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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS - DCEN DISCIPLINA: Cálculo II Data: 02=03=12 PROFESSOR: Antonio Gomes Nunes ALUNO(A): NOTAS DE AULAS DE CÁLCULO II DOS PROFESSORES ANTONIO/CÉLIA/RONALDO Capítulo 1 Funções Transcendentes e Funções Trigonométricas Inversas 1.1 Funções Inversas A ideia da função inversa é resolver uma equação y = f(x) para x como função de y; digamos x = f�1(y) de tal maneira que as igualdades i) f�1(f(x)) = x; 8 x no domínio de f , ii) f(f�1(y)) = y; 8 y no domínio de f�1 sejam satisfeitas. De nição 1.1 (Função Injetora) Uma função f(x) é injetora no domínio D se f(x1) 6= f(x2) sempre que x1 6= x2 em D: De nição 1.2 (Função Inversa) Seja f uma função injetora num domínio D com imagem S: A função inversa f�1 é de nida por f�1(a) = b se f(b) = a: O domínio de f�1 é S e a imagem de f�1 é D: 1 Exemplo 1.1 As funções f(x) = x3 e f�1(y) = 3 p y são funções inversas: Observação 1.1 É importante entender que uma função está determinada pela lei que a de ne e não pela letra usada para a variável independente. Assim, f�1(y) = 3 p y; f�1(x) = 3 p x; etc. Exemplo 1.2 As funções f(x) = ex e f�1(x) = lnx são inversas. Observação 1.2 Nem toda função possui inversa. Por exemplo, f : R ! R de nida por f(x) = x2 não possui inversa. Mas, se de nirmos f de R+ em R+ então y = f(x) = x2 admite inversa x = f�1(y) = p y: Observação 1.3 Uma função que é crescente em dado intervalo, satisfazendo f(x2) > f(x1) quando x2 > x1; é injetora e tem inversa. Funções decrescentes também têm inversas. Exercício 1 Determine a inversa de f(x) = 1 2 x + 1 e represente gra camente. Calcule também a derivada de f e a derivada de f�1: Qual a relação existente entre suas derivadas? 1.2 Derivadas de Funções Inversas Existe uma relação de reciprocidade entre as derivadas ou os coe cientes angulares de f e f�1: Se o coe ciente angular de y = f(x) no ponto (a; f(a)) é f 0(a) e f 0(a) 6= 0, então o coe ciente angular de y = f�1(x) no ponto (f(a); a) é o recíproco 1=f 0(a): Considerando b = f(a); então (f�1)0(b) = 1 f 0(a) = 1 f 0(f�1(b)) : Teorema 1.1 (REGRA DA DERIVADA PARA FUNÇÕES INVERSAS) Se y = f(x) é uma função de nida em um intervalo aberto I e f 0(x) existe e nunca é nulo em I, então f�1 é derivável em qualquer ponto de seu domínio e (f�1)0(b) = 1 f 0(f�1(b)) : (1.1) Isto é, o valor de (f�1)0 no ponto b do domínio de f�1 é a recíproca do valor de f 0 no ponto a = f�1(b): 2 Exemplo 1.3 Aplique o Teorema 1.1 para a função f(x) = x2: x > 0: Observação 1.4 A equação (1.1) as vezes nos permite encontrar valores particulares de f�1 sem saber a fórmula para f�1: Exercício 2 Seja f(x) = x2 � 2: Determine o valor de f�1 em x = 6 = f(2) sem achar uma fórmula para f�1(x): Exercício 3 Sabendo que a função exponencial f(x) = ex é derivável em R; aplique o Teorema 1.1 para encontrar a derivada de sua inversa f�1(x) = lnx: 1.3 Funções Exponenciais e Logarítmicas 1.3.1 A Função Logaritmo Natural O logaritmo natural de um número positivo x; denotado por lnx; é o valor de uma integral. De nição 1.3 A função logaritmo natural é de nida por lnx = Z x 1 1 t dt; x > 0: O domínio da função logaritmo natural é o intervalo (0;+1): Se x > 1; então lnx é a área sob o grá co da curva y = 1=t de t = 1 a t = x: Para 0 < x < 1; lnx fornece o negativo da área sob o grá co da curva y = 1=t de t = x a t = 1: Neste caso, lnx = Z x 1 1 t dt = � Z 1 x 1 t dt: Para x = 1; temos ln 1 = Z 1 1 1 t dt = 0: 3 A Derivada da Função Logaritmo Natural Como lnx = R x 1 1 t dt para x > 0; segue do Teorema Fundamental do Cálculo que d dx (lnx) = d dx Z x 1 1 t dt = 1 x : Logo, d dx (lnx) = 1 x ; x > 0: (1.2) Teorema 1.2 Se u é uma função derivável de x; então: 1. d dx (lnu) = 1 u du dx ; se u > 0: 2. d dx (ln juj) = 1 u du dx ; se u 6= 0: Exercício 4 Dado y = ln(3x2 � 6x+ 8); calcule dy dx : Exercício 5 Dado f(x) = 5x ln( p cosx); calcule f 0(x): Exercício 6 Dado y = ln j4 + 5x� 2x3j ; calcule dy dx : Exercício 7 Dado f(x) = jxj ; calcule f 0(x): Propriedades da Função Logaritmo Natural A função lnx tem as seguintes propriedades algébricas: 1. ln(ax) = ln a+ lnx; a > 0; x > 0: 2. ln �a x � = ln a� lnx; a > 0; x > 0: 3. ln � 1 x � = � lnx; x > 0: 4. ln (xr) = r lnx; sendo r qualquer número racional. Essas propriedades são decorrentes da equação (1.2) e do teorema do valor médio para derivadas. 4 O Grá co e a Imagem da Função Logaritmo Natural Proposição 1.1 A função lnx é crescente para x > 0: Demonstração. A derivada d dx (lnx) = 1 x é positiva para x > 0; logo lnx é uma função crescente de x: Proposição 1.2 O grá co da função lnx é côncavo para baixo. Demonstração. A segunda derivada, �1=x2; é negativa, logo o grá co de lnx é côncavo para baixo. Observação 1.5 Segue da nossa intuição geométrica que quando x se torna muito grande positivo, lnx se torna muito grande positivo. Isto é, lim x!1 lnx =1: Temos também, lim x!0+ lnx = lim t!1 ln � 1 t � = lim t!1 (� ln t) = � lim t!1 ln t = �1: A função lnx é contínua (pois é derivável) em (0;+1) e pelo Teorema do Valor Intermediário assume qualquer valor real. Portanto, concluímos que a sua imagem é a reta real inteira, o que leva ao grá co de y = ln x mostrado acima. 1.4 Integrais envolvendo Logaritmos Naturais Se u é uma função derivável diferente de zero, entãoZ 1 u du = ln juj+ C pois d du (ln juj+ C) = 1 u : 5 Exemplo 1.4 Vamos calcular as integrais: a) Z �5 �9 1 x+ 1 dx b) Z x x2 + 7 dx c) Z (lnx)2 x dx: 1.4.1 Integrais das Funções: Tangente, Cotangente, Secante e Cossecante 1. R tan x dx = � ln jcosxj+ C 2. R cotx dx = ln jsin xj+ C 3. R sec x dx = ln jsec x+ tan xj+ C 4. R csc x dx = ln jcsc x� cotxj+ C: Exemplo 1.5 Vamos calcular as integrais: a) Z tan(4x)dx b) Z 1 cos(5x) dx c) Z x cot(x2)dx: 1.5 A Função Exponencial Natural A função ln; por ser uma função crescente com domínio (0;1) e imagem (�1;1) possui uma inversa com domínio (�1;1) e imagem (0;1) chamada Função Exponencial Natural e denotada por " exp ": De nição 1.4 A função Exponencial Natural é de nida por: y = exp x() x = ln y; para todo número real x: Como consequência de exp ser a inversa de ln; temos: i) exp(lnx) = x, 8 x > 0 ii) ln(expx) = x, 8 x 2 R: 6 O grá co de y = expx pode ser obtido reetindo-se o grá co de lnx em relação à reta y = x: Note que lim x!1 expx =1 e lim x!�1 expx = 0: De nição 1.5 (O número e): O número "e" é aquele número no domínio do logaritmo que satisfaz ln(e) = Z e 1 1 t dt = 1 Isto é, exp(1) = e: O número "e" é um número irracional, aproximadamente igual a 2; 71828: Se r é um número racional arbitrário, então ln er = r ln r = r(1) = r: (1.3) Uma vez que lnx é injetora e ln(exp r) = r; segue de (1.3) que exp r = er: Isto motiva a seguinte de nição. De nição 1.6 Se x é um número real, então expx = ex e y = ex se e somente se x = ln y: 7 Esta é a razão para chamarmos exp uma função exponencial e referimo-nos a ela como função exponencial de base e: A partir de agora escreveremos ex em vez de expx para denotar valores da função exponencial natural. Assim, i) ln ex = x para todo x 2 R ii) elnx = x para todo x > 0: Teorema 1.3 Se x; x1 e x2 são números reais e r é um número racional, então: i) ex1exx = ex1+x2 ii) e�x = 1 ex iii) ex1 ex2 = ex1�x2 iv) (ex)r = erx: 1.5.1 A Derivada e a Integral de ex A função exponencialé derivável, uma vez que é a inversa de uma função derivável cuja derivada nunca é zero. Calcularemos sua derivada usando o Teorema (1.1). Teorema 1.4 A função y = ex é derivável e d dx (ex) = ex: Observação 1.6 Como ex > 0; sua derivada também é positiva em qualquer ponto, portanto é uma função crescente e contínua para qualquer x Teorema 1.5 Se u = g(x) e g é derivável, então d dx (eu) = eu � du dx : Exemplo 1.6 Calcule a derivada de cada função abaixo. a) y = x2ex b) y = e p x2+1: Teorema 1.6 Se u = g(x) e g é derivável, entãoZ eudu = eu + C: Exemplo 1.7 Calcule as integrais a) Z x2ex 3 dx b) Z 2 1 e3=x x2 dx: 8 1.6 Funções Exponenciais e Logarítmicas Gerais 1.6.1 A Função Exponencial Geral Como a = eln a para qualquer número positivo a, podemos pensar em ax como� eln a �x = ex ln a: Estabelecemos, assim, a seguinte de nição. De nição 1.7 (Funções Exponenciais Gerais): Sejam a > 0 e x um número real qualquer. A função exponencial de base a é de nida por: ax = ex ln a: Pela primeira vez, temos um signi cado preciso para um expoente irracional. Se a = e; a de nição leva a ax = ex ln a = ex ln e = ex�1 = ex: O Teorema (1.3) também é válido para ax: Por exemplo, ax1 � ax2 = ex1 ln a � ex2 ln a = ex1 ln a+x2 ln a = e(x1+x2) ln a = ax1+x2 : Teorema 1.7 Se a > 0; então d dx (ax) = ax ln a: Teorema 1.8 Se a > 0 e u é uma função derivável de x, então au é uma função derivável de x e d dx (au) = au ln a � du dx Exemplo 1.8 Calcule a derivada das funções: a) y = 10x b) y = 2x 2 c) y = 3tanx d) y = (x2 + 1)10 + 10x 2+1: 9 Teorema 1.9 (Regra Geral da Potência): Seja n 2 R e seja f(x) = xn de nida para qualquer x > 0: Então f 0(x) = nxn�1: Exercício 8 Calcule a derivada das funções: a) f(x) = x p 2 b) f(x) = (1 + e2x)� c) f(x) = xx; x > 0: Teorema 1.10 Se a > 0, a 6= 1 e u é uma função derivável de x, entãoZ audu = au ln a + C: Exemplo 1.9 Calcular as integrais a) Z 3xdx b) Z x3(x 2)dx c) Z 1 0 3�xdx d) Z 5sin(2x) cos(2x)dx: 1.6.2 A Função Logaritmo Geral Se a é qualquer número positivo diferente de 1, a função ax é injetora e tem uma derivada não nula em qualquer ponto. Tem, portanto, uma inversa derivável chamada de logaritmo de x na base a e denotada por loga x: De nição 1.8 Para qualquer número positivo a 6= 1; loga x é a função inversa de ax: Assim, y = loga x se e somente se x = a y: Por exemplo, log6 36 = 2; pois 36 = 6 2: Quando a = e; temos que y = loge x signi ca que x = e y; isto é, y = lnx: Portanto, lnx = loge x: Vamos expressar loga x em termos de logaritmos naturais: De x = a y; temos lnx = ln(ay) = y ln a 10 ou seja, y = lnx ln a : Como y = loga x; então loga x = lnx ln a : (1.4) Teorema 1.11 Para quaisquer números x1 > 0 e x2 > 0; a > 0; a 6= 1; temos 1. loga x1x2 = loga x1 + loga x2 2. loga x1 x2 = loga x1 � loga x2 3. loga 1 x1 = � loga x1 4. loga x x2 1 = x2 loga x1: Derivada da Função Logaritmo Geral A função y = loga x é derivável para x > 0; a > 0 e a 6= 1. A partir da fórmula (1.4) de mudança de base, obtemos d dx (loga x) = 1 x ln a : Se u é uma função derivável de x; então: d dx (loga juj) = 1 u ln a � du dx : Exemplo 1.10 Calcule a derivada das funções a) y = log2(x 2 + 5) b) y = log 3 p (2x+ 5)2: Teorema 1.12 lim h!0 (1 + h)1=h = e: 11 1.7 Derivada das Funções Trigonométricas Inversas 1.7.1 A Função Arco Seno Consideremos a função f(x) = sin x de nida em [��=2; �=2]. Temos que a imagem de f é o intervalo [�1; 1] e f 0(x) = cosx > 0; para todo x 2 (��=2; �=2) : Logo, f é crescente em [��=2; �=2] e portanto é injetiva. Pelo Teorema (1.1), a função f(x) = sinx possui inversa de nida no intervalo [�1; 1], chamada função arco seno e denotada por f�1(x) = arcsin x ou f�1(x) = sin�1 x: Assim, y = arcsinx se e somente se x = sin y: Temos ainda que � f�1 �0 (x) = 1 f 0(f�1(x)) = 1 cos(arcsinx) = 1 cos y ; 8x 2 (�1; 1): (1.5) Mas, cos2 y + sin2 y = 1 ) cos2 y = 1� sin2 y ou seja, cos y = p 1� x2; pois cos y > 0 8y 2 (��=2; �=2): (1.6) Substituindo (1.6) em (1.5), obtemos � f�1 �0 (x) = 1p 1� x2 ; para todo x 2 (�1; 1): Desta forma, a função arco seno é derivável no intervalo (�1; 1) e d dx (arcsinx) = 1p 1� x2 : 1.7.2 A Função Arco Cosseno Consideremos a função f(x) = cosx de nida em [0; �]. Temos que a imagem de f é o intervalo [�1; 1] e f 0(x) = � sin x < 0; para todo x 2 [0; �] : Logo, f é decrescente em [0; �] e portanto é injetiva. Pelo Teorema (1.1), a função f(x) = cosx possui inversa de nida 12 no intervalo [�1; 1], chamada função arco cosseno e denotada por f�1(x) = arccos x ou f�1(x) = cos�1 x: Assim, y = arccosx se e somente se x = cos y: Além disso,� f�1 �0 (x) = 1 f 0(f�1(x)) = 1 � sin(arccos x) = 1 � sin y ; 8x 2 (�1; 1): (1.7) Mas, cos2 y + sin2 y = 1 ) sin2 y = 1� cos2 y ou seja, sin y = p 1� x2; pois sin y > 0 8y 2 (0; �): (1.8) Substituindo (1.8) em (1.7), obtemos� f�1 �0 (x) = � 1p 1� x2 ; para todo x 2 (�1; 1): Desta forma, a função arco cosseno é derivável no intervalo (�1; 1) e d dx (arccos x) = � 1p 1� x2 : 1.7.3 A Função Arco Tangente Consideremos a função f(x) = tanx de nida em (��=2; �=2). Quando x se aproxima de �=2 a tan x assume valores positivos arbitrariamente grandes e quando x se aproxima de ��=2 a tan x assume valores negativos arbitrariamente grandes. Isto signi ca que as retas x = ��=2 e x = �=2 são assítotas verticais da função f(x) = tanx: Temos que a imagem de f é o conjunto dos números reais e f 0(x) = sec2 x = 1 + tan2 x > 0; para todo x 2 (��=2; �=2) : Logo, f é crescente em (��=2; �=2) e portanto é injetiva. Pelo Teorema (1.1), a função f(x) = tanx possui inversa de nida em R, chamada função arco tangente e denotada por f�1(x) = arctanx ou f�1(x) = tan�1 x: Assim, y = arctan x se e somente se x = tan y: 13 Além disso, � f�1 �0 (x) = 1 f 0(f�1(x)) = 1 sec2(arctanx) = 1 sec2 y = 1 1 + tan2 y = 1 1 + x2 ; 8x 2 R: (1.9) Desta forma, a função arco tangente é derivável em R e d dx (arctanx) = 1 1 + x2 : 1.7.4 A Função Arco Cotangente Consideremos a função f(x) = cotx de nida no intervalo (0; �). Temos que f 0(x) = � csc2 x < 0; para todo x 2 (0; �) : Logo, f é decrescente em (0; �) e portanto é injetiva. Além disso, a imagem de f é o conjunto dos números reais. Pelo Teorema (1.1), a função f(x) = cotx possui inversa de nida em R, chamada função arco cotangente e denotada por f�1(x) = arccotx ou f�1(x) = cot�1 x: Assim, y = arccotx se e somente se x = cot y: Usaremos a identidade, arccotx = � 2 � arctanx; 8x 2 R para obter a derivada da função arccot x: Temos, d dx (arccotx) = d dx ( � 2 � arctanx) = � d dx (arctanx) = � 1 1 + x2 : Desta forma, a função arco cotangente é derivável em R e d dx (arccotx) = � 1 1 + x2 : 14 1.7.5 A Função Arco Secante Consideremos a função f(x) = sec x de nida em [0; �=2) [ (�=2; �] : Temos que f 0(x) = sec x � tan x = 1 cosx � sin x cosx = sin x cos2 x > 0; para todo x 2 (0; �=2) [ (�=2; �): Logo, f é crescente em [0; �=2)[ (�=2; �] e portanto é injetiva. Pelo Teorema (1.1), a função f(x) = cotx possui inversa de nida em (�1;�1][ [1;+1), chamada função arco secante e denotada por f�1(x) = arcsecx ou f�1(x) = sec�1 x: Assim, y = arcsec x se e somente se x = sec y: Além disso, � f�1 �0 (x) = 1 f 0(f�1(x)) = 1 f 0(arcsecx) = 1 sec y � tan y (1.10) = 1 x tan y ; 8x 2 (�1;�1) [ (1;+1): (1.11) Mas, tan2 y = sec2 y � 1 =) tan y = � p sec2 y� 1 = � p x2 � 1: (1.12) Substituindo (1.12) em (1.10), obtemos � f�1 �0 (x) = 1 �xpx2 � 1 : Como (f�1)0 (x) > 0; 8x 2 (�1;�1) [ (1;+1) então � f�1 �0 (x) = 1 jxjpx2 � 1 : Desta forma, a função arco secante é derivável em (�1;�1) [ (1;+1) e d dx (arcsecx) = 1 jxjpx2 � 1 : 1.7.6 A Função Arco Cossecante Consideremos a função f(x) = cscx de nida em [��=2; 0) [ (0; �=2] : Temos que f 0(x) = � csc x � cotx = � cosx sin2 x < 0; 8x 2 (��=2; 0) [ (0; �=2): Logo, f é decrescente em 15 [��=2; 0) [ (0; �=2] e portanto é injetiva. Pelo Teorema (1.1), a função f(x) = csc x possui inversa de nida em (�1;�1][ [1;+1), chamada função arco cossecante e denotada por f�1(x) = arccscx ou f�1(x) = csc�1 x: Assim, y = arccsc x se e somente se x = csc y: Usaremos a identidade, arccsc x = � 2 � arcsec x; jxj > 1: para obter a derivada da função arccot x: Temos, d dx (arccscx) = d dx ( � 2 � arcsec x) = � d dx (arcsecx) = � 1jxjpx2 � 1 : Desta forma, a função arco cossecante é derivável em (�1;�1) [ (1;+1) e d dx (arccscx) = � 1jxjpx2 � 1 : Em resumo, se u é uma função derivável de x; então: 1. d dx (arcsinu) = 1p 1�u2 du dx ; juj < 1 2. d dx (arccosu) = � 1p 1�u2 du dx ; juj < 1 3. d dx (arctanu) = 1 1 + u2 du dx 4. d dx (arccotu) = � 1 1 + u2 du dx 5. d dx (arcsecu) = 1 jujpu2 � 1 du dx ; juj > 1 6. d dx (arcsecu) = � 1jujpu2 � 1 du dx ; juj > 1: 16 Exercício 9 Derive as seguintes funções: a) y = arcsin(x2) b) y = cos�1(1=x) c) y = arctan( p x) d) y = arccot � 2x 3 � e) y = arcsec � 2 3x � f) y = arccsc �p x2 + 9 � 17 Capítulo 2 Introdução Nessas notas não temos nenhuma pretenção de sermos originais, queremos apenas digitar um material confortável para o acompanhamento do curso de Cálculo II oferecido na UFERSA no ano de 2011, primeiro semestre. A base para essas notas são os livros de Cálculo de Hamilton Luiz Guidorizzi, Um Curso de Cálculo volumes I e II, o livro do Celso A. Silva Barbosa, Cálculo Diferencial e Integral: Funções de uma Variável, o livro de Diva Marília Flemming e Mirian Buss Gonçalves, Cálculo A: Funções Limites, Derivação e Integração. O texto vai incompleto e cará completamente pronto uma primeira versão ao nal da disciplina de Cálculo II, assim é o nosso desejo. Estão as provas dos resultados por fazer, os exemplos por completar, capítulos e até seções por completar. 18 Capítulo 3 Primitivas 3.1 Introdução Sabemos do Cálculo I que a derivada de uma função constante é zero. Entretanto, uma função pode ter derivada zero em todos os pontos do seu domínio e não ser constante; por exemplo f : R n f0g ! R dada por f(x) = 8<: 1; x > 0�1; x < 0 é tal que f 0(x) = 0; 8x 2 R n f0g (seu domínio), mas f não é constante. O problema aí não estar na função e sim no seu domínio, o domínio da f não é um domínio conexo; um domínio é dito conexo quando dados quaisquer dois pontos nele existe uma reta que os une inteirinha contida no conjunto. O teorema que segue é uma consuquência do Teorema do Valor Médio (TVM) apresentado no curso de Cálculo I: Se f é contínua em [a; b] e diferenciável em (a; b), então existe pelo menos um ponto c 2 (a; b) tal que f(b) � f(a) = f 0(c)(b � a). Ele nos diz que se f tem derivada nula em todos os pontos de um intervalo, então f será constante neste intervalo, mais precisamente temos: Seja f contínua no intervalo [a; b]. Se f 0 (x) = 0, para todo x em (a; b), então existe uma constante k tal que f (x) = k; para todo x em [a; b]: 19 A prova desse torema foi feita em sala de aula. Sejam f e g duas funções contínuas no intervalo [a; b]. Se f 0 (x) = g0 (x) para todo x em (a; b), então existirá uma constante k tal que g (x) = f (x) + k; para todo x em [a; b]: A prova foi feita em sala de aula. 3.1.1 Primitiva de uma função Seja f uma função de nida num intervalo I � R: Uma primitiva de f em I é uma função F também de nida em I; tal que F 0 (x) = f (x) para todo x em I: Fizemos vários exemplos em sala de aula. Sendo F uma primitiva de f em I; então para toda constante k; F (x) + k é também uma primitiva de f em I: Por outro lado, vimos anteriormente que , se duas funções têm derivadas iguais em I, elas se diferem em I por uma constante. Segue que as primitivas de f em I são as funções da forma F (x) + k; com k constante. Logo, Y = F (x) + k; k 2 R é uma família das primitivas de de f em I: A notaçãoZ f (x) dx; será usada para representar a família das primitivas de f; isto é, Z f (x) dx = F (x) + k: Na notação Z f (x) dx; a função f denomina-se integrando. Uma primitiva de f será, também, denominada uma integral inde nida de f: É comum referir-se a R f (x) dx como integral inde nida de f: 20 Em sala de aula citamos algumas propriedades da Integral Inde nida e zemos vários exemplos, aplicando essas propriedades. 3.2 3.3 Integrais que Produzem Funções Trigonométricas Inversas 1. R 1p 1� x2dx = arcsinx+ C; jxj < 1 2. R 1 1 + x2 dx = arctan x+ C 3. R 1 x p x2 � 1dx = arcsec jxj+ C; jxj > 1: As integrais (1), (2) e (3) podem ser facilmente generalizadas: 1. R 1p a2 � x2dx = arcsin �x a � + C; a > 0; jxj < a 2. R 1 a2 + x2 dx = 1 a arctan �x a � + C: 3. R 1 x p x2 � a2dx = 1 jaj arcsec ���x a ���+ C; a 6= 0 e jxj > jaj : Exercício 10 Calcule as integrais: a) Z 1p 4� x2dx b) Z x2 5 + x6 dx c) Z 1 x p x4 � 9dx d) Z dxp 8x� x2 e) Z 3x+ 2p 1� x2dx: 21 Capítulo 4 Técnicas de Integração 4.1 Mudança de Variável Sejam f (x) e F (x) duas funções tais que F 0 (x) = f (x) para todo x em I. Suponhamos que g seja outra função tal que a imagem de g esteja contida no domínio de F: Podemos considerar a função composta F � g: Pela regra da cadeia , temos, [F � g]0 (x) = [(F � g) (x)]0 = F 0 (g (x)) g0 (x) = f (g (x)) g0 (x) ; isto é, F (g (x)) é uma primitiva de f (g (x)) g0 (x) para tod x em I: Então, temos:Z f (g (x)) g0 (x) dx = F (g (x)) + k: (4.1) Fazendo u = g (x) ; então du = g0 (x) dx: Substituindo em 4.1, obtemosZ f (u) du = F (u) + k: Na prática, devemos então de nir uma função u = g (x) conviniente, de tal forma que a integral obtida seja simples. Exemplos 1 Vamos calcular as integrais a seguir pelo método de mudança de variável. 1: R � 2x 1 + x2 � dx 2: R sin2 x cosxdx 3: R sin(x+2)dx 4: R tgxdx 5: R dx (3x� 5)8 6: R du u2 + a2 7: R dx x2 + 6x+ 13 8: R p t2 � 2t4dt; t > 0 9: R px� 2 x+ 1 dx 22 4.2 Integração por Partes Se f e g são funções deriváveis de x; a regra do produto diz que d dx [f(x)g(x)] = f 0(x)g(x) + f(x)g0(x): Em termos de integrais inde nidas, essa equação se tornaZ d dx [f(x)g(x)] dx = Z [f 0(x)g(x) + f(x)g0(x)] dx ou Z d dx [f(x)g(x)] dx = Z f 0(x)g(x)dx+ Z f(x)g0(x)dx: Assim, Z f(x)g0(x)dx = Z d dx [f(x)g(x)] dx� Z f 0(x)g(x)dx o que leva à fórmula da integração por partesZ f(x)g0(x)dx = f(x)g(x)� Z f 0(x)g(x)dx: (4.2) Sejam u = f(x) e v = g(x): Então, du = f 0(x)dx e dv = g0(x)dx e substituindo em (4.2), obtemos: Z udv = uv � Z vdu: (4.3) Supondo que tando f 0 quanto g0 sejam contínuas ao longo do intervalo [a; b] ; o Teorema Fundamental do Cálculo nos leva a fórmula de integração por partes para integrais de nidas:Z b a f(x)g0(x)dx = f(x)g(x)]ba � Z b a f 0(x)g(x)dx ou (4.4)Z b a udv = uv]ba � Z b a vdu; se u = f(x) e v = g(x): Exemplo 4.1 (Integral do Logaritmo Natural) R lnxdx = x lnx� x+ C Exemplo 4.2 Vamos calcular as integrais a) Z x cosxdx b) Z xexdx c) Z x2exdx d)Z arcsinxdx d) Z 4 0 xe�xdx e) Z ex cosxdx: 23 4.3 Integração de Funções Racionais por Frações Parciais Recorde que uma função racional é da forma p(x) q(x) ; onde p(x) e q(x) são polinômios e q(x) 6= 0: Quando o grau de p(x) é menor que o grau de q(x); a função racional p(x) q(x) é chamada função racional própria. Vamos descrever um método para calcular R p(x) q(x) dx; onde p(x) q(x) é uma função racional própria. A idéia básica é escrever a função racional dada como uma soma de frações mais simples. Para isto, usaremos alguns resultados importatntes da Álgebra, que serão apresentados a seguir. Proposição 4.1 Se q(x) é um polinômio com coe cientes reais, q(x) pode ser expresso como um produto de fatores lineares e/ou quadráticos, todos com coe cientes reais. Exemplos 2 a) q(x) = x2�3x+2 = (x�2)(x�1): b) q(x) = x3�x2+x �1 = (x2+1)(x�1): c) q(x) = x2 � 2x� 3 = (x+ 1)(x� 3): De nição 4.1 Um polinômio quadrático é irredutível se não puder ser escrito como o produto de dois fatores lineares com coe cientes reais. Proposição 4.2 Toda função racional própria pode ser expressa como uma soma p(x) q(x) = F1(x) + F2(x) + � � �+ Fn(x) (4.5) onde F1(x); F2(x); : : : ; Fn(x) são funções racionais da forma A (ax+ b)k ou Ax+B (ax2 + bx+ c)k (4.6) nos quais os denominadores são fatores de q(x): A soma (4.5) é a decomposição em frações parciais de p(x) q(x) e cada termo Fi(x); i = 1; : : : ; n é uma fração parcial. 24 Exemplo 4.3 A função racional 5x� 3 x2 � 2x� 3 pode ser escrita como 5x� 3 x2 � 2x� 3 = 2 x+ 1 + 3 x� 3 : No caso do exemplo acima, o método das frações parciais consiste em achar constantes A e B tais que 5x� 3 x2 � 2x� 3 = A x+ 1 + B x� 3 : Diretrizes para obter a decomposição de uma função racional p(x)=q(x)em frações parciais 1. O grau de p(x) dever ser menor que o grau de q(x): Se não for, divida p(x) por q(x) e trabalhe com o resto. 2. Devemos fatorar q(x) completamente em fatores lineares (ax + b)k e/ou quadráticos irredutíveis (ax2 + bx+ c)k; onde k é um inteiro não negativo. 3. As formas das respectivas frações parciais são asseguradas por resultados da Álgebra e não serão demonstradas: (a) Fatores Lineares: Para cada fator da forma (ax+b)m; ondem é a maior potência de ax+ b que divide q(x); associe a soma de m frações parciais A1 ax+ b + A2 (ax+ b)2 + � � �+ Am (ax+ b)m : (b) Fatores Quadráticos: Para cada fator da forma (ax2+bx+c)n; onde n é a maior potência de ax2 + bx+ c que divide q(x); associe a soma de n frações parciaiss B1x+ C1 ax2 + bx+ c + B2x+ C2 (ax2 + bx+ c)2 + � � �+ Bnx+ Cn (ax2 + bx+ c)n : 4. A1; A2; : : : ; Am; B1; B2; : : : ; Bn e C1; C2; : : : ; Cn são constantes a serem determinadas. 25 Exemplo 4.4 (Fatores Lineares Distintos) Calcule as integrais usando frações parciais. a) Z 1 x2 � 1dx b) Z x2 + 4x+ 1 (x� 1)(x+ 1)(x+ 3)dx Exemplo 4.5 (Um Fator Linear Repetido) Calcule a integralZ 6x+ 7 (x+ 2)2 dx: Exemplo 4.6 (Integrando com um fator quadrático irredutível no denominador) Calcule as integrais a) Z 1 x(x2 + 1) b) Z �2x+ 4 (x2 + 1)(x� 1)2dx: Exemplo 4.7 (Um fator quadrático irredutível repetido) Calcule a integralZ 4x3 � x (x2 + 5)2 dx: Exemplo 4.8 (Integrando uma fração imprópria) Calcule a integralZ 2x3 � 4x2 � x� 3 x2 � 2x� 3 dx: 4.4 Integrais Trigonométricas 4.4.1 Produtos de Potências de Senos e Cossenos Vamos calcular integrais da formaZ sinm x � cosn xdx (4.7) onde m e n são inteiros não negativos (positivos ou zero). Os três casos possíveis estão descritos a seguir. Caso 1: Se m é ímpar; escrevemos m = 2k+1 e usamos a identidade sin2 x = 1�cos2 x para obter sinm x = sin2k+1 x = � sin2 x �k sin x = (1� cos2 x)k sin x: 26 Então, realizamos a substituição u = cos x; du = � sin xdx: Caso 2: Se m é par e n é ímpar; escrevemos n = 2k + 1 e usamos a identidade cos2 x = 1� sin2 x para obter cosn x = cos2k+1 x = � cos2 x �k cosx = (1� sin2 x)k cosx: Então, realizamos a substituição u = sinx; du = cos xdx: Exemplo 4.9 Calcular as integrais a) Z sin3 xdx b) Z cos5 xdx c) Z sin3 x cos2 xdx d) Z sin2 x cos5 xdx: Caso 3: Se tantom quanto n são pares em (4.7), usamos as identidades trigonométricas sin2 x = 1� cos 2x 2 e cos2 x = 1 + cos 2x 2 que são consequências da fórmula do cosseno da soma: cos(2x) = cos(x+ x) = cosx cosx� sin x sin x: Exemplo 4.10 Calcule as integrais a) Z sin2 xdx b) Z cos2(2x)dx c) Z sin2 x cos4 xdx d) Z �=4 0 p 1 + cos 4xdx: 4.4.2 Integrais de Potências de tan x e sec x Já sabemos como integrar a tangente e a secante e seus quadrados. Para integrar potências maiores, usamos as identidades sec2 x = 1 + tan2 x e tan2 x = sec2 x� 1 e integramos por partes quando necessário, a m de reduzir potências maiores a potência menores. Exemplo 4.11 Calcule as integrais a) Z tan4 xdx b) Z sec3 xdx c) Z tan3 x sec5 xdx d) Z tan2 x sec4 xdx: 27 4.4.3 Produtos de Senos e Cossenos Se um integrando tem uma das formas sin(mx) cos(nx); sin(mx) sin(nx) ou cos(mx) cos(nx) podemos aplicar integração por partes duas vezes para calcular tais integrais. Neste caso é mais simples usar as identidades: 1. sin (a) cos (b) = 1 2 [sin(a+ b) + sin(a� b)] 2. sin(a) sin(b) = 1 2 [cos(a� b)� cos(a+ b)] 3. cos(a) cos(b) = 1 2 [cos(a� b) + cos(a+ b)] Exemplo 4.12 Calcule as integrais a) Z sin(3x) cos(5x)dx b) Z cos(5x) cos(3x)dx: Exercício 11 Calcule as integrais a) Z sin(5x) cos(2x)dx b) Z cos(4x) cos(3x)dx c) Z sin(7u) sin(3u)du: 4.5 Integração por Substituição Trigonométrica Usamos substituição trigonométrica para calcular integrais envolvendo expressões do tipo p a2 � x2; p a2 + x2 ou p x2 � a2 onde a é uma constante positiva. Caso 1: A função integrando envolve p a2 � x2: 28 Neste caso, usamos x = a sin �: Então, dx = a cos �d�: Supondo que �� 2 � � � � 2 ; temos: p a2 � x2 = p a2 � a2 sin2 x = q a2(1� sin2 x) = p a2 cos2 x = a cos �: Caso 2: A função integrando envolve p a2 + x2: Neste caso, usamos x = a tan �: Então, dx = a sec2 �d�: Supondo que �� 2 < � < � 2 ; temos: p a2 + x2 = p a2 + a2 tan2 � = q a2(1 + tan2 �) = p a2 sec2 � = a sec �: Caso 3: A função integrando envolve p x2 � a2: Neste caso, usamos x = a sec �: Então, dx = sec � tan �d�: Supondo que 0 � � < � 2 ou � � � < 3� 2 ; temos: p x2 � a2 = p a2 sec2 � � a2 = p a2(sec2 � � 1) = p a2 tan2 � = a tan �: Exemplos 3 Calcule as integrais 1. R p9� x2 2x2 dx 2. R 1 x2 p x2 + 9 dx 29 3. R dx x3 p x2 � 16 4. R x2 (4� x2)3=2dx 5. R dxp 25x2 � 4 ; x > 2 5 6. R 2 0 dx (x2 + 4)2 . 30 Capítulo 5 Aplicações da Integral De nida 5.1 Área de uma região no plano 5.1.1 Áreas sob curvas Se f é uma função contínua em [a; b] e f(x) � 0 8x 2 [a; b] ; a área da região limitada pelo grá co de f; pelas retas x = a, x = b e o eixo x é dada por A = Z b a f(x)dx: Se f(x) � 0 8x 2 [a; b] ; então a área da região limitada pelo grá co de f; pelas retas x = a, x = b e o eixo x é dada por A = � Z b a f(x)dx: Exemplo 5.1 Calcule a área da região limitada pela curva y = x2 � 4x; o eixo x e as retas x = 1 e x = 3: Exemplo 5.2 Calcule a área da região limitada pelo grá co da função y = 1� x; o eixo x e as retas x = �1 e x = 2: Exemplo 5.3 Calcule a área da região limitada pela curva y = 4� x2 e o eixo x: 31 5.1.2 Área entre curvas Consideremos duas funções f e g contínuas no intervalo [a; b] ; tal que f(x) � g(x) 8x 2 [a; b] : A áreada região limitada pelas curvas y = f(x), y = g(x) e as retas x = a e x = b é A = Z b a [f(x)� g(x)] dx: Exemplo 5.4 Calcule a área da região limitada pelas curvas y = x2 e y = �x2 + 4x: Exemplo 5.5 Calcule a área da região limitada pelas curvas y = x2 e y = x+ 2: Exemplo 5.6 Calcule a área da região limitada por y = p x; y = 0 e y = x� 2: 5.1.3 Integração em y Consideremos agora uma região compreendida entre os grá cos de duas funções x = f(y) e x = g(y); com f e g contínuas e f(y) � g(y) 8y 2 [c; d] :Neste caso, a área da região limitada pelas curvas x = f(y) e x = g(y) e as retas y = c e y = d é dada por A = Z d c [f(y)� g(y)] dy: Exemplo 5.7 Calcule a área da região limitada pelas curvas y2 = 2x� 2 e y = x� 5: Exemplo 5.8 Calcule a área da região limitada por y = p x; y = 0 e y = x� 2: Exemplo 5.9 Calcule a área da região limitada por �x = y2 e x = �2: Exercício 12 Encontre a área da região delimitada pela curva y = xe�x e pelo eixo x de x = 0 até x = 4: Exercício 13 Encontre a área da região delimitada pela circunferência x2 + y2 = 9: 32 5.2 Volume de um sólido 5.2.1 Método das Fatias De nição 5.1 Uma seção transversal de um sólido S é a região plana formada pela interseção entre S e um plano. Da geometria clássica, sabemos que o volume de um cilindro que tem uma área de base A e altura h é V = A � h: Essa equação serve de base para de nirmos os volumes de muitos sólidos não cilíndricos usando o método das fatias. Se a seção transversal do sólido S em cada ponto x no intervalo [a; b] é uma região de área A(x); e A é uma função contínua de x; podemos de nir e calcular o volume do sólido S como uma integral de nida como veremos a seguir. Dividimos [a; b] em n subintervalos de largura �xi e fatiamos o sólido por planos perpendiculares ao eixo x nos pontos de partição a = x0 < x1 � � � < xn�1 < xn = b: Aproximamos a fatia situada entre o plano em xi�1 e o plano em xi por um sólido cilíndrico com área de base A(xi) e altura �xi = xi � xi�1: O volume Vi desse sólido cilíndrico é A(xi) ��xi, aproximadamente o mesmo valor da fatia: Volume da i-ésima fatia � Vi = A(xi) ��xi: O volume V do sólido inteiro S é, então, aproximado pela soma desses volumes cilíndricos: V � nX i=1 Vi = nX i=1 A(xi) ��xi que é uma soma de Riemann para a função A(x) em [a; b] : Esperamos que as aproximações dessas somas melhorem à medida que aumentamos o número de fatias, isto é, fazendo n!1: Assim, teremos V = lim n!1 nX i=1 A(xi) ��xi = Z b a A(x)dx: 33 De nição 5.2 O volume de um sólido compreendido entre os planos x = a e x = b e cuja área da seção transversal por x é um função integrável A(x) é V = Z b a A(x)dx: Exemplo 5.10 Um pirâmide com 3 m de altura tem uma base quadrada com 3 m de lado. A seção transversal da pirâmide, perpendicular à altura x m abaixo do vértice, é um quadrado com x m de lado. Determine o volume da pirâmide. 5.2.2 Sólidos de Revolução: O método do disco Um sólido de revolução é obtido através da rotação de uma região do plano xy em torno de uma reta chamada eixo de rotação. Para determinar o volume de um sólido de revolução precisamos observar que a seção transversal é um disco e, portanto, A(x) = �(raio)2: Caso 1: O volume do sólido obtido com a rotação, em torno do eixo x; de uma região compreendida entre o eixo x e a curva y = R(x); a � x � b é: V = Z b a � [R(x)]2 dx onde R(x)é o raio da seção transversal, que corresponde a distância entre a fronteira da região bidimensional e o eixo de revolução. Exemplo 5.11 Determine o volume do sólido gerado pela rotação da região compreendida entre a curva y = p x; 0 � x � 4 em torno do eixo x: Exemplo 5.12 O círculo x2 + y2 = a2 é girado em torno do eixo x para gerar uma esfera. Determine seu volume. Caso 2: O volume do sólido obtido com a rotação, em torno do eixo y; de uma região compreendida entre o eixo y e a curva x = R(y); c � y � d é: V = Z d c � [R(y)]2 dy 34 onde R(y)é o raio da seção transversal, que corresponde a distância entre a fronteira da região bidimensional e o eixo de revolução. Exemplo 5.13 Determine o volume do sólido gerado pela rotação da região de nida pela curva y = x3 e pelas retas x = 0 e y = 8 em torno do eixo y: Caso 3: O volume do sólido obtido com a rotação, em torno da reta y = c; de uma região compreendida entre a reta y = L e a curva y = R(x); a � x � b é: V = Z b a � [R(x)� L]2 dx: Caso 4: O volume do sólido obtido com a rotação, em torno da reta x = c; de uma região compreendida entre a reta x = M e a curva x = R(y); c � y � d é: V = Z d c � [R(y)�M ]2 dy: Exemplo 5.14 Determine o volume do sólido gerado pela rotação da região de nida pela curva y = p x e pelas retas y = 1 e x = 4 em torno da reta y = 1: Exemplo 5.15 Determine o volume do sólido gerado pela rotação da região de nida pela curva x = 1 2 y2 + 1 e pelas retas x = �1; y = �2 e y = 2 em torno da reta x = �1: 5.2.3 Sólidos de Revolução: o método do anel Se a região que giramos para gerar um sólido não atingir ou cruzar o eixo de revolução, o sólido resultante terá um orifício no meio. As seções transversais perpendiculares ao eixo de revolução serão anéis e não discos. As dimensões de um anel típico são Raio externo: R(x) e Raio interno: r(x): A área do anel é A(x) = � [R(x)]2 � � [r(x)]2 = � �[R(x)]2 � [r(x)]2� : De acordo com a de nição de volume, temos V = Z b a � � [R(x)]2 � [r(x)]2� dx: 35 Exemplo 5.16 Determine o volume do sólido gerado pela rotação, em torno do eixo x; da região de nida pela curva y = x2 + 1 e pela reta y = �x+ 3: Exemplo 5.17 Determine o volume do sólido gerado pela rotação, em torno do eixo x; da região de nida pela curva y = 1 4 (13� x2) e pela reta y = 1 2 (x+ 5): Exemplo 5.18 Determine o volume do sólido gerado pela rotação, em torno do eixo y; da região de nida pela curva y = x2 e pela reta y = 2x no primeiro quadrante. 5.2.4 Método das cascas cilíndricas Suponhamos que um sólido S é gerado pela rotação, em torno da reta vertical x = L; da região D delimitada pelo grá co de uma função contínua não negativa y = f(x) e o eixo x ao longo do intervalo fechado nito [a; b] : Pressupomos a � L; portanto a reta vertical x = L pode tocar a região, mas não atrvessá-la. O eixo de rotação é perpendicular ao eixo que contém o intervalo natural de integração. Seja P uma partição do intervalo [a; b] formada pelos pontos a = x0 < x1 < � � � < xn = b e seja ci o ponto médio do i-ésimo subintervalo [xi�1; xi] : Aproximamos a região D usando retângulos com base nessa partição de [a; b] : O i-ésimo retângulo tem altura f(ci) e largura �xi = xi�xi�1: Girando esse retângulo em torno da reta vertical x = L; geramos uma casca cilíndrica de volume Vi. Imagine agora que estamos cortando e desenrolando essa casca cilíndrica para obter um sólido plano retangular (aproximadamente) plano. O volume da casca cilíndrica é o volume da fatia retangular (aproximadamente) plana, isto é, largura� altura� espessura ou seja, Vi = 2�(ci � L)f(ci)�xi: Fazemos uma aproximação para o volume do sólido S somando os volumes das cascas geradas pelos n retângulos com base em P: Assim, V � nX i=1 Vi: 36 O limite dessa soma de Riemann quando n!1 fornece o volume do sólido como uma integral de nida: V = lim n!1 nX i=1 Vi = lim n!1 nX i=1 2�(ci � L)f(ci)�xi = Z b a 2�(x� L)f(x)dx: Exemplo 5.19 A região compreendida pelo eixo x e pela parábola y = f(x) = 3x� x2 gira em torno da reta x = �1 para gerar o formato de um sólido. Qual o volume do sólido? Exemplo 5.20 A região limitada pela curva y = p x; pelo eixo x e pela reta x = 4 gira em torno do eixo x gerando um sólido. Determine o volumedesse sólido usando o método das cascas cilíndricas. Exemplo 5.21 A região limitada pelos grá cos de y = p x; y = 1 e x = 4 gira em torno da reta y = �2 gerando um sólido. Determine o volume desse sólido usando o método. Exercício 14 Use o método das cascas cilíndricas para calcular o volume do sólido gerado pala rotação da região de nida pela curva y = p x pelo eixo x e pela reta x = 4 em tono do eixo indicado a) x = 4 b) y = 2 c) eixo y: 5.3 Comprimento de Curvas Planas Sabemos o que signi ca o comprimento de um segmento de reta, mas, sem o recurso do cálculo diferencial e integral, não temos uma noção precisa do comprimento de uma curva ondulante. Por exemplo, como um engenheiro de rodovias estima o custo para pavimentar uma rodovia montanhosa e cheia de curvas com base em seu comprimento total? Para responder essa pergunta, você precisa saber calcular o comprimento de uma curva. A ideia de aproximar o comprimento da curva que vai do ponto A ao ponto B subdividindo-a em várias partes e unindo os sucessivos pontos de divisão com segmentos de reta remonta à Grécia antiga, quando Arquimedes usou esse método para aproximar o 37 perímetro de uma circunferência. Assim, o perímetro de uma circunferência é de nido como o limite dos perímetros dos polígonos regulares nela inscritos inscritos. O grá co de uma função y = f(x) num intervalo [a; b] pode ser um segmento de reta ou uma curva qualquer. Seja C uma curva dada pelo grá co da função y = f(x) no intervalo [a; b] : Queremos determinar o comprimento da curva C: Se o grá co de y = f(x) no intervalo [a; b] é um segmento de reta, então, pelo Teorema de Pitágoras, o comprimento L do segmento AB; onde A(a; f(a)) e B(b; f(b)) é: L = p (b� a)2 + (f(b)� f(c))2 = d(A;B): Suponhamos agora que o grá co de y = f(x) no intervalo [a; b] é uma curva qualquer. Seja C uma curva de equação y = f(x); onde f é contínua e derivável em [a; b] : Vamos determinar o comprimento da curva C: Seja P uma partição de [a; b] dada por a = x0 < x1 < � � � < xn = b: Sejam Q0; Q1; : : : ; Qn os correspondentes pontos sobre a curva C: Unindo os pontos Q0; Q1; : : : ; Qn; obtemos uma poligonal cujo comprimento nos dá uma aproximação do comprimento L da curva C; de A até B: Assim, L � d(Q0; Q1) + d(Q1; Q2) + � � �+ d(Qn�1; Qn) = nX i=1 d(Qi�1; Qi): Mas, d(Qi�1; Qi) = p (xi � xi�1)2 + (f(xi)� f(xi�1))2 (5.1) e como f é derivável em [a:b] podemos aplicar o Teorema do Valor Médio em cada subintervalo [xi�1; xi] ; i = 1; : : : ; n e escrever: f(xi)� f(xi�1) = f 0(ci)(xi � xi�1) (5.2) 38 para algum ci 2 (xi�1; xi): Fazendo �xi = xi � xi�1 e substituindo (5.2) em (5.1), obtemos d(Qi�1; Qi) = q (�xi)2 + [f 0(ci)�xi] 2 = q (�xi)2(1 + [f 0(ci)] 2) = q 1 + [f 0(ci)] 2 ��xi Assim, L � nX i=1 q 1 + [f 0(ci)] 2 ��xi (5.3) que é uma soma de Riemann da função g(x) = q 1 + [f 0(x)]2 no intervalo [a; b] : Fazendo n!1, temos que cada�xi; i = 1; : : : ; n torna-se muito pequeno e a soma (5.3) se aproxima do que entendemos ser o comprimento da curva C; de A até B: Desta forma, L = lim n!1 nX i=1 q 1 + [f 0(ci)] 2 ��xi (5.4) desde que o limite exista. Se f 0(x) é contínua em [a; b] ; então g(x) = q 1 + [f 0(x)]2 é contínua em [a; b] e portanto o limite (5.4) existe e L = Z b a q 1 + [f 0(x)]2dx: (5.5) Observação 5.1 Se a curva tem equação x = f(y) no intervalo [c; d] em vez de y = f(x); então seu comprimento é dado por L = Z d c q 1 + [f 0(y)]2dy: Exemplo 5.22 Calcule o comprimento da curva dada por y = x2=3 � 1 entre os pontos A(8; 3) e B(27; 8): Exemplo 5.23 Calcule o comprimento da curva dada por x = 1 2 y3 + 1 6y � 1; 1 � y � 3: Exemplo 5.24 Determine o comprimento da curva y = �x 2 �2=3 de x = 0 a x = 2: 39 5.3.1 Comprimento de uma curva dada por suas equações paramétricas Sejam 8<: x = x(t)y = y(t) (5.6) duas funções da mesma variável real t; t 2 [a; b] : Então, a cada valor de t correspondem dois valores x e y: Considerando estes valores como as coordenadas de um ponto P; podemos dizer que a cada valor de t corresponde um ponto bem determinado no palno xy: Se as funções x = x(t) e y = y(t) são contínuas, quando t varia de a até b; o ponto P (x(t); y(t)) descreve uma curva C no plano. As equações (5.6) são chamadas equações paramétricas da curva C e t é chamado parâmetro. Talvez ajude imaginar a curva como a trajetória de uma partícula que parte do ponto A = (x(a); y(a)); no instante t = a; e se dirige ao ponto B = (x(b); y(b)): Muitas curvas importantes costumam ser representadas na forma paramétrica. Em geral, as equações paramétricas são úteis porque, em diversas situações, elas simpli cam os cálculos. Se a função x = x(t) admite uma inversa t = t(x); então as equações paramétricas (5.6) de nem uma função de x que podemos representar pela composta y = y(t(x)): Exemplo 5.25 As equações 8<: x = 2t+ 1y = 4t+ 3 de nem uma função y(x) na forma paramétrica. Exemplo 5.26 As equações paramétricas de uma reta são: 8<: x = x0 + aty = y0 + bt ; t 2 R e a; b 2 R: Exemplo 5.27 As equações 8<: x = a cos ty = a sin t ; t 2 [0; 2�] ; onde a é uma constante positiva, representam uma circunferência de centro na origem e raio a: 40 Exemplo 5.28 As equações 8<: x = a cos ty = b sin t ; t 2 [0; 2�] ; onde a e b são constantes positivas, representam uma elipse de centro na origem e semi-eixos a e b: Derivada de uma função na forma paramétrica: Seja y uma função de x de nida pelas equações paramétrica 8<: x = x(t)y = y(t) ; t 2 [a; b] : (5.7) Suponhamos que as funções y = y(t); x = x(t) e sua inversa t = t(x) são deriváveis. Podemos ver a função y = y(x); de nida pelas equações (5.7) como uma função composta y = y(t(x)): Aplicando a regra da cadeia, temos: dy dx = y0(t(x)) � t0(x): (5.8) Como x = x(t) e sua inversa t = t(x) são deriváveis, então pelo Teorema da Função Inversa, t0(x) = 1 x0(t(x)) = 1 x0(t) : (5.9) Substituindo (5.9) em (5.8), obtemos dy dx = y0(t) x0(t) : Exemplo 5.29 Calcular a derivada da função y(x) de nida pelas equações paramétricas8<: x = 2t+ 1y = 4t+ 3 : Vamos, agora, calcular o comprimento L de uma curva C; dada na forma paramétrica, pelas equações 8<: x = x(t)y = y(t) ; t 2 [t0; t1] onde x = x(t) e y = y(t) são funções contínuas com derivadas contínuas e x0(t) 6= 0 para todo t 2 [t0; t1] : Tais funções são chamadas continuamente deriváveis, e a curva C de nida por elas de curva lisa. 41 Se y = y(x) é a equação cartesiana da curva C; então já vimos que L = Z b a s 1 + � dy dx �2 dx; x(t0) = a e x(t1) = b: (5.10) Fazendo a mudança de variável x = x(t); dx = x0(t)dt e usando que dy dx = y0(t) x0(t) em (5.10), obtemos L = Z b a s 1 + � dy dx �2 dx = Z t1 t0 s 1 + � y0(t) x0(t) �2 x0(t)dt onde x(t0) = a e y(t1) = b: Portanto, L = Z t1 t0 q [x0(t)]2 + [y0(t)]2dt: Exemplo 5.30 Calcule o comprimento da circunferência 8<: x = cos ty = sin t ; t 2 [0; 2�] : Exemplo 5.31 Calcular o comprimento da hipociclóide (ou astóide) 8<: x = 2 cos3 ty = 2 sin3 t ; t 2 [0; 2�] : 5.4 Área de uma região no plano (Forma Paramétrica) Caso 1: Seja R uma região do plano limitada pelo grá co de f; pelas retas x = a; x = b e o eixo x; onde y = f(x) é contínua, f(x) � 0 8x 2 [a; b] é dada por 8<: x = x (t)y = y (t) ; t 2 [t0; t1] ; com x(t0) = a e x(t1) = b: Se x = x(t) tem inversa t = t(x); então podemos escrever y = y(t(x)): Neste caso, a área da região R é A = Z b a f(x)dx = Z b a y(t(x))dx: 42 Fazendo a substituição x = x(t), dx = x0(t)dt; obtemos A = Z t1 t0 y(t)x0(t)dt: Exemplo 5.32 Calcular a área da região limitada pelaelipse 8<: x = 2 cos ty = 3 sin t ; t 2 [0; 2�] : Caso 2: Seja R uma região do plano limitada pelos grá cos de f e g; pelas retas x = a e x = b; onde f e g são funções contínuas em [a; b] ; com f(x) � g(x); 8x 2 [a; b] ; dadas na forma paramétrica: y1 = f(x) é dada por 8<: x1 = x1 (t)y1 = y1 (t) ; t 2 [t0; t1] y2 = g(x) é dada por 8<: x2 = x2 (t)y2 = y2 (t) ; t 2 [t2; t3] onde x1(t0) = x2(t2) = a e x1(t1) = x2(t3) = b: Neste caso, a área da região R é A = Z b a [f(x)� g(x)] dx = Z b a f(x)dx� Z b a g(x)dx = Z t1 t0 y1(t)x 0 1(t)dt� Z t3 t2 y2(t)x 0 2(t)dt: Exemplo 5.33 Calcular a área entre as elipses 8<: x = 2 cos ty = 4 sin t ; e 8<: x = 2 cos ty = sin t ; t 2 [0; 2�] : 43 Capítulo 6 Integrais Impróprias 6.1 Integrais com Limites de Integração In nitos De nição 6.1 Seja f uma função contínua em [a;+1) : De ne-se:Z +1 a f(x)dx = lim b!+1 Z b a f(x)dx: Se o limite existe, dizemos que a integral imprópria R +1 a f(x)dx converge e o limite é o valor da integral imprópria. Caso contrário, a integral imprópria diverge. Exemplo 6.1 A integral imprópria R +1 1 1 x2 dx converge ou diverge? De nição 6.2 Seja f uma função contúnua no intervalo (�1; b] : De ne-se:Z b �1 f(x)dx = lim a!�1 Z b a f(x)dx: Se o limite existe, dizemos que a integral imprópria R b �1 f(x)dx converge e o limite é o valor da integral imprópria. Caso contrário, a integral imprópria diverge. Exemplo 6.2 A integral imprópria R 0 �1 e xdx converge ou diverge? De nição 6.3 Seja f contínua no intervalo (�1;+1) : De ne-se:Z +1 �1 f(x)dx = Z c �1 f(x)dx+ Z +1 c f(x)dx: 44 onde c é qualquer número real. Se cada integral imprópria R c �1 f(x)dx e R +1 c f(x)dx converge, dizemos que a integral imprópria R +1 �1 f(x)dx converge. Se qualquer uma delas divergir, a integral imprópria R +1 �1 f(x)dx diverge. Exemplo 6.3 A integral imprópria R +1 �1 dx 1 + x2 converge ou diverge? Exemplo 6.4 A integral imprópria R +1 1 1 x dx converge ou diverge? 6.2 Integrais Impróprias com Integrandos In nitos De nição 6.4 Se f é contínua em [a; b) e lim x!b� f(x) = �1; de ne-se: Z b a f(x)dx = lim t!b� Z t a f(x)dx: Se o limite existe, dizemos que a integral imprópria R b a f(x)dx converge e o limite é o valor da integral imprópria. Caso contrário, a integral imprópria diverge. Exemplo 6.5 A integral imprópria R 1 0 1p 1� xdx converge ou diverge? De nição 6.5 Se f é contínua em (a; b] e lim x!a+ f(x) = �1; de ne-se: Z b a f(x)dx = lim t!a+ Z b t f(x)dx: Se o limite existe, dizemos que a integral imprópria R b a f(x)dx converge e o limite é o valor da integral imprópria. Caso contrário, a integral imprópria diverge. Exemplo 6.6 A integral imprópria R 1 0 1p x dx converge ou diverge? Exemplo 6.7 A integral imprópria R 1 0 1 x2 dx converge ou diverge? 45 De nição 6.6 Se f é contínua em [a; b] ; exceto no ponto c; a < c < b e tem limites laterais in nitos em c; de ne-se: Z b a f(x)dx = Z c a f(x)dx+ Z b c f(x)dx: Se cada integral imprópria R c a f(x)dx e R b c f(x)dx converge, dizemos que a integral imprópriaR b a f(x)dx converge. Se qualquer uma delas divergir, a integral imprópria R b a f(x)dx diverge. Exemplo 6.8 A integral imprópria R 4 1 dx (x� 2)2=3 converge ou diverge? Exemplo 6.9 A integral imprópria R +1 0 1p x dx converge ou diverge? Exemplo 6.10 Para quais valores de p a integral imprópria R +1 1 dx xp converge e para quais valores de p ela diverge. 46 Capítulo 7 Formas Indeterminadas e a Regra de LHôpital (Regra de LHôpital) Sejam f e g funções deriváveis em um intevalo aberto I contendo c e tal que g0(x) 6= 0 em I se x 6= c: Se f(c) = g(c) = 0; isto é, se f(x) g(x) tem a forma indeterminada 0 0 em x = c; então lim x!c f(x) g(x) = lim x!c f 0(x) g0(x) desde que o limite lim x!c f 0(x) g0(x) exista ou lim x!c f 0(x) g0(x) = �1: Exemplo 7.1 Calcule os limites (a) lim x!0 sinx x (b) lim x!�2 2x2 + 3x� 2 3x2 � x� 14 (c) limx!0 ex + e�x � 2 1� cos(2x) : A regra de LHôpital também aplica-se à forma indeterminada 1 1 : Se f(x) ! �1 e g(x)! �1 quando x! c; então lim x!c f(x) g(x) = lim x!c f 0(x) g0(x) desde que o limite lim x!c f 0(x) g0(x) exista ou lim x!c f 0(x) g0(x) = �1: Na notação x! c; o c pode ser nito ou in nito e, além disso, x! c pode ser substituído pelos limites laterais x! c+ ou x! c�: 47 Exemplo 7.2 Calcule os limites (a) lim x!+1 lnx x2 (b) lim x!+1 ex x2 : As Formas Indeterminadas 0 � 1 e 1�1 Podemos, às vezes, lidar com as formas indeterminadas 0 � 1 e 1 �1. Neste caso, usamos a álgebra para convertê-las nas forma 0 0 ou 1 1 : Exemplo 7.3 Calcular os limites (a) lim x!+1 x2(e1=x � 1) (b) lim x!0+ x lnx (c) lim x!0+ � csc x� 1 x � : Potências Indeterminadas 00;10, 11 Se f(x) = [g(x)]h(x) tem uma das formas indeterminadas 00;10, 11 em x = c aplicamos o lagaritmo natural, isto é, ln f(x) = ln [g(x)]h(x) ; e usamos a Regra de LHôpital para encontrar o limite lim x!c ln f(x): Calculando a exponencial do valor encontrado, obtemos o limite da função original. Esse procedimento é justi cado pela continuidade da função exponencial. Se lim x!c ln f(x) = L; então lim x!c f(x) = lim x!c eln f(x) = e lim x!c ln f(x) = eL: Aqui c pode ser nito ou in nito. Exemplo 7.4 Calcule os limites (a) lim x!0+ x1= lnx (b) lim x!+1 x1=x (c) lim x!0+ (1 + 3x)1=2x: 48 Capítulo 8 Sequências e Séries de Números Reais 8.1 Sequências de Números Reais De nição 8.1 Uma sequência de números reais é uma função f : N ! R n 7! f(n) = an ; n � 1: Notação: (an)n2N ou (a1; a2; a3; : : : ; an; : : :) ou simplesmente (an): an é dito o termo geral da sequência. Exemplo 8.1 (n)n2N ou (1; 2; 3; 4; : : : ; n; : : :) Exemplo 8.2 � 1 n � n2N ou � 1; 1 2 ; 1 3 ; : : : ; 1 n ; : : : � Exemplo 8.3 � 1 2n�1 � n2N ou � 1; 1 2 ; 1 22 ; : : : ; 1 2n�1 ; : : : � Exemplo 8.4 ((�1)n)n2N ou (�1; 1;�1; 1; : : : ; (�1)n; : : :) Exemplo 8.5 (2)n2N ou (2; 2; 2; : : : ; 2; : : :) Exemplo 8.6 � 1; 2; 1 3 ; 2; 1 5 ; : : : � ou 8<: 2; se n é par1 n ; se n é ímpar : 49 De nição 8.2 A sequência (an) converge para o número L se, para cada número positivo �; existe um inteiro positivo N (possivelmente dependendo de �) tal que n > N ) jan � Lj < �: Se (an) converge para L; escrevemos lim n!+1 an = L ou n! L e chamamos L de limite da sequência. Se esse número L não existe, dizemos que (an) diverge. Exemplo 8.7 Mostre que lim n!+1 1 n = 0: Exemplo 8.8 As sequências (n)n2N e ( p n)n2N divergem, pois conforme n aumenta, os seus termos cam maiores que qualquer número prede nido. Descrevemos o comportamento dessas sequências da seguinte maneira: lim n!1 n =1 e lim n!1 p n =1 8.1.1 Subsequências Seja (an) uma sequência de números reais e considere o subconjunto in nito de N : fn1 < n2 < n3 < � � � < nk < nk+1 < � � � g : A nova sequência bk = f(nk) = ank é dita uma subsequência de (an): Exemplo 8.9 Considere a sequência ((�1)n)n2N ou (�1; 1;�1; 1; : : : ; (�1)n; : : :) : Temos que � (�1)2n� n2N = (1)n2N = (1; 1; 1; 1; : : :) e� (�1)2n�1� n2N = (�1)n2N = (�1;�1;�1; : : :) são subsequências de ((�1)n)n2N : 50 Teorema 8.1 Se an ! a então toda subsequência (ank) de (an) também converge para a: Observação 8.1 "Se uma sequência possui duas subsequências convergindo para limites distintos entãoa sequência não converge." Exemplo 8.10 ((�1)n)n2N não converge, pois (�1)2n ! 1 e (�1)2n�1 ! �1: Exemplo 8.11 � 1; 2; 1 3 ; 2; 1 5 ; : : : � não converge, pois as subsequências (2; 2; 2; : : :) e (1; 1 3 ; 1 5 ; : : : ; 1 2n� 1 ; : : :) convergem para limites diferentes. 8.1.2 Sequências Monótonas Uma sequência (an) é dita crescente se a1 � a2 � a3 � a4 � � � � � an � � � � e é dita decrescente se a1 � a2 � a3 � a4 � � � � � an � � � � Quando a1 < a2 < a3 < a4 < � � � < an < � � � ; (an) é dita estritamente crescente e no caso em que a1 > a2 > a3 > a4 > � � � > an > � � � (an) é dita estritamente decrescente. Uma sequência (an) que é crescente ou decrescente é dita monótona. Exemplo 8.12 � 1 n � n2N é estritamente decrescente. Exemplo 8.13 (n)n2N é estritamente crescente . Exemplo 8.14 A sequência (1; 2; 2; 3; 3; : : :) é crescente: Exemplo 8.15 A sequência � 1; 1 2 ; 1 2 ; 1 3 ; 1 3 ; : : : � é decrescente. 51 8.1.3 Sequências Limitadas Uma sequência (an) é dita limitada quando existe um número C � 0 tal que janj � C; 8n 2 N: Exemplo 8.16 ((�1)n)n2N é limitada, pois j(�1)nj � 1;8n 2 N: Exemplo 8.17 (sin(n))n2N é limitada, pois jsin(n)j � 1;8n 2 N: Exemplo 8.18 A sequência (n)n2N = (1; 2; 3; 4; : : : ; n; : : :) é limitada inferiormente por 1, mas não tem limite superior. Logo, não é limitada. Observação 8.2 "Toda sequência convergente é limitada, no entanto uma sequência limitada pode não ser convergente."Por exemplo, a sequência ((�1)n)n2N é limitada mas não é convergente. Teorema 8.2 Toda sequência monótona e limitada é convergente. Exemplo 8.19 Aplique o Teorema anterior para mostrar que a sequência � n n+ 1 � n2N é convergente. Teorema 8.3 (Teorema da Função Contínua para Sequências) Seja (an) uma sequência de números reais. Se an ! L e se f for uma função contínua e de nida para todo an; então f(an)! f(L): Exemplo 8.20 Mostre que r n n+ 1 ! 1: 8.1.4 Propriedades dos Limites de Sequências Sejam (an) e (bn) sequências de números reais. 1. lim n!1 (an + bn) = lim n!1 an + lim n!1 bn: 2. lim n!1 (an � bn) = lim n!1 an � lim n!1 bn: 52 3. lim n!1 an bn = lim n!1 an lim n!1 bn ; se lim n!1 bn 6= 0: 4. lim n!1 k = k e lim n!1 (kan) = k lim n!1 an (para qualquer número k). 5. lim n!1 janj = ��� lim n!1 an ��� ; isto é, se an ! a então janj ! jaj : 6. Se an � bn; então lim n!1 an � lim n!1 bn: 7. Se an � bn � cn e lim n!1 an = lim n!1 cn = L, então lim n!1 bn = L: 8. Se an � 0 então lim n!1 p an = q lim n!1 an: Exemplo 8.21 Determinar o limite das sequências. a) � 2n2 + 1 n2 + n � n2N b) �p n+ 1�pn � n2N c) � 1 n sin(n) � n2N d) � n n+ 1 � n2N Observação 8.3 Todo múltiplo não nulo de uma sequência divergente (an) também diverge. O Teorema a seguir nos permite aplicar a regra de LHôpital para encontrar o limite de algumas sequências. Teorema 8.4 Seja f(x) uma função de nida para todo x � n0 e tal que lim x!+1 f(x) = L: Então a sequência (an) onde an = f(n) para n � n0 é convergente e seu limite é L: Se lim x!+1 f(x) =1; então a sequência (an) é divergente. Exemplo 8.22 Determine o limite das sequências. a) � n en � n2N b) � ln(n) n � n2N : 8.1.5 Limites Especiais 1. lim n!1 � 1 + 1 n �n = e 2. lim n!1 xn = 0 se jxj < 1: 53 3. lim n!1 x1=n = 1 se x > 0: 4. lim xn n! = 0;8x 5. lim n p n = 1: Exemplo 8.23 Determine o limite das sequências.. a) � 2n 3n+1 � n2N b) � n p n2 � n2N b) � 1 + 1 3n �n : 8.2 Série de Números Reais Algumas vezes uma soma in nita de termos resulta em um número, como em 1 2 + 1 4 + 1 8 + 1 16 + � � � onde cada parcela representa a área de um retângulo obtido dividindo in nitamente o quadrado unitário ao meio. Para atribuirmos signi cado a essa expressão, consideremos a sequência (Sn) de somas parciais: S1 = 1 2 = 0; 5 S2 = 1 2 + 1 4 = 3 4 = 0; 75 S3 = 1 2 + 1 4 + 1 8 = 7 8 = 0; 875 S4 = 1 2 + 1 4 + 1 8 + 1 16 = 15 16 = 0; 9375 ... Assim a sequência de somas parciais (Sn) pode ser escrita da seguinte forma: (0; 5; 0; 75; 0; 875; 0; 9375; � � � ) 54 O que acontece quando fazemos lim n!1 (Sn)? Esse limite é 1; ou seja, Sn ! 1; neste caso, dizemos que 1 é a soma da série in nita, isto é 1 2 + 1 4 + 1 8 + 1 16 + � � � = 1 Outras vezes é impossível chegar ao resultado de uma soma in nita, como em 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + � � � De nição 8.3 Uma série de números reais é uma soma in nita da forma: a1 + a2 + a3 + � � �+ an + � � � = 1X n=1 an; onde an 2 R é chamado n-ésimo termo da série. Exemplo 8.24 a) 1 + 1 2 + 1 22 + 1 23 + � � �+ 1 2n�1 + � � � b) 1 + 1 2 + 1 3 + 1 4 + � � �+ 1 n + � � � c) � 1 + 1� 1 + 1� � � � De nição 8.4 A sequência (Sn) das somas parciais da série 1X n=1 an é de nida por S1 = a1 S2 = a1 + a2 ... Sn = a1 + a2 + � � �+ an ... Se a sequência das somas parciais convergir para um limite S; dizemos que a série converge e que sua soma é S: Neste caso, escrevemos a1 + a2 + a3 + � � �+ an + � � � = 1X n=1 an = S = lim n!1 Sn: Se a sequência das somas parciais da série não converge, dizemos que a série diverge. 55 Exemplo 8.25 Considere a série 1X n=1 1 2n�1 : a) Encontre S1; S2; S3; S4 b) Encontre Sn c) Mostre que a série converge. De um modo geral, a série 1X n=1 aqn�1 = a+ aq + aq2 + � � �+ aqn�1 + � � � a qual é chamada Série Geométrica converge se jqj < 1 e sua soma é a 1� q : Exemplo 8.26 Considere a série 1X n=1 (�1)n: a) Encontre S1; S2; S3; S4 b) Encontre Sn c) Mostre que a série diverge. 8.2.1 Operações com Séries Convergentes Se 1X n=1 an e 1X n=1 bn são séries convergentes e c 2 R; então: 1. 1X n=1 (an + bn) converge e 1X n=1 (an + bn) = 1X n=1 an+ 1X n=1 bn: 2. 1X n=1 can converge e 1X n=1 can = c 1X n=1 an: Observação 8.4 Se 1X n=1 an diverge e c 2 R; c 6= 0 então 1X n=1 can também diverge. Observação 8.5 Se 1X n=1 an converge e 1X n=1 bn diverge, então 1X n=1 (an + bn) diverge. Teorema 8.5 Se 1X n=1 an converge, então lim n!1 an = 0: Ou equivalentemente, se lim n!1 an 6= 0 então 1X n=1 an diverge. 56 Exemplo 8.27 Aplique o Teorema anterior para mostrar que a série 1X n=1 n 2n+ 1 diverge. Se lim n!1 (an) = 0; então é necessário uma investigação adicional para determinar se a série 1X n=1 an é convergente ou divergente. 8.2.2 Testes da Integral Seja f(x) uma função contínua, positiva e decrescente para todo x � 1: Se (an) é uma sequência de nida por an = f(n); então 1X n=1 an converge , Z +1 1 f(x)dx converge. Exemplo 8.28 A p-série 1X n=1 1 np = 1 1p + 1 2p + 1 3p + � � �+ 1 np + � � � onde n 2 R; converge se p > 1 e diverge se p � 1: Note que, se p = 1 temos 1X n=1 1 n que é chamada série harmônica. Exemplo 8.29 Vamos mostrar que a série 1X n=1 1 n p n converge. 8.2.3 Teste da Comparação Sejam 1X n=1 an e 1X n=1 bn séries de termos posivivos. (i) Se 1X n=1 bn converge e an � bn para todo inteiro positivo n; então 1X n=1 an converge. (ii) Se 1X n=1 an diverge e an � bn para todo inteiro positivo n; então 1X n=1 bn diverge. Exemplo 8.30 Vamos determinar a convergência ou divergência das séries a seguir:a) 1X n=1 1 2 + 5n b) 1X n=1 3p n� 1 c) 1X n=1 1 n2n�1 57 8.2.4 Teste da Razão Seja 1X n=1 an uma série de termos positivos e suponhamos que lim n!1 � an+1 an � = L (i) Se L < 1; a série é convergente. (ii) Se L > 1; ou lim n!1 � an+1 an � =1; a série é divergente. (iii) Se L = 1; nada se pode a rmar; deve então aplicar outro teste. Exemplo 8.31 Vamos determinar se a série é convergente ou divergente. (a) 1X n=1 3n n! (b) 1X n=1 3n n2 (c) 1X n=1 nn n! 8.2.5 Teste da Raiz Seja 1X n=1 an uma série de termos positivos e suponhamos que lim n!1 n p an = L (i) Se L < 1; a série é convergente. (ii) Se L > 1; ou lim n!1 n p an =1; a série é divergente. (iii) Se L = 1; nada se pode a rmar; deve então aplicar outro teste, pois a série pode ser convergente ou divergente. Exemplo 8.32 Vamos determinar se a série é convergente ou divergente. a) 1X n=1 23n+1 nn b) 1X n=1 (lnn)n nn=2 : 8.2.6 Séries Alternadas Uma série na qual os termos são alternadamente positivos e negativos é uma série alternada. Isto é, é uma série de um dos tipos: 1X n=1 (�1)n � an ou 1X n=1 (�1)n+1 � an onde an > 0; 8n 2 N: 58 Exemplo 8.33 1X n=1 (�1)n+1 1 n = 1� 1 2 + 1 3 � 1 4 + 1 5 � � � �+ (�1)n+1 1 n + � � � Exemplo 8.34 1X n=1 (�1)n+1 1p n = 1� 1p 2 + 1p 3 � 1p 4 + 1p 5 � � � �+ (�1)n+1 1p n + � � � 8.2.7 Teste de Leibniz A série 1X n=1 (�1)n+1 � an converge se a sequência (an) é decrescente, de termos positivos e lim n!+1 an = 0: Exemplo 8.35 Vamos mostrar que a série harmônica alternada é convergente. 1X n=1 (�1)n+1 1 n = 1� 1 2 + 1 3 � 1 4 + � � � Exemplo 8.36 Vamos mostrar que a série 1X n=1 (�1)n+1 1p n converge. 8.2.8 Convergência Absoluta Uma série 1X n=1 an converge absolutamente se a série 1X n=1 janj = ja1j + ja2j + ja3j + � � � + janj+ � � � é convergente. Note que se 1X n=1 an é uma série de termos positivos, então janj = an, e neste caso convergência absoluta e convergência coincidem. Exemplo 8.37 Prove que a série 1X n=1 (�1)n+1 1 2n�1 converge absolutamente. Teorema 8.6 Toda série absolutamente convergente é convergente. Isto é, se 1X n=1 janj converge então 1X n=1 an converge. Observação 8.6 A recíproca do Teorema anterior não é verdadeira. Exemplo 8.38 A série harmônica alternada 1X n=1 (�1)n+1 1 n é convergente, mas não é absolutamente convergente. 59 8.3 Séries de Potências De nição 8.5 Uma série de potências é uma soma in nita da forma: 1X n=0 an(x� c)n = a0 + a1(x� c) + a2(x� c)2 + � � �+ an(x� c)n + � � � O número c é chamado centro da série. Quando c = 0 temos a série 1X n=0 anx n = a0 + a1x+ a2x 2 + � � �+ anxn + � � � a qual generaliza a idéia de um polinômio em x: Exemplo 8.39 (Séries de Potências): 1. 1P n=0 xn 2. 1P n=1 xn n 3: 1P n=1 xn n2 4: 1P n=0 xn n! 5: 1P n=1 (x� 1)n n2n 6: 1P n=0 n!xn Observação 8.7 Quando x = c a série 1P n=0 an(x� c)n converge e sua soma é a0: De nição 8.6 O conjunto I de todos os números x para os quais uma série de potências converge é chamado de intervalo de convergência. Para qualquer série de potências 1P n=0 an(x� c)n , o intervalo de convergência I sempre tem uma das seguintes formas: (i) I é um intervalo limitado com centro c, isto é, (c� r; c+ r); onde r é um número real positivo chamado raio de convergência da série de potências. Em x = c� r e/ou x = c + r pode ocorrer convergência ou divergência, dependendo da natureza da série. (ii) I consiste de um único número c: (r = 0) (iii) I = (�1;1): (r =1) Exemplo 8.40 Encontre o intervalo de convergência das séries a seguir: 1. 1P n=0 xn Intervalo de Convergência: �1 < x < 1 2. 1P n=1 xn n Intervalo de Convergência: �1 � x < 1 60 3. 1P n=1 xn n2 Intervalo de Convergência: �1 � x � 1 4. 1P n=0 xn n! Intervalo de Convergência: �1 < x <1 5. 1P n=1 (x� 1)n n2n Intervalo de Convergência: �1 � x < 3 6. 1P n=0 n!xn Só converge quando x = 0 7. 1P n=1 (�1)n�1x n n Intervalo de Convergência: �1 < x � 1: 8.3.1 Propridades das Séries de Potências Dizemos que uma função real f(x) é desenvolvível em série de potências se existem constantes reais a0; a1; a2; � � � ; an; � � � tais que f(x) = 1X n=0 an(x� c)n: O domínio de f é o intervalo de convergência da série de potências. Exemplo 8.41 A função f(x) = 1 1� x é desenvolvível em série de potências no intervalo aberto (�1; 1); uma vez que 1 1� x = 1P n=0 xn; se �1 < x < 1: As somas parciais de 1P n=0 an(x� c)n são polinômios da forma Sn = a0 + a1(x� c) + a2(x� c)2 + � � �+ an(x� c)n e portanto são contínuas, deriváveis e integráveis em algum intervalo [c� s; c+ s] ; com 0 < s < r; onde r é o raio de convergência da série. Se 1P n=0 an(x� c)n converge no intervalo (c� r; c+ r) e f : (c� r; c+ r)! R é a função dada por f(x) = 1P n=0 an(x� c)n; estabeleceremos as seguintes propriedades: 61 (i) f é contínua. (ii) f é derivável e f 0(x) = 1P n=1 nan(x� c)n�1: (iii) Para cada x 2 (c� r; c+ r) existe R x c f(t)dt eZ x c f(t)dt = 1X n=0 an (x� c)n+1 n+ 1 : Podemos usar as propriedades acima para obter novos desenvolvimenos de funções em séries de potências, a partir de representações já conhecidas. Por exemplo, vimos que se jxj < 1; então 1 1� x = 1 + x+ x 2 + x3 + � � �+ xn + � � � = 1X n=0 xn Substituindo x por �t (na verdade estamos tomando compostas de funções contínuas); obtém-se: 1 1 + t = 1� t+ t2 � t3 + t4 � � � � = 1X n=0 (�1)ntn; se jtj < 1 (8.1) e agora, substitundo t por t2; tem-se 1 1 + t2 = 1� t2 + t4 � t6 + t8 � � � � = 1X n=0 (�1)nt2n; se jtj < 1 (8.2) Integrando (8.1) de 0 até x , temos ln(1 + x) = Z x 0 1 1 + t dt = x� x 2 2 + x3 3 � x 4 4 + � � � se jxj < 1 ou seja, ln(1 + x) = 1P n=0 (�1)n x n+1 n+ 1 se jxj < 1: Além disso, quando x = 1 pode-se provar que a série 1P n=0 (�1)n 1 n+ 1 converge pelo Teste de Leibniz. Assim, ln(1 + x) = 1X n=0 (�1)n+1 x n+1 n+ 1 se � 1 < x � 1 e temos: ln 2 = 1� 1 2 + 1 3 � 1 4 + � � � = 1X n=0 (�1)n 1 n+ 1 : 62 Por outro lado, integrando (8.2) de 0 até x; temos arctgx = Z x 0 1 1 + t2 dt = x� x 3 3 + x5 5 � x 7 7 + � � � se jxj < 1 ou ainda, arctgx = 1P n=0 (�1)n x 2n+1 2n+ 1 se jxj < 1: Usando o Teste de Leibniz, pode-se provar que a série 1P n=0 (�1)n 1 2n+ 1 converge. Portanto, arctgx = 1X n=0 (�1)n x 2n+1 2n+ 1 se � 1 < x � 1: Desta forma, tem sentido calcular � 4 = arctg(1) = 1� 1 3 + 1 5 � 1 7 + � � � = 1X n=0 (�1)n 1 2n+ 1 : 8.3.2 Séries de Taylor e de Maclaurin Quando uma função f(x) é desenvolvível em série de potências, isto é, f(x) = 1X n=0 an(x� c)n; x 2 (c� r; c+ r) então pela propriedade (ii), temos: f 0(x) = 1P n=1 nan(x� c)n�1; x 2 (c� r; c+ r) f 00 (x) = 1P n=2 n(n� 1)an(x� c)n�2; x 2 (c� r; c+ r) f 000 (x) = 1P n=3 n(n� 1)(n� 2)an(x� c)n�3; x 2 (c� r; c+ r) ... ... de tal modo que: f(c) = a0; f 0(c) = 1 � a1; f 00(c) = 2 � 1 � a2; f 000(c) = 3 � 2 � 1 � a3; : : : ; f (n)(c) = n(n� 1)(n� 2) � � � � � 2 � 1 � an = n!an; : : : Logo, an = f (n)(c) n! ; 8n 2 N: 63 Concluímos que, quando f é desenvolvível em série de potências em um intervalo (c� r; c+ r); f é in nitamente derivável em (c� r; c+ r) e f(x) = 1X n=0 f (n)(c) n! (x� c)n; x 2 (c� r; c+ r):(8.3) O desenvolvimento (8.3) é chamado desenvolvimento de Taylor de f e a série 1X n=0 f (n)(c) n! (x� c)n é chamada série de Taylor de f em c: Em particular, se c = 0 em (3) temos f(x) = 1X n=0 f (n)(0) n! (x)n que é chamado desenvolvimento de Maclaurin e a série 1P n=0 f (n)(0) n! (x)n é chamada série de Maclaurin de f . As somas parciais da Série de Taylor são chamadas polinômios de Taylor de f em c: Assim, o polinômio de grau n de Taylor de f em c é: Pn(x) = f(c) + f 0(c)(x� c) + f 00(c) 2! (x� c)2 + � � �+ f (n)(c) n! (x� c)n: Exemplo 8.42 Encontre a série de Taylor e os polinômios de Taylor de f(x) = ex em c = 0: Teorema 8.7 (Teorema de Taylor) Se f possui derivada até a ordem n+1 em um intervalo aberto I contendo c; então para cada x 2 I existe um número z entre x e c tal que f(x) = f(c) + f 0(c)(x� c) + f 00(c) 2! (x� c)2 + � � �+ f (n)(c) n! (x� c)n +Rn(x) onde Rn(x) = f (n+1)(z) (n+ 1)! (x�c)n+1: Ou seja, f(x) = Pn(x)+Rn(x) a qual é chamada fórmula de Taylor com resto de Lagrange. O valor absoluto jRn(x)j = jf(x)� Pn(x)j é chamado erro associado à aproximação da função f(x) por seu polinômio de Taylor Pn(x): 64 O Teorema de Taylor é uma generalização do Teorema do Valor Médio. (Veri que!) Teorema 8.8 (Limite do erro na aproximação polinomial de Taylor) Seja f uma função que possui derivada até a ordem n + 1 em um intervalo aberto contendo c: Suponha que existe um número positivo r e uma constante positiva M tal que ��f (n+1)(x)�� �M para todo x no intervalo (c � r; c + r): Então jRn(x)j � M jx� cj n+1 (n+ 1)! para todo x 2 (c � r; c + r) e consequentemente lim n!+1 Rn(x) = 0 se veri ca para todo x 2 (c� r; c+ r): Pelo Teorema de taylor, Rn(x) = f (n+1)(z) (n+ 1)! (x� c)n+1 para algum z entre x e c: Assim, para x 2 (c� r; c+ r) temos: jRn(x)j = ��f (n+1)(z)�� (n+ 1)! j(x� c)jn+1 �M jx� cj n+1 (n+ 1)! : Por outro lado, a série 1P n=0 jx� cjn+1 (n+ 1)! converge pelo teste da razão e portanto seu termo geral tem limite zero, isto é, lim n!+1 jx� cjn+1 (n+ 1)! = 0: Daí, como M é constante, resulta da desigualdade 0 � jRn(x)j � M jx� cj n+1 (n+ 1)! que lim n!+1 Rn(x) = 0 se veri ca para todo x 2 (c� r; c+ r): Vimos que, se uma função puder ser desenvolvida numa série de potências, então a função deverá ser in nitamente derivável e a série de potências será a sua série de Taylor. Entretanto, mesmo que a função seja in nitamente derivável, não há garantia automática de que ela possa ser desenvolvida em série de potências! Em outras palavras: "Embora uma função in nitamente derivável tenha uma série e Taylor, essa série de Taylor não precisa convergir para a função". Por exemplo, pode-se mostrar que se f(x) = 8<: 0; x = 0e�1=x2 ; x 6= 0 então a sua Série de Taylor converge para todo x; mas converge para f(x) APENAS em x = 0: 65 Se lim n!+1 Rn(x) = 0 para todo x em (c� r; c+ r) então: lim n!+1 Pn(x) = lim n!+1 f(x)� lim n!+1 Rn(x) = f(x) e isto signi ca que a sequência das somas parciais da série de Taylor de f em c converge para f(x) em (c� r; c+ r) e portanto a série 1P n=0 f (n)(c) n! (x� c)n converge e escrevemos f(x) = 1X n=0 f (n)(c) n! (x� c)n; 8x 2 (c� r; c+ r): Exemplo 8.43 Justi que as seguintes expansões em séries de potências: 1. ex = 1 + x+ x2 2! + x3 3! + x4 4! + � � � = 1P n=0 xn n! para todo x: 2. sin x = x� x 3 3! + x5 5! � x 7 7! + � � � = 1P n=0 (�1)nx2n+1 (2n+ 1)! para todo x: 3. cosx = 1� x 2 2! + x4 4! � x 6 6! + � � � = 1P n=0 (�1)nx2n 2n! para todo x: 8.3.3 66
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