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Bens Jurídicos

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BENS JURÍDICOS
6.1. BEM DE FAMÍLIA
6.1.1. Referencial histórico
Foi uma lei texana de 26 de janeiro de 1839 (homestead act), que, em meio a uma grave crise econômica, passou a proteger a pequena propriedade urbana e rural nos Estados Unidos, que serviu de inspiração ao nosso bem de família. 
Ainda que haja referenciais no direito romano (intocabilidade do domus, um santuário), sem dúvida o mais importante para concurso é o homestead act. Entre 1837 e 1839, nos EUA, 33 mil falências aconteceram. 939 bancos fecharam. O governo texano, para incentivar a economia, baixou o ato, através do qual considerava a pequena propriedade urbana impenhorável por dívida.
O bem de família no Brasil pode ser classificado em duas espécies: a) voluntário (art. 1711 do CC) e b) legal (Lei n. 8.009/90). 
6.1.2. Bem de família voluntário
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
O bem de família voluntário é raríssimo e ninguém conhece. Sem dúvida, até sobre o prisma social, é o legal.
O bem de família voluntário é aquele instituído por ato de vontade, mediante registro no Cartório de Imóveis (art. 167, I, n.1, da Lei n. 6.015/73 – Lei de Registros Públicos). 
Art. 167 - No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos.  (Renumerado do art. 168 com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).
I - o registro: (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975).
1) da instituição de bem de família; 
O bem de família voluntário nasce da autonomia privada, uma vez que o seu instituidor deverá voluntariamente criá-lo mediante registro no Cartório de Imóveis.
O CC, em seu art. 1711, estabeleceu ainda, com o intuito de evitar fraudes, que o bem de família voluntário não poderá ultrapassar 1/3 do patrimônio líquido dos seus instituidores. Isso se dá para que fraudes sejam evitadas, a fim de que o instituidor não blinde todo o seu patrimônio como forma de se escusar do pagamento de credores. 
A partir da sua instituição, o bem tornar-se-á relativamente impenhorável (art. 1715 do CC), e, ainda, inalienável (art. 1717 do CC). Portanto, a instituição do bem de família gera dois efeitos: a) impenhorabilidade limitada e b) inalienabilidade relativa do imóvel.
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz.
Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público.
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
OBS: o Resp 1.161.300 – STJ permitiu averbação de ACP no registro do empreendimento, para que os eventuais moradores saibam do ajuizamento da ação.
O imóvel voluntariamente instituído como bem de família torna-se impenhorável por dívidas futuras. Todavia, nos termos do art. 1715 do CC, essa impenhorabilidade é limitada, ou seja, as dívidas devem ser posteriores e não incidir sobre tributos relativos ao imóvel ou despesas de condomínio.
Outro efeito da instituição voluntária do bem de família é a inalienabilidade. Em regra, não pode ser vendido. Essa inalienabilidade é relativa, dependendo do consentimento dos interessados e, se houver incapazes, deve haver um procedimento judicial para a alienação, com a participação do MP (art. 1717 do CC). O bem de família voluntário engessa, como regra, o imóvel.
Ler arts. 1720 (administração do bem de família voluntário); 1721 e 1722 (extinção do bem de família voluntário).
Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bem de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência.
Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor.
Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.
Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.
Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.
OBS: Livros: Como vencer um debate sem ter razão e A eterna busca do homem.
A grande inovação no tratamento do bem de família voluntário encontra-se nos arts. 1711 e 1712, ambos do CC, que consagram duas características marcantes: i) o bem de família voluntário não poderá ultrapassar o valor de 1/3 do patrimônio líquido de seus instituidores e ii) valores mobiliários (renda) também podem ser afetados para a constituição deste tipo de bem de família. 
Como o oficial de cartório saberá que o valor não ultrapassa 1/3 do patrimônio líquido? 
R: Para o professor, a pessoa não tem a obrigação de levar declaração de IR, de modo que a única solução seria que, na hora da instituição, se faça uma declaração, sob as penas da lei, de que o valor não ultrapassa 1/3 do patrimônio. Caso minta, o sujeito responderá civil e criminalmente pela declaração falsa. 
O novo CC, no art. 1712, admite ainda que o bem de família voluntário possa compreender rendas ou valores mobiliários utilizados na conservação do imóvel ou sustento da família. Esta hipótese é bastante vulnerável a fraudes. EX: instituído em cartório determinado imóvel como bem de família, no ato da escritura, pode-se afetar rendas, como a renda de um investimento de R$ 15.000,00, que servirá para a conservação do próprio imóvel. Assim, serão constituídos não somente o imóvel como eventual poupança como bem de família. Essa hipótese também deve ser respeitar o limite de 1/3 do patrimônio dos instituidores. 
Essa hipótese não se confunde com aquela em que a renda é afetada. Aqui, a pessoa deixa seu imóvel e vai morar com parentes, para que o aluguel do imóvel que ela deixou constitua renda a ser usada pela família. Indiretamente, a casa fica protegida. 
Vale lembrar, outrossim, a especial hipótese, objeto de firme jurisprudência do STJ, aplicada principalmente para o bem de família legal, na qual, por razão de ordem pública, entende-se que renda proveniente de imóvel locado também é impenhorável (Resp 439.920/SP e Ag Rg no Resp 975.858/SP).
O terceiro pode instituir bem de família em testamento. EX: um tio deixa para o sobrinho um imóvel. Aceito o legado, institui-se um bem de família voluntário. Ainda assim, deverá respeitar a regra de 1/3 do patrimônio líquido dos instituidores.
Lembra-nos Silvio Rodrigues que o bem de família voluntário não alcançou maior sucesso no Brasil, mesma linha de raciocínio seguida por Álvaro Villaça Azevedo, para quem não deveria o Estado transferir ao particular um encargo de tamanho realce. Resguardar o bem de família do cidadão é resguardar o mínimo existencial (Alexy), o patrimônio mínimo.
Além disso,há a burocracia, taxas, emolumentos do Cartório.
6.1.3. Bem de família legal
O bem de família legal, muito mais difundido, e socialmente aceito, regulado pela Lei n. 8.009/90, consagra uma impenhorabilidade legal do bem de família decorrente da própria lei, independentemente de instituição voluntária em cartório. É um sistema normativo inspirado na preservação do patrimônio mínimo, segundo Luiz Edson Fachin.
Além disso, não há limite de valor (Resp 11.7846-9/SP), tendo o STJ, já assentado que a Lei n. 8.009/90 aplica-se inclusive a penhoras anteriores à sua vigência (Súmula 205 do STJ). 
Súmula 205 - A Lei 8.009/90 aplica-se a penhora realizada antes de sua vigência. 
A impenhorabilidade do bem de família legal é melhor, pois este bem de família concede proteção que provém da própria lei. Não é necessário que a pessoa vá ao Cartório para que o bem de família esteja protegido. Ou seja, independe de inscrição cartorária.
Não há inalienabilidade do imóvel, como ocorre na instituição do bem de família voluntário. Na prática, em geral, não há interesse em instituir o bem de família voluntário, pois já há proteção que decorre da lei.
A casa em que o indivíduo mora é bem de família, independentemente de inscrição voluntária em cartório. O bem de família legal independe do patrimônio. Não há restrição quanto ao valor do bem, como ocorre no bem de família voluntário. 
O bem de família voluntário encontra-se esvaziado de sentido, pois a proteção decorrente da lei é automática. 
Todavia, há uma situação prática em que o instituidor possui interesse, mesmo já tendo a proteção legal: o art. 5º da Lei n. 8.009/90 estabelece que, havendo mais de um imóvel destinado à residência da família, a proteção do bem de família legal recairá no de menor valor, salvo se outro imóvel houver sido instituído como bem de família voluntário. Assim, a pessoa que tenha cinco imóveis e residência em todos, a proteção legal recairá sobre o de menor valor, se ela não tiver instituído o bem de família voluntário em outro imóvel.
Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.
Pode ocorrer o interesse em instituir o bem de família voluntário na mencionada hipótese de o valor do aluguel servir de renda para a família, gozando também de impenhorabilidade. Esta proteção é exclusiva do bem de família voluntário. 
A Súmula 205 do STJ, vale lembrar, estabeleceu que a lei do bem de família legal poderia ser aplicada a penhoras realizadas antes da sua vigência. Os bancos se desesperaram com essa Súmula.
O STJ, em mais de uma oportunidade, a despeito da impenhorabilidade legal, em relativizado a regra, para admitir o desmembramento do imóvel para efeito de penhora (Resp 207.693/SC, Resp 510.643/DF, Resp 968.907/RS). EX: área da piscina e da churrasqueira puderam ser penhoradas, pois não descaracterizava o imóvel.
A extensão da impenhorabilidade do bem de família legal está prevista no art. 1º da Lei n. 8.009/90. 
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.
Incluem-se os bens móveis na impenhorabilidade, desde que já quitados e com os temperamentos da própria jurisprudência que já entendeu de proteger televisão, computador, máquina de lavar, ar condicionado e até mesmo teclado musical (Resp 218.882/SP). O STJ já decidiu nesse sentido, não obstante haja divergência.
Ver art. 2º: rol dos bens cuja penhora é permitida pela lei.
Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo.
Vale ainda mencionar que, nos termos da Súmula 449 do STJ, vaga de garagem que possui matrícula própria no Registro de Imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora. 
Súmula 449 - A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora.
Ou seja, a vaga de garagem pode ser penhorada, pois não constitui bem de família, mas desde que possua matrícula própria (se a vaga de garagem tiver o mesmo número de matrícula do imóvel significa que a casa e a vaga formam um imóvel único, hipótese na qual não poderá haver penhora). 
Essa impenhorabilidade legal também é relativa, ou seja, algumas dívidas autorizam a penhora do bem de família, como veremos adiante. A impenhorabilidade, portanto, não é absoluta. As exceções estão previstas no art. 3º da Lei n. 8.009/90. O professor entende que essas hipóteses devem se aplicar, mutatis mutandis, à impenhorabilidade voluntária do bem de família (onde há a mesma razão, deve haver o mesmo direito).
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias;
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III -- pelo credor de pensão alimentícia;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991)
Nas exceções dos incisos, o devedor não obterá êxito ao invocar a proteção do bem de família:
(i) A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo, salvo se foi movido em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias. É o caso, por exemplo, do não pagamento do salário ou da contribuição previdenciária da empregada doméstica.
No que se refere ao inciso I do art. 3º, o STJ, julgando o Resp 644.733/SC, entendeu que empregados meramente eventuais, como diarista, pedreiro ou pintor não podem se valer da exceção legal, uma vez que são prestadores eventuais (Rel. Min. Luiz Fux). O Ministro entendeu que a norma deve ser interpretada restritivamente (apenas trabalhadores domésticos stricto sensu). 
(ii) se o processo foi movido pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato. Ou seja, aquele que financia a construção ou a aquisição do imóvel não pode ter contra si invocada a proteção do bem de família. Não faria sentido e nenhum banco concederia empréstimos se essa proteção pudesse ser invocada.
(iii) crédito decorrente da pensão alimentícia pode penhorar a casa;
(iv) processo ajuizado pela Fazenda Pública para cobrançade impostos (IPTU, ITR), predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel. 
No que tange ao inciso IV do art. 3º, o próprio STF já entendeu (RE 439.003) que a cobrança de despesa condominial também pode levar à penhora do imóvel (tese batida). Despesa condominial não é tributo, mas o entendimento é pacífico.
(v) se o processo foi movido para a execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar, o imóvel poderá ser penhorado. EX: o casal vai ao banco para tomar um empréstimo e oferecem como garantia real o bem de família que era o único que possuíam. Caso não paguem o empréstimo, o bem poderá ser penhorado, pois oferecido voluntariamente.
Esse inciso traz a ideia de não se poder invocar a proteção legal quando o próprio imóvel voluntariamente foi dado como garantia hipotecária (nesse mesmo sentido Ag Rg no Ag 1.152.734/SP). Na letra da lei, se o casal, voluntariamente, constituiu a garantia, não poderá invocar a proteção do bem de família.
Todavia, o STJ, aqui, flutua em suas decisões. Existem julgados no STJ, numa visão aparentemente paradoxal, a exemplo do Ag Rg no REsp 813.546/DF, no sentido de que a mera indicação do bem de família à penhora no curso de uma execução não impede que se invoque depois a proteção legal, pois esta seria irrenunciável. 
A conclusão do professor é que quando se dá o imóvel em garantia hipotecária a tendência é que não possa, posteriormente, invocar a proteção do bem de família. Contudo, numa execução, se o devedor apenas indicar o bem de família à penhora (Resp 875.687/RS), poderá depois voltar atrás por seu caráter de ordem pública. Há uma pequena diferenciação entre a indicação à penhora e a constituição como garantia hipotecária. Nesse ponto da matéria não há segurança nas decisões do STJ, pois se a norma é de ordem pública deveria valer para os dois.
(vi) se o bem foi adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
(vii) processo decorrente de fiança locatícia: o STF já entendeu que essa hipótese é constitucional. O professor considera uma violência ao princípio da isonomia, por tratar o fiador de forma mais gravosa que o locatário.
Esta norma não é para qualquer fiança, mas somente para a fiança locatícia. 
O STJ já sumulou (Súmula 364) que a proteção do bem de família também abrange pessoas que moram sozinhas. O que se quer proteger não é a família propriamente, mas a moradia, o patrimônio mínimo (Resp 450.989/RJ).
Súmula 364 - O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.
6.2. CONCEITO DE BEM JURÍDICO 
Bem jurídico é toda utilidade, física ou ideal, objeto de um direito subjetivo. Um aparelho de celular, a honra e a imagem do sujeito, por esse conceito são considerados bens jurídicos. A honra e a imagem são utilidades ideias. O livro, por sua vez, é uma utilidade física. 
Durante muito tempo, a doutrina brasileira divergiu, e a polêmica ainda é mantida, no que se refere à distinção entre bem e coisa.
Qual é a diferença, portanto, entre bem a coisa?
R: Existe grande divergência doutrinária a respeito desta distinção teórica, conforme podemos notar se compararmos as obras de Orlando Gomes, Maria Helena Diniz, Silvio Venosa e Washington de Barros Monteiro. Existem posições para todos os lados possíveis. O professor se posicionará, aqui, observando o sistema do CC (Orlando Gomes).
OBS: A jurisprudência não se preocupa com temas doutrinários como este.
Maria Helena Diniz entende que bens são espécies de coisas. Na mesma linha entende Silvio Venosa. 
Orlando Gomes já entende que bem é gênero e coisa é espécie. Por sua vez, Washington de Barros Monteiro diz que, às vezes, bens são gênero e coisa é espécie e outras vezes ocorre o contrário, sendo que há vezes que se confundem.
No sentir do professor, na linha de Orlando Gomes, bem é gênero e coisa é espécie, na medida em que a “coisa”, nos termos do parágrafo 90 do Código Civil Alemão, limita-se às utilidades corpóreas ou materiais. O bem jurídico abrange tanto as utilidades ideias, como as utilidades corpóreas ou materiais, que são chamadas de coisas. Coisa é um tipo de bem, qual seja, o bem corpóreo. 
O Código Civil Alemão conceitua coisa e diz que só os objetos corpóreos são coisas no sentido jurídico. 
Esse raciocínio faz mais sentido ao professor, mas é questão filosófica. “Você pega na coisa”. A camiseta, a casa, a cadeira, o notebook são coisas. A noção de bens envolve utilidades ideais. EX: a honra, a vida etc.
O que se entende por patrimônio jurídico? Esta pergunta foi feita no concurso do MPF. 
R: Para os clássicos, o patrimônio seria a “representação econômica da pessoa” (Clóvis Beviláqua). Lembra-nos, inclusive, o mesmo autor, que cada pessoa deve ser titular de um patrimônio único, ainda que os bens tenham origens diversas. Beviláqua quer evitar dizer que uma pessoa possui 1, 3, 10 patrimônios. 
Mais modernamente, este conceito foi sendo ampliado para se entender o patrimônio, não só como uma universidade de direitos e obrigações, mas também, para compreender o conjunto de direitos da personalidade (patrimônio moral).
Carlos Alberto Bittar e Rodolfo Pamplona Filho, reconhecem também o denominado patrimônio moral da pessoa, vale dizer, o seu conjunto de direitos da personalidade (vida, imagem, vida privada, intimidade etc.).
Vale lembrar que, nas primeiras aulas do curso, já vimos o que se entende por “patrimônio mínimo” (Luiz Edson Fachin, na obra “O estatuto jurídico do patrimônio mínimo”). Numa perspectiva de respeito à dignidade da pessoa humana, as leis civis devem resguardar um mínimo de patrimônio à pessoa, para que tenha vida digna (EX: lei do bem de família).
Patrimônio mínimo, portanto, foi uma expressão consagrada por Luiz Edson Fachin. Ele diz que já se foi o tempo em que as normas civis se preocupam apenas com a sobrevivência da pessoa. As normas civis, modernamente, devem resguardar um mínimo de patrimônio à pessoa, não só para que subsista, mas para que tenha uma vida digna. É uma noção fundamental para o direito civil constitucional.
 O que se entende por patrimônio de afetação?
R: Entre os anos 1995 e 2002, várias construtoras quebraram. Atribuiu-se isso ao “efeito pedalada”: a construtora ia vendendo empreendimentos para se capitalizar e adiar sua quebra (a construtora ia “pedalando” de um empreendimento a outro). Em meados de 2004, o governo anunciou um pacote e criou o chamado patrimônio de afetação - um sistema de garantia em que a construtora pode aderir e, se o fizer, parte do patrimônio que ela tem servirá para a garantia daquela obra. O patrimônio se autonomiza, com administração realizada por sociedade criada especificamente para tanto (SPE – Sociedade de Propósito Específico). Possui, inclusive, CNPJ próprio.
Patrimônio de afetação, portanto, fora consagrado pela Lei n. 10.931/04, visando a imprimir maior segurança no mercado imobiliário, na medida em que vincula bens aos custos do próprio empreendimento. Vale dizer, afeta-se um patrimônio separado do próprio patrimônio da construtora, inclusive com regime tributário especial, para com isso garantir a conclusão do empreendimento. 
É um regime especial de garantia, nos termos da lei específica, que constitui um patrimônio em separado, autônomo, para a garantia de determinada obra.
Se a construtora quebrar, nesse caso, o empreendimento vai até o final.
6.3. Classificação dos bens jurídicos
6.3.1. Bem imóvel por força de lei
Trata-se daquele bem considerado de natureza imobiliária por expressa dicção do art. 80 do CC. São bens imóveis simplesmente, pois a lei determina que eles tenham natureza imobiliária.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Consideram-se imóveis,para os efeitos da lei:
(i) os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram: a lei assim o faz para cercar tais bens de formalismo. A propriedade e a hipoteca devem ser registradas no Cartório de Registro de Imóveis. Dá-se à hipoteca (um direito) o mesmo tratamento dos imóveis para cercá-los do mesmo formalismo;
(ii) direito à sucessão aberta: o direito à herança também tem natureza imobiliária, mesmo que ela seja composta de bens móveis ou semoventes (carro, cavalo). A razão é a mesma da anterior: cercar o direito à herança de formalismos. Por isso que a cessão do direito à herança demanda a lavratura de uma escritura pública. Muitos autores chegam a dizer que é necessária a outorga uxória. Só o registro que é feito ao final do inventário.
EX: A falece. B, C e D são herdeiros. D decide, no curso do inventário, ceder sua parcela a E. Em virtude da natureza imobiliária, existem formalismos para tanto (art. 1793 do CC).
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
6.3.2. Bens móveis por força de lei
Os bens móveis por força de lei estão previstos no art. 83 do CC.
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Consideram-se móveis, para os efeitos da lei:
(i) energias que tenham valor econômico: sua natureza é de bem móvel por força. É por isso que a energia elétrica é passível de ser furtada. O furto é a subtração de coisa alheia móvel. A energia tem natureza mobiliária. 
Perguntou-se, em concurso, qual seria a natureza do sêmen do boi. O sêmen do boi é uma energia biológica com valor econômico. É um bem móvel e as energias que tenham valor econômico são bens móveis.
(ii) direito real sobre objeto móvel e as ações correspondentes: o direito de penhor também tem natureza móvel, por força de lei. O direito sobre o penhor de um relógio tem natureza móvel. É por isso que não se registra no Cartório de Imóveis o direito de penhor. É estranho, porém, a lei quis assim.
(iii) direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações: qualquer direito patrimonial, como o direito de crédito que um indivíduo tenha, tem natureza mobiliária. 
6.3.3. Bem móvel empregado em construção
Trata-se de categoria de fácil compreensão, regulada no art. 84 do CC. 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
O artigo é provável de cair em prova objetiva. Os tijolos da casa, enquanto não empregados na construção, continuam sendo considerados móveis. Empregados na casa, eles passam a fazer parte do imóvel. Demolida a casa, os escombros readquirem a natureza de bens móveis.
Vale lembrar, que o CC não adotou a classificação consagrada pelo CDC, que classifica, ainda, os bens em duráveis e não duráveis (art. 26). Em seu art. 26, reconhece a existência de bens duráveis e não duráveis, especialmente para se exercer o direito potestativo de se reclamar por vício (defeito) do produto ou do serviço em 90 ou 30 dias. Detalhe: formalizada a reclamação no PROCON, enquanto ela é processada, o prazo está correndo. Assim, juntamente com a queixa no PROCON, deve ser ela também realizada no Juizado.
OBS: 5 anos é o prazo prescricional para se formular a pretensão indenizatória. O prazo para se reclamar o vício do produto ou do serviço, que é de 30 ou 90 dias é decadencial.
6.3.4. Principais aspectos relativos aos bens principal e acessórios 
Os bens reciprocamente considerados se subdividem em bens principais e bens acessórios.
A doutrina diverge em muitos pontos.
Bem principal é aquele que existe por si mesmo; ao passo que o acessório pressupõe a existência do bem principal. EX: árvore frondosa é o bem principal; o fruto é o bem acessório. A vaca é o bem principal; o bezerro em sua barriga é o bem acessório.
O que se entende por princípio da gravitação jurídica?
R: Trata-se da regra segundo a qual o acessório segue o principal.
Dentre os bens acessórios, há (i) os frutos; (ii) os produtos; (iii) as pertenças; e (iv) as benfeitorias.
Fruto é a utilidade renovável, ou seja, que a coisa principal periodicamente produz ou gera e cuja percepção não diminui a sua substância (ver na apostila a subclassificação dos frutos, em pendentes, percebidos, percipiendos etc.), como as laranjas da laranjeira, os bezerros da vaca, as manufaturas geradas pela fábrica são frutos industriais; 
Os produtos são utilidades não renováveis, cuja percepção esgota a coisa principal, como as pedras de uma pedreira, o petróleo de um poço.
Os denominados rendimentos são frutos civis, que se renovam ao longo do tempo, a exemplo do aluguel e do juro.
A título de complementação, o que são juros no pé? 
R: Os rendimentos, como os juros e o aluguel, são considerados frutos civis. Nesse ponto, vale anotar o quanto decidido no REsp 670.117/PB que proibiu a cobrança de juros no pé.
Trata-se de expressão consagrada pelo próprio STJ para caracterizar a indevida cobrança de juros compensatórios por parte da construtora ou incorporadora, antes da entrega das chaves do imóvel (REsp 670.117/PB). V. editorial 11 do site do professor. Esse tipo de juro no pé é abusivo, segundo o STJ. 
Assim, “juros no pé” é a abusiva e indevida cobrança de juro de financiamento por parte da construtora ou incorporadora, em prejuízo do promitente comprador que ainda não recebeu a sua unidade residencial. As construtoras cobravam juro antes de entregar a chave do imóvel como se a pessoa já estivesse pagando o financiamento do imóvel. Ou seja, não havia financiamento e a construtora já cobrava juro; antes do financiamento e entrega das chaves, a construtora não pode cobrar juros.
O produto, diferentemente do que ocorre com os frutos, é uma utilidade não renovável, cuja percepção esgota a coisa principal. O produto se assemelha com o fruto, mas com ele não se confunde, pois trata-se de coisa que não se renova. EX: carvão mineral é um produto em relação ao imóvel que é a coisa principal; pedras da pedreira são produtos e não frutos, pois na medida em que se extrai as pedras, a pedreira vai se esgotando e não se renova. A natureza jurídica da pedra, portanto, é de produto, assim como o petróleo que vai sendo retirado da bacia que é a coisa principal e se esgota. 
Pertenças são espécies de acessórios, muito embora não observe o princípio da gravitação jurídica (não segue o principal). Flavio Tartuce as classifica em categoria autônoma. É coisa que, sem fazer parte integrante do bem principal, acopla-se ao mesmo para a sua melhor utilização (art. 93 do CC). É um tipo peculiar de bem acessório, por isso possui autonomia, não seguindo o princípio da gravitação jurídica, segundo parte da doutrina (é uma autonomia que o fruto não tem).
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Uma pertença se encaixa na coisa principal para melhor servi-la. EX: aparelho de ar condicionado (pode ser retirado e colocado em outra casa, não seria dependente da coisa principal). Os aparelhos de ar condicionado integrados com a construção (com tubulação etc.), por sua vez, integram a coisa, não sendo considerados pertenças. As escadas dos apartamentos, acopladas do lado de fora (prédios americanos) são pertenças. Esses mais atuais, chumbados, não são pertenças.
O que são bens imóveis por acessão intelectual?
R: Acessão, em termos linguísticos, significa união de uma coisa à outra. Por isso, em direitos reais, a acessão é um modo de aquisição da propriedade imobiliária: quando se une uma coisa à outra, adquire-se a propriedade da acessória. Intelectual aqui,tem o sentido de intencional, que vem do homem.
Acessão intelectual traria a ideia de acessão intencional, isto é, com a intenção do proprietário.
O CC/16 era expresso ao tratar dessa categoria. Era algo muito óbvio. O Enunciado 11 da Jornada, todavia, negou a existência da categoria, com o que o professor não concorda. Bem imóvel por acessão intelectual seria aquele intencionalmente integrado ao solo para melhor servi-lo. EX: maquinário agrícola ou escada de incêndio empregados na fazenda.
Enunciado 11 – Art. 79: Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bens imóveis por acessão intelectual, não obstante a expressão “tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”, constante da parte final do art. 79 do Código Civil.
Vale lembrar que o Enunciado 11 da 1ª Jornada de Direito Civil entende não haver mais a categoria de bem imóvel por acessão intelectual, ou seja, bens que se imobilizavam pela intenção do proprietário para exploração econômica ou uso (art. 43, III, do CC/16). Todavia, autores como Tartuce e Simão discordam do Enunciado. Em nosso pensar, de fato, não há porque se afastar a categoria, sobretudo porque, sob outro prisma, esses bens podem ser vistos como pertenças que servem ao imóvel (EX: uma escada de incêndio). 
Portanto, o Enunciado 11 da Primeira Jornada de Direito Civil entende haver sido banida a categoria do imóvel por acessão intelectual, aquele bem que intencionalmente o proprietário ou possuidor emprega no solo ou na construção. Parte da doutrina (Tartuce, Simão) discorda de tal enunciado. De fato, se observarmos bem, a própria noção de pertença traduz a ideia que se pretende afastar no enunciado.
A benfeitoria é toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa com propósito de conservá-la (necessária), melhorá-la (útil) ou proporcionar deleite ou prazer (voluptuária). É o que dispõe os arts. 96 e 97 do CC:
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
Toda benfeitoria é artificial, tecnicamente realizada pelo homem (não existem benfeitorias naturais; naturais podem ser as acessões). Conserto da viga principal de sustentação do telhado: necessária; ampliação do vão de entrada para melhorar a entrada: útil; elaboração de uma escultura no quintal: voluptuária.
Na prática, não é fácil a distinção entre benfeitoria e acessão artificial (construções). Todavia, é importante pontuar que, tecnicamente, uma acessão artificial (construção) não é uma simples benfeitoria, na medida em que aumenta o volume da coisa principal e tem regramento legal específico (arts. 1253 e seguintes do CC).
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
CUIDADO: A benfeitoria é uma obra que o homem realiza na estrutura da coisa, aproveitando a estrutura da coisa; a construção aumenta o volume da coisa principal, razão pela qual é tratada como modo de aquisição da propriedade imobiliária. O hábito brasileiro de “bater uma laje” (puxadinho), levantando um segundo andar, é uma acessão, não benfeitoria.
OBS: no site do TJBA, no link corregedoria, acessar Jornadas de Direito Civil e ver o Enunciado sobre a partilha do “puxadinho”, uma das maiores dificuldades na partilha de bens na ação de divórcio.
Enunciado nº 18 - Nos termos do regime de bens aplicável, admite-se, em nível obrigacional, a comunicabilidade do direito sobre a construção realizada no curso do casamento ou da união estável - acessão artificial socialmente conhecida como "direito sobre a laje" -, subordinando-se, todavia, a eficácia real da partilha ao regular registro no Cartório de Imóveis, a cargo das próprias partes, mediante recolhimento das taxas ou emolumentos e tributos devidos.
Acessão, como visto, é o modo de adquirir propriedade que aumenta a estrutura da coisa principal. O mais importante é pontuar que uma construção aumenta o volume da coisa principal, aumentando a própria propriedade, diferentemente da benfeitoria, que é uma simples reforma na própria estrutura da coisa.
Na prática, todavia, isso não é simples: piscina é benfeitoria ou acessão? Em geral, trata-se de benfeitoria. Isso porque ela é uma obra que aproveita a estrutura do quintal, com a impermeabilização do quintal. É típica piscina voluptuária. Cuidado, entretanto, pois, segundo o professor, num colégio a piscina pode ser considerada útil. Numa clínica de hidroterapia é considerada necessária.
Uma piscina extremamente suntuosa, que aumenta o volume da coisa principal, pode chegar a ser considerada uma construção. 
Um campinho de futebol feito aparando-se a grama e colocando-se duas traves de madeira é benfeitoria voluptuária; o sujeito que realiza um estádio de futebol no fundo da casa faz uma construção, que deverá ser inclusive averbada no Registro de Imóveis.
6.3.5. Res nullius e res deperdita
Res nullius é a coisa de ninguém. É aquela coisa fora do comércio jurídico (EX: uma pedrinha), ou a coisa abandonada (res derelictae). Para o professor, res derelictae é espécie de res nullius. Em relação à res nullius, é possível o seu assenhoramento, posto não pertencer a ninguém.
Diferentemente, é a res deperdita, ou seja, aquela coisa perdida que se presume ser, ainda, de interesse do proprietário. Quando se encontra a res deperdita, deve-se comparecer à autoridade competente e entregá-la, sob pena de crime de apropriação indébita de coisa achada (art. 169, II, do CP). EX: achado de um celular ou um relógio.
“Achádego” nada mais é que o direito de recompensa da pessoa que acha a coisa perdida e a devolve à autoridade competente. 
	Res nullius
	Res deperdita
	Achádego
	É a coisa de ninguém, em relação a qual é possível a apropriação. 
Res derelictae é espécie de res nullius. É a coisa abandonada.
	Trata-se da coisa perdida, que se presume ser, ainda, de interesse do proprietário.
Deve ser devolvida à autoridade competente, sob pena de crime de apropriação indébita de coisa achada.
	É o direito de recompensa da pessoa que acha a coisa perdida e a devolve à autoridade competente.

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