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Fisiologia Humana Secreções digestivas

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Secreções digestivas: 
A primeira secreção digestiva em que o bolo alimentar vai entrar em contato é a saliva. A saliva é produzida por 3 glândulas salivares:
Glândulas sublinguais (que ficam abaixo da língua, e possui vários ductos de secreção na base da língua); 
Glândula submandibular que fica abaixo escondida pelo arco da mandíbula;
Parótidas, mais superiormente e localizadas também próximo à mandíbula, mas em contato com o osso temporal aonde tem a abertura pra passagem do meato acústico externo.
 A parótida ela é afetada pelo vírus da caxumba, que também infecta vários tecidos, mas especialmente essa glândula gerando aquele aspecto de papo típico da infecção de caxumba. Apesar disso, a parótida não é a glândula principal, as glândulas submandibulares e sublinguais representam a maior secreção de saliva.
 As parótidas têm sobreposição de saliva na parte superior da boca, e as submandibulares tem um ducto que vem se depositar uma de cada lado no início do freio da língua, esse ducto se consegue até ver no espelho.
Essas glândulas são serosas e mucosas. A saliva como um todo é produto da atividade dessas 3 glândulas. 
Particularmente a produção de saliva é regulada basicamente pelo sistema nervoso autônomo, nervos autonômicos inervam as glândulas.
 Você tem ramos simpáticos e parassimpáticos indo para as glândulas. Obviamente o mecanismo de liberação de saliva é um reflexo nervoso. 
No caso da saliva, diferente das outras glândulas, a produção não é regulada por hormônios digestivos, ela vai ser regulada simplesmente pela atividade do sistema nervoso simpático e parassimpático. Tanto o sistema nervoso simpático como o parassimpático estimulam as glândulas, a secreção mucosa e as proteínas da saliva. Só que, enquanto que o simpático estimula a vasoconstricção e redução do fluxo sanguíneo, o parassimpático estimula a vasodilatação. 
O parassimpático promove vasodilatação das glândulas salivares. É uma exceção porque parassimpático não inerva vaso, e o simpático estimula a vasoconstricção. Então, apesar de ambos estimularem a parte proteica da saliva, a restrição do fluxo sanguíneo faz com que a secreção do simpático em termos de volume seja reduzida.
 A saliva estimulada pelo simpático tem menos água, tem mais vasoconstricção e menos sangue chegando. É uma saliva mais concentrada, mais viscosa, é a saliva do estresse. O simpático é adrenérgico, via noradrenalina, a estimulação do simpático é adrenérgica, então na hora do estresse e com a liberação da adrenalina e noradrenalina, você estimula a produção de saliva, mas é uma saliva completamente expeça, com menor quantidade de água. O componente líquido diminui.
Já a saliva do parassimpático, pela vasodilatação, aumenta o fluxo sanguíneo e a saliva é muito mais aquosa, tem muito mais componente líquido. A saliva parassimpática é uma saliva digestiva, é a saliva estimulada principalmente pela estimulação mecânica da cavidade oral, que faz o reflexo parassimpático ou por estimulação límbica. Quando você sente o cheiro de uma comida ou vê um alimento gostoso ou quando ouve falar de um alimento gostoso, você pode estimular as glândulas via parassimpático aumentando a liberação de saliva. 
Existe uma resposta antecipatória, antes de receber o alimento a secreção já começa a aumentar. 
Alimentos ácidos estimulam mais frequentemente a produção de saliva.
O volume de saliva depende da hidratação do corpo, se você estiver bem hidratado vai produzir mais saliva. Em média se produz um litro de saliva por dia, e essa saliva você engole. 
O ressecamento da boca gera sede, então a diminuição da produção de saliva induz o processo de sede, é um dos mecanismos de indução da sede.
Uma característica interessante da saliva é que ela é sempre hipotônica em relação ao plasma, as outras secreções que a gente vai falar normalmente são isotônicas (tem a mesma concentração do plasma). A saliva é hipotônica principalmente por conta do processo de reabsorção que acontece nos túbulos salivares, nos ductos das glândulas. A saliva é produzida pelos chamados ácinos (a parte secretora glandular), que são chamados de ácinos da glândula. 
A parte proteica e a parte liquida ta sendo produzida nos ácinos, só que ao passar pelos ductos essa saliva ela é modificada, e parte disso acontece por reabsorção. Essas células do ducto reabsorvem íons que foram produzidos nessa saliva primária que é a saliva que sai dos ácinos. A saliva que sai dos ácinos é muito parecida com o sangue, é isotônica, mas ao passar pelos ductos tem reabsorção de sais e a saliva acaba ficando hipotônica.
Todos os componentes da saliva estão sendo secretados pelo ácinos, mas conforme ela vai passando pelo ducto, esse ducto vai reabsorvendo íons principalmente sódio. 
Em relação ao potássio a concentração se inverte, tem-se a secreção de potássio que depois aumenta. Mas se você pensar na redução de sódio, ele é muito maior do que o aumento de potássio e com isso consequentemente a osmolaridade da saliva cai conforme ela caminha pelo ducto, ou seja, a saliva sempre fica hipotônica em relação ao plasma. 
Só saliva é assim, a secreção gástrica ou a secreção pancreática são todas isotônicas, a saliva não, a saliva é sempre hipotônica.
As funções da saliva estão associadas aos seus componentes. A saliva é formada basicamente por água, varia de 97% a 99% de água entre uma saliva simpática e uma saliva parassimpática. 
Quando eu falo de saliva simpática e parassimpática estou me referindo a uma saliva que foi estimulada pelo simpático e uma saliva estimulada pelo parassimpático, a do simpático tem menos água.
 As duas enzimas digestivas na saliva importantes são:
A amilase salivar também conhecida como ptialina;
Lípase;
 A amilase salivar digere carboidrato, então a quebra do carboidrato já começa na boca. Depois esse processo vai ser impedido por desnaturação quando essa amilase salivar é deglutida e chega ao estômago, mas enquanto esse processo ainda está no meio alcalino ela normalmente tá ativa, começando a digestão de açúcar e carboidrato.
Enzimaticamente você tem uma reserva funcional que produz muito mais enzimas do que você precisa. Você tem amilase na boca, e digestão de carboidrato na boca, mas se você não pegar o alimento e jogar no estômago direto você continua tendo amilase em outros lugares que vão ser completamente capazes de digerir todos os carboidratos possíveis que seriam digeridos.
Tem-se um pleonasmo enzimático, em que você tem um excesso, pois também vai ter uma amilase produzida no pâncreas. Além da amilase a gente tem uma lípase que digere triglicerídeos, chamada de lipase lingual. Então, a digestão de gordura também começa na boca, não é muito eficiente, mas já começa pela boca, a eficiência mesmo vai acontecer lá no intestino. 
Então, na boca você já tem a digestão de gordura e de carboidrato. Além disso, têm-se enzimas que são ou bacteriostática ou que são bactericidas, por exemplo, a lisozima que promove a perfuração da parede bacteriana (bactericida) ou a lactoferrina que diminui o crescimento bacteriano devido ao ferro.
Além do papel digestivo da saliva, tem-se também o papel imunológico. Você encontra, por exemplo, anticorpos na saliva que opsonizam e impedem uma infecção bacteriana.
Além das enzimas, a saliva possui muco que é um polissacarídeo chamado de mucina, esse muco dá viscosidade a saliva que é importante pra funcionar como um lubrificante que favorece a deglutição.
A saliva tem papel importante no favorecimento da deglutição por conta dessa ação lubrificante dos mucopolissacarídeos. Além disso, esse componente aquoso ainda vai exercer outra função relevante que é a capacidade de solubilizar substancias. 
A solubilização das substancias é importante na estimulação das papilas gustativas, então a salivação também favorece a degustação. 
A dissolução das substancias contidas no alimento pela saliva vai permitir que essas substâncias entrem em contato com os receptores das papilas gustativas gerando os sinais do paladar que é um componente relevantepra degustação. Gustação na verdade é o somatório de varias sensações diferente, a gustação não é só língua e paladar, o paladar é um dos componentes da gustação. Mas a gustação envolve sensibilidade térmica, sensibilidade tátil da boca, e do olfato. O que fica volátil você consegue perceber pelo olfato que é muito mais rico na percepção olfativa do que a percepção gustativa, mas o componente aquoso da saliva é fundamental nesse processo da percepção gustativa. 
A saliva lubrifica o alimento pra facilitar a deglutição, protege imunologicamente a cavidade oral e os dentes, promove a digestão de carboidrato e lipídeo e facilita a transcrição gustativa.
Esôfago: não tem nada! Tem apenas uma peristalse que empurra o conteúdo para o estômago, mais nada além disso. Quando chega ao estômago que a gente encontra outra secreção digestiva extremamente importante que é chamada de suco gástrico.
 O suco gástrico ele é produzido pelo próprio tecido epitelial, pelo próprio epitélio do estômago. A glândula gástrica é definida pela própria organização do tecido epitelial do estômago.
 Diferente da saliva, em que você tinha ácinos formando um conglomerado glandular, no estomago é o próprio epitélio, se olharmos a histologia do estomago podemos ver que a mucosa gástrica dele é toda dobrada com ondulações.
 Essas ondulações vão formar paredes estreitas, onde essas paredes são a glândula gástrica. Se eu cortar o estômago, terá nos dobramentos da mucosa umas cavidades. A parte superior (superficial) do estômago não tem secreção, são células epiteliais de revestimento, então não é glandular, a parte glandular é a parte interna. 
Então, cada uma invaginação pode ser considerada uma glândula gástrica. É o próprio epitélio que secreta as substancias. O epitélio do estômago não é todo igual, as células não são iguais, você tem na superfície células de revestimento e células de reserva (células de reserva são células com grande capacidade mitótica, porque o estomago lesa o tempo todo e esse epitélio tem que ser altamente regenerativo, então tem essas células ainda não são diferenciadas com grande capacidade mitótica que formam as células de revestimento). Tem gente que divide a glândula gástrica em istmo (a entrada) cólum (o meio) base (final), e você vê vários tipos de celulares diferentes transitando no sentido de frequência, onde você tem mais de um tipo de célula gástrica no corpo (istmo) e outros tipos de célula mais localizada em baixo.
A primeira célula que é frequente na glândula gástrica são as chamadas células mucosas. As glândulas mucosas são altamente produtoras de muco. Então, um dos componentes do suco gástrico é o muco. O muco como está sendo produzido na parte superior tende a se projetar para o lúmen do estomago, e vai literalmente formar um tapete sobre essa superfície do estômago, e ele acaba tendo um papel protetor. 
O estomago é revestido de muco porque os outros componentes do suco gástrico são altamente lesivos, então esses componentes não podem entrar em contato com as células senão ele vai detonar a mucosa. Tem gente que detona a mucosa por infecção bacteriana, as lesões mucosas às vezes são tão graves que furam o epitélio, tecido conjuntivo, músculo, e fazem um furo no estomago, então essa secreção ela tem que ser isolada da parede do estômago, e ela é isolada pelo muco. No centro de cada uma dessas glândulas eu tenho, a secreção ta sendo produzida e saindo por aquele ponto e você acaba fazendo com que a parte central não seja ocupada pelo muco, e têm-se pequenos poros de secreção dentro de cada uma das glândulas gástricas, ou seja, o conteúdo produzido em baixo (na glândula) tem como sair mas uma vez saindo por produção ele não vai entrar em contato com o resto do epitélio de superfície, porque em cima cria-se completamente uma barreira. É como se eu tivesse um estomago coberto de muco, mas no ponto de saída de cada uma das glândulas eu tenho uma abertura, o conteúdo sendo produzido lá em baixo vai sair por essa abertura, mas não vai entrar em contato como o epitélio porque tudo esta coberto de muco. Então, se você não quer ter lesão no estomago tem que ter necessariamente um bom estabelecimento da produção desse muco pelas células mucosas.
Quando você desce mais um pouquinho no estômago você começa a entremear as células mucosas, e começa a encontrar um outro tipo de célula, são chamadas de células oxínticas ou parietais. A célula oxíntica é a célula que a partir do bicarbonato produz H+.
 O CO2 mais a ÁGUA podem ser convertidos em bicarbonato (em ácido carbônico e depois vai degradar em bicarbonato+ H+), existe uma enzima que cataliza isso chamada nidrase carbônica, o bicarbonato vai pro sangue enquanto que o H+ é bombeado em uma bomba de prótons que joga esse H+ pra fora, interior da glândula.
 Além disso, também se faz um transporte onde se reabsorve potássio e secreta cloro, e aí fora da célula é formado um ácido chamado de ácido clorídrico. Então um dos componentes da secreção gástrica é o ácido clorídrico produzido pelas células oxínticas. O ácido clorídrico serve para: 
Desnaturar proteínas: aquelas proteínas que estão todas enoveladas, as ligações peptídicas no meio do enovelamento são atingidas pelas enzimas, devolvem aquela conformação da proteína a sua estrutura primária, tornando linear aquela proteína para poder expor aquelas ligações peptídicas pra as enzimas atuarem. Então, esse processo de desnaturação pelo ácido clorídrico é extremamente importante.
Esse ácido clorídrico torna ativa a principal enzima gástrica que é a pepsina. 
O ácido clorídrico tem papel de ativação enzimática e desnaturação proteica. 
Essa célula oxíntica produz uma outra proteína chamada de fator intrínseco. O fator intrínseco é capaz de se ligar a vitamina B12 e essa ligação permite que a vitamina seja absorvida, ou seja, você precisa desse fator intrínseco secretado pra ser capaz de no intestino absorver a vitamina b12, se você tiver uma insuficiência na produção de fator intrínseco os seus níveis de vitamina B12 caem e você faz uma hipovitaminose grave que gera uma anemia que pode matar.
Se descer mais um pouco, você encontra um outro tipo de célula, são as células zimogênicas ou célula principal. A célula principal é assim chamada porque ela produz as enzimas gástricas, e a enzima principal é o pepsinogênio, que é uma protease que é produzida sempre na forma de zimogênio.
 Isso é uma coisa importante, o fato de você produzir uma protease sempre na forma de zimogênio, ou seja, sempre inativa, porque senão a protease digeriria a própria célula, dessa forma ela tem que ser secretada inativamente, e ela vai continuar inativa até chegar a luz do estômago, é na luz do estômago que esse pepsinogênio se torna pepsina. 
A atividade da enzima é totalmente dependente do PH. No PH fisiológico que é o PH 7 ela tende a ficar inativa, ela não faz nada, quando ela chega no ph ácido no meio do estomago ela se torna ativa, e ela literalmente quebra a proteína em peptídeos menores, é uma endopeptidase, ela quebra as ligações do peptídeos.
E por ultimo na glândula gástrica eu tenho as células endócrinas, em que a secreção não vai para a luz do estomago, a célula vai secretar pra matriz os hormônios que vão cair na corrente sanguínea. O estômago é uma glândula endócrina. O principal hormônio produzido por essas células é o hormônio chamado de gastrina. A gastrina tem vários papéis, é o principal hormônio indutor da estimulação de ácido clorídrico, quando o estomago ta cheio a produção de ácido aumenta, então você precisa encher o estomago pra produzir ácido. E, além disso, a gastrina age lá no esfíncter cecal, relaxando o esfíncter cecal pra permitir o enchimento do ceco, e o esvaziamento do intestino delgado. 
O esfíncter cecal é o esfíncter que fica entre o íleo e o ceco. A ideia é: se o estomago esté cheio eu posso liberar o alimento pro intestino delgado e jogar ele no intestino grosso. É uma dinâmica de transito de conteúdo alimentar.
Você vai sempre ver a gastrina como estimulador da secreção deácido clorídrico. Ela atua sobre o próprio estomago estimulando a produção do ácido clorídrico. 
A secreção do estomago é regulada em 3 fases: 
Cefálica (é quando você tem estímulos sensoriais), gástrico (o próprio estomago gera o comando), ou o intestino ( o intestino manda o comando). Gástrico é via parassimpático, se você imaginar um alimento ou sentir o cheiro o sistema parassimpático já é ativado e estimula a produção do zimogênio, ou seja, você tem sempre uma resposta antecipatória, que a gente sempre chama de fase cefálica da digestão. O estomago enche e libera a gastrina e isso estimula a secreção de ácido clorídrico. O intestino também produz gastrina, então dependendo do conteúdo alimentar que chega no intestino, esse intestino também estimula a liberação de gastrina e também age sobre o estomago aumentando a produção de ácido clorídrico , então você tem uma porção continua entre desejar comer e esvaziar o estomago de ácido clorídrico.
Intestino: logo no inicio do intestino, vai receber 2 secreções que são depositadas normalmente no mesmo local: a secreção biliar e a secreção pancreática, elas saem normalmente no mesmo lugar do intestino, em um tubo chamado de colédoco. Pode ter variação anatômica, por exemplo, eu posso ter um ducto pancreático acessório, que algumas pessoas tem, mas em geral a saída da secreção pancreática é a mesma da biliar.
O pâncreas é uma glândula mista, ele tem as ilhotas pancreáticas que produzem insulina e glucagon (e isso é endócrino) e tem a parte exócrina que é a maior parte do pâncreas que é a que produz o suco pancreático.
O suco pancreático possui dois componentes, um componente aquoso basicamente onde eu to reunindo a água e os íons, esse componente aquoso é totalmente isotônico em relação ao plasma, mas é riquíssimo num íon, numa molécula chamada de bicarbonato. O bicarbonato serve pra fazer com que o ph seja alcalino, e tenha um papel de neutralização, porque o que vai sair do estômago é conteúdo gástrico altamente ácido, e o duodeno não tem aquela parede de muco protetora, então você precisa neutralizar rapidamente essa substancia. Essa neutralização acontece através do bicarbonato.
 O bicarbonato mais H+ tende a formar acido carbônico H2CO3, que normalmente se dissocia em CO2 + água, esse CO2 vai pro sangue e a água vai ser absorvida pelo intestino. Não tem problema o CO2 ir para o sangue porque é muito pouquinho mediante a todo o CO2 que as nossas células produzem, e a gente está maciçamente liberando CO2 através da respiração, mas você resolveu o problema tirando o ácido de dentro do intestino, então tem um papel importantíssimo esse componente.
Se acontece obstrução do colédoco, por formação de calculo biliar, o primeiro sinal é hemorragia digestiva baixa, o cara começa a fazer sangramento do intestino, pode ter dor se a lesão for grave ou o indivíduo vai ficar anêmico. Ou se resolve esse problema ou o cara morre, inclusive pode ter necrose do próprio pâncreas porque se a secreção pancreática não sair ela vai digerir o próprio pâncreas (pancreatite).
Além do componente aquoso, a gente também tem um componente enzimático na secreção pancreática. Estou dividindo assim os componentes pra fins didáticos, mas esses componentes ficam misturados. Mas também a regulação do componente aquoso e enzimático ela é distinta; então você pode ter suco pancreático mais aquoso e você pode ter suco pancreático mais enzimático em termos de proporção.
Componente enzimático: as células dos ácinos pancreáticos são células altamente secretoras de proteínas e ela vai produzir enzimas para todas as macromoléculas. O pâncreas nessa secreção enzimática vai produzir alfa-amilase, que é chamada de amilase ou ptialina pancreática e que a gente já sabe que digere carboidratos; produz a lípase pancreática que é mais eficiente do que a da saliva porque tem sua ação maximizada pela bili; tem proteases, uma série de proteases e enzimas pra digestão de proteínas: proelastase , carboxipolipeptidase, tripsiogenio, e todas as enzimas pra digestão de proteína. 
O tripsinogênio seria o principal desencadeador da ativação dessas proteases, todas essas proteases estão inativas, e elas só podem ser tornar ativas quando chegarem ao intestino, se elas se tornarem ativas dentro do pâncreas, ela digere o pâncreas. 
A ativação delas é em cascata, quem vai ativar o pepsinogenio é uma enzima presente na borda de microvilosidade da célula intestinal, a célula intestinal expressa um monte de proteína nas suas microvilosidades e entre elas essa enteropeptidase que quebra o pepsinogenio, ou seja, você só encontra enteropeptidase no intestino, por isso que só no intestino que essas enzimas se tornarão ativas, ai o tripsinogênio passa a ser chamado de tripsina, e ai a própria tripsina vai converter todas as outras enzimas nas suas formas ativas: quimiopepsinogenio, glicina, proelastase e melastase, procarboxpepitidase, carboxpeptidase. E ai essas enzimas na luz do intestino se tornam ativas pra digerir as proteínas provenientes do estomago, e além dessas todas você ainda tem nucleases, DNAses e RNAses, enzimas pra digerir DNA e RNA. 
A secreção pancreática ela neutraliza a acidez do estomago, digere todas as macromoléculas presentes no alimento, por isso que a secreção pancreática é extremamente importante pro processo digestivo. A secreção pancreática é regulada pelo sistema nervoso parassimpático. O parassimpático estimula a secreção pancreática, quando você sente o cheiro, colocar o alimento na boca, mastiga, tudo isso estimula a secreção pancreática, você já sabe que vai comer então antecipa a secreção.
 E ai no caso ambas as secreções, tanto aquosa como proteica é estimulada pelo parassimpático. Ela também é controlada pelos hormônios, principalmente a secretina produzida no intestino e a colecistocinina (nos dois produzidos no intestino).
 A secretina que é liberada quando um alimento está ácido estimula o ducto que produz o bicarbonato. Então, se você tem uma dieta ácida a sua secreção pancreática vai ter mais bicarbonato pela estimulação da secretina. Agora, a colecistocinina (CCK) vai ser secretada quando o conteúdo tiver muita proteína. Quando chega muita proteína no duodeno ele libera CCK e ai ela estimula o ácino, e o ácino produz as enzimas digestivas, então quando tem proteína o conteúdo secretado é enzimático principalmente, quando tem muito ácido mas não tem proteína o conteúdo liberado é mais aquoso.
Então você pode flutuar a qualidade do seu suco gástrico com base no tipo de alimento que você consome. Por exemplo: tomei uma coca-cola com um prato de macarrão, não tem proteína mas o conteúdo vai ser ácido, quem vai ser principalmente liberado vai ser a secretina, o suco pancreático vai ser rico em bicarbonato e pobre em enzimas. Outra pessoa comeu bife e vai ter muita proteína, esse indivíduo vai secretar uma maior colecistocinina e a secreção pancreática vai ser mais enzimática, então o sistema é esperto, ele produz o conteúdo de acordo, a característica da secreção vai depender do conteúdo que você ingerir.
Além do pâncreas, a ultima secreção produzida por uma glândula anexa é a bile, a secreção biliar é produzida pelo fígado, pelos hepatócitos do fígado. Existe uma tendência das pessoas imaginarem que bile ou secreção biliar é produzida pela vesícula biliar, que é uma bolsinha que fica aderida posteriormente ao fígado, preso aos ductos biliares ao fígado. 
A vesícula biliar não produz nada, é somente um lugar de armazenamento da bile, mas além de armazenar ela promove reabsorção de água, então ela concentra a bile em até 10 vezes.
A bile que sai da vesícula depois de armazenada é 10 vezes mais concentrada do que a bile que não passa pela vesícula, que acabou de sair do fígado. Ela é tão concentrada que um dos componentes que tem na bile que é o colesterol pode formar conglomerados que são os cálculos, e ai nesse caso se tira a vesícula e não o calculo pois a reincidência de calculo é muito grande. Tirando a vesícula, o prejuízo é que a bile vai sair pelo colédocomuito menos concentrado, ou seja, muito menos eficiente. 
A bile é produzida pelos hepatócitos, o fígado tem toda uma organização histológica. O fígado ele forma lobos, que ele tem esse formato hexagonal, onde eu tenho o centro uma veia hepática que tem aqui um fluxo sanguíneo entre o centro do lobo e os vértices do lobo. Nesse vértice do lobo eu tenho um sistema vascular que é chamado de sistema portal que Vai ter uma artéria hepática no ramo, vai ter uma veia cortal e vai ter um ducto biliar, então em cada um desses vértices eu tenho a união desses 3 componentes. Dos vãos sanguíneos que chegam ao fígado, vão se distribuindo no fígado e também nos ductos biliares intra-hepaticos, os hepatócitos que estão aqui dentro desse lóbulo vão produzindo essa secreção biliar e ela vai caindo nesses pequenos canais dentro do fígado que vão convergindo pro interior do canal biliar, vai se reunir em vários canais biliares e vai sair num ducto biliar comum, que vai sair do fígado e vai em direção a vesícula biliar. 
Então a bile originalmente é produzida pelas células do fígado, pelos hepatócitos, que possuem dezenas de funções (o hepatocito metaboliza substancias, produz proteínas do sangue, hormônios, faz gliconeogenese na regulação da glicemia, acumula glicogênio e libera glicose quando estimulado pelo glucagon, os hepatocitos são células muito importantes e altamente diversas do ponto de vista de função. Uma das funções do hepatócito é a liberação da secreção biliar).
Componentes da bile: componentes ativos digestivos que são chamados sais biliares, o sal biliar funciona como um detergente, é uma molécula anfipática que interage tanto com a água quanto com a gordura, então literalmente os sais biliares emulsificam a gordura, pegam os conglomerados gordurosos e dividem eles em porções menores, em micelas, isso não é digerir gordura, mas ao fazer isso aumenta-se a área de ação das lípases, então o papel digestivo da bile basicamente é aumentar a área de superfície pra que as lípases tenham mais acesso aos triglicerídeos, aos fosfolipídios pra poder fazer esse processo de quebra.
Então se o cara tira a vesícula e perde a eficiência de emulsificar a gordura, ele precisa fazer dieta, comer menos gordura, porque se ele comer muita gordura ela não vai ser digerida e vai atravessar o intestino sem digestão, o excesso de gordura irrita a mucosa intestinal e gera diarreia, então pra que você não tenha constante diarreias, diminui a ingesta de gordura, o pouco que você come de gordura vai ser mais que o suficiente pra garantir as tuas reservas de colesterol.
Se o individuo for controlado, na hora que tira a vesícula ele tem até expectativa de vida, pois passa a ter uma rotina nutricional que ele não tinha antes. Além disso, a bile tem papel excretor, ele excreta colesterol que faz um ciclo: ele é liberado pela vesícula biliar, e depois é reabsorvido pra que o fígado secrete ele de novo, você tem um ciclo de liberação e reabsorção de colesterol. Uma parte desse colesterol também vai pras fezes, por isso que a história de comer fibras insolúveis reduz o colesterol, pois essas fibras podem formar complexos de colesterol liberado da bile, impedindo que ele seja reabsorvido, e ai quando você come alimentos ricos em fibras tende a perder mais colesterol nas fezes, e isso em torno de muito tempo tende a reduzir as quantidades de colesterol no sangue.
 Além disso, você vai ter algumas proteínas e fosfolipídios secretados junto com a bile chamados pigmentos biliares, o principal pigmento biliar é a bilirrubina, inclusive é a própria bilirrubina que dá a cor enegrecida das fezes, as fezes são amarronzadas por conta da bilirrubina que vem da degradação do grupamento N das hemoglobinas, então as hemácias que morrem são captadas pelos hepatócitos e convertida em bilirrubina e eliminada na forma de pigmento. Então, fezes esbranquiçadas é sinal de alteração hepática, é sinal de que você não ta produzindo adequadamente esses pigmentos bilares, é um dos sinais comuns nas hepatites fezes claras. 
É regulado cefalicamente pelo sistema nervoso parassimpático, mas é principalmente regulado pelo CCK, então chega o alimento no intestino, você libera CCK, e ele contrai a vesícula, e ai quando a vesícula contrai toda a bile é expulsa para o intestino delgado, então a medida automática da chegada do alimento no intestino é a liberação de CCK, e consequentemente contração da vesícula biliar pra liberação da bile que estava acumulada ali.
Então essa bile produzida no inicio ela é muito concentrada, depois, com o passar da digestão ela começa a ficar diluída porque ela começa vir diretamente do fígado, não sendo mais acumulada na vesícula. Quando você para de comer e o duodeno esvazia você para de produzir CCK, o esfíncter fecha e volta a acumular bile na vesícula concentrando essa bili.

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