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Intervenção Federal

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Intervenção Federal (art. 34 a 36)
É uma medida extraordinária (excepcional) que afasta temporariamente a autonomia do ente que sofre a intervenção. 
Mas qual seu objetivo? Preservar o pacto federativo, garantindo não somente a soberania do ente central – a União – mas também a própria autonomia da União, Municípios, DF e estados. Serve para proteger o pacto federativo da própria Federação, que em certas situações, o constituinte achou que se essas situações ocorrem, a Federação está em risco a União pode intervir nos Estados (nesse caso, por ser uma Intervenção Federal) para garantir o respeito ao Pacto Federativo. 
A Intervenção Federal diz respeito à intervenção da União nos Estados, mas a própria União pode sofrer intervenção? NÃO, nem mesmo daqueles órgãos internacionais de qual o Brasil faz parte, porque isso feriria a própria ideia de soberania do Estado brasileiro. De modo que esta intervenção só pode ocorrer: União Estados, Estados Municípios...
A intervenção afasta temporariamente a autonomia dos Estados que possam sofrer a intervenção, mas o que significa AUTONOMIA DOS ESTADOS? Autonomia nos traz pelo menos 4 ideias que consubstanciam a própria noção de autonomia: 
1) Auto-organização, a possibilidade dos entes elaborarem suas próprias Constituições ou Leis Orgânicas, no caso dos Municípios e do DF. 
2) Autogoverno, cada ente tem a autonomia para eleger seus próprios governantes. 
3) Auto legislação, ou seja, todos os entes que tem autonomia podem elaborar suas próprias leis, no limite da Constituição e da competência concorrente (cabe a União a elaboração das normas gerais e aos Estados, de modo suplementar, a elaboração de normas mais regionalizadas), evidentemente que a legislação estadual não pode ir de encontro à legislação federal, ainda, vale ressaltar o fato de que caso a União se posicione de modo omisso, não elaborando a norma geral, caracterizando aos Estados a competência plena para elaborar como assim desejar. 
4) Autoadministração, cada ente tem a autonomia para gerir seus recursos e administra-los da melhor maneira que assim achar. 
Princípios que regem a Intervenção
Excepcionalidade, ou da não intervenção, de modo que a intervenção é uma medida excepcional, como bem trazida pelo art. 34, CF, “A União não intervirá”, essa é a regra intervir sem necessidade é CRIME DE RESPONSABILIDADE
Temporariedade, é uma medida temporária, de modo que somente deverá durar o tempo necessário. A regra é que estamos em uma Federação, portanto os entes que a compõe, tem a autonomia por fazerem parte desta.
Proporcionalidade, a intervenção federal só ocorre quando necessária e se necessária. É o caso concreto que irá nos dizer se realmente há necessidade. Normalmente chegam à conclusão no STF/STJ de que não é proporcional a intervenção federal nos casos concretos, quase sempre se encontrando uma solução que não a intervenção, o que é bom, porque a intervenção é uma situação drástica para a Federação. 
É possível que sejam criadas novas hipóteses de intervenção, além daquelas já existentes na Constituição? NÃO, portanto aquele rol é taxativo. Neste sentido há uma discussão da constitucionalidade diante do art. 29, que trouxe mais algumas hipóteses. 
Consequências da Intervenção Federal 
Como já visto, há um afastamento temporário da autonomia daquele ente que sofreu com a intervenção, mas, além disso há uma outra importante consequência, o Impedimento da Constituição Federal ser emendada/alterada (limite circunstancial) enquanto durar esta intervenção.
Procedimento da Intervenção Federal
É feita através de um ato privativo do Presidente da República, de modo que apenas ele (a) poderá editar o chamado Decreto Interventivo. De modo que toda e qualquer intervenção deve ser precedida de um Decreto Interventivo a ser elaborado única e exclusivamente pelo Presidente da República. 
O Presidente poderá elaborar este Decreto de modo espontâneo, em que ele mesmo percebe que está ocorrendo alguma situação necessária (ART. 34) ou provocada, quando alguns órgãos/pessoas, provocam o Presidente para que ele elabore tal Decreto. 
ESPONTANEA: quais casos permitem que o Presidente elabore o Decreto por vontade própria? Vale lembrar que nesses casos o Presidente deverá consultar seus Conselhos da República e da Defesa Nacional (meramente opinativos):
Para defesa da Unidade Nacional (Art. 34, I e II), de modo a repelir invasões estrangeiras ou em que algum estado queira se separar do brasil;
Para garantir a Ordem Publica, ou seja, se em algum estado estiver ocorrendo alguma comoção/guerra civil/conflitos, o Presidente poderá intervir (art. 34, III);
Para garantir a Ordem das Finanças Publicas, caso o estado tenha dividas fundadas (toda obrigação que o estado contrai para o aumento de capital) e não as pague, ou deixe de repassar a carga tributária (art. 34, V);
PROVOCADA: neste grupo, ainda, há duas espécies, 1) POR SOLICITAÇAO, aquela em que alguém solicita, pede para o Presidente e 2) POR REQUISIÇAO, não é um pedido e sim uma ordem, mandamento. 
SOLICITAÇAO:
Para garantir o livre exercício dos Poderes Executivo e Legislativo locais. Se estiverem sofrendo algum tipo de coação, de modo que não estão tendo a liberdade suficiente, é possível que esses Poderes façam uma solicitação diretamente ao Presidente (que pode aceitar ou não);
REQUISIÇAO: Quem pode “mandar” o Presidente elaborar o Decreto: STF, STJ e TSE.
STF poderá requerer no que diz respeito ao Livre Exercício Poder do Judiciário local Mas como, por exemplo, o STF tomará conhecimento que o Poder Judiciário da PB não tem competências para suas atribuições? O Presidente do TJ local manda um Oficio para o Presidente do STF (depende do teor, pode ter STJ ou TSE também) alegando as falhas e requerendo a requisição da Intervenção;
STF poderá requerer quando uma LEI FEDERAL não estiver sendo cumprida em determinado estado, para que haja essa requisição, antes, deve ser proposta uma Ação Interventiva, a ser proposta pelo Procurador Geral da Republica, no STF. 
STF poderá requerer quando houver violação dos Princípios Sensíveis (art. 34, VII). Neste caso, quando há descumprimento desses Princípios, o próprio Procurador Geral da Republica irá propor a ADI Interventiva
STF poderá requerer quando SUAS ordens judiciais não estiverem sendo respeitadas naquele estado, nesses casos o STF poderá requisitar a Intervenção naquele estado;
STJ poderá requerer quando SUAS próprias decisões não estiverem sendo respeitadas;
TSE poderá requerer quando SUAS próprias decisões não estiverem sendo respeitadas;
O Decreto Interventivo
É o ato privativo da Presidência da Republica que decreta a Intervenção Federal.
Conteúdo:
Amplitude da Intervenção: ate que ponto a intervenção vai acontecer;
Prazo: de modo que esta é temporária, sempre com vistas na proporcionalidade e excepcionalidade;
Condições de Execução;
Nomeação de um Interventor (nem sempre necessária);
Controle da Intervenção
Apesar de ser um ato politico (e não administrativo), sofre controle, inclusive judicial. 
 PREVIO: quando acontece antes da intervenção, feito pelos Conselhos da Republica e da Defesa Nacional (que são chamados para opinar nas Intervenções Espontâneas) e assim já é feito um controle prévio. E nas Intervenções Provocadas, observa-se que há um processo ate que seja expedida a Requisição, este também é um controle interno;
 REPRESSIVO: aquele que acontece após o Decreto já ser colocado em vigor. No prazo de 24h, o Presidente irá submeter este Decreto ao Congresso Nacional (este, se estiver de recesso, ocorrera uma sessão extraordinária) de efeito ex nunc e ex tunc. Ou seja, o Congresso Nacional, em 24h já poderá fazer um controle repressivo. Ainda, a qualquer momento da intervenção o Congresso poderá entender que esta não se faz mais necessária poderá fazer esse controle repressivo a qualquer momento do tramite da Intervenção; 
Excepcionalmente, não ha um controle do Congresso Nacional quando:
STF,STJ, TSE (Poder Judiciário) fizer a requisição da Intervenção. Ou seja, se a Intervenção Federal estiver ocorrendo a mando do Poder Judiciário, o Congresso Nacional não poderá intervir de modo repressivo.
SALVO QUANDO O STF FAZ A REQUISICAO PARA GARANTIR O LIVRE EXERCICIO DO PODER JUDICIARIO LOCAL aqui poderá haver um controle repressivo do Congresso Nacional;

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