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Empregos na Grã-Bretanha: Conheça a Esponja do Trabalho (The Economist, 18/06/2014) Olhando para as recentes estatísticas de emprego na Grã-Bretanha divulgadas na última semana, temos a impressão de que os britânicos nunca estiveram tão bem. Em três meses, até o final de abril, o número de pessoas empregadas cresceu com velocidade recorde. A taxa de desemprego desceu ao nível mais baixo em 5 anos. A participação no mercado de trabalho está tendo sua maior alta de todos os tempos. George Osborne, chanceler britânico, preocupado em melhorar a opinião popular sobre seu partido até a eleição do próximo ano, tem feito de tudo para conseguir crédito por sua notável performance. Na semana passada, durante seu discurso anual na Mansion House, Osborne afirmou à cúpula londrina que a Grã-Bretanha está “crescendo mais rápido que qualquer nação avançada do mundo”, com “um número recorde de pessoas empregadas” graças às suas políticas. Mas a diminuição da taxa de desemprego deve-se, até certo ponto, tanto dos sucessos quanto das falhas das iniciativas do governo. A questão central no contexto das recentes estatísticas não é simplesmente o fato de que a taxa de emprego está subindo e a de desemprego caindo. Normalmente, em situações como essa, os economistas esperariam uma queda na procura por emprego para que os salários subissem, ou que uma escassez de trabalhadores qualificados em determinados setores criasse um gargalo infracionário na economia. Mas não é o que parece estar acontecendo. A inflação dos preços para o consumidor até o mês de maio caiu em 1.5%. Embora tenha acontecido um leve crescimento no mês passado, o motivo desse aumento se deve mais provavelmente a aumentos no preço de energia e à temporada da páscoa do que à falta de mão de obra. Os salários, na verdade cresceram apenas 0.7% no final de maio. E, de longe, o crescimento não mostra sinais de aceleração. Isso nos leva a perguntar : Por que o mercado de trabalho na Grã Bretanha ainda é tão lento? A causa principal seria o aumento da oferta de mão de obra. Desde que o governo iniciou os esforços para diminuir as taxas de desemprego, muitos economistas perceberam que tem ocorrido um crescimento no número de trabalhadores autônomos ou de meio período, que teriam inflado a taxa de busca por emprego. O desempenho pouco animador dos investimentos em fundos de pensão desde a crise financeira, bem como uma queda recorde nas taxas de anuidade também enconrajaram mais pessoas a adiarem a aposentadoria e permanecerem mais tempo no mercado de trabalho, geralmente se tornando consultores autônomos. E a medidas do governo contra os requerentes de prestações também levaram pessoas de várias idades a procurarem empregos de meio periodo. Mas isso não explica mais a questão inteira. Ao longo dos últimos seis meses, a maior parte do crescimento nas taxas de emprego foi contabilizada como funções de tempo integral, e não meio período ou autônomos. E a taxa de subemprego parece ter se acumulado nesse ponto, de acordo com uma recente pesquisa de Michael Saunders, do banco Citigroup. O número de britânicos buscando diminuir a jornada de trabalho ultrapassa a quantidade de subempregados buscando mais horas de trabalho, segundo mostram as estatísticas oficiais. Na verdade, o mão de obra britânica está sendo inflada por um outro grupo de pessoas: a massa desempregada das economias periféricas da Europa. Enquanto o governo tem tentado, ao longo dos últimos anos, barrar a imigração, o número de migrantes de outros países da UE tem triplicado desde o início das políticas restaurativas em 2010. Isso não devia ser surpresa. A economia britânica tem se sobressaído em relação à zona do euro desde 2010 e de acordo com o FMI, vai continuar crescendo ao dobro da taxa da área de moeda única, pelo menos até 2018. Muitos dos trabalhadores recém-chegados são jovens, bem qualificados, mais flexíveis que os nativos e estão fugindo das taxas de desemprego na juventude, que passam de 50% em países como Espanha e Grécia. Muitos estão sendo até enconrajados pelos seus próprios governos a deixarem seu lar com a esperança de diminuir os gastos com bem estar social. No ano passado, as autoridade de proteção social da Irlanda chegaram a enviar cartas a pessoas interessadas em empregos de tempo integral, aconselhando que fossem à Grã-Bretanha procurar por trabalho. Isso facilitou que firmas britânicas recrutassem pessoas no exterior quando não houvesse mão de obra suficiente no país, auxiliadas pelo desenvolvimento de websites especializados em recrutamento transfronteiriço. Muitos líderes empresariais na Grã- Bretanha dizem agora que o nível de desemprego no país tornou-se quase irrelevante em relação à capacidade de reposição que existe em alguns setores. Por exemplo, o crescente setor de construção civil de Londres é agora tão propenso a buscar por mão de obra qualificada na Eslováquia rural e Espanha como em Surrey ou Slough. Isso manteve baixos os salários em dois sentidos. Em primeiro lugar, o recrutamento de trabalhadores vindos de países com maiores níveis de desemprego tem impedido os salários de crescerem por causa de uma escassez de trabalhodores qualificados na Grã-Bretanha desde a recessão. Em segundo lugar, a consequência disso, uma verdadeiro queda dos salários, desestimulou o investimento empresarial tão logo as firmas acharam mais barato contratar mais trabalhadores do que investir em máquinas de economia de trabalho ou software, de acordo com Bill Martin, da Universidade de Cambridge. Isso tem continuado a diminuir a produtividade do trabalho ao longo do último ano, mais uma vez reduzindo a capacidade ou desejo da empresas de aumentarem os salários. Até certo ponto, isso tem sido o resultado do não funcionamento de políticas do governo. A falha do objetivo declarado do governo de reduzir as taxas de migração para “dezenas de milhares” até a próxima eleição, que agora parece inalcançável, permitiu que centenas de milhares de europeus fosse à Grã-Bretanha e encontrassem trabalho. E programas do governo para impulsionar o crédito empresarial também falharam. Mesmo com taxas de juros nunca antes tão baixas, os esquemas de flexibilização de crédito, como financiamento para empréstimos, os empréstimos líquidos continuam caindo – para 2.7 bilhões de libras só no primeiro trimestre de 2014. Ironicamente, essas falhas de curto prazo podem definir bem a economia britânica para o longo prazo. Uma mão de obra britânica, que está sendo inflada com os migrantes altamente qualificados e motivados irá impulsionar o crescimento futuro da produtividade e rendimentos. Fortes conexões com o resto da Europa serão muito benéficas para o setor de negócios e serviços profissionais em expansão de Londres, que é dependente de redes internacionais. E no devido tempo, as empresas vão começar a tomar emprestado e voltarão a investir à medida em que cresce sua confiança na sustentabilidade das políticas de restauração econômica. Se aumento da confiança e os salários chegarão a tempo de salvar o Sr. Osborne nas eleições de 2015, isso já é outra questão. Lucas Barbosa :)
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