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FACULDADE CRUZ AZUL/EDUCA MAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA JULIMAR ARAUJO AZANCORT O APRENDIZADO DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ASPECTO AUTISTA NAS SERIES FINAIS DO ENSINO FUNDANTAL MAIOR. BELÉM-PA 2018 JULIMAR ARAUJO AZANCORT O APRENDIZADO DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ASPECTO AUTISTA NAS SERIES FINAIS DO ENSINO FUNDANTAL MAIOR. Artigo apresentado ao programa de pós-graduação da faculdade cruz azul/ educa mais para obtenção do grau de Especialista em Educação Especial e inclusiva. Orientador: Profº Esp. Adina Salomão Souza de Oliveira BELÉM- PÁ 2018 JULIMAR ARAUJO AZANCORT O APRENDIZADO DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ASPECTO AUTISTA NAS SERIES FINAIS DO ENSINO FUNDANTAL MAIOR. Artigo apresentado ao programa de pós- graduação da faculdade cruz azul/educa mais para obtenção do grau de Especialista em Educação Especial e Inclusiva. ______________________________________________ Julimar Araujo Azancort Nota _______________________________________ Orientador: Profº Esp. Adina Salomão Souza de Oliveira BELÉM 2018 O APRENDIZADO DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ASPECTO AUTISTA NAS SERIES FINAIS DO ENSINO FUNDANTAL MAIOR Julimar Araujo Azancort Resumo Esta pesquisa tem como objetivo mostrar de forma bem abrangente a história e a concepção do Autismo, seus sintomas e seu desenvolvimento de aprendizagem nas series finais do fundamental maior. Entender o isolamento extremo, a ausência nas atividades tanto individual, mas principalmente em grupo e a relação com o outro. Nesta perspectiva, esse artigo reflete sobre o Autismo e sobre a necessidade de incluir o jovem autista na escola de modo inclusivo no ensino fundamental maior e também a relação desse aluno com os professores de áreas diversas. Onde a diferença metodológica de cada um, diferencia no aprendizado desse aluno com o transtorno do aspecto autista. Palavras chaves: Autismo, inclusão escolar. Aprendizagem, metodologia de ensino. Abstract This research aims to show in a very embracing way the history and conception of Autism, symptoms and development of learning in middle school. Understand the extreme isolation, absence in activities in a individual, but mainly in a group and in a relation with others. In perspective, this ancient reflects about Autism and about the necessity to include the young autistic in school, in a inclusive mode on middle school and the relation of this student with teachers of different areas. Where the methodological difference of each, distinguish on the student learning with autism disorder. Keywords: Autism, school inclusion, learning, teaching methodology. Introdução O presente artigo procura discutir o transtorno do aspecto autista que causa atraso no desenvolvimento da criança e principalmente comprometendo sua imaginação, criatividade, comunicação, socialização e iniciativa. A maioria das crianças nascem aparentemente sem nenhuma disfunção, algumas se comportam e choram no início da vida como todos os recém nascidos, mas já nos primeiros meses de vida, podendo ser notadas até aos cinco anos de idade, os primeiros sintomas, configurando uma situação dolorosa para os pais, que são incapazes de olhar as pessoas e isola-se cada vez mais no mundo misterioso e impenetrável. O transtorno do Autismo pode ser encontrado em todo mundo, em famílias de quaisquer configuração racial e étnica e social. Não se conseguiu provar até agora nenhuma causa psicológica, ou do meio ambiente nessas pessoas que podem causar o transtorno do aspecto autista. (que é mais comum em meninos) De acordo com Mirenda, Donnellan & Yoder (1983), tais distúrbios podem ser observados já no início da vida; o contato "olho a olho" é anormal antes mesmo de completar o primeiro ano de vida, dentre outras características. Isso prova que não é uma tarefa muito difícil de identificar, entretanto muitos pais têm medo de descobrir que tem uma criança diferente e não buscam auxílio por receio do diagnóstico e, muitas vezes, quando buscam, os profissionais não estão capacitados para dá um diagnóstico preciso. Na busca pelo diagnóstico, a caminhada é longa e árdua. Cada profissional fala uma coisa e não é raro encontrar aqueles que digam que a culpa é da mãe, aumentando, ainda mais, indecisão, a dúvida e a insegurança. Quando finalmente o diagnóstico vem, a negação a primeira reação dos pais: "Não, não pode ser, isto não é verdade! Não meu filho!" (Santos, 2008, p.26) Um dos principais problemas que se encontra em uma escola em relação ao aluno com TEA, além da negação dos pais e a procura tardia para um tratamento ou até mesmo um acompanhamento com um profissional qualificado para lhe dar com o aluno com transtorno do aspecto do Autismo. Essa dificuldade acaba por refletir diretamente em sala de aula principalmente no Ensino fundamental maior, onde a grande maioria dos professores não tem a qualificação desejada e não sabem como se comporta perante esse tipo de transtorno. A cobrança encima do conteúdo, a quantidade de alunos em sala de aula e o pouco tempo que o professor passa com a turma acaba limitando a atenção que o professor deveria dar para os alunos com algum tipo de transtorno. Associado a essa dificuldade, a não dedicação dos pais para a melhora desse aluno seja por falta de conhecimento ou até mesmo pela negação do filho não ter nada e o considerar “normal”, atrapalha e muito no desenvolvimento da criança com o Transtorno do aspecto do Autismo. O diagnóstico tardio, faz com que a criança comece a desenvolver tardiamente todas as qualidades que ela possui. A busca para entender qual a melhor forma e a melhor metodologia para fazer a criança e adolescente se desenvolver, ficam prejudicado, pois só através de um diagnóstico e de um acompanhamento rigoroso e cauteloso o profissional poderá orientar os pais e professores como lhe dar com essa situação. Estrutura familiar, as dificuldades de leitura e escrita, a dislexia, falta de professores sem capacitação habilitada em buscar didaticamente melhores métodos de ensinar crianças e adolescentes. Ainda segundo o autor ( Santos-2008), o professor deve ser capaz de intervir diante dessa necessidade, compreendendo que há a dificuldade, e fazer a intervenção com essa clientela, buscando desenvolver seus aspectos cognitivos referente ao problema de aprendizagem, de forma qualitativa e através dessa intervenção estreitar e fortalecer os laços da aprendizagem entre educador e educando A aprendizagem é um processo de ação reciproca entre o sujeito que aprende, o sujeito que ensina e o ambiente, cujo resultado se dá numa mudança de comportamento. Em se tratando de um processo de uma ação reciproca, as causas que provocam o problema de aprendizagem tanto podem ser encontradas na própria pessoa aprendente, na pessoa do ensinante, como no ambiente onde está se realizando. Hoje as grandes dificuldades esta relacionadas mas nacapacitação de quem ensina no de quem aprende, os profissionais da educação principalmente os com formação mais antigas não estão preparados para essa mudança chamada de inclusão, o ambiente também não está sendo adequado para receber ele novo tipo de clientela, a forma tradicional de ensino não causa estimulo nos jovens com TEA e muitos professores não se atento a essa falta de interesse desses alunos, pois o mesmo não se acha capaz de mudar a situação vivida na realidade de sala de aula Um Breve Histórico do Fracasso Escolar Santos (2008) afirma que a escola tem um papel importante na investigação diagnóstica, uma vez que é o primeiro lugar de interação social da criança separada de seus familiares. É onde a criança vai ter maior dificuldade em se adaptar às regras sociais, o que é muito difícil para um autista. Essa situação acaba refletindo diretamente no rendimento escolar, a tardia aceitação dos pais em buscar uma ajuda adequada, com especialistas da área faz com que isso se reflita em um histórico de fracasso escolar. Associado a essa dificuldade de aceitação familiar, outros aspectos também podem ser somados a este baixo desenvolvimento escolar à falta de conhecimento e de preparação dos professores de hora aula do ensino fundamental maior. Em uma sala de aula com aproximadamente 30 alunos, onde o professor tem no máximo 90 minutos por semana nessa sala, poucos professores procuram trabalhar de forma adequada com o aluno com transtorno do espectro altista. Faz necessário que o educador tenha demasiada paciência e compreensão para com o aluno autista para que ele consiga aprender, pois ela pode apresentar um olhar distante e não atender ao chamado e até mesmo demorar muito para aprender determinada lição. Mas nada disso acontece porque a criança é desinteressada e sim porque o autismo compromete e retarda o processo de aprendizagem, ela precisa de muito elogio, motivação e carinho para desenvolver sua inteligência. Fato esse que é muito raramente acontecer, pois o professor dificilmente tem esse olhar mais compreensivo. Outra situação que também prejudica muito o desenvolvimento do aluno com aspecto autista, segundo Santos (2008) o autista pode apresentar uma reação violenta ao ser submetido ao excesso de pressão, sendo essa pressão causada pelo excesso de atividades ou até mesmo pelos comportamentos dos colegas de classe. Baptista, Rosa (2006), entre outros estudiosos, apontam para a intervenção pedagógica como um dos grandes aliados ao tratamento de pessoas com autismo. Não se sabe ainda como curar um autista, mas, reduzir a dependência talvez seja o caminho dos atendimentos e dos processos recomendados. As limitações de comunicação, os comportamentos indesejados, associados ao isolamento, talvez sejam, dentre outros sintomas, os motivos da busca pela melhor intervenção terapêutica e psicopedagógico A inclusão mesmo de forma tardia e a melhor forma de lidar com a criança ou adolescente com o aspecto autista. A socialização torna o mundo do autista um pouco mais amplo devido o convívio com pessoas de quase a mesma idade. O isolamento faria cada vez mais essa criança se fecha eu mundo próprio e assim ter cada vez, mas dificuldades de aprendizagem e de comunicação. A falta de interesse em qualificar cada vez, mas os professores do ensino fundamental maior chega a refletir diretamente na qualidade de vida desses alunos com o Transtorno do aspecto Autista. Quando esse aluno ingressa do 6º ano em diante, aumenta mais ainda suas dificuldades seja pela quantidade de professores que ele tem que lidar ao longo do dia, já que estava acostumado somente com uma professora o dia todo ou seja também pelos métodos pedagógicos que cada professor hora/aula impõem na sala. Isso ajuda diretamente no fracasso do aluno nas series finais, tanto que um número bem baixo de alunos com TEA ingressão no Ensino Médio, e uma quantidade menor ainda em universidades. Hoje e mais comum as crianças com transtorno do espectro do autismo estar presente em sala de aula há 40 anos atrás. Veja o gráfico da proporção de crianças que nascem com TEA em comparação as que nascem sem esse transtorno, fato que atinge diretamente as salas de aulas. Figura 1 – dados primários Fonte: Centro dos EUA de Controle e Prevenção de Doenças Um Breve Histórico do Autismo Autismo vem do grego: autos, que significa em si mesmo. A palavra autismo foi usada pela primeira vez em 1943 pelo Dr. Leo Kanner, psiquiatra infantil americano que notou em sua atuação profissional um grupo de crianças que se destacava das demais por duas características básicas: forte resistência a mudanças e incapacidade de se relacionar com pessoas, sempre voltadas para si. Nesse contexto, o autismo era chamado de dissociação psíquica se referindo ao predomínio da emoção sobre a percepção da realidade. Em 1943, Leo Kanner define os distúrbios do contato afetivo como um autismo extremo, tendo como características a obsessividade (relativo a obsessão), as estereotipias (ação repetitiva) e a ecolalia (repetição de palavras). Neste momento, o autismo é relacionado a fenômenos esquizofrênicos, apresentando como sinal um alheamento extremo já no início da vida (antes dos três anos de idade), uma vez que não há respostas aos estímulos externos, vivendo fora do mundo e mantendo relação inteligente com os objetos, porém sem apresentar alteração em seu isolamento. Após algumas reflexões, este mesmo autor, em 1949, define o autismo infantil precoce, caracterizando-o por dificuldade profunda no contato com as pessoas, um desejo obsessivo de preservar as coisas e as situações, uma ligação especial aos objetos e a presença de uma fisionomia inteligente, além das alterações de linguagem que se estendiam do mutismo a uma linguagem sem função comunicacional, revelando inversão pronominal, neologismos e metáforas. O autismo infantil precoce ainda está intimamente relacionado à esquizofrenia infantil, podendo ser uma manifestação prematura desta patologia. Até hoje não se sabe exatamente quais são as causas do autismo, mas estudiosos chegaram a algumas conclusões de fatores que podem ser podem ser predeterminantes da anomalia. Santos (2008) destaca alguns deles: rubéola materna, fenilcetonúria (doença rara) não tratada, encefalite, meningite, tuberculose, exposição química, desbalanceamento químico durante o desenvolvimento da criança e predisposição genética. Porem já foi estudado grupo de gestantes de risco no qual nasceu crianças sadias e grupo de gestantes saudáveis onde ocorreu nascimento de crianças autistas. No entanto, permanece sem explicação para as causas do autismo. O autismo apresenta diversas características umas mais visíveis de serem identificadas e outras mais difíceis de serem percebidas. Alguns dos sintomas podem ser apresentados como: • Dificuldades da fala • Dificuldades nas relações interpessoais (alguns preferem viverem sozinhos em seu mundo, outros já escolhem uma pessoa para se relacionar, ou seja, ser amigo apenas de uma pessoa). • Apresentam dificuldades na leitura e escrita e são melhores em cálculos • Comunicam-se através de gestos quase não usam a fala • Alguns apresentam crises de risos e ataques eufóricos. Em estudos comprovados o Aspecto do Autismo e mais frequente em meninos do que em meninas, veja o gráfico abaixo Figura 2—dados primários Fonte: AMA – Autismo Blumenau e microrregião A fim de receber um diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo, uma pessoa deve ter os três seguintes déficits: Problemas de interação social ou emocional alternativo- Isso pode incluir a dificuldade de estabelecer ou manter o vai-e-vem de conversas e interações, a incapacidade de iniciar uma interação, e problemas com a atenção compartilhada ou partilha de emoções e interesses com os outros. Graves problemas para manter relações - Isso pode envolver uma completa falta de interesse em outras pessoas, as dificuldades de jogar fingir e se engajar em atividades sociais apropriadas à idade e problemas de adaptação a diferentes expectativas sociais. Problemas de comunicação não-verbal - o que pode incluir o contato anormal dos olhos, postura, expressões faciais, tom de voz e gestos, bem como a incapacidade de entender esses sinais não-verbais de outras pessoas. Para Kenner(1943), há vários tipos de autismos e cada um possui sintomas e graus de dificuldades diferenciados, uns com intensidades graves que podem comprometer as coordenações motoras e cognitivas, outros com intensidades leves com pouco comprometimento motor. A Síndrome de Asperger possui intensidade leve, pois, na criança não ocorre grandes atrasos no desenvolvimento da fala e cognitivo. As dificuldades encontradas por essas crianças são nas interações sociais e a comunicação. É mais comum essa síndrome ser diagnosticada em crianças do sexo masculino. Crianças com síndrome de Aspeger pode frequentar a escola regular, apesar de que em alguns casos precise de classes especiais. O Autismo Atípico apresenta comprometimento grave e global, e as dificuldades são na interação social e comunicação verbal e não verbal. Transtornos de Rett têm suas causas desconhecidas, porém aparecem sintomas de severa doença mental, esse transtorno só aparece em crianças do sexo feminino. Esse transtorno pode ser quatro estágios: estagnação precoce, regressão psicomotora, pseudo-estacionário, deterioração motora tardia. Temos o Transtorno Desitegrativo da Infância, é algo mais raro que o autismo e tem muita semelhança com a Rett sendo que é mais comum em meninos. Figura 3 – dados primários Fonte: Laboratório Geográfico da América Latina para o Autismo O Autismo não tem cura, o quadro apenas vai mudando conforme o indivíduo vai adquirido mais idade. Depende do processo que há em decorrência com suas experiências vivenciadas, de como e a relação com os outros e como é tratado partindo de tudo que esse indivíduo venha vivenciando no decorrer do seu processo de vida. Quanto mais a idade vai avançando, mas dificultoso e o processo de aprendizado do Autista. Veja o gráfico abaixo por idade: Figura 4 – dados primários Fonte: AMA – Autismo Blumenau e microrregião Metodologia As crianças com autismo, em geral, principalmente quando já estão no ensino fundamental maior, apresentam dificuldade em aprender a utilizar corretamente das atividades em grupo, mas quando participam de um programa intenso de aulas parecem ocorrer mudanças positivas nas habilidades de linguagem, motoras, interação social e a aprendizagem. O papel da escola é fazer o reconhecido no nível da educação, na elaboração de estratégias para que estes alunos com autismo consigam desenvolver capacidades para se integrar e interagir com as outras crianças ditas “normais”. Já a família tem também um papel importante, pois é a responsável por dar atenção, os cuidados, amor e deverá zelar por toda uma vida. É necessário dispensar algumas horas para que as crianças possam se sentir queridas e mostrar o que aprenderam. O nível de desenvolvimento da aprendizagem do autista geralmente é lento e gradativo, portanto, caberá ao professor adequar o seu sistema de comunicação a cada aluno. O professor tem a responsabilidade a dar atenção especial e sensibilização dos alunos e dos envolvidos para saberem quem são e como se comportam esses alunos autistas. Ensinar coisas funcionais para a criança autista é a essência de um trabalho adequado e a persistência é um grande aliado deste objetivo. É preciso atender prontamente toda vez que a criança autista solicitar e tentar o diálogo, a interação é essencial para esse convívio escolar. O conteúdo do programa de uma criança autista deve estar de acordo com seu potencial, de acordo com sua idade e de acordo com o seu interesse. Atividades com esse propósito se encaixam no dia-a-dia dos professores e alunos e tendem a dar resultados a longo prazo. (CAVALCANTI, 2006,p. 164) A proposta de educação inclusiva (Tratado da Guatemala, 1991) declara que todos os alunos devem ter a possibilidade de integrar- se ao ensino regular, mesmo aqueles com deficiências sensoriais, mentais, cognitivas ou que apresentem transtornos severos de comportamento, preferencialmente sem defasagem idade- série. A escola, segundo essa proposta, deverá adaptar-se para atender às necessidades destes alunos inseridos em classes regulares. Portanto, a educação inclusiva deverá ser posta em prática numa escola inclusiva que busque ações que favoreçam a integração e a opção por práticas heterogêneas. Em 1996 foi publicada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que em seu artigo (59) preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades. Em 2008, foi publicada a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que preconiza o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, nas escolas regulares. (BRASIL, 2008). O Ministério da Educação programou a política de inclusão que pressupõe a reestruturação do sistema educacional, com o objetivo de tornar a escola um espaço democrático que acolha e garanta a permanência de todos os alunos, sem distinção social, cultura, étnica, de gênero ou em razão de deficiências e características pessoais. Nesse processo a escola é entendida como um espaço de todos, no qual os alunos constroem o conhecimento segundo suas capacidades, expressam suas ideias livremente, participam ativamente das tarefas de ensino e se desenvolvem como cidadãos, nas suas diferenças. Compreendemos que a inclusão escolar impõe uma escola em que todos estejam inseridos sem quaisquer condições pelas quais possam ser limitados em seu direito de participar ativamente desse processo, segundo suas capacidades, e sem que nenhuma delas possa ser motivo para diferenciação que os excluirá das suas turmas. Observamos escolas que existem alunos portadores de autismo frequentando, em sua maioria, escolas especiais ou classes especiais de condutas típicas, dentro das escolas regulares. Há umas poucas iniciativas de inclusão desses alunos em classes regulares. Neste último caso, a inclusão tem sido efetivada sob quatro condições: a) o aluno frequenta a classe regular todos os dias, durante o tempo total da aula; b) o aluno frequenta a classe regular todos os dias, em horário parcial; c) o aluno frequenta a classe regular algumas vezes na semana, durante o tempo total da aula; d) o aluno frequenta a classe regular algumas vezes na semana, em horário parcial. Praticamente na totalidade dos casos, tais alunos fazem uso de recursos especializados de apoio como escolas de educação especial, fonoaudióloga, dietas especiais, terapia ocupacional, entre outros. Resultados Concluímos que a grande dificuldade do aluno quando adentra o ensino fundamental maior está ligado diretamente a formação dos professores. Ao receber uma criança/jovem autista em sala de aula, sempre causa um transtorno para os profissionais da área de educação. A preocupação é como entender o funcionamento e o processo de educação desses indivíduos, quaisintervenções são eficazes para fazê-los desenvolver-se. É sempre um fator desafiante para esses profissionais. Entender as características, as limitações e os possíveis avanços, faz com que o professor que atende esses alunos em sala de aula, mude sua concepção acerca autista. É importante que o professor entenda que esse aluno veio à sala para transtorná-la e que o mesmo poderá alcançar a aprendizagem como os demais, mas alcançará de forma diferente. O aluno autista é capaz de desenvolver sua aprendizagem tal como os outros, na sala de aula. O que ele precisa é de método e tempo diferenciado para realizar as atividades. A incompreensão dessa realidade é que faz com que o professor não realize um trabalho capaz de atingir esse público-alvo. O professor precisa estar preparado para saber lidar em casos de apatia ou agressividade, bem como outros comportamentos inadequados, a uma rotina escolar. Isso ajudará combater os preconceitos que a sociedade, muitas vezes, formula e impõe, mais também abrindo uma reflexão sobre esse tema. É importante também que essa reflexão seja produto de uma complementação teórica, capaz de trazer para a sala de aula formas críticas de se pensar acerca de formação e ensino, e desse encontro construir paradigmas e realidades capazes de transformar sua própria docência. Embora a pesquisa realizada estivesse restrita a um único contexto, a mesma objetivou mostrar dentro dessa realidade como se processa e se desenvolvem as relações professor-aluno no ensino fundamental maior e como influíam no ensino e na aprendizagem de alunos autistas. Assim, sabemos da limitação de seus achados para estabelecer generalizações, por outro lado, acreditamos estar preenchendo lacunas em áreas carentes de pesquisas como o autismo e as relações professor-aluno em sala de aula no fundamental II. Finalmente acreditamos que a realização deste Artigo possa ter possibilitado evidenciar práticas educativas desenvolvidas em escolas públicas de ensino fundamental maior para alunos autistas, e que os achados encontrados nesse Artigo possam ser utilizados em futuras reflexões críticas para montagem e aplicação de programas de formação docente que atuam com os jovens no Ensino Fundamental Maior. O indivíduo autista, apesar de manter suas dificuldades, dependendo do grau do comprometimento, pode aprender os padrões de comportamento aceitos pela cultura, exercitar sua cidadania, adquirir conhecimento e integrar-se de maneira bastante satisfatório à sociedade e neste sentido o papel da escola como espaço inclusivo é mais do que fundamental, é indispensável, dependendo do quadro clínico da criança autista. A adaptação, acolhimento da criança no contexto social, quando não iniciado pela família torna-se uma tarefa exclusiva do educador ao recebê-lo em sala de aula, dessa forma o aluno que era visto como uma "ovelha negra" da turma passa a ser vista uma agradável criança que necessita de adaptações específicas para aconselhar a aprendizagem e compreensão por parte de todos. Referência Bibliográfica BRASIL. (2008). Secretaria de Educação. Fundamentais Parâmetros Curriculares Nacionais. Pluralidade Cultural e Orientação Sexual, vl 10. Brasília. CAVALCANTE, Meire. Inclusão: A sociedade em busca de mais tolerância. Nova Escola, São Paulo, n. 196, p. 164, out 2006. GAUDERER, E. Christian, Autismo – Década de 80. Uma atualização para os que atuam na área: do especialista aos pais, Ed. Almed, 2ª edição, 1987 MIRENDA, P., Donnellan, A. M., Yoder, D. E. (1983) Gaze behavior: A new look at an old problem. Journal of Autism and Developmental Disorders, 13, 297-309. KANNER, Leo. "Autistic disturbances of affective contact", na revista, Nervous Children, 1943 SANTOS, Ana Maria Tarcitano. Autismo: um desafio na alfabetização e no convívio escolar. São Paulo: CRDA, 2008. BAPTISTA, C. R, BOSA, C. Inclusão e escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.
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