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1 SURSIS 1. Conceito: Sursis: a suspensão condicional da execução da pena é um instituto de política criminal, que se destina a evitar o recolhimento à prisão do condenado, submetendo-o à observância de certos requisitos legais e condições estabelecidas pelo juiz, perdurando estas durante tempo determinado, findo o qual, se não revogada a suspensão considera-se extinta a punibilidade. 2. Natureza jurídica: O sursis é um direito subjetivo do réu, ou seja, preenchidos os requisitos o juiz deve concedê-lo. O doutrina afirma que o sursis é um direito subjetivo, logo, pode ser recusado pelo réu. É a posição do STF. 3. Sistemas de sursis: Sistema franco-belga: o réu é processado, reconhecido culpado, condenado, suspendendo-se a execução da pena, mediante condições; Sistema anglo-americano ou plea bargaining: o réu é processado, é reconhecido culpado, suspendendo-se o processo sem condenação; (Lei antiga de drogas adotava esta teoria, mas hoje não tem mais). Sistema do probation of first of fenders act: o réu é processado, suspendendo- se o processo, sem reconhecimento de culpa. Art. 89 da Lei 9099/99 – Suspensão condicional do processo. O Brasil adotou o sistema franco-belga. Todavia, no art. 89 da Lei 9.099/95 (suspensão condicional do processo), temos a aplicação do 3º sistema. Não se deve falar em sursis processual, pois não é a aplicação do sistema franco- belga. 4. Espécies de SURSIS Sursis simples (art. 77 c/c art. 78, § 1 do CP) Sursis especial (art. 77 c/c art. 78, § 2 do CP) Sursis etário (2) (art. 77, § 2 do CP) Sursis humanitário (art. 77, §2 do CP) Características Características Características Características Condenado maior de 70 anos (na data da primeira condenação). Razões de saúde do condenado. São doenças em que a “clausura” prejudicam o tratamento ou a cura. Pena imposta NÃO superior a 2 anos considera-se o concurso de crimes. Pena imposta NÃO superior a 2 anos. Pena imposta é superior a 4 anos. Pena imposta é superior a 4 anos. Período de prova (suspensão) variando de 2 a 4 Período de prova (suspensão) variando de 2 a 4 Período de prova variando de 4 a 6 anos. Período de prova variando de 4 a 6 anos. 2 anos. 1º ano (art. 78, §1 do CP): prestação de serviços ou limitação de fim de semana. anos. 1º ano (art. 78, §2 do CP): houve reparação do dano, por isso, estabelece condições menos rigorosas. 1º ano: art. 78, §1 ou art. 78, §2 do CP. 1º ano: art. 78, §1 ou art. 78, §2 do CP. Requisitos Requisitos Requisitos Requisitos I – Não reincidente em crime doloso (1) I – Não reincidente em crime doloso (1) I – Não reincidente em crime doloso (1) I – Não reincidente em crime doloso (1) II – Art. 59 do CP – Fraudáveis. Princípio da suficiência. O juiz vai analisar se o sursis é suficiente para atingir as finalidades da pena. II – Art. 59 do CP – Fraudáveis. Princípio da suficiência. O juiz vai analisar se o sursis é suficiente para atingir as finalidades da pena. II – Art. 59 do CP – Fraudáveis. Princípio da suficiência. O juiz vai analisar se o sursis é suficiente para atingir as finalidades da pena. II – Art. 59 do CP – Fraudáveis. Princípio da suficiência. O juiz vai analisar se o sursis é suficiente para atingir as finalidades da pena. III – Não cabível (art. 44 do CP). O sursis é subsidiário. Só caberá quando incabível restritivas de direito. III – Não cabível (art. 44 do CP). O sursis é subsidiário. Só caberá quando incabível restritivas de direito. III – Não cabível (art. 44 do CP). O sursis é subsidiário. Só caberá quando incabível restritivas de direito. III – Não cabível (art. 44 do CP). O sursis é subsidiário. Só caberá quando incabível restritivas de direito. (1) 1º condenação aconteceu no estrangeiro por crime doloso no estrangeiro. Depois, o mesmo sujeito teve a 2º condenação por crime doloso no Brasil – condenado a 2 anos. Este crime gera REINCIDÊNCIA no Brasil – esta condenação não precisa ser homologada no Brasil, pois a simples condenação por crime doloso no estrangeiro já gera reincidência NÃO cabe Sursis. Condenação anterior a pena de multa GERA reincidência por um crime futuro. O que gera a reincidência é a mera condenação. Não importa o tipo de pena, o tipo de crime, quantum da pena. Mas NÃO veda o sursis (art. 77, §1 do CP). “A condenação anterior a pena de multa (apesar de gerar reincidência) não impede a concessão do benefício”. (2) O que o estatuto do idoso quis alterar ele o fez expressamente – Não alterou a idade para o sursis etário. Obs: no Código Penal Militar NÃO existe o sursis humanitário e nem o sursis etário. OBS: O mínimo do período de prova é sempre igual a pena máxima. Roubo simples com violência contra a pessoa não aceita pena restritiva de direitos, mas admite o sursis. 3 No passado, o agente sofreu condenação definitiva por crime doloso a pena de multa. No presente, ele foi condenado a pena de 2 anos por crime doloso. Nesse caso, é possível a aplicação do sursis? O art. 77, §1º, permite que seja aplicado o sursis, não obstante a pena de multa implicar reincidência. 5. Cabe sursis para crime hediondo ou equiparado? A CF, no art. 5º, XLIII, não proíbe o sursis. A Lei 8.072/90, ao prever o regime integralmente fechado, vedava implicitamente o sursis. O STF ao declarar a inconstitucionalidade do dispositivo, fez desaparecer a vedação implícita. Assim, atualmente é possível o sursis nos crimes hediondos. Obs.: A Lei 11.464/07 determina o regime inicialmente fechado. Antes da Lei 11.464/07 Depois da Lei 11.464/07 1º) O regime integralmente fechado é uma vedação implícita ao sursis. Aboliu o regime integralmente fechado. Acabou com a vedação. 2º) Regime integralmente fechado é inconstitucional. Não existe vedação implícita. Obs: a Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) vedou, explicitamente, o sursis no seu art. 44 desta lei. 6. A Lei de Drogas (Lei 11.434/06) vedou expressamente o sursis no art. 44. Essa vedação é constitucional? Há 2 correntes: 1ª corrente: é inconstitucional, pois ofende o princípio da isonomia; 2ª corrente: é constitucional, pois aplica-se o princípio da especialidade. O STF, em um 1º momento, aplicou a 2ª corrente, mas Celso de Mello já vem alterando esse entendimento para a 1ª corrente. 7. O juiz da condenação impôs sursis sem condições e assim transitou em julgado o benefício, o juiz da execução pode suprir a condição? Há duas correntes: 1ª corrente: transitando e julgado o sursis sem condições legais e/ou judiciais, o juiz da execução não pode suprir a omissão, pois assim agindo ofenderia a coisa julgada. Nesse caso o sursis ficaria incondicionado; 2ª corrente: nada impede que o juiz da execução, provocado ou de ofício, especifique as condições omitidas na sentença, não se tratando de ofensa à coisa julgada, pois esta diz respeito à concessão do sursis e não às condições, as quais podem ser alteradas no curso da execução da pena. Posição do STJ. * Para o STJ NÃO é possível no Brasil, sursis incondicionado? Todos os sursis no Brasil, no primeiro ano, dependem do cumprimento de condições. 8. Revogação: A revogação pode ser (art. 81): a. obrigatória; b. facultativa. 4 CAUSAS DE REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA: a. condenação definitiva por crime doloso: não importa o crime; não importa o tipo de pena; não importa a quantidade da pena; não importa se praticado antes ou durante o período de prova; é causa de revogação automática – não exige contraditório(posição do STF); b. frustrar pagamento da multa – foi revogada tacitamente pela Lei 9.268/96; c. não reparação injustificada do dano: reparação antes da condenação – sursis especial; reparação depois da condenação – para evitar a reparação dos demais tipos de sursis; a reparação do dano é chamada de condição legal indireta, pois indiretamente é exigida por todos os tipos de sursis; não é causa de revogação automática, exigindo-se o contraditório, para permitir ao condenado justificar a não reparação; d. descumprimento injustificado das condições do art. 78, §1º: a revogação não é automática, exigindo o prévio contraditório, para permitir ao condenado justificar o descumprimento das condições. CAUSAS DE REVOGAÇÃO FACULTATIVA: a. descumprimento de qualquer outra condição diversa do art. 78, §1º: o beneficiário deve ser ouvido; b. condenação definitiva por crime culposo ou contravenção penal a uma pena diversa da multa: multa não gera revogação facultativa. Na revogação facultativa, se o juiz entender que não é caso de revogação, poderá: 1. Advertir novamente; 2. Prorrogar o período de prova; 3. Exacerbar as condições impostas. Revogação do sursis ≠ Cassação do sursis. A revogação pressupõe o início de cumprimento do benefício e a lei prevê as hipóteses legais. Na cassação, o benefício ainda não teve início. Veja o desenho: 1. Revogação (art. 81 do CP) 5 Início *---------------------------- X (Causa superveniente gera a revogação do benefício) 2. Cassação Início X----------------------------* Causa pretérita impede o início do sursis Hipóteses de cassação lembradas pela doutrina: a. recusa do beneficiário; b. não comparecimento injustificado do beneficiário na audiência de advertência (audiência que inaugura o benefício) – recusa tácita; c. reforma da sentença concessiva do benefício. Prorrogação do sursis: art. 81, §2º – prorroga-se o benefício, pois é possível exista uma causa de revogação. Inquérito policial: mero inquérito não revoga sursis, assim, não permite a prorrogação do sursis. Durante a prorrogação não subsistem as condições impostas. Condenação: 3. Se for por crime doloso (pouco importa a pena) revogação obrigatória. 4. Se for condenado a crime culposo: a) Pena privativa de liberdade revogação facultativa. b) Pena restritiva de direitos revogação facultativa. c) Pena pecuniária não é nada (nem obrigatória, nem facultativa). 5. Contravenção penal: a) Prisão simples revogação facultativa. b) Restritiva de direitos revogação facultativa. c) Pena de multa não é nada (nem obrigatória e nem facultativa). 9. É possível sursis sucessivo ou simultâneo? R: É possível no caso de depois de cumprir o sursis (ou durante o período de prova) o beneficiado vem a ser condenado por crime culposo ou contravenção penal. A doutrina não utiliza o termo legal para o efeito do cumprimento do sursis; ao invés de extingue a pena privativa de liberdade, utiliza-se extingue a punibilidade. 10. Sursis suspende direitos políticos? R: Há 2 correntes: 1ª corrente: não suspende, pois não é incompatível com o direito ao voto (somente suspendem os regimes fechado e semi-aberto); 6 2ª corrente: suspende, pois enquanto durarem os efeitos da condenação a CF suspende os direitos políticos (não importa o tipo de infração, o tipo de pena, a quantidade da pena ou o regime). Prevalece no STF. 11. Observações: A Lei 6.815/80 veda sursis para estrangeiro em situação irregular no País, independentemente do preenchimento dos requisitos legais. Todavia, o STF admite o sursis para o estrangeiro temporário, pois não há vedação legal. Mirabete discorda, pois o benefício é incompatível com o procedimento de expulsão. O Brasil não admite o sursis incondicionado.
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