Buscar

Princípios do Direito

Prévia do material em texto

Princípios do Direito
Constitucionais e Infraconstitucionais
Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional
O princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional é previsto pelo artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal de 1988. Trata-se da apreciação, por parte do Poder Judiciário, de todo e qualquer conflito que seja a ele apresentado. Nenhuma lesão ou ameaça de lesão a algum direito está isenta de tutela jurisdicional.
Do princípio da inafastabilidade, decorrem outros dois fundamentos: o da demanda e o da congruência. A demanda diz respeito à garantia de acesso à justiça propriamente dita. Ele estabelece que é responsabilidade de uma das partes afetadas, de acordo com a conveniência pessoal dela, escolher se irá se valer do controle jurisdicional ou não. Esse princípio dá aos envolvidos num conflito a liberdade de decidirem até mesmo sobre a renúncia aos próprios direitos. Disso, conclui-se que a tutela jurisdicional não pode ser negada, mas também não obriga o indivíduo a utilizá-la forçadamente. Já a congruência é a limitação do juiz, que deve atentar exclusivamente ao pedido da parte. Em outras palavras, o magistrado deve apreciar a lide nos termos em que foi proposta, nos termos do artigo 141 do Código de Processo Civil. 
A apelação cível n. 1044313002142-3/001, publicada em 11/04/2014 pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais trata do conflito entre Wagner Roberto Bertoni e Márcio Siqueira Souza. O desentendimento surgiu quando o apelante ( Wagner ) celebrou um contrato de financiamento em favor do réu ( Márcio ), que queria adquirir um veículo. Contudo, feita a aquisição do bem, as parcelas previstas pelo acordo não foram pagas. A situação piorou quando o banco passou a fazer cobranças ao financiador, ameaçando ajuizar ação de busca e apreensão. 
Na primeira instância, foi decidido que o processo seria extinto, visto que a parte ofendida demonstrou falta de interesse de agir. O interesse de agir é o núcleo fundamental do direito de ação. Contudo, ele só legitima o acesso ao processo, e só é lícito exigir do Estado o provimento pedido. Por isso, não faz sentido afirmar que o autor não tem interesse de agir, se o ordenamento jurídico não impede que as partes venham a juízo decidir sua pretensão. Trata-se de um apego excessivo ao formalismo, o que ofende o princípio de inafastabilidade do controle jurisdicional. O entendimento da instância superior é, portanto, o de que a sentença proferida no grau de jurisdição inferior deveria ser cassada. 
Princípio do Devido Processo Legal
O princípio do devido processo legal é previsto pelo artigo 5º, inciso LIV da Carta Maior brasileira. O texto constitucional estabelece, ainda, que o processo é uma garantia individual, a que todos devem ter acesso. 
As normas processuais definidas pelo Código de processo Civil não podem ser declinadas pelo Estado. De acordo com Humberto Theodoro Júnior, autor da obra Curso de Direito Processual Civil volume I 
É no conjunto dessas normas do direito processual que se consagram os princípios informativos que inspiram o processo moderno e que propiciam às partes a plena defesa de seus interesses, e, ao juiz, os instrumentos necessários para a busca da verdade real, sem lesão dos direitos individuais dos litigantes. (página 46)
Algumas das categorias fundamentais para o devido processo legal são o juiz natural, o juiz competente, a garantia de acesso à justiça, a ampla defesa e contraditório e a fundamentação das sentenças judiciais. 
Na concepção moderna do devido processo legal, entende-se que ele nada mais é senão o processo justo. Consiste num superprincípio, que coordena e delimita todos os demais princípios. Além disso, na modernidade, ficou claro o caráter substancial desse fundamento. Ele não mais se limita ao plano formal, no qual são garantidos o contraditório e a ampla defesa. De nada adiantam essas garantias se o juiz profere sentenças literais, que traduzem exatamente o que está expresso nas normas. O magistrado precisa atualizar e adequar a lei aos fatos e valores em questão no caso concreto. Ocorre, dessa forma, um trabalho conjunto entre o legislador ( quem faz a lei ) e o juiz ( que a aplica ). Trata-se da instrumentalização da justiça. De acordo com o autor supramencionado, na obra já citada: 
Dessa maneira, o debate em que se enseja o contraditório e a ampla defesa conduz, pelo provimento jurisdicional, à complementação e ao aperfeiçoamento da obra normativa do legislador. O juiz, enfim, não repete o discurso do legislador, faz nele integramos direitos fundamentais, não só na interpretação da lei comum, como na sua aplicação ao quadro fático e, ainda, de maneira direta, faz atuar e prevalecer a supremacia da Constituição. (página 48)
Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa
	Os princípios do contraditório e da ampla defesa são direitos constitucionais que dialogam com os Direitos Humanos. O Princípio do Contraditório possui seu fundamento legal no inciso LV art. 5º da Constituição Federal e significa que cada ato praticado durante o processo seja resultante da participação ativa das partes. Em outras palavras, o juiz deve sempre ouvir ambas as partes antes de proferir uma decisão. O princípio da ampla defesa é direito das partes de oferecer argumentos em seu favor. A defesa pode ser subdividida entre: a defesa técnica, que é obrigatória, e deve ser feita por um profissional habilitado e a auto defesa, que é a defesa genética ou material e é realizada pelo réu.
Princípio da Proibição da Decisão Surpresa
O Art 10. do Código de Processo Civil expressamente proíbe o juiz de proferir uma decisão surpresa, “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.” Um exemplo de violação deste artigo foi Recurso Especial Nº 1.676.027, onde o “TRF-4 terá que julgar novamente uma ação extinta sem julgamento de mérito por insuficiência de provas. De acordo com a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, o fundamento adotado pelo TRF-4 não foi previamente debatido pelas partes ou objeto de contraditório preventivo, o que é vedado pelo Código de Processo Civil de 2015”. O Ministro Relator Herman Benjamin, em seu voto, afirmou que o processo se faz com equilíbrio entre as partes, sem protagonismos.
Isonomia entre as partes
Decorre do artigo 5º da Constituição Federal de 1988,
Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. Consiste, basicamente, em ordenar a igualdade entre as partes litigantes, concedendo-lhes os mesmos prazos, mesmas possibilidades de manifestação e etc., inibindo dessa forma, o tratamento desigual às pessoas. Todavia, como exposto por Nelson Nery Junior, “Dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades” (NERY JUNIOR, 1999, p. 42), o mais adequado é tratar de outra forma os que estão em desvantagem natural, garantindo assim, a igualdade de fato entre as partes, visto que em certos casos se a igualdade for empregada em seu sentido literal, poderia ser injusta. Com isso, pode-se afirmar que a lei pode prever um tratamento desigual desde que haja uma justificação lógica para tanto, uma vez que o motivo dessa diferenciação visa a equidade, e consequentemente, a justiça no processo em questão.
Esse princípio atua em duas vertentes, sendo elas: a isonomia perante a lei, isto é, em relação a aplicação do direito em um caso concreto e a isonomia na lei, ou seja, o pressuposto de que a ordem normativa e suas apresentações sejam igualitárias, sem distinções, salvo as previstas na lei. Dessa forma, garante-se que tanto o aplicador do direito não poderá aplicar uma lei em benefício de certaspessoas e detrimento das outras em situações idênticas, quanto que o legislador, praticante da segunda vertente exposta, tampouco será capaz de criar regra que não promova a isonomia, ou seja, dê tratamento desigual a situação igual.
Um exemplo referente ao tratamento desigual quando esse se mostra necessário é o fato do Ministério Público, da Fazenda Pública, e da Defensoria Pública possuírem o dobro de tempo para manifestarem-se nos autos, segundo os artigos 180,183 e 185 do Código Processual Civil de 2015. Dado que tais órgãos possuem interesses metaindividuais, ou seja, referente a sociedade como um todo (já que se relacionam com o direito público), e com isso, enfrentariam uma coletividade. Portanto, o estabelecimento de tais prazos especiais visam conceder a igualdade para as partes envolvidas, e assim, atendem ao princípio da isonomia. 
Juiz natural 
Presente nos incisos XXXVII e LII do artigo 5º de nossa Constituição vigente, 
Art.5º - todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade
(...) XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção
 LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
Significa que somente Tribunais instituídos pela Organização Judiciária, por meio de juízes concursados, desde que competentes absolutamente, e sem qualquer vínculo com as partes, podem sentenciar os julgados. Ademais, prevê a vedação à criação de tribunais de exceção, uma vez que, essa espécie de julgamento constitui juízes para julgar casos particulares, que na maioria das vezes, descrimina um grupo social. Logo, é o mesmo que dizer que esse principio é o responsável por garantir a imparcialidade, além de impedir o abuso de poder do órgão julgador, por meio de leis previamente estabelecidas. Exemplo:
CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO MANIFESTAMENTE ILEGAL. JUÍZO INCOMPETENTE. CABIMENTO. GARANTIA DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E JUIZ NATURAL. PEDIDO DE ASSISTÊNCIA. ENTE FEDERAL. APRECIAÇÃO. JUSTIÇA FEDERAL. SÚMULA 150/STJ. SEGURANÇA CONCEDIDA. I. É cabível a impetração do mandado de segurança contra ato judicial manifestamente ilegal - porque prolatado por juízo incompetente - sobretudo para assegurar as garantias constitucionais do contraditório, ampla defesa e do juiz natural. II. É firme a jurisprudência do colendo STJ, no sentido de que o pedido de assistência formulado por ente federal em processo em trâmite perante a Justiça Estadual deve ser decidido pela Justiça Federal, à luz do enunciado da súmula 150 da Corte Superior .III. Segurança parcialmente concedida.
Proibição das Provas Ilícitas
O princípio da “Proibição das Provas Ilícitas” encontra-se no artigo 5º inciso LVI da Constituição Federal de 1988 e no artigo 369 do Código de Processo Civil de 2015. Assim que um processo é instaurado, faz-se necessária a coleta de provas que sustem a declaração das partes. Entretanto, e é justamente sobre isso que o princípio das provas ilícitas disciplina, determina-se que as partes não podem utilizar-se de meio ilícitos na obtenção dessas provas.
O cerne da questão referente a este princípio é o que pode ser considerado como prova ilícita. Para isso, do ponto de vista constitucional, consideram-se como sendo provas ilícitas aquelas que contrariam a Constituição (5o - III, X, XII), os Princípios Gerais de Direito, o Código de Processo Civil, o Código Civil ou mesmo a moral e os bons costumes. Nesse sentido, tendo em vista o artigo 5º da CF/88 que diz que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”, nota-se que a legislação brasileira se posiciona de forma contrária a utilização de provas consideradas ilícitas. 
Seguindo essa linha, grande parte das doutrinas considera inadmissível a produção de provas obtidas ilicitamente. Fredie Didier Jr. é um dos defensores dessa vertente, afirmando que “A experiência já indicava não ser aconselhável a ampla liberdade na produção de provas: a) porque não se fundam em bases científicas suficientemente sólidas; b) porque podem dar ensejo a manipulações ou fraudes; c) porque ofenderiam a própria dignidade de que lhes ficasse sujeito, representando constrangimento pessoal inadmissível (tortura, detectores de mentiras etc.)”. (DIDIER JR., Fredie; “Curso de Direito Processual Civil”, vol. 2- 2007, p. 32). Há, entretanto, determinada parcela da doutrina que defende a ideia da admissibilidade da prova ilícita ou encontra-se em uma posição intermediaria entre proibição e a admissibilidade deste tipo de prova. Notam-se, assim, quatro posicionamentos acerca da admissibilidade da prova ilícita:
a) corrente permissiva, que admite a prova ilícita desde que verdadeira e não viole sanção expressa do direito processual. Assim como qualquer outra prova, àquela constitui uma forma de convencer o juiz a sentenciar uma solução justa;
b) corrente obstativa, que proíbe a utilização desse tipo de prova, pois isso iria de encontro com o princípio da moralidade administrativa e com o ordenamento jurídico, trazendo consequências além do limite da relação autor e réu;
c) corrente obstativa por fundamento constitucional, que considera a admissibilidade da prova ilícita acima de tudo uma violação aos princípios constitucionais, portanto inconstitucional;
d) corrente obstativa atenuada pela teoria da proporcionalidade, que de fato posiciona o princípio da proibição da prova ilícita como regra geral, mas admite em caráter de excepcionalidade a utilização da prova ilícita, com o propósito de proteger os bens de maior carga valorativa envolvidos.
Essa última teoria leva em consideração os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade. Sustenta-se, a partir desses dois critérios de ponderação de valores, que a prova ilícita pode ser considerada em casos excepcionais de extrema gravidade em que não haja outro meio de aquisição daquela prova, sendo esta indispensável para a solução do processo. Dessa forma, busca-se fazer uma comparação entre a norma violada e o princípio que se pretende defender com a violação. Isso pode ser observado em um caso de um individuo de consegue comprovar a sua inocência por meio de provas ilícitas. Nesse caso em que há um conflito de direitos, deve haver uma ponderação de valores por parte do juiz que deverá escolher qual direito tem “mais peso”. 
Publicidade dos Atos Processuais
	O princípio da “Publicidade dos Atos Processuais” está previsto no artigo 5º incisos XIV e LX, bem como no art. 93, IX todos da Constituição Federal de 1988 e reflete-se também no art. 11 do Código de Processo Civil de 2015. De acordo com esse princípio, todos os atos processuais devem ser informados aos envolvidos, sendo, inclusive, obrigatória a publicação da decisão judicial no Diário Oficial Eletrônico. 
	Esse princípio funciona como um mecanismo de controle das decisões judiciais, especialmente sobre o poder de que foi investido o juiz. Desta forma, há uma íntima relação entre os princípios da publicidade e da motivação das decisões judiciais, na medida em que a publicidade torna efetiva a participação no controle das decisões judiciais, funcionando como um verdadeiro instrumento de eficácia da garantia da motivação das decisões judiciais. 
No aspecto infra constitucional, temos o referido art. 11 parágrafo único das Norma Fundamentais do Processo Civil, complementado pelo art. 189, todos do CPC/15 que, em sintonia com os dispositivos constitucionais acima, vedam a publicidade dos autos e da audiência, para os casos de segredo de justiça (por ex. separações litigiosas). As publicações dos despachos dos juízes, nesses casos, somente indicarão as iniciais das partes e os nomes de seus advogados.
A fim de analisar a questão acerca do princípio da publicidade dos atos processuais, buscou-se um acórdão que trata do pedido de revisão criminal da sentença proferida contra Sadiomar Felisbino. O recorrenteafirma que a decisão judicial contra ele é inválida por uma série de motivos. Dentre eles, destaca-se a falta de publicidade dos atos processuais. Apesar de o acórdão em questão estar inserido no âmbito do Direito Processual Penal, as diretrizes principiológicas constitucionais que regem a condução dos processos são as mesmas do Direito Processual Civil. A publicidade dos atos do processo é um princípio fundamental a ambos os ramos do direito.
Na decisão analisada, os desembargadores da comarca de Francisco Beltrão, no Paraná, negaram o provimento do recurso. No recurso, a defesa de Sadiomar alega que não houve intimação do requerente e nem de seu defensor após a subida dos autos ao juízo ad quem, com exceção da intimação pela imprensa oficial da data do julgamento. Nesse sentido, o relator do acórdão (desembargador Marcos Vinícius Lacerda Costa) afirmou, em seu voto que, de acordo com o regimento interno do Tribunal de Justiça do Paraná, “todos os atos oficiais emanados do Tribunal ou de qualquer de seus órgãos serão publicados no Diário de Justiça, somente obrigando a partir da respectiva publicação”. 
Duplo Grau de Jurisdição
O Duplo Grau de Jurisdição foi incorporado ao Direito brasileiro por influência do Pacto de São José da Costa Rica realizado por países americanos em 1969 com o objetivo de “consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direitos essenciais do homem.”. Sendo assim, o pacto obriga os Estados membros a assegurarem em suas legislações direitos e liberdades civis. Ele permite que os cidadãos brasileiros possam ter seus processos reanalisados geralmente por uma instância superior, o que diminui as chances de ocorrerem erros judiciários, aproximando a justiça ao seu ideal. É importante ressaltar que o direito de recorrer deve ser garantido sem prejudicar o processo legal e outros princípios. 
Diferentes juristas abordam o princípio de maneiras distintas. Para Djanira Maria Rdamés de Sá, a revisão do processo deve ser feita necessariamente por um órgão diferente daquele que emitiu a decisão contestada, podendo ou não ser hierarquicamente superior ao primeiro. Já Leib Soibelman, discorda de Rdamés de Sá ao alegar que o órgão revisador deve ser necessariamente hierarquicamente superior ao outro. Discordando de ambos os autores, o jurista Machado Guimarães acredita que a revisão não precisa ser feita por órgão distinto e/ou superior. O Duplo Grau de Jurisdição surge para evitar a faliabilidade do juiz, o inconformismo da parte vencida e a preocupação em evitar despostismos por parte dos membros do magistrado. Sendo o juiz humano, ele pode cometer erros. O inconformismo da parte vencida é inato à natureza humana. Além disso, esse princípio evita que juizes se tornem autoritários, já que o duplo grau de jurisdição torna suas deciões mutáveis.
A maior experiência dos julgadores recursais, a maior probabilidade de acertos nas decisões e o controle psicológico exercido sobre os juizes de primeira instância são vantagens da aplicação de tal princípio. Os juizes de segunda instância ascenderam a esse grau por merecimento, além disso, a decisão recursada é analisada por um órgão colegiado formado por três juízes, o que aumenta a probabilidade da nova decisão ser mais justa. A pressão psicológica sofrida pelos juízes de primeiro grau é explicitada através do fato de que suas decisões podem ser apreciadas ou reformadas por um magistrado superior. As desvantagens relacionadas ao Duplo Grau de Jurisdição dizem a respeito da longa duração do processo, o que pode tornar o judiciário um poder lento, o que ofende princípios do Direito como a economia e lealdade processual. Além disso, a revisão de uma decisão judicial pode levar à correção de uma decisão inicalmente correta. Segundo Cappelletti, uma desvantagens desse princípio consiste no desprestígio trazido aos juizes de primeira instância, já que todas as suas decisões podem ser reformadas, desvalorizando-as. 
Os juristas brasileiros discutem acerca do status do princípio em questão como uma garantia constitucional. Neston Nery Junior (1997,p.39) afirma :” Segundo a Constituição vigente, há previsão para o princípio do duplo grau de jurisdição, quando se estabelece que os tribunais do país terão competência para julgar causas originariamente e em grau de recurso (...) Muito embora o princípio do duplo grau de jurisdição esteja previsto na C.F, não incidência ilimitada.” Já Souza Laspro (1995,p.159) argumenta que esse princípio faz parte da legislação ordinária, não havendo o status de garantia constitucional, já que a constituição apenas prevê a possibilidade de interposição de recursos. 
Motivação das Decisões Judiciais
Base legal:
Previsto artigo 93 – IX da CF/88
Refletido no art. 11 do CPC/15
Art. 489 §1º do CPC/15
O que é:
Um princípio constitucional de Direito que define que todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas em fato (caso em si) e direito (lei aplicada ao fato), com pena de nulidade caso isso não seja cumprido. Entre seus intuitos está o controle e a proteção da atividade pública jurisdicional pelos Órgãos Superiores (STF, por exemplo) e até pela própria população (como as partes de um processo). Se seguido, esse princípio deve limitar a possibilidade de decisão dos magistrados para que fiquem apenas dentro do espectro fundamentável com base na legislação e no fato concreto (impedindo, por exemplo, o ativismo judicial).
Exemplos teóricos:
Uma parte em um processo gostaria de produzir uma prova e tem seu pedido indeferido; é direito da parte saber o motivo dessa decisão
Um réu condenado tem o direito de ver no conteúdo de sua sentença os fundamentos de fato e de direito que levaram o juiz à decisão tomada.
Na lei:
Art. 93 – IX da CF/88
“Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.”
Princípio Razoável duração do Processo
A razoável duração do processo é um princípio garantido pelo art. 5, inciso LXXVIII da Constituição Federal: “ "A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação". Nesse sentido, o instituto desse princípio é garantir que além da defesa formal desses Direito existam, que existam também meios concretos de se atingir a estes. Principalmente depois do advento da declaração dos Direitos Humanos e com isso uma maior complexidade nas relações jurídicas, para defesa desses direito tornou-se ainda mais fundamental o acesso a justiça e a efetividade desta. Assim, dentro desse cenário Francisco Fernandes de Araújo define que atrasos no processo devem ser entendidos como "atrasos ou delongas que se produzem no processo por não observância dos prazos estabelecidos, por injustificados prolongamentos das etapas mortas que separam a realização de um ato processual do outro, sem subordinação a um lapso temporal previamente fixado, e, sempre, sem que aludidas dilações dependam da vontade das partes ou de seus mandatários". 
Princípio do livre convencimento e persuasão do juiz
 	No atual Código Processual Civil o princípio do livre convencimento e persuasão legal está presente está presente nos artigos 131 e no 458. O princípio do livre convencimento e da persuasão legal do juiz é compreendido a partir da ideia de que a juiz deve formar livremente sua convicção a partir da análise de provas. Como presente no art.131: “Art. 131.  O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento.”  e no artigo 458 “Art. 458. Sãorequisitos essenciais da sentença: II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito.” Assim, Esinnam Cintra, Grinover e Dinamarca definem em sua obra Teoria do Processo (2008, pág.73), afirmam na sua obra que o princípio do convencimento:“Regula a apreciação e avaliação das provas existentes nos autos, indicando que o juiz deve formar livremente sua convicção. Situa-se entre o sistema da prova legal e o julgamento secundumconscientiam”.
Coisa Julgada
Há, ao menos três menções importantes da expressão “coisa julgada” na legislação brasileira que ressaltam a importância deste instituto. De acordo com o art. 502 do Código de Processo Civil, ipsis litteris, “denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”. Já na Constituição Federal de 1988 faz-se menção à coisa julgada no inciso XXXVI, do Art. 5º, no qual está escrito: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Por fim, porém não menos importante, consta também a expressão no artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (lei de introdução), em que consta a seguinte redação: “a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. 
	Portanto, é de se concluir pela importância do instituto, que está previsto na Constituição Federal, dentro do rol dos direitos fundamentais, na principal lei que rege o ordenamento jurídico brasileiro, tal seja a lei de introdução, e ainda na principal norma que gerem o processo civil. Assim sendo, o instituto, é, ao mesmo tempo, um direito fundamental, uma norma que rege as outras normas, qualquer que seja a natureza destas, e uma garantia processual interna ao processo, que torna imutável e indiscutível uma decisão de mérito internamente e externamente ao processo. 
É possível afirmar que a coisa julgada é “decorrente” ou é “espécie” de um princípio maior do direito que é o da segurança jurídica, visando a “certeza” nas decisões. A “segurança jurídica” que aqui se menciona, poderia ser definida como, primeiramente, uma espécie de “certeza” em âmbito processual e procedimental, uma vez que é garantido que os atos do processo sejam iguais para todos os casos abarcados pelas normas processuais. Ou seja, nos em processos que envolvem relação quase idêntica, porém com partes diferentes, uma certeza quanto aos atos processuais, ou ainda uma “certeza no processo”. Já em âmbito decisório, é possível definir a segurança jurídica quanto à certeza do resultado do processo, não quanto ao conteúdo do pronunciamento da Jurisdição Estatal, mas sim de que ao fim e ao cabo de determinado processo aquela decisão emana da Jurisdição Estatal tornar-se-á imutável, sem ser possível a sua modificação por qualquer via, seja a legal, seja a judicial. Nesse sentido, é possível definir a segurança jurídica como a “certeza do resultado do processo”, tornando certo e exigível pela parte vencedora o que outrora era incerto e inexigível.
Portanto, a coisa julgada é instituto que garante a segurança jurídica nesse segundo sentido dado acima, tornando o resultado do processo, uma decisão emanada do “Estado-Juiz”, imutável e tão inatacável, via de regra, que nem mesmo outra lei nova, decisão judicial ou até mesmo norma constitucional poderia mudá-la. Assim, a principal característica do instituto é a imutabilidade e a “indiscutibilidade” (ou irrecorribilidade) daquilo a que é aplicada, imutabilidade essa que, apesar de sua força, não é absoluta por existir a possibilidade de se desconstituir um pronunciamento judicial por via de ação rescisória ou revisão criminal. 
A coisa julgada forma-se normalmente dentro do processo, uma vez que esteja verificado o seu trânsito em julgado, ou o esgotamento das vias recursais de uma decisão judicial. Ou seja, esgotado o prazo para a interposição de recurso frente a uma decisão ou esgotadas as espécies recursais e outros meios de impugnar a decisão de um processo, tem-se a “certidão de nascimento” da coisa julgada, que é o trânsito em julgado.
Vista a característica principal da coisa julgada e como se forma, cumpre uma observação final acerca do instituto, quanto às suas formas no direito processual. Nesse sentido, classifica-se a coisa julgada como material e como formal. 
A coisa julgada formal seria apenas interna ao processo em que não há decisão quanto ao mérito de um determinado conflito processual ou lide. Ou seja, não houve dentro de determinado processo, uma decisão acerca do direito material intrínseco à controvérsia, mas sim uma decisão que tornou imutável e indiscutível determinada decisão devido ao descumprimento de uma determinada norma processual, com o trânsito em julgado desta decisão. Essa coisa julgada, ou decisão “indiscutível” e “imutável” é meramente formal, pois impede apenas a continuidade daquele processo e se refere a sua forma, não gerando efeitos que obstam a propositura de uma nova ação. Ou seja, dentro daquele processo nada mais é possível fazer. 
O principal exemplo seria uma decisão judicial que extingue um processo sem julgamento de mérito, devido à inércia do autor frente à uma decisão de emenda de sua petição inicial em prazo estipulado pelo juiz. O juiz não se pronunciou a respeito do mérito nesse processo hipotético, assim, com o seu trânsito em julgado, não é impedida a propositura de nova ação pelo autor. 
 A coisa julgada material ocorre com a geração de efeitos fora do processo, que vinculam as partes obrigatoriamente ao conflito submetido à apreciação judicial. Nesse sentido, o pronunciamento judicial com relação àquela lide torna-se indiscutível e imutável, vinculando as partes que figuraram nos polos ativo e passivo do processo. Portanto, com a coisa julgada material, uma sentença transitada em julgado ou “passada” em julgado não pode ser mais revista ou discutida, sendo essa a referida “soberania” da coisa julgada. 
Princípio da efetividade, cooperação e respeito à dignidade do jurisdicionado
Assegurando um dos fundamentos da constituição federal, este princípio valoriza a dignidade humana, ele a garante a qualquer acusado, prevê um bom relacionamento entre todas as partes do processo judicial e reivindica a eficiência e rapidez deste. Em resposta ao período da Ditadura Militar, o primeiro artigo da constituição de 1988 apresenta como fundamento da Republica brasileira a dignidade da pessoa humana e esse princípio busca garanti-la para todos jurisdicionados. Também na constituição, Art. 5º-LXXVIII, é assegurada a velocidade de duração do processo com o fim de aumentar a efetividade. 
É possível encontrá-lo no Código de Processo Civil também, o Art. 6º prevê a cooperação e eficiência com o fim de um processo justo, no Art. 8º o juiz é encarregado de julgar visando o bem comum e os fins sociais e promover a dignidade humana fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. Logo o princípio da efetividade, cooperação e respeito à dignidade do jurisdicionado está intrínseco na nossa constituição e nos restantes códigos, já que garantir o melhor processo para o acusado no qual sua dignidade não é ferida faz parte da estrutura do direito brasileiro.
Princípio da Concentração
O Princípio da Concentração diz respeito da necessidade de apresentação simultânea de todas as provas orais e alegações disponíveis de ambas as partes. Logo, no caso do réu cabe, em uma única audiência, alegar tudo o que poderá usar em sua defesa, podendo até ser logicamente contraditório, pois após a contestação ele não terá mais a oportunidade de mais nem uma nova alegação. Ainda é possível em uma exceção, por justo motivo e com concordância de todas as partes, romper a unidade temporal da audiência pela falta de testemunhas ou de perito, como previsto no Art. 365. do Código de Processo Civil, mas ainda mantendoa maior proximidade possível entre todas as etapas do processo.
Princípio da Assistência Jurídica e Gratuidade
De acordo com a tese proposta por Mauro Cappelletii acerca do tema, o sistema jurídico possui duas finalidades básicas, sendo elas, o acesso igualitário a todos que necessitarem de contato com o sistema jurídico e a produção de efeitos justos tanto no campo individual quanto no social. Nossa Constituição atual estabelece a garantia constitucional de acesso à justiça em seu artigo 5, inciso XXXV: 
Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) 
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito. 
O direito à gratuidade está exposto no artigo 5o, inciso LXXIV de nossa Constituição Federal:
”LXXIV - O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Dessa forma, há uma garantia constitucional aos hipossuficientes a prestação de assistência jurídica gratuita, garantindo consequentemente o acesso à justiça de forma igualitária, como o proposto pelo inciso XXXV. 
O § 1o do referido Art. 98, enumera, nos termos do Art. 3o da Lei n. 1.060/50, as verbas abrangidas pela isenção legal tendo aumentado o antigo rol, in verbis:
§ 1o A gratuidade da justiça compreende:

I – as taxas ou as custas judiciais; II – os selos postais;
III – as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios;
IV – a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em serviço estivesse;
V – as despesas com a realização de exame de código genético – DNA e de outros exames considerados essenciais; VI – os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira;
VII – o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução; VIII – os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX – os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessários à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual ou benefício tenha sida concedido. 
Há, por exemplo, uma lei ordinária e uma do código de processo civil que tratam da concessão de tal direito, sendo elas:
Lei 1.060/50:
Art. 2o. Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais ou estrangeiros residentes no país, que necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho. 
voltados ao provimento do benefício da gratuidade judiciária. 
Parágrafo único. - Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
Lei 13.105/2015: 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
Como “base” para o entendimento de que a pessoa não possui condições para pagar as eventuais despesas, vem sendo adotado em alguns casos uma renda inferior a cinco salários mínimos, como o apresentado em algumas emendas da jurisprudência de casos. Um exemplo do princípio da Assistência Jurídica e Gratuidade é uma jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo. Tratando brevemente do caso, Ana Paula Pereira Amado Leão, a agravante, deseja uma reparação de danos morais em face da Embratel, o agravado. A agravante, por não poder custear a lide, alegou pobreza, comprovando insuficiência de recursos. Por isso, houve o provimento de recurso, já que ela se enquadrou nos requisitos da lei ordinária 1060/50.

Princípio Dispositivo
Este princípio, também chamado de princípio da inércia da jurisdição, se resume ao fato de que nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer. É expresso no artigo 2º do Novo Código de Processo Civil: “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.” Porém, há exceções em relação a esse princípio, como é o caso do artigo 370 do NCPC: “Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.”
Princípio do Impulso oficial
Nesse princípio, o juiz ao receber o pedido, determina as providências a serem tomadas pelas partes, nos prazos e formas legais, sob pena de preclusão e até de extinção do processo sem resolução de mérito. Ele é verificado pelo teor do art. 2º do Código de Processo Civil de 2015, em sua parte final, que diz que: “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”. Dessa forma, esse princípio determina que uma vez instaurado o processo por iniciativa da parte, este se desenvolve por iniciativa do juiz, independentemente de nova manifestação de vontade das partes. Assim, o juiz, como agente do poder jurisdicional do Estado, promove e determina que se promovam, atos processuais que conduzam à solução do processo até que a instância se finde.
Princípio da Congruência
Art. 492.  É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único.  A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. Como pode ser visto nesse artigo do CPC/15, esse princípio trata de uma proibição do magistrado e uma regulação da sentença conforme o pedido inicial, ele impede o juiz de conceder nada a mais (ultra petita), diferente do que foi pedido (extra petita) ou infra petita (menos que o pedido). Caso não seja observado esse princípio a sentença será considerada nula.
Existem exceções ao princípio da congruência.
1) Pedidos implícitos: o magistrado poderá conceder o que não foi demando pelo autor.
2) Fungibilidade: o magistrado poderá conceder tutela diferente da requerida nas ações possessórias e cautelares.
3) Demandas cujo objetivo é uma obrigação de fazer ou não fazer: o magistrado poderá conceder tutela diversa.
4) O Supremo Tribunal Federal também admite o afastamento do princípio da congruência ao declarar inconstitucionalidade de uma norma, em atenção a pedido formulado pelo autor, todavia, utilizando-se de fundamentos diferentes daqueles que foram suscitados.
Além disso, o CPC/15, possibilitou uma flexibilização quanto a essa questão, verificável na disposição inovadora do parágrafo 2º do artigo 322: “Art. 322. O pedido deve ser certo.
§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.
§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.”, que veio a considerar que a interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. No código anterior (de 1973), a previsão era de que a interpretação deveria ser restritiva.
	O artigo 141 do CPC/15 prevê esse princípio: “O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.” , significando que o silogismo da petição inicial será refletido na sentença. Ou seja, Premissa Maior somada à Premissa Menor apontam para a Conclusão (na inicial), levando a uma congruênciacom a Premissa Maior somada à Premissa Menor e Conclusão (da Sentença).
Princípio da Oralidade
Esse princípio, que constitui na preferência da palavra falada sobre a escrita nos processos, se baseia nos artigos 458 a 460 do CPC/15, que afirmam, respectivamente: Art. 458. “ Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado. Parágrafo único.  O juiz advertirá à testemunha que incorre em sanção penal quem faz afirmação falsa, cala ou oculta a verdade.” Além disso, o artigo 60 caput: “O depoimento poderá ser documentado por meio de gravação.”, remete à importância do depoimento de forma oral. A Lei dos Juizados Especiais prevê esse princípio em relação ao pedido inicial (arts. 14 e 20 da Lei 9.099/95) : “Art. 14, caput: O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.”, assim como o CPC/73 faz em relação a contestação do procedimento sumário: “Art. 278. Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência, resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de testemunhas” , somado ao art. 1046§1o, que lhe dá ainda em vigência para os feitos anteriores a 16/3/2015, ainda não sentenciados. 
Esses são alguns exemplos presentes no Código Civil que mostram o respeito a esse princípio da oralidade, que sempre que possível, será aplicado aos atos processuais, visando uma maior aproximação entre o magistrado julgador, o íntimo das partes e as testemunhas ou mesmo maior facilidade para as partes demonstrarem seus interesses. Assim, verificamos que os depoimentos pessoais e oitivas das testemunhas devem ser orais, o pedido inicial e contestação dos Juizados Especiais, a contestação do procedimento sumário, dentre outros exemplos.
Princípio da imediatidade
O Princípio da Imediatidade, ou Princípio do Juízo Imediato, é um princípio jurídico de direito processual civil que privilegia o julgamento da ação pelo juiz que presidiu a fase de instrução da causa. De acordo com esse princípio, o juiz que colheu pessoalmente a prova durante a etapa instrutória é o que está melhor preparado para decidir a lide, uma vez que teve contato direto com os fatos que fundamentam a pretensão do autor.
Princípio da Economia Processual
Tal princípio orienta os atos processuais na tentativa de que a atividade jurisdicional deva ser prestada sempre com vistas a produzir o máximo de resultados com o mínimo de esforços, evitando-se assim, gasto de tempo e dinheiro. Um exemplo de aplicação desse princípio encontra-se no art. 55 do Novo Código de Processo Civil Brasileiro, que trata da ocorrência da conexão e continência, ou seja, o juiz pode unir dois ou mais processos que possuem o mesmo pedido e as partes são idênticas para que sejam reconhecidos em conjunto.
Lealdade Processual
O princípio da lealdade processual é tratado nos arts. 77 e ss. do Código de Processo Civil de 2015, garantindo que o comportamento das partes e de todos os envolvidos no processo deve respeitar os preceitos relativos à boa fé, repugnando ao sistema o comportamento desleal. Durante o processo não se pode alcançar os objetivos desejados por meio de trapaças ou de comportamentos levianos, pois se isso ocorrer a lei punirá severamente. Além disso, o art 5 do CPC 2015 prevê como dever, tanto das partes quanto de seus advogados , o de “comportar-se de acordo com a boa-fé”.
Com o intuito de agir eticamente , encontram-se somados a esse artigo as normas relativas ao direito do advogado (art 106 do CPC/2015), do juiz (arts. 139 a 143 do CPC/2015), do perito (art. 157 do CPC/2015), do escrivão e do chefe de secretaria ( art. 152 do CPC/2015), do oficial de justica (art. 154 do CPC/2015), dos conciliadores e mediadores (arts. 165 a 175 do CPC/2015) etc.
Princípio da Instrumentalidade das Formas
 Segundo tal princípio, a enaltecer o caráter instrumental do processo, a forma não é um fim em si mesma, portanto, o ato é válido se atingiu seus objetivos, mesmo que sem a observância da solenidade. Vem previsto no inc. II do art. 572 e no art. 566 do CPP. No mais, sintetiza toda a teoria que inspira o sistema de nulidades de nosso Código, que buscou apartar-se do desnecessário formalismo, próprio, apenas, para incentivar a prática de chicanas e atos malsãos, visando, antes, a privilegiar a substância à forma. Assim, por exemplo, é obrigatória a citação do réu, que, porém, pode ser sanada por seu comparecimento espontâneo (art. 570).
Princípio da ordem cronológica dos julgamentos
O anteprojeto do novo CPC teve como norte a redução de complexidades indesejadas – excessos que causam morosidade ao processo – e, sobretudo, a promoção de um sistema processual mais organizado e simples, conferindo, portanto, melhores condições para os órgãos jurisdicionais operarem, além de maior sintonia com a CF e seus princípios. Realmente, o caput do art. 12, ao estabelecer uma ordem preferencial para prolação de sentenças e acórdãos, de acordo com a cronologia de conclusão para julgamento, apresenta uma lógica razoável e de fácil compreensão. Até porque, nada mais justo do que conceder o atendimento àquele que chegou primeiro, como reza o critério conhecido “por ordem de chegada”, adotado por diversas civilizações ao longo da história.
O escopo do dispositivo é impedir que haja, excluindo-se as excepcionalidades previstas, ordem de julgamento que não se coaduna com uma prestação jurisdicional isenta e justa, evitando-se, assim, que um processo não tenha preferência em detrimento de outros em razão das partes (fama, poder econômico ou político), da causa (valor, repercussão social ou dificuldade de resolução) e, sem olvidar, da influência e renome dos advogados que atuam no processo. Caput do art 12 CPC “Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. ”
Princípio da Proibição da Decisão Surpresa
O Art 10. do Código de Processo Civil expressamente proíbe o juiz de proferir uma decisão surpresa, “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.” Um exemplo de violação deste artigo foi Recurso Especial Nº 1.676.027, onde o “TRF-4 terá que julgar novamente uma ação extinta sem julgamento de mérito por insuficiência de provas. De acordo com a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, o fundamento adotado pelo TRF-4 não foi previamente debatido pelas partes ou objeto de contraditório preventivo, o que é vedado pelo Código de Processo Civil de 2015”. O Ministro Relator Herman Benjamin, em seu voto, afirmou que o processo se faz com equilíbrio entre as partes, sem protagonismos.
Princípio da Concentração
O Princípio da Concentração diz respeito da necessidade de apresentação simultânea de todas as provas orais e alegações disponíveis de ambas as partes. Logo, no caso do réu cabe, em uma única audiência, alegar tudo o que poderá usar em sua defesa, podendo até ser logicamente contraditório, pois após a contestação ele não terá mais a oportunidade de mais nem uma nova alegação.
 	Ainda é possível em uma exceção, por justo motivo e com concordância de todas as partes, romper a unidade temporal da audiência pela falta de testemunhas ou de perito, como previsto no Art. 365. do Código de Processo Civil, mas ainda mantendo a maior proximidade possível entre todas as etapas do processo.

Continue navegando