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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA DE HISTOLOGIA II MATERIAL DE APOIO PARA DISCIPLINA DE HISTOLOGIA I Pelotas, 2018/2 Sumário 1. Microscópio ................................................................................................... 1 2. Tecido epitelial ............................................................................................. 3 2.1 origem das células epiteliais ......................................................................... 3 2.2 características do tecido epitelial .................................................................. 3 2.3 células do tecido epitelial.............................................................................. 4 3. Lâmina basal ............................................................................................... 7 4. Matriz extracelular ....................................................................................... 7 5. Rede de intervenção .................................................................................... 7 6. Complexo juncional ..................................................................................... 8 6.1 zona de oclusão ou junção intima ......................................................... 8 6.2 zona de adesão ou junção adesiva ....................................................... 8 6.3 hemidesmossomos ............................................................................... 8 6.4 desmossomos ....................................................................................... 8 6.5 queratina ............................................................................................... 9 7. Tecido epitelial glândular ............................................................................. 9 7.1 tipos de glândulas multicelulares ................................................................ 10 7.2 modo de liberação das glândulas ............................................................... 11 7.3 formação das glândulas ............................................................................. 12 7.4 classificação das glândulas de acordo com as características ................... 12 7.4 classificação nominal das glândulas .......................................................... 13 8. Tecido conjuntivo ....................................................................................... 19 8.1 funções do tecido ....................................................................................... 19 8.2 células do tecido conjuntivo ........................................................................ 20 8.4 divisão do tecido conjuntivo ........................................................................ 26 9. Tecido adiposo .......................................................................................... 29 tecido adiposo unilocular .................................................................................. 30 10. Tecido cartilaginoso ................................................................................ 33 10.1 tipos de cartilagem ................................................................................... 34 1 1. MICROSCÓPIO Utilizado para visualizar minúsculas estruturas, o microscópio óptico é um equipamento essencial para qualquer laboratório. Isso porque o dispositivo permite a visualização de células, auxiliando no desenvolvimento da citologia e compreensão do funcionamento do corpo humano. O tipo de microscópio mais utilizado atualmente é o óptico que funciona com um conjunto de lentes que ampliam a imagem a imagem transpassada por um feixe de luz. Conheça as partes principais desse mecanismo: Figura 1: Microscópio e suas partes. Fonte: Experimentoteca, 2018. 2 CARACTERÍSTICAS DAS PEÇAS DO MICROSCÓPIO: Oculares: Dois sistemas de lentes (em microscópios mais simples há apenas um). As oculares geralmente possuem um poder de aumento de 10X e é por meio delas que observamos a imagem ampliada. Tubo: Suporte das oculares. Também chamado de canhão. Revólver: Peça giratória que comporta as objetivas. Para trocar de objetiva, sempre manuseie o revólver, nunca force as objetivas. Objetivas: Geralmente três ou quatro, são lentes de maior poder de ampliação. Platina: Também chamada de mesa, é o suporte onde será colocada a lâmina. A platina pode ser levantada ou baixada para regular o foco, utilizando- se os parafusos macro e micrométrico. Condensador: Concentra os raios luminosos que incidem sobre a lâmina. Fonte de luz: Nos microscópios modernos é uma lâmpada, mas em microscópios mais antigos era um espelho que refletia a luz. Liga/desliga: Botão para ligar e desligar a lâmpada. Macrométrico: Parafuso que permite regular a altura da platina. Faz movimentos amplos para um ajuste grosso. Micrométrico: Parafuso que permite regular a altura da platina. Permite um ajuste fino do foco. Braço: Também chamado de coluna, é fixo na base do microscópio e serve de suporte para as demais partes. Charriot: Peça que permite movimentar a lâmina sobre a platina. Não aparece na figura pois geralmente localiza-se na lateral direita. 3 2. TECIDO EPITELIAL O tecido epitelial possui diversas funções e as principais são: Revestimento – Pode ser tanto externamente quanto internamente. Absorção – Nutrientes, água e medicamentos. Secreção – O tecido epitelial forma glândulas que produzem e secretam substâncias em nosso organismo como as glândulas sudoríparas e as glândulas lacrimais. Proteção – Barreira inata contra agentes invasores. Termorregulação corporal. 2.1 Origem das células epiteliais Podem ser originados dos três folhetos embrionários: Ectoderme: Formam o epitélio de revestimento externo como, epiderme, boca, fossas nasais e orifício retal. Endoderme: Formam o epitélio de revestimento do tubo digestório, árvore respiratória, fígado e pâncreas. Mesoderme: Formam o endotélio que está em vasos sanguíneos e linfáticos como também formam o mesotélio que reveste as serosas dos órgãos. 2.2 Características do tecido epitelial As células do tecido epitelial são bem unidas (justapostas), existindo pouca substância extracelular entre elas. Possuem alta taxa de proliferação comparado aos outros tecidos humanos (mitoses rapidamente). O tecido epitelial não possui vasos sanguíneos ou seja, é avascular e portanto a nutrição e oxigênio para este tecido sobreviver passam através de difusão do tecido conjuntivo abaixo. 4 2.3 Células do tecido epitelial Dependendo do local das células e função que está realizando o tecido haverá diferenças. Quanto ao seu formato as células do tecido epitelial podem ser classificadas em pavimentosas, cúbicas e colunares. Figura 2: tipos de tecidos epiteliais. A união de várias células formam os tecidos (epitélio) e estes tecidos possuem classificação nominal de acordo com o formato celular, desta forma os tecidos podem ser classificados em: Tecido epitelial de revestimento pavimentoso simples:Composto por uma única camada de células. Geralmente quando está presente este tecido há absorção ou troca de substâncias com outros tecidos. Confira na imagem abaixo: Endotélio de veia (seta) (400x). Endotélio de artéria (seta) (400x). 5 Tecido epitelial de revestimento cúbico simples: Consiste em uma única camada de células cúbicas. Confira na imagem abaixo: Tecido epitelial de revestimento cúbico simples (400x). Tecido epitelial de revestimento cúbico simples (400x). Tecido epitelial de revestimento cilíndrico simples: Consiste em uma cada de células com citoplasma alto com formato cilíndrico que pode ser encontrado na vesícula biliar. Tecido epitelial de revestimento cilíndrico simples 100x. Tecido epitelial de revestimento cilíndrico simples 400x. Tecido epitelial de revestimento pavimentoso estratificado não- queratinizado ou queratinizado: O tecido epitelial estratificado geralmente serve como proteção devido a sua espessura. Queratina é encontrada na nossa pele sendo formada por uma camada de células mortas. 6 1. 2. Tecido epitelial de revestimento pseudo-estratificado: Este tecido também é formado por uma única camada de células porém, os núcleos encontram-se em posições diferentes no citoplasma. Encontramos este tecido no sistema respiratório. 1. 2. 1. Epitélio pseudoestratificado cilíndrico simples. 2.Epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes. Tecido epitelial de revestimento estratificado de transição ou polimorfo: Este tecido é encontrado em nosso sistema urinário e consiste em células com a capacidade de mudar sua conformação como por exemplo, quando nossa bexiga está cheia essas células ficam com citoplasma baixo (achatadas), já quando nossa bexiga está vazia temos células com sua conformação parecidas com células cuboides. 7 1. 2. 1.Epitélio de revestimento estratificado polimorfo (seta) (400x). 2. Epitélio polimorfo em seus dois estados. #OBS: Sempre que o epitélio for estratificado, o formato das células que dará nome ao tecido será a mais superficial. Exemplificando: Tecido epitelial de revestimento (primeiro nome) Pavimentoso (depende do formato celular na superfície) estratificado (quando houver várias camadas de células). 3. LÂMINA BASAL Como já vimos o tecido epitelial é avascular e utiliza difusão como forma de nutrição. Esta difusão é feita entre tecido conjuntivo adjacente à lamina basal e epitélio. Para que fique mais claro pensamos da seguinte forma, na superfície temos o tecido epitelial revestindo o órgão e logo abaixo a fina camada que forma a lâmina basal composta de proteínas e polissacarídeos, em seguida temos o tecido conjuntivo que vai nutrir nosso epitélio. Portanto o nutriente sairá do tecido conjuntivo passará pela fina camada basal e chegará ao epitélio. 4. MATRIZ EXTRACELULAR Há muito pouca matriz extracelular no tecido epitelial sendo formada por água, colágeno, glicoproteínas, proteoglicanas, etc. 5. REDE DE INTERVENÇÃO 8 É a parte que dá a sensibilidade ao órgão ou tecido. Está localizada de forma intra-epitelial e é formada por terminações nervosas livres. 6. COMPLEXO JUNCIONAL O complexo juncional é característica dos epitélios simples e este complexo é formado por estruturas de adesão que são: zona de oclusão ou junção intima, zona de adesão ou junção adesiva, hemidesmossomos e desmossomos. 6.1 Zona de oclusão ou junção intima A zona de oclusão mantém as células vizinhas tão encostadas que impede a passagem de moléculas entre elas. Assim, substâncias eventualmente presentes em uma cavidade revestida por tecido epitelial não podem penetrar no corpo, a não ser atravessando diretamente as células. 6.2 Zona de adesão ou junção adesiva São regiões que unem células vizinhas por meio de substâncias intercelulares adesivas, causando aderência sem que haja contato entre as membranas plasmáticas. 6.3 Hemidesmossomos As bases das células epiteliais ficam aderidas a lâmina basal por meio de estruturas celulares especiais, denominadas hemidesmossomos que nada mais é que um disco de proteína fixando as células na lâmina basal. 6.4 Desmossomos São dois discos de proteínas que fixam as células umas nas outras. 9 Imagem ilustrando o complexo juncional 6.5 Queratina A queratina nada mais é do que células do tecido epitelial mortas acumuladas formando uma espessa camada sobre o epitelio. Possui função protetora conta agentes externos e evita a perda de líquidos corporais em excesso. 7. TECIDO EPITELIAL GLÂNDULAR O tecido epitelial glandular tem função de secretar substâncias tanto na parte externa do corpo quando na parte interna, sendo esses produtos secretados úteis ao nosso organismo. O tecido gandular também possui células bem unidas (justapostas) e é ligado a lâmina basal, também não possui vascularização. As células do tecido epitelial glandular produzem substâncias chamadas secreções, que podem ser utilizadas e outras partes do corpo ou eliminadas do organismo. Essas secreções podem ser: Mucosas: Possuem ácinos claros e ricos em muco (carboidrato), Ex. glândulas salivares Serosas: quando fluidas, aquosas, possuem ácinos vermelho forte e ricos em proteínas. Ex. glândulas secretoras do pâncreas Mistas: Quando ocorrem secreções mucosas e serosas juntas. Ex. Glândulas salivares parótidas. 10 As glândulas podem ser unicelulares, como a glândula caliciforme (que ocorre por exemplo, no epitélio da traqueia), ou multicelulares, como a maioria das glândulas. Em amarelo glândulas caliciformes do intestino. Em verde a parte secretora de glândulas multicelulares exócrina e endócrina, respectivamente. As glândulas multicelulares originam-se sempre dos epitélios de revestimento, por proliferação de suas células para o interior do tecido conjuntivo subjacente e posterior diferenciação. 7.1 Tipos de glândulas multicelulares Glândulas exócrinas: apresentam a porção secretora associada a dutos que lançam suas secreções para fora do corpo (como as glândulas 11 sudoríparas, lacrimais, mamárias e sebáceas) ou para o interior de cavidades do corpo (como as glândulas salivares); Glândulas endócrinas: não apresentam dutos associados à porção secretora. As secreções são denominadas hormônios e lançadas diretamente nos vasos sanguíneos e linfáticos. Exemplos, hipófise, glândulas da tireoide, glândulas paratireódeas e glândulas adrenais; Glândulas mistas ou anfícrinas: apresentam regiões endócrinas e exócrinas ao mesmo tempo. É o caso do pâncreas, cuja porção exócrina secreta enzimas digestivas que são lançadas no duodeno, enquanto a porção endócrina é responsável pela secreção dos hormônios insulina e glucagon. Esses hormônios atuam, respectivamente, na redução e no aumento dos níveis de glicose no sangue. 7.2 Modo de liberação das glândulas As glândulas possuem diferentes formas de liberação de seus produtos e podemos classificar em três modos: 12 Merócrinas: São aquelas que eliminam somente as secreções ficando suas células intactas. Glândulas lacrimais, glândulas salivares, glândulas sudoríparas. Apócrina: São aquelas que eliminam parte (pedaço) das célulasjunto com secreção. Exemplo glândula mamária. Holócrinas: São aquelas que eliminam células juntamente com a secreção. Exemplo: Glândulas sebáceas. Figura 8: Ilustração das secreções glandulares. 7.3 formação das glândulas A formação das glândulas se inicia com a ploriferação de um pequeno grupo de células epiteliais chamado Broto epitelial. 7.4 Classificação das glândulas de acordo com as características Quanto ao número de células as glândulas podem ser classificadas como unicelulares e pluricelulares. Quanto ao tipo de ducto podemos classificar as glândulas como: Simples, simples ramificada e composta. A forma da porção secretora também pode permitir a classificação, podemos ter tubo, ácinos ou tubuloacinar. 13 E o tipo de secreção é uma das formas mais pedidas de classificação, devemos saber se está glândula é serosa (secreta proteínas) ou mucosa (secreta carboidratos). Lembrando que temos glândulas mistas ou seja, possuem as duas formas de secreção podendo liberar muco e secreção serosa também e estas glândulas são chamadas de mistas. 7.4 Classificação nominal das glândulas Lâmina C4 – Glândula exócrina unicelular: célula caliciforme Técnica do PAS, que evidencia o material sintetizado no citoplasma da célula e que ao sair constitui o muco. A forma destas glândulas, como o próprio nome diz, é a de um cálice. Como cada glândula é composta por apenas uma célula epitelial secretora, ela é classificada como “glândula exócrina unicelular”. Apesar de ser exócrina, esta glândula não apresenta ducto, ela é intra-epitelial e se abre diretamente na superfície do epitélio de revestimento que a contém. Os núcleos das células apresentam-se corados de roxo pela hematoxilina. Lâmina K5 – Glândula exócrina tubulosa simples Tem a forma tubulosa e são constituídas por invaginações do epitélio de revestimento para o interior da parede do órgão. Cada glândula é um tubo que desemboca no epitélio de revestimento, que é sustentado por tecido conjuntivo. Não tem uma direção uniforme, por isso nesta preparação aparecem tanto cortes transversais, como oblíquos e longitudinais, devendo ser analisados todos os tipos de cortes. 14 Lâmina K18 – Glândula exócrina tubulosa simples Semelhante à K5, porém com as células caliciformes coradas em azul devido à técnica histoquímica do Alcian Blue que cora as glicosaminoglicanas (mucopolissacarídeos) presentes no citoplasma. Lâmina L1 – Glândulas da pele Glândula exócrina tubulosa simples enovelada (sudorípara) Glândula exócrina acinosa simples ramificada (sebácea) Apresenta epitélio queratinizado e, abaixo deste epitélio há tecido conjuntivo com pelos, glândulas sebáceas e sudoríparas. A sudorípara tem forma de tubo enovelado. Cada secção do tubo glandular aparece com a parede formada por uma única camada de células epiteliais cúbicas rodeando um espaço interno, onde a secreção de cada célula é lançada. Este tubo desemboca na superfície epitelial queratinizada, de onde foi originado. Apócrina ou merócrina, dependendo da localização e/ou espécie animal. 15 A Sebácea é uma glândula acinosa simples modificada, e apresenta um aspecto maciço, já que a luz não aparece. constituída por células claras, bem delimitadas, cheias de gotículas de lipídios, cada uma apresentando um núcleo redondo e central. O ducto excretor desemboca geralmente em um folículo piloso. A) B) A)Glândula exócrina tubulosa simples enovelada (sudorípara) B)Glândula exócrina acinosa simples ramificada (sebácea) Lâmina L6 ou L9 – Glândula exócrina acinosa composta: Luz muito pequena, não pode ser visualizada. Entre os ácinos podem ser vistos ductos intralobulares. Os ductos extralobulares são grandes, e localizam-se fora dos lóbulos, ou seja, nos septos de tecido conjuntivo. Todos os ductos apresentam luz visível; quanto mais calibroso for o ducto, maior a sua luz. Ductos ramificados, permitem classificar esta glândula como composta. A ramificação dos ductos só pode ser visualizada nos seus cortes longitudinais. Os ácinos e ductos vão constituir o parênquima, que está dividido em lóbulos por septos de tecido conjuntivo. O tecido conjuntivo é chamado de estroma. 16 Lâmina L8 – Glândula exócrina túbulo-acinosa composta: Constituída por unidades secretoras em forma de ácinos ou túbulos, classificada como túbulo-acinosa. Ductos são muito ramificados, glândula é “composta”. a) porção secretora serosa - constituída por células piramidais, que possuem na região basal um núcleo arredondado e muita basofilia, devido a grande quantidade de ribossomos. A secreção serosa é uma secreção rica em proteína, sendo fluída. A luz de uma porção secretora serosa é tão pequena que não aparece ao microscópio óptico. b) porção secretora mucosa - constituída por células piramidais que apresentam um núcleo achatado contra a membrana plasmática da região basal. O citoplasma fica muito claro porque está cheio de muco, uma secreção glicoprotéica e viscosa que não se cora bem com HE. Os limites celulares podem ser observados, assim como a luz do ácino, que geralmente é ampla. c) porção secretora mista - formada por uma parte principal mucosa. A secreção deste tipo de porção secretora é, portanto, constituída por muco associado a pré-enzimas, sendo semi-viscosa. Cada porção secretora desemboca em um ducto, que na sua parte inicial tem um diâmetro muito pequeno, é constituído por células epiteliais cúbicas que possuem núcleos redondos. As porções secretoras e seus pequenos ductos estão agrupadas em lóbulos, separados entre si por septos de tecido conjuntivo. Por isso, estes ductos são classificados como intralobulares. 17 Lâmina O2 – Glândula endócrina vesicular ou folicular Células organizadas em forma de vesícula e suas células secretoras formam a parede de estruturas esféricas, dentro das quais fica armazenada a secreção produzida. A parede é constituída por uma única camada de células cúbicas. A secreção armazenada dentro da vesícula cora-se de rosa- alaranjado, sendo denominada de colóide. Ao redor das vesículas estão capilares sangüíneos que, portanto, entram em contato com as células secretoras. Os hormônios são armazenados no colóide, numa forma inativa, e, quando necessário, são reabsorvidos pelas próprias células secretoras e transferidos para a circulação sangüínea dos capilares adjacentes. 18 - Glândula endócrina cordonal Encontra-se dentro ou ao lado da tireóide. Formada por células secretoras cúbicas que se dispõem lado a lado formando cordões irregulares. Entre estes cordões encontram-se capilares, dificilmente visualizados, de modo que todas as células secretoras estão em contato com capilares sangüíneos. Figura ilustrando para melhor entendimento: 19 8. TECIDO CONJUNTIVO O tecido conjuntivo é constituído por células bem diferenciadas e por abundante material intercelular. Este material intercelular é formado por substância fundamental, também chamada de matriz, e por elementos fibrilares. A substância fundamental é formada por água e por macromoléculas alongadas, como pelas glicosaminoglicanas, pelas proteoglicanas, pelas glicoproteínas e pelo ácido hialurônico. Os elementos fibrilares são as fibras elásticas, as fibrasreticulares e as fibras colágenas. Este tecido possui vasos sanguíneos, nervos e células sem justaposição. 8.1 Funções do tecido O tecido conjuntivo tem diversas funções: preencher, estabelecer conexão entre os diversos tipos de tecidos ou órgãos, sustentar (osso e 20 cartilagem), transportar substâncias (sangue) e auxiliar na defesa (glóbulos brancos). O tecido conjuntivo propriamente dito, principalmente o tecido adiposo, armazena lipídios. Além disso, o conjuntivo frouxo armazena água e sódio. O tecido conjuntivo contém células fagocitárias (macrófagos) e células que produzem anticorpos (plasmócitos). Ressalta-se ainda a importante função de proteção à penetração de bactérias e partículas estranhas da substância fundamental amorfa, devido à viscosidade do tecido. O tecido conjuntivo participa da inflamação, que é uma resposta do organismo à penetração de bactérias ou substâncias químicas irritantes. Quando eventualmente o tecido não consegue destruir estas bactérias, o próprio tecido forma uma barreira fibrosa para conter a inflamação. As células do conjuntivo têm capacidade de multiplicação e, além de regenerar o próprio tecido, podem regenerar outros tecidos que tenham capacidade regenerativa baixa ou nula (cicatrização). Devido à associação entre o tecido conjuntivo e os vasos sangüíneos e linfáticos, o tecido conjuntivo tem a capacidade de transportar nutrientes para as células de outros tecidos, como também eliminar o refugo do metabolismo, pelo caminho inverso. 8.2 Células do tecido conjuntivo As células do tecido conjuntivo são as seguintes: fibroblastos, fibrócitos, plasmócitos, mastócitos, macrófagos e células adiposas. A seguir estão descritas as características fundamentais de cada célula citada. Fibroblasto e Fibrócito Os fibroblastos são as células jovens, em plena atividade produtiva. Já os fibrócitos são as células velhas, que já terminaram seu trabalho de fabricação dos fibroblastos. Os fibroblastos são as células mais comuns do tecido conjuntivo. Caracterizam-se por serem células grandes, contendo um núcleo oval bem evidente e citoplasma rico em ergastoplasma e em prolongamentos 21 citoplasmáticos. Os fibroblastos têm a função de sintetizar fibras do tecido conjuntivo e as proteoglicanas e glicoproteínas da matriz. Os fibrócitos apresentam pouco citoplasma e são pobres em ergastoplasma, além de possuírem um núcleo menor e alongado. Havendo um estímulo, como ocorre nos processos de cicatrização, o fibrócito pode voltar a sintetizar fibras, reassumindo a forma de fibroblasto. Lâmina com Fibroblastos Plasmócito Os plasmócitos são células pouco numerosas no conjuntivo. Têm formato oval e núcleo esférico com cromatina em grumos, dando ao núcleo, aspecto de roda de carroça. São células que sintetizam e secretam anticorpos e imunoglobulinas. Aparece em grande número nos locais onde há inflamação crônica e em locais sujeitos a penetração de microorganismos, como por exemplo, na mucosa intestinal. Os plasmócitos derivam do linfócito tipo B ativado e produz o anticorpo necessário para a resposta do organismo frente à penetração de moléculas estranhas (antígenos). 22 Seta indicando plasmócitos Mastócito Os mastócitos são células altamente nutritivas, grandes, globosas, com o citoplasma repleto de grânulos e com núcleo esférico central. Eles têm a função de produzir e armazenar mediadores químicos do processo inflamatório. A liberação desses mediadores químicos, como histamina e fator quimiotático dos eosinófilos, promove reações alérgicas, as chamadas reações de sensibilidade imediata. Mastócito no centro da imagem. 23 Macrófago Os macrófagos são células de defesa muito ativas que contém muitos lisossomos. Eles têm a função de fagocitar, secretar substâncias que participam do processo imunológico de defesa e atuar como célula apresentadora de antígenos. Quando estimulados (infecções) os macrófagos se modificam sendo chamados de macrófagos ativados, ficando assim com maior capacidade de matar e digerir partículas estranhas. Dependendo do tamanho do corpo estranho, podem até unir-se, formando células gigantes multinucleadas. Origina-se dos monócitos. Na realidade trata-se da mesma célula em diferentes fases morfológicas. Macrófagos tingidos com nanquim. Célula Adiposa A célula adiposa tem a função de armazenar energia sob a forma de lipídeos, de proteger e de amortecer. Ela pode armazenar o lipídeo de duas maneiras: ou preenche totalmente o citoplasma, deixando a célula com aspecto globoso, ou o lipídeo ocupa o citoplasma celular, como pequenas gotas. Quando o lipídeo ocupa todo o citoplasma, o tecido recebe o nome de tecido adiposo unilocular e quando o lipídeo ocupa pequenas partes do citoplasma, chama-se de tecido adiposo multilocular. 24 Adipócitos 8.3 fibras do tecido: Colágenas Reticulares Elásticas Elas estão distribuídas desigualmente pelo tecido, o que gera a característica principal de cada tipo de tecido. As fibras colágenas são as mais freqüentes no tecido conjuntivo e em muitos casos aparecem agrupadas formando um feixe. Estas fibras são constituídas pela proteína colágeno, que é a proteína mais abundante no corpo humano, chegando em torno de 30%. Estas fibras são sintetizadas pelos fibroblastos e possuem função de resistência ao tecido. Fibras colágenas 25 As fibras reticulares são formadas por colágeno tipo III e por glicídios. Formam o arcabouço dos órgãos hematopoiéticos também as redes em torno das células musculares e das células epiteliais de muitos órgãos, como, por exemplo, do fígado e dos rins. Sintetizadas por fibroblastos tem função de rede de suporte. Fibras reticulares As fibras elásticas são mais finas que as fibras colágenas. Ligam-se umas as outras formando uma malha, a qual cede facilmente às trações mínimas, porém retomam sua forma inicial logo que cessam as forças deformantes. Seu componente principal é a elastina, uma proteína estrutural mais resistente que o colágeno. Sintetizada por fibroblastos, sua composição é elastina e função elasticidade. Fibras elásticas 26 8.4 Divisão do tecido conjuntivo Existem diversos tipos de tecido conjuntivo, sempre formados pelos constituintes básicos (fibras, células e substância fundamental amorfa). A variação dos nomes do tecido conjuntivo está na diferença do principal componente de cada local. A seguir está descrito cada um. Tecido conjuntivo frouxo É o mais comum dos tecidos conjuntivos. Preenche os espaços entre as fibras e os feixes musculares. Serve de apoio ao tecido epitelial, estando sob a pele de todo o corpo. É encontrado na pele, nas mucosas, nas glândulas e em torno dos vasos sanguíneos e linfáticos, formando a fáscia e a tela subcutânea. É um tecidodelicado, flexível e pouco resistente à tração. Este tecido tem todos os elementos estruturais típicos do conjuntivo, portanto ele é constituído por células, por fibras e pela substância fundamental, não havendo predominância de um destes componentes. As células encontradas são os fibriblastos, macrófagos, plasmócitos. Em relação às fibras encontradas, destacam-se as seguintes: Elásticas: longos fios de elastina que dão elasticidade ao tecido. Colágenas: constituídas de colágeno. São grossas e resistentes. Reticulares: ligam o tecido conjuntivo aos tecidos vizinhos através de ramificações. Além desses componentes, o tecido conjuntivo frouxo também é constituído de substância fundamental amorfa, que envolve as células e as fibras. Este tecido se caracteriza por ser rico em substância intercelular e relativamente pobre em fibras. 27 Tecido conjuntivo denso É adaptado para oferecer mais resistência e proteção, mesmo sendo menos flexível que o tecido conjuntivo frouxo. Caracteriza-se por ter predominância de fibras colágenas e pouca substância fundamental amorfa. Esse tecido se divide em dois tipos: Denso não modelado (Fibroso): contém fibroblastos, fibrócitos e abundância de fibras colágenas entrelaçadas, que dão resistência e elasticidade ao tecido. É encontrado formando as cápsulas que envolvem o fígado, o baço, o osso, a cartilagem e a parte profunda da pele (dando forma as partes do corpo). Tecido Conjuntivo Frouxo 28 Denso modelado (Tendinoso): contém fibroblastos, fibrócitos, abundância de fibras colágenas dispostas paralelamente e fibras orientadas paralelamente, que dão resistência, mas pouca elasticidade ao tecido. Ele forma os tendões (ligação dos músculos aos ossos) e os ligamentos (ligam os ossos entre si). Tecido Conjuntivo Denso Não modelado 29 9. TECIDO ADIPOSO É caracterizado por células adiposas, as quais denominamos de adipócitos, que armazenam muita gordura. Estas células possuem um vacúolo central (pode aumentar ou diminuir de acordo com o metabolismo do indivíduo). A quantidade de gordura difere nas partes do corpo. Histologicamente os adipócitos são esféricos quando isolados, mas tem forma poliédrica quando justapostos para formar o tecido adiposo. Nos preparados histológicos de rotina, o lipídio é extraído durante o processo de desidratação com solventes orgânicos, o que dá o aspecto de uma rede delicada de polígonos irregulares. Funções: de isolante térmico, de proteção dos órgãos contra choques mecânicos e de reserva energética. A gordura constitui uma forma eficiente de armazenamento de calorias porque apresenta cerca do dobro da densidade calórica dos carboidratos e das proteínas. Irrigação: é um tecido ricamente irrigado por vasos sanguíneos. Podem ser vistos capilares na maioria dos ângulos da malha de adipócitos justapostos. Além disso, com coloração especial, é possível visualizar fibras nervosa amielínicas e mastócitos. Tecido Conjuntivo Denso Modelado 30 A quantidade de tecido adiposo em um individuo é determinada por fatores genéticos e pela ingestão de calorias. A mobilização e deposição dos lipídios sofrem influência de fatores neurais e hormonais. A noradrenalina é essencial para mobilização dos lipídios, pois ela inicia uma série de passos metabólicos nos adipócitos que levam a ativação da lípase. A lípase é uma enzima que cinde os triglicerídeos. Classificação do tecido adiposo (de acordo com sua cor em estado vivo): Tecido Adiposo Branco (amarelo) ou unilocular ou Tecido Adiposo Pardo ou multilocular. Tecido Adiposo Unilocular O nome unilocular é pelo fato de que cada adipócito encontra-se repleto de uma única e grande gotícula lipídica de gordura neutra. No corpo humano adulto ele existe em maior quantidade que o multilocular. As funções são de reserva energética, de isolante térmico e de proteção contra choques dos órgãos vitais. Ele forma o panículo adiposo, que é uma camada isolante que se localiza abaixo da derme da pele. É mais espesso em indivíduos que vivem em climas árticos. O tecido adiposo unilocular se localiza em maior quantidade sob a pele do abdome (em maior quantidade no omento, mesentério e no espaço retroperitonial), nádegas, axilas, coxas e nas mamas. Ele também é encontrado na medula óssea e entre outros tecidos, preenchendo os lugares vazios. Podemos encontrá-lo também na planta dos pés, nas palmas das mãos, sob o pericárdio visceral e envolvendo os globos oculares (nesses locais ele tem função de amortecedor de impactos). Esse tecido começa a se desenvolver no embrião por volta da metade da vida uterina. Os adipócitos uniloculares são grandes, com a gotícula de lipídio sem membrana em volta. As organelas ficam concentradas no citoplasma perinuclear. Apresenta um pequeno Aparelho de Golgi, alguns ribossomos, REG, microfilamentos e filamentos intermediários. Podem ser visualizadas mitocôndrias compridas, típicas das células adiposas. 31 Tecido Adiposo Multilocular As células do tecido adiposo multilocular apresentam numerosas gotículas de gordura no citoplasma. O núcleo é redondo e excêntrico. Esta característica do núcleo é que auxilia na diferenciação com o tecido adiposo unilocular. Podemos encontrá-lo, por exemplo, na periferia do timo. 32 Curiosidades Quando há depleção de tecido adiposo no corpo devido à diminuição de ingestão calórica, o tecido adiposo localizado na planta dos pés, palma das mãos, pericárdio visceral e órbita ocular, não sofre redução. TECIDO MUCOSO Encontramos neste tecido a predominância de substância fundamental amorfa e poucas fibras. Tem aspecto gelatinoso, e é o principal constituinte do cordão umbilical, onde é chamado de Gelatina de Wharton, e encontrado na polpa dental jovem. Tecido Adiposo Multilocular 33 TECIDO ELÁSTICO É formado por fibras elásticas grossas, por fibras colágenas finas e por fibroblastos. É um tecido pouco frequente, sendo encontrado nos ligamentos da coluna vertebral e no ligamento suspensor do pênis. TECIDO RETICULAR É formado por fibras reticulares e por células reticulares (fibroblastos que produzem fibras reticulares). É um tecido muito delicado e forma uma rede para sustentar as células. Encontra-se nos órgãos que formam as células do sangue (medula óssea). 10. TECIDO CARTILAGINOSO O tecido cartilaginoso é uma forma especializada de tecido conjuntivo rígido que dá sustentação aos tecidos moles adjacentes, reveste as superfícies articulares favorecendo o deslizamento das articulações e absorvendo choques mecânicos sendo essencial para a formação e crescimento dos ossos. As células constituintes são chamadas de condrócitos e estão imersas na matriz extracelular rica em colágeno e elastina. As lacunas é o local onde encontram-se os condrócitos e podem ser ocupadas por um ou mais condrócitos. Não há presença de nervos nem vasos 34 sanguíneos e linfáticos no tecido cartilaginoso, ele é nutrido pelo tecido que o envolve chamado pericôndrio, já as cartilagens que revestem as superfícies das articulações são nutridas pelo líquido sinovial. 10.1 Tipos de cartilagem Cartilagem hialina: É a mais frequente e sua matriz é rica em fibrilas constituídas principalmente de colágeno tipo II associado a glicoproteínas adesivas e proteoglicanas. Formao primeiro esqueleto do embrião e em adultos está nas orelhas e nariz. Em sua periferia os condrócitos encontram-se de forma alongada e com seu eixo paralelo a superfície. Cartilagem hialina Lacunas com condrócitos Cartilagem elástica: Além de conter fibrilas de colágeno na matriz extracelular também há presença de fibras elásticas compostas por elastina. Esta cartilagem possui pericôndrio e cresce por aposição. Cartilagem elástica 35 Cartilagem fibrosa: É encontrada nos discos intervertebrais, nos pontos de ligação dos tendões. Sua matriz extracelular é constituída por muitas fibras de colágeno tipo I organizadas em feixes aparentemente irregulares entre os condrócitos. Não há presença de pericôndrio e a nutrição é feita pelo líquido sinovial. Cartilagem fibrosa BOA PROVA!!!!
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