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Aula estruturalismo

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Estruturalismo. In: MARTELOTTA, M. E. 
(Org.) Manual de linguística. São Paulo: 
Contexto, 2008. 
ESTRUTURALISMO 
 Estruturalismos: não podemos falar de um conceito único 
para o termo estruturalismo. Na linguística, há mais de uma 
escola que se apresenta sob orientação de uma teoria 
estruturalista. 
 
 Em comum, elas apresentam concepções e métodos que 
implicam o reconhecimento de que a língua é uma estrutura 
ou sistema, e a tarefa do linguista é analisar a organização e 
o funcionamento dos seus elementos constituintes. 
 
 Trataremos aqui: escola estruturalista com ênfase nas 
propostas de Ferdinand de Saussure e Leonard 
Boomfield. 
 
 Obs.: a noção inicial proposta por Saussure era a de 
„sistema‟ – a noção de „estrutura‟ se desenvolveu do termo 
saussureano: uma vez estabelecido que a língua constitui um 
sistema, cumpre estabelecer como se estrutura esse sistema. 
 
 
SISTEMA, ESTRUTURA, 
ESTRUTURALISMO 
 Sistema (de uma forma geral): a aproximação e 
organização de determinadas unidades resulta em um 
sistema. Tais unidades constituem um todo coerente e 
coeso por possuírem características semelhantes e 
obedecerem a certos princípios de funcionamento. Ex.: 
sistema solar, sistema circulatório, sistema... 
 
 Descrever o sistema significa revelar a organização de 
suas unidades constituintes e os princípios que orientam 
tal organização. 
 
 A Língua (para Saussure, precursor do estruturalismo) é 
um sistema, i.e. um conjunto de unidades que obedecem 
a certos princípios de funcionamento, constituindo um todo 
coerente. Os sucessores dessa linha de investigação 
passaram a observar detalhadamente como o sistema se 
estrutura. Daí o termo „estruturalismo‟ para designar a 
nova tendência de se analisar as línguas. 
 
 O estruturalismo entende a língua como uma 
organização/sistema/estrutura, uma vez que é formada 
por elementos coesos, inter-relacionados e que funcionam 
a partir de um conjunto de regras. A organização dos 
elementos se estrutura seguindo leis internas, 
estabelecidas dentro do próprio sistema. 
 
 O desenvolvimento da linguística estrutural: 
acontecimento dos mais significativos para o pensamento 
científico do séc. XX. 
 
 Pensadores que evidenciam em suas obras as 
contribuições de Saussure: Jacques Lacan, Claude Lévi-
Strauss, Louis Althusser, Roland Barthes. 
 Curso de Linguística Geral: ideias de Saussure (ponto 
de partida da linguística moderna) organizadas por seus 
alunos a partir dos cursos ofertados por ele entre 1907 e 
1911, na Universidade de Genebra. Publicação em 1916 
(póstuma). 
 
 Curso: conceitos fundamentais do modelo teórico 
estruturalista. 
 
 Metáfora – jogo de xadrez: o valor de uma peça unitária 
não é determinado por sua materialidade, não existe em 
si mesmo. O valor é instituído no interior do jogo: as 
peças tem valor na relação e oposição às outras peças. 
 
 Jogo de xadrez: independentemente da materialidade das 
peças (madeira, plástico, ouro, marfim), o andamento do 
jogo se dá à medida que compreendemos como as peças 
se relacionam entre si, as regras que as governam e a 
função estabelecida para cada peça em relação às demais. 
O valor das peças depende unicamente das 
relações/oposições entre as unidades (e não da 
materialidade). 
 
 Da mesma forma, a comunicação (=jogo de xadrez) é 
estabelecida porque os falantes conhecem as regras da 
gramática de uma determinada língua, ou seja, conhecem 
as unidades (=peças) disponíveis na língua (=jogo) e suas 
regras (=possibilidades de movimento) de combinação, 
como se organizam e se distribuem. 
 
 Importante: „regra de gramática‟ não se confunde com 
regra prescritiva (norma padrão); do contrário, quem não 
domina a norma padrão não poderia se comunicar (falar). 
 
 As unidades que compõem o sistema linguístico são 
reguladas por normas internalizadas muito cedo e que 
começam a se manifestar na fase de aquisição da 
linguagem. Esse conhecimento é adquirido no social, 
ou seja, na relação mantida com o grupo de falantes 
do qual o aprendiz faz parte. 
 
A substância não determina as regras do jogo linguístico, 
as regras são independentes do suporte físico em que se 
realizam (som, movimento labial, gestos, etc.). Ex.: pessoa 
surda que aprende a língua a partir de sensações visuais 
(e não sonoras). 
 
A abordagem estruturalista: 
 
1. entende que a língua é forma (estrutura) e não substância (a 
matéria a partir da qual se manifesta). 
 
2. reconhece a necessidade da análise da substância afim de 
formular hipóteses acerca do sistema a ela relacionado. 
 
 Essa concepção de linguagem tem como consequência um 
princípio do estruturalismo: a língua deve ser estudada em si 
mesma e por si mesma. 
 
 Estudo imanente da língua = abstração de toda preocupação 
extralinguística (exclusão das relações entre língua e sociedade, 
cultura, distribuição geográfica, literatura ou qualquer outra 
relação que não seja absolutamente relacionada com a 
organização interna dos elementos que constituem o sistema 
linguístico). 
 
GRUPO DE DICOTOMIAS 
Grupo de dicotomias 
(dicotomia = divisão lógica de um conceito em dois, 
obtendo um par opositivo) 
 
1) língua e fala 
2) sincronia e diacronia 
3) significado e significante 
4) motivado e arbitrário 
5) paradigma e sintagma 
6) forma e substância (dicotomia desenvolvida nos 
desdobramentos do estruturalismo; Escola de 
Copenhage) 
1. Língua e Fala 
 
 Linguagem tomada como objeto duplo “o fenômeno 
linguístico apresenta perpetuamente duas faces que se 
correspondem e das quais uma não vale senão pela outra” 
(SAUSSURE, 1975, p. 15). 
 
 Língua (langue) – lado social 
 Fala (parole) – lado individual 
 
 Língua: sistema supraindividual utilizado como meio de 
comunicação entre os membros de uma comunidade. 
Corresponde à parte essencial da linguagem e constitui um 
sistema gramatical depositado virtualmente no cérebro de 
um conjunto de indivíduos pertencentes a uma mesma 
comunidade linguística. 
 
 
 A existência do sistema gramatical (língua) 
decorre do contrato implícito estabelecido 
entre os membros de uma comunidade – 
caráter social. O indivíduo sozinho não 
pode criar nem modificar uma língua. 
 Fala: uso individual do sistema que constitui a língua. 
 
“um ato individual de vontade e de inteligência” 
(SAUSSURE, 1975, p. 22). 
 
... corresponde a dois momentos: 
 
1) combinações realizadas pelo falante entre as unidades 
que compõem o sistema da língua, objetivando exprimir 
o pensamento. 
2) mecanismo psicofísico que permite exteriorizar essas 
combinações. 
 
 É de caráter individual. 
 
 A língua é condição da fala. 
 
 Objeto de estudo da linguística estrutural: a língua. 
(fala: secundário) 
 
 Motivação: a essência da atividade comunicativa está 
no que é comum a todos: a língua. 
 
Há uma estreita relação entre língua e fala; não se 
pode estudar a língua independentemente da fala: 
 
a) a língua só se estabelece a partir das manifestações 
concretas de cada ato linguístico efetivo. 
b) para que a fala seja compreensível e possa atingir 
seus propósitos comunicativos, a língua é necessária. 
 
2. Sincronia e Diacronia 
 
 Dicotomia relacionada ao método de investigação. 
 
 Método histórico-comparativo. 
 
 Semelhanças encontradas em determinadas línguas = 
parentesco entre elas. 
 
 (início séc. XIX) Objetivo: agrupamento das línguas em 
famílias. 
 
 Ex.: família indo-europeia: maior parte das línguas 
europeias e as do grupo indoirânico (persae sânscrito). 
 
 Século XIX: caráter histórico de investigação da linguagem 
(método histórico-comparativo) pelos neogramáticos. A 
partir de 1870: constatação de que a mudança nas línguas 
possui regularidade, independentemente da vontade dos 
homens. Desenvolvimento de teoria das transformações 
linguísticas baseada em método científico. 
 
 Manutenção do caráter histórico: estudo das 
transformações das línguas para explicar e formular as 
regras das línguas. 
 
 A simples descrição de uma língua representaria 
unicamente a constatação de um fato - de forma alguma 
uma ciência. 
 
 Rompimento: separação da linguística evolutiva da 
linguística estática – a partir da distinção entre a 
investigação diacrônica e a sincrônica. Ou seja... 
Diacronia e sincronia para distinguir a linguística evolutiva 
(uma fase de evolução da língua) da linguística estática (um 
estado da língua). 
 
 Estudo sincrônico: (finalidade) descrição de um determinado 
estado da língua em um determinado momento no tempo. 
 Estudo diacrônico: (finalidade) estabelecer uma comparação 
entre dois momentos da evolução histórica de uma língua. 
 
Exemplo: 
1. Estudo sincrônico: análise da variação de „ter‟ e „haver‟: 
coexistem as duas variedades na mesma época. 
2. Estudo diacrônico: análise da trajetória de mudança pane > 
pãe > „pão‟ 
 
 Prioridade: sincrônico – para os falantes, a realidade da 
língua é o seu estado sincrônico. 
A descrição linguística sincrônica tem por tarefa 
formular as regras sistemáticas da língua 
conforme operam num determinado momento 
(estado) específico, independentemente das 
mudanças já ocorridas. 
 
Argumentos: 
 
1) Embora não sejam muitos os falantes conhecedores 
profundos da evolução histórica da língua que utilizam, 
todos nós demonstramos dominar, ainda na infância, os 
princípios sistemáticos, as regras da língua que 
ouvimos à nossa volta. 
 
2) Jogo de xadrez: não importa o caminho percorrido, “o 
que acompanhou toda a partida não tem a menor 
vantagem sobre o curioso que vem espiar o estado do 
jogo no momento crítico; para descrever a posição, é 
perfeitamente inútil recordar o que aconteceu dez 
segundos antes” (SAUSSURE, 1975, p. 105). 
 
 
 O movimento de uma pedra no tabuleiro implica a 
constituição de uma nova sincronia (tal movimento 
repercute em todo o sistema). Porém, o conjunto de 
regras é mantido: elas situam-se fora do tempo do 
jogo e são prévias à sua existência e realização 
(=langue). 
 
 Ponto divergente da analogia: a ação do jogador ao 
deslocar um pedra e exercer uma alteração no 
sistema é intencional, diferentemente da língua, em 
que “é espontânea e fortuitamente que suas peças se 
deslocam – ou melhor, modificam-se” (SAUSSURE, 
1975, p. 105). 
3. O signo linguístico: significante e significado 
 
 
 Natureza dos elementos linguísticos: a língua é um sistema 
de signos. 
 
 Signo = unidade constituinte do sistema linguístico. 
 
 Signo é formado de significante e significado (duas 
partes inseparáveis: impossível conceber uma sem a 
outra). Ambas são psíquicas e estão ligadas no nosso 
cérebro por um vínculo de associação. 
 
1. Significante (imagem acústica, mas como realidade 
mental e não material): impressão psíquica, a 
representação enquanto fato de língua virtual, 
estando a fala excluída dessa realidade (não 
confundir com o som material, algo puramente físico). 
 
2. Significado (também chamado de conceito): 
representa o sentido que é atribuído ao significante. 
 
 Signo = associação do conceito a uma imagem acústica. 
 
 Ex.: sequência de fonemas de „linguagem‟ = significante 
 
 Sentido atribuído a „linguagem‟ (capacidade humana de 
comunicação verbal) = significado 
4. A arbitrariedade do signo linguístico: motivado e 
arbitrário 
 
 Na Grécia antiga, debatem se os recursos linguísticos (por 
meio dos quais as pessoas descrevem o mundo) são 
arbitrários ou sofrem motivação natural. Há duas 
correntes: 
 
a) Convencionalistas: tudo na língua é convencional, 
resultado de costume e tradição. 
b) Naturalistas: as palavras são relacionadas, por 
natureza, às coisas que significam. 
 
 Signo linguístico: motivado x arbitrário 
 
 
 Para Saussure, o signo linguístico é arbitrário: não existe 
uma relação necessária e natural entre imagem acústica 
(significante) e conceito/sentido (significado). 
 
 Portanto, o signo linguístico não é motivado, mas sim 
cultural, convencional, resultado do acordo implícito 
realizado entre os membros de uma comunidade. Trata-se 
de uma convenção. 
 
A arbitrariedade é melhor compreendida na observação da 
diversidade das línguas. 
 
 Obs.: não se trata de livre escolha de um falante (é acordo 
social). 
 
5. Relações sintagmáticas e relações paradigmáticas: 
paradigma e sintagma 
 
 
 Forma como as unidades constitutivas do sistema estão 
relacionadas umas às outras. 
 
 Descrição dessas relações: explicitar a organização dos 
elementos constituintes da estrutura linguística; 
reconhecimento do funcionamento do sistema 
 
 O signo linguístico representa uma extensão: ao ser 
transmitido, constitui uma sequência cuja dimensão só 
pode ser mensurável linearmente. Caráter linear da 
linguagem articulada. 
 
 
 
 Ex.: frase = certo número de signos linguísticos 
apresentados em linha, no tempo, em sequência. 
 
 A distribuição dessas palavras na frase não é aleatória: 
mas sim dada pela exclusão de outros possíveis arranjos 
distribucionais. Trata-se da composição de sintagmas. 
 
 Composição de sintagma: combinação de unidades da 
língua. 
 
 Relações sintagmáticas dizem respeito à distribuição 
linear das unidades na estrutura sintática. 
 
 Relações sintagmáticas (decorrentes do caráter linear 
da linguagem): articulações entre os sintagmas, ou seja, 
possibilidades de combinação entre as unidades. 
 
 Relações sintagmáticas (in praesentia) entre dois ou 
mais termos presentes (antecedentes e subsequentes) 
em um mesmo contexto (sintático), ocorrendo nos níveis: 
 
1. Nível fonológico: unidades se combinam para formar 
sílabas. 
 
Ca-sa bar 
 ↓ ↓ ↓↓↓ 
 C V CVC 
 
 Português: não admite sílaba sem som vocálico 
2. Nível morfológico: morfemas se unem para formar 
palavras. 
 
Menin – o in – feliz – mente 
 ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ 
 Rad VT Pref Rad Suf 
 
 Prefixos antecedem o radical; sufixos sucedem o radical 
 
3. Nível sintático: palavras se combinam para formar frases. 
 
O menino gosta de bolo 
 ↓ ↓ 
 SN SV 
 
 * De gosta bolo menino o. Regras que dizem respeito à 
formação dos sintagmas e à combinação dos sintagmas para 
formar frases. 
 Relações paradigmáticas são as relações associativas 
que dizem respeito à associação mental entre a unidade 
linguística que ocupa um determinado contexto (posição 
na frase) e todas as outras unidades ausentes que 
poderiam estar nessa posição (por pertencerem à mesma 
classe da unidade que está presente). 
 
 Relações paradigmáticas (in absentia) caracterizam a 
associação entre um termo que está presente em um 
determinado contexto sintático com outros que estão 
ausentes desse contexto, mas que são importantes para 
sua caracterização em termos opositivos. 
 
Os elementos da língua são armazenados na memória 
em termos de traços que os caracterizam (e não 
isoladamente), como estrutura, classe gramatical, tipo 
semântico. 
 Essaorganização dos elementos linguísticos na memória 
é importante na caracterização da frase. 
 
 Ex.: noção intuitiva que temos da classe gramatical das 
palavras, como verbos, por exemplo (sem 
necessariamente ser conhecida a linguagem técnica da 
gramática/metalinguagem). 
 
 Relação paradigmática: (além da) possibilidade de 
ocorrência em um mesmo contexto; (tem-se também a) 
semelhança de significação, semelhança sonora ou de 
qualquer outra situação em que a presença de um 
elemento linguístico suscita no falante/ouvinte a 
associação com outros elementos ausentes. 
 
 As relações sintagmáticas e paradigmáticas ocorrem 
concomitantemente. 
ASSIM... 
 Perspectiva estruturalista: o que permite o 
funcionamento da língua é o sistema de valores 
constituído pelas associações, combinações e 
exclusões verificadas entre as unidades 
linguísticas. 
 
 As ideias de Saussure formaram os alicerces da 
linguística estrutural e fundaram a linguística 
moderna. 
 
DESDOBRAMENTOS DO 
ESTRUTURALISMO 
 Primeira metade do século XX, desenvolvem-se (pelo 
menos) três importantes grupos: 
 
1. Escola de Genebra e de 2. Praga: além do estudo 
formal da linguagem (um sistema formal), adotam a 
visão de que a língua é um sistema funcional, cuja 
finalidade é a comunicação. 
 
3. Escola de Copenhage: foco no aspecto formal (função: 
aspecto secundário), língua como sistema autônomo, 
trabalhando os conceitos de forma e substância 
(expressão e conteúdo). 
 
 Teóricos principais: 
 
 - Praga: Troubetzkoy/ Jakobson 
 - Copenhage: Hjelmslev/ Glossemática 
 - Praga + Copenhage: Martinet/ Funcionalismo 
 
 Hjelmslev elabora a distinção forma x substância: 
 
i. Forma: aquilo que uma determinada língua 
institui como unidade através de oposição. 
ii. Substância: suporte físico da forma – tem 
existência perceptiva mas não necessariamente 
linguística. 
 
Linguística moderna 
 sob o rótulo de estruturalismo, reconhece duas 
vertentes principais: 
 
1. Corrente europeia 
 
 Principalmente: linguística funcional desenvolvida pela 
Escola de Praga. 
 
2. Corrente norte-americana 
 
 Apresentada de maneira independente à propagação 
das ideias de Saussure na Europa; apesar de algumas 
diferenças, são muitos os pontos em comum (por isso 
concebida como uma vertente do estruturalismo). 
 Leonard Bloomfield: distribucionalismo ou 
linguística distribucional. 
 
 Dominante nos EUA até primeira metade do século 
XX. 
 
 Desenvolvimento da teoria cujo objetivo era a 
elaboração de um sistema e de conceitos aplicáveis 
à descrição sincrônica de qualquer língua. 
 
Pressupostos: 
 
1. cada língua apresenta uma estrutura específica; 
2. essa estruturação é evidenciada a partir dos três níveis – o 
fonológico, o morfológico e o sintático – que constituem uma 
hierarquia, com o fonológico na base e o sintático no topo; 
3. cada nível é constituído por unidades do nível 
imediatamente inferior: as construções são as sequências 
de palavras; as palavras, sequências de morfemas; os 
morfemas, sequências de fonemas; 
4. a descrição de uma língua deve começar pelas unidades 
mais simples, prosseguindo, então, à descrição das 
unidades cada vez mais complexas; 
5. cada unidade é definida em função de sua posição 
estrutural – de acordo com os elementos que a precedem e 
que a seguem na construção; 
6. na descrição, é necessária absoluta objetividade, o que 
exclui o estudo da semântica do escopo da linguística. 
 Pressuposto: processo de combinação de unidades para formar 
construções de nível superior é guiado por leis próprias do sistema 
linguístico → enquanto determinadas construções são permitidas, 
outras são totalmente bloqueadas na língua: 
 
*Linguística aluno de gosta estudar o. 
 
 Segundo a Linguística distribucional, para o estudo da língua, é 
necessário: 
 
1. a constituição de um corpus, isto é, da reunião de um conjunto, o 
mais variado possível, de enunciados efetivamente emitidos por 
usuários de uma determinada língua em uma determinada época; 
2. a elaboração de um inventário, a partir desse corpus, que permita 
determinar as unidades elementares em cada nível de análise, 
assim como as classes que agrupam tais unidades; 
3. a verificação das leis de combinação de elementos de diferentes 
classes; 
4. a exclusão de qualquer indagação sobre o significado dos 
enunciados que compõe o corpus. 
 
 
 IMPORTANTE: essa postura mecanicista foi 
apoiada na psicologia behaviorista fortemente 
difundida nos EUA a partir de 1920 (um dos maiores 
teóricos: Skinner). 
 
 Objeto de estudo da psicologia: o comportamento 
humano, totalmente explicável e previsível a partir 
das situações em que se manifesta 
independentemente de qualquer fator interno. 
 
 Compreendido como conjunto de excitação/estímulo 
e resposta/ação. 
 
 
Comportamento linguístico: uma comunidade ensina um 
indivíduo a produzir uma determinada resposta verbal (a 
expressar um termo), provendo estímulos reforçadores 
quando essa resposta ocorre na presença da coisa para 
a qual o termo proferido é tomado como referente. 
 
Ex.: o indivíduo aprende a dizer “cadeira” na presença 
de uma cadeira ou objeto similar e não por uma questão 
da apreensão do significado de “cadeira”, mas porque 
essa resposta, na presença do objeto, tem uma história 
de reforço provido pela comunidade verbal. 
 
Método de análise distribucionalista: puramente 
descritivo e indutivo, o que corrobora o entendimento de 
que todas as frases da língua são formadas pela 
combinação de construções (os seus constituintes) e 
não de uma simples sequência de elementos discretos. 
 
 
 
 Pressuposto: as partes de uma língua não se organizam 
arbitrariamente, mas se apresentam em certas posições 
particulares relacionadas umas às outras. 
 
 Para decompor os enunciados do corpus: utilização do 
método de análise de constituintes imediatos – uma 
frase é o resultado de diversas camadas de constituintes. 
 
1. Frase → O aluno comprou um livro 
2. Sintagmas → O aluno / comprou um livro 
3. Palavras → O/ aluno / comprou / um / livro 
4. Morfemas → O/ alun/o/ compr/ou /um/ livr/o 
5. Fonemas → O/ a/l/u/n/o/ k/õ/p/r/o/u /ũ/ l/i/v/r/o 
 
 Perspectiva formal acerca do fenômeno linguístico. 
 Tarefa do linguista: ao descrever a língua, classificar os 
segmentos que aparecem no corpus e identificar as leis 
de combinação desses segmentos. 
 
 Formulações de Bloomfield sob inspiração do 
behaviorismo: oposição às ideias mentalistas que 
defendiam que a fala deveria ser explicada como um 
efeito do pensamento (intenções, crenças, sentimentos) 
do sujeito falante. 
 
 Ao lado de Bloomfield, Edward Sapir é autor clássico da 
linguística norte-americana. Entretanto, os estudos de 
Sapir rompem os limites do estruturalismo saussureano, 
uma vez que adotam o postulado de que os resultados da 
análise estrutural de uma língua devem ser confrontados 
com os resultados da análise estrutural de toda cultura 
material e espiritual do povo que fala a língua. 
 
Ideias relacionadas à hipótese de Sapir-Whorf: 
 
1. cada língua segmenta a realidade à sua maneira e 
impõe tal modo de segmentação do mundo a 
todos os que a falam. Nesse sentido, a língua 
configura o pensamento: as pessoas que falam 
diferentes línguas veem o mundo diferentemente; 
 
2. os modelos linguísticos relacionam-se aos 
modelos socioculturais. As distinções gramaticais e 
lexicais, obrigatórias numa dada língua, 
correspondem às distinções de comportamento, 
obrigatórias numadada cultura. 
Contexto norte-americano 
 
 Tanto para a análise distribucionalista de Bloomfield 
quanto para a hipótese de Sapir-Whorf. 
 
 150 famílias de línguas ameríndias (≈ 1.000 línguas), 
apresentadas sob a forma de material linguístico oral 
ainda não descrito, o que representava um grande 
problema para os administradores e etnólogos da 
época. 
 
 Marca: projeto de descrever exaustivamente as línguas 
indígenas do continente. 
 
 Esse contexto marca o estruturalismo norte-americano 
da época, diferenciando-o da linguística europeia. 
 
ILARI, R. O estruturalismo linguístico: 
alguns caminhos. In: Introdução à 
linguística: fundamentos 
epistemológicos. V. 3. 
REFLEXOS DO ESTRUTURALISMO 
NO BRASIL 
Reflexos do estruturalismo no Brasil 
 
 A língua passa a ser tomada como objeto de descrição – 
contrariando uma longa tradição normativa. 
 
 Adoção de atitude descritiva: permitiu que as variedades 
não padrão da língua fossem consideradas como objetos 
legítimos de análise. 
 
 Lembrete: quando o estudo da língua segue orientação 
normativa, leva a crer que somente a variedade padrão é 
sistemática. 
 
 Porém, quando prevalece a atitude descritiva, descobre-
se que as variedades não padrão não têm 
necessariamente uma estrutura pobre ou ineficiente 
(como se acreditava); elas têm estruturas igualmente 
complexas e eficientes, mas diferentes em algum sentido 
da norma padrão. 
 
 Aspectos da realidade linguística brasileira ganham 
dignidade enquanto objeto de estudo, a exemplo das 
línguas indígenas e das inúmeras variedades do 
português. 
 
 Contribuição positiva na renovação do ensino de língua. 
Essa contribuição se refere à pedagogia da língua 
materna, mostrando as precariedades da doutrina 
gramatical tradicionalmente ensinada. 
 
 Contexto: cada vez maior o número de alunos cujo 
vernáculo (língua/variedade não monitorada) não é a 
variedade prestigiada. O estruturalismo criou condições 
para se aceitar como fato que os alunos falam outra 
língua (com estrutura, história e condições de uso), e 
que esse fato não tem relação com limitações de 
qualquer natureza.

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