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Resumo: ACKERMAN Nós o Povo soberano

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ACKERMAN, Bruce, Nós, o povo soberano: Fundamentos do direito constitucional, Belo Horizonte: Del Rey, 2006
RESUMO
Bruce Ackerman oferece uma reinterpretação radical da experiência constitucional norte-americana e sua promessa para o futuro. É abordado temas da história americana, ciência política e filosofia; o livro confronta o passado, presente e futuro da soberania popular dos Estados Unidos. É apresentado ainda uma visão tão perspicaz do papel do Supremo Tribunal Federal, ao rejeitar os argumentos de ativistas judiciais, procedimentalistas e neoconservadores. Ackerman propõe um novo modelo de interpretação judicial que sintetiza as contribuições constitucionais de muitas gerações em um todo coerente. O autor varia de examinar as origens da tradição dualista nos Federalist Papers para refletir sobre recentes e históricas decisões constitucionais. Constituição de hoje pode ser melhor, ou seja, vista como o produto de três grandes exercícios na soberania popular, liderada pelos federalistas fundadores na década de 1780, os republicanos da Reconstrução na década de 1860, e os democratas do New Deal nos anos 1930.
Ackerman examina os papéis desempenhados durante cada um desses períodos pelo Congresso, a Presidência e o Supremo Tribunal. Ele mostra que os americanos construíram um tipo de distintivo da democracia constitucional, ao contrário de qualquer prevalecente na Europa. É uma democracia dualista, caracterizada no esforço contínuo para distinguir entre dois tipos de política: a política normal, em que grupos de interesses organizados tentam influenciar os representantes democraticamente eleitos; e as políticas constitucionais, em que a massa de cidadãos se mobiliza para debater assuntos principiológicos. Embora a história americana seja dominada pela política normal, a nossa tradição coloca um valor mais alto nos esforços mobilizados para obter o consentimento das pessoas aos novos principios do governo. Em uma democracia dualista, os triunfos raros de política constitucional vão determinar o curso normal do politico. Este livro conclui em uma fala convincente a todos os que buscam renovar e redefinir os nossos compromissos cívicos nas próximas décadas.
PRIMERIA PARTE – DESCOBRINDO A CONSTITUIÇÃO
1. A DEMOCRACIA DUALISTA
1.1 Um olhar introspectivo?
O autor inicia sua obra relatando o fato dos Estados Unidos possuírem uma Constituição “dominada por categorias que devem mais à experiência europeia do que sua própria”. Deste fato surge um tipo de interpretação não-histórica da Constituição. Diante desse cenário, Ackerman se posiciona: “Para descobrirmos a Constituição, devemos abordá-la sem a ajuda de guias importados de um outro tempo e de um outro lugar”. (ACKERMAN, p.3).
Ao expor essa situação o autor apresenta seu objetivo com o livro: “O meu objetivo, neste livro, será o de persuadir o leitor a crer que os nossos critérios atuais de discurso e prática constitucional são provenientes de um ordenamento mais complexo do que podemos supor, um ordenamento que é mais facilmente redescoberto pela reflexão, no curso do seu desenvolvimento histórico nos dois últimos séculos”. (ACKERMAN, p. 6).
1.2 A Ideia Básica
Constituição dualista diferencia duas decisões a ser tomada pela democracia, a decisão tomada pelo povo e a decisão tomada pelo governo. A primeira forma se apresenta com mais rigor formal e substancial para sua efetivação, já a segunda ocorre diariamente sob determinadas condições. No entanto, os políticos eleitos não são legítimos para aprovar uma lei que subverta garantias alcançadas pelo povo, pois se assim desejarem proceder, deverão se submeter aos mesmos rigores das decisões tomadas pelo povo.
1.3 A Democracia Monista
Ackerman diz que a democracia monista “garante aos vencedores das últimas eleições a autoridade para a criação de leis no plenário – desde que, como requisito básico, as eleições tenham sido conduzidas segundo regras justas e livres, e desde que os vencedores não venham a impedir próximos turnos eleitorais desafiadores”. (ACKERMAN, p. 9).
O autor dispõe de um paralelo entre os monistas e os dualistas quanto à atuação da Suprema Corte nas decisões tomadas pelos políticos. Para os monistas “o vencedor de uma eleição justa e aberta tem o direito de governar com total autoridade o povo” e este controle da suprema corte teria um caráter antidemocrático. Por outro lado, os dualistas “interpretam o desempenho da função de preservação pelos tribunais como elemento essencial de um regime democrático bem ordenado”. (ACKERMAN, p, 11-12).
1.4 Fundamentalistas de direitos
“Na confrontação com o monismo, o principal objetivo dos dualistas é romper o elo rígido que os monistas construíram entre duas ideias distintas: ‘democracia’, de um lado e ‘soberania parlamentar’ do outro. [...] Eles discordam apenas do modo normalmente utilizado pelos políticos eleitos ao legislar em nome do povo”. (ACKERMAN, p. 13).
Neste tópico o autor apresenta uma segunda teoria moderna engendrada pelos fundamentalistas de direito, para quem os direitos elencados na constituição devem ser protegidos pela própria constituição. Quanto à invalidação de leis em nome dos direitos fundamentais pela Suprema Corte, os fundamentalistas “se preocupam mais frequentemente coma a possibilidade de uma legislação, ainda que democrática, ter a faculdade de ratificar ações opressoras”. Os direitos estariam acima da democracia desde que sejam direitos legítimos. (ARCKEMAN, p. 14).
O problema se encontra em definir quais são os direitos fundamentais. É neste ponto que os fundamentalistas de direito recorrem aos filósofos como Kant e Locke para interpretar a constituição. Os monistas entendem esse enfoque filosófico como um desvio antidemocrático, por ser compreendido por poucos e “apenas ressalta o elitismo notório que anula as questões fundamentais do processo democrático”. (ARCKEMAN, p. 15).
Os dualistas se apresentam como mediadores, nesse ponto, pelo sistema de mão-dupla na criação da lei. “Ele dá espaço à visão fundamentalistas para que os ‘direitos triunfem’ sem violar os compromissos rígidos dos monistas com a primazia da democracia”. (ARCKEMAN, p. 16).
“Essa reconciliação, evidentemente, não será suficiente para todos os adeptos das outras teorias conflitantes [...] Para os dualistas, a tutela de direitos depende da declaração democrática prévia na instância superior de criação da lei. Nesse sentido a Constituição dualista é, antes de tudo, democrática e, posteriormente, asseguradora de direitos. O fundamentalista compromissado reverte essa prioridade: a Constituição se encontra, em primeiro lugar, engajada na proteção de direitos; apenas em segundo plano é que autoriza o povo a impor sua vontade sobre outras questões”. (ARCKEMAN, p. 16-17).
1.5 Historicismo.
“A controvérsia entre os monistas e fundamentalistas domina o presente campo do debate constitucional e desloca-se das salas de aula para os tribunais. [...] Não é de se admirar que juristas e cidadãos se envolvam em reflexões sobre democracia e direitos – surgindo adeptos ao trabalho das duas escolas opostas”. (ARCKEMAN, p. 21).
A aplicação da legislação em vigor e a tutela dos direitos constitucionais fazem parte da democracia dualista e apontam para uma direção ao resolver um conflito entre autor e réu: “uma direção voltada para um estudo reflexivo do passado a fim de determinar quando e como o povo se manifestou no processo histórico da política constitucional bem-sucedida”. (ARCKEMAN, p. 22).
1.5.1 Os paradoxos do “burkeanismo” estadunidense.
Essa tendência histórica o autor denominará de “pensamento burkeano”, sendo ela mais utilizada na pratica dos advogados e juízes. O advogado se importa com os critérios de decisão tomados pelos juízes no decorrer do tempo. Gradativamente, essas decisões produzem direitos constitucionais e geram precedentes que o Presidente e o Congresso utilizam “para demandar novas concessões de autoridade constitucional”. 
1.6 O Renascer Republicano
“Como o direito estadunidense demonstrouter no passado uma notável capacidade para absorver críticas acadêmicas e populares, subsiste uma grande esperança para uma revisão semelhante no futuro”. (ARCKEMAN, p. 32).
“Se a nova geração de acadêmicos da área jurídica provar seu valor, podemos crer que esse processo de reorientação histórica já começou. Nos últimos anos, os jornais de direito não mediram esforços para acrescentar projetos críticos de porte, já assimilados por muitos cientistas e historiadores. [...] O esforço crítico mais relevante tenta aqui revitalizar os aspectos republicanos da tradição política norte-americana”. (ARKEMAN, p. 32-33).
O autor menciona duas obras pelas quais serão trabalhados, nos próximos tópicos, suas ideias principais: A Tradiçao Liberal na América de Loius Hartz e O Momento Maquiavélico de John Pocock.
1.6.1 O Liberalismo de Hartz.
O modelo de Hartz se baseou na visão familiar e marxista que condena a sociedade moderna a três fases: feudalismo, capitalismo e socialismo. Os Estados Unidos não se enquadrava nesse modelo por não terem vivido o feudalismo, “faltaram para os Estados Unidos os ingredientes sociais necessários para caracterizar as etapas subsequentes”.
Os Estados Unidos “havia se tornado um território preso em um consenso da filosofia de Locke, que considerava a política superficial e glorificava isoladamente os direitos naturais dos indivíduos à vida, à liberdade e ao culto à propriedade. Já que os norte-americanos nunca foram obrigados a empregar o poder do Estado para se libertar das garras do feudalismo, pois nasceram ‘iguais’, podiam olhar para o Estado como uma ameaça não mitigada à liberdade natural”: (ARCKEMAN, p. 34).
Frente a este posicionalmente de Hartz, Ackerman faz a seguinte crítica: “o erro de Hartz reside na interpretação de Tocqueville de que os norte-americanos nascem ‘iguais’. [...] Hartz entendeu que essa ‘igualdade’ seria sustentada sem uma luta política corrente em seu significado e escopo ou, que os norte-americanos poderiam realizá-la sem uma política séria repleta de atitudes renovadoras, ele estava simplesmente equivocado”.
“Os estadunidenses não gozam do princípio da isonomia em razão de um milagre ou de uma concepção imaculada. Partindo da premissa que conquistamos nossa igualdade, concluímos que adquirimos por meio do debate inflamado, de decisões populares e da criatividade constitucional”. (ARCKEMAN, p. 36-37).
1.6.2 O Republicanismo de Pocock.
“Pocock se recusou a permitir que a luta liberal individualista contra o feudalismo dominasse sua compreensão do pensamento moderno. [...] O estudo magistral de Pocock, O Momento Maquiavélico, retrata a maneira como esse ideal clássico [da polis da Grécia antiga] foi revivido e transformado, durante o Renascimento italiano, antes de ser absorvido por republicanos radicais na Revolução inglesa do século XVII. [...] Pocock nos convida a vê-los [federalistas] como confrontadores conscientes do ideal clássico do governo autônomo republicano e busca redefinir seu espaço no mundo moderno” (ARCKEMAN, p. 39).
1.6.3 Republicanismo Liberal
Ackerman diz que não se podem colocar as duas correntes anteriormente vistas como totalmente distintas, desse modo o autor não se filia ao pensamento de nenhum dos autores. 
“Contrariamente a Hartz, não acredito que os Estados Unidos estejam vivendo uma época de desvio da filosofia de Locke, carente de políticas sérias ou de transformações ideológicas significativas. [...] Contrariamente a Pocock, não concorda que o desenvolvimento ao longo dos séculos possa ser descrito como um declínio do republicanismo do século XVIII em direção ao liberalismo do século XX”. (ARCKEMAN, p. 42).
Conclusão
Ao concluir este primeiro capítulo, Ackerman nos traz um breve resumo do posicionamento dos pensadores previamente dispostos. “O monista insiste em dizer que o nosso governo é, antes de tudo, estruturado sobre princípios democráticos; o fundamentalista enfatiza sua proteção aos direitos fundamentais contra as mudanças políticas cotidianas; os seguidores de Burke apontam para as características historicamente enraizadas de nossa tradição constitucional; e os adeptos de Hartz e de Pocock observam que os Estados Unidos são diferenciados quanto ao seu envolvimento em caracterizar um tipo especial de liberalismo e republicanismo”.
“Porém, é somente o dualismo que incorpora todas essas reflexões em um contexto mais amplo – um todo que provoca uma reflexão mais profunda sobre as forças e fraquezas distintas da Constituição norte-americana, como ela nos foi apresentada, há mais de dois séculos de debates e decisões. A partir daí, inicio meu discurso contra a europeização do pensamento constitucional norte-americano”. (ACKERMAN, p. 44).
2. O MITO DO BICENTENÁRIO
2.1 Da Filosofia à História
O primeiro tópico deste capítulo trata da Constituição Estadunidense como “uma prática constitucional evolutiva, constituída por gerações de norte-americanos, conforme esses se mobilizaram, discutiram e solucionaram suas controvérsias com relação à identidade e ao destino na nação”. O discurso constitucional norte-americano, constantemente, retoma aos fatos históricos vistos como conquistas como pontos para decodificar a política atual. Desse cenário que surge o mito do bicentenário.
Ressalta Ackerman, que a teoria constitucional dos Estados Unidos, criada por Woodrow Wilson, trata a Constituição como “uma versão emendada da democracia parlamentar inglesa e tentou adequar [...] aos ideais monistas da democracia inglesa moderna [ao dualismo estadunidense]”. Ao citar teóricos da constituição como Marx e Kant, o autor argumenta que “todos negam que a solução para compreender a Constituição estadunidense seja refletir profundamente sobre a conquista de sua criação e transformação no decorrer dos últimos dois séculos” (ACKERMAN, p. 49).
Por outro lado, é exposta a narrativa constitucional dos norte-americanos que os caracteriza como povo. “Se não tentássemos interpretar nossa histórica constitucional, estaríamos nos separando (...). Interpretar a constituição é descobrir uma parte importante de nós mesmos (...). O que narramos sobre a natureza e a história do nosso passado constitucional irá, em seu tempo, estabelecer os caminhos do presente e do futuro do nosso país”. (ACKERMAN, p. 50).
Ackerman lança então uma serie de indagações questionando o mito do centenário, dentre elas: “Com qual grau de precisão os estadunidenses constroem a historia que liga seu presente constitucional aos dois séculos que o antecedem?” (ACKERMAN, p. 51).
2.1.1 A Complexidade do Passado
Os norte-americanos interpretam a Constituição de diversas formas e acabam por referenciar uma perspectiva histórica. O estadunidenses modernos não acreditam que todos os anos da história tenham contribuído igualmente para a Constituição, a narrativa constitucional é dividida em duas partas: 1) Referência a acontecimentos corretes como decisões recente dos tribunais; 2) Referências a um passado mais distante relacionado com os primeiros 150 anos.
Este passado remoto exerce um influencia direta nas vidas dos norte-americanos. “Todos os dias, os magistrados lidam com os nossos protocolos mais importantes baseando-se em um passado remoto: agem com a convicção de que o que fora julgado há um ou dois séculos, em nome do povo, corresponde ao exercício do poder pelos governantes atualmente eleitos”. (p. 52)
2.2 O Molde do Passado Constitucional
Três períodos da história são destacados para a formação no jurista de uma estrutura de decisão no caso concreto. 1º Construção da Constituição original e do Bill of Rights; 2º As lutas que culminaram nas emendas da Reconstrução; 3º Confronto entre o New Deal e a velha Suprema Corte que resulta no triunfo do Estado do bem-estar social.
“O único problema surge quando consideramos o modo como o meio profissional transformou essa cronologia seletiva em uma narrativa consistente, que enraíza a era moderna em um passado remoto”. (p. 56)
2.2.1 A Narrativa Existente
“A versão que os juristas dão paracada uma das fases transformadoras não os convida refletir sobre as características comuns dessas três etapas decisivas. Em vez disso, cada um desses três acontecimentos é ocultado por uma serie de categorias jurídicas que enfatizam o quanto um fato é diferenciado do outro”. (p. 56)
Para fins atuais, o ponto crítico é bastante simples: em contrastes com as duas primeiras fases de transformação, os juristas atuais não descrevem em os aspectos substantivos e nem procedimentais do New Deal, propagando uma tese de criação constitucional”. (p. 60)
2.2.2 Federalistas Fundadores – Constituição Ilegal; Reconstrução
“Enquanto os republicanos da Reconstrução conquistaram a autorização do povo norte-americano para as mudanças fundamentais dos princípios de governo, a onda de transformações, conquistadas pelos Democratas do New Deal, representa nada mais do que um retorno à sabedoria dos Fundadores”. (p. 60)
“Em vez de seguir passivamente as ordens dos Federalistas, tanto os republicanos quanto os democratas assumiram uma postura constitucional criativa, tanto do ponto de vista procedimental quanto substancial”
2.3 A Reconstrução
“A Reconstrução foi simplesmente a reestruturação da União a partir do zero. As emendas da Reconstrução – [...] – nunca teriam sido ratificadas se os republicanos tivessem seguido as normas estabelecidas pelo artigo 5º da Constituição original. [...] Para evitar que o Sul utilizasse as normas federalistas do artigo 5º, visando derrotar a proposta e a ratificação da emenda, os republicanos da Reconstrução elaboraram um novo, e mais nacionalista, sistema de tomada de decisões constitucionais, no qual os Estados representavam apenas um papel secundário”. (p. 62)
“Os republicanos da Reconstrução transformaram separação nacional de poderes em uma alternativa para o sistema federalista de revisão constitucional, que havia se baseado exclusivamente na divisão de poderes entre os Estados e a nação. [...] A Reconstrução republicana da União foi um ato de criação constitucional tão importante quanto o da Fundação em si: não apenas os republicanos introduziram novos princípios substantivos dentro da lei suprema, como também reestruturaram o próprio processo de sua criação”. (p. 63-64)
2.4 O New Deal
O mito da redescoberta trata a luta dos democratas do New Deal com pouca contribuição para a criação do direito, sua contribuição envolveu apenas “pequenos fragmentos esquecidos dos princípios filosóficos da Fundação”. No entanto, Ackerman pensa diferente, “exatamente como os republicanos da Reconstrução, os democratas do New Deal confiavam na separação nacional de poderes entre o Congresso, o Presidente e a Corte, para criar uma nova estrutura institucional por meio da qual o povo norte-americano pudesse definir, debater e, finalmente decidir o seu futuro constitucional”. (p. 65)
O New Deal criou um modelo de liderança presidencial ao invocar precedentes da Reconstrução
2.5 Do Passado ao Presente
“Nos anos 30, os republicanos não repeliram o New Deal por meio de campanhas vigorosas para a criação de emendas constitucionais formais, [...]. Ao invés disso, (...), o Governo republicano de Reagan utilizou a Presidência como foco institucional em um esforço para forçar o povo estadunidense a rever sua identidade constitucional. (...) a questão crítica era a extensão do poder que o Presidente possuía no convencimento das outras facções do governo nacional para que essas cumprissem fielmente as mudanças pretendidas”. (p. 69)
“Se o povo estadunidense alguma vez decidiu endossar um rompimento com seu passado constitucional, eles o fizeram nos anos 30. [...] Segundo o artigo 5º, nenhuma emenda pode ao menos ser proposta pelo Congresso em nome do povo, a menos que dois terços de ambas as Câmaras concordem, e não somente uma maioria simples do Senado. Mesmo essa demonstração de peso, de apoio institucional, basta apenas para inserir a proposta na agenda constitucional; seria necessário posteriormente, um segundo turno institucionalmente importante de debates e decisões até que o sistema clássico permita que uma nova visão constitucional seja transformada em direito. Em suma, a pratica moderna parasse bastante frágil para evidenciar claramente o amplo e significativo apoio popular classicamente exigido para um rompimento definitivo com o passado”. (p. 73)
3 UMA CONSTITUIÇÃO, TRÊS REGIMES
3.1 Na direção da perspectiva de um regime
Os últimos capítulos trataram sobre os três grandes momentos da história quer formam a história constitucional dos Estados Unidos. Dentre ela o New Deal é visto como o único momento em que não houve uma criatividade constitucional, no entanto, Ackerman propõe uma nova narrativa “na qual tanto os republicanos da Reconstrução quando os democratas do New Deal surgem como contemporâneos dos Fundadores federalistas na elaboração de processos novos de criança da lei maior e de solução substantivas em nome do povo dos Estados Unidos”. (p. 79)
Essa nova interpretação pode modificar a maneira como os juristas julgam o caso concreto, segundo Ackerman, “uma análise de três possibilidade pode ser muito mais justa às aspirações democráticas e aos fatos distintos da Fundação, da Reconstrução e do New Deal”. (p. 80)
4 A REPÚBLICA INTERMEDIÁRIA
4.1 Ideais Constitucionais, Realidades Institucionais
O novo regime republicano possuía um caráter mais nacionalista por meio da 14º emenda e estava ligado à liberdade individual como o fato de que “negavam a autoridade do governo nacional para o estabelecimento de uma religião, eles não desafiavam a autoridade das instituições religiosas nos Estados para catalogar os direitos fundamentais da consciência”. (p. 112)
A nacionalização de direitos fundamentais colocou os direitos individuais frente a soberania dos estados e partir dai surge uma outra questão, “saber quais direitos individuais eram, suficientemente, fundamentais para garantir a proteção nacional”. (p. 113)
4.2 A Suprema Corte: o problema da síntese
“Da mesma forma que ocorreu na antiga republica, com o decorrer do tempo novos interesses políticos e compromissos moveram-se para o centro do palco nacional, empurrando para o plano secundário as questões fundamentais da indentidade política, que era o foco da política constitucional [...] a Corte Republicana deparou-se coma a tarefa de preservar as soluções constitucionais contra a erosão indevida, causada pelos altos e baixos da vida política cotidiana”. (p. 119)
Ackerman apresenta um novo problema que atinge a suprema corte americana: “Se os valores da Reconstrução precisassem ser representados fielmente no cenário nacional, a tarefa chegaria a Suprema Corte. Como teria então a Corte descartado essa função preservacionista?” (p. 120)
A Suprema Corte enfrenta então um problema que Ackerman denomina de “síntese multigeracional”, ou seja, uma única geração de norte-americanos não podia ser os únicos a contribuir para a proposta e ratificação da Constituição, era preciso observar os acontecimentos históricos das gerações possadas.
Desse modo, a Suprema Corte precisaria “identificar quais aspectos da primeira Constituiçao sobreviveram à reconstrução republicana. Tendo isolado os fragmentso que restaram, eles precisariam sintetizá-los em uma nova doutrina íntegra que expressasse os novos ideais estabelecidos pelos republicanos em nome do povo”. (p. 122)
4.3 Duas Respostas Simples
Para ilustrara a problemática, Ackerman faz a seguinte explicação: “No primeiro período, a geração da Fundação anunciou a norma X como uma norma constitucional; no segundo período os Reconstrutores anunciaram Y como norma da mesma natureza, sendo que a norma Y é parcialmente, e não inteiramente, inconsistente com a norma X. Como então reunir a norma X e a norma Y em um todo harmónico?” (p. 124)
Ackerman apresenta duas formas de resolver essa questão. A primeira é a posição de Hugo Black que traz uma norma sintética – uma norma constitucional S que expressa como a norma Y deve ser harmonizada com a norma X.
Outra resposta simplesna qual trata a norma Y como um superestatuto que “se contenta com a modificação de uma ou mais normas sem desafiar qualquer princípio mais estrutural”. (p. 125)
4.4 O Caminho da Norma
Neste tópico, Ackerman enfrenta a questão de saber qual o problema da síntese e como deve ser estruturada a norma jurídica. “Devemos alcança-la por meio da confrontação das tensões entre a Fundação e a Reconstrução, elaborando princípios doutrinários que harmonizem esse conflito, de modo a fazer justiça às aspirações de cada um dos dois períodos”. (p. 131)
Os litígios que chegam à Suprema Corte possuem conflitos entre os Princípios da Reconstrução com os Princípios da Fundação. “Podemos esperar um diálogo contínuo com o passar do tempo, em que tentativas remotas de síntese judicial servem como precedentes, em uma interação jurídica incessante que busca uma reconciliação entre o primeiro e o segundo período”. (p. 132)
A maioria retrata o primeiro e o segundo período como um grande retângulo onde todos os casos podem ser adjudicados e nele se dividiria em duas partes distintas – P. da Fundação e P. das Reconstrução.
O enfraquecimento de decisões por experiências vivenciadas e o fortalecimento da dialética jurídica combatem a síntese específica da primeira geração jurídica e a substitui por uma síntese compreensiva, que segundo Ackerman: “em vez dos princípios do segundo período serem confinados no contexto histórico, do qual eles primeiramente emergiram, a Reconstrução é agora interpretada como uma fonte de princípios jurídicos, tão eficazes no que diz respeito a sua aplicação quanto aqueles derivados da Fundação. O trabalho agora é desenvolver todo conjunto de princípios constitucionais de forma completa, visando a harmonizar suas mais profundas aspirações. [...] tanto os princípios da Reconstrução quanto os da Fundação são estabelecidos no mesmo nível de abstração e generalidade”. (p. 136)
4.5 Reinterpretando a República intermediária
“Voltamos agora a abordar as duas grandes correntes que dominaram o primeiro século da política norte-americana: de um lado, o ideal Federalista de uma república descentralizada; de outro, a argumentação republicana para uma União mais nacionalista que não deveria mais tolerar a escravidão de qualquer cidadão norte-americano por uma maioria dominante dos Estados-membros, mas que, por sua vez, insistia na tutela igualitária das leis. Como poderíamos sintetizar essas duas filosofias em um todo único singular?” (p. 138)
Ackerman resume a questão da síntese em um questionamento: “Se a antiga república dava proteção limitada aos direitos fundamentais dos homens brancos em exercer suas liberdades de negociação e direito à propriedade, não deveriam as emendas da Reconstrução ser interpretadas com o intuito de exigir igual proteção aos direitos fundamentais de todos os norte-americanos para exercerem esses mesmos direitos?” (p. 140)
“O mito moderno seve apenas para cegar-nos, até o ponto de não percebemos o quanto o problema sintético enfrentado pelos republicanos da República intermediária ainda continua a nos perseguir. Afinal de contas, os constitucionalistas atuais não negam que a Constituição proíba a escravidão e que essa garantia será exercida se um cidadão estiver sendo cerceado nos seu direito de livre escolha e de ir e vir. Contudo, os juristas de hoje expressam essa opinião de diversas maneiras que não colocam grande peso sobre a livre negociação e a propriedade privada, conceitos desacreditados pelo povo do período do New Deal”. (p. 141)
4.6 Repensando o New Deal
“Na dramatização dos princípios constitucionais fundamentais erguidos pelo New Deal, a velha Corte contribuiu para uma transformação mais democrática e centralizada da identidade constitucional. [...] a velha

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