Buscar

Desenvolvimento e Aprendizagem 0 3 anos

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE GESTÃO DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA
SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB
Nome da Aluna: Claudia Teresinha Gubiani, Laila Carvalho e Isabel Chaves Venâncio	
Tutor Presencial: Wesley A. Tomaz
Curso: Saberes e Práticas na Educação Infantil
Disciplina:. Desenvolvimento e Aprendizagem 0-3 anos
Período da disciplina: 06/08/2018 a 05/12/2018
Data de entrega: 14 de Setembro
Professor da disciplina: Rosane Penha Mendes
A Educação Infantil atende a faixa etária de crianças de zero a seis anos de idade, esse atendimento em creches e escolas é um direito social das crianças garantido pela Constituição de 1988, no artigo 208, seção quatro, quando afirma que é dever do Estado com a educação mediante a garantia de educação infantil em creche e pré-escola as crianças até cinco anos de idade. Essa faixa etária é uma etapa primordial na vida de um ser humano no início do seu desenvolvimento.
Desse modo, a educação infantil consiste no desenvolvimento e interação das crianças antes da sua entrada na educação básica obrigatória que, também, de acordo com a Emenda Constitucional nº 59, 2009, afirma que é dever do Estado oferecer educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria.
No Brasil, atualmente é dever do Estado à garantia da Educação e de todos os direitos da criança de viver e se desenvolver na sociedade. A família é o centro da educação dos filhos, primeiro parte de casa, dando o acolhimento, a segurança, em um ambiente que desperte a emoção e desenvolva a sensibilidade da criança. A creche é um lugar que se coloca em pratica o que se tem na vida contemplando a parte humana, a curiosidade, a fantasia, a investigação e uma preparação para conhecê-lo.
Durante um longo período da história a criança viveu um período de trevas e luz, a muito se discutia a questão da sobrevivência, do desenvolvimento e sua inserção na família, como também, como um dos pilares de toda esta estrutura a questão do brincar, do jogo, do brinquedo e da brincadeira. (ANDRADE, 2013)
Historicamente a criança nem sempre foi o que vemos hoje, na idade média a criança era vista como ser praticamente semelhante ao adulto, não existia uma distinção que separasse os direitos da criança e o adulto, a estrutura familiar principalmente dos mais pobres fazia com que a criança encarasse a vida com as mesmas responsabilidades de um adulto.
A criança na antiguidade era como um objeto neutro e sem fase, esse período não existe aspecto infantil e período da infância, mas a concepção de infância não é somente limitada ao período e sim às características que dela se aplica.
Ariès apud Heywood (2004) mostra duas realidades uma na idade média na qual uma sociedade de cunho tradicional trata a criança como um adulto em miniatura, todos os direitos e deveres são vistos como um adulto, inclusive a maioria das responsabilidades e o aspecto “criança” é ignorado. E a outra realidade mostra o contrário, com a valorização da família e a preocupação sobrevivência, prosperar a “prole” a criança passa ocupar um dos centros de atenção da família e da sociedade (HEYWOOD, 2004).
Tais afirmações ao mesmo tempo em que vemos como uma importante contribuição para a história da infância não deixam de serem refutáveis, principalmente pelo historiador Heywood, que faz uma crítica bem construtiva aos estudos de Ariès, e isso podemos notar bem claro quando ele se apega muito aos comentários da idade média, estrutura de vida e sociedade, tudo para mostrar que não existia uma regra explicita de vida a não ser todos trabalharem de maneiras iguais para sobreviver. Com isso ele comenta uma inexistência da infância, ou seja, período transitório que vai entre passar a ser criança para ser adulto, mas que envolvia questões mais biológicas que puramente sociais. (HEYWOOD, 2004).
Nessa discussão de Heywood, ele quer mostrar que mesmo na idade média a criança tinha sim uma infância, talvez não reconhecida pela sociedade, mais que mostrava direitos e deveres, apesar de que toda despreocupação, existia, por exemplo, a igreja que via na infância - um ser em desenvolvimento, com características e necessidades próprias – pois eram elas a serem os futuros padres e que estariam a frente da igreja futura, assim podemos ver a família que se organiza para que o seu primogênito seja alguém na sociedade, um padre.
A história cultural da infância tem seus marcos, mas, também se move por linhas sinuosas com o passar dos séculos: a criança poderia ser considerada impura no inicio do século XX tanto quanto na Alta Idade Média. Dessa forma, por um lado, a mudança de longo prazo rumo a uma sociedade urbana pluralista favoreceu o surgimento gradual de uma versão prolongada da infância e da adolescência. (HEYWOOD, 2004, p. 45).
O texto reuniu pensamentos e reflexões sobre a história da infância e das políticas aplicadas à época, que nos ajuda a formular concepções que influenciaram uma proposta na educação infantil, na necessidade de uma educação escolar e com qualidade na infância e na adolescência, tudo isso ajuda a quebrar a ambiguidade, nos variados momentos que polariza a criança entre a impureza e a inocência, entre as características inatas e as adquiridas, entre a independência e a dependência, entre meninos e meninas.
Com esta afirmação de consciência e reconhecimento da infância e outras dadas por Heywood, que vamos encontrar vários Estudiosos, Filósofos, Pedagogos que vem difundindo a infância e conceitos que levem a mesma a ter sentido e estudo na sociedade, colocando a educação a serviço do estudo do desenvolvimento e da ideia de infância. (HEYWOOD, 2004).
Sendo assim as concepções sobre a infância se mostram diversas; estudiosos como Locke, Rousseau e outros são atraídos a uma visão romântica da infância, concebendo a partir do século XIX, crianças sem valores econômicos, mas de valor emocional inquestionável, infância como algo a ser escrito, puro e ingênuo que merece respeito e atenção para que possa se desenvolver segundo sua natureza normal.
Apesar de ser uma discussão antiga é um aspecto que vive em busca do novo na sociedade contemporânea, “a história cultural da infância tem seus marcos, mas também se move por linhas sinuosas com o passar dos séculos: a criança poderia ser considerada impura no início do século XX tanto quanto na alta Idade Média” (HEYWOOD, 2004, p. 45). Tudo que vimos sobre a criança tem seu valor, fazendo com seus direitos e a ideia de menoridade seja entendida por nós.
No que se refere ao papel das creches na atualidade, podemos afirmar que esta deixou de ser aquela educação voltada aos cuidados básicos. O cuidar é parte complementar da educação, embora possa exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que explorem a extensão pedagógica. Cuidar de uma criança no contexto escolar depende da integração de vários campos de conhecimento e a cooperação de vários profissionais, de diferentes áreas.
Quando falamos de cuidar, seja uma criança maior ou menor destacamos também o educar, pois através do cuidado e da brincadeira a criança está sendo educada. Educar não é somente dizer à criança o que fazer ou não fazer, mas orientar, cuidar, brincar, interagir com a criança, fazer com ela atividades que desenvolvam suas capacidades, aprendizagens.
A criação de creches, jardins de infância e escolas maternas era a forma de conter a marginalidade que era uma das consequências da desorganização familiar. E também por causa dos ingressos das mulheres no mercado de trabalho, pois agora estas famílias precisavam ajudar no orçamento de casa ou não tinha mais o marido para ajudá-la, então deveria se ter um lugar para deixar seus filhos para trabalhar, e essas instituições vão ser de grande ajuda para estas famílias.
Na realidade as instituições de educação foram criadas para modificar os hábitos e costumes das classes populares, parahabituar-se aos da classe social dominante. Alguns estudiosos dizem que a educação nas creches era voltada ao comportamento social e não ao intelectual da criança e este intelectual (aprendizagem) era voltada para o jardim de infância. Muitas das creches não tinham preocupação com a educação das crianças. No início, as escolas maternais eram instituições de assistência à infância, com a absorção das propostas pedagógicas é que as creches se transformaram em unidades pré-escolares, oferecendo educação e assistência social. 
Para Emília Cipriano as creches tinham como objetivo “modificar os hábitos e os costumes das classes populares, adaptando-as à prática social da classe dominante”. (SANCHES, 2003, p.65).
Frente à necessidade das mulheres saírem de casa para trabalhar e, consequentemente, terem seu tempo de dedicação para os cuidados da casa e dos filhos reduzido, torna-se interessante pensar a creche como um lugar propício para o desenvolvimento da criança e uma opção para os cuidados dos filhos de mães trabalhadoras. 
Certamente, o surgimento da creche está ligado às transformações na sociedade, na organização da família, no papel social feminino e em suas respectivas repercussões, principalmente, no que se refere aos cuidados das crianças pequenas. 
Nada substitui a relação mãe-filho fazendo com que correntes pedagógicas e estudos específicos, em determinados momentos da infância, acontecessem para discutir sobre a criança, a família e a sociedade, qual a melhor educação infantil, a cultura e outras em busca de um “modelo” para a infância ou “modelo de ser criança”, inclusive discutindo e buscando a função da creche/pré-escola.
Sabemos a complexidade das relações que ocorrem no interior dessas instituições e isso trouxe mudanças com o tempo, muitas se expandiram e procuraram mostrar que tanto as creches como as escolas maternais tinham as mesmas preocupações, em especial com as questões pedagógicas, deixando de lado o pensamento de que estas instituições se preocupavam somente com os cuidados da criança.
Para educar é necessário que o professor crie situações significativas de aprendizagem, com intuito de alcançar o desenvolvimento de habilidades cognitivas, psicomotoras e sócio afetivas, mas é de extrema importância que a formação da criança seja vista como um ato inacabado, sempre sujeito a novas inserções, a novos recuos, a novas tentativas.
É necessária uma parceria de todos para o bem-estar da criança. Cuidar e educar envolve estudo, dedicação, cooperação, cumplicidade e, principalmente, amor de todos os responsáveis pelo processo, que se mostra dinâmico e em constante evolução.
	A criança é um ser social com capacidade afetiva, emocional e cognitiva. Tem desejo de estar próximo às pessoas e é capaz de interagir e aprender com elas de forma a compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar e passam a aprender por meio das trocas sociais com diferentes crianças e adultos, cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas.
Assim, o processo ensino–aprendizagem ocorre de forma gradual, contínua, cumulativa e integrativa, envolvendo ações, sentimentos, erros, acertos e novas descobertas. Nessa etapa, a avaliação deve ter como objetivos auxiliar o processo de aprendizagem, fortalecer a autoestima do aluno e orientar as ações pedagógicas. No que se refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas acompanhassem suas próprias conquistas, dificuldades e possibilidades ao longo do processo.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, na seção 11, referente à Educação Infantil, artigo 31, preconiza que: “[…] a avaliação far-se-á mediante o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental”. A aprendizagem precisa ser avaliada durante o processo de trabalho, de forma contínua, tendo como objetivo o desenvolvimento do aluno em todos os aspectos. É nesse momento que o professor pode perceber as dificuldades e os acertos dos alunos.
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Maria M. et al. Profissionais de Creche. Cadernos Cedes, São Paulo: Ed. Cortez, (19??), p. 39-66.
HEYWOOD, Colin. Uma História da Infância, Porto Alegre: Artmed, 2004.
MISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Básica, Brinquedos e brincadeiras nas creches: Manual de orientação pedagógica. Brasília: MEC/SEB, 2012. p 158.
MOYLES, Janet R. A excelência do brincar: a importância da brincadeira na transição entre educação infantil e anos iniciais. Trad. Maria Adriana Veronese. Editora Artmed, Porto Alegre, 2006.
________. Só Brincar? O papel do brincar na educação infantil. A excelência do brincar: a importância da brincadeira na transição entre educação infantil e anos iniciais. Trad. Maria Adriana Veronese. Editora Artmed, Porto Alegre, 2002.
SANCHES, Emília Cipriano. Creche: realidade e ambiguidades, Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2003. p 62-107.
SILVA, Natalia Freitas da. O brincar na Educação Infantil. In: Congresso de Educação do Sudoeste Goiano. Anais eletrônicos do XXV Conade - 25 Anos de Universidade no Sudoeste Goiano. 2009, Jataí. Disponível em: <http://revistas.jatai.ufg.br/index.php/acp/article/viewArticle/844> Acesso em: 08 set. 2014.
WAJSKOP, Gisela. Brincar na educação Infantil: uma história que se repete. 9 Ed, São Paulo: Cortez, 2012.

Continue navegando