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Das Obrigações Alternativa - 1

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DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
Havendo duas prestações, o devedor se desonera, satisfazendo toda a obrigação pelo cumprimento de somente uma das prestações.
Mais uma vez privilegiou-se o devedor, é dizer, caso nada se estipule a quem caberá a escolha da prestação a ser cumprida, esta caberá ao devedor. 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
O devedor não poderá, cabendo-lhe a escolha, obrigar o credor a receber as prestações de forma fragmentada.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
No caso de obrigação de prestações periódicas, também conhecidas como de trato sucessivo ou obrigação de execução continuada, a escolha poderá ser feita em cada período, mantendo o contrato sob forma não instantânea.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
Não havendo acordo quando à concentração na obrigação alternativa, isto é, se as partes ou terceiros não chegarem a um acordo, a escolha caberá ao juiz.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Havendo previsão no instrumento obrigacional de que a concentração cabe a terceiros, se este não quiser ou não puder exercer o ato, caberá o controle da escolha mais uma vez ao juiz da causa convocado a pronunciar-se sobre o caso.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. 
Se uma das prestações não puder ser cumprida, a obrigação será concentrada na outra.
Trata-se da redução do objeto obrigacional, operando a conversão da obrigação alternativa objetiva em obrigação simples.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Tornando-se impossível a obrigação alternativa por culpa do devedor, quando a este cabia a escolha, deverá ele arcar com a última prestação pela qual se obrigou, além do ressarcimento das perdas e danos. O valor deverá ser da prestação restante, isto é, da que “por último se impossibilitou”. 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
Caso a escolha caiba ao credor e somente uma das prestações se tornar impossível, por culpa do devedor, terá o primeiro duas opções: (1) exigir a prestação restante ou subsistente; ou (2) exigir o valor da prestação que se perdeu mais perdas e danos, sem prejuízo da reparação material e moral (perdas e danos).
Ainda na hipótese da escolha caber ao credor e tornando-se impossível o cumprimento de ambas as prestações (por culpa do devedor), ele poderá exigir o valor de qualquer uma das duas prestações, sem prejuízos da indenização pelos prejuízos decorrentes (perdas e danos).
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Não havendo culpa do devedor quanto à impossibilidade de cumprimento das prestações objetos da obrigação alternativa, resolve-se a obrigação, sem perdas e danos, retornando as partes à situação primitiva.
INTRODUÇÃO
As obrigações classificadas quanto aos elementos podem ser simples ou complexas. As simples são aquelas estudadas até agora. As obrigações têm um sujeito ativo, um sujeito passivo, um vínculo entre os dois e, finalmente, um objeto. Entretanto, nem todas as obrigações são assim. O elemento subjetivo de uma obrigação pode ser determinado ou determinável, e pode ser múltiplo em cada pólo.
Na obrigação há o sujeito ativo, vínculo e sujeito passivo. Os sujeitos ocupam os pólos da relação. É o que diferencia uma obrigação simples de uma complexa. As complexas podem ser complexas quanto ao objeto ou complexas quanto aos sujeitos. Ou seja, as obrigações que têm mais de um objeto, e as que têm mais de um sujeito.
CONCEITO
Conforme Tartuce, a obrigação alternativa é espécie do gênero obrigação composta, que é a que apresenta mais de um sujeito ativo, ou passivo, ou, no que interessa, mais de uma prestação.
Para Stolze: “as obrigações alternativas ou disjuntivas são aquelas que têm por objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas”.
Completa: “São aquelas de objeto múltiplo ou composto, cujas prestações estão ligadas pela partícula disjuntiva “ou””. Assim, fundamental notar que são excludentes entre si.
Até aqui trabalhamos as obrigações simples, cujos elementos obrigacionais são mínimos: um credor; um devedor; uma prestação.
A obrigação alternativa, também chamada de disjuntiva (porque identificada normalmente por “ou”), cuida de uma obrigação composta objetiva (o objeto que é composto!), pois possui mais de uma obrigação, sendo que apenas uma das prestações deverá ser cumprida pelo devedor.
Enfim, são as obrigações em que o devedor está obrigado por mais de um objeto, mas se desobrigará prestando apenas um deles. 
DIFERENÇAS ([1] de dar coisa incerta; [2] conjuntiva; e [3] facultativa)
Stolze, para estremá-la da (1) obrigação de dar coisa incerta, diz que estas “são determinadas pelo gênero, e somente são individualizadas no momento em que se cumpre a obrigação”. Já as alternativas “por sua vez, têm por objeto prestações específicas, excludentes entre si”.
Há outra hipótese de obrigação composta (ou plural), que é a (2) conjuntiva ou cumulativa (identificada por “e”). Há duas obrigações as quais devem ser rigorosamente cumpridas pelo devedor. 
A seu turno, as obrigações alternativas (ou disjuntivas) também possuem objeto múltiplo, mas as prestações são excludentes entre si.
As duas anteriores (alternativa e conjuntiva) não se confundem, ainda, com a (3) obrigação facultativa. Não é tratada especificadamente no Código Civil (nem no anterior!). Nesta, há somente uma prestação, acompanhada por uma faculdade a ser cumprida pelo devedor de acordo com a sua conveniência ou opção. Já que o credor não pode exigir essa faculdade, não havendo dever na espécie, a obrigação facultativa constitui uma forma de obrigação simples.
Para Stolze: “a obrigação é considerada facultativa quando, tendo um único objeto, o devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa, prevista subsidiariamente. Exemplo: o devedor A obriga-se a pagar a quantia de R$10.000,00, facultando-lhe, todavia, a possibilidade de substituir a prestação principal pela entrega de um carro usado”.
E complementa: “Note-se que se trata de obrigação com objeto único, não obstante se reconheça ao devedor o poder de substituição da prestação. Por isso, se a prestação inicialmente prevista se impossibilitar sem culpa do devedor, a obrigação extingue-se, não tendo o credor o direito de exigir a prestação subsidiária”. Logo, não se trata de obrigação com objeto múltiplo.
Orlando Gomes (apud Stolze) aponta os seguintes efeitos das obrigações facultativas:
O credor não pode exigir o cumprimento da prestação facultativa;
A impossibilidade de cumprimento da prestação devida extingue a obrigação;
Somente a existência de defeito na prestação devida pode invalidar a obrigação.
Por fim, Antunes Varela, citado por Stolze, traz lapidar ensinamento para o correto discernimento: 
“Assim, se o livreiro vender um exemplar de certa obra (de que há vários ainda em circulação), a obrigação será genérica [de dar coisa incerta]; mas será alternativa, se vender umdos três únicos exemplares de edições de diferentes da obra, à escolha do devedor. Se o hoteleiro reservar um dos quartos do hotel para o cliente, a obrigação será genérica; se a reserva se referir à suíte do 1º ou à suíte do 2º andar, a obrigação será alternativa”. 
DIREITO DE ESCOLHA
Pois bem: como há duas possibilidades, o que vislumbraremos ante essa alternância de possibilidades? A questão da escolha. A obrigação alternativa, a princípio, apresenta o quê? Um objeto indeterminado. Para que se cumpra a obrigação, o objeto tem que ser determinado, lembram-se? O objeto tem que ser lícito, possível, determinado ou determinável economicamente. Esse objeto da obrigação alternativa é indeterminado, porém certamente determinável. Então, na obrigação alternativa, temos a necessidade da escolha. A concentração configura o ato de escolha!
No art. 252, está previsto que a escolha caberá ao devedor, a menos que outra coisa seja pactuada. 
Regras:
A PRIMEIRA coisa que se deve comentar é que essa escolha, se tiver objetos distintos, quem escolher deverá escolher um deles, e não a metade de um mais a metade de outro. 
OUTRA particularidade é que essa escolha poderá, eventualmente, se renovar periodicamente. Essa obrigação alternativa surgiu num contrato de arrendamento de uma propriedade rural. O arrendatário assumiu a obrigação de, ao final de cada ano, entregar um valor, como 20 toneladas de milho, ou 10 de soja, ou até uma quantia em dinheiro. Esse devedor irá escolher. Significa então que ele pode optar por entregar o milho no primeiro ano, e, notando as variações dos humores do mercado, escolher por entregar a soja, que estava com valor menor; no ano seguinte, ele pode vir a ter uma superprodução de milho, então muda de idéia novamente. Significa então que a escolha pode ser periódica. Outra particularidade é que a escolha pode inclusive ser feita por um terceiro. Quem é terceiro? Qualquer um que não seja parte, que não seja credor ou devedor, quem não esteja envolvido na obrigação. E, se essa escolha vier a causar problema, ela poderá ser deferida pelo juiz.
Todas essas regras estão no art. 252. Aos parágrafos, pois.
1º: Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
Conforme acima, tem que ser um objeto ou outro, e o credor não é obrigado a aceitar fração de um mais fração de outro. Mas nem se tiver sido pactuado? O Direito das Obrigações é um Direito patrimonial disponível, que significa que as partes podem dispor livremente. As partes podem combinar o que quiserem. Então, aqui, estamos falando basicamente de situações que não foram combinadas.
§ 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
O § 2º sintetiza a ilustração que fizemos acima, em que o devedor opta, ao final de cada ano, por entregar o carregamento de soja ou milho. § 3º: o que é pluralidade de optantes? Um caso em que, por exemplo, temos várias pessoas num pólo. Digamos que temos três devedores, que estão brigando por dificuldade na escolha. Neste caso, o juiz porá um ponto final na discussão.
§ 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Significa então que o terceiro pode entrar como o escolhedor. Também se remete novamente ao juiz em caso de conflito.
Percebam que toda a questão da escolha está tratada neste art. 252. Ela é fundamental para a obrigação alternativa. Toda obrigação alternativa trafega entre quem tem direito de escolha. Quem o tem possui vantagem.
IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
1 – Impossibilidade Total (todas as prestações alternativas):
SEM culpa do devedor: extingue-se a obrigação (art. 256).
Ex.: uma enchente destruiu o carro e o touro reprodutor.
COM culpa do devedor: se a escolha cabe ao próprio devedor => deverá pagar o valor da prestação que se impossibilitou por último, mais as perdas e danos (art. 254).
Ex.: obriga-se a entregar um computador ou uma impressora a lazer, à sua escolha (do devedor). Ocorre que, por negligência, o devedor danifica computador e, em seguida, destrói a impressora. Em tal caso, deverá pagar ao credor o valor da impressora a lazer (último objeto que se danificou), mas perdas e danos.
- se a escolha cabe ao credor (e a impossibilidade de todas as prestações de deu por culpa do devedor): poderá exigir o valor de qualquer das prestações, mais perdas e danos (art. 255, segunda parte, do CC/02).
2 – Impossibilidade Parcial (de uma das prestações alternativas)
SEM culpa do devedor: concentração do débito na prestação remanescente ou subsistente (art. 253) 
COM culpa do devedor: se a escolha cabe ao próprio devedor => concentração do débito na prestação subsistente (art. 253) 
-b.1. – mas, se a escolha cabe ao próprio credor, e a prestação se impossibilitar por culpa do devedor: poderá exigir a prestação remanescente ou o valor da que se impossibilitou, mais perdas e danos (art. 255, primeira parte, CC/02).
** Os exemplos acima foram extraídos da seguinte obra: GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil – 8ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2007.

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