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1 RADIAÇÃO CÓSMICA DE FUNDO Fernando Luiz Piedade 24929 Rafael Eiji Campos Tamaki 24965 Abstract. This article intends to contribute to an introductory scientific knowledge about the cosmic microwave background, explaining succinctly the relevant points of the topic, such as the cosmological nature, the origin of the background radiation and discovery of the same. We also present a scientific experiment that aims to analyze the properties of a blackbody, contributing to a better understanding of the spectral radiance. Keywords: cosmic microwave background, blackbody, spectral radiance, microwaves. 1. INTRODUÇÃO A radiação cósmica de fundo (RCF) é uma radiação eletromagnética primordial que preenche o Universo, cujo espectro é o de um corpo negro a uma temperatura de 2,725 Kelvin. Ela possui um máximo em aproximadamente 160 GHz, o que corresponde a um comprimento de onde de 1,9 mm (microondas). Em 1965 essa radiação foi captada acidentalmente, por Arno Penzias e Robert Wilson nos Laboratórios Bell, New Jersey. 2. O CORPO NEGRO Este tipo de corpo absorve toda a radiação que incide sobre ele, o que o torna um absorvedor ideal. Daí a denominação corpo negro. 2.1 Radiação de Corpo Negro Além de absorvedor ideal, o corpo negro, é um radiador ideal. Sua emissão de radiação independe do material de que é composto, do estado da superfície ou de qualquer outro parâmetro que não seja a sua temperatura. 2.2 Radiância Espectral A Intensidade de radiação em função do comprimento onda ou frequência a uma dada temperatura é chamada de radiância espectral. No final do século XIX já se tinham dados experimentais que mostravam que: A intensidade de radiação de um corpo negro aumentava com a temperatura; A radiação era função do comprimento de onda ou frequência emitido; O comprimento de onda para o qual a radiância espectral é máxima é uma função inversa da temperatura. Em 1900, Max Planck propôs uma equação empírica para a radiância espectral R em função do comprimento de onda λ. Essa equação era da seguinte forma: 𝑅 𝜆 = 𝑎 𝜆5 ∙ 1 𝑒𝑏 𝜆𝑇 − 1 As incógnitas a e b eram obtidas experimentalmente até que na década seguinte, esta equação pode ser explicada pelo próprio Planck. Usando teoria quântica, a equação tomou a seguinte forma: 2 𝑅 𝜆 = 2𝜋𝑐²ℎ 𝜆5 ∙ 1 𝑒ℎ𝑐 𝑘𝜆𝑇 − 1 Onde: h é a constante de Planck; k é a constante de Boltzmann; c é a velocidade da luz; λ é o comprimento de onda emitido; T é a temperatura absoluta do corpo. 3. CONTEXTO HISTÓRICO De acordo com o modelo cosmológico chamado Big Bang, proposto por George Gamow em 1940, existe uma radiação residual provinda de um Universo primordial denso e quente. De acordo com a teoria estipulada por Gamow, essa radiação tem um espectro de um corpo negro a uma temperatura próxima do zero absoluto. 3.1 Confirmações da existência de uma radiação residual Em 1965, dois físicos chamados Arno Penzias e Robert Wilson, que trabalhavam para a companhia ATT-Bell Laboratories, faziam medidas com uma antena que foi desenvolvida para comunicações via satélite e operava em microondas (4080 MHz). Durantes uma dessas medidas eles detectaram um excesso de ruído que parecia não depender da direção para a qual a antena estivesse apontada. Após tentarem, de varias maneiras, eliminar essa interferência os físicos concluíram que essa radiação era isotrópica. Logo depois de entregar o relatório sobre o sistema de antenas, Penzias leu um trabalho ainda não publicado de Jim Peebles, que trabalhava na equipe de um antigo colega de Penzias, o Prof. Bob Dicke. Em seu trabalho, Peebles estava tentando calcular a radiação que seria emitida pelo Universo como resultado da expansão do plasma denso e quente. No entanto, até aquele momento, essa radiação não havia sido detectada. Penzias e Wilson entraram em contato com a equipe de Dicke e fecharam uma parceria com eles na Universidade de Princeton. Juntos analisaram a radiância do ruído e obtiveram alguns pontos de medida da curva de radiância e fizeram as seguintes conclusões: A radiação provinha do espaço, qualquer que fosse a direção do receptor da antena (isotropia); A radiação captada correspondia à emissão de um corpo negro de temperatura próxima de 2,7 K, ou seja, seu pico de radiância era faixa de microondas. Desse modo a radiação recebeu o nome de Radiação Cósmica de Fundo e fez da teoria do Big Bang o modelo cosmológico mais provável atualmente. 4. RADIAÇÃO CÓSMICA DE FUNDO A partir dos anos 1990, vários satélites estudaram com detalhes a RCF. Os dados obtidos por esses satélites são tão precisos que é possível medir variações nessa temperatura de 1 parte em 100000. Em 1992, a medida para a temperatura do espectro de corpo negro da RCF, obtida pelo satélite COBE, era de 2,725 ± 0,001 K, como mostra a figura abaixo. O experimento FIRAS a bordo do satélite COBE revelou a natureza térmica do 3 espectro da RCF com um grau espantoso de precisão. É interessante destacar que, na figura acima, o tamanho da barra de erros da na verdade é menor do que a espessura da curva teórica. 4.1 Universo quente e denso Como visto anteriormente (Contexto Histórico, pg.2) a RCF é, provavelmente, uma das evidências mais importantes em favor da teoria de um Universo primordial quente e denso. Segundo esse modelo cosmológico, a RCF observada hoje é um ‘instantâneo’ de como era o Universo cerca de 380 mil anos após o seu início, quando a radiação se desacoplou da matéria. Antes dessa época, os fótons interagiam fortemente com os elétrons livres devido ao espalhamento de Thomson. Posteriormente (380 mil anos) a temperatura da radiação caiu a, aproximadamente, 3000 K, permitindo a recombinação de prótons e elétrons em átomos de hidrogênio neutro. A partir de então a radiação passou a seguir seu curso livremente sem ser afetada pela matéria. É interessante ressaltar que inicialmente, de acordo com a equação de radiância espectral, o espectro luminoso da RCF era mais abrangente, de forma que a faixa espectral do infra-vermelho e da luz visível faziam parte também. Conforme o Universo expandiu, a densidade de energia da RCF diminuiu e a temperatura caiu para 2,725 K, o que limitou sua radiância espectral na região de microondas. 5. EXPERIMENTO Para entender a natureza da RCF, nós realizamos um experimento que consiste na obtenção da radiância espectral de uma lâmpada incandescente, por meio da equação de Planck (radiância espectral). A finalidade é obter o espectro de corpo negro da lâmpada, e sua temperatura de equilíbrio. Para tal realizamos os correspondentes passos. I. Fotografamos o espectro de primeira ordem de uma lâmpada incandescente de 40 W, sob uma rede de 570 fendas por milímetro, conforme mostra a figura abaixo. II. Por meio de um software obtemos a freqüência das cores do espectro fotografado. III. Para finalizar, plotamos a equação de Planck e ajustamos a curvatura do gráfico para obter a temperatura de equilíbrio do filamento (corpo negro). Nesse experimento nós tivemos a colaboração de alguns alunos de mestrado, que realizaram o mesmo experimento proposto neste artigo.Os alunos nos forneceram o gráfico obtido por eles, mas obviamente sem a temperatura de equilíbrio. O gráfico fornecido foi usado para comparar os dados de ambos os experimentos e dessa forma obter uma maior precisão na medida da temperatura visto que, as lâmpadas utilizadas nos experimentos possuem as mesmas características. 5.1 Resultados Os resultados podem ser observados nas figuras abaixo, lembrando de que as temperaturas de equilíbrio são teoricamente iguais ou próximas. Gráfico obtido pelos nossos colaboradores: 4 T = ? Gráfico obtido por nós: T ~ 3300 K 6. CONCLUSÃO Sobre experimento concluímos que o melhor ajuste para a temperatura de equilíbrio é em torno de 3300 K. Sobre a RCF, constatamos que ela é uma evidência plausível do modelo cosmológico Big Bang e, de tal forma, contribui nas pesquisas relacionadas à origem do Universo. Várias de suas propriedades observadas confirmam a previsão teórica, possibilitando-nos conhecer melhor os parâmetros cosmológicos desse Universo primordial quente e denso. De certa forma a RCF colabora para que a cosmologia passe de uma ciência meramente qualitativa para uma ciência quantitativa. 7. REFERÊNCIAS SMOOT G. F. & DAVIDSON K.: Wrinkles in Time, Willian Morrow Co., New York, USA. REIF F.: Fundamentos de Física Estadística y Térmica, McGraw-Hill Books Co., New York, USA. AIELLO S.: Introduzione alle Stelle Elemeni di Astrofisica, Sansoi Nueva S.p.a, Firenze. SILK J.: O Big Bang A Origem do Universo, Edit. Universidade de Brasília. Campus Universitário, Asa Norte, Brasília, Brasil, 1982. CARVALHO R. P. de,: Microondas, Edit. Livraria da Física. SILVA A. I. da : A Radiação Cósmica de Fundo, Universidade de São Paulo, SP, 2000.
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