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Aula 3 Teoria do CONFLITO (1)

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MASC 
TEORIA DO CONFLITO
Ms. Adriana Borghi
Universidade São Judas Tadeu
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Crise do sistema judiciário
incapacidade de atender aos interesses dos jurisdicionados / percepção de injustiça prevalece
explosão de litigiosidade na sociedade brasileira
Vetores que contribuem
estrutura que não acompanha o ritmo das interações sociais (globalização/internet/quantidade de operadores do direito, servidores, etc.)
legislação processual truncada e de cunho probatório
uso “distorcido” da tutela jurisdicional (pelos sujeitos passivos e ativos, bem como pelos membros do aparato estatal)
Costuma-se afirmar que a função do Direito é a de promover a paz social
“harmonizar as relações sociais intersubjetivas, a fim de ensejar a máxima realização dos valores humanos com o mínimo de sacrifício e desgaste" (DINAMARCO, Cândido Rangel ; CINTRA, Antonio Carlos de Araújo ; GRINOVER, Ada Pellegrini . Teoria geral do processo)
O que introduz o tema?
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ALGUNS SENTIDOS POSSÍVEIS de CONFLITO
ligados a cenários de violência: “1. Embate dos que lutam. 2. Discussão acompanhada de injúrias e ameaças; desavença. 3. Guerra (1). 5. Colisão, choque” (Aurélio)
ligados a disputas pela sobrevivência “Uma forma de interação entre indivíduos, grupos, organizações e coletividades que implica choques para o acesso à distribuição de bens escassos”. (BOBBIO)
Metáforas orientais...
- “O conflito é luz e sombra, perigo e oportunidade, estabilidade e mudança, fortaleza e debilidade. O impulso para avançar e o obstáculo que se opõe a todos os conflitos contêm a semente da criação e da desconstrução” (Sun Tzu)  
- I Ching: Acima, o Criativo - céu / Abaixo, o Abismal - água. 
Sociedade composta por grupos que lutam por seus interesses, o que configura potencial para o conflito 
 análise das tensões entre grupos dominantes e desfavorecidos (como se estabelecem e perpetuam as relações de controle)
 autoridade e poder - diferença de interesses entre governantes e governados
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Nesta	perspectiva,	os	conflitos	sociais	são	 destacados	como	socialmente importantes. São formas prevalecentes nas interações de convivência social. Simmel aponta uma das virtudes do conflito. Este atributo positivo residiria no fato de que ele, - o conflito - cria um patamar, um tablado social, à semelhança de um palco teatral, espaço onde as partes podem encontrar-se em um mesmo plano situacional e, desta maneira, impõe-se um nivelamento. Uma condição necessária para que as partes, às vezes, ásperas e díspares possam, de fato, efetuar a trama que ele encerra. 
JOSÉ OLIVEIRA ALCÂNTARA JÚNIOR
Importância do Conflito 
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espaço social, em que o próprio confronto é um ato de reconhecimento
produtor de um metamorfismo entre as interações e as relações sociais daí resultantes
ele (re)cria novas estruturas, ou, as mantém sob determinadas condições
JOSÉ OLIVEIRA ALCÂNTARA JÚNIOR
Importância do Conflito 
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O conflito pode ser definido como um processo ou estado em que duas ou mais pessoas divergem em razão de metas, interesses ou objetivos individuais percebidos como mutuamente incompatíveis. 
Em regra, intuitivamente se aborda o conflito como um fenômeno negativo nas relações sociais que proporciona perdas para, ao menos, uma das partes envolvidas.
ser homem é ser em conflito
Pode-se dizer que os conflitos são inerentes à vida e a partir deles podemos nos constituir
Teoria do conflito
Perceber o conflito de forma negativa desencadeia uma reação denominada “retorno de luta ou fuga (ou apenas luta ou fuga) ou resposta de estresse agudo = teoria de que animais reagem a ameaças com uma descarga ao sistema nervoso simpático impulsionando‑o a lutar ou fugir
Despolarização = O ato ou efeito de não perceber um diálogo ou um conflito como se houvesse duas partes antagônicas ou dois polos distintos (um certo e outro errado) 
Distinção técnica entre uma disputa e um conflito - “Um conflito se mostra necessário para a articulação de uma demanda. Um conflito, todavia, pode existir sem que uma demanda seja proposta. Assim, apesar de uma disputa não poder existir sem um conflito, um conflito pode existir sem uma disputa” (Manual de Mediação Judicial – PG. 54)
paz
A paz é um conceito dinâmico, que está sempre em mudança, que nos leva a provocar, enfrentar e resolver os conflitos da vida de forma não-violenta e criativa
Uma educação para a paz explora o conflito como um catalisador de mudança. Não busca a eliminação dos conflitos, mas procura modos criativos e não-violentos de abordá-los. 
 É lembrar que sempre existem escolhas a serem feitas; a lidar com as diferenças e promovem compreensão de si e do outro
o conflito se desenvolve em espirais e essa escalada de conflito é importante na gestão de disputas. 
UM conflito pode melhorar ou piorar dependendo da forma com que se opta perceber o contexto conflituoso. 
processos destrutivos de resolução de disputas - esmaecimento da relação social preexistente à disputa e acentuação da animosidade decorrente da ineficiente forma de endereçar o conflito. 
processos construtivos - fortalecimento da relação social preexistente à disputa. 
Formas des(cons)trutivas/ineficientes de lidar com conflito (Gomma)
embate ganhar/perder
enfraquecem ou rompem relação social preexistente à disputa (conflito manifesto como demanda)
espiral da violência durante o processo 
perde-se o fio da meada
impossibilita a coexistência
Manual de Mediação Judicial, 2016
Formas construtivas/participativas de lidar com conflito (Gomma)
perspectiva não culpabilizante
permitem reformular questões diante do impasse
abordam todas as questões em jogo (identifica interesses subjacentes ao conflito)
fortalecem relação social preexistente
promovem compreensão
buscam soluções criativas ganha-ganha
educam para a compreensão mútua
Implicação com a responsabilidade e a ética profissional
O ordenamento jurídico processual está voltado à pacificação social
Manual de Mediação Judicial, 2016
Conc.: deixa eu explicar uma coisa pro senhor, existe uma coisa chamada abandono material... o juiz vai condenar o senhor a meio salário mínimo
Sr.: deixa eu falar com ela?
Conc.: quem tem filho tem que trabalhar todo dia!
Sr.: mas deixa eu falar uma coisa... (voz começa a embargar)... eu sei, eu tô procurando emprego...
Conc.: o senhor tem 3 filhos!
Sr.: se quiser me mandar prender agora, amanhã, ou depois, tudo bem, mas eu não tenho dinheiro... (voz embargada)
Sra.: eu estou...
Conc.: a senhora fica quieta, por favor, e o senhor fica quieto... O Sr. tem que ter consciência, o Sr. vai abandonar os seus filhos? O Sr. tem que pagar alguma coisa... o juiz vai decretar no mínimo R$250,00
... (silêncio)
Conc.: o Sr. não quer acordo, então vamos fazer instrução, o Sr. procura advogado, o Sr. vai ser processado, vai ser preso...
... (silêncio)
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Conc.: vou dar um conselho pro senhor, para aliviar pro seu lado, o Sr. tem que pagar pelo menos R$200,00... Filho primeiro, depois reforma da casa, outras coisas...
... (silêncio)
Conc.: o Sr. já sai daqui intimado!... se o senhor cedesse um pouquinho, ela cederia também...
... (sons de teclado e impressora: providências burocráticas, intimação e tal)
Sr.: sai pedindo desculpas por não ter feito acordo...
Conc.: vai com Deus...
Sra.: obrigada.
Conc.: imagine...
Durante toda a conciliação, a voz de quem concilia é incisiva e a fala, rápida, garantindo seu turno de fala, salvo na despedida. 
Depois dessa conciliação, momento de descontração entre conciliador@ e funcionári@ do Forum
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Exercício
Diante do conflito
Cada pessoa pode reagir/agir 
frente à mesma situação
 de muitas maneiras diferentes, de acordo com 
seu humor, 
a qualidade de sua presença, 
sua história, 
seu ponto de vista, 
seu repertório...
Um pouco de psicologia social
O homem é homem pela socialização (Berger e Luckmann, Mead...)
Indivíduo não nasce ser social: trata-se deum processo temporal em que compreende os semelhantes e apreende o mundo como realidade dotada de sentido, que passa a se tornar seu próprio mundo 
O homem se constitui na relação com o Outro. Ele não se conhece enquanto homem isolado, sozinho, ele precisa do Outro para se reconhecer enquanto tal
A socialização do indivíduo se dá comunicativamente e mais firmemente quando acompanhada de uma experiência emocionalmente significativa 
Personagens cristalizados
O “delinqüente”
O “aluno-problema”
A “professora-sacana”
O “juiz-autoritário”
O “advogado-mercenário”
O “advogado-litigioso”
O “pai-ausente”
A “mãe-vítima”
Os “manifestantes-arroaceiros”
A liberdade existe quando podemos transitar pelos diversos personagens, permitindo a seqüência desse processo de metamorfose, transformações.
Parar para refletir
E escrever...
Que papéis/personagens interpreto no meu dia à dia?
Que papéis/personagens já interpretei e já descartei?
Todos esses papéis/personagens constituem minha identidade
“A identidade do eu pode se confirmar na capacidade de construir, em situações conflitivas, novas identidades, harmonizando-as com as identidades anteriores agora superadas, 
com a finalidade de organizar 
– numa biografia peculiar – 
a si mesmo e às próprias interações[...].” 
(Habermas, 1983)
Etapas da Mediação
1. e 2. acolhimento, apresentação-chegada, combinados, propósitos
3. caucus, histórias pessoais, sentimentos, interesses, necessidades
4. prioridades, agente de realidade
5. levantamento, agente de realidade
6. acordos ao longo do processo e acordo final
Feedbacks a cada encontro
Mediador responsável pelo processo
Todos responsáveis pelo resultado
Referências Bibliográficas
ALCÂNTARA JUNIOR, José Oliveira.Georg Simmel e o conflito social.In: Caderno Pós Ciências Sociais. V.2..n.3.. jan;jul. São Luis, 2005.
GUIDDENS, Anthony. O que é Sociologia? Disponível em:
http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/ivocosta/materiais/Anthony_Giddens_Sociologia.pdfy
ROSEMBERG, Marshall. Comunicação Não Violenta. Disponível em:
http://www.icomfloripa.org.br/wp-content/uploads/2016/03/Comunicac%CC%A7a%CC%83o-Na%CC%83o-Violenta.pdf
MEAD, George. Mind, self & society: from the standpoint of a social behaviorist. Chicago:The University of Chicago Press, 1995.f

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