 
escolhas adequadas contribuem para a nossa mobilidade social.
Diariamente somos expostos a práticas sociais especializadas que exigem o 
nosso planejamento sobre a nossa fala e nossa escrita. Essas práticas exigirão, 
por exemplo, que utilizemos vocabulários específicos e observação de regras de 
prestígio, definidas pela gramática normativa1. Isso significa que a nossa relação 
com essas situações indicará a nossa competência comunicativa.
Em vista disso, ter um amplo repertório de recursos comunicativos possi-
bilita uma comunicação mais adequada e precisa. Esse repertório é construído 
a partir de nossas experiências no convívio social e nas práticas de letramento 
e, nesse espaço, a aprendizagem ganha relevância. 
Assim, cabe à instituição escolar o ensino da norma padrão, isto é, a varie-
dade linguística exigida nas práticas sociais especializadas. Há normas que regem 
essa língua de prestígio e é fundamental conhecê-las. Contudo quem nunca ficou 
com dúvida sobre como escrever alguma palavra? Se é com “J” ou “G”, quando 
usar “S” ou “Z”? Quantas vezes já perguntamos e já nos perguntaram isso? Nessas 
situações de dúvida, a consulta a um dicionário, sempre, ajudará!
Para um melhor entendimento sobre os empregos adequados das letras, 
1 Veremos esse conteúdo na unidade IV deste livro.
Ortografia 
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palavras, vamos ao conceito de ORTOGRAFIA. Segundo Ferreira (1992, p. 15), 
“ortografia tem por função definir normas segundo as quais as palavras devem ser 
escritas para que sejam consideradas corretas.”. Isso significa que existe um con-
junto de regras da gramática normativa que define a escrita correta das palavras. 
Etimologicamente, a ortografia surgiu da combinação de elementos de origem 
grega orto (reto, direto, correto) + grafia (representação escrita de uma palavra).
Nesse sentido, muitas palavras da língua portuguesa têm sua grafia com 
base em sua etimologia. Para que possamos compreender a relevância da orto-
grafia, vejamos o texto 9:
Texto 9
“A polícia de Florianópolis conseguiu colocar 
as mãos em um ladrão de carros e colocá-lo 
na cadeia devido um fato inusitado. O lará-
pio derrapou no português e foi preso devido 
uma placa clonada. É que ao fazer a cópia da 
chapa, o bandido distraído trocou uma letra 
e gravou ‘Frorianopolis’.”2
Notexto 9, temos o caso do comerciante 
que viajava por uma rodovia brasileira, em 
Toyota, em 2006. Esse é um bom exemplo 
da importância da ortografia, visto que, por 
um erro de grafia da palavra Florianópolis, o comerciante despertou a atenção 
dos policiais e foi parado pela polícia rodoviária, porque a placa do automóvel 
estava com a grafia “Frorianopolis”, isto é, a palavra Florianópolis foi grafada 
com um /r/ em vez de um /l/.
Grosso modo, a inadequação ortográfica se deve à própria complexidade 
das regras de ortografia, que faz com que seja muito difícil dominar todas as 
suas peculiaridades. Além disso, nem sempre é possível recorrer ao dicionário 
quando surge alguma dúvida. 
2 Disponível em: <http://www.ochefaodanoticia.com.br/2014/06/placa-cronada-ladrao-de-carros-e-preso.
html#more>. Acesso em 31/08/2015.
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
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QUESTÕES NOTACIONAIS DA LÍNGUA
Como vimos na introdução desta unidade, entender o motivo pelo qual algumas 
palavras que você conhece são grafadas, proporcionará mais segurança para escre-
ver várias outras que seguem a mesma regra. É sobre isso que trataremos a seguir.
O USO DE J OU G 
O uso da letra J, conforme Cereja (2013):
 ■ Usa-se nas palavras de origem árabe, afri-
cana e indígena como: pajé, jiboia, biju.
 ■ Em palavras derivadas de outras que já 
possuem J em seu radical: laranjeira (deri-
vado da palavra laranja), sujeira. (derivado 
da palavra sujo).
Uso da letra G:
 ■ Usa-se nas terminações: ágio, égio, ígio, ógio, 
úgio, como em: prestígio, refúgio.
 ■ Nas terminações: agem, igem, ugem, como 
em: garagem, ferrugem.
 ■ Atenção! Exceções como pajem e 
lambujem.
EMPREGO DE X OU CH
Uso da letra X:
De acordo com os estudos de CEREJA (2013), usa-se:
Questões Notacionais da Língua
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 ■ Normalmente, depois de ditongo: como em: caixa, peixe, trouxa.
Exceções! Caucho, recauchutar, recauchutagem.
 ■ Depois de me em iniciais de palavras como: mexer, mexilhão, enxaqueca.
 ■ Exceções! Mecha e derivados.
Observe que, no texto 1, há um uso inadequado da palavra “mexer” que não se 
aplica a regra que acabamos de estudar.
Texto 1
Fonte: Só Português (online).
 ■ Depois de en, nas iniciais de palavras como: enxurrada, enxaqueca.
Exceções! Encher, encharcar, enchumaçar e derivados.
Caso você consulte o dicionário e ainda fique com dúvidas quanto à gra-
fia de determinada palavra. Você pode consultar o vocabulário ortográfico 
da língua portuguesa (VOLP), elaborado pela Academia Brasileira de Le-
tras pela internet. O VOLP encontra-se no endereço disponível em: <http://
www.academia.org.br/>.
Fonte: a autora.
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
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IIIU N I D A D E100
USO DO S OU Z
Conforme Cereja (2013), deve-se usar o s: 
 ■ Nos sufixos: ês, esa, e isa, usados na formação de palavras que indicam 
nacionalidade, profissão, estado social, títulos honoríficos. A saber: chi-
nês, chinesa, burguês, burguesa, poetisa.
 ■ Nos sufixos oso e osa que têm a noção de “cheio de”, normalmente, esses 
sufixos são usados na formação de adjetivos como: delicioso, generoso, 
gelatinosa.
Ainda segundo Cereja (2013), usa-se a letra z:
 ■ Nos sufixos ez, eza que são, geralmente, usados para formar substanti-
vos abstratos derivados de adjetivos como: rigidez (rígido), riqueza (rico).
 ■ Quando um verbo é formado a partir da soma de um nome (substantivo/
adjetivo) + sufixo izar, como em: animal + izar = animalizar.
O uso de ç, s e ss, também, provocam muitas dúvidas. Vejamos um exemplo de 
inadequação quanto à grafia da palavra “ALMOÇAR”.
Texto 11
Pelo exemplo do texto 11, certa-
mente, o falante possui uma baixa 
escolaridade e fez o emprego de (ss) 
em vez de (ç) com base no som des-
ses vocábulos que são iguais. Agora, 
vamos às regras para que você 
possa compreender a forma ade-
quada quanto ao uso dessas letras.
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O USO DO Ç:
 ■ Usa-se Ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em to, como 
em: intento > intenção, canto >canção, exceto > exceção.
 ■ Usa-se Ç em palavras derivadas do verbo ter na terminação como: deten-
ção (deter), obtenção (obter).
 ■ Usa-se Ç após ditongo quando houver som de s como: eleição, traição.
 ■ Usa-se Ç em verbos terminados em (çar), cujo substantivo equivalente 
seja terminado em (ce) ou em (ço)
Observe este exemplo:
Texto 12
Fonte: Só Português (online).
O texto 12 chama a nossa atenção para o fato de que escrever uma palavra de 
forma inadequada pode, por exemplo, impactar na demanda de clientes do salão 
“Espaço de beleza”, haja vista que o uso da palavra “Espasso” nesse contexto não 
corresponde nem à regra de uso de Ç nem do ss que nos ocuparemos a seguir. 
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E102
USO DO (SS) 
Escrevemos com (ss) os substantivos derivados de verbos terminados em: gre-
dir (agredir> agressão), meter (comprometer> compromisso), mitir (omitir> 
omissão), ceder (exceder> excesso), cutir (discutir> discussão). 
USO DO (S)
Escrevemos com (s) as palavras derivadas de verbos que têm em seu radical ND 
como: pretensão (pretender), RT: inversão (inverter), RG: aspersão (aspergir), 
PEL: expulsão (expelir). 
A FIM DE/AFIM DE
 ■ A fim de: usa-se para indicar uma finalidade, um propósito/intenção 
do falante. 
Observe uma inadequação quanto ao uso dessa locução prepositiva3 no Texto 1
Fonte: Mulher 30 (online).
3 Conjunto de duas ou mais palavras que em o valor de uma. Exemplo: Apesar de, em vez de, ao invés de, 
junto com, graças a, a respeito de, entre outras.
Questões Notacionais da Língua
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Conforme a fala da personagem dessa tirinha, “Ricardo” não tem mais a inten-
ção/a vontade (uso informal) de ficar com alguém. No contexto do texto 1, o 
recomendável seria: “Ele não está a fim de você”. Da forma que foi usado, “afim 
de” indica que “Ricardo não está mais afinidade com...”, a rigor, essa constru-
ção seria incoerente, contudo, como os falantes tomam estas expressões: “a fim 
de” e ”afim de” como sinônimas, a comunicação foi estabelecida. Vamos, agora, 
a definição de afim de.
 ■ Afim de pode funcionar como adjetivo, nesse caso, assume o valor de 
semelhante, parecido, próximo. Se dentro de um contexto, a construção 
afim de for um substantivo assume o valor de afinidade, aliados, adepto.
Para um melhor entendimento sobre essa construção, leiamos este enunciado:
ESTÁGIO EM RH
Empresa: não informado
Área de atuação: administrativo/escritório
Atividades:
Rotinas administrativas.
Auxílio em recrutamento e seleção.
Atendimento ao público.
Informações:
Necessário estar cursando Administração; Ciências Contábeis, Gestão de Recur-
sos Humanos ou áreas afins.
Escolaridade: Ensino Superior
Data: 31/08/2015
E-mail: rh@empregos.com.br. 
Imprimir vaga de emprego 
Quadro 1: Exemplo de uso de “afins”
Fonte: adaptado de Maringá.com. 
Esse exemplo mostraum uso adequado de “afim”, uma vez que, nesse contexto, 
essa palavra tem a função de adjetivo e equivale a “áreas próximas”, “semelhantes”. 
Agora, observe no texto 13, a construção “afim de” com valor de substantivo:
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
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IIIU N I D A D E104
Texto 13
AO INVÉS DE OU EM VEZ DE?
Conforme Cereja (2013), ao invés de equivale ao contrário de. Isto é, é recomen-
dável o uso dessa expressão quando em um contexto ela indicar ideias contrárias, 
opostas. Vejamos um exemplo:
Ao invés de equivale ao contrário de. Isto é, é recomendável o uso dessa 
expressão quando em um contexto ela indicar ideias contrárias, opostas 
Exemplo: Ao invés de criticar, incetive!
Em vez de emprega-se quando no seu contexto de uso indicar substituição, 
em lugarde., isto é, emprega-se essa construção para indicar ações diferentes 
conforme o exemplo que segue:
Exemplo: Em vez de ir ao cinema, foi ao teatro.
HÁ / A - Segundo Cereja (2013), deve-se usar há:
 ■ Com referência a tempo passado:
 ■ Quando faz referência ao verbo haver: 
Há mensagens interessantes nas canções da Trupe O Teatro Mágico.
 ■ Com referência a tempo futuro:
“A dois minutos da peça, o autor ainda retocava a maquiagem” (CEREJA, 2013 p.70).
 ■ Com referência a distância:
“As receitas de A Nova Culinária Vegana conseguem a façanha de reunir todo 
mundo - desde os afins de churrasco e até os vegetarianos mais estritos - ao 
redor da mesma mesa para desfrutar de refeições apetitosas e inspiradoras, in-
teiramente à base de vegetais [...]” 
Fonte: adaptado de Apcius (online).
[...] “Sabem que a paz é um outro nome da própria vida. Vivemos desde há me-
ses sob a permanente ameaça do regresso à guerra. [...]
Discurso proferido por Mia Couto ao receber o título doutor “honoris causa”, 
pela universidade politécnica de Maputo.
Fonte: Couto (online).
Questões Notacionais da Língua
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“Morava a cinco quadras daqui” (CEREJA, 2013 p.70).
MAS OU MAIS? 
Segundo Bechara (2006), mas trata-se a uma conjunção adversativa que aponta 
uma oposição entre duas ideias expressas. Observe este exemplo:
“Acabou-se o tempo das ressureições, mas continua o das insurreições” 
(BECHARA, 2006, p. 321).
Conforme Cereja (2013), mais indica quantidade; é o contrário de menos.
“Gostaria de ficar mais com você, mas não posso” (CEREJA, 2013, p.71).
Emprego de Por que, por quê, porque e porquê
A seguir, trataremos do emprego do vocábulo PORQUE, a fim de que você, 
aluno(a), se mostre sensível ao grau de formalismo da língua necessário a cada 
situação de comunicação. A seguir, você terá a oportunidade de revisar as regras 
de uso de POR QUE, POR QUÊ, PORQUE e POR QUÊ.
POR QUE
 ■ Usado no início de frases interrogativas e indiretas. É possível encontrar 
usos desse emprego do POR QUE equivalentes a pelo qual, por qual, por 
que motivo.
Observe que, no texto 14, há o emprego do por que no início de uma oração 
interrogativa direta.
Texto 14
Fonte: Mulher 30 (online).
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
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IIIU N I D A D E106
Agora, vejamos um emprego do por que com valor de: por qual motivo, por 
qual razão.
Texto 15
POR QUÊ
 ■ Emprega-se POR QUÊ em final de frases interrogativas ou antes de uma 
pausa forte. A ideia de motivo está implícita em textos com o uso desse 
POR QUÊ. 
Vamos ao exemplo do uso desse POR QUÊ do texto 16.
Texto 16
PORQUE
 ■ Emprega-se o PORQUE quando a expressão equivale a uma vez que, já 
que, haja vista que, pois. Isso significa que o PORQUE pode ser uma con-
junção causal, explicativa ou de finalidade. 
Para ilustrar o uso desse vocábulo, atente-se ao exemplo no texto 17.
“Se a virtude pode ser ensinada, como creio, é mais pelo exemplo do que pelos 
livros. Então, por que um tratado das virtudes? Para isso, talvez: tentar compre-
ender o que deveríamos fazer, ou ser, ou viver, e medir como isso, pelo menos 
intelectualmente, o caminho que daí nos separa. Tarefa modesta, tarefa insufi-
ciente, mas necessária. ”[...]
 (Grifo da autora) Trecho extraído do livro Pequeno Tratado das Grandes Virtu-
des, André Comte-Sponville, 2009, p. 7).
[...] Exatamente quando eu não queria
eu conheci você
eu não sei por quê [...] 
Não sei por quê - Capital Inicial (Grifo da autora)
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Texto 17
Observe, caro(a) aluno(a), que o porque em destaque no texto tem um valor 
equivalente a: “ama, uma vez que ama. ” Ou, ainda, “ama, já que ama. ”
PORQUÊ
 ■ Emprega-se o PORQUÊ em situações que em que ele for substantivado, 
isto é, quando o PORQUÊ assumir um valor de substantivo em situações 
que será sinônimo de motivo, razão.
Para exemplificarmos o uso dessa palavra, usaremos, novamente, o trecho do 
livro de Rubem Alves.
Texto 18
O amor não tem porquês
“Jesus pinta um rosto de deus que a sabedoria não pode entender. Ele não faz 
contabilidade. Não soma nem virtudes nem pecados. Assim é o amor. Não tem 
porquês. Sem-razões. Ama porque ama. Não faz contabilidade nem do mal 
nem do bem.”
Rubem Alves, do livro O Deus que conheço (grifo da autora). Disponível em: 
<https://laionmonteiro.wordpress.com/2010/06/25/o-amor-nao-tem-por-
ques/>. Acesso em: 24 nov. 2015.
O amor não tem porquês
“Jesus pinta um rosto de deus que a sabedoria não pode entender. Ele não faz 
contabilidade. Não soma nem virtudes nem pecados. Assim é o amor. Não tem 
porquês. ”[...]
Rubem Alves, do livro o Deus que conheço (grifo da autora). Disponível em: 
<https://laionmonteiro.wordpress.com/2010/06/25/o-amor-nao-tem-por-
ques/>. Acesso em: 24 nov. 2015.
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
Reprodução proibida. A
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IIIU N I D A D E108
Como podemos observar, aluno(a), as ocorrências dos vocábulos em destaque 
funcionam como substantivos nesse contexto, uma vez que o uso dessas pala-
vras é sinônimo de razão, motivo, conforme explica a formalidade linguística. 
Caro(a) acadêmico(a), até aqui, preocupamo-nos em mostrar a você a impor-
tância de uma escrita adequada para que as pessoas tenham mais êxito em suas 
práticas sociais. No tópico que segue, também, objetivamos mostrar a impor-
tância de outra questão da linguagem, a ACENTUAÇÃO.
ACENTUAÇÃO
Para iniciarmos o nosso estudo sobre a importância da acentuação, vamos refle-
tir sobre este enunciado.
QUEM BEBE E DIRIGE PODE MATAR OU MORRER.4
Agora, aluno(a), imagine se o produtor desse enunciado não fosse tão sen-
sível ao formalismo linguístico e tivesse usado o acento circunflexo no verbo 
“bebe”, nesse caso, teríamos o substantivo “bebê”, e, consequentemente, um con-
texto incoerente, pois nos permitiria a seguinte paráfrase: QUEM BEBÊ PODE 
MATAR OU MORRER. 
Diante disso, em se tratando de conhecimentos gramaticais, um dos tópi-
cos que merece atenção é a acentuação gráfica, afinal, ter conhecimentos sobre 
as regras de acentuação, nesse enunciado, por exemplo, funcionou como um 
sinalizador a mais a ser considerado na produção de sentido, tal como podemos 
verificar pelo enunciado que se trata de uma campanha lançada pelo Denatram 
de conscientização direcionada a todos os segmentos da sociedade, em que as 
pessoas são orientadas a não dirigir depois de consumir bebida alcoólica. Agora,vejamos algumas regras de acentuação.
Regras de acentuação gráfica segundo Bechara(2008):
4 Disponível em: <http://euqueroajudarcuritiba.files.wordpress.com/2012/09/direc3a7c3a3o-e-bebida.jpg>. 
Acesso em: 15 nov. 2015.
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 ■ Levam acento agudo ou circunflexo os monossílabos tônicos termina-
dos em: a (s), e (s), o (s).
Exemplos: lá, pás, fé, lê, pé, pés, mó, só, sós.
 ■ Levam acento agudo ou circunflexo os oxítonos terminados em: a (s), 
e(s), o(s), em, ens.
Exemplos: Macapá, Carajás, café, você, cipó, avô, também, parabéns.
 ■ Levam acento agudo ou circunflexo os paroxítonos terminados em: r, i(s), 
n, l, us, x, ps, ã(s), ão(s) e em ditongo.
Exemplos: caráter, táxi, táxis, lápis, tênis, pólen, éden, hífen, vírus, tórax, ônix, 
fênix, bíceps, órfã, irmã, órfãs, irmãs, órgão, órgãos.
 ■ Levam acento agudo ou circunflexo todos os proparoxítonos:
Exemplos: lâmpada, cômodo, levíssimo.
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
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IIIU N I D A D E110
CASOS ESPECIAIS
 ■ Levam acento os ditongos abertos: éi, ói e éu.
Exemplos: anéis, dói, céu.
Quadro 2 – Acentuação de ditongos abertos 
Fonte: a autora.
 ■ Levam acento as vogais i e u tônicas dos hiatos, seguidas ou com s nos 
vocábulos oxítonos e paroxítonos:
Exemplos: aí, pais, baú, gaúcho, sanduíche.
Quadro 3 – Acentuação de hiatos 
Fonte: a autora.
O que são monossílabos tônicos e monossílabos átonos?
Chamam-se monossílabos tônicos as palavras de uma sílaba que têm inten-
sidade sonora forte. Os monossílabos átonos, por terem intensidade sonora 
fraca, acabam por apoiarem-se em outras palavras tônicas. Além do aspecto 
fonético, diferenciam-se também, pelo significado: os monossílabos tônicos 
têm significação própria, enquanto os monossílabos átonos só assumem 
significado quando estabelecem relação entre outras palavras.
Os monossílabos que pertencem às classes dos substantivos, adjetivos, ad-
vérbios, além de alguns pronomes, etc., são tônicos. Por exemplo: flor, má, 
dá, três.
São monossílabos átonos as preposições, as conjunções, os artigos e alguns 
pronomes oblíquos como, me, nos, lhe, mas, de, o. 
Fonte: Cereja (2013). 
De acordo com a reforma ortográfica, não se acentuam os ditongos abertos 
em ei e oi, dos vocábulos paroxítonos como: ideia, estreia, heroico, asteroide.
Após a reforma ortográfica, não se acentuam mais o I e o U tônicos dos hiatos 
nos vocábulos paroxítonos precedidos de ditongos: Feiura, baiuca.
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 ■ Não se acentua mais os hiatos oo, ee:
Exemplo: enjoo, voo, coo, deem, veem, releem.
EMPREGO DO ACENTO DIFERENCIAL
 ■ Usa-se o acento circunflexo na 3ª pessoa do singular do verbo poder no 
pretérito perfeito do indicativo, para diferenciá-lo da forma verbal desse 
verbo no presente.
Exemplo de pôde: 
O escritor holandês Thierry Baudet não pôde contestar o discurso da escri-
tora senegalesa, Fatou Diome, no debate sobre imigração e racismo em que o tema 
era: Acolher ou não a miséria do mundo?”.
Fonte: a autora
Exemplo de pode:
O programa completo com a participação de Fatou Diome pode ser visto 
em francês no canal do youtube do programa “Ce soir “[...] 
Fonte: Blogueiras feministas (online, grifo da autora). 
Para que serve a acentuação?
A acentuação serve para auxiliar a representação escrita da linguagem.
Quando ouvimos, distinguimos com facilidade uma sílaba tônica de uma 
sílaba átona. Quando lemos, entretanto, isso não é tão fácil, o que pode di-
ficultar a leitura. Assim, os sinais de acentuação cumprem o papel de dis-
tinguir, na escrita, palavras de grafia idêntica, mas de tonicidade diferente, 
como secretária/secretaria, baba/babá, mágoa/magoa, público/publico, etc. 
Fonte: Cereja (2013, p. 87). 
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
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IIIU N I D A D E112
Quadro 9: Acento diferencial 
Fonte: a autora.
VEM OU VÊM? TEM OU TÊM? INTERVEM OU INTERVÊM?
a. Os verbos vir e ter na 3ª pessoa do plural do modo indicativo recebem o 
acento circunflexo para diferenciá-los da 3ª pessoa do singular. Observe 
estes exemplos:
b. O acadêmico vem ao polo de apoio presencial, também, para realizar ati-
vidades avaliativas (verbo vir na 3ª pessoa do singular).
c. Os estudantes vêm ao polo de apoio presencia, também, para realizarem 
atividades avaliativas (verbo vir na 3ª pessoa do plural).
d. O acadêmico dos cursos EAD tem a opção de assistir aulas ao vivo, pela 
internet, sob demanda ou, ainda, em seu polo de apoio presencial (verbo 
ter na 3ª pessoa do singular).
e. Os acadêmicos dos cursos EAD têm a opção de assistir aulas ao vivo, pela 
internet, sob demanda ou, ainda, em seu polo de apoio presencial (verbo 
ters na 3ª pessoa do plural).
Os verbos derivados de ter e vir, como deter, manter, reter, intervir, convir, etc., 
seguem a regra dos vocábulos oxítonos, contudo deve-se usar o acento circun-
flexo na 3ª pessoa do plural.
a. O professor mediador intervém, sempre que necessário, nos fóruns digi-
tais, a fim de orientar os estudantes na elaboração de seus enunciados. 
(Terminação em).
b. Os professores mediadores intervêm, sempre que necessário, nos fóruns 
digitais, a fim de orientar os estudantes na elaboração de seus enuncia-
dos. (Acento diferencial para marcação de plural).
De acordo com a reforma ortográfica não se usa mais acento nos pares: pára/
para, péla(s), pela(s); pêlo(s), pelo(s); pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. A diferença de 
sentido se dará pelo contexto de uso desses vocábulos.
Semântica 
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c. “A mulher inteligente se mantém focada naquilo que realmente importa. 
” - Enunciado adaptado do livro O segredo das mulheres inteligentes. - 
(Terminação em).
d. “As mulheres inteligentes se mantêm focadas naquilo que realmente importa.” 
Enunciado extraído do livro O segredo das mulheres inteligentes. (Acento 
diferencial para marcação de plural).
Quadro 10 – Trema 
Fonte: a autora.
Até aqui, destacamos que a importância de se ter um conhecimento sobre o for-
malismo linguístico no plano da escrita é um mecanismo a mais que funciona de 
forma favorável à produção de sentidos em situações comunicativas. No tópico 
que segue, continuaremos a nos ocupar da importância do formalismo linguístico, 
mas não apenas no campo da escrita, como também no campo da SEMÂNTICA. 
SEMÂNTICA 
A Semântica ocupa-se dos estudos da significação5 dos signos linguísticos e das 
suas combinações. Como lembra Borba (2003, p. 225),
Se se entender, de um modo bem amplo, a significação ou sentido como 
possibilidade de interpretação, facilmente se perceberá que toda ativi-
dade social é produtora de significações, uma vez que a todo momento 
estamos sendo chamados a interpretar (entender, avaliar, reagir) às mais 
diversas situações da vida comunitária. A significação é veiculada por 
signos e, portanto, a vida social está impregnada deles. Sabendo-se que 
os signos só são significativos porque fazem parte de conjuntos organi-
zados, então a atividade social produz sistemas de signos para veicular 
os sistemas de significações em geral, e bem assim, os sistemas de signos.5 Para esta disciplina, tomamos os vocábulos significado e significação como sinônimos.
De acordo com a reforma ortográfica, não se usa mais o trema na língua portu-
guesa. Dessa forma, as palavras a seguir, assim, se grafam: frequente, cinquen-
ta, tranquilo, entre outras.
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
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IIIU N I D A D E114
Nas palavras de Borba, a semântica está, portanto, associada ao significado, 
ao sentido e à interpretação de palavras, expressões ou símbolos, uma vez que 
todos os meios de expressão incluem uma correspondência entre as expressões 
e determinadas situações ou coisas, seja do mundo material ou abstrato. Isso 
significa que o mundo que nos cerca e os pensamentos podem ser descritos por 
meio das expressões analisadas pelo viés da Semântica.
Conforme a situação de comunicação e as intenções dos usuários das lín-
guas as palavras e expressões ganham significados diferentes daqueles que estão 
no dicionário. Assim, quando a linguagem é empregada no seu sentido literal 
(como está no dicionário), a linguagem é Denotativa. Quando diferente do sen-
tido apresentado pelo dicionário é denominada Conotativa. Observe o exemplo 
que segue.
Texto 20
Como se observa no texto 20, há duas possibilidades de interpretação desse 
enunciado, no primeiro, se tomarmos o sentido individual de cada palavra nesse 
contexto, teríamos conforme o dicionário Mini Aurélio (2010):
1. Tomar: verbo que pode ser: pegar, segurar, ingerir, entre outros.
2. Chá: infusão feita com quaisquer folhas.
3. De: preposição que exprime a relação entre as palavras.
4. Cadeira: assento (1) com costas, para uma pessoa. 2. Disciplina ou maté-
ria de um curso.
Pela definição de cada palavra pelo dicionário, temos o sentido usual, próprio, 
sem abrir margem para outras significações. 
Em outro contexto de uso na combinação dessas palavras, teríamos uma 
significação em sentido conotativo, isto é, figurado, diferente do apresentado 
pelo dicionário. Assim, no contexto em que as palavras chá de cadeira foram 
Em uma consulta de rotina ao médico, tomei um chá de cadeira.
Fonte: a autora.
Sinonímia e Antonímia
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empregadas, temos a noção de alguém que passa por uma situação de espera 
prolongada. Dessa forma, estamos diante do comportamento linguístico que 
carrega uma carga semântica com possibilidades de mudanças de significados 
conforme o contexto de uso da linguagem.
É essa possibilidade de mudança que os vocábulos assumem em determina-
das situações de uso que interessa a Semântica, que se ocupa dos aspectos como: 
Sinonímia e Antonímia, campo lexical e Hiponímia, Paronímia e Polissemia, no 
campo semântico. 
Como ponto de partida para o estudo da Semântica, por ora, estudaremos 
a SINONÍMIA e ANTONÍMIA.
SINONÍMIA E ANTONÍMIA
Quando duas ou mais palavras apresentam significados próximo denomina-se 
SINONÍMIA. São exemplos: branco, claro, admirado, espantado, entre outras. 
Segundo Koch (2009), a Sinonímia funciona como um recurso coesivo a que 
essa autora denomina de coesão remissiva, uma vez que esse recurso pode pro-
mover a reativação de referentes em um enunciado/texto. 
A coesão por remissão pode, no meu entender, desempenhar quer a 
função de (re)ativação de referentes, quer a de “sinalização” textual. A 
reativação de referentes no texto é realizada por meio da referenciarão 
anafórica, formando-se, deste modo, cadeias coesivas mais ou menos 
longas (KOCH, 2009, p. 46).
Conforme essa exposição de Koch (2009), a Sinonímia é um mecanismo que 
funciona como elemento de coesão textual, haja vista que uma variedade de pala-
vras sinônimas em um enunciado é de grande utilidade para retomar elementos 
linguísticos que inter-relacionam as porções de texto. Veja o exemplo que segue:
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
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IIIU N I D A D E116
Texto 21
Observe caro(a) aluno(a) que as palavras destacadas no texto 21 têm a função de 
inter-relacionarem as porções textuais desse enunciado, como em “o menino” e 
“o garoto”, e são vocábulos que se referem ao mesmo ser, Aylan, pois são empre-
gados nesse contexto linguístico com o mesmo peso semântico. 
Passemos, agora, a tratar da ANTONÍMIA. A esse respeito Borba (2002) 
explica que há uma relação inversa entre os significados das palavras, isto é, 
quando duas ou mais palavras apresentam significados contrários, denomina-se 
ANTONÍMIA, como em: bem/mal, forte/fraco. Para um melhor entendimento 
sobre essa propriedade da Semântica, vamos ao texto 22.
Texto 22
No texto 22, chama-nos a atenção a oposição significativa entre as palavras, no 
qual se dá, ao mesmo tempo, uma negação entre os sentidos expressos pelos 
nomes e sua afirmação, ora, sabemos que o sabor do limão não é doce, tampouco 
que a tranquilidade não se estabelece em meio a um furacão. Nesse sentido, os 
valores expressos pelas palavras no texto 22 apresentam um grau de Antonímia.
me sentindo
doce
tranquila
como limão e
como furacão
“Na última quarta-feira (2), o mundo ficou chocado com a imagem de Aylan 
Kurdi, o menino refugiado sírio de três anos, que foi encontrado morto em 
uma praia turca. O garoto havia escapado das atrocidades do “Estado Islâmico” 
na Síria”. (Grifos da autora)1
1 Disponível em: <http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/09/a-historia-de-aylan-kurdi-o-
menino-da-foto-que-fez-o-mundo-chorar.html>. Acesso em: 1 set. 2015.
Hiponímia e Hiperonímia
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HIPONÍMIA E HIPERONÍMIA
No campo lexical, de acordo com o grau de abrangência ou especificidade que 
desempenham nos contextos em que são empregadas, as palavras são denomi-
nadas de Hiperonímias ou Hiponímias.
Palavras que possuem maior abrangência lexical denominam-se Hiperonímias, 
por exemplo, o nome flores nos remete a palavras como: margaridas, tulipas, rosas, 
cravos, camélias entre outras. 
Para um melhor entendimento sobre esse conceito, imagine que um estudante 
busque, em um dicionário, o significado da palavra democracia: Grego demokra-
tía, Governo do povo; soberania popular. Doutrina ou regime político baseado nos 
princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder (AURÉLIO, 
2010, p.224), isto é, Governo em que o povo exerce a soberania. A partir da pes-
quisa sobre o significado desse vocábulo, o estudante passa a apresentar uma 
sequência ininterruptas de risos, causando estranheza nas pessoas que o rodeia.
Esta situação traz um bom exemplo do conceito de Hiperonímia, pois a pala-
vra “democracia” pesquisada pelo estudante tem um sentido latu que nos remete 
a palavras como povo, governo, igualdade de direitos, justiça, liberdade. E eis, 
aqui, o efeito de sentido provocado pelo grau de Hiperonímia desse contexto, 
uma vez que sentimos, na prática, o valor semântico que a palavra “democracia” 
nos faz pensar na atualidade. Isso explica a reação do estudante após consultar 
o significado da palavra “democracia”.
O conceito de Hiponímia refere-se àquelas palavras que possuem um sen-
tido mais strictu, mais específico, isto é, o grau de abrangência lexical é menor, 
fechado. Veja o exemplo no texto 23.
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E118
Texto 23
Fonte: Unicesumar (online).
O exemplodo texto 23 chama-nos a atenção para o uso strictu (estreito, especi-
fico) das palavras: Gestão Ambiental, Geografia e Pedagogia que, nesse enunciado, 
são hipônimas do vocábulo aulas.
Diante disso, destacamos a importância do conhecimento desses recursos 
semânticos no campo lexical para enriquecer e possibilitar o processo de atri-
buição se sentidos aos textos. 
Passaremos, agora, aos estudos sobre a POLISSEMIA.
Polissemia
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POLISSEMIA
Quando uma mesma palavra tem a propriedade de apresentar vários sentidos 
em um uma situação de comunicação, denomina-se POLISSEMIA. Por exem-
plo, casa pode significar moradia ou o orifício que serve para passar o botão de 
uma peça de roupa.
No caso da polissemia, será pelo contexto de uso em que as palavras são 
empregadas que o significado mais adequado à situação comunicativa será apre-
endido. Observe o exemplo dos textos que seguem.
Texto 24
Rede Social 
Fonte: Unicesumar (online).
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E120
Texto 25
Rede de balanço/descanso
Observe, aluno(a), que o sentido da palavra “rede” no contexto do texto 24 nos 
remete às redes de relacionamentos imprescindíveis à comunicação/ interação. 
Já o contexto do texto 25 nos remete à ideia de rede de balanço ou, ainda, para 
dormir em substituição à cama. Assim, pode-se evidenciar que há um grau de 
Polissemia entre os textos 24 e 25, pois eles trabalham com a variedade de sen-
tidos da palavra “rede”.
No tópico que segue, nós nos ocuparemos do estudo da AMBIGUIDADE 
NA CONTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS.
AMBIGUIDADE NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS
Ao considerar uma concepção de linguagem como atividade interativa, social, 
entendemos que a linguagem não pode ser fixa, pois ela não é um produto 
homogêneo, abstrato. Nesse sentido, podemos apreender que uma mesma forma 
linguística pode assumir várias significações conforme os contextos em que são 
empregadas. A respeito da ambiguidade Borba (2002), assim se expressa:
Ambiguidade na Construção dos Enunciados
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[...] o fenômeno da ambiguidade que tanto pode resultar do emprego 
de certas palavras de sentido duplo ou triplo [...] são típicas da fala e 
só existem para o ouvinte, já que o falante sempre sabe qual é a signifi-
cação que está usando. É, portanto, uma questão de interpretação, por 
isso, decodificar um valor ou outro depende muito do contexto e da 
situação. (BORBA, p. 233)
Pela exposição de Borba, podemos entender que a ambiguidade é um elemento 
Semântico que está orientado paro o discurso do outro que pode funcionar ora 
como um recurso expressivo, a fim de atingir determinados fins comunicativos, 
ora ela pode revelar um problema de clareza e precisão na combinação entre as 
palavras. Vamos ao exemplo do texto 26 para um melhor entendimento sobre 
esse aspecto da Semântica.
Texto 26
O texto 26 chama-nos atenção pela possibilidade de interpretações que as expres-
sões desse enunciado nos remetem e como essa possibilidade de interpretações 
está relacionada a fatores linguísticos e extralinguísticos. Dessa forma, a análise 
aqui empreendida pauta-se em critérios de plausibilidade.
 A primeira seria a de um amor que dure eternamente, seguido de uma 
construção que funciona como um eco do amor eterno expresso pela primeira 
expressão. Na sequência, esse texto atribuído ao cantor e compositor, Raul Seixas, 
pode fazer referência à relação do Maluco Beleza com os tóxicos.
E, por fim, não há como constarmos de forma precisa o que, de fato, o com-
positor quis significar com as possibilidades de usos da expressão “eternamente”, 
uma vez que o fenômeno da ambiguidade tem como caráter irradiar várias dire-
ções de significados, contudo, pelo texto 26, podemos entender que a ambiguidade 
se revelou como um recurso expressivo. 
Além desse, encontramos esse recurso Semântico em textos poéticos, publi-
citários e humorísticos, a fim de atingirem propósitos comunicativos. Diferente 
do uso da ambiguidade como recurso expressivo, vejamos, a seguir, exemplos 
da ambiguidade com problema de construção.
“Amar eternamente, eterna mente, é ter na mente, éter na mente, eternamente.” 
(Raul Seixas)
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E122
Texto 27
Na tentativa de angariar clientes 
para a loja, certamente o produ-
tor desse anúncio não imaginou 
que poderia provocar possibili-
dades de sentidos com o que está 
expresso no cartaz. 
Ora, se há a informação que 
qualquer peça custa R$20,00 
(vinte reais) e o mesmo enunciado informa que existe uma exceção, torna essa 
informação ambígua, uma vez que, se existe a exceção, o produtor do anúncio 
não poderia “falar” em “qualquer peça”. 
Assim, entendemos que essa ambiguidade poderia levar o consumidor a 
pensar em adquirir um produto da loja, desse contexto, de maior valor por ape-
nas 20,00 (vinte reais) ou, ainda, “espantar” um possível cliente, haja vista que a 
construção do enunciado não é clara, nem precisa, o que poderia deixar o cliente 
em dúvida quanto ao teor do anúncio. Diante disso, temos, aqui, um caso de 
mau uso da Ambiguidade.
Texto 28
De igual maneira, o anúncio representado 
pelo texto 28, chama-nos a atenção pelo 
mau uso da Ambiguidade, uma vez que, 
possivelmente, o consumidor ficaria em 
dúvida quanto à possibilidade de ação da 
direção desse açougue, pois o emprego do 
pronome “sua” poderia levar o cliente a 
acreditar que a equipe do açougue tem o 
hábito de cortar partes do corpo das pes-
soas que dão preferência em comprar no 
estabelecimento desse contexto, além de 
cortar a carne que o cliente compra.
QUALQUER
PEÇA
QUALQUER
PEÇA 20,00
R$
Exceto 
algumas peças
SUA CARNE NA 
CORTAMOS HORAHORA
Ambiguidade na Construção dos Enunciados
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Chegamos ao final desta unidade! Por ora, nos ocupamos das possibilidades de 
sentidos que o campo da Semântica pode possibilitar por meio da linguagem. 
Dessa forma, destacamos a importância do uso adequado das palavras, uma vez 
que, diferentemente da expressão oral que se apoia em expressões faciais, cor-
porais, a escrita conta, apenas, com os recursos expressivos das palavras para 
tornar a atividade verbal mais precisa, clara, coerente, efetiva.
No texto, abaixo, o professor Cereja traz uma leitura interessante sobre as 
possibilidades de usos da palavra “coisa”. Ao finalizar seu texto, o professor 
nos alertar sobre o uso dela, pois, segundo ele, o uso dessa palavra pode 
revelar uma limitação do vocabulário. Vamos ao texto!
Palavras “multiuso”
Você é capaz de calcular quantas vezes já usou a palavra coisa? E suas deri-
vadas – coisinha, coiso, coisar, coisado? Eis aí uma coisa difícil de calcular. A 
palavra coisa apresenta tantos significados, que acaba servindo para quase 
todas as situações do cotidiano. Ela está nas conversas do dia a dia, na li-
teratura, nas letras de música, nos títulos de livros, no discurso político, na 
televisão. O Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa registra de-
zenove significados para essa palavra. De todos, o mais geral é “tudo quantoexiste ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea”. 
Fonte: adaptado de Cereja (2013, p. 382).
A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA
Reprodução proibida. A
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IIIU N I D A D E124
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim de mais uma unidade. O percurso, até aqui, teve como objetivo 
apresentar estudos sobre o formalismo linguístico da escrita, para proporcionar 
a você a compreensão e reflexão sobre a importância da Ortografia em nossas 
atividades sociais.
De igual maneira, objetivamos, a partir dos estudos sobre as questões nota-
cionais da língua, trazer-lhe não apenas informações, mas, também, trazer-lhe 
conhecimento sobre os conceitos que medeiam os usos adequados dos vocá-
bulos e, para isso, tentamos fazer uma interface entre a teoria e a prática, isto é, 
tentamos aliar a teoria sobre o emprego dos vocábulos na construção dos enun-
ciados em algumas situações de prática social.
Nesta unidade III, objetivamos, ainda, oferecer a você, acadêmico, um estudo 
sobre as regras ortográficas, a fim de possibilitar-lhe uma melhor compreensão, 
reflexão e uso dessa formalidade linguística de uma maneira adequada e precisa.
Nesta unidade, objetivamos evidenciar, a partir do estudo sobre as regras 
de acentuação a relevância desse recurso da linguagem no plano da escrita, que 
pode funcionar como um recurso favorável na construção de sentidos em nos-
sas práticas sociais.
E, por fim, preocupamo-nos em apresentar, de forma introdutória, estudos 
sobre o plano Semântico. Para tanto, intentamos oferecer-lhe, conceitos alia-
dos à exposição de situações práticas referentes aos aspectos que a Semântica se 
ocupa como os sentidos Denotativos e Figurados que os vocábulos podem assu-
mir conforme os contextos em que são empregados.
Assim, esperamos que a exposição desses conceitos aqui arrolados sirva-lhe 
como ponto de partida para a busca de mais teorias sobre o fenômeno que é a 
nossa língua (gem), seja no plano da expressão oral ou, escrita.
125 
1. As palavras a seguir são de origem árabe, tupi ou africana. Assim reescre-
va-as com J ou g.
Alfor_e can_ica _enipapo _iboia
Pa_é bi_u acara_é _irau
Fonte: adaptado de Cereja (2013).
2. Use x ou ch na atividade que segue:
en__ergar fle__a pi__e
en__oval bre__a _ch_ch_u
en__ente co__a pu_ar
ta__a (valor) col__a ca__umba
ta__a (prego) __ingar en__erido
Fonte: adaptado de Ferreira (1992).
3. Leia este enunciado e, em seguida, analise-o e explique-o quanto ao grau de 
Ambiguidade.
Família muda. Vende tudo!
Fonte: a autora.
A CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS NO ENUNCIADO
Neste livro, especificamente nesta unidade, conferimos realce ao estudo da construção 
dos sentidos no enunciado, a fim de mostra-lhe a importância desse fator em nossas 
práticas sociais. É sobre isso que me ocuparei neste espaço.
A linguista Ingedore Grunfeld Villaça Koch (2009) explica que a construção de sentidos 
em um determinado enunciado só é possível se consideramos a natureza sociointera-
cional da língua (gem). Isso significa que a construção de sentidos no enunciado reali-
za-se com base na coerência global de um texto. E construir essa coerência depende de 
uma rede de fatores, como a situação de comunicação, as crenças, as convicções, os co-
nhecimentos partilhados e as convenções socioculturais dos falantes. Ainda, podemos 
falar dos recursos coesivos que auxiliam na construção dos sentidos. Esses recursos têm 
função coesiva (substituírem palavras para evitar repetições), função relacional (palavras 
que se relacionam por pertencerem a um mesmo quadro mental) e função polissêmica 
(palavras com múltiplos sentidos).
Em vista disso, podemos apreender que o mecanismo da atribuição de sentidos no 
enunciado fundamenta-se nos recursos de coesão e coerência da língua (gem) à luz do 
aspecto Social e Interativo.
Fonte: a autora.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
O Texto e a Construção dos Sentidos
Autora: Ingedore G. Villaça Koch
Editora: Contexto
Ano: 2009
Sinopse: Ingedore G. Villaça Koch estuda as atividades 
discursivas e suas marcas na materialidade linguística. Aborda 
também questões gerais relativas à produção do sentido 
comuns às modalidades escrita e falada e ainda se detém no 
estudo da construção dos sentidos no texto falado.
O ACENTO EM PORTUGÊS: Abordagem Fonológicas
Autor: Gabriel Antunes de Araújo [Org.]
Editora: Parábola 
Ano: 2007
Sinopse: O objetivo desse volume é oferecer uma 
introdução à problemática do acento em português, 
sob o ponto de vista de várias correntes fonológicas. 
No entanto ele não se limita somente ao acento 
primário: apresentamos, aqui, textos que oferecem 
uma discussão a respeito de pontos específi cos da 
questão do acento.
Recomendo a você aluno que acesse este link, a fi m de ajudá-lo na interiorização quanto ao uso 
da regra do X ou ch. Confi ra! 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qj0uvDed0JE>. Acesso em: 31 ago. 2015.
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E IV
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
GRAMÁTICA E 
COMUNICAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Promover reflexão sobre o conceito de gramática.
 ■ Compreender e refletir sobre os tipos de gramática.
 ■ Compreender e refletir sobre as regras de pontuação.
 ■ Apresentar e prover reflexão sobre as figuras de sintaxe na 
construção do enunciado.
 ■ Compreender e refletir sobre a concordância verbal e nominal na 
construção do enunciado.
 ■ Apresentação, compreensão e reflexão sobre a colocação pronominal 
na construção do enunciado.
 ■ Apresentar e refletir sobre os vícios e dificuldades de redação.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O que é Gramática?
 ■ Tipos de Gramática
 ■ Sinais de Pontuação
 ■ As Figuras de Sintaxe na construção dos enunciados
 ■ Concordância Verbal e Nominal na construção do enunciado
 ■ A Sintaxe de Colocação na construção dos enunciados
 ■ Vícios e dificuldades no uso da língua (gem)
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, falaremos sobre norma. A norma da língua. Para tanto, busca-
mos oferecer a você de maneira introdutória conhecimentos sobre o formalismo 
linguístico para que possa chegar ao uso prático da norma. Para esta disciplina, 
tomamos os termos norma padrão, gramática, formalismo linguístico como 
sinônimos.
Assim, nesta unidade, privilegiaremos o estudo da maneira como as palavras 
se organizam para formar frases, orações e porções de textos, isto é, a sintaxe, 
contudo, sempre que possível, vamos nos apoiar em uma abordagem que apre-
senta usos linguísticos reais (funcionalismo) com a intenção de propiciar uma 
visão do dinamismo e da heterogeneidade da língua, sem deixar de lado, eviden-
temente, a premissa que é função da instituição letrada: o ensino da variedade 
padrão. Essa variedade precisa ser dominada pelo estudante, a fim de que ele 
possa atender seus objetivos, sejam acadêmicos, sejam profissionais ou em qual-
quer instância de sua vida social.
Nós nos ocuparemos, primeiramente, sobre o conceito de gramática. Para 
tanto, objetivamos, a partir da variedade padrão, trazer à baila um estudo que 
está orientado para o saber sobre a língua e não saber a língua, isto é, saber a 
forma e a função da língua.
Em seguida, vamos nos ocupar, também, de um estudo que possibilitará a 
você conhecimentos sobre os tipos de gramáticas sob as perspectivas: tradicional 
e a funcionalista. Na sequência, buscamos trazer os estudos sobre a pontuação, 
a fim de prover uma reflexão sobre a importância desse elemento da gramática 
nas relações de prática social, no plano da expressão escrita.
 Seguimos nosso percurso sobre a norma, com a apresentação dos estudos 
sobre as figuras de sintaxe, sobre a concordância verbal e nominal e sobre a colo-
cação pronominal na construçãodos enunciados. E, por fim, enceraremos esta 
quarta unidade, com a apresentação de estudos sobre vícios e dificuldades de 
linguagem, referentes à produção escrita.
Introdução
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O QUE É GRAMÁTICA?
Como ponto de partida para esta unidade IV, gostaria que você refletisse: você 
sabe o que é Gramática e qual é a sua função? Ora, se o objetivo desta unidade 
é prover reflexões sobre a Gramática da nossa língua, convém esclarecer o que 
entendemos por Gramática, não mesmo?
 Para Travaglia (2003), há três concepções de Gramática: a Gramática 
Normativa, a Descritiva e a Gramática Internalizada. Essas concepções, a 
meu ver, coexistem, contudo possuem suas particularidades. Vamos a essas par-
ticularidades e iniciaremos pela Gramática Normativa que, segundo Franchi 
(1991, p. 48 apud TRAVAGLIA, 2003, p. 24):
[...] gramática é o conjunto sistemático de normas para bem falar e 
escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua 
consagrada pelos bons escritores e dizer que alguém sabe gramática 
significa dizer que esse alguém conhece essas normas e as domina tanto 
nocionalmente quanto operacionalmente[...].
Isso significa que a Gramática Normativa foi elaborada por um ideário conser-
vador, elitista, que privilegia uma variedade de língua sobre as demais. Isto é, a 
Gramática Normativa abarca um conjunto de regras para o bom uso da língua. 
A esse respeito, Travaglia (2003) explica que, para essa concepção de 
O Que é Gramática?
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Gramática, existe apenas a variedade padrão como legítima e todas as demais 
concepções são excludentes, uma vez que suas manifestações linguísticas são 
consideradas como erros, desvios, deformações da língua.
Diante dessa exposição, está embutido na Gramática Normativa a ideia de 
que existe um modelo a ser seguido pelas variantes da língua, diferente do modelo 
elaborado para a classe dominante, isto é, trata-se de uma gramática particula-
rizada que contempla somente os usos da língua aceitos pela língua de prestígio 
social. A essa concepção de gramática subjaz a concepção de língua como expres-
são do pensamento, logo, só escreve bem aquele que pensa bem. 
Passaremos, agora, a tratar da Gramática Descritiva. A gramática que faz 
uma descrição da estrutura e o funcionamento da língua é denominada Descritiva, 
uma vez que o foco dos estudos dessa concepção centra-se no funcionamento da 
língua em um dado momento em que ela ocorre, isto é, o estudo é sincrônico. 
Sobre essa concepção descritiva, Franchi (1991, p. 52-53), assim se expressa:
[...] é um sistema de noções mediante as quais se descrevem os fatos de 
uma língua, permitindo associar a cada expressão dessa língua, uma 
descrição estrutural e estabelecer suas regras de uso, de modo a separar 
o que é gramatical do que não é gramatical (apud TRAVAGLIA, 2003, 
p. 27).
Nas palavras de Franchi (1991), essa concepção de gramática propõe uma homo-
geneidade do sistema linguístico ao dissociar o estudo da língua do seu contexto 
de uso. Essa vertente está vinculada à concepção de língua como sistema, autô-
noma e autocontida, que teve origem a partir dos estudos desenvolvidos por 
Ferdinand de Saussure com a sua dicotomia entre os estudos da langue e parole1, 
por exemplo.
Pelo viés da Gramática Descritiva, podemos compreender que ela se ocupa dos 
estudos do funcionamento da língua em um determinado momento. Isso significa 
que ela não tem a pretensão de entrar na dualidade do certo e errado que assume 
a postura da Gramática Tradicional, mas, sim, o de explicar e descrever como se 
dá o sistema linguístico que regula o uso das variedades da língua não padrão.
A terceira concepção de gramática é a Internalizada, que a ela subjaz a 
1 Refiro-me à língua e fala.
GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E134
concepção dialógica da linguagem, isto é, essa concepção vê a linguagem como 
uma atividade de interação verbal. Vejamos as palavras de Travaglia (2003, p. 
28) a esse respeito:
[...] considerando a língua como um conjunto de variedades utilizadas 
por uma sociedade de acordo com o exigido pela situação de interação 
comunicativa em que o usuário da língua está engajado, percebe a gra-
mática como o conjunto das regras que o falante de fato aprendeu e das 
quais lança mão ao falar. 
Essa concepção sobre o que é gramática tem uma visão dinâmica da língua ao 
focalizar a capacidade que os falantes possuem em adaptar os elementos linguís-
ticos aos diferentes contextos comunicativos. 
Para Travaglia (2003), nessa perspectiva, não existe erro e sim inadequação 
da variedade da língua com relação ao seu contexto de uso. Isso significa que 
essa concepção defende que a gramática funciona como um mecanismo geral 
que organiza as línguas, organiza o saber intuitivo que todos falantes possuem, 
por isso, é internalizada. Sobre esse mecanismo geral que organiza também o 
conjunto de regras que determinam o funcionamento de uma variedade linguís-
tica, Neves (2006, p. 29) salienta que:
São múltiplos os tipos de “lições” que uma gramática da língua2 pode 
fornecer: no modelo normativo puro, a gramática como conjunto de 
regras que o usuário deve aprender para falar e escrever corretamente a 
língua; no modelo descritivo ou expositivo, a gramática como conjunto 
que descreve os fatos de uma dada língua [...].
Feito essa breve introdução sobre o conceito de Gramática, no próximo tópico, 
vamos nos ocupar dos estudos sobre os Tipos de Gramática.
2 Faz referência à Gramática Internalizada.
Tipos de Gramática
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TIPOS DE GRAMÁTICA
Um trabalho específico com a gramática deve orientar-se por um tipo de gramá-
tica, uma vez que, como vimos no tópico anterior, cada concepção de gramática 
possui suas peculiaridades, logo, para cada concepção adotada, haverá um tipo 
de gramática para dar conta de atender a particularidade dessa variedade. Em 
outras palavras, podemos entender que o uso da língua está subordinado a um 
contexto e, para cada tipo de uso, há, também, tipos diferentes de gramática para 
dar conta dessa diversidade. Com a evolução dos estudos sobre o funcionamento 
da linguagem, várias propostas de sistematização sobre o uso da língua surgiram. 
Nesse sentido, ressaltamos que, para esta disciplina, fizemos um recorte 
e nos ocuparemos dos tipos de gramática que mais nos interessam por ora: a 
Gramática Tradicional e a Cognitivo-Funcional.
GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E136
Cada uma dessas acepções de gramática possui suas particularidades, suas fun-
ções e limitações, contudo elas se imbricam durante o processo de interação 
verbal. Para esta disciplina, especificamente, neste tópico, tomaremos a acepção 
de gramática como uma disciplina de estudo.
GRAMÁTICA TRADICIONAL
Aula de Português
“[...] A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer 
dizer?[...]”.
Carlos Drummond de Andrade
Quando se fala em gramática, pode-se falar deacepções distintas. A esse 
respeito, vejamos:
• Gramática como regras que definem o bom funcionamento de de-
terminada língua. Por essa acepção, podemos entender que a gra-
mática corresponde ao saber intuitivo que todo falante possui de 
sua própria língua, que é a gramática internalizada.
• Das regras que definem o bom funcionamento de determinada nor-
ma, como em “a gramática da norma padrão”.
• Sob uma perspectiva de estudo, como a gramática gerativa, a gra-
mática estruturalista, a gramática funcionalista.
• Pode referir-se a uma disciplina escolar, como aulas de gramática.
• De um livro, como A gramática do português falado, da linguista, 
Maria Helena de Moura Neves (2000), nessa obra, a autora se ocupou 
em pesquisar uma gramática do mundo real e não uma gramática 
do mundo ideal.
Fonte: adaptado de Antunes (2007).
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Esse excerto da poesia de Drummond nos remete à Gramática Normativa. Por 
exemplo, o termo “superfície estrelada das letras” evidencia que a gramática não 
está na “ponta da língua”, mas está em um ponto tão alto que a torna quase que 
inatingível.
A Gramática Tradicional é conhecida também por Gramática Prescritiva, 
Normativa e/ou Escolar. Esse tipo de gramática se ocupa apenas dos fatos da 
língua padrão. Teve origem, na Grécia, a partir de estudos de base filosófica 
que objetivavam entender a relação entre linguagem, pensamento e realidade.
Nas reflexões dos filósofos gregos, destacam-se estudos da relação entre as 
palavras e as coisas que eles denominavam. Aristóteles propõe a relação entre 
linguagem e lógica. A partir disso, inaugura-se a visão de que a linguagem é um 
reflexo da organização do pensamento humano. 
Segundo Martelotta (2009), juntamente com a preocupação de caráter filosó-
fico, a Gramática Grega se preocupava com um modelo ideal de linguagem, isto 
é, houve, na tradição grega, uma preocupação com uma gramática que ditasse 
um padrão idealizado da língua grega. Sobre a gramática como um modelo de 
ideal de língua a ser seguido, Travaglia (2003, p. 30) ressalta que:
[...] a gramática normativa apresenta e dita normas de bem falar e es-
crever, normas para a correta utilização oral e escrita do idioma, pres-
creve o que se deve e o que não se deve usar na língua. Essa gramática 
considera apenas uma variedade da língua como válida, como sendo a 
língua verdadeira. 
Como já vimos, anteriormente, na tradição gramatical, os defensores dessa ver-
tente têm a função de prescrever o que se deve e o que não se deve usar na língua. 
Em outras palavras, a gramática tradicional funciona como uma espécie de lei 
que regula o uso da língua nas práticas sociais. Para um melhor entendimento 
sobre essa gramática, imagine que entre dois falantes em uma determinada situ-
ação de comunicação, um deles inicia a interação desta forma:
GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E138
Texto 29
O exemplo do texto 29, chama-nos a atenção pela fala do personagem iniciar o 
seu enunciado com um pronome obliquo átono. A rigor, a tradição gramatical 
condena esse uso, uma vez que não se pode iniciar frases com pronome oblí-
quo átono, logo, as construções “me diga”, “me desculpe” são consideradas como 
erros e ou agramaticais. O falante B que faz as correções gramaticais é um genu-
íno representante da variante da norma de prestígio. A seguir, daremos realce 
aos estudos da Gramática Cognitivo Funcional.
GRAMÁTICA COGNITIVO FUNCIONAL
Novamente, um excerto da poesia de Drummond, contudo, nesses versos, o 
poeta refere-se à Gramática Internalizada, a Gramática Cognitivo-Funcional, 
uma vez que é a gramática de falar e entender.
Segundo Martelotta (2009), A Gramática Cognitiva Funcional tem como 
representantes algumas vertentes teóricas, como a Linguística Socicognitiva, a 
Linguística Textual, a Sociolinguística, a Linguística Sociointerativa, a Teoria 
Falante A: Me diga uma coisa?
Falante B: O correto é “diga-me”.
Falante A: Tá, me desculpe...
Falante B: O correto é “desculpe-me”.
Falante A: Dane-se!
Falante B: Agora acertou.
Texto adaptado pela autora de: <http://images7.memedroid.com/images/UPLO-
ADED109/55c1340b2104d.jpeg>. Acesso em: 1 nov. 2015.
Aula de Português
“A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender [...].”
Carlos Drummond de Andrade
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Funcionalista, entre outras. Para Martelotta (2003), essas vertentes apresentam 
em comum alguns pontos como:
• Observam o uso da língua, considerando-o fundamental para a compreen-
são da natureza da linguagem;
• Observam não apenas o nível da frase, analisando, sobretudo, o texto, e o 
diálogo;
• Têm visão da dinâmica das línguas, ou seja, focalizam a criatividade do fa-
lante para adaptar às estruturas linguísticas aos diferentes contextos de 
comunicação;
• Consideram que a linguagem reflete um conjunto complexo de atividades 
comunicativas, sociais e cognitivas, integradas com o resto da psicologia 
humana, isto é, sua estrutura é consequente de processos gerais de pensa-
mento que os indivíduos laboram ao criarem significados em situações de 
interação com outros indivíduos.
Quadro 11 – Características Teórico-metodológicas da Gramática Cognitivo-Funcional 
Fonte: adaptado de Martelotta (2003).
Ancorados nessas características que refletem o caráter de uma Gramática 
Cognitivo-Funcional, podemos entender que esse tipo de gramática se ocupa 
dos estudos da estrutura dos elementos linguísticos, mas também se ocupa, de 
forma substancial, dos estudos dos elementos linguísticos e sua relação com a 
situação de comunicação, como os falantes, as intenções dos falantes e o con-
texto comunicativo. A esse respeito, assim se expressa Martelotta (2009, p. 63):
[...] a gramática não pode ser vista como independente do uso concreto 
da língua, ou seja, do discurso. Quando falamos, valemo-nos de uma 
gramática, ou seja, de um conjunto de procedimentos necessários para, 
através da utilização de elementos linguísticos, produzirmos significa-
dos em situações reais de comunicação [...].
Como podemos observar, a Gramática Cognitivo Funcional prevê o estudo da 
língua a partir de uma situação real de comunicação com falantes reais. Em vista 
disso, para Martelotta (2009), há uma coexistência entre a gramática da língua 
e o discurso. Para um melhor entendimento sobre essa relação, veja o esquema 
que segue:
GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E140
Esquema da relação entre Gramática e Discurso (adaptado de MARTELOTTA, 
2009).
Como podemos observar, caro(a) aluno(a), o discurso precisa do formalismo 
da gramática para se processar e a gramática se alimenta do discurso ao reno-
var-se e adaptar-se às novas situações de comunicação que a interação propicia 
aos falantes em seus contextos comunicativos. Vejamos o exemplo do texto 30 
para ilustrar o funcionamento entre Gramática e Discurso.
Texto 30
No poema “Neologismo”, temos um bom exemplo da coexistência entre a 
Gramática e o Discurso. Observe que o poeta cria uma nova palavra, especifi-
camente um verbo, um verbo intransitivo, ”Teadorar”, que, a rigor gramatical, 
não precisa de complemento e, assim, o que eu lírico de Bandeira sente pela pes-
soa amada não precisa de complemento, pois se basta por si.
Neologismo“Beijo pouco, falo menos ainda. 
Mas invento palavras 
Que traduzem a ternura mais funda 
E mais cotidiana. 
Inventei, por exemplo, o verbo Teadorar. 
Intransitivo: 
Teadoro, Teodora.”
Fonte: Bandeira (2002).
GRAMÁTICA DISCURSO
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Em vista disso, podemos entender que a necessidade do falante represen-
tado pelo eu lírico de Manuel Bandeira em representar o sentimento pela pessoa 
amada é motivação para a criação de uma nova palavra como “Teadorar” que 
é a partir do nome da pessoa amada, Teodora, e de um trocadilho que o poeta 
inventou o verbo “Teadorar”. 
Assim, para atender às necessidades dos falantes, as palavras sempre serão 
(re)criadas, (re)inventadas. A esse respeito, podemos pensar nas palavras cria-
das a partir do advento da tecnologia em nossas vidas, as quais, já fazem parte 
de um uso recorrente na língua, como “tuitar” (verbo que indica a ação de usar 
o microblog, Twitter) ou “tuiteiro(a)” (com referência àqueles que usam a plata-
forma de relacionamento do Twitter), aqui, o falante acrescentou o sufixo “eiro(a)” 
ao substantivo Twitter para formar a palavra “tuiteiro(a)”.
De igual maneira, ocorreu com palavras que surgiram no âmbito daqueles 
que gostam de funk, o funkeiro(a), por exemplo, em que o sufixo “eiro (a)” uniu-
-se a palavra funk para formar a nova: funkeiro(a).
Diante disso, observe, aluno(a), que os exemplos aqui elencados fizeram 
uso da gramática, isto é, essas novas palavras, como Teadorar, tuitar, tuiteiro(a), 
funkeiro(a), ao serem criadas, obedeceram às regras da gramática da Língua 
Portuguesa. Essa dinâmica assevera a coexistência entre gramática e discurso, 
haja vista que os falantes fazem uso dos padrões gramaticais da língua para aten-
der os seus propósitos comunicativos, isto é, essa dinâmica confirma a existência 
entre forma e função.
Para interagirmos de forma satisfatória conforme as situações de comuni-
cação em que estamos inseridos, precisamos adequar a nossa linguagem a essas 
situações. Por isso, estudar o funcionamento da língua, como a gramática e o 
discurso é importante. 
A gramática de uma língua caracteriza-se por estudos da escrita, da classifica-
ção, flexão e derivação das palavras; estudos de sintaxe, notas sobre as figuras de 
linguagem. E aqui estamos diante de um problema! O que incluir e o que deixar 
de fora quando todos os assuntos dentro de uma gramática parecem indispen-
sáveis, não é? Assim, aluno(a), para atender uma finalidade didática, tive que 
fazer um recorte desse conteúdo gramatical que foi organizado conforme vere-
mos nos tópicos que seguem.
GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E142
SINAIS DE PONTUAÇÃO
Ao tratar-se dos conhecimentos gramati-
cais, um dos tópicos que merece atenção é 
a Pontuação que está diretamente ligada ao 
contexto, ao interlocutor, às intenções dos 
falantes. 
Segundo Koch (2012, p. 39), a pontua-
ção deve ser entendida:
[...] não apenas com a função de 
marcar contornos entonacionais e deslocamentos sintáticos, mas sim, 
em uma visão textual-discursiva. Nessa perspectiva, os sinais de pontu-
ação são vistos como “marcas do ritmo da escrita”, por meio das quais 
o escrevente sinaliza para o leitor as relações entre as partes da oração, 
bem como uma forma preferencial de leitura. 
Isso significa que a pontuação tem a função de marcar pausas e as entonações, 
além de representar componentes específicos da expressão oral, como os gestos, 
a expressão facial, assim, a pontuação pode tornar a leitura mais fácil e o texto 
mais claro e preciso. Os textos a seguir são exemplificações do quadro que aca-
bamos de mencionar. Vejamos:
Texto 31
Texto 32
“Você. Está. Precisando. Dirigir. Um. Carro. Com. Câmbio. Em. Que. Você. Não. Sen-
te. A. Mudança. De. Marcha.” 
Fonte: adaptado de Cereja (2013).
“Você está precisando dirigir um carro com câmbio em que você não sente a 
mudança de marcha. Audi A4 com Multitronic. O único câmbio com velocidade 
contínua” .
Fonte: adaptado de Cereja (2013).
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Os textos 31 e 32 chamam a nossa atenção para o fato de que o uso, ou não, da 
pontuação depende do objetivo do produtor do texto, isto é, da intenção do 
falante e a maneira como ele quer que seu interlocutor entenda a sua mensagem. 
Observe que, no texto 31, há o uso do ponto final posposto a cada palavra. 
Esse recurso linguístico foi proposital, haja vista que o produtor desse anúncio 
tem a intenção de mostrar o tranco de um carro ao mudar de marcha.
 Por seu turno, o texto 32 também chama a nossa atenção, pois há, nesse 
texto, a ausência de pontuação. Entendemos que esse recurso da “não utilização”’ 
da pontuação, também, foi proposital, uma vez que o produtor desse anúncio 
intencionou passar ao seu público-alvo a sensação que dirigir um carro da marca 
Audi possibilita uma troca de marcha sem trancos. A seguir, veremos a impor-
tância do uso da vírgula.
O USO DA VÍRGULA
Usa-se a vírgula para:
 ■ Separar termos que exercem a mesma função sintática, como sujeito, 
complementos, adjuntos, predicativos. Exceto quando não estão liga-
dos por e ou nem. 
Eu, meu esposo, meu filho e meus pais faremos uma viagem nas férias.
 Sujeito
Nesse exemplo, a vírgula exerce a função de separar os núcleos do sujeito composto.
 ■ Isolar um aposto.
Maringá, campus sede da Unicesumar, é uma linda cidade.
 Aposto
GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
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IVU N I D A D E144
 ■ Para separar vocativos.
“Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar [...]” (Zé Ramalho).
 Vocativo
 ■ Isolar o adjunto adverbial, quando ele é extenso ou quando se quer 
destacá-lo.
À noite, temos aulas ao vivo na EAD.
Adjunto adverbial
Nesse exemplo, o adjunto foi isolado por vírgula, para destacá-lo, uma vez 
que ele se encontra deslocado na oração. Isso significa que ele aparece, na oração, 
anteposto ao verbo. Nesse caso, deve ser destacado no enunciado para marcar 
sua posição antes do verbo.
 ■ Para separar expressões explicativas como: isto é, a saber, ou melhor, por 
exemplo, entre outras.
“Ostra feliz não faz pérolas” (Rubem Alves), isto é, a capacidade de criação só 
ocorre em meio a muito esforço, dedicação. 
 Expressão explicativa
 ■ Para separar, nas datas, o nome de lugar.
Maringá, 3 de setembro de 2015.
O USO DA VÍRGULA NAS ORAÇÕES
 ■ Para separar as orações coordenadas assindéticas.
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 Orações coordenadas assindéticas
 ■ Para separar as orações coordenadas sindéticas, exceto as introduzi-
das pela conjunção e.
“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende” (Guimarães Rosa).
 Oração coord. sindética adversativa
 ■ Para separar orações subordinadas substantivas. Somente as orações 
subordinadas adjetivas explicativas devem ser separadas por vírgula da 
oração principal. Isso significa que as restritivas, não.
Osalunos, que passaram no limite das vagas, serão beneficiados com uma bolsa 
de estudos.
Oração subordinada adjetiva explicativa
 ■ As orações subordinadas adverbiais são separadas por vírgulas, obri-
gatoriamente, se vierem antepostas ou intercaladas à oração principal. 
“Se queres prever o futuro, estuda o passado” (Confúcio).
Oração subord. Adverbial condicional Oração principal
 Vírgula obrigatória
Faltando um pedaço
“O amor é como um raio galopando em desafio
Abre fendas, cobre vales, revolta as águas dos rios [...]” (Djavan). 
Disponível em: https://letras.mus.br/djavan/45524/.Acesso em 22/11/2015.
Se a oração subordinada adverbial vier após a oração principal, o uso da vírgula 
é optativo.
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IVU N I D A D E146
“Estuda o passado, se queres prever o futuro” (Confúcio).
Oração principal Oração subord. Adverbial Condicional
 Vírgula optativa
 ■ O uso da vírgula é obrigatório quando a oração for reduzida de gerún-
dio, particípio e infinitivo.
“Regras simples durante uma discussão:
 Perdendo em argumentos, comece a corrigir os erros de português da outra 
pessoa” (Língua Portuguesa, online).
Or. subord. adverbial condicional reduzida de gerúndio.
PONTO E VÍRGULA
Usa-se o ponto e vírgula:
 ■ Para separar os itens dos enunciados enumerativos.
Texto Instrucional
Cocada com leite condensado
 ■ 2 xícaras de coco fresco ralado;
 ■ 1 lata de leite condensado;
 ■ 2 xícaras de açúcar;
 ■ 1 colher de sopa de manteiga.
Modo de preparo:
Unte uma pedra mármore com um pouco de óleo, ou então, unte uma assadeira. 
Misture em uma panela o coco, leite condensado e açúcar. Leve ao fogo e misture 
bem, cozinhe misturando regularmente com uma colher de pau. Quando o doce 
começar a ser soltar do fundo da panela, retire do fogo e acrescente a manteiga. 
Despeje sobre o mármore untado e deixe esfriar. Corte quadrados de 10 x 10 cm.
 ■ Para separar orações sindéticas adversativas e conclusivas.
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Os estudantes objetivavam montar um grupo se estudos; um líder, entretanto, 
não foi eleito. (Or. Sindética adversativa deslocada.)
PONTO
 ■ É utilizado para fechar período.
 ■ Nas abreviaturas.
Sr. (Senhor), a. C. (antes de Cristo), P.S.(post scriptum), etc.(et coetera)
PONTO DE INTERROGAÇÃO
 ■ É utilizado no final de frases interrogativas diretas.
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
 ■ É utilizado no final de frases exclamativas, com a finalidade de indicar 
estados emocionais, como: espanto, surpresa, alegria, dor, etc.
Feliz aniversário!
“Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de toques que sa-
bem conversar e de silêncios que se declaram. ” (Machado de Assis).
 Disponível em: http://kdfrases.com. Acesso em 4/9/2015.
“ Et Coetera, é uma expressão latina que significa: entre outras coisas. Assim, an-
tes dessa abreviatura, entende-se que o uso da vírgula é dispensável, contudo, 
o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que “et.” seja precedido de vírgula.
“[...] Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua 
lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio — e agora? [...]” (Carlos 
Drummond de Andrade, online).
GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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DOIS PONTOS
 ■ É utilizado para iniciar palavras, expressões, orações ou citações que ser-
vem para enumerar ou esclarecer o que se afirmou anteriormente.
ASPAS
 ■ São usadas no início e final de citações, para destacar palavras estrangei-
ras e gírias, para indicar a fala de pessoas ou de personagens.
PARÊNTESES
 ■ São empregados para separar, em um período, palavras ou frases expli-
cativas e nas indicações bibliográficas.
TRAVESSÃO
 ■ É utilizado para indicar, nos diálogos, mudança de interlocutor.
“[...] Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme 
tristeza. Concordo com Mário Quintana: ‘Morrer, que me importa? (…) O diabo é 
deixar de viver.’. A vida é tão boa! Não quero ir embora [...]” (Rubem Alves, online). 
“O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e 
tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: ‘Se eu fosse você’. A 
gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala 
só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que 
o amor começa. E é na não-escuta que ele termina (...)” (In: O amor que acende a 
lua - Rubem Alves).
”Agora sei: apenas o amor nos rouba do tempo.” (Mia Couto).
O perfume
“[...] Desta vez, porém, ele lhe olhou de modo estranho, sem parecer crer. Puxou-a 
para si e lhe ajeitou as formas, arrebitando o pano, avespando-lhe a cintura. De-
pois, perguntou:
– Então não passa um arranjo no rosto? – Um arranjo?
– Sim, uma cor, uma tinta.
Ela se assombrou. Virou as costas e entrou na casa de banho, embasbacada [...].” 
(Excerto extraído do conto de Mia Couto no livro Estórias Abensonhadas).
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DOIS PONTOS
 ■ É utilizado para iniciar palavras, expressões, orações ou citações que ser-
vem para enumerar ou esclarecer o que se afirmou anteriormente.
ASPAS
 ■ São usadas no início e final de citações, para destacar palavras estrangei-
ras e gírias, para indicar a fala de pessoas ou de personagens.
PARÊNTESES
 ■ São empregados para separar, em um período, palavras ou frases expli-
cativas e nas indicações bibliográficas.
TRAVESSÃO
 ■ É utilizado para indicar, nos diálogos, mudança de interlocutor.
“[...] Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme 
tristeza. Concordo com Mário Quintana: ‘Morrer, que me importa? (…) O diabo é 
deixar de viver.’. A vida é tão boa! Não quero ir embora [...]” (Rubem Alves, online). 
“O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e 
tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: ‘Se eu fosse você’. A 
gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala 
só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que 
o amor começa. E é na não-escuta que ele termina (...)” (In: O amor que acende a 
lua - Rubem Alves).
”Agora sei: apenas o amor nos rouba do tempo.” (Mia Couto).
O perfume
“[...] Desta vez, porém, ele lhe olhou de modo estranho, sem parecer crer. Puxou-a 
para si e lhe ajeitou as formas, arrebitando o pano, avespando-lhe a cintura. De-
pois, perguntou:
– Então não passa um arranjo no rosto? – Um arranjo?
– Sim, uma cor, uma tinta.
Ela se assombrou. Virou as costas e entrou na casa de banho, embasbacada [...].” 
(Excerto extraído do conto de Mia Couto no livro Estórias Abensonhadas).
 ■ Para destacar ou isolar palavras ou expressões no interior de frases.
RETICÊNCIAS
 ■ Indicam a interrupção da frase, feita com a finalidade de sugerir dúvida, 
hesitação, supressa.
Metade
 ■ Prolongamento da frase.
Metade
[...] “Nessas frases, chamadas nominais — e também, mas inevitavelmente, elíp-
ticas —, na realidade não existe verbo, o qual, entretanto, pode ser “mentado”[...] 
(OTHON GARCIA, p. 38, 2010).
“[...] E que a minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor 
E a outra metade... também.”(Oswaldo Montenegro, online).
“[...] Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...” (Oswaldo Montenegro, online). 
GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E150
 ■ Interrupção do pensamento ou sugestão para que o leitor complete o 
raciocínio.
 ■ Supressão de trechos em textos
Diante dessas observações, podemos entender que o conhecimento sobre os 
sinais de pontuação estão a serviço dos propósitos comunicativos. Assim, asse-
veramos mais uma vez a relação entre a forma e a função. A seguir, vamos nos 
ocupar do estudo sobre as Figuras de Sintaxe na construção do enunciado.
AS FIGURAS DE SINTAXE NA CONSTRUÇÃO DOS 
ENUNCIADOS
Dentre os recursos que os sentidos conotativos das palavras podem significar, 
destacamos as Figuras de Sintaxe. Esse recurso que a linguagem nos possibilita, 
fundamenta-se na reordenação sintática da estrutura de uma oração. As princi-
pais Figuras de Sintaxe são:
Elipse: é a supressão de termos que se podem subentender pelo contexto. 
Observe o texto 33.
 “Desculpa o atraso. Felicidades... Parabéns!” (Mensagem do Facebook).
Lanterna dos afogados
“[...] Uma noite longa
Para uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar [...]”
Fonte: Os Paralamas do Sucesso (online).
As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados
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Texto 33
Observe que no texto 33, o produtor desse enunciado omitiu o verbo, “requer”, 
contudo podemos subentendê-lo nesse contexto, ao reger os complementos, 
como: “disciplina”, “técnica”, “inspiração”.
Zeugma: é omissão de uma unidade linguística, já expressa anteriormente 
no enunciado. Para entendermos esse recurso conotativo, vejamos!
Texto 34
No texto 34, se não houvesse a omissão intencional do produtor desse enun-
ciado, teríamos “o dia ‘tá’ lindo. Dentro de você o dia tá lindo também?”. Observe, 
O DIA TÁ LINDO
DENTRO DE VOCÊ 
TAMBÉM?
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aluno(a), que a construção “o dia ‘tá’ lindo” já tinha sido expresso na oração 
anterior. Assim, a figura de sintaxe Zeugma confere a esse enunciado mais con-
cisão e objetividade.
Polissíndeto: trata-se da repetição enfática de um síndeto (conjunção), veja-
mos o exemplo desta figura de sintaxe no texto 35.
Texto 35
 No texto 35 o uso repetitivo da conjunção coordenativa “e” conferiu a esse enun-
ciado um certo prolongamento à expressão escrita como se o eu-lírico do poeta 
desejasse que o leitor interpretasse esse enunciado com mais vagar. 
Assíndeto: ao contrário do polissíndeto, consiste na omissão de conjunções 
nos enunciados. Veja o texto 36.
Texto 36
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente. (grifos da autora)
Fonte: Vinicius de Moraes (online).
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Se Fernando Anitelli, compositor da música o Anjo mais velho, não tivesse omi-
tido, a conjunção “E”, teríamos: “E a tua palavra e a tua história e a tua verdade 
fazendo escola...” Esse recurso linguístico conferiu mais fluidez e ritmo a esse 
enunciado.
Anáfora: trata-se da repetição de palavras ou expressões no início de ver-
sos ou orações. Observe o texto que segue.
Texto 37
No contexto do texto 37 a repetição do termo “é” no início dos versos dessa canção 
de Tom Jobim, também, conferiu a esse enunciado mais ritmo e fluidez a canção.
Pleonasmo: trata-se de uma redundância de caráter expressivo que, a princípio, 
parece que pouco acresce ao enunciado sob o ponto de vista semântico, con-
tudo, do ponto de vista sintático, esse recurso confere mais expressividade ao 
enunciado. Vejamos.
O Anjo mais velho
“[...] Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar [...].” 
Fonte: O Teatro Mágico (online).
Águas de Março
“É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol [...]” 
(Tom Jobim)
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Texto 38
Observe que, nos versos da música de Jorge Bem Jor, há a ocorrência de um 
pleonasmo em “chove chuva”. Note que esse recurso tem por efeito trazer ao 
enunciado um acréscimo de sentido que ele não teria se não houvesse a marca 
da redundância, pois a palavra “chuva” traz consigo uma nova instrução de sen-
tido ao termo “chove” ao acrescentar-lhe uma identidade total que esse item não 
teria se tivesse sido usado sozinho. Nesse sentido, o uso do pleonasmo no enun-
ciado do texto 38 serve para conferir mais ênfase a ideia de “chover”.
Chove chuva
“Chove chuva, chove sem parar, chove chuva, chove sem parar [...]” (grifos da au-
tora).
Fonte: Jorge Ben Jor (online).
 Como vimos, o pleonasmo pode funcionar como um recurso ex-
pressivo da linguagem, contudo, há, algumas expressões que ao se repeti-
rem em um determinado contexto, configuram-se como ideias acessórias, 
isto é, desnecessárias. A esse respeito, vejamos este texto do professor Cere-
ja (2013).
Pleonasmo vicioso
Certas expressões — entrar para dentro, sair para fora, subir para cima, des-
cer para baixo, reiterar de novo, etc.— constituem redundâncias, isto é, re-
petem o significado já contido no termo anterior, não acrescentando nada 
de novo. São consideradas vícios de linguagem e devem ser evitadas na va-
riedade padrão da língua.
Há, entretanto, certas construções pleonásticas da linguagem coloquial 
que, embora constituam pleonasmos, são aceitáveis na língua padrão: ver 
com os próprios olhos, palpar com a mão, pisar com os pés, chover chuva, 
etc. (CEREJA, 2013, p. 328).
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Inversão: consiste na inversão de termos ou orações em um período. Isso signi-
fica que o falante faz uma inversão da ordem das palavras dentro da oração para 
atingir objetivos comunicativos, expressivos. Observe o exemplo do texto 39.
Texto 39
Na ordem direta no enunciado do texto 39, teríamos “Suas mãos tire de mim”. 
Assim, podemos perceber que esse recurso linguístico, Inversão, confere mais 
expressividade, ritmo e topicaliza a ideia que o(s) produtor(s) desse enunciado 
objetivou(ram) dar mais ênfase. Como ao fato de usarem o verbo (tirar) no iní-
cio do verso, aqui, funcionou como ponto de partida para a estruturação do 
sentido da música.
Anacoluto: ocorre quando há a ocorrência de um termo solto na frase, 
oração, enunciado, isto é, ocorre uma quebra da lógica que provocauma inade-
quação sintática. Vamos ao exemplo do texto 40 para um melhor entendimento 
sobre esse recurso linguístico.
Texto 40
Observe que a expressão humanidade está isolada no enunciado do texto 40. Além 
disso, não existe ligação sintática com a construção “está faltando consciência”.
Silepse: é um recurso que promove a concordância das palavras com o seu 
sentido, com as ideias que as palavras expressam e não com a sua forma grama-
tical. A silepse pode ser de gênero, de número, de pessoa. Vejamos os exemplos 
que seguem:
Será
“Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você [...]”. 
Fonte: Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá (online).
“À humanidade, está faltando consciência.” (autor desconhecido, online).
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 ■ Silepse de gênero: São Paulo não é mais a mesma.
 ■ Concordância com a noção de cidade, por isso, mesma.
 ■ Silepse de número: A turma chegou ao Rock in Rio bem cedo, mas resol-
veram ir à praia. 
 ■ Concorda com a ideia pessoas na turma.
 ■ Silepse de pessoa: Nós brasileiros somos competentes. 
 ■ O falante desse enunciado se coloca entre os brasileiros.
Caro aluno(a), diante desse estudo, podemos entender que as figuras de sintaxe 
se apoiam em recursos, como em concordar verbos com os sentidos das palavras 
e não com a forma gramatical, repetir conectivos ou omiti-los; empregar mais 
de uma palavra para referir-se a uma mesma ideia. Assim, essas figuras funcio-
nam como recursos expressivos intencionais que ocorrem na combinação das 
palavras e favorecem a construção da pluralidade de sentidos que os enuncia-
dos podem abrigar. A seguir, nós nos ocuparemos do estudo da Concordância 
Verbal e da Concordância Nominal na construção dos enunciados.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL NA 
CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS
 1ª estrofe
Fora de si
eu fico louco
eu fico fora de si
eu fica assim
eu fica fora de mim
 2ª estrofe
eu fico um pouco
depois eu saio daqui
eu vai embora
eu fico fora de si
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A letra da canção de Arnaldo Antunes, a princípio, pode nos causar estranha-
mento, devido à falta de concordância entre alguns termos. Vamos voltar ao 
enunciado para refletirmos sobre esse estranhamento?
Observe, aluno(a), que, na 1ª estrofe, em “eu fico fora de si”, há um pro-
blema de concordância nominal, ainda nessa estrofe, em “eu fica assim”, temos 
um problema de concordância verbal e em “eu fica fora de mim”, temos uma ina-
dequação referente à concordância verbal.
 Na 2ª estrofe, em “eu vai embora”, temos um problema de concordância ver-
bal, em “eu fica fora de si”, há uma inadequação referente à concordância verbal 
e nominal e, por fim, na 3ª estrofe, em “eu fica bem assim”, outro caso de pro-
blema com a concordância verbal.
Como podemos observar, caro(a) aluno(a), essa canção intitulada “Fora de 
si” é de fácil entendimento, uma vez que a temática se centra no estado de insen-
satez que se encontra o eu-lírico. 
Diante disso, podemos entender que o estranhamento causado pela falta de 
concordância entre alguns termos, constitui-se como um recurso expressivo que 
contribui para a manutenção temática desse enunciado que se desenvolve a parir 
de uma falsa incoerência que reforça a ideia de loucura de que trata a canção.
Contudo, nem sempre, a inadequação quanto à relação dos nomes com 
outros nomes e ou a relação dos nomes com o verbo será intencional, com vis-
tas a atingir efeitos de sentido. Assim, nos tópicos que seguem, traremos um 
breve estudo sobre a Concordância Nominal e a Concordância Verbal na cons-
trução dos enunciados.
Conforme Bechara (2006), a concordância nominal verifica-se em gênero 
e em número entre o substantivo e seus determinantes, como o adjetivo, o pro-
nome adjetivo, o artigo, o numeral e o particípio a que se referem.
 3ª estrofe
eu fico loco
eu fica bem assim
eu fico sem ninguém
em mim
Fonte: Arnaldo Antunes (online).
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 Ainda, segundo Bechara (2006), a concordância verbal é a que se verifica 
em número e pessoa entre o sujeito e o verbo do enunciado. Vamos às regras 
gerais e iniciaremos com a Concordância Nominal:
a. Adjetivo anteposto a nomes próprios deve sempre concordar no plural.
Exemplo: “O álbum A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana 
é um trabalho dos brilhantes: Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e 
Tony Bellotto.”
b. Quando um adjetivo atua como predicativo de um sujeito ou de objeto 
compostos, deve concordar com todos os núcleos desses termos.
Exemplo: 
 ■ Pai e filha são virtuosos.
 ■ Marido e mulher são bem-humorados.
 ■ Julguei inapropriadas sua atitude e suas palavras.
 ■ É louvável a polidez e a doçura.
 ■ São louváveis a polidez e a doçura.
c. Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais determi-
nantes no singular, podem ser usadas as construções como:
 ■ Aprecio a culinária japonesa e a italiana.
 ■ Aprecio as culinárias japonesa e italiana.
Se o predicativo do sujeito estiver anteposto ao sujeito, pode concordar apenas 
com o núcleo mais próximo. Vejamos:
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d. No caso de numerais ordinais antepostos a um único substantivo, pode-se 
usar as construções como:
 ■ Foram aprovados os estudantes do primeiro e segundo ano.
 ■ Foram aprovados os estudantes do primeiro e segundo anos.
 ■ Obrigada, disse a coordenadora aos estudantes.
 ■ O padre mesmo fez a leitura da palavra.
 ■ Ela própria deveria ter assumido o erro.
 ■ Anexos, seguem, os documentos.
As palavras MEIO, CARO, BARATO e BASTANTE, quando atuam como deter-
minantes, devem concordar com o substantivo a que se referem. Observe:
 ■ Judite não é de “meias palavras”.
Função de adjetivo. 
 ■ São peças caras as meias de compressão. 
Função de substantivo
 ■ A porta está meio aberta. 
Função de advérbio.
 ■ A conta de luz está muito cara. 
Função de adjetivo.
As palavras obrigado, mesmo, próprio e anexo concordam com o nome a que se 
referem. Vejamos:
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 ■ A inscrição do curso custou caro. 
Função de adjetivo.
 ■ Eram livros baratos. 
Função de adjetivo.
 ■ Bastantes são os motivos para eu confiar nele. 
Função de adjetivo.
Passaremos, agora, a tratar da Concordância Verbal:
a. Segundo Bechara (2006), quando o sujeito é representado por expressões 
do tipo: parte de, a maioria de, a maior parte, grande parte de e nome no 
plural, o verbo irá para o singular ou plural. Vejamos estes exemplos 
extraídos da gramática do professor Evanildo Bechara (2006, p. 557):
1. “a maior parte deles recusou segui-lo com temor do poder da regente”.
2. “e a maior parte dos esquadrões seguiram-nos”. 
Como podemos observar pelos exemplos de Bechara (2006), a con-
cordância do verbo com expressão do tipo partitiva seguida de um 
nome no plural pode ocorrer tanto no singular como no plural. 
Assim, note que, no exemplo 1, o verbo “recusar” concorda com a 
expressão “a maior parte” (valor de singularidade), já na situaçãoexpressa pelo exemplo 2, o verbo “‘seguir” concorda com o nome 
no plural, “esquadrões”.
A esse respeito, em consonância com Bechara (2006), podemos des-
tacar a posição de Cegalla (2001). Para esse gramático, quando o 
sujeito é formado por expressão partitiva (parte de, uma porção de, 
a maioria, etc.) seguida de um substantivo ou pronome no plural, 
o verbo fica no singular ou plural. Para um melhor entendimento 
sobre esse conceito, observe os exemplos que seguem:
3. “A maioria dos eleitores não aprova o governo da presidente”. 
O verbo “aprovar’” concorda com a expressão partitiva, “a maioria de”.
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4. “A maioria dos eleitores não aprovam o governo da presidente”. 
O verbo “aprovar” concorda com nome mais próximo ao verbo, 
“eleitores”. 
Diante desses exemplos, aluno(a), observe que o verbo, quando pos-
posto ao sujeito, pode ir para o singular ou para o plural, conforme 
se queira efetuar uma concordância a rigor gramatical, como pode 
ser observado no exemplo 3 (verbo concorda com o coletivo sin-
gular). Ou, ainda, pode ocorrer uma concordância expressiva, com 
a ideia de pluralidade sugerida pelo nome “eleitores” do exemplo 4.
b. Quando o sujeito for formado por expressão que indica quantidade 
aproximada, como: cerca de, mais de, perto de, menos de, seguida de 
numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo.
• Perto de mil pessoas estiveram na manifestação.
c. Quando a expressão mais de um se ligar a verbos que exprimem reci-
procidade, o plural será obrigatório.
• Mais de um fã se emocionaram com o show de Elton John na cidade 
do Rock in Rio.
d. Em caso de nomes próprios, a concordância deve ser feita conforme as 
seguintes situações:
• Se ao sujeito precede um determinante, o verbo deve ficar no plural.
• Os Titãs participaram do show de abertura no Rock in Rio 
em 2015.
• Se o sujeito é sem determinante, o verbo deve ficar no singular.
• Titãs é uma banda de rock brasileiro formada há mais de 30 anos.
e. Se o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida 
de substantivo, o verbo, normalmente, concorda com o substantivo.
• 90% dos entrevistados estão insatisfeitos com o governo do PT.
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f. Quando a expressão que indica porcentagem não for seguida de subs-
tantivo, o verbo deve concordar com o número.
• 10% desconhecem o assunto 1% desconhece o assunto.
g. Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica na 3ª pessoa.
• O senhor está bem?
h. Quando o sujeito é o pronome relativo QUE, a concordância em número 
e pessoa é feita com o antecedente desse pronome:
• Fui eu que fiz o jantar.
i. Quando o sujeito é o pronome relativo QUEM, o verbo fica na 3ª pes-
soa do singular ou a concordância com o antecedente a que se refere.
• Fui eu quem fez o jantar.
• Fui eu que fiz o jantar.
CONCORDÂNCIA DO VERBO E A PALAVRA SE
 ■ Quando é índice de indeterminação do sujeito, o SE acompanha verbos 
intransitivos, transitivos indiretos e de ligação, que, nesses casos, são 
obrigatoriamente conjugados na 3ª pessoa do singular, porque o seu 
sujeito é indeterminado.
Precisa-se de voluntários para cuidar de animais abandonados.
VTI
 ■ Quando é um pronome apassivador, o SE acompanha verbos transitivos 
diretos e transitivos diretos e indiretos na formação da voz passiva sinté-
tica. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito.
Aos domingos e feriados, alugam-se bicicletas perto do Parque.
 VTI Sujeito
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VERBOS IMPESSOAIS
 ■ O verbo haver, quando indica existência ou acontecimento, é impessoal. 
Nesse caso, deve, sempre, ficar na 3ª pessoa do singular.
Ainda, há esperança para a solução dos problemas sociais desse país.
 ■ Os verbos haver e fazer são impessoais quando indicam ideia de tempo. 
Nesse caso, devem permanecer na 3ª pessoa do singular.
Há meses não o vejo.
Faz anos que não o vejo.
 ■ Ficam na 3ª pessoa do singular — exceto o verbo ser — os verbos que 
indicam fenômenos da natureza.
Trovejou a noite inteira.
A CONCORDÂNCIA COM O VERBO SER
 ■ Quando o sujeito ou o predicativo for nome de pessoa ou pronome pes-
soal, o verbo ser concorda com a pessoa gramatical.
• Francisco era a esperança da mãe.
 Sujeito
• As alegrias daquele casal são eles, os filhos.
 Predicativo
 ■ Quando colocado entre substantivos comuns, com um no singular e outro 
no plural, o verbo ser concordará, preferencialmente, com o que esti-
ver no plural.
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• O meu interesse são os livros.
 Sujeito
• O meu interesse são estas músicas de rock antigo.
 Predicativo
 ■ Quando o verbo ser indicar horas e distância, deverá concordar com a 
expressão numérica.
• É uma hora.
• São 17 horas.
• Eram três e vinte.
• Daqui até a Faculdade, é um quilômetro/são cinco quilômetros.
 ■ Em datas, o verbo ser deve concordar com a palavra dia(s), que pode 
estar subentendida no contexto.
• Hoje é dia 6 de setembro.
• São seis dias de setembro.
Nesses tópicos, vimos que concordância, seja nominal, seja verbal, está asso-
ciada às intenções dos falantes e aos contextos em que elas ocorrem. Nos tópicos 
que seguem, nos ocuparemos com os estudos da Sintaxe de Colocação.
A SINTAXE DE COLOCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DOS 
ENUNCIADOS, 
Bechara (2006) denomina a colocação dos pronomes oblíquos átonos no enunciado 
de Sintaxe de colocação ou de ordem. A esse respeito, esse autor, assim se expressa:
“A colocação dentro de um idioma, obedece a tendências variadas, quer de 
ordem estritamente gramatical, quer de ordem rítmica, psicológica e estilís-
tica, que se coordenam e complementam. [...] (BECHARA, 2006, p. 581).
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Isso significa que a colocação dos pronomes nos enunciados, sejam verbais, não 
verbais ou mistos, está orientada ao discurso, isto é, mesmo que haja um princí-
pio sintático que rege a colocação das palavras em um determinado enunciado, 
quando um falante, por exemplo, quer dar destaque ou um sentido diferente 
àquilo que enuncia, seja na expressão escrita e ou falada, ele poderá colocar em 
primeiro plano o termo que deseja dar mais realce.
 A esse respeito, reflita sobre este texto do escritor modernista Oswald de 
Andrade.
Texto 41
A rigor gramatical, na colocação do pronome no início da oração desse texto, 
teríamos um erro, uma vez que ocorre uma quebra do princípio sintático que 
rege a combinação das palavras nos textos, no entanto o escritor modernista, 
tinha um conceito diferente sobre esse formalismo linguístico, tanto que usou 
o pronome “me” no início do verso. Esse é um recurso característico da lingua-
gem informal e faz parte de nossas práticas sociais.Afinal, você diz ao garçom 
“dê-me um suco, por favor”?
A gramática da nossa língua chama de ordem direta aquela em que os ele-
mentos linguísticos de uma oração organizam-se com um sujeito + verbo + 
complemento. Vejamos este exemplo que marca o uso adequado do pronome, 
conforme as regras da gramática normativa.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco 
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro. 
Fonte: Oswald de Andrade (online).
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Texto 42
Quando há uma alteração nessa ordem, a gramática chama de inversa que é aceita 
pela nossa gramática, contudo alguns princípios normativos devem ser obser-
vados, sobretudo no plano da expressão escrita. Esses princípios correspondem 
à colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos: me, te, se, lhe(s), o(s) a(s), 
nos, vos. Em relação ao verbo ao qual se ligam, esses pronomes podem assumir 
três posições no enunciado: Ênclise, Próclise e Mesóclise.
Ênclise: refere-se à colocação do pronome após o verbo. O emprego da ênclise 
pode ser considerada a colocação básica do pronome, pois obedece a disposi-
ção direta dos elementos linguísticos como: verbo + complemento. Vejamos 
este exemplo:
Desejo-te um ótimo final de semana!
Próclise: usa-se a próclise quando há palavras que atraem o pronome para antes 
do verbo. Quais sejam:
 ■ Partícula negativa:
Nunca nos revelou sua verdadeira identidade.
 ■ Pronome indefinido:
Ninguém nos avisou sobre o procedimento a ser adotado.
 ■ Advérbio ou locução adverbial:
Ligeiramente se levantaram os participantes após o evento.
Só de manhã me informaram sobre o ocorrido.
Eu desejo
“[...] Eu desejo que os seus dias sejam felizes
Que as suas noites sejam tranquilas
E que não lhe falte paz e amor [...]” 
(Grifo da autora).
Fonte: Pregador Luo (online).
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Não, disse-me, ele, ao recusar o trabalho e, em seguida, despediu-se.
 ■ Preposição seguida de gerúndio:
Em se tratando de maus tratos aos animais, é bom ficarmos atentos.
 ■ Pronome interrogativo, como quem, que, qual (e variações), quanto (e 
variações):
Quem me chamou?
O que lhe contaram sobre o evento?
 ■ Conjunção subordinativa ou pronome relativo em orações subordinadas:
Imaginei que conseguiria a aprovação.
Conjunção subordinativa
Mesóclise: a mesóclise ocorrerá quando o verbo estiver no futuro do presente e 
no futuro do pretérito. Desde que não haja a condição para a próclise.
A prova curricular da disciplina de Comunicação e Expressão realizar-se-á 
na sexta-feira.
Se pudesse, contar-lhe-ia o desfecho da trama.
Sugiro que vá antes, pois ninguém te informará o horário da viagem por telefone.
Uso obrigatório da próclise, uma vez que há nesse enunciado uma partícula 
negativa, apesar de constar o verbo no futuro do presente.
A seguir, temos um texto do professor Cereja (2013) que mostra a impor-
tância do uso adequado da Sintaxe de Colocação em nossas práticas sociais. 
Vamos conferir?
Caro(a) aluno(a), vimos nesse tópico que a Sintaxe de Colocação está associada 
não só aos princípios que regem a combinação sintática entre as palavras, mas 
também está associada as intenções comunicativas dos falantes e aos contextos 
Atenção! Quando houver vírgula depois de palavra negativa ou advérbio, usa-
-se a ênclise.
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de usos da linguagem. A seguir, finalizaremos esta unidade com um estudo sobre 
vícios e dificuldades de uso na linguagem.
VÍCIOS E DIFICULDADES NO USO NA LÍNGUA(GEM)
Até aqui, aluno(a), este livro trouxe à baila a importância dos elementos linguís-
ticos e extralinguísticos na construção dos enunciados, os quais constituem as 
nossas relações sociais. 
Nesse sentido, nos ocuparemos, por ora, da exposição de algumas constru-
ções e ou vícios que mais ocorrem em enunciados, como trabalhos de conclusão 
de curso, artigos científicos, relatórios, monografias, dissertações, projetos, etc.
 Como esses enunciados devem ser redigidos o mais próximo possível do 
formalismo linguístico, listaremos, a seguir, algumas inadequações que preci-
sam ser refletidas e/ou até evitadas quando se trata de estudos sistematizados.
Para que servem as regras de colocação pronominal?
Enquanto as regras de colocação pronominal vigentes se mantêm distancia-
das da prosódia brasileira, devemos conhecê-las e dominá-las a fim de em-
pregar adequadamente os pronomes sempre que as situações de interação 
verbal exigirem a produção de um texto – oral ou escrito – na norma culta 
formal da língua. Fora dessa exigência, a colocação do pronome deve seguir 
os princípios do bom –senso e da eufonia1. 
Fonte: Cereja (2013, p. 372)
1 Boa sonoridade das palavras no enunciado.
“Os que escrevem com clareza têm leitores, os que escrevem de maneira obs-
cura têm comentaristas.” (Albert Camus).
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Segundo Inácio Filho (2003), os estrangeirismos, isto é, as palavras alheias a 
nossa língua devem ser evita-
das, caso seja necessário usar 
um estrangeirismo, deve-se 
destacá-lo. Por exemplo, 
neste livro, em algumas dis-
cussões, fiz o uso da palavra 
lato sensu e strictu, por isso 
que, aqui, a elas apliquei a 
forma em itálico.
Em sua pesquisa, Inácio 
Filho, também defende a 
moderação com relação 
ao uso de neologismos e 
de palavras criadas a par-
tir do sufixo “idade”, como 
“coisidade”, “ludicidade”, 
“didaticidade”, “mineiridade”, etc.
Inácio Filho (2003), ainda, nos alerta que não convém transformarmos 
substantivos e adjetivos em verbos, como “agudizar”, “agilizar”, “minimizar”, 
“maximizar”, “priorizar”, “oportunizar”, “precarizar”, etc. Vejamos a seguir, as 
construções que, segundo Inácio Filho (2003), devem ser evitadas em trabalhos 
de natureza acadêmica:
À nível de: usa-se quando pretende-se indicar movimento, por exemplo: a 
inflação elevou-se a níveis intoleráveis. Para referir-se a uma esfera, um âmbito, 
deve-se usar “em nível de” e (variáveis).
Através de: a rigor essa construção só pode ser empregada em enunciados 
que indicam “o atravessamento de algo num meio”, por exemplo: a luz chegou 
através da porta. Quando não se tratar disso, recomenda-se: “mediante”, “por 
meio de”, “por intermédio de”.
Colocar/colocação: “colocar” significa “por”, “introduzir” e não “afirmar”, 
“propor”. Por essa razão não convém usar frases, como “segundo as colocações 
de Neves (2000)”.
Fonte: Unicesumar (online).
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Como um todo: a construção “a sociedade como um todo” é inadequada, na 
visão de Inácio Filho (2003), pois não indica uma parte da sociedade, uma fra-
ção e sim a sua totalidade. Assim, quando se quer enfatizar o aspecto de algo no 
total, use: “todo o...”, “toda a...”.
Em termos de: “expressão carente de sentido” para Inácio Filho (2003), logo, 
indispensável. Por exemplo, em um enunciado, como: “em termos de segurança 
no Brasil”, use, simplesmente, “a segurança no Brasil”.
Enquanto: indica duração, uma situaçãotemporária. Inácio Filho sugere 
que evite o uso desse termo para designar condição. Por exemplo: “eu, enquanto 
mãe...”. A rigor gramatical, se considerarmos esse termo no modo como foi 
empregado nesse enunciado, significa que, em algum momento, deixarei de ser 
mãe. Nesse caso, o recomendável seria: “na condição de mãe...”.
Ir de encontro a: chocar-se com.
Ir ao encontro de: concordar com.
Na medida em que: significa “uma vez que”, “posto que”, “já que”. Assim, não 
pode ser confundido com “à medida que” (à medida em que, uso inadequado) 
que significa “ao mesmo tempo em que”, “à proporção que”.
Onde: na linguagem coloquial, os falantes usam esse pronome relativo com 
vários sentidos, contudo, a rigor, essa palavra deve ser usada apenas para referir-
-se a lugar. Dessa forma, convém: “foi em Moçambique onde nasceu o escritor 
Mia Couto” e não “foi na obra de Mia Couto onde encontrei uma literatura afri-
cana”. Nesse contexto, recomenda-se: “foi na obra de Mia Couto que encontrei 
uma literatura africana”.
Gerundismo: tem origem em expressões usadas no âmbito do telemarke-
ting. O gerundismo faz uso do verbo “estar” acompanhado do gerúndio para 
designar uma ação futura, como: “vamos estar fazendo uma reunião na próxima 
semana”, também deve ser evitado!
Observe, no texto de Ricardo Freire, o uso em excesso do gerundismo que sig-
nifica para alguns teóricos um modismo e mau uso da língua. 
Caro (a) acadêmico (a), até aqui, objetivamos ampliar os estudos sobre o 
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formalismo linguístico, a fim de conscientizá-lo acerca do papel que esse saber 
desempenha na construção das mais diferentes realidades e na interação social.
Você tem vícios de linguagem? Se sim, faça uma reflexão sobre as situações 
em que são empregados e se esse fator impactou de forma negativa, ou 
não, nas suas práticas sociais. 
Fonte: a autora.
PARA VOCÊ ESTAR PASSANDO ADIANTE 
Este artigo foi feito especialmente para que você  possa estar recortan-
do e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não 
consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comuni-
cação moderna, o gerundismo.
Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio 
ou estar enviando pela internet. O importante é estar garantindo que a pes-
soa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela pos-
sa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da 
maneira como tudo que ela costuma estar falando deve estar soando nos 
ouvidos de quem precisa estar escutando.
Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achan-
do necessárias, de modo a estar atingindo o maior número de pessoas infec-
tadas por esta epidemia de transmissão oral.
Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando, o objetivo desse movi-
mento é estar fazendo com que esteja caindo a ficha nas pessoas que costu-
mam estar falando desse jeito sem estar percebendo. Nós temos que estar 
mostrando a nossos interlocutores que, sim! Pode estar existindo uma ma-
neira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito.
Fonte: Freire (online).
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IVU N I D A D E172
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade IV, você estudou sobre a norma da língua. Para tanto, iniciamos 
nossos estudos sobre o conceito de gramáticas como: a Gramática Normativa, a 
Descritiva e a Gramática Internalizada e suas diferentes concepções de estudo 
da língua.
Na sequência, mediante um recorte temático, trouxemos um estudo sobre 
dois tipos de gramática: a Tradicional ou Normativa e a Gramática Cognitivo-
Funcional. Por meio desse estudo, você teve a oportunidade de compreender, 
de refletir sobre como cada abordagem de gramática explica o funcionamento 
da língua e que elas não se excluem, pelo contrário, coexistem!
Por esse viés da correlação entre Gramática e Discurso, projetamos os estu-
dos sobre os Sinais de Pontuação, as Figuras de Sintaxe, um estudo sobre a 
Concordância Nominal e Verbal, o estudo da Sintaxe de Colocação (coloca-
ção pronominal) e, por fim, trouxemos um estudo sobre os usos da linguagem. 
Nesse sentido, buscamos trazer um estudo que possibilitasse o entendimento 
e reflexão sobre o funcionamento do formalismo da língua pela interface entre 
forma e função.
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1. Com base em nossos estudos sobre a importância do uso da vírgula nos enun-
ciados. Observe o enunciado a seguir e explique os sentidos possíveis com e sem 
o uso desse elemento linguístico.
Hoje não, estou com dor de cabeça. (Agora tire a vírgula).3
2. Observe o texto, abaixo e explique sobre a importância do uso da vírgula na 
construção deste enunciado:
A vírgula
Vírgula pode ser uma pausa… ou não:
Não, espere. 
Não espere. 
Pode ser autoritária:
Aceito, obrigado. 
Aceito obrigado.
Pode acusar a pessoa errada:
Esse, juiz, é corrupto. 
Esse juiz é corrupto. 
A vírgula muda uma opinião: 
Não queremos saber. 
Não, queremos saber.
Uma vírgula muda tudo.4
3. Leia este enunciado e explique o uso do verbo haver.
“Há duas formas para viver a sua vida: uma é acreditar que não existe milagre. A 
outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.” (Grifo da autora) 
Albert Einstein
3 Texto adaptado do anúncio publicitário do analgésico Aspirina. Disponível em: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.
com/236x/3d/fb/f9/3dfbf9cc4daddcb26e9fcf379e597dfc.jpg>. Acesso em 24 nov. 2015.
4 Texto adaptado de: <http://tudibao.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/05/virgula_abi-368x509.jpg>. Acesso em: 2 
nov. 2015.
A GRAMÁTICA PELA PERSPECTIVA DO FUNCIONALISMO: UM RECORTE
Nesta unidade, buscamos oferecer a você, aluno(a), um estudo do formalismo linguís-
tico à luz do Funcionalismo, mas o que significa mesmo estudar a língua pelo viés do 
Funcionalismo? Nesta unidade, trabalhamos com as noções de forma (regra) e função 
(contexto de uso particular da língua), a fim de ampliar o seu conhecimento sobre a 
relação entre o Discurso e a Gramática, a esse respeito vamos refletir sobre esta afirma-
ção da linguista e funcionalista Maria Helena de Moura Neves? “Usar a linguagem não 
constitui um fato puramente linguístico, mas cada instância de comunicação é, em pri-
meiro lugar, um evento humano, e, a partir daí social e cultural.” (NEVES, p 37, 2006). Em 
outras palavras, podemos apreender que, para essa estudiosa dos fenômenos da língua 
(gem), a Gramática só faz sentido se associada a um contexto natural de uso, o qual é 
influenciado por fatores socioculturais, isto é, o contexto natural de uso da língua (gem).
Diante disso, aluno(a), podemos entender que a Gramática será, sempre, incompleta, 
provisória, pois é no e pelo discurso (contexto efetivo de uso da língua (gem) que ela se 
mantém. É sobre essa relação da gramática com o discurso de que se ocupa a Teoria do 
Funcionalismo. 
Fonte: a autora.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Sobre a importância da vírgula, sugiro que vejam este vídeo. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=uWKpx5Ls1zg>. Acesso em: 03 set. 2015.
Além desse vídeo, também, recomendo a você, este vídeo que traz uma refl exão sobre 
a Gramática e o Discurso. Não deixe de assistir! Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=miWiuv1xT3E>. Acesso em: 02 nov. 2015.
Gramática de Usos do Português
Maria Helena de Moura Neves 
Editora: Unesp
Sinopse: Tem como objetivo possibilitar uma descrição 
do uso efetivo dos itens da língua, transformando-
se em gramática referencial do português. Prático,mas de orientação teórica defi nida, é dirigido a toda a 
comunidade de usuários do idioma, tanto para o falante 
comum, que pode obter orientação sobre o uso efi ciente 
dos recursos de sua língua, como para o estudioso do 
Português, que nele pode encontrar uma fonte de dados 
para pesquisas.
Texto e Gramática
Maria Helena de Moura Neves 
Editora: Contexto
Sinopse: Neste livro, Maria Helena de Moura Neves 
analisa processos de constituição do enunciado, dirigindo 
a atenção para a gramática, que organiza relações, 
constrói signifi cações e defi ne efeitos pragmáticos que, 
afi nal, fazem do texto uma peça em função. O que se 
pretende é esmiuçar os usos da língua natural e penetrar 
na organização real dos enunciados para avaliá-los sob 
os diversos níveis e ângulos que envolvem a atividade. 
Funcionalismo, predicação, referenciarão, polarização e 
modalização, junção são alguns dos assuntos abordados nesta obra essencial para alunos de Letras 
e professores de Português, dos diversos níveis.
MATERIAL COMPLEMENTAR
A Língua das Coisas
Ano: 2010
Sinopse: Em um sítio, distante de tudo, vivem o menino 
Lucas e seu avô. O avô só sabe a língua do rio, dos bichos 
e das plantas. Lucas está cansado da rotina e das histórias 
inventadas pelo avô, que diz pescá-las no rio: palavra por 
palavra. Um dia, a mãe de Lucas vem buscá-lo para morar 
na cidade. Mesmo contrariado, o avô o encoraja a ir para 
aprender a falar língua de gente. Na escola, a nova língua 
não entra na sua cabeça, não cabe. E, para piorar, ele começa 
a escrever uma língua inventada, só dele. Todos pensam 
que ele tem um parafuso a menos. Em seguida, sua mãe 
recebe a notícia da morte do avô. De volta ao sítio, Lucas 
corre em desespero na esperança de encontrá-lo, na ilusão 
daquela notícia ser uma história inventada. Mas não é. Desolado, ele se senta à margem do rio e 
sem se dar conta, dezenas de palavras são trazidas pela correnteza.
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Professora Me. Fátima Christina Calicchio
SEMÂNTICA, GRAMÁTICA E 
COMUNICAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conceituar, compreender e refletir sobre a importância dos 
operadores argumentativos nos enunciados.
 ■ Conceituar, compreender e refletir sobre a importância da 
modalização nos enunciados.
 ■ Identificar os implícitos nos enunciados.
 ■ Identificar as funções da linguagem.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Operadores argumentativos e os enunciados 
 ■ A modalização e a construção dos enunciados 
 ■ Os implícitos (não-ditos) nos enunciados 
 ■ Figuras de linguagem nos enunciados
INTRODUÇÃO
Chegamos à última unidade desta disciplina. O percurso teórico e prático que 
realizamos até aqui visou possibilitar a você reflexões sobre a relação existente 
entre a linguagem e contexto e, para esta quinta unidade, continuaremos nos-
sos estudos pelo viés da concepção de linguagem como atividade de interação. 
Assim, organizamos esta unidade da seguinte maneira:
Primeiramente, apresentaremos um estudo sobre os operadores argumen-
tativos na construção dos enunciados. 
Em um segundo momento, vamos nos ocupar dos estudos da relação dos 
elementos linguísticos que constituem a modalização nos enunciados. 
Na sequência, apresentaremos um estudo sobre as informações que emergem 
na organização dos enunciados, isto é, as relações implícitas que um enunciado 
pode revelar. 
E, para fechar esta unidade, apresentaremos um estudo sobre as figuras de 
linguagem. Para tanto, reivindico a relevância dos estudos de teóricos do campo 
da linguística textual de do campo da perspectiva funcionalista da linguagem.
Introdução
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OPERADORES ARGUMENTATIVOS E OS 
ENUNCIADOS 
Em nossos estudos, até aqui, vimos que nos-
sas relações por meio da linguagem estão 
calcadas na pluralidade da língua, decor-
rentes das diferentes práticas sociais, isto 
é, não usamos a linguagem, simplesmente, 
para expressar nossos pensamentos, tam-
pouco apenas a usamos como um veículo 
de informação. 
Quando interagimos por meio da lin-
guagem objetivamos atingir determinados 
propósitos e, para tanto, fazemos uso dos 
recursos comunicativos que o sistema linguís-
tico nos dispõe. Sobre a linguagem como forma de ação, vejamos esta reflexão 
de Koch (2013, p. 29):
Quando interagimos através da linguagem (quando nos propomos 
a jogar o “jogo”), temos sempre objetivos, fins a serem atingidos; há 
relações que desejamos estabelecer, efeitos que pretendemos causar, 
comportamentos que queremos ver desencadeados, isto é, pretende-
mos atuar sobre o(s) outro(s) de determinada maneira, obter dele(s) 
determinadas reações[...].
Grosso modo, podemos entender que, para Koch (2013), a linguagem é inerente-
mente, argumentativa, isto é, toda vez que falamos, argumentamos. Isso significa 
que a gramática de uma língua dispõe de elementos linguísticos que têm a fun-
ção de determinar o modo como o que é dito deve ser compreendido. 
Esses elementos são denominados pela Semântica argumentativa de 
Operadores argumentativos que são os responsáveis pelo encadeamento dos 
enunciados ao estruturá-los e determinar a sua orientação discursiva, ou seja, a 
maneira como deve ser compreendida determinada informação em um enunciado.
A Semântica Argumentativa propõe uma lista de elementos linguísticos que 
possuem força argumentativa como:
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a. Elementos que assinalam o argumento mais forte de uma escala para uma 
conclusão: até, mesmo, até mesmo, inclusive. Veja!
Observe a força que a palavra mesmo marca neste enunciado!
Fonte: Unicesumar (online).
Segundo a Semântica Argumentativa, há também, a possibilidade de os elementos 
“A apresentação foi coroada de sucesso, pois estiveram presentes: personalida-
des do mundo artístico, pessoas influentes no meio político e esteve presente 
a Presidente da República.” (grifo da autora)
Fonte: adaptado de Koch (2013).
“A apresentação não teve sucesso: a Presidente não compareceu, nem as pes-
soas de influência no meio político e nem mesmo personalidades do mundo 
artístico.” (grifo da autora)
Fonte: adaptado de Koch (2013).
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linguísticos direcionarem o discurso ao assinalarem o argumento mais fraco, 
como ao menos, pelo menos, nem, nem mesmo, no mínimo.Vejamos:
b. Operadores que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão ou 
argumentos que fazem parte de uma mesma classe argumentativa: e, tam-
bém, ainda, nem (= e não), não só, mas também, tanto... como, além de..., 
além disso..., a par de..., etc.
Observe algumas possibilidades de formular enunciados com esses recursos 
linguísticos:
 ■ Francisco é o melhor candidato, pois tem boa formação, experiência e bom 
relacionamento interpessoal.
 ■ Francisco é o melhor candidato, pois não só tem boa formação, mas tam-
bém experiência e um bom relacionamento interpessoal.
 ■ Francisco é o melhor candidato porque, além de ter boa formação, tem expe-
riência no cargo; e também/ainda tem um bom relacionamento interpessoal.
 ■ Francisco é o melhor candidato: tanto tem boa formação, como experiência 
no cargo,além disso/a par disso, tem um bom relacionamento interpessoal.
c. Operadores que introduzem uma conclusão relativa a argumentos apresen-
tados em enunciados anteriores: portanto, logo, por conseguinte, pois, por 
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isso, em decorrência, consequentemente, etc.
Fonte: Unicesumar (online).
 Vejamos outras formulações possíveis com base nesse enunciado:
 ■ Todos nós enfrentamos batalhas diariamente. Portanto/logo, seja gentil 
com as pessoas, você não conhece as batalhas que elas enfrentam. 
d. Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclu-
sões diferentes ou opostas: ou, ou então, quer...quer, seja... seja, etc.
Observe a força argumentativa marcada pelo operador ou então na canção de 
Gilberto Gil.
e. Operadores que estabelecem relações de comparação entre elementos, com 
vistas a uma dada conclusão: mais que, menos que, tão... como, do que, etc. 
Neste enunciado, o operador argumentativo “do que” tem a função de guiar a 
compreensão do discurso para uma conclusão.
Estrela
[...] O contrário também 
Bem que pode acontecer 
De uma estrela brilhar 
Quando a lágrima cair 
Ou então 
De uma estrela cadente se jogar 
Só pra ver 
A flor do seu sorriso se abrir[...]
Fonte: Gilberto Gil (online).
“Aceitai o meu ensino, e não a prata; e o conhecimento, antes do que o ouro 
escolhido. Porque melhor é a sabedoria do que joias, e de tudo o que se deseja 
nada se pode comparar com ela.” (Pv 8,10-11).
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VU N I D A D E184
f. Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação sobre o enun-
ciado anterior: porque, que, já que, pois, etc.
Fonte: Unicesumar (online).
g. Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões con-
trárias: mas (porém, contudo, todavia, no entanto, etc.), embora (ainda que, 
posto que, apesar [que], etc.).
Texto 43
 “Somos donos dos nossos atos 
mas não donos dos nossos sentimentos. 
Somos culpados pelo que fazemos 
mas não pelo que sentimos.  
Podemos prometer atos,  
mas não podemos prometer sentimentos. 
Atos são pássaros engaiolados.  
Sentimentos são pássaros em voo.[...]
Fonte: Rubem Alves.
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Texto 44
Segundo Koch (2013), os operadores do grupo do mas e do grupo do embora 
possuem funcionamento com valores semânticos que se aproximam, uma vez 
que eles opõem argumentos de perspectivas diferentes que orientam para uma 
conclusão contrária. 
A diferença entre esses grupos relaciona-se a estratégias argumentativas uti-
lizadas pelo falante. Por exemplo: quando o falante usa operadores do grupo do 
mas, emprega a estratégia do suspense, pois ele cria uma expectativa de conclu-
são em seu interlocutor e, depois, introduz o(s) argumento(s) que guiará(ão) o 
interlocutor à conclusão.
Observe o exemplo do Texto 43: nesse enunciado, o autor lança uma expec-
tativa, isto é, cria um suspense na mente de seu interlocutor em “Somos donos 
de nossos atos[...]” para depois, por meio do operador mas romper essa ideia 
de suspense.
No caso do grupo do operador embora, há uma estratégia argumentativa 
que funciona de forma contrária ao grupo do mas. Ao empregar o embora, o 
falante faz uso da estratégia da antecipação dos argumentos, isto é, anuncia pre-
viamente que o argumento será anulado. 
 Observe o exemplo do texto 44, em “Embora o candidato se tivesse esforçado”, 
nessa porção de texto, o falante faz uma antecipação sobre o que vai acontecer 
com o candidato, ou seja, a não aprovação. Então, com o uso do operador argu-
mentativo embora, há uma quebra de expectativa já no início do enunciado.
Diante dessa reflexão, aluno(a), podemos entender que tanto o operador do 
grupo mas quanto o operador do grupo do embora possuem forças argumen-
tativas que podem guiar o discurso para conclusões contrárias.
Embora o candidato se tivesse esforçado, não conseguiu a aprovação.
SEMÂNTICA, GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
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VU N I D A D E186
Até aqui, vimos que os operadores argumentativos funcionam não apenas como 
organizadores sequenciais dos enunciados, mas também funcionam como ele-
mentos que orientam as sequências argumentativas dos discursos, isto é, possuem 
marcas que direcionam como aquilo que é dito deve ser compreendido, a fim de 
convencer o outro. Nos tópicos que seguem, vamos nos ocupar de outro recurso 
linguístico que revela a linguagem como forma de ação: a modalização.
A MODALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DOS 
ENUNCIADOS
Quando enunciamos, fazemos uso de estratégias discursivas que podem levar 
o(s) nosso(s) interlocutor(es) à persuasão, uma vez que todo enunciado é per-
meado de marcas linguísticas que nos permitem avaliar a intenção comunicativa 
dos falantes. Essas marcas linguísticas são denominadas de modalização. A 
respeito da modalização, Neves (2000, p. 244), explica que:
 [...] compõe uma classe ampla de elementos que têm como carac-
terística básica expressar alguma intervenção do falante na defini-
ção da validade e do valor de seu enunciado: modalizar quanto ao 
valor de verdade, modalizar quanto ao dever, restringir o domínio, 
Koch (2013) destaca a importância do estudo dos operadores argumen-
tativos que pertencem aos grupos do “‘mas” (operadores adversativos) e 
do “‘embora” (operadores concessivos) como elementos favoráveis à pro-
gressão textual. Vejamos estes exemplos extraídos de (KOCH, 2013, p. 91): 
“aguardava, ansiosa, o momento da partida. Aflita, aproximou-se da janela. 
Mas a chuva persistia.” (operador adversativo). “Embora nada tivesse de seu, 
nunca reclamava e era feliz.” (operador concessivo). Grifos da autora.
Fonte: a autora.
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definir a atitude e, até, avaliar a própria formulação linguística. 
Isso significa que, nós, falantes, ao enunciarmos, estamos sempre avaliando, 
julgando em busca de influir sobre o comportamento do(s) nosso(s) interlocu-
tor(es) com vistas a evidenciar como aquilo que foi dito deve ser compreendido. 
Como podemos perceber, caro(a) aluno(a), a modalização tem como quadro 
teórico a linguagem como atividade de interação/ação. Nesse sentido, os estudos 
sobre a modalização têm como fundamento teórico a visão funcionalista da lin-
guagem que considera a língua como um instrumento que determina relações 
comunicativas entre os falantes e que a gramática da língua deve ser estudada 
ao interligar a Sintaxe, a Semântica e a Pragmática.
O estudo sobre a modalização é complexo, ora porque variam o campo de estudo, 
ora porque variam as orientações teóricas e, ainda, ora porque se privilegia um 
tipo ou outro de modalização. 
Para a discussão desse tópico, nesta unidade, optamos pelas modalidades 
Epistêmica, Deôntica e Atitudinal. Ressaltamos que, a cada noção que a moda-
lidade materializa, subjaz um elemento linguístico que nos permite evidenciar 
a intenção do falante. 
Comecemos pela Modalidade Epistêmica. Esta localiza-se no eixo do conhe-
cimento do enunciado do falante e exprime o grau de certeza em relaçãoaquilo 
que é enunciado. Segundo Neves (2010, p. 160) “modalidade epistêmica é a força 
com que o falante acredita na veracidade de uma proposição [...]”.
Conforme Neves (2010), os graus básicos da modalidade Epistêmica que a 
língua oferece para marcar os graus do possível são parafraseados em:
Usar a língua significa realizar ações. A ação verbal constitui uma atividade 
social, efetuada por indivíduos sociais, com o fim de realizar tarefas comuni-
cativas, ligadas com a troca de representações, metas e interesses. 
Fonte: Koch (2013, p. 18).
SEMÂNTICA, GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
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VU N I D A D E188
 ■ É absolutamente possível que o convite seja enviado.
 ■ É indiscutivelmente possível que o concite seja enviado.
 ■ É bem possível que o convite seja enviado.
 ■ É possível que o convite seja enviado.
 ■ Seria possível que o convite fosse enviado.
 ■ É muito possível que o convite seja enviado. 
 ■ Seria muito pouco possível que o convite seja enviado.
 ■ É quase impossível que o convite seja enviado.
 ■ Seria quase impossível que o convite seja enviado.
A modalidade Epistêmica pode ser:
a. Subjetiva: o falante se envolve com o valor de verdade de seu enunciado. 
b. Objetiva: o falante se distância do comprometimento com o valor de ver-
dade de seu enunciado. A esse respeito, Neves (1996, p. 179) explica que:
No extremo da certeza, há um enunciador que avalia como verdadeiro 
o conteúdo de seu enunciado, apresentando-o como uma asseveração 
(afirmação ou negação), sem espaço para dúvida e sem relativização. 
Por outro lado, muitos enunciados oferecem um discurso com marcas 
do possível e, no entanto, contêm elementos gramaticais que, em prin-
cípio, confirmam certeza ao enunciado. 
Diante da exposição de Neves (1996), podemos entender que o grau de certeza 
expresso no enunciado permite ao falante dar credibilidade ao seu discurso, sem 
espaço para dúvida ou relativização. Vejamos: 
É absolutamente possível que o convite seja enviado.
Nesse enunciado, podemos perceber a atuação do modalizador epistêmico 
marcado pela expressão absolutamente possível que funciona como um recurso 
para revelar o grau de certeza do falante com o que foi dito, uma vez que esse 
falante apresenta o seu enunciado como uma afirmação, logo, não abre espaço 
para dúvida.
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Mesmo em enunciados construídos em primeira pessoa, o falante ganha 
credibilidade ao situar seu enunciado no campo do gradual e do possível, haja 
vista que, nesse tipo de atuação do modalizador epistêmico, o falante se distân-
cia do comprometimento com o valor de verdade do enunciado, ao exprimir 
uma não certeza. Vejamos este exemplo para um melhor entendimento da atu-
ação desse modalizador:
Eu acho que o convite será enviado.
Algumas expressões que exprimem não certeza são: acho que, penso que, 
parece-me, tenho a impressão que, eu acredito que, etc. 
Segundo Neves (2012), há, ainda, outra possibilidade de o falante eximir-se da 
responsabilidade com o valor de verdade de seu enunciado, por meio de expres-
sões que atribuem a responsabilidade do fato expresso a uma fonte externa, isto é, 
a terceiros, como: afirma, diz que, disseram, entre outras. Observe este exemplo:
Dizem que o convite virá!
Vimos que, por meio da modalização, um mesmo enunciado pode ser moda-
lizados por diferentes expressões linguísticas, como: certos advérbios ou locução 
adverbial: talvez, provavelmente, certamente, possivelmente, etc.
Quem recebeu o convite necessariamente confirmará a presença.
Quem recebeu o convite deverá confirmar a presença.
Quem recebeu o convite tem de confirmar a presença.
Nesses exemplos, verifica-se que, ao conteúdo do enunciado, foi acrescentado, 
por meio do elemento modalizador, sob qual perspectiva ele deve ser entendido.
Passaremos, agora, a tratar do estudo da modalidade deôntica. Vimos que, na 
modalidade epistêmica, os elementos linguísticos incidem no nível da avaliação 
do falante, isto é, do seu julgamento, juízo de valor em relação a um determinado 
fato possível. De maneira diferente, na modalidade deôntica, o nível de incidên-
cia é outro, está na própria ação do falante. 
De acordo com Neves (2010), a modalidade deôntica caracteriza-se por ele-
mentos que exprimem obrigações, proibição e permissões. Diferentemente, da 
modalidade epistêmica que marca grau do possível até o impossível. Na modali-
dade deôntica, o grau é marcado do absolutamente obrigatório até o permitido. 
A modalidade deôntica é classificada por Neves (2010) em dois tipos:
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VU N I D A D E190
a. Obrigação moral, interna, ditada pela consciência, como em:
 Temos que admitir: o convite será enviado.
b. Obrigação material, externa, ditada por imposição de circunstâncias 
externas, como em:
Aqueles que receberam o convite, têm por obrigação confirmar a presença até o 
prazo determinado pelo evento.
Um mesmo enunciado pode ser modalizado por meio de vários elementos 
linguísticos de diferentes tipos, como vimos até aqui, e uma dessas possibilida-
des é o caso dos verbos dever e poder, a esses verbos podem atribuir em um 
mesmo enunciado um valor epistêmico ou um valor deôntico. 
O verbo “poder” pode significar capacidade/habilidade/permissão ou uma 
simples possibilidade. O verbo “dever” pode significar obrigação, ordem ou uma 
simples necessidade, de acordo com o enunciado. A esse respeito, observe os 
enunciados que seguem:
 Os convidados podem apresentarem em traje social (exprime uma 
possibilidade, valor epistêmico).
Os convidados devem apresentarem em traje social (exprime uma 
obrigação, valor deôntico).
Como mencionamos neste tópico, além dos modalizadores epistêmicos que expri-
mem possibilidades, o deôntico que marca uma obrigação do falante, existem, 
também, os modalizadores que marcam uma atitude ou estado psicológico do 
falante. Os exemplos que seguem foram retirados de um estudo sobre a atuação 
da modalização em enunciados de autoajuda. Vejamos:
[...] Devemos abrir a boca para abençoar o nosso irmão, para 
adorarmos ao Senhor. Mas, infelizmente, muitos têm sido des-
truídos pela falta de sabedoria. [...] (CALICCHIO, 2010, p. 713).
Nesse exemplo, podemos observar que o modalizador marcado pelo adver-
bio infelizmente não assinala o modo como o falante desse enunciado fala. De 
maneira diferente, nesse contexto, o adverbio, revela uma atitude do autor desse 
enunciado ao envolver-se emotivamente, ao que parece, lamenta o fato de as pes-
soas não bendizerem as outras e louvarem a Deus.
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Podemos, ainda, destacar a existência de modalizadores delimitadores que 
marcam o domínio dentro do qual um enunciado deve ser entendido. Para Neves 
(2000), os modalizadores delimitadores estabelecem os limites das afirmações e 
das negações. Isso significa que esse modalizador define o âmbito que o enun-
ciado deve ser compreendido.
Politicamente, ele ganhou credibilidade.
Esse exemplo põe em relevo, mediante o modalizador, como devemos com-
preender a maneira como o falante, que pressupomos ser uma autoridade do 
meio político, ganhou credibilidade, consideração. Isso significa que o modali-
zador criou uma delimitação sob a qualperspectiva o interlocutor deve fazer a 
leitura desse enunciado.
Os estudos da modalização, aqui realizado, a partir de um olhar teórico 
funcionalista, evidenciou que os elementos linguísticos estão à disposição das 
intenções comunicativas dos falantes, isto é, a linguagem é uma estrutura maleável 
que se organiza de forma constante conforme as necessidades comunicativas. No 
tópico seguinte, nos ocuparemos do estudo sobre os implícitos nos enunciados.
OS IMPLÍCITOS (NÃO-DITOS) NOS ENUNCIADOS
O conceito de implícito que adotamos para esta disciplina delineia-se a partir 
da concepção que é no enunciado, pelo enunciado e 
com o enunciado que a linguagem se torna uma ati-
vidade de interação. 
Assim, a noção de implícito em um enunciado está 
presente pelo não-dizer, pelo silêncio ou pela ausên-
cia, isto é, um sentido implícito pode ser entendido 
como um sentido que fica em torno de uma deter-
minada discussão porque ele não vem explicitado 
no enunciado. A esse respeito, vejamos as palavras 
de Orlandi (2009).
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VU N I D A D E192
Consideramos que há sempre no dizer um não-dizer necessário. Quan-
do se diz “x”, o não-dito “y” permanece como uma relação de sentido 
que informa o dizer de “x”. Isto é, uma formação discursiva pressupõe 
uma outra: “terra” significa pela sua diferença com “Terra”, “com co-
ragem” significa pela sua relação com “sem medo” etc. Além disso, o 
que já foi dito, mas já foi esquecido tem um efeito sobre o dizer que 
se atualiza em uma formulação. Em outras palavras, o interdiscurso 
determina o intradiscurso: o dizer (presentificado) se sustenta na me-
mória (ausência) discursiva. (ORLANDI (2009, P. 83-84).
Em outras palavras, isso sugere que todo enunciado se constitui não só pelo que 
é marcado explicitamente, mas também se constitui pelo sentido não-marcado 
explicitamente, isto é, o sentido que está posto gramaticalmente e pelo sentido 
que não está posto explicitamente, mas carrega sentido que são capazes de esta-
belecer outros sentidos ao enunciado. Veja o exemplo do texto 45
Texto 45
O enunciado do texto 45 chama-nos a atenção não só pela mensagem que veicula 
por meio das palavras, mas o que está pressuposto é que, antes, se fazia com-
pras no Paraguai. Além desses dois, um que está posto e o outro pressuposto 
(não dito, mas presente), há também aquele que emerge desses dois sentidos, 
que seria o não-dito. 
COMPRAS NO PARAGUAICOMPRAS NO PARAGUAI
1994 - 20151994 - 2015
Adeus. Sentiremos muito a 
sua falta. Saudades eternas
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No caso desse contexto, a razão que deu origem a “morte” metafórica das 
compras no Paraguai, por exemplo, constitui-se como a possível causa daquilo 
que está subentendido (implícito). Esse não-dito sugere ao leitor/interlocutor 
que a causa poderia ser a alta do dólar. Esse fator seria o motivo para que as pes-
soas não fossem mais ao Paraguai para fazer compras.
Orlandi (2009) explica que há outras maneiras de se trabalhar com os implí-
citos em um enunciado. Trata-se do silêncio. Essa linguista explica que há o 
silêncio fundador, esse conceito indica que o sentido sempre pode ser outro. E 
o silenciamento que subcategoriza-se em: 
 ■ Silêncio constitutivo – uma palavra apaga outras palavras (para dizer é 
preciso não-dizer). Vejamos este exemplo!
Texto 46
Fonte: Unicesumar (online).
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VU N I D A D E194
Conforme Orlandi (2009), “para dizer é preciso não dizer”, então podemos enten-
der que, no exemplo do texto 46 há um não-dito ou silêncio constitutivo que diz 
”coragem!”. Essa ideia é confirmada pelo elemento não linguístico, isto é, pela 
imagem de um felino e exatamente esse não-dito provocou o efeito de sentido 
desse enunciado, que, ao ver dessa autora, trabalha com a noção de incentivo, 
pois não teríamos o mesmo efeito de sentido com a paráfrase “vai. Coragem!”, 
por exemplo.
 ■ Silêncio local - é a censura, o que se proíbe dizer em uma determinada 
esfera discursiva. Em outras palavras, é aquilo que faz um sujeito não-
-dizer o que poderia dizer. Para ilustrarmos esse conceito, vejamos o 
exemplo do texto 47.
Texto 47
No caso do enunciado do texto 47 temos um exemplo de silenciamento local. 
Podemos entender que a banda, ao dizer “A gente quer a vida como a vida 
quer[...], está silenciando: nós, cidadãos, queremos e merecemos ter os nossos 
direitos respeitados, considerados. 
Comida
Bebida é água 
Comida é pasto 
Você tem sede de que? 
Você tem fome de que? 
A gente não quer só comida, 
A gente quer comida, diversão e arte 
A gente não quer só comida, 
A gente quer saída para qualquer parte, 
A gente não quer só comida, 
A gente quer bebida, diversão, balé 
A gente não quer só comida, 
A gente quer a vida como a vida quer [...]
Fonte: Titãs (online).
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Podemos destacar, ainda, nessa canção dos Titãs, que em: “A gente quer 
comida, diversão e arte” foi silenciado outro dizer: nós queremos ter direito ao 
trabalho que nos proporcionará o nosso alimento do corpo e, também, o alimento 
da dignidade de termos acesso à cultura, à educação. Esse recurso é responsável 
pelo efeito de sentido dessa canção.
 Diante desse estudo, aluno(a), podemos entender que o não–dizer (implícito) 
defendido pela Semântica Argumentativa é um fator importante na atribuição 
de sentidos de um enunciado.
A seguir, vamos nos ocupar dos sentidos possíveis que as figuras de linguagem 
podem possibilitar.
FIGURAS DE LINGUAGEM NOS ENUNCIADOS
Vimos, na unidade IV deste livro, a importâncias das figuras de Sintaxe na cons-
trução dos enunciados. Neste tópico, trataremos das figuras de linguagem, também 
na construção dos enunciados. Há situações comunicativas que fazem uso das 
palavras em sentido conotativo para atingirem seus propósitos de comunicação. 
A esse respeito, Fiorin (2006, p. 65) assim se expressa:
O silêncio é signo de confiança. E se a linguagem atravessa a verdade com a 
máscara da neutralidade é porque ela é palco e aí cabem outras representa-
ções. Por que não a do compromisso com o seu tempo e com a sua gente? 
Fonte: KOCH (2008, p. 6).
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VU N I D A D E196
A linguagem autoriza toda sorte de alterações de significado, de 
violações semânticas, quando ultrapassam as fronteiras estabele-
cidas entre o animado e o inanimado, o humano e o não huma-
no, o concreto e o abstrato, etc. 
Como podemos observar pelas palavras de Fiorin (2006) e pelo exemplo do texto 
48 a seguir, as figuras de linguagem podem e são empregadas com um sentido 
novo, diferente para tornar os enunciados mais expressivos e refletir aquilo que 
os falantes querem dizer. As figuras de linguagem são:
Metáfora: consiste no emprego de um termo com um significado do habi-
tual, com base em uma relação similaridade entre o sentido próprio e o sentido 
conotativo. Portanto, a metáfora implica em uma comparação em que o conec-
tivo comparativo fica subentendido. Vamos a um exemplo!
Texto 48
Podemos observar que Rubem Alves, nesse texto, empregou uma linguagem 
conotativa, isto é, figurada,que é aquela diferente do sentido do dicionário, a 
fim de atingir um sentido mais amplo para o seu enunciado. Nesse contexto, 
Rubem Alves faz uma comparação subentendida entre o sujeito (mulher) e um 
tecido. Podemos entender, por meio desse recurso linguístico, que o poeta quis 
aproximar as características de um tecido que se faz por vários fios à mulher.
Comparação: é a figura de linguagem que consiste no emprego de uma pala-
vra no sentido de aproximar dois seres em razão de alguma semelhança existente 
entre eles de tal modo que as características de um sejam atribuídas ao outro. 
Observe este exemplo.
[...] A amada é um tecido de sensações e fantasias[...] ” (Uma lembrança, 
Rubem Braga, online).
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Texto 49
Observe que, nesse exemplo, o eu-lírico faz uma comparação ao aproximar o 
termo “amor” a “raio” pela semelhança, de modo que as características do “amor” 
sejam atribuídas ao “raio”. Note, aluno(a), que essa comparação foi feita de modo 
explicitado pelo conectivo como.
Metonímia: é uma forma de comparação, contudo essa comparação se dá 
pela substituição de um termo por outro mais adequado a uma situação comu-
nicativa. A metonímia ocorre quando se emprega:
 ■ O efeito pela causa e vice-versa. Alcançou seus objetivos graças ao seu 
próprio suor (suor = efeito; causa = esforço).
 ■ O autor pela obra. Adoro ler Rubem Alves (ler o livro, a obra de Rubem 
e não o Rubem Alves).
 ■ O continente pelo conteúdo. Consumiram muitas caixas de chocolate 
(consumiram os chocolates e não as caixas).
 ■ A marca pelo produto. Preciso ir ao mercado comprar Bom Bril (com-
prar a palha de aço, pois Bom Bril é a marca).
 ■ O concreto pelo abstrato: respeite os meu cabelos bancos (respeitar a 
idade).
 ■ O lugar pelo produto. O noivo, em sua festa de despedida de solteiro, 
ofereceu Havanas aos amigos (Havanas, charuto produzido em Havana).
 ■ A parte pelo todo. Falta amor para tirar tantos animais abandonados das 
ruas (faltam pessoas, voluntários).
 ■ O singular pelo plural. O brasileiro é muito receptivo (o povo brasileiro, 
os brasileiros).
 ■ A matéria pelo objeto. Tenham cuidado com meus cristais (algum mate-
rial de cristal, como copos, taças, brinquedos, etc.).
Faltando um pedaço
[...]O amor é como um raio galopando em desafio Abre fendas cobre vales, 
revolta as águas dos rios [...] (Djavan, online).
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Antítese: consiste no uso de palavras com sentidos opostos para construir um 
novo sentido.
Texto 50
Observe que a antítese aparece no sentido expresso pela palavra “longa” em opo-
sição ao sentido da palavra “curta”.
Paradoxo: consiste na afirmação de algo aparentemente contraditória verda-
deiro, mas que apresenta uma contradição logica. Vejamos o exemplo do texto 51.
Texto 51
Muitas vezes, o produtor de um enunciado quer expressar uma oposição muito 
mais forte que a antítese chega ao nível da oposição de ideias, contudo essa opo-
sição é lógica. Podemos observar essa contradição lógica nos versos em destaque 
na canção de Lulu Santos. Veja em: Tudo o que cala fala mais alto ao coração. 
Apesar do emprego de elementos que se excluem como: algo que cala, mas fala 
mais alto, se fundem e criam um efeito expressivo nesse contexto.
Hipérbole: o exagero é usado para dar ênfase a uma determinada situação. 
Vejamos.
Uma noite longa
Pra uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar[...]
Fonte: Paralamas do Sucesso (online).
Certas coisas
[...] Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração
Silenciosamente eu te falo com paixão[...]
(Lulu Santos, online).
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Texto 52
Observe que, no exemplo do texto 52, o autor, com a intenção de mostrar a ideia 
de cansaço extremo, exagera ao dizer que precisa dormir por três dias. Merece 
destaque, também, o uso do verbo precisar no gerúndio. Esse emprego funciona 
como ênfase a ideia de exagero do autor, uma vez que o gerúndio tem ideia de 
continuidade.
Eufemismo: trata-se do uso de um termo que intenciona suavizar uma ideia. 
Vamos a um exemplo para um melhor entendimento dessa figura de linguagem.
Texto 53
O uso da expressão colhido pela morte nesse enunciado do texto 53 é um bom 
exemplo da figura de linguagem eufemismo, pois essa expressão causou menos 
impacto do que se tivesse usado, por exemplo, esta paráfrase: que aos 66 anos 
morre em... Assim, entende-se a opção dos editores do livro de Mattoso Câmara 
pela expressão colhido pela morte, haja vista que, de fato, ela suavizou a ideia da 
morte do pesquisador Mattoso.
[...] Ficaram prontas apenas duas partes da obra. Mas, como partes, foram 
revisadas e dadas como definitivas pelo Autor que aos 66 anos, foi colhido 
pela morte no dia 4 de fevereiro de 1970.[...] 
Fonte: Mattoso Câmara (2008, p. 8 – grifos da autora).
PRECISANDO DAQUELA
DORMIDINHA BÁSICA
DE UNS TRÊS DIAS...
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Ironia: recurso usado para obter um efeito humorístico ou crítico por meio 
de um termo em sentido oposto ao usual. Reflita sobre a ironia neste exemplo:
Texto 54
Observe que a ironia fica marcada no início do primeiro verso pela expressão: 
vamos celebrar, haja vista que os motivos elencados pelo compositor não carac-
terizam como situações convencionais para celebração, ora, celebramos a uma 
conquista, por exemplo. E os motivos que Renato Russo expõe nos versos dessa 
música fazem referência a problemas sociais que merecem atenção. Assim, o 
uso da expressão Vamos celebrar, nesse contexto, configura-se como uma ideia 
contrária ao que, de fato, poderíamos inferir, por exemplo, que essa canção da 
banda Legião Urbana, revela uma crítica, não só as autoridades, mas também 
à sociedade.
Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir sentimentos e ou ações 
humanas a seres ou objetos inanimados.
Perfeição
[...] Vamos celebrar nossa justiça 
A ganância e a difamação 
Vamos celebrar os preconceitos 
O voto dos analfabetos 
Comemorar a água podre 
E todos os impostos 
Queimadas, mentiras 
E sequestros...[...]
Legião Urbana (online).
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201
Texto 55
Observe que, no título dessa canção da Trupe, O Teatro Mágico, há o emprego 
da prosopopeia, pois foi atribuído uma ação de um ser animado, que é o ato de 
dormir, a um sentimento, como o medo. Também há o emprego da prosopopeia 
no 3º verso desse excerto em: E o medo nos acorda... Para e bate o coração. Aqui, 
também foram atribuídas ações, como “acordar”, “fazer parar” e “fazer bater” o 
coração que são características dos seres humanos e não do termo medo.
Chegamos ao fim desta unidade. Esperamos, até aqui, termos contribuído 
para a ampliação do seu conhecimento a respeito da relação entre os elementos 
linguísticos em seus contextos concretos de uso.
Durma, medo meu
[...]Às vezes um “não sei” 
Janela, madrugada, luz tardia 
E o medo nos acordaPára e bate o coração[...]
Fonte: O Teatro Mágico (online).
SEMÂNTICA, GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E202
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo estudo da Semântica, Gramática e Comunicação, objetivamos trazer con-
ceitos para que você possa não só compreender, como também refletir sobre os 
elementos que extrapolam o limite dos textos. Assim, trouxemos, primeiramente, 
um estudo sobre a importância dos operadores argumentativos nos enunciados e 
vimos que esses elementos funcionam como recursos argumentativos que auxi-
liam no processo de interação verbal.
Posteriormente, buscamos apresentar um estudo da atuação da modalidade 
nos enunciados. Mediante esse estudo, vimos que a modalização é um recurso 
linguístico que está orientada ao discurso e constitue-se como elementos reve-
ladores das intenções dos falantes. 
Na sequência, trouxemos um estudo sobre os implícitos nos enunciados, 
nesse tópico, evidenciamos a importância dos não-ditos, nas palavras de Orlandi 
para a atribuição de sentidos em um determinado enunciado.
Por último, apresentamos um estudo sobre o conceito e o funcionamento 
das figuras de linguagem na construção dos enunciados. Por meio desse estudo, 
evidenciamos que os produtores dos enunciados fazem o uso das palavras em sen-
tido conotativo para conferir mais expressividade àquilo que é dito, enunciado.
203 
1. Leia este texto e faça o que se pede.
A Cegueira do Amor
Todos os sentimentos dos homens, reunidos num lugar da terra, tiveram 
uma ideia:  
Vamos brincar de esconde-esconde?  
A curiosidade sem poder conter-se perguntou:  
Esconde-esconde?  
O que é isso?  
É um jogo, explicou a loucura, em que eu fecho meus olhos, conto até 100 
enquanto vocês se escondem.  
Quando eu terminar começo a procurá-los, e o primeiro que eu encontrar 
ocupa o meu lugar no jogo.  
 
O entusiasmo dançou, a alegria deu tantos saltos que acabou convencendo 
a dúvida e até a apatia, que nunca se interessava por nada.  
Mas nem todos participaram.  
A verdade preferiu não se esconder.  
A soberba opinou que era um jogo muito tolo e a covardia preferiu não se 
arriscar.  
 
Um, dois, três...  
Começou a contar a loucura.  
A primeira a se esconder foi a pressa...  
A fé subiu ao céu e a inveja se escondeu atrás da sombra do triunfo, que 
com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.  
O esquecimento... Não me recordo onde se escondeu...  
 
Quando a loucura estava lá pelo número 99, o amor ainda não havia achado 
lugar para se esconder...  
Até que encontrou um roseiral e decidiu ocultar-se entre as rosas.  
 
- 100! Terminou de contar a loucura. E começou a busca. A primeira a apare-
cer foi à pressa.  
Depois escutou a fé...  
Num descuido encontrou a inveja e, claro, pôde deduzir onde estava o 
triunfo. 
O texto A Cegueira do Amor foi estruturado pelo uso de uma figura de lin-
guagem. Assim, identifique e explique a importância dessa figura na 
construção desse enunciado.
2. Nesta unidade, vimos um estudo sobre os tipos de gramáticas. Nesse sen-
tido, para você, aprender a Gramática Normativa é importante? Justi-
fique sua resposta.
A dúvida foi mais fácil ainda.  
Encontrou-a sentada numa cerca sem decidir em que lado se esconder.  
E assim foi encontrando a todos:  
O talento, nas ervas frescas;  
A angústia numa cova escura...  
Apenas o amor não aparecia.  
 
Quando a loucura estava quase desistindo encontrou um roseiral, pegou 
uma forquilha e começou a mover os ramos.  
No mesmo instante ouviu-se um doloroso grito.  
Os espinhos tinham ferido o amor nos olhos.  
A loucura não sabia o que fazer para se desculpar...  
Chorou, rezou, implorou e até prometeu ser seu guia.  
 
Desde então o amor é cego e a loucura sempre o acompanha.1 
1 Disponível em: <http://gshow.globo.com/programas/mais-voce/v2011/MaisVoce/0,,MUL1443621-10354,00-
A+CEGUEIRA+DO+AMOR.html>. Acesso em: 24 nov. 2015.
205 
3. Vimos, nesta unidade, que os implícitos (não-ditos) funcionam como recur-
so expressivos do produtor de um determinado enunciado. Dessa forma, 
analise o enunciado, abaixo, a partir do conceito de silenciamento 
constitutivo.
Fonte: Unicesumar (online).
UMA REFLEXÃO SOBRE OS IMPLÍCITOS
Nesta unidade, falamos sobre a importância dos meios linguísticos para, prover a você 
um estudo sobre os sentidos que estão à margem do enunciado, isto é, os sentidos 
implícitos, contudo esse estudo apenas serviu como ponto de partida para um estudo 
mais especifico sobre a Semântica do texto. Em vista disso, convido-o a refletir sobre 
esta exposição de Koch (2008):
À semântica do texto cabe explicar a representação da estrutura do significado de um 
texto ou de um segmento deste, particularmente as relações de sentido que vão além 
do significado das frases [...]. (KOCH, p. 10, 2008)
Para Koch (2008), à Semântica do texto, cumpre o papel de mostrar que, além da signifi-
cação explicita, há toda uma gama de significações implícitas diretamente relacionadas 
às intenções dos falantes, ou seja, é por meio desse nível que emergem os efeitos de 
sentido que um produtor pretender provocar no seu interlocutor. 
Ainda, é nesse nível que a sua atitude de leitor do e no mundo se revelará com maior ou 
menor grau de engajamento com relação aos enunciados que (re)produz, a maneira, en-
fim de como você representa a si mesmo, ao outro e ao mundo por meio da língua (gem). 
Assim, saliento a importância de você, acadêmico(a), tornar-se sensível a apreender a sig-
nificação profunda dos enunciados, a fim de (re)construí-los e/ou (re)inventá-los.
Fonte: a autora.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
No link a seguir, você encontrará um pouco mais a respeito dos operadores argumentativos. Confi ra! 
Disponível em:
<http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/viewFile/14438/9570>. Acesso 
em: 02 nov. 2015.
Para ampliar o seu conhecimento sobre a Modalização, sugiro que leia este artigo que se encontra 
disponível em:
 <http://www.cch.ufv.br/revista/pdfs/vol7/artigo4vol7-1.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2015.
Análise de Discurso: Principios e Procedimentos
Eni P. Orlandi
Editora: Pontes
Ano: 2009
Sinopse: Este livro apresenta um estudo sobre o funcionamento 
da linguagem. Os fundamentos da análise de discurso ao 
apresentar as concepções teóricas e os procedimentos analíticos 
para a sua compreensão. Assim, este livro apresenta refl exões 
sobre as relações entre o homem, a natureza e a sociedade 
na história. Pelo discurso, lugar de produção de sentidos e de 
processos de identifi cação dos sujeitos, esta obra pode possibilitar uma melhor compreensão sobre 
a interpretação na relação do homem com a sua realidade. Não só os que se dedicam aos estudos 
da linguagem, mas todos aqueles que, no campo das ciências humanas e sociais, confrontam-se 
com a articulação entre o simbólico e o político terão, neste livro, uma apresentação segura sobre 
o modo de tratar a linguagem como prática social e histórica.
na história. Pelo discurso, lugar de produção de sentidos e de 
MATERIAL COMPLEMENTAR
Introdução a Linguística Textual: Tragetória e 
Grandes Temas
Ingedore Grunfeld Villaça koch
Editora: WMF Martins Fontes
Ano: 2009
Sinopse: Nesta obra, Ingedore G. V. Koch dedica-se, em 
primeiro lugar, a traçar a trajetória da Linguística Textual 
desde sua origem até nossos dias, bem como a assinalar 
as mudanças de rumo que sofreu durante esse percurso, 
encaminhando-a para o estágio em que atualmente se 
encontra. Em um segundo momento, a autora procede a um 
levantamento dos principais temas que vêm constituindo o 
centro de interesse dos pesquisadores da área, com o intento de familiarizar os leitores com os 
tipos de questionamento que hoje caracterizam a Linguística Textuale que permitem, inclusive, 
fazer projeções quanto ao seu futuro.
O Leitor
Ano: 2008
Sinopse: Na Alemanha pós-2ª Guerra Mundial, o adolescente 
Michael Berg (David Kross) se envolve, por acaso, com Hanna 
Schmitz (Kate Winslet), uma mulher que tem o dobro de sua idade. 
Apesar das diferenças de classe, os dois se apaixonam e vivem 
uma bonita história de amor. Até que um dia Hanna desaparece 
misteriosamente. Oito anos se passam e Berg, então um interessado 
estudante de Direito, se surpreende ao reencontrar seu passado de 
adolescente quando acompanhava um polêmico julgamento por 
crimes de guerra cometidos pelos nazistas.
O fi lme “O leitor” é um bom exemplo para refl etirmos sobre os 
sentidos que emergem dos enunciados, cujas signifi cações 
fundamentam-se nas relações entre o homem e a sua realidade.
CONCLUSÃO
209
Neste livro, apresentamos os principais eixos que podem permear uma disciplina 
que tem a linguagem e a comunicação como ponto de partida para as mais diver-
sas práticas sociais. Por esse viés, na unidade I, apresentamos um estudo sobre as 
concepções de língua (gem), também, nessa unidade, destacamos um estudo sobre 
os tipos de linguagem, as variações linguísticas e objetivamos com esse estudo evi-
denciar que o uso da linguagem deve adaptar-se às situações comunicativas.
Na unidade II, objetivamos mostrar o funcionamento da linguagem e, para isso, 
apresentamos os princípios teóricos sobre a relação entre a linguagem e a comuni-
cação. Além disso, trouxemos um estudo sobre as funções da linguagem na cons-
trução dos enunciados, o processamento da leitura, para tanto, o nosso trabalho se 
desenvolveu a partir de um movimento entre a teoria e sua aplicação, a fim de le-
vá-lo a um melhor entendimento sobre a importância do processamento de leitura.
Na unidade III, apresentamos um estudo sobre a importância do conhecimento do 
formalismo da língua para as nossas práticas sociais. Para isso, buscamos proporcio-
nar-lhe a compreensão e reflexão sobre a importância da ortografia, da acentuação 
e da escrita em nossas práticas sociais. Ainda nessa unidade, trouxemos um estudo 
sobre a semântica na construção dos enunciados.
 Na unidade IV, apresentamos, também, um estudo do formalismo linguístico, con-
tudo esse estudo foi abordado com a intenção de trabalhar a forma aliada à função. 
E, por fim, na unidade V, o foco recai sobre a Semântica, Gramática e Comunicação. 
Para tanto, ocupamo-nos dos estudos dos Operadores Argumentativos, da Modali-
zação. Vimos, também, nessa unidade, um estudo sobre os Sentidos Implícitos nos 
enunciados. Fechamos a unidade V com um estudo sobre as Funções da Linguagem 
na construção dos enunciados.
Esperamos que este estudo, aqui, apresentado sirva-lhe de ponto de partida para 
a busca de mais conhecimento sobre a nossa língua (gem) e o seu funcionamento.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
211
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GABARITO
215
GABARITO
UNIDADE I
1. 
a) Para essa concepção, a linguagem tem a função de representar/refletir o 
pensamento do homem e o seu conhecimento de mundo.
b) A função da linguagem é, apenas, de transmitir informações.
c) Essa concepção considera a linguagem como forma de ação ou intera-
ção do homem no e com o mundo.
2. B
3. Espera-se que o aluno apresente um texto que responda a pergunta do 
comando. Para tanto, ele pode apresentar uma reflexão sobre a língua (gem) ao 
evidenciar, por exemplo, que reconhecer e respeitar as Variações Linguísticas 
podem ser um sinal de sabedoria e cultura, ainda, o aluno pode argumentar 
que o reconhecimento, que o respeito às variedades que uma língua apresenta 
pode constituir-se como fator para uma interação de forma bem-sucedida, 
nas práticas sociais de uso da língua (gem) de nossa sociedade.
UNIDADE II 
1. Função Conativa ou Apelativa, uma vez que o emissor (locutor) tem a inten-
ção de induzir o receptor (alocutário) a adquirir um produto ou contratar um 
serviço anunciado, por exemplo. Nesse sentido, o propósito é interferir no 
comportamento do interlocutor. É comum, nos enunciados em que predo-
mina essa função, a ocorrência de verbos no imperativo, isto é, que expressam 
ordem, desejo, apelo, conselho. Além disso, é comum a utilização de vocativos, 
que identificam diretamente o interlocutor a quem a mensagem é endereçada.
2. Segundo Koch (2013) o Conhecimento de mundo é armazenado em nossa 
memória sob a forma de modelos mentais, que são conjuntos de informações 
sobre determinado assunto. São culturalmente determinados e aprendidos por 
meio da vivência em sociedade. Assim, esse conhecimento tem um papel muito 
importante no processo de atribuição de sentidos a um texto, pois se um texto 
GABARITO
216
abordar um assunto do qual o leitor não tem conhecimento de nada adianta o 
conhecimento linguístico, por exemplo, pois o texto não seria compreendido. 
Dessa forma, quanto mais conhecimento, quanto maior acervo cultural, 
maior o poder de leitura de um indivíduo e capacidade de atribuição de 
sentidos aos enunciados.
3. Espera-se que o aluno perceba a importância do papel do leitor que, em inte-
ração com o texto, atribui-lhe sentido, ao considerar não só as informações 
gramaticalmente constituídas, como também o que está implicitamente suge-
rido. O aluno pode, por exemplo, explicar que está implícito (não-dito) nessa 
imagem sugere uma leitura, ter foco, ter coragem, dentre outras possibilida-
des de leitura, sempre com base no princípio de que a atribuição de sentidos 
não se restringe tão somente ao texto, mas também, está na interação entre 
o autor-leitor-texto e extratexto como os conhecimentos linguísticos, enci-
clopédicos e o sociointeracional.
UNIDADE III
1. 
Alforje canjica Jenipapo Jiboia
Pajé biju acarajé Jirau
Fonte: adaptado de Cereja (2013). 
Observação: Todas as palavras são grafadas com a letra J
2. Use X ou ch na atividade que segue:
enxergar flecha piche
enxoval brecha chuchu
enchente coxa puxar
taxa (valor) colcha caxumba
tacha (prego) xingar enxerido
Fonte: adaptado de Ferreira (1992).
GABARITO
217
3. Espera-se que o aluno reconheça o grau de Ambiguidade que se fundamenta 
em duas possibilidades: na primeira, poderíamos entender que há uma 
família, cujos membros possuem mudez. Nesse sentido, poderíamos fazer 
a seguinte paráfrase: Família, cujos, membros são mudos, estão vendendo 
tudo. A outra possibilidade seria marcada pelo verbo mudar. Assim teríamos 
esta paráfrase: Família mudou-se e, por esse motivo, vendeu tudo. Portanto, 
se acrescentássemos o conectivo ‘e’, por exemplo, nesse enunciado tornarí-
amos- o mais preciso, claro e evitaríamos um problema de Ambiguidade.
UNIDADE IV
1. Esse enunciado permite-nos duas interpretações:
a) Hoje não, estou com dor de cabeça.
b) Hoje não estou com dor de cabeça.
Observe que no enunciado em (a) com o uso da vírgula, o falante rejeita algo 
com a justificativa de que está com dor de cabeça. No contexto em que esse 
enunciado está, sugere-nos que o falante não fez uso do analgésico. Já no 
contexto do exemplo (b) se tirarmos a vírgula, esse enunciado nos permite 
inferir que o falante não está com dor de cabeça, porque, provavelmente fez 
uso do analgésico. (Aspirina)
2. Não, espere. (Neste enunciado, há um pedido para que o interlocutor espere.)
Não espere. (Já neste, o pedido é que o interlocutor não espere.)
Aceito, obrigado. (Neste primeiro enunciado, sugere-se que o falante deseja 
algo.)
Aceito obrigado.( Neste o falante aceita algo, mas por imposição)
Esse, juiz, é corrupto. (Neste enunciado, acusa-se alguém ao juiz.)
Esse juiz é corrupto. (Já neste enunciado, o juiz é acusado.)
Não queremos saber. (Neste primeiro enunciado tem-se a ideia de um grupo 
de pessoas não querem ler.)
Não, queremos saber.(Neste segundo enunciado, há a ideia de um grupo 
quer ler.)
GABARITO
218
3. O sentido é de existir, pois conforme as regras de concordância dos verbos 
impessoais, devem permanecer na 3ª pessoa do singular (exceto o ver ser)
UNIDADE V
1. Esse enunciado foi estruturado a partir da figura de linguagem, prosopopeia, 
pois os sentimentos e as qualidades que figuram no enredo têm caracterís-
ticas humanas.
2. Resposta pessoal. O aluno pode manifestar sua opinião favorável, ou não, o 
aprendizado da gramática normativa. Para tanto, o aluno pode fundamen-
tar sua discussão em uma das concepções de gramática e linguagem que 
estudamos neste material.
3. O aluno deve fundamentar a sua análise do conceito defendido por Orlandi 
(2009), a qual explica que “para dizer é preciso não dizer”, então, o aluno, 
pode explicar, por exemplo, que nesse enunciado, há um não-dito ou silên-
cio constitutivo que se revela quando no enunciado se diz: “Sorria”, quer 
dizer, ‘não fiquetriste, afinal é sábado/ ‘final de semana’. Assim, o acadê-
mico pode evidenciar que houve um apagamento da palavra “triste” para 
significar a palavra “Sorria”.

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