Prévia do material em texto
Cerâmicas Odontológicas – Graduação 2017 Prof. Dr. Gelson Luis Adabo Professor Titular do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese Faculdade de Odontologia do Campus de Araraquara – UNESP Porcelanas Feldspáticas Os materiais cerâmicos representam atualmente os mais importantes materiais na reabilitação oral de pacientes parcialmente desdentados, com emprego tanto em próteses parciais fixas convencionais, prótese sobre implantes e restauração de elementos isolados. Devido a suas excelentes características estéticas, que permitem reproduzir com fidelidade a estrutura dental natural, tem sido uma das áreas que mais crescem na pesquisa acadêmica e industrial, com foco na qualidade estética, funcional e longevidade. Os materiais cerâmicos mais comumente utilizados em clínica são as porcelanas feldspáticas que, além de estética incomparável, são praticamente inertes no ambiente bucal, apresentam baixa condutividade térmica e adequada resistência à compressão. Por outro lado, são frágeis quando submetidas a impactos e demonstram limitada resistência à tração e a flexão, sendo essas suas principais deficiências. Além disso, a elevada dureza pode ser considerada uma desvantagem por acelerar o desgaste de dentes antagonistas, assim como dificultar polimento por instrumentos rotatórios. O fato de possuir adequada resistência à compressão não a qualifica mecanicamente, pois devido à baixa resistência a tração e a flexão podem falhar até em pequenas reconstruções. Considerando que quando mastigamos estamos realizando compressão nos dentes, pode-se imaginar vetores secundários de tensões em outros sentidos (tração e cisalhamento), como ocorre em um ensaio de flexão, ilustrado a seguir. Figura 2 – Representação esquemática de tensões geradas n ensaio de flexão Área de máxima tensão de tração cristalina As cerâmicas, por apresentarem relativa baixa resistência a tração, praticamente não suportam deformações, assim ao menor deslocamento tendem a fraturar. Considerando que as próteses odontológicas são submetidas a grandes esforços durante a mastigação, as porcelanas, geralmente não são indicadas isoladamente para confecção de próteses e sim combinadas com uma base metálica resistente. Nesta combinação, a infraestrutura metálica responde pela resistência mecânica e a porcelana pela estética, sendo denominada metalocerâmica. Entretanto, para que isso ocorra é necessária uma forte adesão entre a porcelana e o substrato metálico. Estrutura Física: As cerâmicas são compostas por óxidos metálicos ou semimetálicos, podendo apresentar estrutura física amorfa (Fig. 2a) ou cristalina (Fig.2 b). Como exemplo, o vidro tem estrutura amorfa e o quartzo, ambos os materiais de origem cerâmica, mas com evidentes diferenças em suas características mecânicas. a b Figura 2 – Estrutura física amorfa (a) e cristalina (b) A estrutura cristalina apresenta arranjo atômico bastante organizado e por isso altamente resistente, ao contrário da estrutura amorfa, também chamada vítrea. Embora a estrutura cristalina tenha de fato alta resistência tem limitações para a produção de próteses. Pelo fato de apresentarem uma estrutura muito estável, se torna difícil manipulá-la para escultura na forma desejada por processos térmicos convencionais. Além disso, são limitadas para simularem as estruturas dentais, uma vez que em geral são mais opacas, além de ser relativamente difícil agregar corantes em sua estrutura. Já nos materiais vítreos (estrutura amorfa), apesar da menor resistência, é possível modificar cor e translucidez e obter peças com o formato desejado seja por calor ou usinagem. Por outro lado, apenas a estrutura vítrea não suporta os esforços mastigatórios em próteses parciais fixas. Assim, as porcelanas comumente usadas para confecção de próteses parciais fixas são obtidas pela combinação de materiais cerâmicos vítreos reforçados por cerâmicas cristalinas. Composição: A porcelana dentária é fornecida na forma de pó, composto por uma fase vítrea (amorfa) e uma fase cristalina, que misturado com água ou um líquido próprio à base de amido, forma uma massa que é modelada na forma desejada (coroa). Entretanto essa massa não endurece por reação química, ficando em uma condição semelhante a um “castelo de areia”. A estrutura somente se transformará em um corpo sólido após um processo de aquecimento que promoverá a sinterização da fase vítrea (união das partículas pela fusão superficial), em temperaturas na faixa de 800-900oC. A porcelana dentária é uma vitrocerâmica baseada em uma rede de sílica (SiO2), feldspato de potássio (K2O.Al2O3.6SiO2) e feldsptado de sódio (Na2O. Al2O3.6SiO2) e, por isso, são conhecidas como porcelanas feldspáticas. Além disso, são agregados outros componentes (modificadores de vidro) com a função de reduzir a temperatura de amolecimento da fase vítrea, ajuste de coeficiente de expansão térmica entre outros. Desta forma, as porcelanas odontológicas são compostas basicamente por Feldspato na proporção aproximada de 75-85%. Este composto mineral capaz de escoar em elevadas temperaturas, terá a função de formar a fase vítrea, que será responsável pela solidificação e coesão do material. A fase cristalina corresponde a 12 – 22% e pode ser composta por alumina, quartzo, mica ou leucita que é uma forma cristalizada do feldspato. Essa fase não é sujeita a sinterização, mas devido a sua elevada resistência mecânica atua como partículas de reforço na estrutura. Outros componentes são incorporados em pequenas proporções como o caolin (Silicato de alumina hidratado) que é um aglutinante, que tem a função de facilitar a modelagem da peça, além da adição de determinados óxidos metálicos para modificação de cor e grau de translucidez. Quando a porcelana é submetida a um esforço, uma trinca pode se iniciar a partir de um defeito superficial ou poro interno e se propagar até a ruptura da estrutura da porcelana. Esse processo ocorre principalmente na fase vítrea, que predomina na composição do material. Entretanto, quando uma trinca encontra uma partícula cristalina, sua propagação pode ser interrompida, preservando até cerco ponto a estrutura. (a) (b) Figura 2 – Imagem da Microestrutura (a) por microscopia eletrônica de varredura (fase vítrea cinza e fase cristalina branca) e Representação esquemática (b) do efeito da fase cristalina Uma limitação importante é a baixa concentração de fase cristalina devido ao efeito negativo desta fase nas propriedades ópticas (estética). Assim, se o fabricante necessitar aumentar a resistência mecânica com o aumento de fase cristalina, automaticamente resultará em uma porcelana mais opaca. Metalocerâmica A confecção de uma coroa ou prótese metalocerâmica inicia pela obtenção da infraestrutura metálica. Após o preparo dos dentes, moldagem, modelagem, registros e montagem em articulador é feita a escultura em cera da futura peça metálica. Esta infraestrutura é esculpida de modo que envolva o preparo, mas que deixe espaço suficiente para a aplicação da porcelana. Em geral, uma espessura mínima de 0,5 mm é aceitável para a infraestrutura metálica. De acordo com a liga metálica selecionada será escolhido o revestimento e técnica de fundição. Os critérios básicos para indicação de uma liga metálica para metalocerâmica são: • Intervalo de fusão superior ao da porcelana, • Alto módulo de elasticidade (rigidez), • Não liberar íons capazes de manchar a porcelana, • Propiciar troca iônica com a cerâmica (adesão), • Coeficiente de Expansão Térmica (CET) similar ao dacerâmica. Após a prova e ajuste clínico, a infraestrutura é novamente enviada ao laboratório de prótese para a aplicação da porcelana, sendo inicialmente realizado um preparo do substrato metálico, tendo em vista a asperização superficial com jateamento de partículas de óxido de alumínio, limpeza em ultrassom e álcool isopropílico, seguido de um processo de aquecimento em forno, conhecido como “degaseificação”, com o objetivo de formar uma fina camada de óxidos metálicos, que terá papel fundamental na adesão metal/porcelana. A aplicação da porcelana sobre a estrutura metálica se dará por uma sequência de camadas de porcelana, com diferentes características e funções, o que levará à obtenção de uma coroa com aspecto similar ao dente natural. Para isso, o processo se inicia pela aplicação de uma porcelana opaca, que terá a função de mascarar o aspecto escuro da liga metálica. O pó de porcelana opaca ou “opaco” é misturado com o líquido e acomodado em uma fina camada sobre a infraestrutura metálica. Em seguida, o material é levemente comprimido, em um processo chamado “condensação” e o excesso de água removido por meio de papel absorvente. O conjunto é levado ao forno próprio para porcelana onde além do tempo e temperatura pode ser feito o controle da atmosfera (vácuo). Como a ocorrência de poros internos é comum na porcelana a sinterização é feita sob vácuo, que reduzirá significativamente os poros. Assim, como os poros interferem negativamente na resistência mecânica, esse processo de aquecimento em forno à vácuo é fundamental para o sucesso do trabalho. Para cada etapa, a sinterização ou “queima” como é conhecido na prática, é feita em temperatura e tempo recomendados pelo fabricante. Após, o técnico fará a aplicação e condensação de uma porcelana de corpo (dentina), podendo combinar diferentes tonalidades, na região média, cervical, proximais, com o objetivo de simular o dente natural. É feita nova sinterização, em temperatura inferior à do opaco. Na sequência, o técnico pode aplicar outra camada de porcelana (esmalte) e, às vezes usar uma porcelana altamente translúcida conhecida por incisal, para reproduzir o bordo incisal dos dentes anteriores, sequencialmente em temperaturas mais baixas. Ao final, é feito um acabamento com instrumentos rotatórios para ajuste de oclusão e de forma. Nestas condições a coroa, ou prótese fixa em metalocerâmica é enviada à clínica para provas funcional e estética. Nesta fase todo ajuste deve ser criteriosamente feito, pois deve ser considerado definitivo, pois após esta fase será feito o acabamento final da peça, empregando um processo térmico (glaze) que dará o aspecto liso e uniforme à porcelana. Assim, a porcelana ficará praticamente livre de porosidade ou defeitos superficiais, que poderiam acelerar a propagação de trincas e provocar a fratura da estrutura cerâmica. Outro aspecto interessante que ocorre no glazeamento é um processo de têmpera, semelhante a produção de vidros temperados. O aquecimento é rápido o suficiente para provocar um ligeiro amolecimento superficial, porém sem afetar as porções internas. Neste caso, após o aquecimento da peça, ao ser resfriada, a superfície tende a contrair termicamente mais que as porções internas, deixando a estrutura sob tensões residuais de compressão. Este mecanismo aumenta a resistência do conjunto. Em seguida, a prótese é encaminhada ao clínico para a cimentação definitiva. Por ser muito dura, a porcelana não é facilmente nem eficientemente polida por meios convencionais. Assim, após o glaze novos ajustes devem ser evitados. Como comentado anteriormente, para o sucesso da técnica metalocerâmica, além da correta seleção da liga metálica, é fundamental que ocorra uma forte adesão entre metal e porcelana, pois qualquer deslocamento entre as partes deixará a porcelana sem suporte e provocará sua fratura. A adesão entre metal e porcelana é explicada por três mecanismos: mecânico, físico e químico. A união mecânica é proporcionada pelo jateamento de partículas de óxido de alumínio, que além de limpar o metal deixará rugosidades que funcionarão como meios de imbricamento mecânico. As tensões residuais de compressão anteriormente comentadas também participam do processo de união (meio físico) e a adesão química ocorre pela troca de oxigênio entre os óxidos metálicos e a porcelana. A união metal/porcelana embora seja elevada, clinicamente pode falhar e levar ao insucesso do trabalho. As falhas, apesar de incomuns, são consideradas grandes inconvenientes, pois em geral exigem a substituição da prótese ou se faz o reparado com resina composta, quando o defeito é pequeno. Pode ser de natureza adesiva, quando ocorre a exposição de todo ou parte da estrutura metálica, indicando que pode ter havido falha no processo de limpeza, asperização, oxidação e tratamento térmico inadequado. Já quando a fratura envolve apenas a porcelana, esta falha é denominada coesiva e pode ser causada por impacto, esforço excessivo, concentração de tensões residuais ou propagação de trincas oriundas de defeitos internos ou poros superficiais. Porcelana Pura (Metal-free) A proposta inicial de restaurações cerâmicas sem base metálica foi buscada pela alteração da microestrutura, seja pelo aumento da concentração de fase cristalina na porcelana ou pelo uso de partículas ultrafinas e homogêneas, o que pode melhorar a resistência mecânica, mas não o suficiente para maiores reabilitações. Assim, as porcelanas são indicadas para restaurações indiretas unitárias tais como inlays, onlays e facetas (laminados). O emprego de porcelanas sem base metálica somente foi possível pelo desenvolvimento da cimentação adesiva, pois apenas o aumento de resistência da porcelana é insuficiente para garantir o sucesso do trabalho. Para a cimentação, obrigatoriamente, deve ser empregado um sistema adesivo aplicado ao dente e à porcelana e um cimento resinoso que une o conjunto de forma muito estável. Assim, forma-se um complexo composto pelo dente-cimento-porcelana que age como um corpo único. No entanto, se houver falha da união da porcelana com o substrato dental, a porcelana ficará sem suporte e entrará em colapso, de forma semelhante ao um piso cerâmico sem apoio em argamassa. Atualmente, temos porcelanas feldspáticas que podem ser processadas por diferentes métodos: sinterização convencional (similar à empregada em metalocerâmica); prensagem/injeção (que emprega a técnica da cera perdida); e sistema de usinagem CAD/CAM (computer aided design/computer aided manufacturing), onde a restauração é desenhada por meio de um software que por sua vez comanda uma máquina que usina um bloco pré-fabricado de porcelana, na forma da restauração desenhada. Porcelanas Feldspáticas Sinterização convencional Este tipo de material pode ter composição convencional ou podem incorporar alumina ou leucita em concentração próxima de 50%. Enquanto a resistência à flexão da porcelana convencional é de aproximadamente 70 MPa, as porcelanas enriquecidas ficam entre 90 a 110 MPa. Para confecção deste trabalho se utiliza um método de aplicação semelhante à da metalocerâmica, onde o pó de porcelana é misturado ao líquido e a coroa modelada, condensada, seca e sinterizada em forno. Nas metalocerâmicas o material é aplicado diretamente na infraestrutura metálica e o conjunto levado ao forno. Já nas porcelanas livres de metal, é obtida uma réplica do troquel de gesso feita em material refratário. Sob esta réplica a porcelana é aplicada e o conjunto levado ao forno. Após a sinterização a porcelana é cuidadosamente separada da réplica em refratário e finalizada com caracterizaçõese glaze. A peça é provada clinicamente quanto a adaptação e após a cimentação são feitos os ajustes oclusais, seguido de polimento com borrachas diamantadas. Porcelana prensada/injetada Esse método emprega a técnica da cera perdida, similar ao processo de fundição odontológica. Foram desenvolvidas porcelanas enriquecidas com leucita na forma de cilindros pré-sinterizados em diferentes opções de cores, para a injeção em moldes de revestimento. Este tipo de material pode atingir a resistência de 120 MPa. O processo se inicia pela escultura em cera da restauração e inclusão em revestimento especial. Após a presa, o revestimento é aquecido em forno para eliminação da cera. Em seguida, o anel é levado a um forno especial que injetará o cilindro de porcelana na cor pré-selecionada. Durante este processo, o cilindro ao ser aquecido será amolecido para permitir sua injeção. Ao mesmo tempo, pelo controle da temperatura, ocorrerá o crescimento de cristais de leucita adicionais, por um processo denominado ceramização, aumentando a resistência do material. Após a remoção cuidadosa da porcelana injetada do revestimento, os condutos de alimentação são removidos e o acabamento realizado. Como a porcelana injetada é de apenas uma cor (monocromática) o refinamento estético é feito por caracterização (pintura) extrínseca e glazemento. Porcelana CAD/CAM Esse processo emprega a tecnologia CAD/CAM (computer-aided disign/computer-aided manufacturing). A técnica passa pela captura da imagem do dente preparado, diretamente da boca do paciente por meio de escaners intraorais, ou captura da imagem de modelo de gesso por meio de escaners “de bancada”. Seja qual for o método, o técnico/dentista delimita as margens da restauração no computador e insere alguns parâmetros para o desenho virtual da restauração. Os dados são enviados e uma máquina fresadora especial que usina um bloco de porcelana pré-fabricado e na cor pré-selecionada, sob o comando do computador. Entre os materiais temos os produzidos pela Sirona (Cerec Blocks) ou Vita (Vitablocks Real Life) que são porcelanas onde a fina microestrutura e o processo de sinterização industrial propiciam um material de boa capacidade de polimento, abrasão similar a do esmalte dental e com variadas opções de cores e translucidez. Outro material encontrado no mercado é o IPS Empress CAD que é classificada como uma vitrocerâmica reforçada com leucita. Após a usinagem é provada e ajustada ao dente do paciente. Previamente à cimentação pode ser feita a caracterização extrínseca e glazeamento antes da cimentação adesiva. A vantagem prática desta técnica é que o trabalho pode ser feito em única sessão, desde o preparo dental até a cimentação. Além disso, sob o ponto de vista do material, a restauração teoricamente ser livre de porosidade, devido ao processo de fabricação dos blocos, garante adequada resistência. Vitrocerâmica à base de Dissilicato de Lítio Vitrocerâmicas são produzidas através da cristalização controlada de um vidro (ceramização), dando origem a um material com características intermediárias entre o vidro e outros materiais cerâmicos. Este processo de cristalização controlada pode gerar um índice de cristalinidade de até 90% e produzir um material livre de porosidade, maior resistência mecânica, variações na translucidez/opacidade, fluorescência, entre outras de interesse em diferentes áreas da engenharia. Pode ser empregado na fabricação de cooktop, espelho e até peças de telescópio. Esta tecnologia de material também se aplica para a produção de peças protéticas sem infra-estrutra metálica. Dois processos podem ser empregados: técnica da prensagem/injeção pelo processo da cera perdida, ou pela técnica CAD/CAM (usinagem). A empresa pioneira neste material é a Ivoclar Vivadent, com os produtos IPS e.max Press ou IPS e.max CAD, porém outras empresas também têm cerâmicas da mesma natureza, como a Rosetta (Odonto Mega). O dissilicato de lítio é composto basicamente por quartzo, dióxido de lítio, óxido de fósforo, alumina, óxido de potássio. Apresenta baixa contração térmica. Por isso, pode ser processado tanto pela técnica prensagem, quanto pelo sistema CAD/CAM. O material prensável é produzido na forma de um bloco cilíndrico, por tecnologia de fusão e resfriamento do vidro, onde ocorre a nucleação simultânea de dois diferentes cristais, tendo em vista a redução da formação de defeitos tais como poros ou pigmentos. Ao final, a microestrutura do dissilicato de lítio consiste de 60 - 70% de cristais na forma de agulhas (3 to 6 µm) envolvidos em uma matriz vítrea. A dissolução de íons polivalentes resulta nas variadas cores e níveis de translucidez do material. Assim, na técnica da cera perdida, o padrão de cera é esculpido na forma de infraestrutura que é incluído em revestimento. Após a eliminação da cera o cilindro de cerâmica é injetado no revestimento, como comentado anteriormente para as porcelanas injetadas. Neste processo também ocorre o crescimento de cristais (ceramização) que reforçam a estrutura. Esta peça pode ser produzida na forma de infra-estrutura a ser recoberta por porcelana feldspática compatível, ou então já ser preparada na forma final, sem cobertura de porcelana. O material pode atingir resistência à flexão de 400 MPa, ou seja, mais do que o dobro das porcelanas enriquecidas, comentadas anteriormente. Para a versão CAD/CAM (IPS e.max CAD), blocos são fabricados por um processo similar ao descrito anteriormente, porém, o bloco é fabricado em um estado intermediário de cristalização (o bloco apresenta-se azul ou translúcido), consistindo de 40% de cristais metaestáveis de dissilicato de lítio na forma de placas, e com tamanho de 0.2 to 1.0 µm (Figura 3). Esta cristalização parcial permite que o bloco seja usinado com maior facilidade e com boa estabilidade de forma. Após o processo de usinagem, a estrutura é levada ao forno para atingir a cristalização final, onde adquire sua coloração conforme selecionada e resistência mecânica final. Ao final do processo a microstructura do IPS e.max CAD é composta por 70% de finos grãos de dissilicato de lítio envolvido em matriz vítrea. A resistência final do material usinado (é um pouco abaixo da encontrada na forma prensável. Figura 3 - Microestrutura do E.max CAD Vitrocerâmica à base de Silicato de Lítio com cristais de zircônia O silicato de lítio reforçado com zircônia foi desenvolvido com o objetivo de aumentar a resistência mecânica, por meio da inclusão de 10% de cristais de zircônia. Além disso, os cristais de silicato de lítio são mais finos que os cristais do dissilicato de lítio o que pode interferir tanto na resistência quanto nas características ópticas. O Suprinity (Vita), pioneiro nesta categoria de cerâmica é oferecido em duas diferentes opções. O Suprinity PC (Partially Crystallized) é apresentado na forma de bloco parcialmente cristalizado (coloração âmbar) que após usinagem da peça é levado ao forno para cristalização. Já o Suprinity FC (Fully Crystallized) é oferecido em blocos na cor final da escala Vita, para os quais não há necessidade de se levar ao forno, uma vez que já estão previamente cristalizados. Esta última versão tem a vantagem de ser mais rápida por não necessitar de cristalização, mas o próprio processo de usinagem provoca danos ao material, reduzindo significativamente a resistência. Outra marca comercial disponível é o Celtra Duo e Celtra Press (Dentsply). O Celtra Duo é empregado na técnica CAD/CAM e é similar ao Suprinity FC (previamente cristalizado e na cor final). Na versão Celtra Press, emprega-se a técnica da cera perdida e tem maior resistênciamecânica. Cerâmicas Cristalinas Apesar de a maior parte das próteses parciais fixas e coroas serem feitas em metalocerâmica, alguns inconvenientes tem estimulado o desenvolvimento de materiais cerâmicos de alta resistência para substituição do metal em próteses parciais fixas. Embora raramente, alguns pacientes apresentam sensibilidade a determinados elementos das ligas metálicas, principalmente o níquel. Além disso, a estrutura metálica pode interferir na estética nas metalocerâmicas. O uso da porcelana opaca para mascarar o metal interfere na estética da porcelana de corpo, deixando-a opacificada o que gera aspecto não natural ao trabalho. Da mesma forma, na região do término cervical há o acabamento da combinação dos três elementos envolvidos na metalocerâmica, ou seja, o metal, a porcelana opaca e a porcelana de corpo, em uma área extremamente delgada, sendo um ponto crítico para a estética do trabalho. Materiais de origem cerâmica de alta resistência passaram a ser estudados, mas na medida em que se busca resistência mecânica perde-se a estética. Isso ocorre nas cerâmicas cristalinas, que têm adequada resistência, mas excessiva opacidade. Assim, esses materiais passaram a ser um alternativa ao uso das infraestruturas metálicas, com a vantagem de serem mais biocompatíveis e interferirem menos na estética, por serem mais próximos à tonalidade da porcelana a ser aplicada sobre eles. Neste contexto foram desenvolvidos diferentes materiais como a alumina policristalina (em desuso) e zircônia tetragonal estabilizada por itria. Zircônia estabilizada por Ítria Materiais policristalinos são sólidos de elevada resistência compostos de inúmeros grãos cristalinos de tamanho e orientação variáveis. Entre estes materiais podemos destacar a alumina e a zircônia com aplicação como biomateriais para próteses ortopédicas e dentárias. Esses materiais não apresentam fase vítrea e são compostos por grãos cristalinos, formado a estrutura policristalina (Figura 4). Figura 4 – Microestrutura policristalina da zircônia As cerâmicas dentarias à base de zircônia tetragonal estabilizada por itria (Y- TZP) apresentam resistência mecânica comparável às ligas metálicas e têm indicações desde na produção de peças na indústria mecânica até como biomaterial, uma vez que também apresenta biocompatibilidade. A primeira indicação da zircônia foi para produção de partes de próteses ortopédicas de quadril, por suportar tensões de alta magnitude e por ser altamente biocompatível. A Zircônia é material cerâmico mais resistente atualmente disponível na Odontologia com indicação desde coroas unitárias até próteses parciais fixas e sobre implante de múltiplos elementos, em área de elevado estresse. A zircônia não pode ser sinterizada pelos métodos convencionais e por isso as estruturas em zircônia são obtidas pelo sistema CAD/CAM. Entretanto, devido às suas características ópticas, em geral, necessita do recobrimento com porcelanas feldspáticas para restaurar a estética dental. A Zirconia pode apresentar diferentes estruturas cristalinas (fases) dependendo da temperatura: monoclinica (M), cubica (C) and tetragonal (T). A zirconia pura é monoclinica à temperatura ambiente, mantendo-se estável até 1170°C. Acima desta temperatura transforma-se em tetragonal até 2370°C, e acima desta passa para a fase cúbica. Durante a sinterização da zircônia, há a transformação M—T acima de 1170°C, porém durante o posterior resfriamento ocorre a reversão do processo ocorrendo a transformação de fase T—M por volta de 1070°C. No entanto, a estrutura monoclínica não é a mais conveniente para aplicação em prótese. Assim, para a obtenção de estrutura tetragonal, que é mais adequada, o fabricante adiciona óxidos estabilizadores como a itria (Y3O2) para que a zircônia seja parcialmente estabilizada à temperatura ambiente na fase tetragonal e cúbica. Este recurso melhora a resistência mecânica e faz com que a zircônia seja menos susceptível à degradação em meio úmido e baixa temperatura (LTD – low temperature degradation). Outro aspecto de grande importância é que os cristais de zircônia tetragonal metaestáveis têm a capacidade de se transformar em fase monoclínica quando o material é submetido a um esforço mecânico que provoca o crescimento de uma microtrinca. No campo de tensão criado ao redor da trinca se induz a transformação de fase T-M gerando expansão volumétrica (cerca de 4%) criando uma força de oposição ao crescimento da trinca (Fig. 5). Este fenômeno é conhecido por tenacificação por transformação de fase, o que em última análise aumenta a resistência do material. Figura 5. Crescimento da trinca limitado pela transformação de fase T-M Após o preparo de coroa para prótese fixa convencional é feita a captura de imagem diretamente da boca do paciente ou pelo escaneamento do modelo de gesso. Com base nesta imagem é desenhada a estrutura a ser reproduzida em zircônia. Um bloco de zircônia parcialmente sinterizada é esculpido por uma máquina acoplada ao computador, com dimensões ampliadas em cerca de 20% e, em seguida, a peça é sinterizada à temperaturas (1400-1600oC), quando a zircônia adquire significativa resistência à flexão (acima de 1000 MPa). Neste processo a peça contrai, e por isso é que ela é esculpida em tamanho maior. Realizadas as provas clínicas da infraestrutura de zircônia, é feita a seleção de cor para a aplicação de porcelanas específicas. A fratura da infraestrutura de zircônia é rara, mas o lascamento da porcelana de cobertura tem sido mais prevalente que o encontrado em próteses metalocerâmicas, gerando alguma dúvida sobre a longevidade. Diversas pesquisas têm sido desenvolvidas para compreender os mecanismos que levam a estas falhas e parece haver a formação de tensões residuais na porcelana que se acumulam em determinadas áreas da prótese devido às diferenças nas propriedades térmicas e ambos os materiais cerâmicos (zircônia e porcelana). Com o uso de protocolos de sinterização e resfriamento da porcelana específicos para este tipo de prótese tem sido possível reduzir a ocorrência de lascamentos da porcelana. Mais recentemente, foram produzidas versões de zircônia de maior translucidez (chamadas monolíticas) que permitem coloração para mimetizar a estrutura dental. Essas zircônias não exigem cobertura de porcelana eliminando o risco de lascamentos. Porém, por se tratar de uma tecnologia relativamente nova, poucos estudos clínicos de longo prazo são relatados na literatura, mas alguns indicam adequada performance clínica e boas perspectivas para o futuro. Além disso, a estética é ainda muito inferior ao que se obtém com as cerâmicas vítreas. Compósitos Cerâmicos No passado recente, havia um compósito cerâmico composto por uma estrutura porosa de alumina (97%) infiltrada por vidro (3%), cuja marca comercial pioneira foi o InCeram (Vita). Este material tem resistência intermediária entre o dissilicato de lítio e a zircônia. Devido a sua opacidade era usado sempre como infraestrutura. Era processado por sinterização convencional, onde pó de alumina era aplicado na forma similar à porcelana, mas com um ciclo de aquecimento de cerca de 10-11 horas a 1170oC, o que resultava em uma estrutura porosa e frágil. Em seguida, era feito o processo de infiltração de vidro na porosidade, para o qual uma pasta de vidro era aplicada na superfície e aquecida por cerca de 4 horas à 1120OC. Após a infiltração do vidro o material adquiria a resistência final. Este processo, apesar de muito trabalhoso, era uma opção interessante em termos de estética, porém com o surgimento da zircônia o material tornou-sedesinteressante. Por isso, o fabricante lançou uma versão CAD/CAM, cujos blocos porosos eram submetidos ao processo de infiltração de vidro após a usinagem da peça. Ainda assim, por serem menos resistentes que a zircônia não foram bem sucedidos comercialmente e retirados do mercado. Uma outra opção que era muito popular nos anos 90 e início dos anos 2000 são os compósitos de uso laboratorial (cerômeros), incluem desde resinas compostas fotoativadas ou termicamente ativadas. O princípio era empregar a resina composta de forma indireta, o que permitia melhor controle da aplicação e métodos de polimerização. Em geral se associavam a fotopolimerização e uma complementação térmica em fornos específicos que emitiam radiação luminosa e calor. Atualmente, temos resinas fotoativadas como, por exemplo, Epricord (Kuraray), Signum (Haereus), Premise Indirect (Kerr). Nos últimos anos surgiram também blocos de resina composta para CAD/CAM, que é produzido por processo de polimerização em condições de temperatura e pressão controladas, o que permite que o material tenha propriedades melhoradas em relação aos tradicionais compósitos de uso laboratorial. Entre os produtos mais conhecidos temos o Cerasmart (GC America), Shofu HC (Shofu), Paradigm MZ100 Block (3M ESPE) e o Lava Ultimate (3M/ESPE). Apesar de os compósitos de uma maneira geral serem adequados em relação a absorção de forças mastigatórias, carecem de resistência para trabalhos de alta demanda mecânica, sendo indicados apenas para inlay, onlays e facetas. Mais recentemente, surgiu uma nova categoria de material híbrido, conhecido por PICN (“Polymer-infiltered-ceramic-network”), representado por uma única marca comercial (Enamic - Vita). Este material é fornecido em blocos CAD/CAM e sua estrutura cerâmica é composta principalmente por leucita e zircônia em pequena concentração, formando uma rede cerâmica interconectada porosa, compondo 86% do material (em peso), como se fosse uma esponja cerâmica (Figura 6). Esta estrutura é infiltrada por uma fase resinosa, dando origem aos blocos CAD/CAM. A principal vantagem, segundo o fabricante, é a capacidade de absorver a carga mastigatória, o que pode ser particularmente interessante em prótese sobre implante, pela redução de transmissão de esforços para a região peri-implantar. Isso é possível devido ao seu baixo módulo de elasticidade do material (30-35 GPa), o que corresponde a cerca de 1/3 do módulo de elasticidade do dissilicato de lítio. Figura 6 – Estrutura cerâmica do Enamic Os compósitos, de uma forma geral, têm indicação restrita e devem ser empregados com muito critério, pois a longevidade é reconhecidamente menor que o dissilicato de lítio e zircônia. Conclusão As cerâmicas odontológicas diferem enormemente em sua composição e estrutura, propriedades mecânicas e ópticas, sendo importante conhecer as limitações para poder indicar corretamente frente às demandas estéticas e de resistência. Bibliografia: [1] M. Roediger, N. Gersdorff, A. Huels, S. Rinke, Prospective evaluation of zirconia posterior fixed partial dentures: four-year clinical results., 23 (2010) 141–148. [2] I. Sailer, B.E. Pjetursson, M. Zwahlen, C.H. Hammerle, A systematic review of the survival and complication rates of all-ceramic and metal-ceramic reconstructions after an observation period of at least 3 years. Part II: Fixed dental prostheses, Clin Oral Implant. Res. 18 Suppl 3 (2007) 86–96. doi:10.1111/j.1600-0501.2007.01468.x. [3] I. Sailer, J. Gottnerb, S. Kanelb, C.H. Hammerle, Randomized controlled clinical trial of zirconia-ceramic and metal-ceramic posterior fixed dental prostheses: a 3- year follow-up, Int J Prosthodont. 22 (2009) 553–560. doi:doi.org/10.1016/j.jdent.2015.07.013. [4] J. Klimke, M. Trunec, A. Krell, Transparent Tetragonal Yttria-Stabilized Zirconia Ceramics: Influence of Scattering Caused by Birefringence, J. Am. Ceram. Soc. 94 (2011) 1850–1858. doi:10.1111/j.1551-2916.2010.04322.x. [5] V. Lughi, V. Sergo, Low temperature degradation -aging- of zirconia: A critical review of the relevant aspects in dentistry, Dent Mater. 26 (2010) 807–820. doi:10.1016/j.dental.2010.04.006. [6] R.C. Garvie, R.H. Hannink, R.T. Pascoe, Ceramic steel?, Nature. 258 (1975) 703– 704. http://dx.doi.org/10.1038/258703a0. [7] J. Chevalier, L. Gremillard, A. V. Virkar, D.R. Clarke, The Tetragonal-Monoclinic Transformation in Zirconia: Lessons Learned and Future Trends, J. Am. Ceram. Soc. 92 (2009) 1901–1920. doi:10.1111/j.1551-2916.2009.03278.x. [8] J. Chevalier, C. Olagnon, G. Fantozzi, Subcritical Crack Propagation in 3Y-TZP Ceramics: Static and Cyclic Fatigue, J. Am. Ceram. Soc. 82 (1999) 3129–3138. doi:10.1111/j.1151-2916.1999.tb02213.x. [9] K. Haraguchi, N. Sugano, T. Nishii, H. Miki, K. Oka, H. Yoshikawa, Phase transformation of a zirconia ceramic head after total hip arthroplasty, J. Bone Jt. Surg. 83 (2001) 996–1000. doi:10.1302/0301-620X.83B7.12122. [10] M. Keuper, C. Berthold, K.G. Nickel, Long-time aging in 3mol.% yttria- stabilized tetragonal zirconia polycrystals at human body temperature, Acta Biomater. 10 (2014) 951–959. doi:10.1016/j.actbio.2013.09.033. [11] X. Guo, Property Degradation of Tetragonal Zirconia Induced by Low- Temperature Defect Reaction with Water Molecules, Chem. Mater. 16 (2004) 3988– 3994. doi:10.1021/cm040167h. [12] M. Yoshimura, T. Noma, K. Kawabata, S. Somiya, Role of water on the degradation process of Y-TZP, J. Mater. Sci. Lett. 6 (1987) 465–467. [13] V. Sergo, D.R. Clarke, W. Pompe, Deformation Bands in Ceria-Stabilized Tetragonal Zirconia/Alumina: I, Measurement of Internal Stresses, J. Am. Ceram. Soc. 78 (1995) 633–640. doi:10.1111/j.1151-2916.1995.tb08224.x. [14] M.J. Lance, E.M. Vogel, L.A. Reith, W.R. Cannon, Low-Temperature Aging of Zirconia Ferrules for Optical Connectors, J. Am. Ceram. Soc. 84 (2001) 2731–2733. doi:10.1111/j.1151-2916.2001.tb01085.x. [15] B. Basu, J. Vleugels, O. Van Der Biest, Microstructure–toughness–wear relationship of tetragonal zirconia ceramics, J. Eur. Ceram. Soc. 24 (2004) 2031– 2040. doi:http://dx.doi.org/10.1016/S0955-2219(03)00355-8. [16] Z. Haibin, L. Zhipeng, K. Byung-Nam, K. Morita, H. Yoshida, K. Hiraga, Y. Sakka, Effect of Alumina Dopant on Transparency of Tetragonal Zirconia, J. Nanomater. (2012) 269064 (5 pp.)-269064 (5 ). doi:10.1155/2012/269064. [17] U. Anselmi-Tamburini, J.N. Woolman, Z.A. Munir, Transparent Nanometric Cubic and Tetragonal Zirconia Obtained by High-Pressure Pulsed Electric Current Sintering, Adv. Funct. Mater. 17 (2007) 3267–3273. doi:10.1002/adfm.200600959. [18] F. Zhang, K. Vanmeensel, M. Batuk, J. Hadermann, M. Inokoshi, B. Van Meerbeek, I. Naert, J. Vleugels, Highly-translucent, strong and aging-resistant 3Y- TZP ceramics for dental restoration by grain boundary segregation, Acta Biomater. 16 (2015) 215–222. doi:10.1016/j.actbio.2015.01.037. [19] Y. Zhang, Making yttria-stabilized tetragonal zirconia translucent, Dent. Mater. 30 (2014) 1195–1203. doi:10.1016/j.dental.2014.08.375. [20] I. Denry, J.R. Kelly, Emerging ceramic-based materials for dentistry., J. Dent. Res. 93 (2014) 1235–1242. doi:10.1177/0022034514553627. [21] A. Krell, J. Klimke, T. Hutzler, Transparent compact ceramics: Inherent physical issues, Opt. Mater. (Amst). 31 (2009) 1144–1150. doi:10.1016/j.optmat.2008.12.009. [22] T.A. Sulaiman, A.A. Abdulmajeed, T.E. Donovan, P.K. Vallittu, T.O. Narhi, L. V Lassila, The effect of staining and vacuum sintering on optical and mechanical properties of partially and fully stabilized monolithic zirconia., Dent. Mater. J. 34 (2015) 605–610. doi:10.4012/dmj.2015-054. [23] J. Chevalier,B. Cales, J.M. Drouin, Low-Temperature Aging of Y-TZP Ceramics, J. Am. Ceram. Soc. 82 (1999) 2150–2154. doi:10.1111/j.1151- 2916.1999.tb02055.x. [24] R.C. Garvie, P.S. Nicholson, Phase Analysis in Zirconia Systems, J. Am. Ceram. Soc. 55 (1972) 303–305. doi:10.1111/j.1151-2916.1972.tb11290.x. [25] H. Toraya, M. Yoshimura, S. Somiya, Calibration Curve for Quantitative Analysis of the Monoclinic-Tetragonal ZrO2 System by X-Ray Diffraction, J. Am. Ceram. Soc. 67 (1984) C-119-C-121. doi:10.1111/j.1151-2916.1984.tb19715.x. [26] T.A. Sulaiman, A.A. Abdulmajeed, K. Shahramian, L. Hupa, T.E. Donovan, P. Vallittu, T.O. Närhi, Impact of gastric acidic challenge on surface topography and optical properties of monolithic zirconia, Dent. Mater. 31 (2015) 1445–1452. doi:http://dx.doi.org/10.1016/j.dental.2015.09.010. [27] B. Stawarczyk, M. Özcan, L. Hallmann, A. Ender, A. Mehl, C.H.F. Hämmerlet, The effect of zirconia sintering temperature on flexural strength, grain size, and contrast ratio, Clin. Oral Investig. 17 (2013) 269–274. doi:10.1007/s00784-012- 0692-6. [28] K. Ebeid, S. Wille, A. Hamdy, T. Salah, A. El-Etreby, M. Kern, Effect of changes in sintering parameters on monolithic translucent zirconia, Dent. Mater. 30 (2014) e419–e424. doi:http://dx.doi.org/10.1016/j.dental.2014.09.003. [29] M. Inokoshi, F. Zhang, J. De Munck, S. Minakuchi, I. Naert, J. Vleugels, B. Van Meerbeek, K. Vanmeensel, Influence of sintering conditions on low-temperature degradation of dental zirconia, Dent. Mater. 30 (2014) 669–678. doi:10.1016/j.dental.2014.03.005. [30] W.Z. Zhu, Effect of cubic phase on the kinetics of the isothermal tetragonal to monoclinic transformation in ZrO2(3mol% Y2O3) ceramics, Ceram. Int. 24 (1998) 35–43. doi:http://dx.doi.org/10.1016/S0272-8842(96)00074-0. [31] J. Chevalier, S. Deville, E. Munch, R. Jullian, F. Lair, Critical effect of cubic phase on aging in 3mol% yttria-stabilized zirconia ceramics for hip replacement prosthesis., Biomaterials. 25 (2004) 5539–5545. doi:10.1016/j.biomaterials.2004.01.002. [32] H. Yilmaz, S.K. Nemli, C. Aydin, B.T. Bal, T. Tiras, Effect of fatigue on biaxial flexural strength of bilayered porcelain/zirconia (Y-TZP) dental ceramics, Dent Mater. 27 (2011) 786–795. doi:10.1016/j.dental.2011.03.019. [33] E. Tsalouchou, M.J. Cattell, J.C. Knowles, P. Pittayachawan, A. McDonald, Fatigue and fracture properties of yttria partially stabilized zirconia crown systems., Dent. Mater. 24 (2008) 308–318. doi:10.1016/j.dental.2007.05.011. [34] P. Pittayachawan, A. McDonald, A. Petrie, J.C. Knowles, The biaxial flexural strength and fatigue property of LavaTM Y-TZP dental ceramic, Dent. Mater. 23 (2007) 1018–1029. doi:http://dx.doi.org/10.1016/j.dental.2006.09.003. [35] M. Amaral, L.F. Valandro, M.A. Bottino, R.O.A. Souza, Low-temperature degradation of a Y-TZP ceramic after surface treatments., J. Biomed. Mater. Res. B. Appl. Biomater. 101 (2013) 1387–1392. doi:10.1002/jbm.b.32957. [36] R.O.A. Souza, L.F. Valandro, R.M. Melo, J.P.B. Machado, M.A. Bottino, M. Ozcan, Air-particle abrasion on zirconia ceramic using different protocols: effects on biaxial flexural strength after cyclic loading, phase transformation and surface topography., J. Mech. Behav. Biomed. Mater. 26 (2013) 155–163. doi:10.1016/j.jmbbm.2013.04.018. [37] C. Cotes, A. Arata, R.M. Melo, M.A. Bottino, J.P.B. Machado, R.O.A. Souza, Effects of aging procedures on the topographic surface, structural stability, and mechanical strength of a ZrO2-based dental ceramic, Dent. Mater. 30 (2014) e396– e404. doi:http://dx.doi.org/10.1016/j.dental.2014.08.380. [38] S. Deville, L. Gremillard, J. Chevalier, G. Fantozzi, A critical comparison of methods for the determination of the aging sensitivity in biomedical grade yttria- stabilized zirconia, J Biomed Mater Res B Appl Biomater. 72 (2005) 239–245. doi:10.1002/jbm.b.30123. [39] S.K. Nemli, H. Yilmaz, C. Aydin, B.T. Bal, T. Tiras, Effect of fatigue on fracture toughness and phase transformation of Y-TZP ceramics by X-ray diffraction and Raman spectroscopy, J Biomed Mater Res B Appl Biomater. 100 (2012) 416– 424. doi:10.1002/jbm.b.31964. [40] J. Chevalier, L. Gremillard, S. Deville, Low-Temperature Degradation of Zirconia and Implications for Biomedical Implants, Annu. Rev. Mater. Res. 37 (2007) 1–32. doi:doi:10.1146/annurev.matsci.37.052506.084250. [41] G.K.R. Pereira, A.B. Venturini, T. Silvestri, K.S. Dapieve, A.F. Montagner, F.Z.M. Soares, L.F. Valandro, Low-temperature degradation of Y-TZP ceramics: A systematic review and meta-analysis, J. Mech. Behav. Biomed. Mater. 55 (2015) 151–163. doi:10.1016/j.jmbbm.2015.10.017. [42] F. Zhang, K. Vanmeensel, M. Inokoshi, M. Batuk, J. Hadermann, B. Van Meerbeek, I. Naert, J. Vleugels, Critical influence of alumina content on the low temperature degradation of 2–3 mol% yttria-stabilized TZP for dental restorations, J. Eur. Ceram. Soc. 35 (2015) 741–750. doi:http://dx.doi.org/10.1016/j.jeurceramsoc.2014.09.018. [43] B.D. Flinn, A.J. Raigrodski, A. Singh, L.A. Mancl, Effect of hydrothermal degradation on three types of zirconias for dental application, J. Prosthet. Dent. 112 (2014) 1377–1384. doi:10.1016/j.prosdent.2014.07.015. [44] M. Cattani-Lorente, S.S. Scherrer, P. Ammann, M. Jobin, H.W. Wiskott, Low temperature degradation of a Y-TZP dental ceramic, Acta Biomater. 7 (2011) 858– 865. doi:10.1016/j.actbio.2010.09.020. [45] S. Ban, H. Sato, Y. Suehiro, H. Nakanishi, M. Nawa, Biaxial flexure strength and low temperature degradation of Ce-TZP/Al2O3 nanocomposite and Y-TZP as dental restoratives, J Biomed Mater Res B Appl Biomater. 87 (2008) 492–498. doi:10.1002/jbm.b.31131. [46] M. Cattani-Lorente, S. Durual, M. Amez-Droz, H.W.A. Wiskott, S.S. Scherrer, Hydrothermal degradation of a 3Y-TZP translucent dental ceramic: A comparison of numerical predictions with experimental data after 2 years of aging., Dent. Mater. 32 (2016) 394–402. doi:10.1016/j.dental.2015.12.015.