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EXCLUDENTE DA ILICITUDE

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ILICITUDE
(art. 23, C.P.)
Trata-se de relação de antagonismo, de contrariedade que se estabelece entre o fato típico e o ordenamento legal (ilicitude puramente formal), em que a conduta do agente expõe a perigo de dano ou de lesão ao bem jurídico penalmente protegido (ilicitude material).
É também conhecida como antijuridicidade. Essa ilicitude ou antijuridicidade deve ser apurada objetivamente, vale dizer, sem se perquirir se o sujeito tinha ou não consciência de que agia de forma ilícita (isso deve ser apurado no campo da culpabilidade). Daí é possível afirmar que mesmo um inimputável pode praticar um fato ilícito como é o caso de um menor de 18 anos, ficando é claro, sujeito à legislação especial (E.C.A.) ou, então, caso maior, mas inimputável (por ausência da culpabilidade), não se sujeitará à pena, embora o fato cometido, repito, seja típico e ilícito.
Como já visto, a ilicitude possui relação com a tipicidade de modo que, todo fato típico, em princípio, contraria o ordenamento jurídico, sendo, portanto, ilícito. Há, contudo, um mero indício de ilicitude. Assim, todo fato típico será também, por presunção (relativa), considerado ilícito, havendo, todavia, possibilidade de essa ilicitude ser afastada caso exista alguma excludente.
Na Parte Geral do Código Penal há quatro causas que excluem a ilicitude (art. 23).
a) legítima defesa;
b) estado de necessidade;
c) estrito cumprimento do dever legal e
d) exercício regular do direito.
Nessas hipóteses, o fato praticado continua sendo típico (porque descrito abstratamente em um tipo legal), porém, por expressa disposição legal, passa a ser lícito, permitido, autorizado. Por isso que essa lei penal é denominada não incriminadora permissiva.
O seu fundamento é que nem sempre é possível ao Estado estar presente a todo tempo na vida das pessoas, exercendo assim o seu papel de polícia. De outro lado, também não seria razoável que o cidadão de bem tivesse que aceitar passivamente, em algumas circunstâncias, ver um bem jurídico seu ou de terceira pessoa se deteriorar sem nada poder fazer. Diante de tais circunstâncias, a própria lei autoriza a defesa de um direito, seja ele próprio ou de terceiro, excluindo, destarte, a ilicitude.
Vale destacar ainda, que além das causas legais de exclusão da ilicitude (porque descritas no Código Penal), existem também as denominadas causas supralegais (porque não previstas em lei). As causas supralegais estão respaldadas na aplicação da analogia in bonam partem em que se permite a supressão da lei em benefício do réu.
É o caso, por exemplo, do crime de dano em que o bem jurídico é disponível, de maneira que, não se insurgindo a vítima contra tal conduta, acaba aceitando-a. O mesmo ocorre nos crimes de lesões corporais dolosas leves em que o consentimento do ofendido afasta a ilicitude da conduta.
Segundo estudos, a ilicitude ainda pode ser:
a) subjetiva: o fato só é ilícito se o agente tiver capacidade de avaliar o seu caráter ilícito do fato (para essa teoria, inimputável não comete crime);
b) objetiva: para se saber se uma conduta é lícita ou ilícita, não é preciso considerar a culpabilidade do agente. É dispensável. Por ela, um menor com 15 anos pode praticar um fato ilícito. Somente não responde.
Como já visto, de acordo com a Teoria Finalista da Ação, a conduta, para justificar a exclusão da ilicitude, deve revestir-se dos requisitos objetivos e subjetivos (saber que está agindo amparado por uma causa excludente da ilicitude) da descriminante.
Não basta, portanto, que o fato apresente dados objetivos da causa excludente da ilicitude. É necessário que o sujeito conheça a situação justificante.
A ausência do elemento objetivo ou subjetivo no fato praticado leva à ilicitude da conduta. Dá-se de duas maneiras:
1ª) sujeito satisfaz a tipicidade objetiva permissiva, mas não satisfaz a subjetiva;
2ª) sujeito satisfaz a parte subjetiva, mas estão ausentes as elementares objetivas do tipo justificante.
Logo, repita-se, devem estar presentes todas as elementares, tanto objetivas quanto subjetivas, para excluir a ilicitude da conduta do agente.
ESTADO DE NECESSIDADE (art. 24, C.P.)
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Sua característica essencial é que se trata de um conflito entre dois ou mais bens jurídicos diante de uma situação de perigo.
Duas teorias tentam explicar o estado de necessidade:
a) unitária: o estado de necessidade sempre exclui a ilicitude;
b) diferenciadora: se o bem jurídico for de igual valor ao salvo, só excluirá a culpabilidade; se o bem jurídico salvo for de maior valor que o bem sacrificado, excluirá a ilicitude.
Adotada. O nosso Código Penal adotou a teoria unitária, vale dizer, o estado de necessidade sempre exclui a ilicitude, seja o bem jurídico salvo de igual ou maior valor que o bem sacrificado. Veja-se que se nós tivéssemos adotado a teoria diferenciadora, na hipótese, por exemplo, de dois sobreviventes que tentam se apoiar em uma tábua de salva vidas que suportasse o peso de apenas uma pessoa, o sobrevivente que sacrificara a vida alheia responderia pela prática de um fato típico e ilícito, embora ficasse isento de pena, enquanto que, pela teoria unitária, a conduta dele não deixaria de ser típica, porém, seria considerada lícita.
O estado de necessidade tem natureza jurídica de excludente da ilicitude e seus requisitos são:
a) situação de perigo e
b) conduta lesiva.
a) Situação de perigo é a probabilidade de dano ou lesão a algum bem jurídico tutelado pela lei. Esse perigo pode decorrer tanto de ação humana (aquele que provoca um incêndio) como de fato da natureza (inundação decorrente da forte chuva). Esse perigo há de ser real uma vez que, em se tratando de fruto da imaginação, estaremos diante da figura do estado de necessidade putativo (art. 20, § 1º, C.P.).
Esse perigo pode ser:
a1) atual ou iminente. A lei se refere apenas em perigo atual, ou seja, aquele presente, que está acontecendo, silenciando, conduto, quanto ao perigo iminente.
Em que pese o silêncio da lei, entendo ser cabível o reconhecimento da excludente da ilicitude no caso de perigo iminente, por dois motivos: primeiro, porque não seria razoável exigir de alguém que aguardasse que a situação de perigo se concretizasse para poder agir em defesa de um bem jurídico. Segundo, porque nem sempre é possível se avaliar se o perigo é iminente ou atual. Tome-se como exemplo o de um cidadão que caminha pela calçada em pleno sol do meio-dia e se depara com uma criança trancada no interior de um veículo. Esse transeunte não tem como avaliar a quanto tempo essa criança se encontra presa lá dentro de maneira que, é perfeitamente justificável se ele quebrar os vidros do veículo para salvar a vida dessa criança.
Assim, em que pese opiniões em sentido contrário, mesmo que o perigo ainda não se materializou, vale dizer, mesmo que ainda esteja prestes a acontecer, deve-se admitir essa causa justificante.
a2) ameaçar direito próprio ou alheio: a expressão direito abrange qualquer bem jurídico como a vida, a liberdade, o patrimônio, a integridade física. Basta que estejam tutelados pelo ordenamento jurídico. Também não é necessária qualquer relação jurídica entre o sujeito e o terceiro, nem tampouco autorização deste para que o primeiro possa agir. Se o bem jurídico é próprio, fala-se em estado de necessidade próprio. Se não é, fala-se em estado de necessidade de terceiro.
a3) o perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo agente: se o agente deu causa culposamente, poderá invocar o a causa justificante. O Código deixa claro, portanto, que quem dá causa, por sua própria vontade, a uma situação de perigo, não poderá alegar estado de necessidade. Provocar voluntariamente é causar dolosamente o perigo. 
a4) inexistência do deverlegal de enfrentar o perigo: aquele que tem por lei obrigação de enfrentar o perigo não pode optar pela saída mais cômoda, deixando de enfrentar o perigo a pretexto de proteger bem jurídico próprio. Mesmo que para isso tenha que correr riscos inerentes à sua função. Observe-se, todavia que, se aquele que tem o dever legal verificar que sua atuação será inútil, ele poderá recusar-se, como, por exemplo, quando ele percebe que o prédio já está desabando e que, se entrar lá também morrerá sem alcançar o seu intento.
Não se exige, assim, heroísmo de ninguém, mas, sendo um dever do Estado, e não sendo evidente inútil sua atuação, o obrigado deverá agir.
b) conduta lesiva:
b1) inevitabilidade do comportamento lesivo: só se admite o sacrifício de bem quando não existir qualquer outro meio de efetuar-se o salvamento. A lesão ao bem jurídico alheio deve se mostrar como uma medida necessária e urgente, vale dizer, não existe outra saída a não ser sacrificar um bem para salvar outro do perigo, ou seja, inevitável. Assim, se para salvaguardar um bem jurídico for possível evitar o dano, ele deve escolher o meio menos agressivo.
Para quem tem o dever legal de enfrentar o perigo, significa dizer que, mesmo enfrentando o perigo, seria impossível afastá-lo sem destruir outro bem.
Mas, para quem não tem o dever legal de enfrentar o perigo, a inevitabilidade decorre da impossibilidade de salvar o bem, a não ser com risco pessoal.
b2) inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado: é a razoabilidade do sacrifício, ou seja, deve ser razoável salvar o bem em detrimento do outro. Portanto, no caso concreto é necessário que se faça uma comparação entre o bem salvo e o bem sacrificado, ponderando-se qual deles é mais importante. Assim, haverá estado de necessidade quando o bem salvo for de maior ou igual importância ao bem sacrificado (teoria unitária). É claro que essa avaliação não necessidade ser feita milimetricamente, mas dentro do razoável. 
De outro lado, se o valor do bem salvo for de menor importância que o bem sacrificado, não haverá estado de necessidade, aplicando-se, então, a causa obrigatória de redução de pena prevista no art. 24, § 2º, do C.P., que prevê a redução da pena de um terço a dois terços.
Essa razoabilidade, portanto, é de uma pessoa mediana.
b3) conhecimento da situação justificante: é o elemento subjetivo do estado de necessidade. O agente deve saber acerca da situação de risco. Ausente qualquer dos requisitos estará excluído o estado de necessidade.
Causas de diminuição de pena
Como já visto, se a destruição do bem não era razoável, falta um dos requisitos e o estado de necessidade fica afastado. Deverá, então, responder pelo crime, contudo, o juiz fica obrigado a diminuir a pena na proporção de um terço a dois terços.
Formas do estado de necessidade
Em relação às formas, o estado de necessidade pode ser:
a) quanto à titularidade:
próprio: quando o agente defende bem jurídico próprio e
de terceiro: quando o agente protege bem de terceiro.
b) quanto ao elemento subjetivo do agente:
real: quando existe efetivamente a situação de perigo;
putativo: quando a situação de risco é imaginada por erro do agente.
c) quanto ao terceiro que sofre a ofensa:
defensivo: atinge o bem jurídico do causador do perigo. Neste caso, não está sujeito à indenização.
agressivo: atinge o bem jurídico de terceiro inocente. Neste caso, está obrigado a reparar o dano.
EXCESSO
É a desnecessária intensificação de uma conduta inicialmente justificada. Às vezes, é possível que alguém inicie um fato amparado por uma excludente da ilicitude e, posteriormente, exagere e cometa um crime. Esse excesso pode ser:
a) doloso: o agente sabe que a intensificação é desnecessária, devendo responder dolosamente pelo resultado provocado.
b) não intencional: incidindo sobre situação de fato> sendo escusável, exclui-se o dolo e a culpa: se inescusável, exclui-se o dolo apenas. Se incidindo sobre os limites normativos da causa de justificação (erro de proibição)> sendo escusável, exclui-se a culpabilidade: se inescusável, responde pelo crime doloso, com a pena diminuída de um sexto a um terço (art. 21, C.P.).
LEGÍTIMA DEFESA (art. 25 C.P.)
Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou de outrem.
Assim como o estado de necessidade, a legítima defesa tem natureza jurídica de causa excludente da ilicitude e pressupõe os seguintes requisitos:
a) agressão injusta, atual ou iminente;
b) direito próprio ou de terceiro;
c) repulsa com os meios necessários;
d) uso moderado de tais meios e
e) conhecimento da agressão e da necessidade da defesa.
A agressão é a ofensa a qualquer bem jurídico tutelado pela lei. Deve ser praticada por pessoa humana, caso contrário, haverá estado de necessidade. No caso de agressão de animal, cabe estado de necessidade, a não ser que este seja incitado pelo dono, caso em que haverá legítima defesa, pois, aqui, o animal é mero instrumento do agressor. Além disso, a agressão deve ser injusta, vale dizer, ilícita, podendo ser atual (está acontecendo) ou iminente (está prestes a acontecer).
Deve servir para proteção de direito próprio ou de terceiro. Esse direito que se procura proteger deve estar amparado pelo ordenamento jurídico podendo ser a vida, a honra, a liberdade, o patrimônio, a integridade física, etc. 
Se um inimputável pratica uma agressão injusta, contra ele é possível a legítima defesa, mesmo que o agressor não tenha consciência do caráter ilícito do fato.
A repulsa deve ser pelos meios necessários, ou seja, se deve levar em conta aqueles que estão à disposição no momento da agressão. Havendo mais de um meio, deve ser escolhido o menos lesivo, se suficiente para repelir a agressão.
Moderação, de maneira que não pode ir além do necessário para proteger o bem jurídico agredido. Não pode haver excesso, exagero (como se verá adiante).
Conhecimento da situação justificante. Deve ficar demonstrado que o agente tinha ciência de que estava agindo acobertado pela excludente da ilicitude, seja para sua defesa, seja para defesa de terceiro.
Excesso: é a desnecessária intensificação de uma conduta considerada inicialmente legítima. Neste caso, há duas forma de excesso:
a) doloso (intencional ou voluntário), quando o agente tem plena consciência de que a agressão cessou e, mesmo assim, ele prossegue agindo visando lesionar o bem jurídico, hipótese em que ele responde pelo resultado produzido (pelo excesso) a título de dolo;
b) culposo (não intencional ou involuntário), quando, por erro na apreciação da situação fática supõe que a agressão ainda persiste e, por isso, continua reagindo sem perceber que comete o excesso. Tratando-se de erro evitável (escusável), o agente está isento de pena. Se o erro for inevitável (indesculpável, inescusável), responderá pelo resultado a título de culpa, desde que exista previsão legal para tanto.
A legítima defesa ainda pode ser classificada em: 
legítima defesa sucessiva; é a repulsa contra o excesso injusto.
legítima defesa subjetiva; é o excesso escusável, o sujeito se excede justificadamente. Exclui o dolo e a culpa.
Distinção entre legítima defesa e estado de necessidade. A primeira pressupõe
agressão humana, enquanto que a segunda decorre de fato humano ou natural. Na legítima defesa há ameaça ou ataque a um bem jurídico. No estado de necessidade há perigo que põe em conflito dois ou mais bens jurídicos.
Ofendículos. Significa tropeços, obstáculos ou impedimentos. É o aparato para defender o patrimônio (posse ou propriedade), ou domicílio ou qualquer bem jurídico de ataque ou ameaça. Há divergência doutrinária, uma vez que para alguns, a preparação caracteriza exercício regular de um direito e, no momento em que o aparato age na proteção do bem jurídico, é considerado como legítima defesa preordenada.
Considerações finais.
Admite-se:
legítima defesacontra agressão de inimputável;
legítima defesa de pessoa acobertada por excludente da culpabilidade;
legítima defesa putativa de legítima defesa putativa;
legítima defesa real contra legítima defesa putativa;
legítima defesa real contra legítima defesa subjetiva e
legítima defesa putativa contra legítima defesa real.
Não se admite:
legítima defesa real contra legítima defesa real;
 legítima defesa real contra estado de necessidade real;
legítima defesa real contra estrito cumprimento do dever legal e
legítima defesa real contra exercício regular do direito.
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
Aquele que exercita regularmente um direito não pratica nenhum ilícito penal uma vez que está cumprindo a lei. Esse dever pode ser imposto por qualquer lei, penal ou extrapenal (civil, tributária, trabalhista, etc). São seus requisitos:
a) o cumprimento de um dever legal (decorrente da lei);
b) estrito cumprimento, isto é, não pode haver excesso e
c) consciência de que cumpre um dever legal.
É o caso, por exemplo, do oficial de justiça que entra à força na residência do executado para penhorar bens. Aqui, o servidor não responde nem por crime de dano (se precisar entrar mediante arrombamento), nem por furto (apreensão de bens para penhora) haja vista que a própria lei obriga a que ele cumpra as determinações nela expressas.
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
O ordenamento jurídico prevê inúmeros direitos. Assim, quem os exercita regularmente, não comete crime.
Seus requisitos são:
a) o exercício de um direito, em sentido amplo;
b) que ele seja regular e
c) consciência de que exercita regularmente esse direito.
Tomemos como exemplo duas situações. Na primeira delas, imagine-se que alguém, um particular, ao ouvir gritos de socorro prende o fujão contumaz. Não comete crime (constrangimento ilegal) uma vez que o Código de Processo Penal, art. 301, possibilita que qualquer um do povo poderá prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Na segunda situação, o médico que fazendo intervenção cirúrgica, corta o paciente para salvar-lhe a vida.
Veja-se que nos dois casos (prisão e lesão), os agentes assim o fizeram por que a lei autorizava, sendo, contudo, necessário, que eles soubessem da situação de perigo. Se o oficial de justiça (no primeiro caso) tivesse agido arbitrariamente e o médico (no segundo) tivesse agido por vingança, sem o conhecimento de que exerciam um direito seu, responderiam pelos crimes (constrangimento ilegal e lesões).
CULPABILIDADE
Culpabilidade é o juízo de censurabilidade realizado sobre uma pessoa que pratica um fato típico e ilícito. Trata-se de pressuposto para imposição da pena.
É a capacidade mental de compreender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. É, portanto, capacidade de compreensão do que está fazendo e de autodeterminação (poder de conter seu próprio comportamento).
Entende-se que nestes casos em que o agente não tenha capacidade de censura do ato praticado, vale dizer, não tenha capacidade de compreender a ilicitude do seu comportamento, embora cometa crime, estará isento de pena ou mesmo poderá ter sua pena reduzida.
Teorias da culpabilidade
a) psicológica;
b) psicológica-normativa e
c) normativa pura
A teoria psicológica está vinculada com a teoria causal ou naturalista da ação. Segundo ela, a culpabilidade é a relação psíquica do agente com o fato, na forma de dolo ou culpa. O dolo está dentro da culpabilidade. A ação é considerada componente objetivo do crime e a culpabilidade, componente subjetivo, ora apresentando-se como dolo ou culpa. A imputabilidade e a exigibilidade de conduta diversa são pressupostos do dolo e da culpa.
Já pela teoria psicológico-normativa, o dolo e a culpa não são espécies da culpabilidade, mas apenas elementos integrantes desta, ao lado da imputabilidade, da consciência da ilicitude e da exigibilidade de conduta diversa. Sem esses elementos a conduta não é considerada reprovável ou censurável e, assim, não haverá crime.
A teoria normativa pura relaciona-se com a teoria finalista da ação, retirando o dolo e a culpa da culpabilidade. Assim, o dolo e a culpa migram da culpabilidade para a conduta. A culpabilidade passa a constituir mero juízo de valor, de reprovação do autor da infração.
Com isso, a culpabilidade passa a ser composta dos seguintes elementos:
imputabilidade;
potencial consciência da ilicitude e
exigibilidade de conduta diversa.
A teoria normativa pura ainda se subdividiu em outras duas teorias:
a) estrita ou extrema da culpabilidade e
b) limitada da culpabilidade
Pela teoria estrita ou extrema, toda espécie de discriminante putativa, seja sobre os limites autorizadores da norma (erro de proibição), seja sobre a situação fática (erro de tipo) seria tratada sempre como erro de proibição.
Pela teoria limitada da culpabilidade, o erro que recai sobre uma situação de fato é erro de tipo, enquanto o erro que recai sobre a existência ou limites de uma causa de justificação é erro de proibição.
O Código Penal adotou a teoria limitada da culpabilidade.
IMPUTABILIDADE
É a possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade por algum fato. É o conjunto de condições que dá ao agente a capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de uma infração penal.
Em suma, é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Em princípio, todos são imputáveis, a não ser que ocorra uma causa de exclusão da imputabilidade.
O art. 26, do C.P. estabelece que: É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Daí se extrai as seguintes causas excludentes da imputabilidade;
a) doença mental;
b) desenvolvimento mental incompleto;
c) desenvolvimento mental retardado;
d) embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior.
Os critérios para aferição de inimputabilidade são:
1) biológico: leva em conta apenas o desenvolvimento mental do acusado, quer em face de problemas mentais ou de idade.
2) psicológico: considera apenas se o agente, ao tempo da ação ou omissão, tinha capacidade de entendimento e autodeterminação.
3) biopsicológico: considera inimputável aquele que, em razão de sua condição mental era, ao tempo da ação ou omissão, totalmente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
O art. 26, caput, do C.P. adotou o critério biopsicológico. 
a) Doença mental é a perturbação mental de qualquer ordem, como por exemplo, demência, histeria, epilepsia, paranoia, psicose, etc.
b) Desenvolvimento mental incompleto é o desenvolvimento que ainda não se concluiu e ocorre em relação aos menores e aos silvícolas não adaptados.
c) Desenvolvimento mental retardado é aquele que não acompanhou a idade biológica, vale dizer, não atingiu o grau de maturidade para aquela idade. É característico dos oligofrênicos e dos surdos-mudos.
Porém, nos termos do art. 26, parágrafo único, A pena pode ser reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços), se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Aqui se trata de semi-imputabilidade ou imputabilidade reduzida, vale dizer, o agente estava parcialmente privado de sua capacidade de entendimento ou autodeterminação.
Quanto menor a capacidade de entendimento, maior deverá ser a redução da pena e, quanto maior a capacidade de entendimento, menor deverá ser a redução.
d) Embriaguez: é uma intoxicação aguda e passageira provocada pelo álcool ou por substâncias de efeitos análogos (cola, tinta, acetona, etc) e que apresenta uma fase inicial deeuforia (fase do macaco), passando pela depressão (fase do leão, o sujeito pode apresentar sinais de violência) até o sono (fase do porco), podendo levar ao coma.
Espécies de embriaguez:
d1) não acidental, que pode ser:
d1.1) voluntária, quando o agente ingere substância alcoólica ou de efeitos análogos com a intenção de embriagar-se;
d1.2) culposa quando o agente não quer embriagar-se mas, agindo de forma culposa, ingere doses excessivas e acaba se embriagando.
Consequência: a embriaguez não acidental jamais exclui a imputabilidade do agente, seja ela completa ou incompleta, voluntária ou culposa. 
Actio libera in causa
A imputabilidade deve existir ao tempo da prática do fato (art. 4º, CP). Pode ocorrer o caso de o agente colocar-se propositadamente em situação de inimputabilidade para a prática da conduta punível.
Surge então a actio libera in causa, que são ações livres em sua causa, ou seja, está relacionada com a liberdade.
São casos de conduta livremente desejada, mas cometida no instante em que o sujeito se encontra em estado de inimputabilidade. Houve liberdade originária, mas não liberdade atual, isto é, no instante do cometimento do fato.
É uma conduta em dois graus: no primeiro, o sujeito é livre na resolução; no segundo, não é livre, uma vez que se encontra em estado de inimputabilidade.
Assim, se o sujeito se embriaga, prevendo a possibilidade de praticar o crime e aceitando a produção do resultado, responde pelo delito a título de dolo. Contudo, se ele se embriaga prevendo a produção do resultado e esperando que ele não se produza ou, não prevendo, mas devendo, responde a título de culpa.
Portanto, para que haja responsabilidade penal no caso da actio libera in causa é preciso que no instante da imputabilidade (fase livre – da resolução), o sujeito tenha querido o resultado ou assumido o risco de produzi-lo (dolo), que este resultado tenha sido previsto sem aceitar o risco de causá-lo ou que, no mínimo, tenha sido previsível.
Por fim, se no momento da resolução o agente era livre para decidir e fosse imprevisível a ocorrência da situação que o levou à prática do crime, ficam excluídos o dolo e a culpa, e o fato torna-se atípico, não se punindo o agente.
d2) acidental: é a decorrente de caso fortuito ou força maior, e pode ser completa ou incompleta, conforme retire total ou parcialmente a capacidade de entender e de querer.
Consequência: se completa, exclui a culpabilidade; se incompleta, não exclui, mas permite a diminuição da pena de 1/3 a 2/3.
d3) patológica: é a equiparada à doença mental. Se retirar totalmente a capacidade de entender o caráter ilícito do fato, exclui a imputabilidade. Se não retirar completamente a incapacidade, responde pelo crime, com a pena diminuída de 1/3 a 2/3.
d4) preordenada: ocorre quando o agente se embriaga para se encorajar a delinquir. Responde pelo crime, com a agravante genérica (art. 61, II, ‘l”, C.P.).
Dependência ou intoxicação involuntária decorrente de consumo de drogas
O art. 45, caput, da Lei 11.343/06 ao tratar da inimputabilidade e da imputabilidade reduzida adotou a sistemática delineada no art. 28 do Código Penal no que se refere à embriaguez, ou seja, adotou o critério biopsicológico e traz a seguinte redação:
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
Pela redação do caput podemos observar se tratar de causa de isenção de pena quando, em razão da dependência ou sob o efeito da droga, proveniente de caso fortuito e força maior, e qualquer que seja o crime, o agente for ao tempo da conduta inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de se autodeterminar.
Assim, ainda que se trate de um furto, de uma lesão ou homicídio, se ele foi praticado por dependente ou pessoa sob o efeito da droga, receberá o tratamento previsto na Lei Antidrogas. 
Para que exista isenção de pena, no caso de consumo, este deve ser involuntário (caso fortuito ou força maior). Se a causa, entretanto, for a dependência, o juiz imporá medida de segurança consistente no tratamento médio adequado, nos termos do parágrafo único, cuja duração sempre dependerá do parecer médico.
Sendo a intoxicação voluntária é de se aplicar a teoria da actio libera in causa, à exceção de dependentes que não possuam capacidade de autodeterminação.
Já o art. 46 traz a figura da imputabilidade diminuída, permitindo que a pena seja reduzida entre 1/3 a 2/3. 
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para tratamento, realizada por profissional de saúde com competência específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei.
e) menoridade: os menores de 18 anos são inimputáveis, sujeitos à legislação especial. Neste caso, o C.P. adotou o critério biológico.
EMOÇÃO E PAIXÃO
Não excluem a imputabilidade penal: I) a emoção ou a paixão.
A emoção é um estado súbito e passageiro de instabilidade psíquica: uma perturbação momentânea de afetividade.
A paixão é um sentimento duradouro, caracterizado por uma afetividade permanente.
Podem funcionar como atenuantes genéricas ou causa de diminuição de pena.
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
É a possibilidade de conhecer da ilicitude do fato.
Segundo o art. 21 do C.P. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3.
A presunção, portanto, é a de que todos são culpáveis. 
O erro evitável sobre a ilicitude do fato é o erro de proibição, que retira do agente a consciência da ilicitude, excluindo a culpabilidade. Aqui, não há erro acerca do fato (erro de tipo). O agente tem perfeita compreensão do fato, mas pensa ser lícito quando na verdade é ilícito.
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Funda-se no princípio de que só podem ser punidas as condutas que poderiam ser evitadas. Se, no caso concreto, era inexigível conduta diversa por parte do agente, fica excluída a culpabilidade.
A exigibilidade de conduta diversa pode ser excluída por dois motivos:
a) coação moral irresistível, ou seja, o emprego de grave ameaça, onde o coato não tem condições de resistir. Neste caso, o crime existirá, porém, o agente não será culpável.
b) obediência hierárquica, que é a manifestação de vontade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado.
Em regra, a ordem pode ser:
legal: neste caso, o agente está no estrito cumprimento do dever legal e, portanto, não comete crime.
ilegal: aqui a ordem é dada contrariamente ao ordenamento jurídico.
Essa ordem ilegal pode ser
- ordem manifestamente ilegal: neste caso, ambos responderão pelo crime;
- ordem não manifestamente ilegal: exclui-se a culpabilidade do subordinado, permanecendo apenas à do superior hierárquico de onde emanou a ordem.
Vale lembrar que a obediência hierárquica decorre apenas de relações de direito público.
Por fim, muito importante relembrar que todas essas causas de exclusão da imputabilidade devem ser aferidas no momento da conduta do agente, ou seja, da açãoou omissão, de tal modo que é absolutamente fundamental o requisito temporal. É, pois, no momento da ação ou da omissão que deve ser analisada a capacidade de entendimento e autodeterminação em relação ao fato praticado.

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