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164 Panorama da Aquicultura (2)

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1Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
2 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
3Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
Editorial
aquicultura brasileira chega ao final de 2017, muito movimentada e já um tanto direcionada por grupos 
organizados do setor, que aos poucos vão se tornando protagonistas de conquistas e realizações, 
num cenário onde os atores que deveriam fazer o papel do governo, há tempos não pisam no palco. 
O ano vai ficar marcado pela ação desastrosa do MAPA, que liberou a importação do camarão 
equatoriano. Diante disso, uma parte organizada do setor, descontente com essa medida, conseguiu varrer 
a aquicultura para fora desse ministério, encaixando-a, algemada com a pesca, no MDIC. Por terem ficado 
desconfortáveis neste ministério, tal qual um sapato apertado, ambos os setores foram mandados para outro 
canto do governo, na forma de uma recém-criada secretaria da Presidência da República, um local teoricamente 
até mais nobre que o MDIC. Mexe pra lá e pra cá, o ano acabou assistindo seus poucos funcionários timidamente 
acuados em salas emprestadas do INCRA, totalmente destituídos do glamour de um suposto status ministerial. 
E, em ano eleitoral, é pouco provável que esse quadro mude.
Enquanto isso, piscicultores organizados quebraram antigos paradigmas e conseguiram a inédita 
autorização para introduzir a criação de tilápia nas águas dos reservatórios do rio Tocantins. Espera-se para 
breve, a liberação das primeiras licenças ambientais pelas mãos da outrora carrancuda e irredutível Naturatins, 
órgão ambiental do estado. No mesmo embalo, nos primeiros dias de 2018, produtores organizados também 
conseguiram o direito legal de criar peixes exóticos no Mato Grosso, “desde que os tanques-rede sejam 
construídos com materiais resistentes a tração, corrosão e ação dos predadores”. Essas conquistas setoriais, 
no entanto, não demoraram para acordar velhos desafetos ambientalistas, e nas redes sociais já se pode 
acompanhar um confronto de ideias em notas e pareceres técnicos, numa disputa retórica para um árbitro 
até agora desconhecido.
O empenho do setor produtivo organizado também surtiu efeito no Estado do Paraná, onde uma 
mobilização intensa que contou com a ajuda de parlamentares, resultou na conquista do direito de pagar 
menos impostos nas vendas do pescado enviado para o Estado de São Paulo, o principal mercado fora do 
Paraná. O esforço resultou na redução do ICMS de 12% para 7%, aumentando de forma significativa a margem 
do produtor paranaense. 
Já no Estado de São Paulo, depois da conquista da legislação que permite um caminho pavimentado 
para o licenciamento da atividade - também resultado do esforço do setor organizado - os produtores já 
podem ter acesso a linhas de crédito do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FAEP), com juros de 
3% ao ano, um sonho há muito desejado.
Apesar das conquistas, no apagar de 2017, o setor aquícola foi pego de surpresa com a suspenção 
das licenças de exportação de pescado, tanto da pesca como da aquicultura, para a União Europeia. Ainda que 
sejam tímidas as remessas, a proibição se mostrou injusta, pois as irregularidades detectadas pelos fiscais da UE 
estavam apenas relacionadas com a pesca extrativista. Mas ficou confirmada a máxima que diz que passarinho 
que anda com morcego, acorda de cabeça para baixo. E segue o baile, com mais esse tema para ser resolvido 
pelas instituições que representam o setor aquícola.
Ainda há muito a ser dito sobre a atuação dos grupos que atuam de forma organizada e representam 
os interesses da aquicultura brasileira, mas eu preciso acabar esse editorial para apresentar a edição que 
está em suas mãos e que reúne temas da maior importância. Assim, quero recomendar, em especial, a leitura 
do artigo do nosso querido Fernando Kubitza, uma revisão sobre os reflexos dos compostos nitrogenados 
na saúde dos peixes e camarões. Um presente raro para quem não abre mão de praticar uma aquicultura 
consciente. Você vai ler também muitos outros temas de qualidade técnica valiosa que ajudam a projetar 
os rumos que a atividade se encaminha.
Meu desejo é de que em 2018 o setor aquícola se una cada vez mais, para que juntos tracemos metas 
que tenham o propósito de agregar e melhorar a vida de todos os envolvidos com o setor, e em harmonia com 
o meio ambiente.
A todos uma boa leitura, 
 
A
4 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
5Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Assentamento remoto de sementes de mexilhão em Santa Catarina
O Estado de Santa Catarina é o maior produtor nacional de mexilhões, com um volume de 
12.500 toneladas em 2016. A maricultura catarinense já se configura como uma importante 
atividade econômica na região costeira do estado e a produção de sementes é, atualmente, a 
maior prioridade do setor. Apesar da técnica de produção de sementes há muitos anos já estar 
dominada pelo laboratório de Moluscos Marinhos – LMM/UFSC, as técnicas de assentamento 
remoto das larvas e de manutenção das sementes no mar ainda necessitam de aprimoramentos, 
antes que estejam prontas para serem repassadas para os produtores. O artigo de Felipe M. 
Suplicy apresenta aos leitores os resultados de assentamento remoto utilizando técnicas 
empregadas com sucesso por produtores australianos, neozelandeses e canadenses. 
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Os artigos assinados são de 
responsabilidade dos autores. 
Colaboradores desta edição: 
Carlos A. G. Leal, Dariano Krummenauer, Edu 
Holanda, Eduardo A. Ono, Felipe Matarazzo 
Suplicy, Fernando Kubitza, Geraldo Fóes, 
Gilberto Caetano Manzoni, Guilherme Campos 
Tavares, Henrique C. P. Figueiredo, Julio 
Zemor, Luis Poersch, Robson Cardoso da Costa, 
Wilson Wasielesky Jr.
A única publicação brasileira dedicada 
exclusivamente aos cultivos de 
organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Alegrete, 32 
22240-130 - Laranjeiras - RJ
Fone/fax: (21) 3547-9979
VIVO: (015) 21 97252-5595 / TIM: (041) 21 97991-3577 
CLARO: (021) 21 99123-3411 / OI: (031) 21 98697-8571
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
Skype: panoramadaaquicultura
ISSN 1519-1141
Assinatura:
Daniela Dell’Armi
Fernanda Araújo
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use a ficha 
na página 65, visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br 
ou envie e-mail.
Assistente:
Ricardo Carvalho 
ricardo@panoramadaaquicultura.com.br
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada edição, 
quantos exemplares ainda fazem parte da sua 
assinatura. Basta conferir o número de créditos 
descrito entre parênteses na etiqueta que endereça 
a sua revista.
Números atrasados custam R$ 22,00 cada. Para 
adquiri-los entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 
22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 
44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 
85, 87, 88, 107, 111, 112, 113, 114, 147, 148
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na Grafitto Gráfica & Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a qualidade 
dos serviços e produtos anunciados. 
Í N D I C E
Capa: Assentamento de sementes de 
mexilhão em Santa Catarina
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
Arte: Panorama da AQÜICULTURA
Edição 164 - Novembro/Dezembro de 2017
Editorial... Pág. 03
Notícias & Negócios... Pág. 06
Cooperação com Dinamarca, decreto paulista de licenciamento ambiental 
e acessoao crédito; tilápia no Tocantins; Nota Técnica de ambientalistas 
e resposta do setor produtivo; Legislação Municipal; Suspenção das 
exportações e muito mais.
Notícias & Negócios Online... Pág. 10
Entre os temas abordados na Lista de Discussão Panorama-L, se destacaram 
a presença de Streptococcus agalactiae nos cultivos e os benefícios do 
uso de alimentadores automáticos. 
A água na aquicultura – Parte 3: O impacto da amônia, do 
nitrito e do nitrato sobre o desempenho e a saúde dos peixes 
e camarões... Pág. 14
O artigo de Fernando Kubitza é uma das melhores e mais completas revisões sobre os efeitos da amônia, nitrito 
e nitrato no desempenho e saúde dos peixes e camarões, e sugere boas práticas para minimizar problemas.
Cultivo do camarão em sistema BFT... Pág. 28
Pesquisa da FURG confirma que o uso de clarificadores em viveiros reduz drasticamente o consumo da 
água e a emissão de efluentes além de reforçar a biossegurança do sistema de bioflocos.
Streptococcus agalactiae e o controle pela vacinação: Parte 3... Pág. 36
Como a vacina funciona? Como é a diversidade genética dessa bactéria no Brasil. O artigo discute 
também a emergência de novas linhagens que conseguem escapar da proteção vacinal.
Workshop Nacional de Licenciamento Ambiental na Aquicultura... Pág. 42
Associações de aquicultores, analistas ambientais, governo e instituições de importância reconhecida 
para atividade, se reuniram em torno do propósito de construir um processo de licenciamento 
ambiental com maior segurança jurídica e competitividade, mantendo a harmonia com o meio 
ambiente. Conheça os resultados desse encontro.
Aprimoramento da técnica de assentamento remoto de sementes de mexilhão... Pág. 46
A disponibilidade de sementes pode ser considerado o elo mais sensível da cadeia do mexilhão, e a 
tecnologia de assentamento remoto é a única capaz de dar segurança ao produtor. Saiba como funciona.
FENACAM... Pág. 61
O maior evento técnico-científico e empresarial da Aquicultura brasileira volta com toda força ao Centro 
de Convenções de Natal, no Rio Grande do Norte.
Ficha de Assinatura da Panorama da AQÜICULTURA... Pág. 65
Calendário Aquícola... Pág. 66
6 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 20176
Pequenas notícias institucionais e/ou fotos 
de divulgação de produtos e empresas 
podem ser enviadas para publicação nessa 
seção, através do e-mail:
solange@panoramadaaquicultura.com.br
Notícias & Negócios
COOPERAÇÃO COM A DINAMARCA - Os 
resultados de um projeto de pesquisa que 
estuda a melhora da qualidade de peixes 
de cultivo para o consumo humano foram 
apresentados durante o workshop inter-
nacional “Quality of cultured fish for hu-
man consumption”, realizado no campus 
da Universidade Estadual Paulista (Unesp) 
Jaboticabal, entre os dias 8 e 9 de no-
vembro de 2017. O projeto é desenvol-
vido entre pesquisadores brasileiros em 
parceria com dinamarqueses e conta com 
a apoio do corpo técnico do Instituto de 
Pesca (IP-Apta), do Instituto de Botânica 
e do Polo de Jaú da Apta. Na oportunida-
de, os pesquisadores do IP Cacilda Thaís 
Janson Mercante e Clóvis Ferreira do Car-
mo, juntamente com o pesquisador da 
Apta Gianmarco David, apresentaram os 
resultados dos estudos sobre a qualida-
de da água para a criação de tilápia em 
tanques-rede nos reservatórios da região 
do Paranapanema, Ilha Solteira e Médio 
Tietê, com foco na qualidade dos peixes 
cultivados para o consumo humano. Já a 
pesquisadora do Centro do Pescado Conti-
nental do IP Fabiana Garcia Scallopi falou 
sobre o potencial zoonótico de bactérias 
patogênicas em tilápia-do-Nilo no Estado 
de São Paulo. As pesquisas foram realiza-
das no âmbito do projeto “IMPCON - Im-
proved Quality of cultured fish for human 
consumption”, coordenado pelo professor 
Reinaldo José da Silva, do Instituto de 
Biociências da Unesp de Botucatu, com 
financiamento da Fundação de Amparo à 
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) 
e do Innovation Fund Denmark. Também 
participam dos estudos pesquisadores da 
Universidade de Copenhagen. O projeto 
prevê que os resultados sejam disponi-
bilizados para transferência de tecnolo-
gia para o setor produtivo, podendo se 
destacar o uso de ferramentas de biotec-
nologia para diagnose precoce de pato-
logias que afetam a tilapicultura e para 
o monitoramento de microrganismos 
aquáticos que afetam o sabor dos pei-
xes. Os próximos passos da cooperação 
buscam minimizar o uso de antibióticos 
nos cultivos e soluções práticas para 
problemas com off flavor.
AQUICULTURA PAULISTA I - Em cum-
primento ao decreto nº 62.243 que re-
gulamentou o licenciamento ambiental 
da aquicultura no Estado de São Paulo, 
terminou em 31 de outubro passado o 
prazo para que os aquicultores paulis-
tas entregassem a Declaração de Con-
formidade da Atividade de Aquicultura 
(DCAA), nos casos onde isso é previsto, 
ou protocolassem o pedido de Licença de 
Operação junto a CETESB. Os empreendi-
mentos que cumpriram o prazo não po-
derão ser autuados em razão de ausência 
de licenciamento, até que análise final 
do pedido de adequação seja deferida. 
Até a primeira quinzena de janeiro de 
2018 o CATI recebeu 1.473 Declarações 
de Conformidade, enquanto a CETESB 
contabilizava apenas 60 solicitações de 
Licenciamento Ambiental (do tipo Sim-
plificado e Ordinário). Os demais empre-
endimentos que não cumpriram o prazo 
devem fazê-lo o quanto antes, sob pena 
de serem enquadrados nas fiscalizações 
já prometidas pelo governo paulista. 
7Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017 7
Notícias & Negócios
AQUICULTURA PAULISTA II - Com o 
licenciamento, os aquicultores pau-
listas passam a contar com as linhas 
de crédito oferecidas pelo Fundo de 
Expansão do Agronegócio Paulista 
(FEAP) da Secretaria de Agricultura 
e Abastecimento do Estado de São 
Paulo. As novas regras do FEAP foram 
anunciadas pelo Secretário de Agri-
cultura Arnaldo Jardim em junho pas-
sado, durante o AquiShow, e foram 
adequadas aos aquicultores após a as-
sinatura do decreto nº 62.243/2016. 
Dentre as mudanças estão o aumento 
do prazo de financiamento de cinco 
para seis anos e o período de carên-
cia para o início dos pagamentos, 
que saltou de 18 para 24 meses. Além 
disso, o financiamento que antes era 
oferecido para piscicultura de até 108 
m³ de lâmina d´água para tanques-re-
de, agora foi ampliado para empreen-
dimentos de até 1.000 m³ de lâmi-
na d’água, acompanhando as regras 
do novo licenciamento ambiental. 
Atualmente, o FEAP oferece juros de 
3% ao ano para produtores rurais, 
pescadores artesanais, cooperativas 
e associações de todo o Estado. Ao 
anunciar as mudanças do FEAP, Ar-
naldo Jardim lembrou que, após a 
resolução do entrave relacionado ao 
licenciamento ambiental, o próximo 
obstáculo a ser superado será o da 
estrutura de comercialização, cuja 
tributação sobre o pescado tem sido 
um problema sério para os empreen-
dedores do setor em São Paulo. “E o 
setor deve enfrentar esse problema e 
construir uma solução em conjunto, 
assim como aconteceu no caso do li-
cenciamento”, lembrou Jardim. 
AQUICULTURA MUNICIPAL I - Leis 
municipais para regulamentar a ati-
vidade aquícola parecem ser uma 
tendência de norte a sul do país. Em 
dezembro último, foi promulgada a le-
gislação municipal para a prática da 
aquicultura no município de Laranjal 
do Jarí, no Amapá. A nova legislação 
foi baseada na Legislação Federal para 
que o município possa, a partir de ago-
ra, realizar o Licenciamento Ambiental 
para a piscicultura. Essa conquista foi 
o resultado de um trabalho iniciado 
em 2011 pelo técnico em aquicultura 
Emanuel Brito, que sempre acreditou 
no potencial aquícola da região. Na 
solenidade de apresentação da legis-
lação, que contou com a presença de 
autoridades municipais e produtores, 
foi lançado o Programa Municipal deAquicultura, ocasião em que foram en-
tregues as primeiras licenças ambien-
tais do município, assinadas pelo Se-
cretário Municipal de Meio Ambiente, 
Marcelo Sarraf dos Santos.
AQUICULTURA MUNICIPAL II - Na 
primeira semana de 2018 foi publica-
do no Diário Oficial do Município de 
Uberlândia a legislação que regula-
menta a atividade de aquicultura. Se-
gundo a secretária municipal de Agro-
pecuária, Abastecimento e Distritos, 
Walkíria Naves, esse é o primeiro pas-
so do recém-lançado Programa Novo 
Agro que vai contemplar, além da pis-
cicultura, a agroindústria, agroecolo-
gia, turismo rural e gastronomia. “A 
lei da aquicultura é importante para 
classificar os piscicultores pelo porte 
e possibilitar o cadastro. Os produto-
res que tiverem tanques-rede ou lâmi-
na d’água em sua propriedade podem 
nos procurar para que possam receber 
a visita dos nossos técnicos”, expli-
cou, acrescentando que os piscicul-
tores cadastrados na prefeitura rece-
berão todo apoio técnico necessário 
para atender à legislação ambiental e 
tornar o negócio profissional. O Pro-
grama Novo Agro prevê a disponibili-
zação de recursos subsidiados para a 
aquisição de insumos, com pagamen-
to parcelado em até dez vezes, bem 
como a criação de um entreposto de 
processamento de pescados. Walkí-
ria Naves destacou que o município 
tem potencial aquático para se tornar 
um grande produtor de peixe e a in-
tenção é aproveitar isso para atrair 
ainda mais turistas para a área rural. 
“Quando o turista vem, ele quer ter 
a experiência daquele local. Então 
por que não inserir o peixe nos bons 
restaurantes como um produto nosso, 
com atrativo ao turismo assim como 
o queijo, doces e outros alimentos ar-
tesanais?”, observou a secretária. 
TILÁPIA TOCANTINENSE - Tudo indica 
que neste início de 2018 a Naturatins 
(Instituto Natureza do Tocantins) vá 
iniciar o licenciamento ambiental de 
empreendimentos de cultivo de tilápia 
nos reservatórios do Rio Tocantins, em 
especial no Lago da Usina do Lajea-
do. Em junho passado o Conselho do 
Meio Ambiente do Estado do Tocantins 
(COEMA), votou favoravelmente pela 
introdução de peixes exóticos, contra-
riando a Resolução COEMA no 27, que 
proíbe (ainda não foi revogada) a cria-
ção de espécies exóticas em tanque-
-rede no estado. A permissão para o 
cultivo votada pelo COEMA só foi pos-
sível graças a um acordo que prevê a 
criação de condicionantes ambientais 
para, entre outras coisas, minimizar o 
impacto da presença da tilápia. Tais 
condicionantes tinham um prazo até 
o final de novembro para serem ela-
boradas, mas tudo indica que somente 
no final de janeiro isso será feito. O 
interesse de criar tilápia no Tocantins 
não é de hoje. Já em 2016, empresá-
rios de outros estados, com o apoio 
da Peixe BR, se reuniram com o gover-
nador Marcelo Miranda, para mostrar 
as oportunidades da criação da tilápia 
no estado que, sem sombra de dúvidas 
possui as melhores condições climáti-
cas e ambientais para o cultivo deste 
peixe no país. O pleito dos empresá-
rios encontrou eco na academia e nas 
próprias instituições do estado, que, 
favoravelmente, atestaram a presença, 
há muitos anos, desse peixe nos rios 
Araguaia e Tocantins.
ENQUANTO ISSO... - Velhos fantasmas 
despertaram para colocar a criação de 
tilápia novamente no foco dos debates 
ambientalistas. No final de dezembro 
8 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Notícias & Negócios
a Sociedade Brasileira de Ictiologia, em 
resposta às demandas oriundas do pro-
cesso que discute a introdução da tilápia 
no Tocantins, Mato Grosso e Amazonas, 
divulgou uma Nota Técnica (link curto) 
elaborada por Angelo Antonio Agosti-
nho, professor aposentado da UEM, Os-
car Barroso Vitorino, Analista no Insti-
tuto Natureza do Tocantins e Fernando 
Mayer Pelicice, da Universidade Federal 
do Tocantins, onde avaliam os riscos am-
bientais do cultivo de tilápia nilótica em 
tanques-rede, tendo como base os resul-
tados obtidos em estudos realizados em 
diversas bacias hidrográficas, trazendo, 
“evidências que demonstram, de forma 
inequívoca, a universalidade dos esca-
pes dessa espécie dos tanques-rede, a 
sua elevada capacidade de se estabelecer 
em novos ambientes, e os impactos so-
cioambientais relevantes tanto da forma 
de cultivo como da espécie sobre a biota 
nativa e atividade pesqueira”.
EM REPOSTA... - No início de janeiro 
deste ano, o professor da UEM, Ricar-
do Pereira Ribeiro, elaborou extenso 
“Parecer Técnico” (link curto) também 
com inúmeras referências bibliográficas, 
mostrando que é uma falsa afirmação 
que as espécies exóticas, principalmente 
a tilápia do Nilo, tenha sido a causadora 
da redução ou aumento da diversidade 
específica das espécies selvagens, como 
afirma Agostinho e colaboradores em 
sua Nota Técnica. Para Ricardo, o grande 
número de variáveis bióticas e abióticas 
associadas à falta de informações sobre 
o comportamento da tilápia, em am-
biente similar aos lagos de Hidrelétricas 
de todo o país, gera a necessidade de 
avaliar e monitorar as interações desta 
natureza. Portanto, toda informação é 
imprescindível para nortear qualquer de-
liberação acerca da O. niloticus nos lagos 
de Hidrelétricas, em especial nas regiões 
Centro-Oeste e Norte do Brasil, inclusive 
considerando que os aspectos socioeco-
nômicos são também fundamentais para 
uma análise integrada, pois os reserva-
tórios de hidrelétricas apresentam-se 
como um dos mais importantes em re-
lação ao potencial de produtividade pes-
queira no país, tornando-se necessário 
a busca de novas atividades econômicas 
sustentáveis e viáveis, capazes de con-
tribuir para o aumento de renda da po-
pulação do entorno e consequentemente 
qualidade de vida. O professor Ricardo 
Pereira afirma ainda que a realização 
de estudos técnicos sobre o cultivo da 
espécie nos reservatórios pode e deve 
ter um caráter de inovação, para pro-
por técnicas de engenharia que envolva 
o uso de tanques-rede com sistemas de 
controle de escapes, avaliação de den-
sidades que permitam um desempenho 
e higidez dos animais, o monitoramento 
espacial e temporal da assembleia íctica 
do entorno das áreas aquícolas, o desen-
9Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Notícias & Negócios
volvimento de dietas de baixo impacto 
ambiental, por meio do uso de rações 
de alta digestibilidade, entre outras 
medidas mitigadoras capazes de con-
tribuir para geração de parâmetros 
técnicos, que por sua vez, possam ser 
utilizados como referência nacional e 
replicados a outras regiões do país, a 
exemplo de outros estudos. Por fim, 
Ricardo afirma que os rios impacta-
dos por barragens não são mais rios e 
sim reservatórios, ou seja, ambientes 
muito diferentes, e que, sob qualquer 
ponto de vista, o grande impacto 
nas comunidades ecológicas destes 
ambientes já foi causado, e o reuso 
destas águas para atividades nobres 
como a aquicultura com espécies 
que apresentam índices zootécnicos 
compatíveis para viabilizar a ativi-
dade de produção é a forma mais 
nobre de beneficiar estas áreas e as 
populações impactadas.
EXPORTAÇÕES SUSPENSAS - Uma mis-
são veterinária da União Europeia ava-
liou, em setembro, o sistema de controle 
da produção de pescado no Brasil. As 
auditorias se concentraram no Estado 
de Santa Catarina, por ser o principal 
estado exportador de pescado. Nas 10 
visitas realizadas, os fiscais se depara-
ram com inconformidades em seis es-
tabelecimentos, com problemas relacio-
nados à estrutura física, manuseio de 
pescado e irregularidades de captura. A 
recomendação da UE foi a imediata sus-
penção das exportações de pescado, o 
que foi anunciado pelo MAPA, que sus-
pendeu as licenças a partir do dia 3 de 
janeiro de 2018. Curiosamente não foram 
vistoriados estabelecimentos de aquicul-
tura, mas ainda assim,o pescado cultiva-
do também está proibido de ser exportado. 
A crise fez com que a Associação Brasileira 
da Piscicultura (Peixe BR), usualmente 
moderada e cuidadosa nas suas mani-
festações quando o tema é governança 
da piscicultura, mudasse o seu tom, ao 
exigir que o governo federal tome as me-
didas cabíveis com urgência, para evitar 
que essa decisão afete mercados com os 
quais a piscicultura brasileira tem negó-
cios, e acabe prejudicando conquistas de 
novos parceiros comerciais. A associação 
lembrou que a pouca atenção dada à ati-
vidade está demonstrada nas muitas mu-
danças, como o fim do MPA, seu repasse 
ao MAPA, depois levado ao MDIC e agora 
de volta à Presidência da República. Para 
a Peixe BR nesse jogo de forças políticas, 
“esqueceram o básico: cuidar das neces-
sidades elementares da piscicultura brasi-
leira; dos inúmeros projetos sobre águas 
da União que estão em análise há mais 
de uma década; da legislação ambiental 
que cerceia o avanço da atividade em vá-
rios estados e, da questão sanitária, que 
tem sido pouco considerada na entrada 
de peixes importados”. 
10 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
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www.panoramadaaquicultura.com.br
Notícias & Negócios On-line
De: Guilherme Campos 
gcamposvet@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: S. agalactiae em peixes 
Estudo recentemente publicado no 
periódico Scientific Reports demons-
trou que no Brasil há três diferentes 
grupos genéticos de Streptococcus 
agalactiae acometendo tanto a tila-
picultura como a produção de pinta-
do-da-amazônia no país. Essa diver-
sidade é geograficamente distribuída, 
sendo dois grupos identificados prin-
cipalmente na região Nordeste, en-
quanto que o outro grupo é predomi-
nante na região Centro-Sul do país, 
sendo que este último também diver-
ge de qualquer outro padrão genéti-
co identificado em outros países do 
mundo. Além disso, o estudo também 
revelou a transmissão desses grupos 
genéticos entre as Regiões (Nordeste 
e Centro-Sul), associado com a co-
mercialização de peixes. 
De: Luiz Claudio de Paula Costa 
luiz.da.aop@gmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: S. agalactiae em peixes 
Quando começamos, usávamos pas-
ta de alho com a ração para trata-
mento de infecções bacterianas nas 
tilápias, mas com o crescimento da 
piscicultura tornou se mais econô-
mico e eficaz o tratamento com oxi-
tetraciclina do que com o alho.
De: Paulo Rocha 
pjcrtech@hotmail.com 
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: S. agalactiae em peixes 
Já está mais do que comprovado que 
o uso de extratos naturais (óleos 
essenciais) associado a ácidos or-
gânicos, potencializa a ação contra 
Streptococcus. Usar antibiótico antes 
e depois da vacinação, a meu ver, só 
debilita mais o animal. Usar de forma 
preventiva e constante óleos essen-
ciais mais ácidos orgânicos de forma 
correta pode mudar completamente o 
perfil de uma propriedade. A pasta de 
alho não pode ser comparada a óleo 
essencial associado a ácido orgânico.
De: Arthur Fernandes 
tucofernandes@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: S. agalactiae em peixes
Uma pergunta de validade para os 
produtores seria sobre o quão di-
ferente são esses três grupos de S. 
agalactiae. Por mais que o estudo 
tenha identificado grupos genetica-
mente diferentes, algo importante 
que não é abordado seria sobre di-
ferenças funcionais. Ou seja, as di-
ferenças se encontram em genes que 
estão relacionados à patogenicida-
de das cepas classificadas em cada 
grupo? Ou estariam relacionadas à 
resistência das mesmas cepas a es-
pecíficos antibióticos ou vacinas? 
Ou são simplesmente diferenças que 
surgiram devido a separação geográ-
fica e ao acaso, sendo de importân-
cia biológica, mas sem importância 
comercial? Essas perguntas práticas 
de interesse dos produtores podem 
ser respondidas por estudos que 
deem sequência aos seus resultados 
Guilherme. E eu imagino que o Car-
los (Leal) e o restante do grupo (da 
UFMG) estejam realizando esse estu-
do ou pelo menos planejando.
De: Guilherme Campos 
gcamposvet@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: S. agalactiae em peixes
Eu tenho lido artigos sobre estrep-
tococose em peixes há pelo menos 
seis anos e claro, li artigos demons-
trando a eficiência de óleos essen-
ciais de plantas, ácidos orgânicos e 
probióticos que aumentam a resis-
tência da tilápia ou outros organis-
mos aquáticos à infecção por Strep-
tococcus agalactiae. Dentre estes, li 
artigos bons e outros infelizmente 
com falhas, pois usam isolados obti-
dos de outros hospedeiros, como S. 
agalactiae obtido de ser humano ou 
bovino, por exemplo, que geralmen-
te (dentro de tudo que já foi publi-
cado até a presente data) não cau-
sam doença em peixes. Ou, quando 
testam um isolado obtido de peixe, 
não é uma cepa bem caracterizada, 
com uma dose letal média definida, 
que poderia sim evidenciar uma di-
ferença entre um grupo controle e 
um testado. Mas mesmo assim, com 
o uso de fitoterápicos, antibióticos 
e vacinas, será que nossos peixes 
estarão protegidos de uma popula-
ção de S. agalactiae tão diversa? O 
trabalho que eu citei, que inclusive 
sou co-autor, e que realmente acre-
dito que deve ser divulgado para 
todos os produtores e profissionais 
da área, devido a importância que 
este patógeno tem na produção na-
cional de tilápia, demonstrou uma 
ampla diversidade do patógeno, e 
olha que esses são dados de apenas 
um laboratório, dentre os muitos 
presentes no Brasil. A realização do 
ensaio de MLST, também conhecido 
como sequenciamento de Multilo-
cus, poderia permitir a comparação 
dos genótipos entre os laboratórios, 
e realmente demonstrar o quão di-
versa é a população de S. agalactiae 
no Brasil. Mas é uma metodologia 
infelizmente cara, o que dificulta 
tal comparação. Eu também já li que 
no final do ano passado, outro gru-
po de pesquisa do Estado do Para-
ná isolou esta bactéria de tilápias 
cultivadas no Estado do Piauí, com 
um perfil genético diferente aos já 
11Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Notícias & Negócios
identificados no Brasil (sorotipo 
III, e no país era predominante o 
sorotipo Ib em peixes) e que é mul-
tirresistente aos antibióticos, entre-
tanto nesse trabalho (https://www.
sciencedirect.com/science/article/
pii/S0044848617304982) os auto-
res não realizaram o MLST, o que 
seria importante, pois isolados so-
rotipo III pertencente ao genótipo 
ST283 tem sido considerado zoonó-
tico em Singapura. Respondendo ao 
Arthur Fernandes, você está certo, 
estudos já estão sendo realizados 
para encontrar as principais diferen-
ças, tanto genotípicas (presença e/
ou ausência de genes relacionados 
com virulência, adaptação e meta-
bolismo), como fenotípicas (resis-
tência aos antibióticos, se causam 
hemólise ou não) destes 3 grupos, 
além de avaliar a eficácia de uma 
vacina frente a eles. Até então, o 
interessante que achamos foram ge-
nes/proteínas presentes em todos 
estes grupos que viabilizam a sobre-
vivência da bactéria em ambiente 
aquático, o que poderia potenciali-
zar o número de animais infectados 
em um determinado lote, já que esta 
bactéria pode ser transmitida indi-
retamente via água. E em ensaios in 
vivo (testamos até então dois isola-
dos) uma cepa obtida de um peixe 
doente na Região Nordeste foi mais 
virulenta (causa maior mortalida-
de em tilápias) quando comparada 
com a cepa do Centro-Sul. Estamos 
tentando responder todas essas per-
guntas, inclusive avaliar a diferença 
entre cepas obtidas de tilápia e de 
pintado da Amazônia.
De: Ricardo Y. Tsukamoto
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: S. agalactiae em peixes
Adicionando uma questão às formula-
das pelo Arthur:o S. agalactiae já 
impacta e causa mortalidade a pei-
xes de ordens tão distintas como 
Perciformes (tilápia) e Siluriformes 
(pintado da Amazônia). Significa que 
este patógeno tão mutável (=adap-
tável) representa grande risco para 
uma grande variedade dos peixes 
existentes no país, incluindo as es-
pécies nativas? Situação equivalente 
à de índios isolados da civilização, 
ao serem expostos às enfermidades 
comuns da sociedade humana.
De: Guilherme Campos 
gcamposvet@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: S. agalactiae em peixes
Essa bactéria também foi isolada em 
curimba e cará em sistema de poli-
cultivo com tilápias no sul de Minas 
Gerais, demonstrando a sua capaci-
dade de colonizar diferentes espé-
cies de peixes. Entretanto ainda não 
se sabe se S. agalactiae causa do-
ença nestes hospedeiros, pois ain-
da não foram realizados ensaios de 
virulência. Cabe ressaltar também 
que ainda não se tem relato dessa 
bactéria causando doença em peixes 
redondos, como pacu e tambaqui. 
De: Marcos Domingues de Oliveira 
marcos.oliveira@spinvestimen-
tos.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Automatização
Gostaria que compartilhassem a 
opinião ou experiência com relação 
aos tratadores automatizados. Mi-
nha principal atividade hoje é rela-
cionada com a agricultura que tem 
um emprego de tecnologia bastan-
te grande e percebo na piscicultura 
(que tenho como atividade secun-
dária) bastante resistência ainda 
de muitos produtores. O tema que 
gostaria de discutir especificamen-
te hoje é com relação à automati-
zação do arraçoamento. Por favor, 
compartilhem suas experiências ou 
opiniões.
12 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Notícias & Negócios On-line
De: Ricardo Y. Tsukamoto
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Automatização
A minha opinião é de que o uso de alimentadores auto-
matizados ainda tem baixa aplicação no Brasil. Por ser 
uma atividade recente no país a aquicultura ainda está 
se desenvolvendo, tateando o seu caminho, e contrasta 
com atividades da agricultura e pecuária que têm gran-
de tradição e porte (massa crítica para investir, planejar 
e obter seguro). E como o porte da grande maioria de 
empreendimentos de aquicultura é pequeno, com mane-
jo artesanal, o produtor individual ainda não tem certe-
za dos procedimentos “corretos” do setor e nem capital 
disponível para investir com confiança em aporte de 
tecnologia. Ou seja, falta convencer que efetivamente 
vale a pena investir neste ponto. A água do tanque de 
cultivo esconde o que acontece lá submerso, em con-
traste a uma cultura de soja ou ao gado no pasto, os 
animais aquáticos permanecem invisíveis ao seu criador 
e não produzem nenhum som. Podem estar doentes ou 
inclusive terem morrido no fundo do tanque, por ex-
cesso de nitrito, sem que se possa perceber ao olhar 
a bela superfície refletora da água. Por isso, a prática 
padrão (SOP) do aquicultor é observar atentamente os 
seus animais no momento em que ministra o alimento, 
para verificar se o comportamento está normal, se há 
sinal de lesões no corpo, e se a quantidade ingerida nos 
primeiros minutos está normal. Qualquer coisa estra-
nha neste momento é um alarme para ação. O ato de 
alimentar os peixes e camarões é como se fosse uma 
consulta diária do psicanalista ao paciente, para “sen-
tir” o espírito do vivente naquele momento e antecipar 
“imprevistos” previsíveis. Outro fator muito distinto 
entre agricultura/pecuária da aquicultura está na mera 
existência do oxigênio para aquele ser continuar vivo. 
Isto nem passa pelo pensamento de um agricultor/pe-
cuarista, pois o oxigênio está sempre disponível - 21% 
do ar. Já em água, o oxigênio pode ser considerado 
praticamente insolúvel, alcançando a concentração má-
xima de 7 a 8 mg O2 por litro sob as nossas condições 
climáticas (mas na prática, está geralmente bem abaixo 
disto no tanque). E as toneladas de peixe ou camarão 
dentro do tanque dependem daqueles poucos mg de oxi-
gênio para sobreviver - a cada minuto, de cada hora, de 
cada dia do ano. Se faltar durante uma hora que seja, 
pode morrer, de repente, todo o esforço e investimento 
de meses.  Mas o que tem isso a ver com a pauta inicial 
de distribuição do alimento? É que a disponibilidade 
versus falta de oxigênio na criação é controlada pelo 
alimento ministrado. A ração faz com que o metabolis-
mo dos animais consuma oxigênio, e os restos de ração 
não ingeridos e o resíduo do processamento do alimento 
no animal (fezes) constituem alimento para toneladas 
de bactérias crescerem e consumirem muito mais oxigê-
nio da água. Nada disso é sequer imaginado na criação 
de animais domésticos tradicionais, mas faz a diferença 
entre sobreviver ou falir na aquicultura - no transcorrer 
de cada noite de verão. Além disso, o sonho maior do 
setor produtivo - intensificar o cultivo pelo aumento de 
densidade dos animais - tem seu gargalo exatamente 
neste ponto de manejo do alimento versus a consequen-
te disponibilidade de oxigênio dissolvido. Aumentar ar-
tificialmente o oxigênio dissolvido em sistemas intensi-
vos, como recirculação, raceways e bioflocos, depende 
de elevar bastante o consumo de energia elétrica com-
prada da rede pública, versus o preço de venda possível 
do produto gerado. Em resumo, a atividade prosaica de 
um aquicultor ministrar ração aos seus animais aquáti-
cos define o futuro daquele ciclo de cultivo - sucesso 
ou fracasso. Ministrar a ração constitui o momento de 
tomar o pulso de seus animais. Curiosamente, o uso de 
sensores e automação da alimentação poderão ajudar 
13Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Notícias & NgóciosOn-line
muito neste sentido. Mas além do capital necessário, 
num desenvolvimento ainda de fronteira de conhecimen-
to neste setor, tais equipamentos não cobrem ainda os 
vários fatores que estão sendo avaliados in loco ao se 
fazer a alimentação dos tanques por gente. Isto lembra 
o ensinamento recebido do diretor operacional de um 
grande empreendimento urbano. Tal empreendimento é 
destaque mundial em tecnologia de ponta e estratégias 
ambientais na área de saneamento. O esgoto coletado 
em um bairro escorre por gravidade até onde é possível 
pelo nível do terreno, e neste ponto existe uma torre de 
carga com bombas para bombear o esgoto para adiante, 
até o local do tratamento. Com isso, a área urbana tem 
várias torres de carga dispostas nos locais adequados 
para coletar e levar o esgoto no trajeto desejado. Como 
o esgoto transporta detritos e objetos [impensáveis], 
podem ocorrer problemas, como entupimento e trava-
mento das bombas - o que requer monitoramento. Este 
diretor era indagado porque não automatizava o moni-
toramento, e ainda mantinha motoboys que percorriam 
as torres, registrando em cada uma, a checagem feita. 
Ele respondia que, ao automatizar, se passa toda a res-
ponsabilidade ao “sistema”, e isto leva a deixar frouxo o 
monitoramento real de ocorrências; com gente de verda-
de indo ao local, ele conseguia até detectar vazamento 
de esgoto na rua, que não seria detectável por automa-
ção tradicional. Assim, talvez o ato de ministrar a ração 
tenha um significado bem mais profundo na aquicultura 
do que em outros setores agropecuários, e por isso, uma 
resistência maior à automatização. 
De: Wagner Camis
wagcamis@gmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Automatização
A presença humana no tratar é imprescindível. Estamos 
em fase final de testes de um equipo que “orienta o 
tratador na quantia a ser fornecida, mas não dispensa 
a sua presença”. Visitei várias pisciculturas automati-
zadas, mas que tinham a supervisão de um profissional 
para cortar ou continuar o fornecimento de ração. Com 
este procedimento de orientar o trato estamos com 
uma economia na ordem de 20 % na ração sem prejudi-
caro seu crescimento.
14 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
A água na aquicultura | Parte 3
Por:
Fernando Kubitza, Ph.D.
Acqua Imagem Serviços em Aquicultura
fernando@acquaimagem.com.br
A origem da amônia, do nitrito e do nitrato
As fontes de amônia (e, consequentemente, de nitrito e de 
nitrato) nos cultivos de organismos aquáticos são: a) o metabolismo 
dos aminoácidos dos próprios peixes e camarões; b) a decomposição 
dos resíduos orgânicos (microalgas e bactérias mortas, fezes, sobras 
de ração, carapaças, muco e adubos orgânicos) por bactérias no 
solo e na água; c) os fertilizantes nitrogenados que contêm amônia, 
ureia e nitrato (Figura 1).
Nos cultivos intensivos, os peixes e camarões são alimentados 
com rações ricas em proteínas. As proteínas são formadas por aminoá-
cidos, que têm esse nome por possuírem um grupo amino (NH2). Uma 
parte dos aminoácidos da ração é assimilada (60 a 85%), enquanto outra 
é excretada nas fezes (15 a 40%). O quanto de aminoácidos é assimi-
lado pelos animais ou excretado nas fezes depende da qualidade dos 
ingredientes usados, do equilíbrio (balanço) entre os aminoácidos e da 
quantidade de proteína (aminoácidos) na ração. Também é influenciado 
pela qualidade do processamento ao qual a ração foi submetida. Dos 
aminoácidos assimilados na digestão, uma parte é usada na síntese de 
proteínas e tecidos corporais. O excedente é metabolizado para gerar 
energia. A amônia (gerada a partir do grupo amino dos aminoácidos) é 
um resíduo resultante do uso dos aminoácidos como fonte de energia. 
A amônia produzida tem que ser rapidamente excretada do sangue para 
a água. Isso ocorre em grande parte por difusão através das brânquias. 
Uma pequena fração da amônia é excretada via urina. 
Os aminoácidos excretados nas fezes dos animais (não digeridos e 
ou não assimilados) e presentes em outros resíduos orgânicos (microalgas 
mortas, muco, adubos orgânicos, animais mortos, carapaças, sobras de 
ração, etc.) são usados como alimento por bactérias, que também excre-
tam amônia como um resíduo final do metabolismo dos aminoácidos. 
Na água, a amônia pode seguir dois caminhos: a absorção por 
microalgas (ou fitoplâncton) ou a oxidação a nitrito e nitrato, um processo 
realizado por algumas bactérias, autotróficas ou nitrificadoras (entre 
elas as bactérias dos gêneros Nitrosomonas, Nitrobacter e Nitrospira). 
O impacto da amônia, do nitrito e do nitrato sobre 
o desempenho e a saúde dos peixes e camarões.
 mônia (NH3), nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-) são compostos nitrogenados que 
se acumulam na água e podem colocar em ris-
co o desempenho, a saúde e a sobrevivência 
dos peixes e camarões. Problemas com amô-
nia e nitrito geralmente ocorrem em cultivos 
intensivos com altas taxas de alimentação, 
seja em viveiros, em sistemas com recircu-
lação de água (SRA’s) ou em sistemas com 
a tecnologia de bioflocos (BFT). Problemas 
com excesso de nitrato são raros nos cultivos 
em viveiros, mas podem ocorrer em SRA’s e 
BFT’s. A amônia tem origem na excreção dos 
peixes e camarões e na decomposição do 
material orgânico nos ambientes de cultivo. 
O nitrito e o nitrato são produtos da oxidação 
da amônia por bactérias nitrificadoras. O 
uso excessivo de fertilizantes nitrogenados 
também pode causar aumento na concen-
tração de amônia, nitrito e nitrato na água. 
A susceptibilidade dos peixes e camarões à 
intoxicação por esses compostos varia em 
função da espécie, das condições de quali-
dade de água e de saúde dos animais, entre 
outros fatores. Esse artigo reúne os efeitos 
da amônia, nitrito e nitrato no desempenho 
e saúde dos peixes e camarões, e sugere boas 
práticas de manejo para minimizar problemas 
relacionados a esses compostos.
15Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Figura 1 - Principais 
fontes de amônia, e 
consequentemente de 
nitrito e nitrato, nos 
tanques de cultivo de 
peixes e camarões
Espécies m
arinhas na Galícia
A água na aquicultura - Parte 3
As diferentes formas de amônia, nitrito e nitrato na água
A amônia pode estar presente na água como um íon 
NH4
+ (forma pouco tóxica) ou como um gás NH3 (forma 
muito tóxica). Com os kits de análise de água mensuramos a 
concentração total de amônia (amônia total), ou seja, NH4
+ e 
NH3 juntos. O pH da água determina o percentual da amônia 
total que está na forma de NH3 ou de NH4
+ (ver a Tabela 1). A 
forma não ionizada NH3 é uma molécula de menor tamanho e 
sem carga. Assim, consegue atravessar membranas celulares 
mais facilmente (por simples difusão). Por esse motivo o NH3 
é tido como mais tóxico que o NH4
+ quando presentes na água. 
Mas, no sangue e tecidos dos peixes e camarões, onde o pH 
é de 7,4 a 8,0, a maior parte do gás amônia (NH3) gerado no 
metabolismo ou absorvido da água, se converte em NH4
+. Em 
excesso no sangue e nos tecidos, o íon NH4
+ ocupa o lugar do 
íon K+ e assim interfere na transmissão dos impulsos nervosos 
(entre os neurônios) e na contração dos músculos. Distúrbios 
nervosos e espasmos musculares são alguns dos principais 
sintomas da intoxicação por amônia nos peixes e camarões. 
Mais informações sobre o risco de toxidez por amônia em 
peixe e camarões podem ser encontradas em artigo publicado 
nessa revista (Panorama da AQÜICULTURA, 160, 2017).
De acordo com o pH da água, o nitrito pode estar 
presente em duas formas: HNO2 (ácido nitroso) e NO2
- (íon 
nitrito). Sob valores de pH acima de 5,5 praticamente não 
existe a forma de HNO2 na água. Portanto, em ambientes de 
cultivo de peixes e camarões, onde o pH da água geralmente 
está entre 6,0 e 10,0, a toxidez por nitrito, se ocorrer, será 
provocada exclusivamente pelo íon NO2
-. Em relação ao 
nitrato, esse composto somente está presente na água na 
forma de íon NO3
-.
Tabela 1 - Porcentagem de amônia na forma 
tóxica (NH3) em relação à amônia total de 
acordo com o pH na água doce (0 ppt) e na 
água do mar (36 ppt) a 28ºC
pH da água
Porcentagem de (NH3)
sobre a amônia total 
(a 28oC)1
Água doce 0 ppt
Água mar
36 ppt
6,5 0,22% 0,18%
7,0 0,71% 0,58%
7,5 2,2% 1,8%
8,0 6,6% 5,5%
8,5 18,4% 15,6%
9,0 41,7% 36,8%
9,5 69,2% 64,8%
10,0 87, 7% 85,4%
1Ambient Water Quality Criteria for Ammonia in Saltwater - 1989, EPA 440/5-88-004.
Análises de amônia, nitrito e nitrato
No mercado há kits de análises de amônia, de nitrito e de 
nitrato que se baseiam em métodos colorimétricos (Figura 2) 
com boa precisão para as necessidades dos cultivos aquícolas. 
Ao utilizar esses testes de campo, muitas vezes a cor da amostra 
testada se iguala ou excede a cor de maior concentração na escala 
16 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
A 
ág
ua
 n
a 
aq
ui
cu
lt
ur
a 
- 
Pa
rt
e 
3
de cores. Quando isso acontece é recomendável di-
luir a amostra com água limpa (água deionizada, por 
exemplo, ou mesmo água de chuva) e refazer o teste 
novamente, até que a cor obtida se aproxime a uma 
das cores mais centrais da escala. Quando a amostra 
foi diluída, é necessário multiplicar o resultado pelo 
fator de diluição. Veja exemplos na Tabela 2. Para 
diluir uma amostra pela metade ou 50%, colete 10 
ml da água a ser analisada e misture com 10 ml de 
água limpa. Dessa amostra diluída, retire o volume 
que precisa para fazer o teste. O fator para a multi-
plicação do resultado do teste com a amostra diluída 
nesse caso será 2.
Formas de expressão da concentração de 
amônia, nitrito e nitrato – é preciso atenção à forma 
como as concentrações são apresentadas nos testes 
colorimétricos. Geralmente a concentração é expressa 
em ppm (“parte por milhão”), ou em mg/l (miligrama 
por litro). Um ”ppm” é igual a um “mg/l”. Porém, 
os resultados podem em ser ppm de equivalentes de 
nitrogênio (N-NH3, ou N-NO2
- ou N-NO3
-) ou em 
ppm da substânciamedida (NH3, NO2
- ou NO3
-). Por 
Figura 2 - Tabelas 
de cores de alguns 
testes colorimétricos 
para amônia total, 
nitrito e nitrato
exemplo, a amônia (NH3) tem aproximadamente 82% 
de N. Dessa forma 1 mg de NH3/l equivale a 0,82 mg 
de N-NH3/l (fator 0,82). O nitrito (NO2
-) tem 30% de 
nitrogênio em sua composição. Portanto, 1 mg de NO2
-/l 
equivale a 0,30 mg de N-NO2
-/l (fator 0,30). E o nitrato 
(NO3
-) tem 23% de N em sua composição, assim 1 mg de 
NO3
-/l equivale a 0,23 mg de N-NO3
-/litro (fator 0,23), 
conforme resumido na Tabela 3. Note que para o nitrito e 
o nitrato, que possuem percentuais menores de nitrogênio 
em sua composição, as concentrações quando expressas 
em equivalentes de N são muito menores do que quando 
expressas para as substâncias nitrito ou nitrato. 
Tabela 2 - Preparo de 20 ml de amostras diluídas e 
seus respectivos fatores de multiplicação 
Tabela 3 - Fator de equivalência entre as formas de expressão das 
concentrações de amônia, nitrito e nitrato
Diluição
Fator de 
multiplicação
Vol. água 
do tanque 
(ml)
Vol. água 
deionizada 
(ml)
50% 2,0 10 10
25% 4,0 5 15
20% 5,0 4 16
10% 10,0 2 18
5% 20,0 1 19
Amônia mg/l Nitrito mg/l Nitrato mg/l
NH3 1,00 NO2
- 1,00 NO3
- 1,00
N-NH3 0,82 N-NO2
- 0,30 N-NO3
- 0,23
Fator x 0,82 Fator x 0,30 Fator x 0,23
Concentrações seguras e tóxicas de amônia, 
nitrito e nitrato para os peixes e camarões
Concentrações de amônia, nitrito e nitrato que matam 
50% dos animais em 96 horas de exposição contínua (sigla 
LC50-96h) foram determinadas para diversas espécies de pei-
xes e camarões de interesse para aquicultura (Tabela 4). Essas 
concentrações podem apresentar consideráveis variações 
entre um estudo e outro, refletindo a influência de diversos 
fatores relacionados à qualidade da água (salinidade, dureza 
total, concentração de cloretos, temperatura, entre outros) 
e à condição geral dos animais no momento das pesquisas. 
Embora haja algumas discordâncias, em geral os especialistas 
consideram como seguras as concentrações de até 10% dos 
valores de LC50-96h. Desse modo, para peixes tropicais como 
a tilápia e o bagre do canal (catfish americano), os seguintes 
níveis seguros ou de atenção podem ser considerados: amô-
nia 0,14 mg/l de N-NH3 (ou 0,17 mg/l NH3); nitrito 0,7 mg/l 
N-NO2
- (2,2 mg/l NO2
-) e nitrato 140 mg/l N-NO3
- (ou 620 
mg/l NO3
-). Para o camarão marinho L. vannamei: amônia 
0,06 mg/l de N-NH3 (ou 0,07 mg/l NH3); nitrito 0,6 a 7,6 
mg/l N-NO2
- (2 a 23 mg/l NO2
-) e nitrato 220 mg/l N-NO3
- 
(620 mg/l NO3
-).
17Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Espécies m
arinhas na Galícia
A água na aquicultura - Parte 3
Efeito da amônia no desempenho e saúde dos peixes
A amônia interfere com a transmissão de impulsos 
nervosos e com a contração muscular nos peixes. Peixes 
intoxicados por amônia apresentam distúrbios nervosos, 
espasmos musculares, natação errática e descoordenada. 
As brânquias ficam inflamadas e os peixes têm dificuldade 
de respirar, mesmo com adequados níveis de oxigênio na 
água. Para a maioria dos peixes de águas quentes culti-
vados no Brasil, podemos considerar como um valor de 
atenção uma concentração de NH3 entre 0,1 e 0,2 mg/l 
(10% do valor de LC50-96h). Concentrações acima desses 
limites podem resultar em irritação e danos às brânquias, 
dificuldades respiratórias e, consequentemente, prejuízos 
ao crescimento. 
Juvenis de tilápia-do-Nilo expostos a concentrações 
de amônia tóxica de 0,1 mg/l apresentaram redução de 
28% no ganho de peso (Tabela 5). Embora a tilápia possa 
suportar concentrações relativamente elevadas de amônia, 
os dados apresentados na Tabela 5 indicam ser necessário 
evitar que a concentração de amônia tóxica na água de 
cultivo supere 0,05 mg de NH3/l de modo a não prejudicar 
demasiadamente o crescimento. Com uma temperatura de 
28oC na água, o valor de 0,05 mg NH3/l é atingido a uma 
concentração de amônia total próxima de 7 mg NH3/l a pH 
7,0; ou 0,76 mg NH3/l a pH 8,0; ou 0,12 mg NH3/l a pH 
9,0 (ver Tabela 1 para os percentuais de NH3 na amônia 
total em função do pH da água). 
Não foi observado aumento na mortalidade em 
juvenis de catfish americano (bagre-do-canal) expostos a 
níveis subletais de amônia (0,43 mg N-NH3/l) e em segui-
da desafiados com a bactéria Flavobacterium columnare 
(Farmer et al 2011). Da mesma forma, também não se 
observou aumento na mortalidade de juvenis de tilápias 
que foram expostos a 0,37 mg N-NH3/l antes do desafio 
com a bactéria Streptococcus agalactiae, em comparação 
com peixes desafiados e que não foram previamente ex-
Tabela 4 - Concentrações letais (LC50-96h) de amônia (N-NH3), nitrito (N-NO2
-) e nitrato (N-NO3
-) para algumas espécies de peixes e camarões 
cultivadas no Brasil (1). Entre parênteses os limites máximos considerados como seguros para a espécie. Esses valores devem servir como valores de 
atenção e equivalem a 10% do valor LC50-96h
mg/l N-NH3 mg/l N-NO2- mg/l N-NO3-
Tilápia do Nilo 1,4 a 2,6 (0,14) (2) 8 a 338 (0,8) ND (500) (5)
Tambacu 1,34 (0,13) ND ND
Pacu 0,7 (0,07) ND ND
Bagre do canal 1,4 a 3,1 (0,14) 7,1 (0,7) 1.400 (140)
Lambari 0,54 (0,05) ND ND
Carpa comum 1,13 a 1,30 (0,11) 20,0 (2,0) 1.075 (107)
Truta arco-íris 0,08 a 0,9 (0,008) (2) 0,24 a 11 (0,024) ND (< 30 a 80) (5)
Camarão L. vannamei 0,6 a 2,8 (0,06)
(3) 5,7 a 15,0 (0,57)
(4) 76,0 a 321,0 (7,6)
ND (220) (5)
Camarão P. monodon 0,96 a 1,08 (0,10) 38 - 171 (3,8) 1.450 - 2.320 (145)
(1) Valores obtidos nos estudos de Rice e Stokes, 1974; Colt e 
Tchobanoglous 1976; Colt e Tchobanoglous 1978; Tomasso et al 
1980; Reinbold e Pescitelli 1982; Palachek and Tomasso 1984; Chen 
e Lei 1990; Abdala e McNabb 1998; Atwood et al 2001; Tsai and 
Chen (2002); Lin and Chen 2003; Avilez et al 2004; Costa et al. 
2004; Gross et al 2004; Sowers et al 2004; Abbas, 2006; Máchová 
et al 2006; Matinez et al 2006; Yanbo et al 2006; Wang et al 2006; 
Tilak et al 2007; Schuler 2008; Brinkman et al 2009; Silva 2013; 
Davidson et al 2014; Kuhn et al 2014; Quaresma 2016; Monsees et 
al 2017; Ramírez-Rochín et al 2017.
(2) tolerância ao nitrito aumenta com a elevação nos níveis de cloreto 
na água. Valores mais baixos em águas com pouco cloreto; 
(3) salinidades de 0,6 a 2 ppt. A tolerância ao nitrito aumenta com 
a elevação da salinidade da água;
(4) salinidades de 15 a 35 ppt. A tolerância ao nitrito aumenta com 
a elevação da salinidade da água; 
(5) ND = valores de LC50-96h ainda não determinados. Os valores de 
atenção foram sugeridos com base em resultados de experimentos 
de crescimento com diferentes níveis de nitrato.
"Para a maioria dos 
peixes de águas quentes 
cultivados no Brasil, 
podemos considerar como 
um valor de atenção uma 
concentração de NH3 
entre 0,1 e 0,2 mg/l. 
Concentrações acima 
desses limites podem 
resultar em irritação 
e danos às brânquias, 
dificuldades respiratórias 
e, consequentemente, 
prejuízos ao crescimento 
dos peixes."
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postos à amônia (Evans et al 2006). Apesar disso, é razoável 
acreditar que peixes expostos à concentrações subletais de 
amônia sejam menos tolerantes a enfermidades, diante da 
diversidade de espécies de peixes e patógenos presentes nos 
empreendimentos aquícolas.
Efeitos da amônia sobre o desempenho, saúde 
e sobrevivência dos camarões 
Concentrações de amônia que matam 50% dos 
camarões marinhos são apresentadas nas Tabelas 6 e 7. 
Em geral, os camarões são mais sensíveis à amônia nos 
estágios mais jovens e em águas de baixa salinidade. 
Concentrações subletais são aquelas que, embora 
não provoquem diretamente a morte, acabam prejudi-
candoo desempenho e a saúde dos animais. Camarões 
expostos a concentrações subletais de amônia geralmente 
apresentam baixo consumo de alimento, crescimento re-
duzido e podem apresentar menor sobrevivência durante 
o cultivo. A intoxicação por amônia reduz a capacidade 
de transporte de oxigênio na hemolinfa dos camarões 
e causa inflamação nas brânquias. Isso faz com que os 
animais apresentem dificuldade respiratória e de osmor-
regulação. Há relatos de que a intoxicação por amônia 
também aumenta a frequência de mudas nos camarões. 
Da mesma forma como nos peixes, a amônia apresenta 
efeitos neurotóxicos nos camarões, levando a natação 
errática e espasmos musculares.
Na Tabela 8 são resumidos os resultados de um 
experimento realizado por Yang (1990) e relatado por 
Chien (1992). A partir de 0,1 mg/l de amônia na forma 
tóxica (NH3) o crescimento de Penaeus chinensis foi de 
60% em relação aos animais mantidos em águas pratica-
mente sem amônia tóxica (controle). Com 0,6 a 0,8 mg 
NH3/l os camarões cresceram apenas 46% comparados ao 
grupo controle. Animais expostos a 1,5 mg NH3/l tiveram 
crescimento de apenas 22% em relação ao grupo controle.
Portanto, no cultivo de camarões marinhos deve ser 
respeitado um nível de atenção de amônia tóxica (NH3) 
de 0,1 mg NH3/l. Nos cultivos intensivos de camarões 
em viveiros com baixa renovação de água e elevadas 
taxas de alimentação (acima de 150 a 200 kg de ração/
ha/dia) a concentração de amônia total pode chegar a 4 
a 6 mg/l, resultando em amônia tóxica entre 0,24 e 0,36 
mg/l em águas de pH 8,0. Caso o pH se eleve para 8,5 
em função da fotossíntese, 6 mg/litro de amônia total 
Tabela 5 - Efeito da exposição contínua a diferentes concentrações 
de amônia tóxica (em mg/l de NH3) sobre o peso final e ganho de 
peso (GDP) da Tilápia-do-Nilo. Peixes com peso médio inicial de 19 g. 
(Adaptado de El-Sherif e El-Feky, 2008)
NH3 (mg/l) P final (g) GDP (g) GDP Relativo
0,004 37,7 18,7 100%
0,01 37,2 18,2 97%
0,05 36,4 17,4 93%
0,10 32,5 13,5 72%
0,15 26,9 7,9 42%
Tabela 6 - Concentrações letais (LC50-24 h) de amônia (NH3) 
para diferentes estágios de vida do camarão Litopenaeus 
vannamei, a uma temperatura de 26oC e salinidade de 34 ppt 
na água (Adaptado de Cobo et al 2012)
*Lin e Chen (2001), água com salinidade de 
35 ppt e 23oC
Estágio de 
desenvolvimento NH3 (mg/l)
Zoea 1 0,73
Zoea 2 1,82
Zoea 3 2,92
Mysis 1 3,40
Mysis 2 3,04
Mysis 3 3,16
PL-1d 2,31
PL-22 mm* 1,94
Tabela 7 - Concentrações letais (LC50-96h) de amônia não ionizada (NH3) 
em mg de N-NH3/l para camarões Litopenaeus vannamei com 22 mm de 
comprimento (Lin e Chen, 2001) e Litopenaeus schmitti com 15 mm 
(Barbieri, 2010) sob diferentes salinidades
Salinidade 15 ppt 25 ppt 35 ppt
L. vannamei (23oC; 22 mm) 1,20 1,57 1,60
Salinidade 5 ppt 20 ppt 35 ppt
L. schmitti (20oC; 15 mm) 0,69 0,86 1,20
Nível de atenção (10% LC50) 0,12 0,16 0,16
Tabela 8 - Crescimento de Penaeus chinensis com 4 cm, mantidos 
10 dias sob diferentes concentrações de amônia não ionizada – NH3 
em água de pH 8,4 (Adaptado de Chien, 1992)
Amônia total NH3 (pH 8,4)
Crescimento em 
10 dias
Controle Praticamente zero 1,15 cm
0,6 a 2 mg/l 0,07 a 0,2 mg/l 0,70 cm
5,0 a 7 mg/l 0,6 a 0,8 mg/l 0,54 cm
14,0 mg/l 1,5 mg/l 0,26 cm
19Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Espécies m
arinhas na Galícia
A água na aquicultura - Parte 3
equivaleriam a 0,9 mg de NH3/l. Níveis elevados assim 
de NH3 prejudicam o crescimento e ainda podem reduzir 
a resistência dos camarões aos patógenos.
Jia et al 2017 observaram redução na contagem de 
hemócitos e na atividade das enzimas PO (fenoloxidase) 
e SOD (superóxido dismutase) em camarões marinhos 
Litopenaeus vannamei de 8,7 g expostos por 48 horas a 
concentrações subletais de amônia tóxica de 0,1 ou 0,5 mg 
N-NH3/l, comparados a um grupo controle de camarões 
mantidos em água com 0,001 mg de N-NH3/l (Tabela 9). 
Os hemócitos e as enzimas PO e SOD têm ação importante 
nos mecanismos de defesa e na resistência dos camarões 
contra os patógenos. 
Liu e Chen (2004) observaram menor intensidade 
de respostas imunológicas e maior mortalidade após 
infecção experimental por Vibrio alginolyticus em gru-
pos de camarões marinhos Litopenaeus vannamei que 
foram mantidos em águas com amônia total acima de 5 
mg/l (Tabela 10).
Efeitos do nitrito no desempenho, saúde e 
sobrevivência dos peixes
Uma vez presente no sangue dos peixes, o nitrito sse 
liga a hemoglobina. A hemoglobina é a proteína responsável 
pelo transporte de oxigênio para as células, tecidos e órgãos 
do corpo. O nitrito oxida o íon ferro (do estado Fe2+ para Fe3+) 
presente na hemoglobina, e assim ela perde a capacidade de 
transportar o oxigênio. A hemoglobina combinada ao nitrito 
e com o seu íon ferro oxidado é chamada “ferrihemoglobina” 
ou “metehemoglobina”.
Tabela 9 - Contagem total de hemócitos (THC), atividade das enzimas fenoloxidase 
(PO) e superóxido dismutase (SOD) na hemolinfa e no hepatopâncreas, e 
sobrevivência do camarão marinho Litopenaeus vannamei após 48 horas de 
exposição a diferentes concentrações de amônia tóxica (Adaptado de Jia et al 2017)
Hemolinfa
(U/mg de proteína)
Hepatopâncreas
(U/mg de proteína)
Sobrevivência
(%)
N-NH3 THC PO SOD PO SOD 5 ppt 30 ppt
0,001 mg/l 78 0,68 1,45 17,80 7,10 100% 100%
0,1 mg/l 43 0,46 0,95 10,40 4,70 100% 100%
0,5 mg/l 32 0,44 0,70 7,20 4,00 86% 95%
O grau de toxidez por nitrito pode ser deter-
minado pela abundância de metehemoglobina no 
sangue dos peixes. Boyd (1990) relata o resultado 
de diversos estudos sobre a toxidez do nitrito com 
o bagre-do-canal. Em um destes experimentos 
foi registrado que 21% da hemoglobina estava 
na forma de metehemoglobina após os peixes 
serem submetidos a 1 mg/l de N-NO2
- por 24 
horas. Esse percentual foi de 60% em peixes 
mantidos por 24 horas em água com 2,5 mg 
N-NO2
-/l. Quando a porcentagem de metehe-
moglobina ultrapassa a 5% da hemoglobina, 
os peixes podem sofrer déficits de oxigênio, 
mesmo com adequados níveis de oxigênio na 
água. Por esse motivo, a mortalidade de peixes 
intoxicados por nitrito tende a ser maior sob 
baixas concentrações de oxigênio.
Tabela 10 - Mortalidade acumulada de camarões marinhos Litopenaeus 
vannamei desafiados com uma injeção contendo a bactéria Vibrio alginolyticus 
e em seguida mantidos em água com diferentes concentrações de amônia 
(Adaptado de Liu e Chen (2004))
Amônia
Total (mg/l)
N-NH3
(mg/l)
Mort. acumulada 7 
dias após o desafio
0,01 0,00 23,3%
1,10 0,06 20,0%
5,24 0,28 40,0%
11,10 0,85 43,3%
21,60 1,14 50,0%
21,60
(não injetados)
1,14 0,0%
"Concentrações subletais 
embora não provoquem 
diretamente a morte, 
acabam prejudicando 
o desempenho e a 
saúde dos animais. 
Camarões expostos a 
concentrações subletais 
de amônia geralmente 
apresentam baixo 
consumo de alimento, 
crescimento reduzido 
e menor sobrevivência 
durante o cultivo."
20 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
A metehemoglobina confere ao sangue uma colo-
ração marrom. No bagre-do-canal, níveis de metehemo-
globina entre 25 a 30% já resultam em uma coloração 
ligeiramente marrom do sangue. Com 50% ou mais 
de metehemoglobina, o sangue desse peixe apresenta 
uma coloração marrom escuro, como chocolate. Esta 
coloração marrom pode ser observada examinando as 
brânquias ou a cor do sangue que sai de um corte do 
pedúnculo caudal do peixe. 
Em água doce (salinidade zero), a exposição 
contínua a concentrações subletais de nitrito (0,3 a 
0,5 mg/l) pode causar redução no crescimento e na 
resistência dos peixes às doenças. A presença de íons 
cloreto na água reduz o risco de toxidez por nitrito. 
Por isso a tolerância dos peixes ao nitrito aumenta 
com o aumento da salinidade da água.Na Tabela 11 
são resumidas informações sobre a toxidez de nitrito 
para algumas espécies de peixes cultivadas no Brasil.
Na Tabela 11 podemos observar que a tilápia-
-do-Nilo é uma das espécies mais tolerantes ao nitrito. 
Para alevinos ao redor de 4 g a LC50-96 h se elevou 
de 81 para 338 mg/l de N-NO2
- com a elevação da 
concentração de íons cloretos de 6 para 375 mg/l. 
Interessante observar que tilápias menores parecem 
tolerar concentrações mais elevadas de nitrito do que 
tilápias de maior tamanho, contrariando o padrão de 
que peixes menores (formas mais jovens) geralmente 
são mais sensíveis a substâncias tóxicas. Peixes nativos 
como a matrinxã e o tambaqui parecem ser bem menos 
Figura 3 - Pilha de sal ao lado de um viveiro em fazenda de cultivo de catfish 
no Alabama, USA. Aplicações de sal são usadas como medida preventiva 
para minimizar o risco de toxidez por nitrito
tolerantes ao nitrito do que as tilápias. Assim, no cultivo 
dessas espécies em viveiros com altas taxas de alimentação 
e baixa renovação de água (condições que podem favorecer 
o aumento na concentração de nitrito) é importante elevar 
a concentração de cloreto na água, reduzindo o risco de 
toxidez por nitrito. 
Os íons cloreto competem com o nitrito pelos mesmos re-
ceptores presentes nas membranas das células branquiais, 
reduzindo assim a absorção de nitrito pelos peixes. Nos 
cultivos de peixes podemos elevar as concentrações de íons 
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Considerar como concentração segura, o valor de 10% dos valores de LC50-96h. Por exemplo, 
para a Tilápia-do-Nilo, 0,3 a 112 mg/l de NO2
-, dependendo da salinidade da água. Para 
o tambaqui, 0,6 mg/l de NO2
-.
Tabela 11 - Concentrações letais (LC50-96h) de nitrito (em mg/l deNO2
- ou 
mg/l de N-NO2
-) para diferentes espécies de peixes cultivadas no Brasil. 
Concentrações de cloreto na água (Cl- em mg/l)
LC50-96h (mg/l)
Espécie Peso (g) NO2
- N-NO2-
Cl- 
(mg/l) Referências
Jundiá cinza 8 21,0 6,3 3,9 Lima et al 2011
Tilápia-do-Nilo 0,09 544,7 163,4 ND Silva 2013
Tilápia-do-Nilo 4,4 270,0 81,0 6,0 Atwood et al 2001
Tilápia-do-Nilo 90,7 26,7 8,0 ND Atwood et al 2001
Tilápia-do-Nilo 4,4 1.126,7 338,0 375,0 Atwood et al 2001
Tilápia-do-Nilo 1,8 93,9 28,2 35,0 Yanbo et al 2006
Tilápia-do-Nilo 1,8 148,9 44,7 70,0 Yanbo et al 2006
Matrinxã 45 2,9 0,9 ND Avilez et al 2004
Tambaqui 6,1 1,8 ND COSTA et al., 2004
Bagre-do-canal 23,7 7,1 ND
Palachek and 
Tomasso 1984
Black bass 467,3 140,2 ND
Palachek and 
Tomasso 1984
Cl- com a aplicação de sal marinho (cloreto de 
sódio) nos viveiros. A quantidade de sal aplicada 
deve ser suficiente para manter uma proporção 
entre 6 a 10 unidades de cloreto (Cl-) para cada 
unidade de NO2
-. Por segurança, alguns especia-
listas sugerem uma proporção de 20:1, conside-
rando o baixo custo do sal e seus benefícios na 
aquicultura (ver matéria Panorama da AQÜI-
CULTURA, 103 (17): p 14 a 23). A concentração 
de íons Cl- já existente na água e a expectativa de 
possíveis níveis de nitrito devem ser consideradas 
nesse cálculo. Alguns kits de análises oferecem 
opções para a análise da concentração de clo-
reto na água. Assim é possível calcular a dose 
de sal necessária para prevenir ou amenizar a 
toxidez por nitrito, conforme a equação a seguir: 
Sal (g/m3) = [(6 a 10) x (NO2
- mg/l) - (Cl- mg/l)] / 0,6
Por exemplo, consideremos que a concentra-
ção de nitrito possa chegar a valores próximo de 5 
mg de NO2
-/l (que equivale a 1,5 mg de N-NO2
-/l) 
durante um cultivo intensivo de peixes em viveiros 
com alta taxa de alimentação e baixa renovação de 
água. E que a água não contém cloreto (água doce). 
21Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Espécies m
arinhas na Galícia
A água na aquicultura - Parte 3
Com esses números na equação [(10 x 5 – 0)/0,6] deter-
minamos a necessidade de aplicar 83 g de sal/m3 de água. 
Em um viveiro de 1.000 m2 com 1,5 m de profundidade 
média, ou seja, para 1.500 m3, são necessários 125 kg de 
sal. Essa aplicação de sal causa uma elevação praticamente 
imperceptível (apenas 0,08 ppt) na salinidade da água. Mas 
isso é suficiente para minimizar o risco de toxidez sob níveis 
de nitrito de até 5 mg de NO2
-/l (Figura 3). 
Efeitos do nitrito no desempenho, saúde e 
sobrevivência dos camarões
Na Tabela 12 são resumidos alguns valores de 
LC50-96h de nitrito para o Litopenaeus vannamei, prin-
cipal espécie de camarão cultivada no Brasil. Observe 
que para camarões com peso ao redor de 4 g os valores 
de LC50-96h são menores do que 12 mg de N-NO2
-/l a 
uma salinidade de 2 ppt, comparado a valores acima de 
75 mg de N-NO2
-/l em salinidades maiores que 15 ppt. 
Considerando como seguras as concentrações de nitrito 
equivalente a 10% da LC50-96h, os limites de atenção de 
nitrito para camarões marinhos variam desde 0,6 mg de 
N-NO2
-/l em salinidades de até 1 ppt a 32 mg de N-NO2
-/l 
em salinidade de 35 ppt. Portanto, a presença de íons 
cloretos na água também parece reduzir a absorção de 
nitrito através das brânquias dos camarões marinhos. 
A hemocianina é a proteína que transporta oxigênio 
na hemolinfa dos camarões. Diferente da hemoglobina 
que tem o ferro como metal em sua composição, a he-
mocianina possui o cobre. Acredita-se que, a exemplo 
da oxidação do íon Fe+2 na hemoglobina dos peixes, o 
nitrito unido à hemocianina no sangue dos camarões 
possa oxidar os íons cobres presentes na hemocianina e 
assim prejudicar a capacidade de transporte de oxigênio 
das brânquias aos demais tecidos e órgãos do corpo dos 
crustáceos. Problemas com a intoxicação de camarões por 
nitrito são raros nos cultivos em águas salgadas, visto que a 
tolerância do camarão ao nitrito é muito alta em salinidades 
acima de 20 ppt (alta concentração de íons cloreto). Mas 
podem ocorrer em condições de baixa salinidade, especial-
mente em viveiros mais fundos (onde o lodo geralmente 
é anaeróbico) e com pouca circulação de água. Perdas de 
camarões por intoxicação de nitrito são frequentes em sis-
temas de recirculação de água ou em cultivos com bioflocos 
sob baixas salinidades (entre 2 a 10 ppt). 
Tabela 12 - Concentrações letais (LC50-96h) e concentrações seguras de nitrito (aqui estimadas 
ao redor de 10% da LC50-96h) para o camarão marinho Litopenaeus vannamei de diferentes pesos 
e a diferentes salinidades (Sal – em ppt ou g/litro) na água
Sal
(ppt)
Peso (g) LC50-96hmg N-NO2-/l
Conc. segura
mg N-NO2-/l
Referências
0,6 4,4 5,7 0,6
Ramírez-Rochín et al 20171 4,4 7,0 0,7
2 4,4 12,4 1,2
2 0,2 8,9 0,9 Gross et al 2004
3 0,6 15,2 1,5 Wang et al 2006
10 0,7 8,4 0,8 Sowers et al 2004
15 3,9 76,5 7,6
Lin and Chen (2003)25 3,9 178,0 17,8
35 3,9 321,0 32,1
Camarões mar inhos 
submetidos a concentrações 
subletais de nitrito apresen-
taram reduzido crescimento 
e sobrevivência (Tabelas13 
e 14). Camarões Litopenaeus 
vannamei, mantidos em con-
centrações de N-NO2
- de 5 mg 
/l ou superior, apresentaram 
menor contagem de hemó-
citos (células sanguíneas de 
defesa) e menor atividade da 
enzima fenoloxidase (enzima 
que desencadeia uma cascata 
de reações imunológicas im-
portantes para a defesa dos 
camarões), comparados a ca-
marões que foram expostos a 
"Tilápias menores parecem 
tolerar concentrações mais 
elevadas de nitrito do que 
tilápias de maior tamanho, 
contrariando o padrão 
de que peixes menores 
geralmente são mais 
sensíveis a substâncias 
tóxicas. Peixes nativos 
como a matrinxã e o 
tambaqui parecem ser bem 
menos tolerantes ao nitrito 
do que as tilápias."
22 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
A 
ág
ua
 n
a 
aq
ui
cu
lt
ur
a 
- 
Pa
rt
e 
3
no máximo 1 mg N-NO2
-/l (Tseng e Chen 2004).Nesse 
mesmo estudo, os camarões que foram desafiados 
com uma injeção de Vibrio alginoliticus e em seguida 
transferidos para tanques com 5 mg N-NO2
-/l ou mais 
apresentaram maior mortalidade acumulada 7 dias 
após a infecção, comparados aos camarões transferi-
dos para águas com até no máximo 1 mg/l de N-NO2
-.
Efeitos do nitrato sobre o desempenho, saúde e 
sobrevivência dos peixes e camarões
O nitrato é o produto final da oxidação da amônia 
pelas bactérias nitrificadoras. O nitrato é relativamente 
pouco tóxico comparado ao nitrito e à amônia. Porém, 
em concentrações muito elevadas, acima de 100 mg/l, 
pode prejudicar o desempenho dos peixes e camarões. 
Concentrações de nitrato acima de 400 mg/l pode ser 
letal para algumas espécies de peixes. Problemas com 
excessiva concentração de nitrato dificilmente ocorrem 
nos cultivos de peixes e camarões em viveiros, devido 
ao uso contínuo do nitrato como fonte de nitrogênio 
pelas microalgas. No entanto, em sistemas de recir-
culação (SRA) e em sistemas com bioflocos (BFT) o 
nitrato pode atingir concentrações bastante elevadas 
na água (acima de 400 mg N-NO3
-/l) e por isso precisa 
ser monitorado com atenção. Concentrações letais e 
seguras de nitrato para alguns peixes e camarões são 
apresentadas na Tabela 4.
Níveis até 25 mg/l de N-NO3/litro são considerados 
adequados para o cultivo da maioria das espécies de peixes e 
crustáceos. Acima de 100 mg/l de N-NO3 requer atenção. Tro-
cas de água são usadas para diluir o nitrato. Plantas também 
removem o nitrato da água. A denitrificação, um processo 
anaeróbico em que bactérias transformam o nitrato em gás 
nitrogênio, pode ser empregada para reduzir a concentração 
de nitrato na água dos SRA’s e nos sistemas BFT. 
Tilápia-do-Nilo e nitrato - Monsees et al 2017 observa-
ram redução de 29% no ganho de peso e uma conversão 
56% pior em juvenis de tilápia criados em água contendo 
1.000 mg/l N-NO3
- comparado com juvenis mantidos em 
água com 500 mg/l N-NO3
- ou menor concentração de 
nitratos. Peixes expostos a 1.000 mg/l N-NO3
- apresenta-
ram níveis elevados de nitrito e de metehemoglobina no 
sangue. Os autores concluíram que as concentrações de 
nitrato devem ser mantidas abaixo de 500 mg/l N-NO3
- 
em sistemas de recirculação com a tilápia-do-Nilo. 
 
Truta arco-íris e nitrato - Davidson et al 2014 sugerem que 
trutas arco-íris criadas em sistemas de recirculação com água 
contendo entre 80 e 100 mg/l N-NO3
- não tiveram prejuízo 
no crescimento, mas apresentaram natação anormal (nado de 
lado e geralmente maior velocidade de natação), comparado 
a peixes criados em águas contendo 30 mg/l N-NO3
-.
Tabela 13 - Efeito da concentração de nitrito sobre o ganho de peso e 
sobrevivência do camarão Litopenaeus vannamei em água com salinidade 
de 26 ppt e temperatura de 28oC (Adaptado de Melo et al 2016)
N-NO2-
(mg/l)
P. inicial
(g)
P. final
(g)
GDP
(g)
GDP
relativo
Sob
(%)
0 1,55 2,97 1,42 100,0% 96,3
10 1,59 2,87 1,28 90,1% 96,3
20 1,56 2,31 0,75 52,8% 85,2
40 1,63 1,71 0,08 5,6% 40,7
Tabela 14 - Efeito da concentração de nitrito na água sobre a sobrevivência, 
o peso final e a biomassa do camarão rosa Farfantepenaeus paulensis 
mantidos em água com salinidade de 15 ppt e temperatura de 25oC (Adaptado 
de Wasielesky et al 2017)
Nitrito
(mg/l N-NO2-)
PF
(mg)
PF
relativo
Sobrev.
(%)
Biomassa 
final (g)
Controle 431 100,0% 88,9% 11,5
2,55 438 101,6% 91,0% 11,9
10,2 381 88,4% 39,0% 4,5
20,4 311 72,2% 15,7% 1,5
"Problemas com excessiva 
concentração de nitrato 
dificilmente ocorrem em 
viveiros, devido ao uso 
contínuo do nitrato como 
fonte de nitrogênio pelas 
microalgas. Em sistemas de 
recirculação e em sistemas 
com bioflocos o nitrato 
pode atingir concentrações 
bastante elevadas na água 
e por isso precisa ser 
monitorado com atenção."
23Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro 2017
Espécies m
arinhas na Galícia
A água na aquicultura - Parte 3
Camarões marinhos e nitrato - Kuhn et al (2010) observaram 
redução no crescimento e na sobrevivência de camarões marinhos 
criados em água contendo cerca de 400 a 900 mg/l N-NO3
- (Ta-
bela 15). Observaram ainda encurtamento das antenas, lesões no 
hepatopâncreas e anormalidade nas brânquias de camarões mari-
nhos mantidos sob as mais altas concentrações de nitrato. Em um 
segundo experimento, esses mesmos autores demonstraram que a 
elevação da salinidade de 2 para 18 ppt contribuiu para minimizar 
o impacto negativo no crescimento e na sobrevivência dos cama-
rões mantidos por 35 dias em águas com 440 mg mg/l N-NO3
-. 
Furtado et al 2014 também observaram alterações his-
topatológicas nas brânquias e no hepatopâncreas, redução no 
comprimento das antenas, menor sobrevivência e pior cresci-
mento e conversão alimentar em camarões marinhos, mantidos 
em sistema de bioflocos a concentrações de nitrato de 300 e 
600 mg/l N-NO3
−. Concentrações de nitrato de até 150 mg/l 
N-NO3
− foram consideradas seguras (Tabela 16). 
Monitoramento da qualidade da água e boas práticas 
para prevenir problemas com amônia, nitrito e nitrato
Em viveiros com águas verdes, quase toda a amônia 
gerada na excreção dos animais e na decomposição da ma-
téria orgânica é assimilada pelas microalgas (fitoplâncton) 
em seus processos de síntese de proteína. Um eventual 
excedente de amônia na água é oxidado a nitrito e, em 
seguida a nitrato, pelas bactérias autotróficas (nitrificado-
ras). Enquanto a taxa de geração de amônia for menor do 
que a taxa de assimilação de amônia pelo fitoplâncton e 
de oxidação pelas bactérias, a concentração de amônia 
na água dos viveiros permanecerá zerada. No entanto, a 
intensificação da produção de peixes e camarões em vi-
veiros demanda altas taxas de alimentação, que em alguns 
momentos do cultivo chegam a ultrapassar a casa de 300 
a 500 kg/ha. Em tais situações ocorre uma alta geração 
de amônia, ao mesmo tempo que um excessivo desenvol-
vimento do fitoplâncton. As águas ficam muito verdes e 
com baixa transparência. Os valores de pH na água no 
período da tarde ficam perigosamente altos (acima de 9,0), 
aumentando a proporção de NH3 em relação à amônia total 
presente na água. Com o excesso de fitoplâncton, grande 
parte das microalgas começa a ficar sombreada, despro-
vida de luz. Dessa forma, a remoção de amônia da água 
fica restrita a ação das microalgas nas águas mais super-
ficiais dos viveiros. Sem luz suficiente, muitas microalgas 
acabam morrendo. Isso aumenta ainda mais a quantidade 
de matéria orgânica a ser decomposta na coluna d’água 
e nos sedimentos, resultando em aumento na geração de 
amônia e maior consumo de oxigênio. Assim, sob altas 
taxas de alimentação e excesso de fitoplâncton, a geração 
de amônia pode superar a capacidade de assimilação pelas 
microalgas e pelas bactérias autotróficas presentes nos 
viveiros, resultando em elevação nos níveis de amônia 
Tabela 15 - Sobrevivência, peso médio final e comprimento das antenas 
de camarões marinhos L. vannamei criados por 42 dias em sistema de 
bioflocos com salinidade de 11 ppt e sob diferentes concentrações de 
nitrato (Kuhn et al 2010)
mg/l N-NO3-
Sob
(%)
Peso
final (g)
Comp. 
antenas (cm)
35 87 9,3 8,5
220 87 8,7 7,2
435 64 7,5 5,1
910 15 5,0 2,0
Tabela 16 - Sobrevivência, peso médio final, conversão alimentar e 
comprimento das antenas em camarões marinhos L. vannamei criados por 
42 dias em águas contendo diferentes concentrações de nitrato. Sistema 
de bioflocos, salinidade 23 ppt, peso médio inicial 1,3 g. (Furtado et 
al 2014)
N-NO3-
Sob 
(%)
PM 
final (g)
Conv. 
Alim.
Comp. 
antenas
75 100 6,07 1,50 5,68 cm
150 87 5,97 1,60 4,86 cm
300 77 4,89 3,00 2,52 cm
600 71 3,94 4,34 2,03 cm
"Em viveiros com águas
verdes, quase

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