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Direito Constitucional MEDIDAS PROVISÓRIAS - As medidas provisórias configuram uma categoria especial de ato normativo primário emanado do Poder Executivo, que se revestem de força, eficácia e valor de lei. → As medidas provisórias são leis em sentido material, o que significa que ela tem estrutura de força de lei – elas inovam no ordenamento jurídico, possuem caráter abstrato, geral e obrigatório. OBS: MP não dá direito adquirido, pois é temporária, transitória. LEGITIMIDADE PARA A EDIÇÃO Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. - As medidas provisórias serão editadas pelo Presidente da República (não pode ser passado para os ministros) e, conforme apontam doutrina e jurisprudência consolidada do STF, se houver previsão expressa na Constituição do Estado (e desde que respeitada a simetria, isto é, desde que observada toda a sistemática constitucional) Governadores também poderão editar medidas provisórias, válidas na esfera estadual. → Portanto, se houver previsão na Constituição do Estado, poderá o governador do Estado editar medida provisória. Contudo, se não houver essa previsão, não será possível que o governador editar medida provisória. É imprescindível que haja a fixação na Constituição do Estado. → Do mesmo modo, e também pelo ideal de simetria, compreende-se possível a edição de MP na esfera municipal. Neste caso, além da escrita obediência ao regramento básico imposto pela Constituição Federal, é preciso que haja previsão expressa do cabimento da espécie normativa na respectiva Constituição estadual e também na Lei Orgânica Municipal (lei de organização municipal), para que os Prefeitos Municipais possam fazer uso das medidas. A essencialidade da previsão também na Constituição do Estado justifica-se pela necessidade de a Lei Orgânica observar os princípios estabelecidos tanto na Constituição Federal, quanto no documento estadual (art. 11, parágrafo único, ADCT). Desse modo, se neste último não há qualquer menção à possibilidade de edição de MP por parte do Governador, as Leis Orgânicas dos Municípios que compõe aquele Escada estarão proibidas de permitir aos Prefeitos a utilização do instrumento normativo, sob pena de desrespeitarem a previsão constitucional estadual. A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 32, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001 - A EC nº32 dividiu das Medidas provisórias entre anteriores e posteriores à Emenda, da seguinte forma: Art. 2º as medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional. → Portanto, o art. 2° da EC nº 32/2001, determina que as medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação da EC nº 32/2001 continuam em vigor até que uma medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até que haja deliberação definitiva do Congresso Nacional. OBS: 11.09.2001 é a data da publicação da EC nº21/2001 Nesse sentido, esse dispositivo retirou das MPs que estavam em vigor até o dia 12.11.2001 a possibilidade de revogação tácita, por decurso de prazo, exigindo deliberação expressa do Congresso Nacional ou medida provisória posterior (ato normativo de igual hierarquia e que disponha sobre a matéria em sentido contrário), para que sejam extirpadas do ordenamento jurídico. Portanto, em relação à essas medidas provisórias, anteriores à EC nº 32, continuarão vigentes e produzindo seus efeitos, não havendo necessidade de conversão em lei. Já as medidas provisórias posteriores à publicação da referida emenda, se não foram aprovadas pelo Congresso e convertidas em lei, elas perdem sua vigência e param de produzir efeitos. Em conclusão, as MPs que escavam em vigor até o dia 12.11.2001 continuarão produzindo efeitos, numa vigência indeterminada, até que: o Congresso Nacional resolva deliberar definitivamente sobre elas, revogando-as ou convertendo-as em lei (sendo necessário observar, claro, o procedimento que vigorava a época da edição, isco é, o anterior à EC nº 32/200 1, regido pela Res. nº 111 989-CN, alterada pela Res. nº 2/1 989-CN); algum aro normativo posterior, de igual hierarquia, as revogue, expressa ou tacitamente. Exemplo: lei do plano de saúde, lei nº 9656 de 1998, cuja redação, em vários pontos, foi dada por Medida Provisória. Até hoje a gente tem uma Medida Provisória sendo a redação, isso nunca passou pelo Congresso Nacional em termos de aprovação e nem precisa passar, porque a Emenda Constitucional convalidou esse tipo de dispositivo. Portanto, precisa passar pelo Congresso Nacional redação dada pela Medida Provisória em relação aos planos de saúde? Não, não precisa, ela vai ficar vigente até quando vier outra Medida Provisória ou quando vier uma lei que o Congresso Nacional diga que vai mudar e alterar texto do artigo da lei que foi dado, em sua redação, por Medida Provisória. “Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive”. - Ademais, a EC nº 32 alterou o artigo 246 da Constituição da República. Com isso, o dispositivo supracitado quer dizer que, se existe um dispositivo que teve sua redação dada por Emenda Constitucional entre 1/1/1995 e 11/9/2001, não poderá haver MP regulamentando o tema, tem que ser lei. → A previsão constante na EC nº32 é de que todas aquelas Medidas Provisórias que vão ser editadas não podem ser efetivadas na regulamentação dos dispositivos que sejam postos em EC a partir de 1º/1/1995 até a promulgação da Emenda. PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS LEGITIMADORES - O manejo constitucionalmente adequado da MP depende da obediência simultânea a dois pressupostos legitimadores para a sua edição: a relevância e a urgência. → A justificativa está na circunstância de ser excepcional a normatização por medidas provisórias, já que a função legiferante é típica de outro Poder. Nesse sentido a validade de sua utilização está condicionada à presença de uma situação urgente, que inviabilize a espera até mesmo do trâmite legislativo sumário, havendo necessidade imediata de regulamentação de um tema essencial para o Estado ou para a sociedade. Em conclusão, a urgência está ligada à inafastável premência da regulamentação, ao passo que a relevância se materializa na essencialidade do tema. - Ainda no que se refere aos pressupostos, importante deixar assente que o STF estabilizou o entendimento de que é viável o controle jurisdicional dos mesmos. Todavia, de modo absolutamente excepcional. → Isso porque o controle da obediência aos dois pressupostos (relevância e urgência), que configuram conceitos revestidos de altíssima subjetividade, é feito primeiro pelo próprio Presidente da República, de maneira discricionária. Depois, pelas Casas Legislativas, conforme art. 62, § 5°, CF/88, que emitirão juízo prévio sobre o atendimento (ou não) dos dois requisitos. A interferência jurisdicional, portanto, ficará adstrita àquelas circunstâncias em que tenha havido flagrante abuso de poder ou evidente inocorrência dos pressupostos. Nos termos utilizados pela Corte: Os pressupostos da urgência e da relevância, embora conceitos jurídicos relativamente indeterminados e fluidos, mesmo expondo-se, inicialmente, à avaliação discricionária do Presidente da República, estão sujeitos, ainda que excepcionalmente, ao controle do Poder Judiciário, porque compõem a própria estrutura constitucional que disciplina as medidas provisórias, qualificando-se como requisitos legitimadores e juridicamente condicionantes do exercício, pelo chefe do Poder Executivo, da competêncianormativa primária que lhe foi outorgada, extraordinariamente, pela CR. ( ... ) A possibilidade de controle jurisdicional, mesmo sendo excepcional, apoia-se na necessidade de impedir que o Presidente da República, ao editar medidas provisórias, incida em excesso de poder ou em situação de manifesto abuso institucional, pois o sistema de limitação de poderes não permite que práticas governamentais abusivas venham a prevalecer sobre os postulados constitucionais que informam a concepção democrática de Poder e de Estado, especialmente naquelas hipóteses em que se registrar o exercício anômalo e arbitrário das funções escacais. ADI 2.213-MC, Rei. Min. Celso de Mello, noticiada no Informativo 240, STF. - Em desfecho ao item, registre-se a mudança de percepção do STF que, antigamente, entendia que a conversão da MP em lei convalidava os vícios anteriores da medida (ver ADI 1.417-DF), mas que posteriormente ajustou a jurisprudência e passou a compreender que a lei de conversão não é capaz de sanar os vícios formais existentes na MP. → Assim, se eventualmente uma MP, objeto de ADI, for convertida em lei, tal conversão só tornará prejudicada a ação se for substancial e importar em modificações essenciais do conteúdo que estava sendo impugnado. Neste caso emende-se que a ADI estará prejudicada pela perda do objeto. → Em contrapartida, se houver a conversão da MP em lei, sem que haja alteração substancial do ponto que está sendo questionado na ADI, a ação não ficará prejudicada, bastando a feitura do aditamento da petição inicial com a substituição da medida provisória pela lei de conversão. LIMITES MATERIAIS À EDIÇÃO - A válida edição de MP exige, além da observância estrita dos pressupostos constitucionais, que a espécie normativa não verse sobre temas que estão constitucionalmente vedados, por constituírem limites materiais à sua incidência. → De acordo com o art. 62, §1º CF/88 (dispositivo que delineia os assuntos que não podem ser regulados por medida provisória), é vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; Problema: Presidente da República edita Medida Provisória determinando o prazo de naturalização de pessoas casadas com brasileiros ou brasileiras, sendo ¼ do prazo exigido para as pessoas em geral. Igualmente, o Presidente da República edita uma MP influindo no processo de extradição. Analise a MP em sua constitucionalidade. Não cabe MP lá na alínea “a” em relação à nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral e, nos termos da alínea “b” não cabe MP em relação a direito penal, processo penal e processo civil (processo de extradição é matéria de processo civil). Não vai caber a MP em face da extradição porque, no exemplo, está falando de processo de extradição e processo de extradição é processo civil. Problema: O Presidente da República edita uma MP determinando a alteração na circunscrição do domicílio eleitoral, é válido? Não, porque trata-se de matéria de direito eleitora. b) direito penal, processual penal e processual civil c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; Plano plurianual é um plano de 4 anos para colocar uma diretriz. Essa diretriz deve ser posta em execução, de modo que os 4 anos vão se materializar em cada ano – deve ser feita uma lei específica por ano, que é a Lei de Diretrizes Orçamentárias. A Lei de Diretrizes Orçamentárias se combina com outra lei, que é a LO (Lei Orçamentária), tendo em vista que é preciso alocar dinheiro para alcançar os objetivos. Então, a lei orçamentária aloca dinheiro, enquanto a diretriz diz o que deve ser feito e o plano anual coloca as metas em abstrato. A Lei de diretrizes orçamentárias é anual. Portanto, o plano plurianual a lei de diretrizes orçamentárias e a lei orçamentária não pode ser matéria de MP, mas apenas de lei. Não pode haver MP tratando de plano plurianual, LDO e LO. A exceção que temos é para os créditos extraordinários – pode haver MP para créditos extraordinários – que são valores destinados para situações de calamidade e emergência. Art. 167, §3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto no art. 62. e) que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; Problema: é possível um PL que determine o bloqueio de ativos financeiros, incluindo poupança? É possível, a Constituição veda Medida Provisória, mas não veda Projeto de Lei. É proibido que haja Medida Provisória, mas Projeto de Lei não é, mas é muito difícil ter um PL que tenha, realmente, efetividade nisso. Vamos supor que venha um projeto de lei para bloquear os valores que as pessoas tenham investido, o que vai ter que acontecer? A gente vai ter que as pessoas vão tirar tudo antes de o Projeto de Lei virar lei, porque a MP já tem eficácia direta, enquanto o PL não (o PL tem que ter todo o rito de aprovação). O que a Constituição veda é o Projeto de Lei de conversão de Medida Provisória ou a Medida Provisória (para ser bem explicito), porque se for um projeto de lei mesmo, pode ter. Então não pode ter a Medida Provisória para bloqueio ou sequestro de ativos financeiros como um todo – quando a gente fala de ativos financeiros, a poupança ficou destacada aqui só porque foi mais sentido pela população – todos esses valores ficam pautados dentro da situação de bloqueio. f) reservada a lei complementar (mas cabe em matéria de lei ordinária); g) já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. Problema: o Presidente da República recebe, para sanção ou veto, o PL nº2325/2020 sobre a matéria L e F. O Presidente da República, ao invés de sancionar o Projeto de Lei, vem e diz que veta o PL e faz e publica MP sobre o mesmo tema, no mesmo dia. Pode isso acontecer? Pode e acontece com frequência, ainda que sobre o mesmo tema. Portanto, pode haver MP. Após a aprovação do Projeto de Lei nº2325/2020, o Presidente da República, antes de se manifestar em sanção ou veto, edita uma MP regulando F, pode? Agora não pode, porque agora está pendente de sanção ou veto – não pode haver MP sobre matéria pendente de sanção ou veto, mas se já houve sanção ou se já houve veto não tem mais motivo para obstar a MP. Importante: Quanto à matéria tributária, pode-se dizer que, em geral, não representa uma vedação material à edição de medida provisória. → O Supremo Tribunal Federal entende ser perfeitamente possível a regulamentação de matéria tributária através de MP, exceto nas hipóteses em que a própria Constituição exigiu a edição de lei complementar para regular o tema (ex: art. 146, CF/88), devendo, contudo, ser observado o princípio da anterioridade tributária (nos casos em que ele se aplica). E, em respeito a este princípio constitucional um imposto instituído ou majorado através de MP só poderá ser cobrado a partir do próximo exercício financeiro. Entenda-se como "próximo exercício financeiro" o seguinte àquele em que tenha havido a conversão da medida provisória em lei, e não aquele posterior ao que tenha havido a edição da medida. Para exemplificar: MP editada em 2011 e convertida em lei no ano de 2012: cobrança possível a partir do exercício financeiro de 2013. ✓ Art. 62, § 2º. Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercíciofinanceiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada - Temos também limites implícitos, a saber, os artigos 49, 51 e 52, todos da CF/88, que veiculam as matérias que são de competência exclusiva do Congresso e competência privativa das Casas Legislativas. → Isso porque são vedadas MPs que disciplinem matérias para as quais a iniciativa tenha sido reservada a órgãos ou autoridades específicas, pois nestes casos a apresentação do projeto depende de os titulares da iniciativa entenderem-na conveniente. OBS: Como a medida provisória é um ato normativo primário (que extrai seu fundamento de validade diretamente do texto da Constituição), esses limites materiais poderão ter sua constitucionalidade discutida no controle (difuso e concentrado) realizado pelo Poder Judiciário (podem ser objeto de ADI), bem como no excepcional controle repressivo realizado pelo Poder Legislativo, que pode não converter a MP em lei, ao argumento de que ela é inconstitucional. Cabe ADI em face de MP? O pressuposto para caber ADI é que seja uma norma primária, Federal ou Estadual. MP é uma norma Federal e norma primária, portanto, pode haver ADI em face de MP. Contudo, se há ADI em face de MP e, posteriormente ela é convertida em lei, será necessário o aditamento da inicial, com a substituição da MP pela lei de conversão. Ex.: o legitimado X propõe a ADI nº1111 em face da MP nº123 que é, posteriormente, convertida em lei. O que o legitimado deve fazer? Deve haver aditamento da inicial para constar os dispositivos em relação a lei de conversão. Observação: o aditamento da inicial ocorre quando a parte que entrou com a petição inicial vai lá e muda a petição inicial. Então por exemplo, essa parte muda a petição inicial dizendo que ela estava contestando o artigo 5º da Medida Provisória, só que depois este artigo 5º sofreu uma alteração e se tornou o artigo 6º da lei (da conversão). Então essa pessoa faz o aditamento para dizer que aquilo que antes era Medida Provisória e agora lei e está no artigo 6º e tudo mais. PRODUÇÃO DE EFEITOS - Tão logo é editada, a medida provisória já começa, imediatamente, a produzir efeitos (desde sua edição, não precisando de ser convertia em lei para produzir efeitos), pois é um ato normativo pronto e acabado, elaborado pelo Presidente da República e que possui força de lei. → Como sua produção de efeitos é imediata, a medida provisória deve, ato contínuo à edição, ser encaminhada para apreciação e posterior manifestação do Congresso Nacional, que pode: a) aprová-la (e convertê-la em lei ordinária) ou; b) rejeitá-la (quando então seu texto será encaminhado para o arquivo e não poderá constituir objeto de nova medida provisória na mesma sessão legislativa, nos termos do art. 62, § 10, CF/88). Exemplo: Suponhamos que estejamos tirando carteira hoje. Vem uma MP nº3534 que diz que a Carteira de Motorista somente pode ser emitida aos maiores de 22 anos. Alcança aqueles que já iniciaram o processo de tirar carteira? Sim, o direito ainda não é adquirido, pois essas pessoas que iniciaram apenas o processo de tirar carteira estão no processo de aquisição, portanto o que se tem é expectativa de direito. Só não alcançaria, nesse caso, quem já tirou a carteira e, mesmo assim, com algumas nuances. Em outras palavras, enquanto se está tirando carteira não se tem, ainda, a licença para dirigir, então a MP provisória pode alcançar e ela alcança a partir do momento que é editada. A MP produz efeitos a partir do momento que ela é editada, isto é, ela não precisa de ser convertida em lei para produzir efeitos, tendo em vista que MP produz efeitos desde quando é editada. - A eficácia da MP, de acordo com o § 3°, do art. 62, é de sessenta dias, prorrogáveis automaticamente, nos termos do § 7° do mesmo artigo, uma única vez, por igual período (mais 60 dias) – total 120 – quando não tiver a sua votação encerrada nas 2 Casas do Congresso Nacional. → O prazo, pois, em que a MP produz efeitos é usualmente de cento e vinte dias, podendo, todavia, ser mais amplo que isso se ocorrerem as hipóteses dos §§ 4°, 11 e 12, do art. 62, CF/88. Nestes casos, estende-se o prazo de produção de efeitos da medida em razão da: a) incidência do recesso parlamentar (art. 62, § 4°, CF/88): enquanto o funcionamento das Casas do Congresso Nacional é descontinuado e as votações suspensas, aguardando o retorno às atividades legislativas, a MP continua a produzir seus efeitos. No entanto, mesmo com a eficácia intacta, a contagem do seu prazo de eficácia fica suspensa, isto é, paralisada enquanto durar o período do recesso parlamentar; ✓ Art. 62, § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. Nessa perspectiva, é possível que uma MP fique valendo 150 dias, pois, ela tem 60 dias prorrogáveis, automaticamente, por mais 60 e, como janeiro não tem atividade parlamentar, o prazo não corre nesse mês – é como se ele ficasse suspenso durante o recesso parlamentar. b) não edição do decreto legislativo a que se refere o § 3° (caso de rejeição da MP) em até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, uma vez que nessa situação as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da MP conservar-se-ão por ela regidas, conforme preceitua o art. 62, § 11, CF/88; ✓ Art. 62, § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. ✓ Art. 62, § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. c) da aprovação de um projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, pois nesse caso a MP manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto, mesmo que durante esse período da deliberação executiva (que dura, no máximo, 15 dias úteis - art. 66, § 1°, CF/88) vença o prazo de eficácia (de 60 + 60 dias) da MP, por força da autorização do art. 62, § 12, CF/88. ✓ Art. 62, § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. PROCEDIMENTO Por veicular matéria de lei ordinária, a medida provisória é apreciada pelo Poder Legislativo segundo os mesmos trâmites verificados na deliberação parlamentar do processo ordinário. 1) A Casa iniciadora será sempre a Câmara dos Deputados e a Casa revisora o Senado Federal (are. 62, § 8°, CF/88), já que quem apresenta a medida ao mundo normativo é, necessariamente, o Presidente da República. → Antes mesmo de chegar à Casa iniciadora, no encanto, a medida provisória passa pela apreciação e parecer de uma Comissão mista, composta por 12 Deputados Federais e 12 Senadores, que irá verificar o cumprimento dos pressupostos constitucionais da medida emitindo, assim, um parecer opinativo (art. 62, § 9°, CF/88). Sobre a atuação da comissão mista, vale frisar a magnitude das funções da mesma no processo de conversão de medidas provisórias. Segundo determinou o STFº, a análise decorre: da necessidade, imposta pela Constituição, de assegurar uma reflexão mais detida sobre o ato normativo primário emanado pelo Executivo, evitando que a apreciação pelo Plenário seja feita de maneira inopinada, percebendo-se, assim, que o parecer desse colegiado representa,em vez de formalidade desimportante, uma garantia de que o Legislativo fiscalize o exercício atípico da função legiferante pelo Executivo. ADI 4.029-AM, STF, Rei. Min. Luiz Fux, noticiada no Informativo 657, STF. OBS: Ao contrário dos projetos de lei de ordinária, para as medidas provisórias não há possibilidade de delegação interna corporis, ou seja, a MP não pode ser objeto de deliberação e votação pelas comissões internas das Casas Legislativas, devendo ir à plenário. 2) Após o parecer da Comissão Mista, a medida provisória é encaminhada para análise, discussão e votação em cada Casa Legislativa (sendo a Câmara, frise-se novamente, a Casa iniciadora). → A apreciação da medida será feita, pois, primeiro no plenário da Câmara dos Deputados e, posteriormente, pelo plenário do Senado Federal, exceto se a medida tiver perdido sua eficácia antes do encaminhamento ao Senado (por decurso de prazo, isto é, tacitamente) ou se já tiver sido rejeitada expressamente na análise feira pelos Deputados Federais. → Nesta etapa de verificação da medida pelo Legislativo, o ideal é que a discussão e a votação nas duas Casas sejam feitas no prazo de quarenta e cinco dias, contados da data da publicação da MP, prazo este estipulado para que o processamento ocorra sem que haja o trancamento da pauta de nenhuma das duas Casas. Referido trancamento (ou obstrução da pauta) significa a paralisação das demais proposições legislativas na Casa em que a MP estiver tramitando (art. 62, § 6°, CF/88), o que importa num forte apelo para o legislador atuar, pois este se vê na difícil situação de só poder votar os demais projetos de lei se liberar a pauta da sua Casa Legislativa - o que só acontece quando há a votação da MP (ou se esta perder sua eficácia por decurso de prazo, o que libera a pauta imediatamente). ✓ Art. 62, § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. OBS: art. 62, § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. Portanto, aqui a MP assume uma prerrogativa de tramitação para ser votada, passando na frente de outras deliberações. Em conclusão, caso a MP não seja apreciada em até quarenta e cinco dias da data da sua publicação, passará a tramitar em regime de urgência constitucional, trancando a pauta da Casa na qual estiver tramitando, ficando sobrestadas rodas as demais deliberações até que se ultime a sua vocação. Ex.: Então vamos supor que o Presidente da República edita Medida Provisória e, concomitantemente à Medida Provisória, tem dois projetos de lei. Nessa situação, portanto, correm, concomitantemente, projeto de lei 1 e o projeto de lei 2 juntamente com a MP. Durante quarenta e cinco dias, pode a Câmara dos Deputados ou pode o Senado votar o PL 1 antes da Medida Provisória (nos primeiros quarenta e cinco dias, durante esses quarenta e cinco dias)? Pode, ela pode ir lá e votar o PL1, bem como o PL2. Entretanto, alcançado o prazo de quarenta e cinco dias, a MP assume a dianteira, ela tranca a pauta e coloca-se como prerrogativa de votação, em outras palavras, a Câmara ou Senado somente podem votar os projetos de Lei após a votação da Medida Provisória – ela tranca a pauta. Percebe-se, pois, que a votação é feita pelas Casas Legislativas em separado, e o prazo ideal para sua efetivação é conjunto e é de quarenta e cinco dias. Portanto, o prazo é 1 para as 2 casas legislativas – SF e CD -, sendo contados de forma subsequente entre ambos. Findo este prazo de 45 dias, a votação ainda poderá acontecer enquanto a MP ainda estiver produzindo efeitos (isco é, possuir eficácia). Mas se a apreciação da medida é feira depois dos 45 dias, certamente terá havido o trancamento de pauta de uma Casa legislativa. OBS: Observe-se que a obstrução de pauta sempre ocorre em uma Casa de cada vez, nunca nas duas simultaneamente, vez que atinge a pauta da Casa onde a MP está em trâmite OBS 2: o trancamento de pauta não interfere no prazo de validade e na eficácia da MP. O prazo de 45 dias é só para o trancamento de pauta, posteriormente a esse prazo ela continua obrigatória (vincula). A MP tem eficácia desde sua edição, mesmo ultrapassando o prazo de trancamento de pauta. Contudo, o prazo de validade e de trancamento de pauta correm juntos. Importante: o STF entende que o trancamento de pauta é destinado às normas de mesma natureza a qual a MP vai se converter (diz respeito às leis, ao processo de formação das leis), e não para qualquer norma. Problema: ultrapassados os quarenta e cinco dias de tramitação, pode o Senado votar uma PEC sem ter votado a Medida Provisória? Pode, o Supremo Tribunal Federal (STF) entende que essa vedação, entende que o trancamento em si vai ser destinado às normas de mesma natureza a qual a Medida Provisória vai se converter. Se o Senado estiver votado uma Resolução, se o Senado ou a Câmara tiverem votando um Decreto Legislativo ou mesmo uma PEC, o trancamento não alcança esses atos, o trancamento alcança o processo de formação das leis. O trancamento diz respeito a projetos de lei. 3) Por último, deve-se destacar que, ao processo especial de edição das medidas provisórias, também é aplicado o princípio da irrepetibilidade (art. 62, § 10, CF/88), já que é vedada a reedição de medida provisória na mesma sessão legislativa em que tenha sido rejeitada (expressamente) ou perdido sua eficácia por decurso de prazo (rejeição rácica). → Nota-se, pois, que a reedição da MP só é possível em sessão legislativa posterior, nunca na mesma. REJEIÇÃO E CONVERSÃO DA MP EM LEI A medida provisória pode ser convertida em lei, com ou sem alterações de seu texto, ou rejeitada, expressa ou tacitamente (isto é, por decurso de prazo). - Aprovação e conversão em lei: O quórum de aprovação da MP é o mesmo de lei ordinária – maioria relativa. 1. A conversão em lei sem alterações do texto deriva da aprovação da medida nas duas Casas Legislativas sem a incidência de nenhuma modificação engendrada na Câmara ou no Senado. Neste caso, depois de aprovado, o texto será encaminhado ao Presidente da Mesa do Congresso Nacional para que ele promova a promulgação da lei, por autorização do art. 12 da Resolução nº 112002-CN. OBS: observa-se que, aqui, não há necessidade da MP ser remetida para sanção ou veto do PR, porque foi ele mesmo que editou. 2. A conversão em lei com alterações do texto ocorrerá se qualquer das Casas Legislativas apresentar emendas ao texto da medida provisória, promovendo modificações no mesmo - o que é perfeitamente possível, tendo em vista a faculdade que existe para o Parlamento em ampliar ou reduzir o conteúdo do ato normativo por meio de seu poder de emendar. → Neste caso, a medida provisória se tornará um projeto de lei de conversão, que seguirá o trâmite legislativo ordinário: o texto da medida, agora modificado por emendas parlamentares, será encaminhado para o Presidente da República, que terá quinze dias úteis para vetar ou sancionar o projeto de lei de conversão. Em havendo sanção presidencial (15 dias) ou, em caso de veto, se este for derrubado, a promulgação e a publicação da lei serão feitas pelo Presidente da República. OBS: O PR não pode vetar apenas palavras, ele tem que vetar o dispositivo inteiro. Então, dentro dessa lógica, o Presidente da república continua lastreado por tudo aquilo que se aplica ao processo legislativo normal. Importante: a regra constante do art. 62, § 12, CF/88,determina que se for aprovado o projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor, até que seja sancionado ou vetado o projeto; Ou seja, a MP vai se manter integralmente até que seja sancionado ou vetado o projeto de lei de conversão que foi aprovado – mesmo que durante esse período da deliberação executiva (que dura, no máximo, 15 dias úteis - art. 66, § 1°, CF/88), vença o prazo de eficácia da MP (60 + 60 dias). O prazo dos 60+60 dias não é prazo para a conversão em lei, mas apenas para a votação, de modo que o texto original é mantido como aplicado durante todo o período da sanção ou veto – continua eficaz e vigente pela sua redação originária. Assim dispõe o art. 62: ✓ Art. 62, § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. Contudo, quanto aos trechos da MP que sofreram alteração, ou seja, que ficaram distintos daquilo que previa o texto original, pode-se dizer que terão seus efeitos regulamentados por um decreto legislativo (até a promulgação da lei), pois a MP perderá, no ponto em que tiver sido alterada, sua eficácia desde a edição, conforme preceitua o art. 62, § 3°, CF/88: ✓ Art. 62, § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. OBS - § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. - Da rejeição A medida provisória também pode ser rejeitada. → Expressamente quando qualquer das duas Casas do Congresso Nacional deixar de convertê-la em lei durante o prazo em que ela está produzindo seus efeitos. → Tacitamente (ou em razão do decurso do prazo) quando seu prazo de eficácia (sessenta dias, prorrogável uma única vez por igual período) se esgota sem que o Legislativo a tenha convertido em lei ou rejeitado expressamente. Em ambos os casos de rejeição, a MP perderá sua validade e eficácia desde a edição (nos termos do art. 62, § 3°, CF/88), o que nos permite concluir que seus efeitos só são válidos se ela for convertida em lei. Não havendo referida conversão, abre-se um prazo para o Congresso Nacional editar um decreto legislativo, em até sessenta dias, para regular as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da medida provisória: a) Se o Congresso edita o decreto, as relações jurídicas do período passam a ser regidas pelo decreto. b) Se o referido decreto legislativo não for editado, prevê a Constituição (art. 62, § 11, CF/88) que essas relações jurídicas (constituídas e decorrentes de aros praticados durante a vigência da medida provisória) conservar-se-ão pela MP regidas. Ou seja, a MP rejeitada (expressa ou tacitamente) vai adquirir ultraeficácia e passará a reger, definitivamente, as relações jurídicas formadas e decorrentes de atos praticados durante o tempo em que ela vigorou. O intuito dessa norma é indiscutível: evitar o possível vácuo normativo decorrente da não feitura do decreto legislativo, impedindo assim que as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da medida provisória fiquem sem regulamentação. EXEMPLO: uma Medida Provisória é editada e concede o desconto de 50% no pagamento do tributo Y atrasado. Durante o prazo da MP a Marcella procede ao pagamento do tributo, após o prazo da MP a Darla procede ao pagamento do tributo. Se a Medida Provisória perde sua validade e eficácia, o que acontece? A gente vai ter que a Marcella pagou no prazo a Medida Provisória, ela não foi convertida em lei, então a primeira conclusão que a gente tem é que, em princípio, o pagamento da Marcella é com desconto e, com certeza, o pagamento da Darla é sem desconto, afinal de contas a Darla fez o pagamento após a perda de validade da MP. Só que a gente vai ter que analisar, ainda, o pagamento da Marcella porque o pagamento da Marcella foi durante o tempo que a MP estava valendo, só que a MP caiu e se a MP caiu, abre-se o prazo de sessenta dias para ser editado um Decreto Legislativo. A questão é: pode o decreto legislativo determinar que a Marcella pague os outros 50% do tributo? Pode, porque ele vai regular as relações jurídicas do período e isso não fere direito adquirido, porque a medida era provisória e quando a Marcella pagou os 50%, ela sabia que estava pagando durante uma Medida Provisória. Agora vamos supor que não haja a edição do Decreto Legislativo. Nesse caso, como fica a situação jurídica da Marcella? Ela tem que pagar a diferença se não houver o decreto legislativo? Não tem, porque a Medida Provisória continua regendo as relações jurídicas do período. EXEMPLO: da Medida Provisória da paralisação do contrato de trabalho - vem uma Medida Provisória em abril permitindo a paralisação dos contratos de trabalho durante a pandemia, sem indenização. Passaram os sessenta dias prorrogáveis por mais sessenta dias e essa MP não é votada (ela caduca, ela cai, ela perde a sua validade e a sua eficácia). Depois que ela caiu, pode ser paralisado o contrato de trabalho? Depois não pode, de jeito nenhum. A MP que permite a paralisação do contrato de trabalho (durante o prazo de eficácia dela está valendo, está de boa), se passou o prazo de sessenta dias prorrogáveis por mais sessenta dias, se essa MP não foi convertida em lei, pode paralisar o contrato de trabalho sem indenização? Não pode, a MP caiu após passado o prazo. Ou seja, quando a Medida Provisória cai, ela passa a não produzir mais efeitos – após a queda da MP, ela não produz mais eficácia, ela não tem mais validade. Entretanto, durante o prazo que ficou suspenso/interrompido ou paralisado o contrato, essa paralisação foi válida? Durante aquele prazo ela foi válida, porque era o prazo de validade da Medida Provisória. Se vier um Decreto Legislativo e dizer que os trabalhadores do período da paralisação não terão direito à rescisão do contrato de trabalho, ele pode dizer isso? Pode, ele vai regular a relação jurídica do período. Se o decreto legislativo não disser nada, a MP continua regulando a relação jurídica do período, ela vai virar um morto-vivo. EXEMPLO: Vamos supor que uma Medida Provisória determina a elevação do adicional de periculosidade para 30% (adicional este que, antes, era de 20%). João recebe adicional de periculosidade. A MP foi editada, ficou em tramitação no Congresso Nacional e o Congresso Nacional não votou, de modo que a MP cai. Após a queda da MP, qual é o percentual do adicional de periculosidade do João daí para frente? 20%. Qual é o valor de adicional de periculosidade durante o período de tramitação da Medida Provisória que caiu? É preciso olhar se foi editado o decreto. Se o Decreto Legislativo diz que o adicional é de 20% durante aquele período que o cara recebeu 30%, o adicional volta para 20%, mas se o Decreto Legislativo não fala nada ou se, sequer, há Decreto Legislativo, as relações daquele período são reguladas pela MP (ou seja, fica em 30%) – então é como se o adicional tivesse em 20%, ficando em 30% durante o período da MP e, depois que a MP cai, volta para 20%. OUTRAS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES Alguns apontamentos finais sobre esta espécie normativa são de acentuada importância para a completa compreensão do tema, a saber: 1. O Presidente da República não pode retirar da apreciação do Congresso Nacional uma medida provisóriaeditada e já em vigor, afinal ele não mais tem ingerência sobre ela após a edição. Assim, tão logo a MP seja editada pelo Presidente, ela é submetida, imediatamente, à apreciação do Congresso Nacional, privando o chefe do Executivo de qualquer disposição sobre a espécie normativa. → Nada obstante a anotação anterior, existe uma alternativa para o Presidente paralisar a produção de efeitos de uma MP já editada, em vigor, e sob análise do Congresso Nacional. Basta que ele edite uma segunda MP (MP2) visando ab-rogar a MP anterior (MP1). → Em outras palavras: o Presidente, a quem não é permitido retirar da apreciação do Congresso Nacional uma MP já editada, pode editar a MP2 que suspenderá a MPl. Como a MP2 é que está em vigor (pois a MPl está suspensa), ela será analisada pelo Congresso Nacional, onde duas coisas podem acontecer: 1) se ela for aprovada, a MP1 é retirada do ordenamento jurídico; 2) se ela for rejeitada, a MP1, volta a produzir efeitos pelo tempo que lhe resta de eficácia, isto é, pelo período restante para a conclusão de seu prazo constitucional de eficácia, devendo agora a MP1 ser analisada pelo Poder Legislativo. Segundo o STF, Porque possui força de lei e eficácia imediata a partir de sua publicação, a medida provisória não pode ser "retirada" pelo presidente da República à apreciação do Congresso Nacional. ( ... ). Como qualquer outro ato legislativo, a medida provisória é passível de ab-rogação mediante diploma de igual ou superior hierarquia. (. .. ). A revogação da medida provisória por outra apenas suspende a eficácia da norma ab- rogada, que voltará a vigorar pelo tempo que lhe reste para apreciação, caso caduque ou seja rejeitada a medida provisória ab-rogada. Consequentemente, o ato revocatório não subtrai ao Congresso Nacional o exame da matéria contida na medida provisória revogada. 2. Em equivalência ao que foi dito no item anterior, se a MP tratar de tema já previsto em lei ordinária, esta última ficará suspensa, aguardando a conversão da MP em lei (situação em que a lei ordinária anterior será revogada) ou a rejeição da MP (caso em que a lei ordinária anterior voltará a produzir seus efeitos); PODER JUDICIÁRIO - Possuindo como função típica a jurisdicional, o Poder Judiciário é o responsável pelo exercício da jurisdição, consistente na atividade por meio da qual o Estado presta a tutela jurisdicional, mediante provocação, no intuito de promover imparcialmente a composição dos conflitos. • Funções Além do exercício das funções típicas, que são ínsitas ao Poder, o judiciário também exercerá funções de modo atípico (que são funções que a CF atribuiu preponderantemente à ouro poder). → A função típica do Poder Judiciário é a de julgar ou, em outros termos, exercer a função jurisdicional; → O judiciário também exerce funções atípicas tanto de natureza executivo-administrativa quanto de natureza legislativa. Quando organiza suas secretarias (art. 96, I, "b", CF/88) e concede licença e férias a seus membros, juízes e servidores imediatamente vinculados (art. 96, I, "f", CF/88), o Judiciário está, claramente, exercendo função de natureza executiva. No mesmo sentido, ao elaborar o seu próprio regimento interno (art. 96, 1, "a", CF/88), estará o órgão do Poder Judiciário no exercício de função de natureza legislativa. ➢ ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO O Poder Judiciário se subdivide nos órgãos listados pelo art. 92, CF/88, cada qual com a estrutura e as atribuições delineadas pela Constituição em seções específicas. Estudaremos, em apartado, cada um deles; contudo, de início, é pertinente a explicitação de uma visão panorâmica e estrutural do conjunto. Destarte, conforme disposição constitucional, são órgãos do Poder Judiciário: Importante: Não há poder judiciário municipal no Brasil. A Justiça vai ser Justiça Estadual ou Justiça Federal. → Portanto, não há órgãos judiciários municipais (Justiça Municipal). Todos os Tribunais mencionados ou serão órgãos vinculados à União, ou aos Estados. → Compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e a Defensoria Pública dos Territórios. ✓ Art. 21. Compete à União: XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. A União faz todo esse custeio, a União faz toda essa atividade porque o poder judiciário, nesse caso, é o Poder Judiciário Federal. Em outras palavras, quando se coloca o Poder Judiciário do Distrito Federal sob a atribuição da União, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e territórios é Federal. ➢ Justiça comum X Justiça especializada - A Justiça comum é aquela constituída pela Justiça Federal e a Justiça Estadual (dos Estados-membros) e a Justiça Distrital (que a União o institui, organiza e mantém para o Distrito Federal e Territórios). → À Justiça Federal compete julgar, conforme estabelece o artigo 109 da Constituição de 1988, as causas que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; as causas relacionadas a tratados internacionais, assim como as derivadas dos direitos humanos. Compõe-se dos Tribunais Regionais Federais (TRFs) e Juízes Federais, conforme preceituam os arts. 106 a 110, CF/88. OBS: Justiça do Distrito Federal e Territórios, composta pelos juízes do Distrito Federal e Territórios e pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), conforme os arts. 21, XIII, e 22, XVII, CF/88. → Já a Justiça Estadual (comum ou ordinária) é de competência residual, ou seja, julga matérias que não sejam da competência dos demais segmentos do Judiciário. É competência residual e composta pelos juízos de primeiro grau de jurisdição, bem como pelos juízos de segundo grau de jurisdição, compostos pelos Tribunais de Justiça (TJs) (art. 125, da CF/88); - Justiça Especializada é um tipo de jurisdição que, por causa das suas especificidades, é disciplinada por leis processuais próprias e julgadas por um ramo do Judiciário específico para tais questões. Portanto, a Justiça Especial é constituída pela Justiça Eleitoral, do Trabalho e Militar (da União e dos Estados). → Justiça do Trabalho: competente para julgar as causas derivadas da relação de trabalho, é estruturada em crês ordens hierárquicas: o Tribunal Superior do Trabalho (TST), os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs), e os Juízes do Trabalho - Varas do Trabalho, conforme arts. 111 a 116 da CF/88; Portanto, sua função é julgar e conciliar as ações judiciais entre trabalhadores e empregadores e outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como as demandas que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive as coletivas. → Justiça Eleitoral: competente para julgar causas relacionadas aos direitos políticos, crimes políticos e relacionadas aos partidos políticos, é composta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), pelos Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais, conforme arts. 118 a 121 da CF/88; Portanto, sua principal atribuição é a concretização do processo eleitoral. Enquanto os demais segmentos se preocupam com os problemas da sociedade no caso de inobservância do direito, a Justiça Eleitoral cuida da materialização do poder político. → Justiça Militar da União: conforme o art. 124, CF/88, a Justiça Militar da União é competente para julgar os crimes militares definidos em lei. É composta pelo Superior Tribunal Militar e Conselhosde Justiça, Especial e Permanente, nas sedes das Auditorias Militares, segundo os artigos 122 a 124 da CF/88; → Justiça Militar dos Estados, do Distrito Federal e Territórios: de acordo com o art. 125, § 4°, da CF/88, exerce competência para processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares. É composta pelo Superior Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça ou Tribunal de Justiça Militar, nos Estados em que o efetivo militar for superior a 20.000 (vinte mil) integrantes e, em primeiro grau, pelos juízes de direito togados - juiz-auditor - e pelos Conselhos de Justiça, com sede nas auditorias militares, conforme are. 125, §§ 3°, 4° e 5° da CF/88. Problema: Fulano X ofende Fulana Y durante o trabalho, de quem é a competência? A resposta pode variar de acordo com a situação jurídica na qual é colocada o X e o Y. Se foi, por exemplo, o chefe de uma pessoa que ofendeu essa pessoa, a competência é da Justiça do Trabalho para julgar ação de dano moral. Mas, se um colega de trabalho começou a brigar com o outro e se ofenderam, a competência é da Justiça Comum. A questão é exatamente sobre como que a gente traça o lastro, vinculado ou não à competência trabalhista para ser colocado para a Justiça do Trabalho – a mesma coisa com a competência eleitoral, para a Justiça Militar para ir para qualquer uma das duas. ➢ Aprovação prévia pelo Senado Federal como requisito para a posse - A posse em determinados cargos do Poder Judiciário exige prévia aprovação do Senado Federal (art. 52, III, "a", CF/88), em sabatina. A assunção dos cargos por parte daqueles indicados para integrar o STF, STJ, TST ou CNJ, está na dependência da aprovação da maioria absoluta dos membros do Senado Federal. → Por outro lado, os quinze membros que forem indicados para assumir cargo no STM se sujeitam à aprovação por maioria simples dos membros do Senado Federal. - O STF é o órgão de cúpula do Poder Judiciário e encontra-se no topo da organização judiciária, caracterizando-se como órgão superior do Poder. → Em respeito à Constituição da República (art. 92, CF/88), o Supremo Tribunal Federal possui sede na Capital Federal, alastrando sua competência sobre todo o território nacional. → O STF – e seus Ministros – estão integrados em um todo de autocontenção. O principal vetor de interpretação do STF é a autocontenção. Isto é, o próprio STF que diz até onde ele pode ir, sem interferir na matéria de outro poder: o STF tem que atuar com a autocontenção para que ele não invada a esfera de outros poderes. Exemplo: vem o poder Executivo e diz que vai liberar mesas nas calçadas até 2/3 dela. Pode vir o juiz e dizer que acha que não precisava ter mesa nas calçadas de bar e determina a retirada das mesas das calçadas de bares? Não pode, não pode o Supremo fazer isso, tendo em vista que isso é uma matéria da administração, é o que a gente viu lá no passado que é a reserva da administração. Então o STF tem que atuar com a autocontenção para que ele não invada a seara de outros poderes. ➢ COMPOSIÇÃO - No que se refere à composição, o Tribunal é formado por 11 Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinca e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos de idade, brasileiros natos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, em conformidade com o que preveem os arts. 101 e 12, § 3°, IV, CF/88. → São, portanto, requisitos para um indivíduo ocupar o cargo de Ministro do STF: a) nacionalidade originária: o sujeito deve ser brasileiro nato (art. 12, § 3°, IV, CF/88), exigência que alcança rodos os onze membros da Corre; b) idade mínima superior a trinta e cinco anos e idade máxima inferior a sessenta e cinco anos: a idade mínima de trinta e cinco anos corresponde à idade com que se adquire a capacidade eleitoral plena; a idade máxima prevista é decorrência da necessidade de o sujeito exercer a função por alguns anos antes de ser compulsoriamente aposentado (aos setenta anos); OBS: portanto, a idade de 60 anos é a idade máxima para ENTRAR no Supremo, e não a idade para aposentadoria. c) notável saber jurídico: a expressão “notável saber jurídico” pressupõe que todo Ministro do STF terá de ser, necessariamente jurista, cursado a faculdade de direito. O notável saber é jurídico tem, portanto, como primeiro pressuposto para ser alcançado, a formação em um curso de bacharel em Direito – hoje é reconhecido, apesar de não estar expresso no texto Constitucional, a necessidade de que o notável saber jurídico compreenda a formação em Direito. d) reputação ilibada: ausência de aspectos negativos e desabonadores na vida passada do candidato. - Os Ministros do STF são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal não se submete à regra do quinto constitucional. Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. → A posse em determinados cargos do Poder Judiciário exige prévia aprovação do Senado Federal (art. 52, III, "a", CF/88), em sabatina. No caso do STF, a aprovação é por maioria absoluta. Importante: Os onze Ministros que compõe nossa Suprema Corte são divididos em duas turmas, sendo que cada uma delas é formada por cinco Ministros, visto que o Presidente da Corte só participa das sessões plenárias. ➢ ATRIBUIÇÕES • Primeiras Palavras A função básica do Supremo Tribunal Federal é a de tutelar à Constituição da República, assim como assegurar o respeito à mesma em rodo o país - conforme o caput do art. 102, CF/88, a função precípua do STF é a guarda da Constituição, - o que a Corte realiza através de uma série de mecanismos. → Um deles é o controle concentrado de constitucionalidade, reservado com exclusividade ao STF, num papel que tradicionalmente é confiado às Cortes Constitucionais. Além do controle de constitucionalidade, atividade fundamental para o Estado Democrático de Direito e que deve ser exercido com cautela e maestria, o Supremo Tribunal Federal atua em diversas outras searas, dentre elas a recursal. → Nota-se, pois, que o STF é possuidor de competências originárias e recursais. As originárias são aquelas em que o Supremo processa e julga em instância única; já as recursais são aquelas em que a apreciação da matéria pelo STF se dá mediante recurso ordinário ou extraordinário, ou seja, em verdadeira reapreciação em última instância. Lembremos que ao julgar os recursos, o STF manifesta-se como órgão de superposição, eis que dá a última palavra sobre as causas advindas das diversas justiças. OBS: O controle de constitucionalidade difuso, conforme o modelo estadunidense, embora não seja exclusividade da Corte, também pode ser exercido por ela. Além da previsão constitucional, explicitada no art. 102, inciso III, CF/88, que trata do julgamento pelo STF da questão de inconstitucionalidade invocada em caso concreto, por meio do recurso extraordinário, temos a Lei nº 8.038/1990, que também trata desse recurso, em seus artigos 26 e seguintes. • Art. 102, Inciso I – Competências Originárias do stf - Inicialmente, cumpre informar que as atribuições originárias da Corte (que serão, a seguir, detalhadas) foram enunciadas no documento constitucional de forma taxativa, o que significa que não se pode ampliá-las, nem mesmo por analogia. → A competência originária é uma competência própria, cuja se atribuição se inicia diretamente no STF (o processo já começa no STF). Importante:nem o Legislativo, nem o próprio STF se vinculam às decisões proferidas pelo próprio Supremo. 1. Alínea (a) Processar e julgar, originariamente, as ações do controle concentrado de constitucionalidade -ADI, ADC, ADO e ADPF. → ADI: a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) poderá ser utilizada para impugnar leis (ou outros atos normativos) pós-constitucionais federais ou estaduais, bem como distritais, desde que o Distrito Federal esteja no exercício de competência legislativa estadual. Vê-se que as leis ou os atos normativos municipais (ou distritais, no exercício de competência legislativa municipal) não podem ser objeto da ADI perante o STF, tampouco as normas pré- constitucionais; → ADC: a ação declaratória de constitucionalidade (ADC) somente poderá ser proposta para impugnar leis (ou outros atos normativos) federais e pós-constitucionais OBS: diz-se que somente diplomas normativos pós-constitucionais (isto é, editados depois da norma constitucional eleita como parâmetro) poderão ter sua constitucionalidade verificada em sede de ADI ou ADC, porque os pré-constitucionais (editados antes de a norma constitucional eleita como parâmetro entrar em vigor) somente sofrerão juízo de recepção, no qual se verifica sua compatibilidade material com o documento constitucional. Nesse sentido, se o diploma pré-constitucional for materialmente compatível com a norma constitucional nova será recepcionado, do contrário, se incompatível, será considerado não recepcionado. → ADPF: a arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), que também será julgada pelo STF (conforme art. 102, § 1°, CF/88), poderá ter por objeto leis e atos normativos municipais, bem como normas (de qualquer esfera da federação) pré-constitucionais. Isso porque, de acordo com o art. 4°, § 1º, da Lei nº 9.882/1999, a ADPF tem natureza subsidiária, de modo que somente poderá ser validamente manejada quando não houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade; Por fim, os efeitos das decisões do Supremo Tribunal Federal proferidas em sede de controle concentrado de constitucionalidade serão erga omnes (eficácia contra todos), ex tunc (em regra, pois existe a possibilidade de o STF modular os efeitos temporais das decisões, desde que respeitados os requisitos do art. 27, Lei nº 9.868/1999) e vinculantes, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário, da administração Pública direta e indireta, nas três esferas, federal, estadual e municipal. 2. Alínea (b): Processar e julgar, originariamente, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, nas infrações penais comuns. → Ressalta-se que a competência do STF se restringe a julgar as autoridades supracitadas pela prática de crimes comuns; se os atos corresponderem às infrações político-administrativas listadas no art. 85, CF/88 (crimes de responsabilidade) a competência para julgar as autoridades será, via de regra, do Senado Federal. OBS: No mais, e em desfecho ao escudo da alínea "b'', vale lembrar que o procedimento para a instauração do julgamento nas infrações político-administrativas praticadas pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, pelo Procurador-Geral da República, pelos membros do Conselho Nacional de Justiça, do Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Advogado-Geral da União, é distinto daquele previsto para o Presidente da República (e do Vice-Presidente e Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica). Isso porque, ao contrário dessas últimas autoridades (Presidente, Vice e Comandantes), as demais são denunciadas diretamente no Senado Federal (arts. 52, II, CF/88 e arts. 41 e seguintes da Lei nº 1.079/1950). 3. Alínea (c) Processar e julgar, originariamente, os Ministros de Estados e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, exceto quando os crimes de responsabilidade por eles (Ministros e Comandantes) praticados forem conexos com o do Presidente da República, hipótese em que deverá ser observada a regra do art. 52, I e parágrafo único, CF/88, isco é, a competência para o julgamento será do Senado Federal. → Originariamente, a Corre também julga os membros dos Tribunais Superiores, os Chefes de missão diplomática de caráter permanente e os membros do Tribunal de Contas da União, por infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade. 4. Alínea (d): atribuição do STF de processar e julgar, originariamente, o habeas corpus , sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; → Portanto, na primeira parte, a alínea refere-se à atribuição do STF de processar e julgar originariamente, o habeas corpus, quando o paciente for qualquer das autoridades mencionadas nas alíneas anteriores – paciente de um habeas corpus é aquele que foi ilegalmente privado de ir e vir, ou então está em situação na qual a sua liberdade de locomoção está sendo concretamente ameaçada. Em síntese, é aquele que foi (ou está ameaçado de ser) preso ilegal ou arbitrariamente. O STF será competente para o julgamento do remédio quando o paciente estiver sob sua jurisdição, conforme esquema posto abaixo. Problema: Ministro de Estado vem para Belo Horizonte, a visita, e discute com o prefeito, que manda prender o Ministro de Estado pela guarda municipal. O Ministro de Estado, minutos antes de ser preso, consegue mandar uma mensagem para a filha dele, que irá entrar com a medida cabível. Qual ação é cabível? Habeas corpus, sendo impetrante a filha do Ministro e ele (Ministro) o paciente, portanto a autoridade coatora vai ser o prefeito. Foro competente para o HC: alínea “d”, o STF, para situações em que o Ministro de Estado for paciente. Problema 2: na discussão entre Ministro e prefeito, o Ministro manda prender o prefeito (agora quem foi preso foi o prefeito), que é levado para o quartel do exército, mas, antes, o prefeito manda uma mensagem para o seu filho. Nesse caso, o impetrante é o filho do prefeito, o paciente é o prefeito e a autoridade coatora vai ser o Ministro de Estado. O STF é competente? Não, porque o STF vai ser competente quando o Ministro for paciente e, agora, ele é autoridade coatora. Na hora que não é o STF, passa-se para o STJ (nunca é feito um sobressalto) e, como vamos ver mais adiante, o STJ (previsto no artigo 105 da CF) é competente por julgar, originariamente, o HC quando o coator for Ministro de Estado (quando o coator for Tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou comandante da marinha, exército ou aeronáutica). Em outras palavras, quem vai julgar vai ser o STJ (foro competente). Somente se não falasse nada no artigo 105 é que poderíamos descer para olhar os outros Tribunais. → No que tange ao mandado de segurança e o habeas data, na segunda parte da alínea, a competência originária para processar e julgar ambos os remédios constitucionais será do STF quando a autoridade coatora for o Presidente da República, as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, o Tribunal de Contas da União, o Procurador-Geral da República ou os membros do próprio Supremo Tribunal Federal, conforme o esquema a seguir: Importante: Por fim, convém frisar que o mandado de segurança e o habeas data que forem impetrados contra ato de algum Tribunal, serão sempre julgados no próprio Tribunal. Por exemplo: a competência para processar e julgar eventual MS impetrado contra ato do TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) será do próprio TJMG; a competência para processar e julgar o HD impetrado contra ato do STJ será dopróprio STJ. 5. Alínea (e) Processar e julgar, originariamente, litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território. → Conclui-se que: se houver uma lide envolvendo Estado estrangeiro ou organismo internacional de um lado e, de outro, a União, ou qualquer dos Estados-membros ou o Distrito Federal e até mesmo os Territórios, a competência para solver o conflito será do STF, conforme esquema posto abaixo; → Por outro lado, se o litígio envolver Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País, a competência será da Justiça Federal, em primeiro grau, nos termos do art. 109, II, CF/88; Nesta hipótese, a decisão da Justiça Federal em primeiro grau poderá ser desafiada em recurso ordinário constitucional proposto no Superior Tribunal de Justiça, conforme art. 105, III, "c", CF/88. Exemplo: Vamos supor que a Júlia viaje para a Holanda e, quando ela está lá, ela entra em uma discussão porque o pessoal lá da embaixada diz que ela não pode entrar com o produto X e ela fala que pode, daí apreendem o produto dela, o que faz ela ficar brava e daí ela fala que não aceita. Júlia fica tão brava que, quando ela chega aqui no Brasil, ela resolve entrar com uma ação. Então a gente vai ter uma ação ajuizada por Júlia versus Holanda. Compete ao STF julgar a ação da Júlia contra a Holanda? Não compete ao STF julgar ação da Júlia contra a Holanda, no artigo 109 da CF temos que compete ao Juízes Federais julgarem as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e município ou pessoa domiciliada ou residente no país. Portanto, quem vai julgar a causa da Júlia contra a Holanda é a Justiça Federal (pessoa física x país estrangeiro). Exemplo 2: em ação ajuizada pelo Estado de MG contra Holanda, quem julga? O STF Exemplo 3: Se o município de BH entra com ação judicial contra a França, qual o foro competente? A Justiça Federal. Contudo, Estado de Minas Gerais e o município de BH entram, como litisconsortes, em face da França, qual o foro competente? O STF, afinal de contas, como são litisconsortes, atrai a competência para o STF. 6. Alínea (f) Processar e julgar, originariamente, os litígios federativos, isto é, as causas e os conflitos entre cercos entes federados (União, Estados-membros e Distrito Federal), inclusive as respectivas entidades da administração indireta. Assim, será o STF competente quando o conflito for um dos seguintes: OBS: tendo em conta que o documento constitucional não menciona os Municípios entre as entidades cujos litígios com outros entes políticos de direito público evocam a competência originária do STF, pode-se concluir que se o conflito envolver um ente federado (ou entidade da administração indireta) de um lado e um Município de outro, a competência não será do STF, mas sim da Justiça Federal OBS 2: O que vai ser determinante, segundo a jurisprudência do STF, em tais caso, é o nível de conflito federativo encadeado. O STF não vai se ver competente pelo simples fato de estarem na lide União e Estados; o STF não vai se ver competente pelo simples fato de estarem na lide dois Estados. O STF se vê competente quando o Estado, a União e o DF estejam em um litígio envolvendo um conflito federativo (que possua relevância federativa). Conflito federativo, segundo o STF, seja em conflitos da administração direta ou indireta, é aquilo que impacta a estrutura da autonomia do Estado ou da União (quando há indício de que um ente pode estar afetando, interferindo no outro. Ou seja, essa discussão gira em torno do fato de haver ou não haver afetação e comprometimento da autonomia federativa. O Poder Executivo é composto por entidades da administração direta e por entidades da administração indireta. a) Administração direta (centralizada): são órgãos ligados diretamente ao Poder Executivo. Ou seja, a administração direta refere-se à prestação de serviços públicos referentes ao poder federal, estadual e municipal. Fazem parte desse tipo de gestão: a presidência da República, os ministérios do Governo Federal e as Secretarias dos Estados. Ex.: Ministérios e Secretarias (Ministério da Educação; Ministério da Saúde; Ministério do Meio Ambiente; etc.). Esses órgãos não possuem personalidade jurídica própria, por isso estão subordinados diretamente às pessoas jurídicas políticas: União, Estados, Municípios e Distrito Federal. OBS: se alguém ajuizar ação contra ato do Ministério do Meio Ambiente, p. ex., o réu (quem vai figurar no polo passivo) é a própria União. Isso porque quem possui personalidade jurídica é a União e, quando se fala de órgãos, está se tratando de entidades que não possuem personalidade jurídica. Quem possui personalidade jurídica é a União, o Estado ou o Município. Em razão disso, quando se ajuizar ação contra, p. ex., a Secretaria do Meio Ambiente de MG, quem constituirá o polo passivo será o Estado de MG. b) Administração indireta (descentralizada): nesse caso, a lei irá constituir uma entidade com personalidade jurídica própria. Nesse caso, ao invés de se ter uma entidade que faz parte do interior da União (como na administração direta), haverá uma entidade que, apesar de estar atrelada à União, terá personalidade jurídica própria. Nesse modelo de gestão, o Estado transmite a realização de determinadas funções para outras pessoas jurídicas que possuem autonomia administrativa e financeira, mas não política. Essa entidade que possui personalidade jurídica própria pode ser uma pessoa jurídica de direito público (aquela que se liga a normas de direito público, ex. autarquia, fundação pública, etc.), de modo que será constituída para prestar atividades ligadas a serviços públicos ou à atividades econômicas; como também pode ser constituída por pessoas jurídicas de direito privado, que possuem a finalidade de prestar serviço público (ex. empresas públicas ou sociedade de economia mista. Exemplo de uma autarquia: Universidades; IBAMA; INSS – ou seja, se eu tenho uma situação em que eu vou administrar a previdência social do Brasil, eu crio, enquanto país, enquanto União, uma pessoa jurídica (uma autarquia) para administrar a previdência (é o INSS). Se alguém discorda do que é fixado ou do que não é fixado (do que se vai ter como fixado em legislação) para cada atribuição do INSS – se o INSS não pagou uma pensão direito, ou seja o que for, a ação é ajuizada contra o INSS. Exemplo Fundação Pública: Funai. Exemplo pessoa jurídica direito privado: Se se estiver a tratar de uma pessoa jurídica de direito privado, de uma empresa pública ou de uma sociedade de economia mista fala-se, por exemplo, das instituições: Caixa Econômica; Banco do Brasil; Petrobrás. Problema 1: o Estado de Minas Gerais discute, judicialmente, com a FUNAI as dimensões do território indígena, reconhecido pela Fundação, mas que atinge área de segurança do Estado. De quem é a competência? Há aqui conflito federativo envolvendo terra indígena, que está sob gestão da FUNAI. Trata-se de competência do STF. Problema 2: A União ajuizou uma ação de execução pelo valor de 1000 reais em desfavor do Estado de Minas, em razão de não pagamento de taxas. De quem é a competência? Aqui, a competência não é do STF, pois, em regra, esse Supremo Tribunal fala que as execuções fiscais não geram conflito federativo, portanto, não é competência do STF, e sim da Justiça Federal (tem a União envolvida). 7. Alínea (g) Processar e julgar, originariamente, a extradição solicitada por Estados estrangeiros. → Para que ocorra a extradição passiva, aquela na qual um Estado estrangeiro solicita a extradição e a República Federativa do Brasil a concede, é necessário que haja um Tratado entre o Brasil e o Estado que solicitou a extradição (ou, ao menos, a previsão de reciprocidade). O Supremo Tribunal Federal é o órgão competentepara efetuar o julgamento de extradição (faz o juízo jurídico da extradição, enquanto o PR faz o juízo político), podendo concedê-la ou não. Ressalte-se que a Constituição Federal veda a extradição de brasileiro nato, e autoriza a extradição de brasileiro naturalizado somente nas hipóteses taxativamente previstas no texto constitucional (arr. 5°, LI, CF/88); quanto aos estrangeiros, estes jamais serão extraditados por crimes políticos ou de opinião (art. 5°, LII, CF/88). Problema: F é brasileira e se casa com Fulano G, que é americano, e se muda para o EUA. Fulana F se naturaliza norte- americana. Após uma briga, Fulana F envenena seu então marido e foge para o Brasil. Pode haver extradição? Qual o Tribunal competente para julgar decisão de perda de nacionalidade, provocada por ato de Ministro De Estado, que tende a violar direito líquido e certo? A autoridade competente para declarar a perda de nacionalidade é o Ministro de Estado (atribuição dele). A Fulana F alega ter direito líquido e certo de não perder a nacionalidade, portanto ela vai ajuizar um Mandado de Segurança sendo, o foro competente, o STJ (Ministro de Estado quando autoridade coatora, o foro é o STJ). A competência originária é do STJ, mas a matéria posta no Mandado de Segurança é relativa à perda da nacionalidade e uma pessoa pode perder a nacionalidade brasileiro, por esse motivo aqui ligado, quando ela se naturalizar ou assumir a naturalidade por simples querer, por simples vontade. Fulana F se naturalizou nos EUA porque ela quis, então se tem um Mandado de Segurança, no STJ, discutindo se a perda (ou não) de naturalidade é devida. Só que, nesse caso, o que vai implicar é o fato de que, se ela matou uma pessoa e tem um pedido de extradição e quem julga o pedido de extradição é o STF (alínea “g” – o julgamento do pedido de extradição cabe ao STF). O STF pode determinar a extradição da Fulana F? Se o processo do Mandado de Segurança do STJ ratifica à portaria o ato de perda de nacionalidade, ela (Fulana F) não é mais brasileira nata. Se o julgamento do MS diz que ela perdeu a nacionalidade, ela deixa de ser brasileira e só é americana e, nessa situação, o STF pode extraditar? Pode, o Brasil pode extraditar pela decisão do STF. ATRAÇÃO DE COMPETÊNCIA PARA O STF: Nesse caso a extradição vai estar dependente, vai estar em uma situação de prejudicialidade com o Mandado de Segurança – relação de prejudicialidade entre a extradição e o Mandado de Segurança. Se existe uma relação de prejudicialidade entre o Mandado de Segurança, se o resultado do MS vai ser determinante para o resultado da extradição, nós vamos ter uma atração de competência, de modo que o julgamento do Mandado de Segurança é deslocado para o Supremo, que julga os dois. Somente é possível dizer se vai haver extradição ou não depois que decidirem o processo do STJ (que é o Mandado de Segurança, que é competência do STJ), só que esse processo do STJ implica efeito direto no processo do STF, portanto o STF diz que esses dois processos possuem vinculação, conexão, eles têm que ser reunidos. E, se eles têm que ser reunidos, temos a atração da competência do MS para o STF e o STF julga o MS para, depois, decidir quanto à extradição. 8. Alínea (i) Processar e julgar o habeas corpus, quando: (i) o coator for Tribunal Superior; Portanto, quando a coação à liberdade de locomoção for perpetrada por Tribunal Superior (STJ, STM, TST ou TSE), o Supremo Tribunal Federal será competente para processar e julgar o habeas corpus impetrado por aquele que sofreu a coação, conforme esquema apresentado a seguir: O esquema acima organizado nada mais é do que uma das consequências de uma regra básica envolvendo a competência para o julgamento do habeas corpus: se um Tribunal é o coator, a impetração do remédio deverá acontecer no Tribunal imediatamente superior. Exemplos: se o Tribunal coator é um Tribunal de Justiça (TJ), a competência é do Superior Tribunal de Justiça (STJ); se o coator é o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o julgamento ocorre no Tribunal Superior do Trabalho (TST); se a coação advém de ato praticado por um Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a competência é do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Importante: Referida regra somente não se aplica quando a coação é praticada pelo STF, pois neste caso não há um Tribunal imediatamente superior (afinal, o STF já é o Tribunal que ocupa o topo da estrutura do Poder Judiciário), logo, o remédio será julgado pela própria Corte. (ii) quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal; Também haverá impetração de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal sempre que o paciente ou a autoridade coatora for autoridade ou funcionário que esteja sob sua jurisdição. Dessa forma pode ocorrer de um habeas corpus ser impetrado no Supremo Tribunal Federal por um cidadão comum (paciente), que não ocupa nenhum cargo público, porque sua liberdade de locomoção sofreu ou está ameaçada de sofrer algum ripo de violência ou coação por parte de autoridade (autoridade coatora) que está sob a jurisdição da Corre maior. OBS: há autoridades que estão sob a jurisdição do Supremo Tribunal Federal, mesmo não havendo previsão expressa no rol de competências do Tribunal, como, por exemplo, o Presidente do Banco Central e o Advogado-Geral da União, haja vista estes possuírem status de Ministro de Estado. Portanto, se forem os pacientes, o HC é impetrado no STF; do mesmo modo, se forem as autoridades coatoras, o paciente deverá se dirigir com um HC ao STF. (iii) quando se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância. 9. Alínea (j) Processar e julgar, originariamente, a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados. → Todo Tribunal possui, ínsita às suas funções, a competência para processar e julgar as revisões criminais e as ações rescisórias de seus próprios julgados. Com o STF não seria diference: a Constituição estabeleceu que a Corte é responsável por avaliar eventual revisão criminal (ação cuja pretensão é superar a coisa julgada por meio da anulação da decisão proferida na esfera processual penal), se foi a decisão por ela prolatada; bem como a eventual ação rescisória (mesmo intuito da revisão, mas tratando de assumo inserido na esfera cível). Vale frisar que as decisões prolatadas pelo STF nas ações do controle concentrado (ADI, ADC, ADO e ADPF) não se sujeitam à interposição de ação rescisória (art. 26, Lei nº 9.868/1999). 10. Alínea (L) Processar e julgar, originariamente, a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. → A reclamação é um instrumento processual que visa garantir a obediência às decisões prolatadas pela Corte no controle concentrado, bem como aos enunciados de súmula vinculante (art. 103-A, § 3°, CF/88), e preservar a competência do Supremo Tribunal Federal contra interferências indevidas de outros órgãos. Portanto, a reclamação terá dúplice utilidade: (1) poderá ser interposta em face de aro administrativo ou decisão judicial, sempre que estes contrariarem/desobedecerem enunciado de súmula vinculante ou mesmo decisão prolatada pela Corte em sede de controle concentrado (afinal, nestas ações a decisão do STF possui efeito vinculante); (2) poderá ser utilizada para corrigir eventual usurpação de competência da Suprema Corte. 11. Alínea (m) Processar e julgar, originariamente, a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais. → O Supremo Tribunal Federal é competente para executar suas próprias sentenças, havendo possibilidade de delegar a prática de alguns atos processuais, com o intuito de viabilizar referida execução. Assim,
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