Ação de petição de herança

Prévia do material em texto

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES APRENDIZ
FACULDADE DE DIREITO
Nayara Helena Coimbra
DIREITO DAS SUCESSÕES:A PETIÇÃO DE HERANÇA
Barbacena
2018
RESUMO
Nesse trabalho iremos analisar o herdeiro que não é evidente na sucessão que irá recorrer a petitio hereditatis, para obtenção de sua herança em igualdade e condições se obtiver demais herdeiros de sua classe e ser reconhecido como herdeiro.
Essa ação é um tema bem recorrente no Direito Sucessório sendo um instrumento processual que permite o herdeiro reclamar sua parte da herança. 
INTRODUÇÃO
O presente artigo cientifico tem objetivo de abordar os principais tópicos referente a petição de herança, a petição de herança surge como forma de proteção à qualidade de sucessor. Tratando-se de ação fundamental para que um herdeiro não reconhecido possa ter direito a seus bens hereditários.
Refere-se a medida judicial, denominada ação de petição de herança, no qual o herdeiro pode obter a restituição da herança, total ou parcial, da pessoa que na qualidade de herdeiro ou mesmo que sem título a possua.
A petição de herança (petitio hereditatis). foi introduzida no Código Civil de 2002, no artigo 1.824.
NOÇÕES GERAIS 
O Código Civil 2002, zelou pela ação de petição de herança já com nossa doutrina e jurisprudência, mas que foi baseada na legislação italiana.
Preceitua sobre a ação de herança o art. 1824 do código civil:
“O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo se título, a possua.
Sendo que o Art.1824 outorga o herdeiro em ação designada a petição de herança, o direito de postular, em juízo, o reconhecimento de sua condição de herdeiro e a partição do processo sucessório, permitindo o herdeiro sua restituição ou parte dela. 
A ação de petição de herança é própria do herdeiro menosprezado pelos demais, que postularem o inventario sem sua presença, podendo o herdeiro excluído arbitrar a ação de petição da herança, investigando sua paternidade, visando o seu reconhecimento nas partilhas.
O direito das sucessões tem o instituto que é o princípio saisine que está no art. 1724 do código civil que consiste em uma relação jurídica que proporciona aos herdeiros a posse indireta do patrimônio deixado causa mortis pelo falecido.
Para melhor compreender tudo isso acontece por exemplo quando o filho não é reconhecido em vida pelo cujus e por essa situação o herdeiro não é inserido na partilha dos bens.
Portanto que nessa situação nos vemos a importância da petição de herança (petitio hereditatis) como medida judicial apropriada para pessoa que foi excluída da herança, para obter o reconhecimento da qualidade de herdeiro, e possa receber que e dela de direito.
 NATUREZA JURIDICA DA AÇÃO 
Apresentada por Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, petição de herança é uma ação especial, trata de uma ação imobiliária e universal.
Esclarece o professor Fernandez Arce (Manual de derecho sucessório. cit. pág. 99) que não há enquadramento da petição de herança como uma ação imobiliária “trata-se de uma ação real imobiliária porque sua finalidade porque sua finalidade e a restituição dos bens hereditários” 
Exige o consentimento do cônjuge se este for casado para a propositura da ação, se aplicando também na união estável exceto se estiver em regime de separação de bens, não obtendo o litisconsórcio ativo e nem o ativo necessário, tratando se um litisconsórcio passivo necessário pois a citação de ambos é fundamental juricidade do processo.
Por fim a ação universal na qual o autor busca o reconhecimento na sua qualidade de herdeiro, com a entrega dos bens total ou em partes com seu acessórios e rendimentos desde a morte do “de cujus”.
Não podendo confundir ação de petição de herança com reivindicatória nesta ação pesquisa a propriedade do autor por meio de registro em cartório de imóveis reivindicando o bem especifico e determinado já na petição de herança reconhece a condição de herdeiro. Sendo a ação de herança declaratória e condenatória.
LEGITIMADOS PARA AÇÃO
Cumpre indicar quem está legitimado a valer-se da ação da petição de herança e contra quem pode ser proposta. Enquadra- se a ação em quem se intitula herdeiro e requisita esse título, como objetivo de ressarcimento da herança, no todo em ou parte. Considerando legitimo ativo tanto o sucessor como o testamentário. legitimam-se ainda o sucessor herdeiro e o herdeiro fideicomissário, e pro herdeiro que tem interesse herança.
Segundo o art.1825 dispõe do código civil:
“A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só herdeiro poderá compreender todos os bens hereditários”
Com a morte do de cujus estabelece a copropriedade e divisão de ou mais herdeiros podendo qualquer deles ingressar com a petitio hereditatis contra o herdeiro ou possuidor de qualquer título, inclusive a restituição de todos os bens hereditários.
Eduardo A. Zannoni (Comentário do novo código civil. cit. Pagina 197-198) em sua fundamentação diz que a ação seja proposta ate mesmo pelos credores do titular e pelo cessionário, no mesmo raciocínio Eduardo de Oliveria leite admite a legitimidade do administrador da falência do morto ou do herdeiro, do curador da herança jacente do falecido ou do herdeiro testamentário.
O legitimado passivo é quem possui os bens hereditários, com o titulo de herdeiro ou outra destreza ou mesmo sem título, figurando-se na condição de réu. O proprietário da herança assume a posição de herdeiro sem possuir essa condição, por qualquer causa que a justifique.
Para entendermos melhor e possível que um filho que não foi reconhecido de alguém que morreu peça a ação de petição da herança contra os filhos do de cujus para se ressarcir de sua parte que tem direito, como é possível que o filho único proponha também a petição de herança contra o terceiro que o possui por qualquer motivo.
O art.1827 do código civil diz que o herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo que esteja em bens de terceiros, sem dano contra responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens transferidos; poderá então um terceiro adquirir um bem pouco importando se foi de forma onerosa ou gratuita.
É de grande valia que a petição de herança onerada com uma ação de paternidade constará com sujeito passivo se apropriando do bem da herança, e de todos falecidos que também sejam herdeiros dominantes litisconsórcio passivo necessário.
OBJETIVO DA PETIÇÃO DE HERANÇA 
É muito importante salientar que a ação de petição de herança tem como objeto o reconhecimento do herdeiro, e a obtenção da posse dos bens devidos. Sendo, portanto, a petitio hereditatis promovida para aquisição dos bens que compõem o patrimônio transmitido.
Se for proposta a ação para reconhecimento de cordeiro o valor da causa será sua cota-parte, portanto se houver cumulação com pedido de reconhecimento de paternidade e de petição de herança o valor da causa será a soma do pedido declaratório acumulado com o condenatório.
PRESCRITIBILDADE 
Muito já se discutiu a reputo da imprestabilidade da petitito hereditatis. Parte da doutrina adere a opinião de Orlando Gomes (sucessões, ct página 265), segunda ação no rigor dos princípios é imprescritível ainda que a natureza real o afirma “não prescreveria, como não prescreve a ação de reedificação. Fosse ação pessoal também ser a imprescritível porque destinada ao reconhecimento da qualidade hereditária de alguém não se perde pelo não uso".
Com esse e outros entendimentos o supremo tribunal federal (STF) proclamou que a ação de petição de herança não é imprescritível.
De acordo com a súmula 149: 
é imprescritível a ação de investigação de paternidade não só a petição de herança"
Também como já decidido não pode postular sobre a herança a pessoa viva, somente depois do falecimento há legitimação ativa para suceder.
Esclarecido pois a imprescritibilidade da petitio hereditatisé necessário estabelecer então qual o prazo para proceder ação. Seguindo então pelo código Civil art. 205 " o prazo de dez (10) anos que começa segundo posicionamento majoritário, a partir da data de abertura da sucessão
Segundo a tese actio nata, o prazo deve começar iniciando da data de conhecimento da violação ou lesão ao subjetivo pelo seu respectivo titular.
O STF se adapta com a tese actio nata, sendo de grande clareza a súmula 278:
O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da capacidade laboral"
Contudo a ação de petição de herança for onerada com a de reconhecimento de patrimônio o prazo prescricional segundo a jurisprudência começará a fluir com trânsito em julgado da ação de investigação de paternidade.
A PETIÇÃO DE HERANÇA E O HERDEIRO APARENTE
O herdeiro aparente é aquele que tem posse da herança indevidamente se apresentando como herdeiro verdadeiro dos bens.
Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka diz " herdeiro aparente é aquele que, como tal surgisse aos olhos de todos em face de determinadas circunstancias com um verdadeiro e legítimo herdeiro, sem selo realmente. E aquele que não sendo titular dos direitos sucessórios e tido, entretanto, como legítimo proprietário da herança". (Hirokana, Giselda Maria Fernandes Moraes, CF, DIREITO CIVIL, estudos. Cit. Página 253).
Ou seja, o herdeiro aparente é aquele que se apresenta como verdadeiro sucessor dos bens reputado herdeiro legítimo por força de erro comum ou geral.
Como cita Carlos Roberto Gonçalves (página 150) " o terceiro que adquire do herdeiro o título oneroso e de boa fé não pode ser molestado, pois a lei considera eficaz a alienação não importando se o alienante tido por todos como verdadeiro herdeiro encontra-se de boa Fé ou má fé pois inspira a posição adotada pelo legislador a boa-fé do adquirente"
Art.1828 do código diz:
" O herdeiro aparente que de Boa fé houver pago legado não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvando a este o direito de proceder contra quem recebeu:
Contudo o herdeiro aparente, que se encontra de boa-fé não perde a posse da herança tendo seus atos protegidos por lei, isento de qualquer responsabilidade.
CONCLUSÃO
Notoriamente o tema abordado e de grande repercussão para ordenamento jurídico e o direito sucessório, verificando-se que a petição de herança é um direito do herdeiro não reconhecido, que não participou da partilha de bens, sendo julgada procedente poderá ocasionar a nulidade desses bens.
Essa ação atua de uma forma protetora ao herdeiro resguardando seus direitos, levando a restituição desse bem que é de direito do titular. Assim, em tal situação, é aconselhável que ação de petição de herança seja cumulada com uma ação de investigação de paternidade, afirmando que a ação de investigação de paternidade imprescritível e a petição de herança prescrever no prazo de 10 anos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA 
Disponível em:< https://jus.com.br/artigos/23156/a-formula-saisine-no-direito-sucessorio> Acesso em 08 out de 2018.
Disponível em <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8685/Da-peticao-de-heranca> Acessado em 09 out 2018.
GONÇALVEZ Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Volume 7. Ed 7. São Paulo: Saraiva,2013.
VADE MECUM, Saraiva, Colaboração de Lívia Céspedes e Fabiana Dias de Rocha- 23. Ed. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2017.