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[CADERNO] IEDPrivado I (2ª prova)

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1 
 
 
 
IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PRIVADO I 
2º BIMESTRE - 2019.2 
 
MORTE 
 NOÇÕES GERAIS: a personalidade se encerra com a morte  fim da personalidade civil. 
Registro público  certidão de óbito. 
Medicamente falando, só há morte quando não há mais atividade cerebral. 
Art. 6º CC - A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos 
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
MORTE PRESUMIDA: A morte presumida só pode ser requerida depois de esgotadas as buscas e 
averiguações. Trata-se se situações específicas, em que a probabilidade de morte é muito grande. 
Art. 7º CC - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após 
o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida 
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do 
falecimento. 
OBS.: O casamento é extinto após a morte. 
 
COMORIÊNCIA: Em casos em que não se consegue definir a hora exata da morte das pessoas envolvidas, 
ou seja, não se sabe quem morreu primeiro, a lei considera que todos morreram ao mesmo tempo. Essas 
pessoas são declaradas COMORIENTES. 
 Ex.: um acidente de carro em que todos morrem, mas não se tem como saber quem morreu 
primeiro. 
Art. 8º - Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
IMPORTANTE: A comoriência é muito importante por conta de questões sucessórias. 
 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
EUTANÁSIA, DISTANÁSIA E ORTOTANÁSIA: não há regulamentos específicos sobre essas questões, o que 
se tem são resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM). 
Eutanásia 
O sujeito vai agir para provocar a morte do outro. Aqui, um sujeito tem uma conduta que causa a 
morte de outra pessoa. 
Se a pessoa não tivesse tido aquela conduta (ativa ou passiva), a outra pessoa não teria morrido. 
Formalmente, a pessoa responde por homicídio ao praticar a eutanásia  no nosso país, é ilegal!!! 
 
 Distanásia e Ortotanásia são opostas, mas nenhuma das duas é o oposto da eutanásia. 
 A Distanásia e a Ortotanásia se encaixam em um quadro em que se espera que a pessoa vai morrer // 
terminalidade da vida. 
 
Distanásia 
É o oposto da Ortotanásia. 
Aqui, diante desse quadro de terminalidade, vai agir justamente mantendo o sujeito vivo a todo 
custo, mesmo sabendo que a pessoa não vai se curar ou sequer sobreviver. 
O CFM não aceita!!! 
 
Ortotanásia 
Hoje em dia é indicado que o médico pratique a Ortotanásia. // O CFM aceita a ortonásia, e não a 
distanásia. 
Deixa que a vida tenha o seu curso natural e a pessoa morre. É a não interferência, a não utilização 
de meios artificiais para manter o sujeito vivo a qualquer custo. 
 
AUSÊNCIA 
CONCEITO: “Ausência é a presunção da morte da pessoa física, para fins civis, em virtude de 
desconhecimento de seu paradeiro, após longo tempo e cujas circunstâncias levam a fundadas duvidas da 
continuação de sua existência”. 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Art. 22 CC - Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado 
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer 
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
Aqui se fala de uma pessoa que está desaparecida sem que se tenha notícias do seu paradeiro. Ex.: “Tal 
pessoa saiu para comprar cigarro e nunca mais voltou”  situações em que não oferecem um risco. // Na 
ausência, a pessoa desapareceu, mas não foi em situações de perigo, em que é provável que ela tenha 
morrido. 
A ausência é decretada e vai girar em torno de dois grupos de interesses distintos. Por um lado, tem-se o 
interesse do ausente (pois a pessoa desaparece, mas a vida dela continua – Ex.: os bens continuam 
existindo, os boletos continuam chegando, etc.); mas em paralelo, tem-se uma preocupação com os 
sujeitos relacionados a essa pessoa ausente (Ex.: filhos). 
Então, essa pessoa desaparece, e algum interessado ou, eventualmente o próprio MP, vai até o juiz 
ingressar com uma ação para que a pessoa seja declarada ausente  ATENÇÃO: a ausência é fruto de um 
processo judicial. 
A primeira fase desse processo é chamada de CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE: 
O artigo 22 traz a expressão “sem que tenha deixado representante ou procurador”, pois pode ser que a 
pessoa esteja desaparecida, mas que ela tenha planejado desaparecer. Nesse caso, não vai de imediato 
nomear um curador, pois por enquanto essa pessoa vai praticar os atos em nome do ausente. // em sendo 
decretada a ausência de fato, ter-se-á um curador. 
Após ter ingressado com a ação, o juiz escolhe alguém que vai ser curador dos interesses desse ausente 
(caso ele não tenha deixado representante ou procurador). Observem que o processo de escolha de um 
curador aqui é totalmente diferente das situações dos incapazes (pois aqui na ausência a pessoa não tem 
nenhuma dificuldade, a pessoa escolhida vai agir em nome do sujeito). 
A lei traz uma ordem de escolha desse curador  art. 25: O cônjuge do ausente, sempre que não esteja 
separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu 
legítimo curador. 
 Em tese, se uma pessoa estiver separada da outra há um ano, ainda assim será escolhida como 
curador – o que não faz muito sentido. O juiz pode avaliar as circunstâncias e passar para o 
“próximo da lista”. 
 Entende-se por “cônjuge” o companheiro também. 
§ 1º Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta 
ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. 
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. 
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. 
 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Quando o juiz nomeia o curador, ele também já diz quais são os poderes que esse curador tem, ou seja, o 
que é que ele pode fazer. Esse curador vai ter certos poderes e também obrigações, como promover a 
arrecadação dos bens do ausente. 
 Essa arrecadação é uma espécie de “lista” de todos os bens que o ausente tem  e depois deve 
informar ao juiz para que mais a frente possa ser realizada a partilha. 
 Envolve também o “prestar contas”. 
 
A segunda fase é chamada de SUCESSÃO PROVISÓRIA: 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou 
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se 
abra provisoriamente a sucessão. 
 1 ano é a regra!!! 
 3 anos em caso de existir representante pré-estabelecido. 
 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: 
I - o cônjuge não separado judicialmente;II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; 
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 Esse artigo trata de quem pode pedir/abrir o processo de sucessão provisória. // qualquer 
interessado ou o MP. 
 
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta 
dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do 
testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. 
 Importante ressaltar que essa partilha de bens é feita ainda em caráter provisório!  nesse 
contexto, o juiz pode atuar visando a proteção dos bens (Ex.: evitar a desvalorização de um carro) 
// Olhar art. 29 e 31 CC! 
§ 1º Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao 
Ministério Público requerê-la ao juízo competente. 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
§ 2º Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar 
em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do 
ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. 
 
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos 
a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. 
 
Importante ressaltar que, quanto mais o tempo passa, mais a proteção do ausente vai diminuindo, e a dos 
herdeiros vai aumentando (pois ainda há a possibilidade de retorno do ausente). 
 
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, 
mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. 
 Essa posse é provisória, pois ainda não foi declarado o óbito do ausente! Ou seja, não 
necessariamente ocorrerá a transmissão da propriedade. O que há aqui é o usufruto do bem. 
 Garantias de restituição  Ex.: hipotecas. 
§ 1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será 
excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro 
designado pelo juiz, e que preste essa garantia. 
§ 2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, 
independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. 
 
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando 
o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. 
 
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o 
ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. 
 
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os 
frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar 
metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do 
Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. 
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, 
perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
 Ainda sobre os frutos: se o ausente volta, como fica a situação? 
 Os frutos que ficaram com as pessoas, o ausente perde; 
 Os capitalizados, diante de uma causa para o ausente ter desaparecido (Ex.: sequestro) voltam 
para ele. 
 Se o ausente desapareceu por razão injustificada ou por ausência voluntária, usa-se a regra do 
art. 33  perde os frutos. 
 
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe 
seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. 
 Excluído = que não é herdeiro, cônjuge, ascendente ou descendente e que não prestou garantia 
por falta de recurso econômico. 
 Quinhão = seriam os frutos. 
 Ex.: Há um apartamento alugado por 2000 reais ao mês. Os frutos são os alugueis recebidos. 
Em regra, seriam capitalizado 1000 reais e os outros 1000 seriam do herdeiro que não é direto. 
Mas nesse caso, que a pessoa não teve como prestar garantias, só receberá 500 reais (1/4). 
 
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, 
nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. 
 Assim, a sucessão provisória torna-se definitiva. 
 
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, 
cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as 
medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. 
 Medidas assecuratórias = cuidados com o bem. 
 
A terceira fase (e última) é chamada de SUCESSÃO DEFINITIVA: 
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, 
poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. 
 Deixa de ser provisoriamente sucessor para um papel quase igual ao de um sucessor definitivo. 
 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de 
idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
 Esse artigo trata de uma exceção no caso de abertura antecipada da sucessão definitiva. 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
 Precisa provar que o ausente tem 80 anos ou mais; e, além disso, se já passaram 5 anos desde 
as últimas notícias dele. 
 
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus 
descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, 
os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos 
bens alienados depois daquele tempo. 
 O ausente voltando dentro de 10 anos desde a abertura da sucessão definitiva, ele tem direito 
aos bens que restarem. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum 
interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do 
Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, 
quando situados em território federal. 
 
PESSOA JURÍDICA 
NOÇÕES GERAIS: Reflexo Patrimonial  2 patrimônios diferentes. 
As PJs alcançam coisas que o ser humano (pessoa natural) pode não conseguir. Ex.: existir para sempre. 
Teoricamente, teria mais “poderes” que a pessoa natural, por isso a necessidade de regramentos. 
 
NATUREZA JURÍDICA : 
Teoria Negativista: nega a existência da pessoa jurídica, ou seja, nega a sua natureza. 
Teoria Afirmativista: (teoria da ficção) a pessoa jurídica não teria existência social, somente ideal, sendo 
produto da técnica jurídica // abstração. 
Teorias Realistas: 
 Teoria da Realidade Objetiva: a PJ teria existência teria existênciasocial e consiste em um 
organismo vivo na sociedade // equiparação com o ser humano. 
 Teoria da Realidade Técnica: não busca dar uma paridade com a pessoa natural. Reconhece a 
atuação social da PJ, admitindo ainda que a sua personalidade é fruto da técnica jurídica. // é a 
mais usada hoje em dia!!! 
 
FUNÇÃO SOCIAL: a busca pelos objetivos das PJs não pode acontecer a qualquer custo, ou seja, não pode 
causar transtornos à sociedade. 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Ex.: questão ambiental - uma empresa que tem que descartar resíduos e o faz jogando esses resíduos em 
um rio  isso seria inaceitável por ser prejudicial à sociedade; o ideal seria fazer o tratamento adequado. 
// Ex.: Há limites legais para a utilização de agrotóxicos. 
A questão da função social não está vinculada apenas a fatores de ordem ética, mas também de ordem 
patrimonial (Ex.: proibição de cartéis por conta da competência desleal). 
 
DIREITO DA PERSONALIDADE: a redação do artigo 54 do CC não diz que a PJ tem, de fato, direitos da 
personalidade, mas pode-se pensar, por analogia, em alguns fatores que podem ser aplicados a ela // 
equiparação em certos casos. 
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. 
Ex.: o direito ao corpo não tem como se encaixar aqui. 
O escopo de aplicação dos direitos da personalidade na PJ é bem mais restrito do que em relação à pessoa 
natural. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. 
 Direto Público X Direito Privado. 
 As PJs de Direito Público ainda se dividem no que toca aos âmbitos interno ou externo. 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
 OBS.: criação de uma autarquia  as autarquias são pessoas jurídicas de direito público da 
administração indireta, ou seja, o poder pega alguma competência que seria sua, destaca essa 
competência e cria um órgão que será responsável por regulamentar aquele determinado 
assunto/matéria. (Ex.: a Transalvador é uma autarquia vinculada à prefeitura de Salvador). 
 OBS.: os órgãos de fiscalização profissional (como OAB, CRM, CREA) são autarquias!!! 
o No entanto, a OAB tem caraterísticas singulares  categoria diferenciada de pessoa 
jurídica. 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha 
dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas 
deste Código. 
 Temos, aqui no Brasil, empresas públicas - como a Petrobrás. A empresa pública, embora seja 
uma pessoa jurídica de direito público, no que tocar à estrutura dela que tenha sido dada uma 
estrutura de direito privado, será regulamentado pelas regras de direito privado. (Ex.: a 
exportação de petróleo ou derivados.  nesse caso, a Petrobrás age como uma empresa 
privada; mesmo sendo uma pessoa jurídica de direito público, terá uma configuração que será 
regida pelo direito privado. 
 
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que 
forem regidas pelo direito internacional público. 
 
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes 
que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, 
se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações 
religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e 
necessários ao seu funcionamento. 
§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são 
objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. 
§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. 
 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
ASSOCIAÇÕES 
Pessoa jurídica de direito privado criada a partir da reunião de pessoas e cuja finalidade não é a 
obtenção de ganhos financeiros para os associados. Ex.: associações de bairro. 
Pode ter uma produtividade, mas não como objetivo. Ou seja, o fato de não poder ter uma finalidade 
econômica não significa que não possa ganhar dinheiro – toda PJ, para se manter, precisa de receita. 
Ex.: uma associação de moradores que passa a vender bolos para arrecadar dinheiro. 
Os ganhos são investidos na própria associação!!! 
IMPORTANTE: Na associação, não há sócios, e sim ASSOCIADOS!!! 
Há a intervenção mínima do estado. 
São regidas, em suas relações internas, pelo Estatuto Social  regula o vínculo dos associados e 
daqueles que passarão a fazer parte da associação futuramente. 
Não há entre os associados direitos e obrigações recíprocas - Art. 53 CC: Constituem-se as 
associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não 
há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. 
 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
 Não pode haver discriminação em relação aos critérios estabelecidos. 
 As relações são entre os associados e a associação, e não entre os associados entre si. 
 A lei permite a categorização de associados, direitos diferentes; no entanto, essa 
categorização não pode retirar direitos básicos (Ex.: a categoria X de associados não pode 
entrar na sede da associação)  afeta a própria ideia de associação. 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. 
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. 
 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com 
vantagens especiais. 
A qualidade de associado é, em regra, intransmissível, salvo se o estatuto trouxer norma diversa. - 
Art. 56 CC: A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. 
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a 
transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao 
adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. 
Oassociado entra e sai da associação quando quiser!!! 
O art. 57 trata da exclusão do associado - Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo 
justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos 
termos previstos no estatuto. 
 Só é admissível com justa causa, e esta justa causa tem que estar prevista no estatuto. 
 Há o direito de defesa e de recurso // situação democrática. 
 Processo interno para a exclusão do associado. 
 Não se exclui a possibilidade de recurso judicial (situações excepcionais). 
 
O art. 58, por sua vez, trata da importância do estatuto  Art. 58. Nenhum associado poderá ser 
impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos 
casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. 
 
O art. 59 explicita que toda associação tem, necessariamente, uma Assembleia Geral. E a 
competência dela vai ser definida pelo estatuto. // OBS.: a ideia de se ter uma assembleia geral é de 
que todos compareçam. 
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: 
I – destituir os administradores; 
II – alterar o estatuto. 
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido 
deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido 
no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. 
 Ou seja, se o objetivo da AG for um desses dois incisos, não pode haver outra pauta. 
 O quórum deve ser estabelecido no estatuto, e caso este seja omisso no tocante à maioria, 
será de 2/3. 
 
 
 
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IED Privado I – Monitoria 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Normalmente quem convoca a AG são os administradores. 
 
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um 
quinto) dos associados o direito de promovê-la. 
 
Sobre a extinção da Associação: 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se 
for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à 
entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos 
associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. 
 A entidade a que se refere esse artigo pode ser associação ou fundação, com mesma 
finalidade ou semelhante, e pode ser privada. 
§ 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes 
da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo 
valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. 
 Os associados podem requerer os recursos investidos na associação se o estatuto assim o 
permitir ou com deliberação dos associados caso o estatuto seja omisso. 
§ 2º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação 
tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se 
devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. 
 
SOCIEDADES 
Há todo tipo de empresa, mas há um serie de possíveis organizações empresariais que estão 
inseridos neste inciso da sociedade (Art. 44, II). Tanto a sociedade quanto a associação são formadas 
a partir da reunião de pessoas (vontades). 
Criada com uma finalidade lucrativa para os seus sócios  partilha econômica de resultados // 
reunião de pessoas para o exercício de uma finalidade econômica. 
 
FUNDAÇÕES 
As fundações têm uma estrutura organizacional diferente da associação e da sociedade. 
 
 
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Marianna Campelo 
 
Diferentemente da associação e da sociedade, a fundação pode ser criada pela vontade de uma só 
pessoa (o instituidor pode ser uma pessoa física ou jurídica), ou seja, não há o requisito da 
pluralidade de vontades como ocorre nas outras. 
Formada pela dotação de um patrimônio  uma pessoa pega determinados bens seus, separará do 
seu patrimônio e essa parte que foi separada (que é um novo patrimônio) será a base patrimonial da 
fundação. // Trata-se de um complexo de bens ao qual se atribui personalidade jurídica com um 
determinado fim. 
PATRIMÔNIO + FINALIDADE (não lucrativa e estabelecida pelo instituidor) = FUNDAÇÃO. 
O lucro obtido vai para a própria fundação!!! 
Quais são as finalidades (não econômicas) da Fundação? Se aproxima da finalidade da associação. // 
Vale ressaltar que existe uma discussão a respeito desse artigo 62 do CC  seria um rol 
exemplificativo ou taxativo? 
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, 
dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a 
maneira de administrá-la. 
 As fundações não podem ser criadas por instrumento particular – exigem escritura 
pública ou testamento. 
 OBS.: Bens Livres = bens que não estão direcionados para pagamento de nenhuma 
dívida, que não estão como garantia de uma obrigação, etc. 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: 
I – assistência social; 
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; 
III – educação; 
IV – saúde; 
V – segurança alimentar e nutricional; 
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento 
sustentável; 
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas 
de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; 
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; 
IX – atividades religiosas; e 
 
 
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Marianna Campelo 
 
 ATENÇÃO: Organização Religiosa ≠ Associação com Finalidade Religiosa ≠ Fundação com 
Finalidade Religiosa. 
X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) 
 
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro 
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou 
semelhante. 
 Esse artigo trata da situação em que não se consegue criar a fundação. 
 “...se de outro modo não dispuser o instituidor...”  o instituidor pode alegar, por exemplo, 
que se o patrimônio não for suficiente, este voltará para o seu patrimônio original. 
 
CRIAÇÃO DA FUNDAÇÃO: 
Pode ser criada pela vontade de uma única pessoa (PF ou PJ). Não há, aqui, a necessidade de uma 
pluralidade de vontades. O elemento pessoal, aqui, não é necessário. 
Criação por ato inter vivos  o instituidor vai até o cartório fazer a dotação dos bens destinados à 
fundação. Dá-se através de um ato formal (que deverá constar a finalidade da fundação), que é a 
escritura pública, praticado pelo instituidor, obrigatoriamente. 
 O instituidor, se for pessoa física, não poderá dispor de mais de metade de seu patrimônio, se 
tiver herdeiros necessários, e também não poderá dispor do patrimônio de forma que 
comprometa a própria subsistência. 
o Art. 1.845 CC: São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. 
Criação por ato mortes causa  via testamento. 
 O instituidor só pode destinar para a criação da fundação bens que estejam na sua partedisponível da herança. Se o sujeito tiver herdeiros necessários, continua-se preservando a 
legítima (metade da herança para os herdeiros e a outra metade para a fundação). 
o OBS.: se não houver herdeiros necessários, pode destinar todo o patrimônio para a 
criação da fundação. 
 
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-
lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, 
em nome dela, por mandado judicial. 
 Uma vez que se dê início ao processo de criação da fundação, os bens - ainda que naquele 
momento estejam no patrimônio do instituidor – passam a estar destinados à fundação. Se 
não o fizer, serão registrados, em nome da fundação, por mandado judicial. 
 Aqui há a fiscalização do MP (Art. 66). 
 
 
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Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do 
encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, 
submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. 
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo 
prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. 
 Esse artigo determina que o instituidor escolherá quem ficará responsável pela criação do 
estatuto, e essa pessoa, logo após a criação do mesmo, o levará para que haja a aprovação 
do MP  e só depois dessa aprovação que poderá registrar esse estatuto em cartório. 
 Tendo ciência do encargo, a pessoa vai ter que cumpri-lo dentro do prazo estabelecido. 
 
FISCALIZAÇÃO DO MP: 
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. 
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público 
do Distrito Federal e Territórios. 
§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao 
respectivo Ministério Público. 
OBS.: A atuação do MP, aqui, é mais forte que nas outras pessoas jurídicas de direito privado. Isso 
porque, na fundação, não há a vontade das pessoas de fato, como uma fiscalização recíproca; há 
apenas pessoas incumbidas da administração da fundação/dos bens. 
 
SOBRE A MODIFICAÇÃO DO ESTATUTO DA FUNDAÇÃO: 
O Estatuto é criado pela pessoa designada pelo instituidor ou pelo MP se assim não o fizer. 
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: 
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; 
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; 
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) 
dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a 
requerimento do interessado. 
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da 
fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à 
minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias. 
 
 
 
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EXTINÇÃO DA FUNDAÇÃO: 
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo 
de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, 
incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, 
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. 
 
ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS 
Equivalente a igreja, pois pouco importa qual a matriz de religião, o que importa é que é uma 
organização religiosa para defender uma certa fé. 
A ideia aqui é de que não seja possível ao poder público criar empecilhos para uma certa religião. 
(Ex.: se houver tributação, organizações religiosas de menor porte não conseguirão se manter). 
Art. 44, § 1º CC: São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das 
organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos 
atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. 
De qualquer forma, essa liberdade de funcionamento não afasta o controle da legalidade e 
legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame pelo judiciário, da 
compatibilidade de seus atos com a lei e com os seus estatutos. 
A liberdade religiosa, consagrada constitucionalmente no art. 19 da CF/88, restringe-se ao culto e sua 
liturgia, não sendo admitido o desenvolvimento de atividades empresárias, jornalísticas, etc., ainda 
que os resultados econômicos sejam voltados para dar sustentação a projetos desenvolvidos pela 
respectiva comunidade religiosa. 
 Em tese, é louvável, mas sabemos da existência de organizações religiosas que detêm, por 
exemplo, canais de televisão e outras atividades econômicas  distorções. 
 O culto e as atividades espirituais não podem ficar em posição secundária na organização 
religiosa, sob pena de descaracterizar sua natureza. 
 
PARTIDOS POLÍTICOS 
Tem uma estrutura que lembra a da associação  as pessoas se organizam de um modo específico. 
Os partidos políticos, ao contrário do que acontece com as organizações religiosas, têm uma criação 
mais complicada. 
 São alguns elementos necessários para a criação de um partido político: 
o Deve ter X% de eleitores; 
o Fazer o registro federal; 
o Fazer registro junto ao TSE; etc. 
 
 
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Art. 44, § 3º CC: Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei 
específica. 
 
EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI) 
É similar a uma sociedade, porque também visa o lucro. 
É uma PJ criada somente por uma pessoa natural. 
Aqui, é muito claro que o objetivo é permitir que essa pessoa natural, ao empreender, possa escolher 
quanto do seu capital vai arriscar nessa atividade empresarial – para poder ficar separado o que é 
patrimônio da PJ e o que é patrimônio da pessoa natural. 
 Estuda-se a EIRELI de forma mais aprofundada na matéria de Direito Empresarial e Societário!!! 
 
CRIAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA: existem 3 regimes!!! 
Livre Formação: nesse caso, bastaria que os entes particulares se reunissem, fizessem o ato constitutivo e, 
automaticamente, a pessoa jurídica estaria criada. 
 Esse regime não é adotado, pois há um problema de segurança em estar no Brasil, pois sem 
qualquer registro pode-se criar e extinguir pessoas jurídicas e assim haveria fraude. 
Reconhecimento: é outro regime extremo. Aqui, para que a PJ seja criada, seria necessária a autorização 
Estatal. 
 Esse regime não é adotado em nosso ordenamento, salvo em casos excepcionais. (Ex.: se um 
sujeito quiser abrir um banco, não pode simplesmente fazer isso sem a autorização do 
Estado). 
Disposições Normativas: o sujeito é livre para criar a PJ, mas precisa fazer o registro desta para que passe a 
existir. O controle do Estado, aqui, é apenas de atendimento aos requisitos. // autonomia + segurança. 
 Esse regime é a regra em nosso ordenamento. 
 OBS.: antes do referido registro, tem-se a sociedade de fato. 
o Então, em regra, é preservadaa separação patrimonial entre os titulares da PJ e a PJ 
em si. Se a PJ passa a ser insolvente, isso não afeta o patrimônio dos sócios. Mas, se 
existe uma sociedade de fato e não existe a pessoa jurídica, e acontecendo esses 
reverses, quem arca são as pessoas naturais. 
 
REQUISITOS PARA CRIAR A PESSOA JURÍDICA: 
 
 
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Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato 
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder 
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito 
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
Art. 46. O registro declarará: 
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; 
 Pode-se criar uma PJ por determinado tempo para fiscalizar uma eleição, por exemplo. 
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; 
 Deve indicar quem está criando e quem são as primeiras pessoas responsáveis pela 
administração da pessoa jurídica. Essa informação no registro não implica que a pessoa seja 
diretora para sempre, mas no momento de criação da PJ deve-se saber quem está responsável 
pela administração. 
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; 
 Explicitar quem são os representantes dessa PJ, seja do ponto de vista judicial ou extrajudicial. 
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; 
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; 
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. 
 
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes 
definidos no ato constitutivo. 
 O que as pessoas que administram podem fazer ou não vem definido no ato constitutivo. 
 Se o ato do administrador for exercido dentro dos poderes que tem, ainda que seja um ato 
contrário à PJ, esta estará obrigada ao que surgir daí. 
 
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos 
presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando 
violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. 
 
 
 
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Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, 
nomear-lhe-á administrador provisório. 
 Situação atípica!!! 
 
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou 
administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019). 
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e 
segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração 
de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. 
 
CAPACIDADE E REPRESENTAÇÃO: 
Há representantes não no sentido de (in)capacidade da PJ, mas no sentido de representar como um modo 
de plasmar a própria pessoa jurídica no mundo. 
Alguns autores preferem nem usar a palavra “representação”, pois defendem que seria uma “presentação” 
– o sujeito seria um presentante da PJ, e não um substituto de alguém, é como se fosse a própria pessoa 
jurídica ali. 
Esses poderes de representação devem estar contidos no estatuto!!! 
 
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA: 
Extinção Convencional: os sujeitos entram em acordo para criar a pessoa jurídica e, posteriormente, 
tomam a decisão de extingui-la. Ex.: cria-se uma PJ com o intuito de fazer ela durar 2 anos. 
Extinção Legal: a lei traz requisitos para que a pessoa jurídica possa existir, e quando esses requisitos de 
existência não estão mais presentes, a PJ não tem como continuar existindo // Ex.: uma associação em que 
morreram todos os seus associados, acabando o requisito que tinha para que a PJ pudesse existir. 
Extinção Administrativa: dá-se quando é retirado da pessoa jurídica o requisito de autorização do qual ela 
depende para existir. Se o Estado vier a retirar essa autorização, dá-se a extinção da PJ. 
Extinção Judicial: dá-se quando tem uma sentença judicial determinando o fim daquela PJ. 
 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela 
subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. 
 Liquidação = balanço patrimonial dessa PJ. 
 
 
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§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. 
§ 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas 
jurídicas de direito privado. 
§ 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. 
 Não se pode encerrar uma PJ se ela estiver com dívidas. 
 Se uma PJ tiver mais ativo que passivo, paga-se aos credores e o que restar terá uma destinação. 
Se tiver mais passivo que ativo, haverá um processo de insolvência ou falência. 
 
 A extinção, assim como a criação, depende do registro. Deve-se ir ao mesmo cartório para extinguir. De 
modo supletivo, há as regras de liquidação da sociedade. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL E DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
RESPONSABILIDADE CIVIL: a ideia básica de responsabilidade é a de que uma pessoa causou dano a outra 
e, por conta disso, surge o dever de indenizá-la. 
 Conduta (ação ou omissão); 
 Dano (patrimonial ou extrapatrimonial); 
 Nexo Causal (relação entre a conduta da pessoa e o dano causado). 
No nosso ordenamento, existe a responsabilidade Civil Subjetiva e a Objetiva. 
 Subjetiva: na responsabilidade civil subjetiva, além dos elementos de conduta, dano e nexo causal, 
há de se averiguar a culpa. Ou seja, o agente causador de determinado dano teve uma atitude de 
dolo ou culpa que causou aquele ato. // A regra é que, no tocante à indenização, não importa se 
teve dolo ou culpa, vai ter que indenizar de qualquer forma. // a regra é a subjetiva. 
 Objetiva: a questão da culpa, aqui, é irrelevante. Tem que haver apenas o nexo causal entre a 
conduta e o dano. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA: há situações em que será responsabilidade civil subjetiva 
e outras que será objetiva. 
Art. 43 CC - As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus 
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores 
do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
 Responsabilidade Civil Objetiva do Estado. 
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes 
definidos no ato constitutivo. 
 
 
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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: 
Há de se falar na separação do patrimônio da pessoa jurídica e da pessoa física. É um fator que estimula o 
empreendedorismo (no caos das sociedades, por exemplo). 
Aqui, tem como afetar o patrimônio do sócio. 
 Proteção (?) 
 Muitas vezes essa separação é usada de forma abusiva  A medida que o patrimônio da PJ 
cresce, este é transferido para o patrimônio da PF de forma indevida – exemplo de um 
empregado que precisava provar a existência de bens em uma empresa e não ter mais nada. 
Surgiu, historicamente, como forma de evitar abusos no uso da autonomia patrimonial da pessoa jurídica a 
Desconsideração da Personalidade Jurídica. 
ATENÇÃO: Desconsideração da Personalidade Jurídica ≠ Extinção da Pessoa jurídica. 
 A desconsideração é pontual e episódica – ocorre em situações específicas  não significa o 
fim da limitação entre os patrimônios. 
 Há a suspensão episódica e temporária da autonomia patrimonial da PJ em relação a terceiros 
prejudicados. 
 A desconsideração não significa o encerramento das atividades da PJ. 
 
São expressões importantes: DISREGARD DOCTRINE e DISREGARD OF LEGAL ENTITY. 
 
Existem teorias sobre a desconsideração: 
 TEORIA MENOR: basta que a pessoa jurídica não tenha bens suficientes para pagar a dívida para 
que a personalidade jurídica seja desconsiderada. 
 TEORIA MAIOR: patrimônio insuficiente para pagar a dívida + abuso de personalidade jurídica. 
 Teoria Maior Objetiva: além de não ter bens suficientes para pagar a dívida, se exige ainda 
que tenha acontecido o abuso de personalidade. // esse abuso de personalidade se 
caracteriza por desvio de finalidade ou confusão patrimonial. 
 Teoria Maior Subjetiva: além da insuficiência de bens e do abuso de personalidade, exige-se 
a indicação de que o sócio quis fazer tal coisa (ideia de intencionalidade). 
 
 Se em cada uma dessas teorias se tem mais requisitos, significa que vai ficando mais difícil fazer a 
desconsideração. 
OBS.: só no ano de 2019, o art. 50 já foi modificado 2 vezes. // influência da MP 881 que já foi aprovada 
pelo congresso com algumas mudanças. 
 
 
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Art. 50 CC - Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela 
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber 
intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações 
sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados 
direta ou indiretamente pelo abuso. 
Esse art. 50 é aplicado para as relações de direito civil. Em outras áreas do nosso ordenamento existe 
também a ideia de desconsideração, como por exemplo, o art. 28 do CDC: 
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do 
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos 
estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de 
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. 
 O caput desse artigo é claramente uma aplicação da teoria maior objetiva. 
§ 1° (Vetado). 
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente 
responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. 
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste 
código. 
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma 
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
 Aqui, tem-se uma situação de teoria menor. 
 
Até antes dessas mudanças através da MP, ou seja, até o inicio desse ano, podia-se dizer tranquilamente 
que a teoria adotada pelo CC é a maior objetiva. Hoje, isso já não é tão verdade (em alguns casos pode ser 
maior subjetiva). 
Em relação ao artigo 50, mudou o final (que diz “...beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.”). 
Continua sendo a ideia de que só vai poder acontecer a desconsideração se acontecer abuso de 
personalidade. Antes, o CC não tinha se dedicado a explicar o que seria desvio de finalidade ou confusão 
patrimonial (não tinha feito isso porque não há como imaginar previamente todas as situações). 
Atualmente, foram criados parágrafos em que se elenca (taxativamente) o que é desvio de finalidade e o 
que é confusão patrimonial. 
 A legitimidade para requerer pode ser de um credor que está sendo prejudicado, por exemplo, ou do 
MP quando lhe couber intervir em determinada situação. 
 Aqui, desconsidera a personalidade jurídica para alcançar o patrimônio do sócio. 
 
 
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Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela 
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe 
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de 
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica 
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019). 
 Antes, por exemplo, se tinha 4 sócios da PJ e teve confusão patrimonial do patrimônio da 
PJ com o patrimônio de um deles  tendo acontecido a confusão patrimonial, você 
poderia desconsiderar a personalidade jurídica para atingir o patrimônio de qualquer 
sócio. Hoje, com essa mudança, só poderia atingir o patrimônio do sócio que se prove que 
foi beneficiado pelo abuso de personalidade (se não provar que foi beneficiado, não pode 
atingir o patrimônio dele). 
 Hoje, tem que provar que aconteceu a confusão, que trouxe beneficia para um sócio, e só 
poderá atingir esse sócio específico. 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o 
propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 
13.874, de 2019). 
 Esse parágrafo trata do desvio de finalidade. 
 Quando se diz que esse desvio vai se caracterizar pelo “proposito de lesar credor”, 
significa dizer que precisa que o sujeito tenha tido a intenção de lesar o credor.  logo, 
nesse caso é a teoria maior subjetiva. 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, 
caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019). 
 Esse parágrafo trata da confusão patrimonial. 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; 
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019). 
 “repetitivo”  é uma expressão emblemática, pois vai significar que existiu uma confusão 
patrimonial se, por exemplo, a PJ continuamente fica pagando dividas do sócio. 
 Em tese, se pagar uma divida uma única vez não se encaixaria no “repetitivo” – poderia 
ser, por exemplo, uma única divida de 1 milhão de reais. 
 “repetitivo” é um conceito indeterminado. 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor 
proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019). 
 Aqui, fala de transferência patrimonial. 
 Ex.: a PJ compra um carroe depois transfere para o sócio. 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019). 
 
 
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§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de 
sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019). 
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste 
artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 
13.874, de 2019). 
 Aqui, se faz uma ressalva para explicar algo que não é confusão patrimonial. 
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da 
atividade econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019). 
 
 
Abuso da Personalidade Jurídica 
 
 
Não basta o patrimônio ser insuficiente para pagar a dívida; além disso, o CC exige que tenha havido o 
abuso da personalidade. 
 
Subteorias: 
Desconsideração Inversa 
Aqui, as dívidas do sócio passam a ser da PJ. 
Muito presente no direito de família  Casos de divórcio, por exemplo. 
Visa alcançar a parte patrimonial que normalmente não se conseguiria alcançar. 
Art. 133 do NCPC/2015. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido 
da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. 
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. 
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. 
 
Desconsideração Expansiva 
Casos de sócios ocultos que ficam por trás de um “laranja”, no caso o que procura se esconder será 
afetado. 
Desvio de Finalidade 
 Confusão Patrimonial 
 
 
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Quando ocorre a desconsideração, percebe-se que o “laranja” não tem nada a oferecer. 
Tem que ser comprovada a existência do sócio oculto!!! 
 
Desconsideração Indireta 
Aqui, faz-se a desconsideração para atingir o patrimônio de outra pessoa jurídica  casos de empresas 
controladoras utilizando da personalidade jurídica da empresa controlada para prejuízo de terceiros ou 
para obtenção de vantagens indevidas. 
Comum nos casos de grandes empresas que controlam outras  criação de um ambiente mais “seguro” 
para a empresa controladora. 
 
Desconsideração e Subcapitalização 
Já na própria formação da PJ há uma situação de desconsideração da personalidade jurídica. 
Ex.: quando não se integraliza o capital  o investimento vale 150 mil reais, mas foi declarado como se 
valesse 200 mil reais. 
Capital Subcapitalizado + Impossibilidade de Pagamento. // capital insuficiente para as despesas 
desempenhadas. 
A falta de capitalização é fator que pode demonstrar o abuso, ensejando a desconsideração da 
personalidade jurídica, pois é intuitivo que o direito de associação pressupõe a correta capitalização, 
garantindo interesses de terceiros. 
 
DOMICÍLIO 
DOMICÍLIO X RESIDÊNCIA: 
Domicílio é a sede jurídica da pessoa natural. 
Art. 70 CC – “O domicilio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo 
definitivo”. 
Para ser considerado domicílio, a pessoa tem que ter a intenção de permanecer ali. 
 OBS.: o domicílio tem proteção constitucional!!! 
Não significa que tem que ser proprietário  tem a ver com a intenção de tornar aquele local o centro de 
suas atividades. 
 
 
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ATENÇÃO: nem sempre a residência é o domicílio. 
 
 
UNIDADE, PLURALIDADE E “FALTA” DE DOMICÍLIO: 
Art. 71 CC – Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde alternadamente viva, considerar-
se-á domicílio seu qualquer delas. 
 Exemplo da pessoa que mora em Salvador e tem uma casa de praia a qual comparece todos os 
finais de semana  ambas as casas seriam domicílio. 
Art. 72 CC – É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar 
onde esta é exercida. 
Parágrafo Único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio 
para as relações que lhe corresponderem. 
 Esse artigo trata do DOMICÍLIO PROFISSIONAL  Se aplica somente às atividades profissionais!!! 
 Não há, no CC, qualquer prevalência ou maior importância do domicílio pessoal em relação ao 
profissional e vice-versa. 
Art. 73 CC – Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for 
encontrada. 
 Esse artigo trata do DOMICÍLIO OCASIONAL. 
 Ex.: moradores de rua; ciganos; integrantes de circo; etc. 
 É uma espécie de ficção! Considera-se o domicílio dessas pessoas esses locais mesmo que não 
atendam aos requisitos para serem considerados domicílio. 
 
ESPÉCIES: 
Domicílio Voluntário X Domicílio Necessário: 
Domicílio Voluntário: 
 Art. 74 CC – Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. 
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos 
lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as 
circunstâncias que a acompanharem. 
 Ânimo Definitivo!!! 
Domicílio Necessário: 
 Art. 76 CC – Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. 
Elemento Objetivo (residência) + Elemento Subjetivo (ânimo definitivo) = DOMICÍLIO 
 
 
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Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor 
público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo 
da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; 
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. 
 Não decorre da vontade humana, mas da lei. 
 
OBS.: Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem 
designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto 
do território brasileiro onde o teve. 
 A regra é o domicílio ser o lugar em que ele se encontra. 
 
 
Domicílio Geral X Domicílio Especial: 
Domicílio Geral: é o domicílio que resulta da ligação de alguém com determinado lugar, seja em virtude de 
escolha (voluntário), seja por imposição legal (necessário). 
 
Domicílio Especial: também chamado de “Domicílio de Eleição” ou “Domicílio Contratual”, é aquele que 
resulta de determinado contrato. 
 Art. 78 CC – Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem 
e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 
 As partes escolhem um local para o cumprimento de obrigações. 
 Exemplo: resolução de questões da Faculdade Baiana de Direito em Manaus  totalmente inviável. 
 Tem que haver o equilíbrio. 
 É preciso analisar o caso concreto para verificar se não há obstáculo aocomparecimento em juízo. 
 OBS.: nas relações de consumo e adesão, essa cláusula não é válida. 
 
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA: 
Art. 75 CC – Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
I - da União, o Distrito Federal; 
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; 
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou 
onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. 
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será 
considerado domicílio para os atos nele praticados. 
 
 
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§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa 
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, 
sito no Brasil, a que ela corresponder. 
 
BENS 
CONCEITO: são valores materiais ou imateriais que podem servir como objeto de uma relação jurídica. 
Compreendem as coisas e bens incorpóreos. 
Ao contrário das pessoas, que titularizam direitos, os bens são objetos. 
Algo que tem um valor para o sujeito. Não necessariamente tem um valor econômico, mas algo que traga 
um benefício. 
 Bens Patrimoniais X Bens Extrapatrimoniais. 
BENS X COISAS: 
Coisa  algo que necessariamente tem uma manifestação no mundo físico. 
 Coisas Corpóreas X Coisas Incorpóreas. 
o Coisas corpóreas  Aquela que, por sua própria substância, pode ser percebida pela vista 
ou tato; pode ser móvel, imóvel ou que anda, isto é, move-se por si. 
o Coisas Incorpóreas  Aquela que não tem existência material e por isso não pode ser 
apreendida por nossos sentidos. Ex.: direitos de autor. 
Bens  tudo que é objeto de direito 
Nem todo bem é uma coisa (Ex.: o direito à privacidade é um bem que não é uma coisa). 
Algo só pode ser um bem a partir do momento em que tem um valor para as pessoas. 
OBS.: Animais domésticos são bens!!! 
O fato de um bem ser imaterial não significa que ele não é patrimonial (Ex.: Alguém que tem um crédito 
contra outra pessoa). 
OBS.: Bem Imaterial ≠ Coisa Incorpórea 
 Bem imaterial não tem manifestação do mundo físico. 
 Exemplo de coisa incorpórea: energia elétrica. 
 
 “Res Derelicta” 
o Não é um bem comum, mas é suscetível de apropriação (Ex.: lixo). 
o Era de alguém e foi abandonada – ou seja, a pessoa abriu mão da propriedade. 
 
 
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o Coisa “abandonada”  tem que ter havido o ato do abandono, e a consciência disso (não quer 
dizer que tenha que ser um ato formal). 
 
 “Res Nulios” 
o Aquilo que nunca teve dono (Ex.: uma pedra na rua; uma concha na areia). 
 
DISCUSSÃO: Roxana Borges: Fala sobre a relação entre o abandono da coisa (perda da propriedade) com 
os direitos da personalidade (mais especificamente o direito à privacidade)  Com o lixo de uma pessoa se 
descobre muita coisa sobre ela. O que Roxana argumenta é que o fato da pessoa ter abandonado o bem 
(abrir mão da propriedade) não significa que houve renuncia à sua privacidade. 
 
PATRIMÔNIO: 
Definição: Soma de todos os direitos patrimoniais de uma pessoa  É o conjunto de relações 
economicamente apreciáveis de um sujeito. 
 Toda pessoa tem patrimônio. 
 O patrimônio é composto pelos bens que uma pessoa tem e também por suas dívidas  não diz 
respeito somente ao ativo; evolve o passivo também!!! 
 Patrimônio Líquido = o que sobra de ativo depois que foi reduzido tudo aquilo que é passivo. 
Bens patrimoniais = apreciáveis economicamente. 
Herança = transmissão de patrimônio – ou seja, transmissão de créditos e débitos. 
A lesão a um bem extrapatrimonial pode gerar consequências patrimoniais (Ex.: indenização por lesão a 
direito). 
No tocante aos atos inter vivos, não tem como transferir um patrimônio, pois todo sujeito tem um 
patrimônio único, seja de ativos ou de passivos // vivemos em um mundo extremamente “econômico”. 
 
TEORIA DO PATRIMÔNIO MÍNIMO: 
Para nós, no nosso modo de vida, ter bens é essencial. 
Essa teoria faz um diálogo entre a ideia de patrimônio e a dignidade humana  Defende que 
independentemente de questões de ordem econômica, deve-se garantir a todo sujeito bens necessários 
para lhe garantir uma vida digna. 
Não se pode listar esses bens essenciais de forma exata, pois a mudança da sociedade é rápida, de forma 
que novas necessidades vão surgindo com o tempo e novos bens também. Além disso, cada ser humano 
 
 
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tem necessidades especiais diferentes (Ex.: para um cadeirante, o patrimônio mínimo dele engloba uma 
cadeira de rodas). 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS: 
Dos bens considerados em si mesmos 
Essa é uma classificação de acordo com a sua natureza. 
BENS IMÓVEIS E BENS MÓVEIS: 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
 Ex.: uma árvore, um prédio, uma ponte, um viaduto, etc. 
 Coisas que estão incorporadas ao solo porem de maneira eminentemente transitória não são 
consideradas bens imóveis: Ex.: barracas na feira; andaime que se usa para construções, etc. 
 Ideia de imobilidade. 
 
Aqui entra a questão da FICÇÃO LEGAL – precisa classificar, pois ser móvel ou ser imóvel influencia no 
modo como esse bem vai ser transmitido. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para 
outro local; 
 Ex.: transportar uma estátua de um local a outro não faz dela um bem móvel. 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
 Exemplo da reforma de um centro histórico em que os azulejos são retirados para 
restauração. 
 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem 
alteração da substância ou da destinação econômico-social. 
 
 
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 Os bens que se movem por si são chamados de semoventes (Ex.: animais). 
 Se para mover uma coisa você precisa destruí-la, não será um bem móvel – pois não pode ter 
alteração da substância ou do seu valor econômico. 
 
É importante comentar sobre os Bens Móveis por Antecipação: trata-se de uma ficção legal. São bens 
que estão incorporados ao solo, mas que a lei aceita que haja uma intenção de retira-los (Ex.: uma 
futura safra de café; eucaliptos que estão para serem retirados do solo, etc.). 
 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
I - as energias que tenham valor econômico; 
 Ex.: energia elétrica. 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
 Ex.: meu direito de uso do meu notebook é um bem móvel. 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
 Ex.: direitos autorais. 
 
Art. 84. Os materiais destinadosa alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam 
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. 
 Ex.: se eu comprei um saco de cimento e 50 tijolos para fazer um muro na minha casa, 
enquanto não são aplicados, são considerados móveis (ainda que estejam destinados a 
“serem muros”). Depois que o muro for construído, é imóvel. Se o muro for destruído, os 
destroços desse muro voltam à condição de bens móveis. 
 
OBS.: os bens imóveis são mais protegidos no tocante à transmissão. Quando se trata de bens imóveis, 
a transmissão se dá através do registro. No caso de bens móveis, se transmitem pela tradição 
(entrega). 
 
BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS: 
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e 
quantidade. 
A ideia de fungibilidade de um bem é de que ele pode ser substituído por outro. 
 
 
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São fungíveis os bens MÓVEIS. 
Exemplo de bem fungível: dinheiro; uma caneta dentro de uma caixa com 100 canetas iguais àquela, 
dinheiro, etc. 
Quando se fala de qualidade, tem que se atentar ao tipo!!! (Exemplo das canetas azuis. Cada uma é 
uma caneta, cada uma é azul, mas uma é da marca BIC e outra é da Faber Castell). 
O bem infungível não pode ser substituído por outro porque possui características dele que não são 
reproduzidas em outro bem (Ex.: cadernos já riscados com anotações no final de um semestre; 
animais, etc.). 
Existem coisas que já são infungíveis por natureza (Ex.: carros – pois possui placa específica, chassi 
específico, etc.). 
 
BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS: 
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, 
sendo também considerados tais os destinados à alienação. 
Bens Materialmente Consumíveis  o uso importa na destruição imediata (Ex.: alimentos, remédios, 
etc.). 
Bens Juridicamente Consumíveis  não tem anda a ver com o uso, é uma ficção legal. Um bem que 
está destinado à alienação, enquanto estiver na condição de alienável, será juridicamente consumível 
(Ex.: uma roupa na loja para ser vendida). 
 
BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS: 
Art. 87 – Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição 
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
 Ex.: um celular, se “cortado” ao meio, não gerará dois celulares (logo, é indivisível). 
 Ex.: um diamante com muitos quilates. Se cortar, perde-se o valor das partes. 
Art. 88 – Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por 
vontade das partes. 
 Ex.: limite mínimo de um terreno em determinado município. 
OBS.: é impossível transformar algo indivisível, por vontade, em divisível – Ex.: um computador. 
 
BENS SINGULARES E COLETIVOS: 
 
 
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Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos 
demais. 
 Singular é um bem que não tem nenhuma vinculação com outro bem. Ex.: um celular; uma 
chave.  entre eles não tem uma relação de permanência nem de vinculação. 
Quando se fala de bens coletivos, estamos falando de uma universalidade (os bens coletivos geram 
uma universalidade). Essa universalidade pode ser: Universalidade de Fato ou Universalidade de 
Direito. 
 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma 
pessoa, tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas 
próprias. 
 Tem-se vários bens singulares que pertencem a uma mesma pessoa, mas tem destinação 
unitária. 
 Exemplo: vender um livro de uma coletânea; um faqueiro decorado; etc. 
 No exemplo de uma coletânea de livros de Machado de Assis, cada livro ali é um bem singular, 
só que todos esses livros têm uma relação, uma destinação unitária - que é gerar essa coleção 
completa.  Então esses livros reunidos foram uma universalidade de fato. 
 No tocante ao PU  o fato de um bem compor essa universalidade de fato, não faz com que 
ele esteja proibido de ser objeto de relações jurídicas próprias. Ex.: tenho uma coleção de 
moedas, se eu quiser vender ou doar uma só moeda e não a coleção toda, eu posso. // a 
universalidade de fato não tira do bem componente dela a característica de ser singular. 
 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de 
valor econômico. 
 Aqui não tem tanto essa relação de funcionalidade. 
 Qualquer complexo de relações jurídicas dotado de valor econômico de uma pessoa constitui 
uma universalidade de direito. 
 Ex.: patrimônio, massa falida, espólio, etc. 
 
Bens Reciprocamente Considerados 
Aqui, analisa-se a posição que certo bem ocupa em relação a outro. 
Art. 92 – Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja 
existência supõe a do principal. 
 
 
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 O principal não tem sua existência condicionada a outro. 
 O acessório não tem razão de ser sem o bem principal – ou seja, não funcionam sem o bem 
principal (Ex.: uma fiança não funciona sem o crédito; o receptor do mouse). 
 
SOBRE PERTENÇA E PARTE INTEGRANTE: 
Art. 93 – São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo 
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
 A categoria de pertença não existia no CC de 1916.  Era considerado como acessório. 
 A pertença parte de uma negação da parte integrante. É destinada a outro bem principal, mas 
não existe, necessariamente, na condição de dependência dele (existência independente). 
 Definição de pertença segundo Orlando Gomes: "coisas acessórias destinadas a conservar ou 
facilitar o uso das coisas principais, sem que destas sejam parte integrante" (Ex.: as máquinas 
de uma fábrica). 
 Conceito de parte integrante segundo Maria Helena Diniz: "são acessórios que, unidos ao 
principal, formam com ele um todo, sendo desprovidas de existência material própria, embora 
mantenham sua identidade" (Ex.: as lâmpadas de um lustre; o teclado de um computador). 
 Art. 233 CC - A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não 
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.  ou seja, 
numa relação jurídica, se o bem principal envolver um acessório e as partes não falaram nada 
sobre ele, subentende-se que o acessório está incluso – acompanha o bem principal. 
 Teoria da Gravitação Jurídica  o bem acessório, como regra, acompanha o principal. 
Art. 94 – Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo 
se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. 
 Por isso é tão importante distinguir acessório de pertença  efeitos no Negócio Jurídico. 
 
SOBRE FRUTOS x PRODUTOS: 
Art. 95 - Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de 
negócio jurídico. 
 Frutos X Produtos  ambos decorrem de um bem principal. 
 O que diferencia os dois é basicamente a questão de que o fruto é renovável e o produto não. 
 Exemplo

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