Buscar

INTERMEDIARIO ARQUITETURA BRASILEIRA

Prévia do material em texto

Durante muito tempo, as construções brasileiras foram traçadas por engenheiros, arquitetos, decoradores, escultores e mesmo ourives e simples entalhadores, desde que com capacidade para o desenho e a organização de espaços. Contudo, a construção efetiva dos prédios principais era entregue a um mestre-de-obras experiente. Com certo atraso em relação ao desenvolvimento estético europeu, o barroco chegou no Brasil a partir do século XVII (nos centros de Salvador e São Paulo), disseminou-se para o resto do país (do Pará ao extremo-sul) e até em Goiás e Mato Grosso, criando um extenso acervo de arte e arquitetura de alta qualidade e típico de todo o período colonial, levando certos autores a nomeá-lo "a alma do Brasil".
Sua influência se estendeu até o século XIX, como se constata nas edificações perfeitamente barrocas de igrejas (constitui exemplo tardio a igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, concluída em 1877, com base em projeto do século anterior). Este estilo, cujos maiores expoentes são edifícios religiosos, com o tempo passou de uma arquitetura sólida e austera derivada da herança quinhentista (com frontões discretos, torres com coroamento piramidal simples e frontispícios pouco elaborados) até chegar a uma fase onde as fachadas e interiores recebem ornamentação com riqueza e requinte de detalhes.
Construção do Cristo Redentor, Rio de Janeiro
Na arquitetura civil, o barroco deixou relativamente poucos edifícios. As residências se caracterizaram por apresentarem fachadas de um ou dois pavimentos, com aberturas simples em arco abatido ou retangulares, emolduradas em madeira (mais raramente em pedra) e um telhado igualmente simples com beiral (às vezes com alguma ornamentação discreta: uma suave curvatura e telhas em bico nos cantos), além de sacadas com gradis de ferro trabalhado. Famílias ricas construíram solares amplos e ornamentados, com azulejos na fachada, arcadas e estatuária decorativa. Também nas fazendas do interior sobreviveram casarões senhoriais de grande interesse, alguns de grandes dimensões.
Caso singular num gênero diverso é o aqueduto da Carioca, uma obra civil para condução de água erguida entre os séculos XVII e XVIII (no Rio de Janeiro, com 270 metros de extensão e 17 metros de altura). Dos prédios oficiais, poucos sobreviveram sem alterações: a antiga Casa da Câmara e Cadeia de Ouro Preto (atual Museu da Inconfidência) e o Paço Imperial no Rio, antiga residência da família real. Salvador, Olinda, São Luís, Goiás Velho e cidades em Minas Gerais (notadamente Ouro Preto e Diamantina) ainda preservam numerosos exemplares de arquitetura civil e religiosa típicas do barroco colonial em seus centros históricos (declarados patrimônio mundial  pela Unesco, por sua importância histórica e arquitetônica).

Continue navegando