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Criação de Municipios

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Criação Municípios 
O Município é um ente da federação. Ele tem a tríplice capacidade.
Ele se auto organiza - ele se organiza pela sua lei orgânica. 
O Município tem competências legislativas próprias, portanto auto normatização.
Tem competências matérias, administrativas e tributarias próprias; por isso que ele se auto administra. 
E também se auto governa ao eleger o seu próprio prefeito e os vereadores da câmara municipal. 
Assim como os Estados eu também posso ter a criação de novos Municípios e isso está disciplinado no § 4 do artigo 18.
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
Da mesma forma que vimos com o Estado eu tenho todo um procedimento para que isso aconteça. E as possibilidades ou fenômenos existentes no caso são exatamente os mesmos; ou seja:
- Os municípios podem se incorporar entre si, ocorrendo ali uma fusão, nesse caso os municípios que existiam antes perdem a sua personalidade jurídica e surge um município completamente novo, com personalidade jurídica própria.
- Eu posso ter a subdivisão - cisão - em que eu tinha um Município que ao se subdividir ele deixa de existir, ele perde a sua personalidade jurídica e surge dois Municípios completamente novos, cada qual com personalidade jurídica própria, com novo prefeito, com uma nova câmara municipal. 
- Eu posso também ter o desmembramento formação, em que um pedaço de um Município deixa de fazer parte dele. Contudo o Município continua existindo com seu prefeito, com sua câmara municipal; mas forma-se um outro município completamente novo, que vai ter um novo prefeito, uma personalidade jurídica própria, a sua câmara municipal.
- E por fim o desmembramento anexação, em que o pedaço de um município deixa de fazer parte dele e passa fazer parte de outro município. Aqui é uma mudança meramente territorial; em termos de personalidade jurídica, de prefeito, de câmara municipal, nada vai mudar, tudo vai continuar igual ao que era antes.
Quem pode criar um novo município é a lei estadual.
A competência legislativa para criar municípios é da Assembleia Legislativa do Estado.
Só que os Estados, as Assembleias Legislativas não podem simples e puramente fazer uma lei estadual criando os municípios que bem entender, porque aqui assim como aquela lei complementar federal que cria os estados ela tem que observar certos pressupostos. 
A lei estadual é a que cria, só que para essa lei estadual ser feita, antes eu preciso de 3 coisas. 1) eu preciso de uma lei complementar federal estabelecendo o período de criação dos Municípios. Então a lei complementar federal estabelece o período de criação dos municípios. 2) eu preciso de um estudo de viabilidade municipal. Eu preciso ver se aquela localidade vai ter condições de efetivamente ter autonomia de se auto governar, de se auto administrar, de se auto normatizar. 3) eu tenho que ter o plebiscito com a população dos municípios envolvidos.
- Se tudo isso acontecer aí é que o Estado vai aprovar a lei estadual. Aí a assembleia legislativa tem que aprovar, se é lei estadual - maioria simples - e o governador tem de sancionar, promulgar e publicar.
Se essa lei estadual for feita sem a lei complementar federal estabelecendo período, ou sem o estudo de viabilidade, ou sem plebiscito...qualquer um que faltar já era .... Essa lei estadual vai ser inconstitucional.
O município se organiza por lei orgânica. 
A lei orgânica tem que ser aprovada pela câmara municipal do município. 
Quórum : 2/3 - 2 turnos - Com interstício ( intervalo) mínimo de 10 dias . Pode ser um pouco mais? Pode. Mas pelo menos 10 dias entre o primeiro e o segundo turno. 
Lei orgânica não é exercício de poder constituinte decorrente. Lei orgânica não é constituição. Então eu nunca posso falar no controle de constitucionalidade da lei municipal a luz da sua lei orgânica; o que eu tenho ali é um controle de legalidade. Assim como um decreto tem que obedecer a lei senão ele vai ser um decreto ilegal, a lei municipal tem que obedecer a lei orgânica senão ela vai ser uma lei ilegal. 
A lei orgânica está subordinada a duas constituições - aquela ideia do constitucionalismo dual próprio das federações. O município tem duas constituições pra obedecer. Ele tem que observar a constituição estadual e a constituição federal.
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior:                             
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até 100.000 (cem mil) habitantes;                         
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;           
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes;                         
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;                              
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;              
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) habitantes.                       
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.                             
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:                              
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;                           
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou                                
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.                
* Tudo que fala de vereador na constituição é sempre com base no número de habitantes.
Número de eleitores não se confunde com número de habitantes. Porque os eleitores são apenas facultativamente aqueles brasileiros maiores de 16 anos, obrigatoriamente os maiores de 18 anos desde que alfabetizados - os analfabetos são facultativo...e após os 70 anos também é facultativo. Então eu posso ter um município com 5 mil habitantes, mas que eu tenha apenas 2 mil eleitores.
O prefeito é julgado no tribunal de justiça. Ele tem um fórum por prerrogativa de função. 
Tem um detalhe aqui que não está na constituição, mas é uma construção doutrinaria e jurisprudencial. *Se eventualmente for uma situação de competência da justiça federal . Exemplo: O prefeito recebeu uma verba federal e ele embolsou essa verba ao invés de aplicar no município - ele desviou uma verba federal. Nesse caso Ele vai responder na justiça federal; ele vai ser julgado pelo tribunal regional federal.
Os vereadores tem imunidade material, inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos. 
Iniciativa popular é possível no município por 5% do eleitorado municipal.
Uma questão importante diz respeito ao prefeito assumir outro cargo. Se o prefeito assumir outro cargo ele perde o seumandato a não ser que seja posse por concurso público ... O prefeito fica afastado do cargo público efetivo, mas ele vai poder optar pela remuneração de prefeito ou do seu cargo efetivo. 
No caso do governador é diferente. Se o governador tem um cargo público e ele assume como governador ele vai ter a remuneração de governador e fica afastado do cargo público. 
Vereadores. Tomando posse como vereador ele não pode ter outro cargo, mas se for cargo efetivo pode. Além dele poder optar pela remuneração ele também pode continuar no seu cargo se houver compatibilidade de horário.
O município não tem poder judiciário. O município só tem 2 poderes, o legislativo e o executivo. 
A constituição estabeleceu que os municípios não podem criar tribunais de contas. A partir de 1988 nenhum município pode criar um tribunal de contas. Mas acontece que antes do 1988 existiam alguns municípios que já tinham tribunal de contas -SP e RJ ; então os municípios que já tinha continuaram com os seus tribunais de contas ...porque a constituição não proibiu o município de ter , ela proibiu de criar ...então quem já tinha continuou e quem não tinha não pode criar.
Quem já tinha é o tribunal de contas municipal que vai auxiliar o legislativo municipal - a câmara - a fazer o controle externo do executivo. E os municípios que não tinham, como é que faz isso? Resposta: Nesse caso o tribunal de contas estadual é quem vai auxiliar as câmaras municipais a fazer o controle externo do executivo.
Lembrando que o Tribunal de contas não tem nada a ver com o poder judiciário. O tribunal de contas é um órgão administrativo que auxilia o legislativo com o controle externo das contas.

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