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Mário Bittencourt – 2017.2 1 Fundamentos do Processo MIG/MAG Docente: Mário Bittencourt Sumário 1. Descrição do processo 2. Instalação MIG/MAG 3. Arame Eletrodo ou Arame MIG/MAG 4. Gases de Proteção 5. Transferência metálica 6. Variáveis de soldagem 7. Vantagens e limitações do processo 8. Descontinuidades relativas ao processo 9. Bibliografia Mário Bittencourt – 2017.2 2 “Operação que tem por objetivo a união de duas peças (ou mais), produzida por aquecimento até uma temperatura adequada, com ou sem a utilização de pressão e/ou material de adição, assegurando entre as peças uma perfeita continuidade metálica e mantendo, por conseqüência, suas propriedades.” Definição de Soldagem 1. Descrição do Processo No processo MIG/MAG o calor necessário para a soldagem provém do arco elétrico que é estabelecido entre um arame eletrodo sólido, alimentado continuamente com velocidade controlada, e a peça a ser soldada. A poça de fusão e o arame fundido são protegidos da contaminação da atmosfera por uma cortina gasosa. É considerado um processo de soldagem semi- automático. Mário Bittencourt – 2017.2 3 1. Descrição do Processo A abreviação MIG/MAG esta relacionada ao gás de proteção utilizado. M etal M etal I nert A ctive G as G as Também é conhecido pela sigla internacional GMAW, que significa “Gas Metal Arc Welding”, ou seja Soldagem a Arco com Proteção Gasosa e Eletrodo Metálico. 1. Descrição do Processo Mário Bittencourt – 2017.2 4 1. Descrição do Processo Regulador de vazão Arame MIG Alimentador de arame Tocha MIG Fonte de energia Gás de proteção Peça de trabalho 1. Descrição do Processo Mário Bittencourt – 2017.2 5 A transferência metálica para poça de fusão ocorre no arco elétrico. O contato elétrico é do tipo deslizante. 1. Descrição do Processo O processo não gera escória, apresentando na superfície do cordão soldado silicato de manganês, reação entre o óxidos de silício e de manganês, quando da utilização de gases ativos (SiO2 + MnO > SiO3Mn). Em soldagem multipasse não é necessário, na maioria das vezes, retirar esta escória formada nos cordões anteriores 1. Descrição do Processo Mário Bittencourt – 2017.2 6 2. Instalação MIG/MAG Fonte de Energia para Soldagem 1. Ligação à rede elétrica 2. Retificador de corrente para soldagem Arame Eletrodo 3. Bobina (carretel) do arame eletrodo 4. Aparelho alimentador do arame eletrodo Gás de Proteção 5. Cilindro para gás de proteção 6. Válvula redutora de pressão com indicador de vazão 7. Válvula solenóide do gás de proteção 2. Instalação MIG/MAG Mário Bittencourt – 2017.2 7 Multicabo 8. Cabo de comando da tocha ou pistola 9. Arame eletrodo 10. Condutor do gás de proteção 11. Condutor da corrente para soldagem Tocha de Soldagem 12. Tocha ou Pistola com interruptor Conexão com a Peça 13. Cabo-obra (cabo de ligação à peça de trabalho) com grampo 2. Instalação MIG/MAG A unidade de alimentação do arame e a fonte de energia estão conjugadas de modo a fornecer uma a auto-regulagem para o comprimento do arco. 2.1 Equipamento de Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 8 O arame eletrodo é alimentado continuamente e a fonte de energia fornece o calor necessária para fundir o metal de base e o arame, alimentado a uma velocidade constante. 2.1 Equipamento de Soldagem Fonte de Energia 2.2 Fonte de Energia Mário Bittencourt – 2017.2 9 O equipamento de soldagem fornece a energia necessária para criar a poça de fusão no material de base e fundir o arame eletrodo. Esta energia tem dois componentes: - a energia que esta contida no arco elétrico - a energia de aquecimento do arame eletrodo por efeito Joule 2.2 Fonte de Energia Fonte de energia de tensão constante. Fornece uma curva tensão-corrente conjugada com uma velocidade constante de alimentação do arame. 2 1 Fonte: GERDAU 2.2 Fonte de Energia Mário Bittencourt – 2017.2 10 Alimentador de Arame Eletrodo 2.3 Alimentação do Arame Existem vários tipos de sistemas propulsores para a devida alimentação do arame na poça de fusão. A adequada e contínua alimentação é fundamental para se obterem cordões sem falhas e com bom acabamento. Considerando a dificuldade de se empurrar o arame eletrodo a grandes distâncias, devido ao atrito dos conduítes, existem sistemas que permitem a soldagem em locais afastados da fonte de energia. 2.3 Alimentação do Arame Mário Bittencourt – 2017.2 11 Sistema de alimentação com DOIS ou QUATRO roletes. 2.3 Alimentação do Arame Alimentador no interior ou externo à fonte de energia, ambos empurrando o arame eletrodo. 2.3 Alimentação do Arame Mário Bittencourt – 2017.2 12 Alimentador na própria tocha de soldagem (empurrando o arame) e alimentador na fonte (empurrando) + sistema puxador na tocha (puxando o arame). 2.3 Alimentação do Arame Regulagem da pressão dos rolos de alimentação. 2.3 Alimentação do Arame Mário Bittencourt – 2017.2 13 ARAME SÓLIDO ARAME TUBULAR INFORMAÇÃO DO Ø ARAME Seleção das roldanas 2.3 Alimentação do Arame Multicabo Tocha de Soldagem 2.4 Tocha ou Pistola de Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 14 2.4 Tocha ou Pistola de Soldagem Tocha com sistema de ASPIRAÇÃO DE FUMOS. 2.4 Tocha ou Pistola de Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 15 2.4 Tocha ou Pistola de Soldagem Tocha com sistema PUSH PULL. 2.4 Tocha ou Pistola de Soldagem Mário Bittencourt – 2017.2 16 Tocha com rolo de arame e alimentador de arame acoplados (para soldagem de alumínio). 2.4 Tocha ou Pistola de Soldagem Escolha do conduíte. 2.4.1 Conduíte Mário Bittencourt – 2017.2 17 Escolha do conduíte. Disponível em: http://binzel-abicor.com . Acesso em: 30 maio 2013. 2.4.1 Conduíte Posição correta da guia (conduíte), em relação ao bico de contato. 2.4.1 Conduíte Mário Bittencourt – 2017.2 18 Existem diferentes tipos e tamanhos de bocais, adequados as diversas necessidades de utilização. 2.4.2 Bocal Garrafa Cônico Cilíndrico Disponível em: http://binzel-abicor.com . Acesso em: 30 maio 2013. 2.4.2 Bocal Mário Bittencourt – 2017.2 19 2.5 Fixação Cabo Terra Fixação Cabo Terra Correto fechamento do circuito elétrico 2.5 Fixação Cabo Terra Mário Bittencourt – 2017.2 20 Arame Eletrodo ou Arame MIG 3. Arame Eletrodo ou Arame MIG / MAG Um dos fatores mais importantes para ser considerado na soldagem GMAW é a seleção correta do arame eletrodo. Este arame combinado com o gás de proteção produz o depósito químico que determina as propriedades físicas e mecânicas do cordão de solda. 3. Arame Eletrodo ou Arame MIG / MAG Mário Bittencourt – 2017.2 21 Os arames para aço carbono são comumente revestidos com uma camada de cobre, que protegea superfície e melhora o contato elétrico. Entretanto existem pesquisas que apresentam outros materiais para revestimento destes arames. 3. Arame Eletrodo ou Arame MIG / MAG Os arames são disponíveis nos diâmetros 0,6 / 0,8 / 1,0 / 1,2 / 1,6 mm Diversos tipos de embalagens. 3. Arame Eletrodo ou Arame MIG / MAG Mário Bittencourt – 2017.2 22 Classificação AWS AWS X1 X2 S X3 COMPOSIÇÃO QUÍMICA SÓLIDO RESISTÊNCIA A TRAÇÃO ARAME OU VARETA NORMA - AMERICAN WELDING SOCIETY 3. Arame Eletrodo ou Arame MIG / MAG Exemplo classificação AWS A5.18 para aço carbono: AWS ER 70 S 6 0,15%C 1,15%Si 1,85%Mn (S-P-Cu) valores máximos SÓLIDO RESISTÊNCIA A TRAÇÃO MÍNIMA 70.000 psi ARAME OU VARETA AMERICAN WELDING SOCIETY 3. Arame Eletrodo ou Arame MIG / MAG Mário Bittencourt – 2017.2 23 Segundo a AWS são cinco os fatores que influenciam na escolha de um arame eletrodo para a soldagem GMAW: - Metal de base; - Propriedades mecânicas requeridas pelo cordão de solda; - Tipo de serviço e aplicações específicas requeridas; - Modo pretendido de transferência do metal; - Gás de proteção utilizado; 3. Arame Eletrodo ou Arame MIG / MAG Mário Bittencourt – 2017.2 24 MARCA COMERCIAL NORMA APLICADA 3. Arame Eletrodo ou Arame MIG / MAG preparação superficial de um fio máquina; trefilação, com redução na faixa de 60%, lubrificação seca com sabão; retrefilação, com redução na faixa de 85%; decapagem química e neutralização; 3.1 Etapas Fabricação Arame Eletrodo de Aço Baixo Carbono Mário Bittencourt – 2017.2 25 cobreamento eletrolítico e polimento; redução por trefilação da ordem de 10%, com lubrificação úmida; reenrolamento do material, embalagem e armazenamento para despacho. 3.1 Etapas Fabricação Arame Eletrodo de Aço Baixo Carbono Gás de Proteção 4. Gases de Proteção Mário Bittencourt – 2017.2 26 4. Gases de Proteção Podem ser agrupados em quatro grupos: Inertes: Argônio, Hélio Parcialmente inertes: Nitrogênio Ativos (oxidantes): Oxigênio, Gás Carbônico Redutores: Hidrogênio 4. Gases de Proteção Mário Bittencourt – 2017.2 27 Gas Argon Helium CO2 Oxygen Nitrogen Hydrogen Symbol Ar He CO2 O2 N2 H2 Purity % 99,99 99,99 99,7 99,5 99,5 99,5 Dew point 1b,°C -50 -50 -35 -35 -50 -50 Chem. reaction in welding inert inert oxydising oxydising low reactive reducing Propriedades gerais dos gases: 4. Gases de Proteção Protegem a poça de fusão da contaminação atmosférica e promovem uma atmosfera conveniente e ionizável para o arco elétrico. 4. Gases de Proteção Mário Bittencourt – 2017.2 28 Entretanto um gás que proporciona uma perfeita proteção contra o ar, não necessariamente é o melhor para o arco de soldagem. Existem, além do custo, outras propriedades que são importantes e devem ser consideradas para a escolha do gás de proteção. Densidade relativa, condutividade térmica, potencial de ionização. 4. Gases de Proteção Considera-se a densidade do AR igual a 1. Um gás mais denso que o ar faz uma cobertura mais efetiva sobre a poça de fusão. Gases mais leves que o ar tendem a subir para longe da área de solda e vazões maiores são necessárias, a menos que a soldagem seja sobre cabeça. 4.1 Densidade Relativa ao AR Mário Bittencourt – 2017.2 29 at 15°C and 1b value Density kg/m3 Relative density to air Argon 1,669 1,37 He 0,167 0,14 CO2 1,849 1,44 O2 1,337 1,04 N2 1,17 0,91 H2 0,085 0,06 4.1 Densidade Relativa ao AR O calor do arco elétrico é inicialmente concentrado na coluna de arco entre o eletrodo e a peça. A extensão do calor transferido para a zona de soldagem depende da condutividade térmica do gás de proteção. 4.2 Condutividade Térmica Mário Bittencourt – 2017.2 30 Condutividade térmica BAIXA, o arco terá a região central mais quente, o calor não se espalha radialmente no arco, resultando em uma penetração de formato de nariz. Condutividade ALTA, distribuição do calor mais uniforme, espalhando-se radialmente no arco, resultando em uma penetração de formato de concha. 4.2 Condutividade Térmica 0,04 0,08 0,12 0,16 H2 Ar 0 2000 4000 6000 8000 10000 °C T H E R M A L C O N D U C T IV IT Y I N W /c m °C CO2 He O2 4.2 Condutividade Térmica Mário Bittencourt – 2017.2 31 É a tensão necessária para remover um elétron da camada de um átomo. A proximidade do elétron com o núcleo do átomo, determina se o potencial de ionização é ALTO ou BAIXO. Potencial de Ionização BAIXO Potencial de Ionização ALTO ARGÔNIO HÉLIO 4.3 Potencial de Ionização BAIXO O gás de proteção conduz melhor a energia elétrica, a abertura do arco elétrico é mais fácil e a estabilização é melhor. ALTO A tensão do arco é mais alta para uma determinada corrente e comprimento de arco, e a energia produzida é, em parte, devida ao gás de proteção. 4.3 Potencial de Ionização Mário Bittencourt – 2017.2 32 Gas Dissociation energy Ionisation energy eV eV Ar -- 15,7 He -- 24,5 CO2 6,3 14,4 02 8,05 12,5 N2 9,76 15,8 H2 4,48 15,4 1 ( eV ) 4.3 Potencial de Ionização 3 5 10 20 30 He N2 Ar 100 10 1 Temperature P=1 b 10 °K H2 He % 4.3 Potencial de Ionização Condutibilidade elétrica do Gás Plasma, em função do potencial de ionização. Mário Bittencourt – 2017.2 33 ENADE 2008 Baixa condutividade térmica, resultando em penetração na forma de “nariz”. Gás pesado, que tende a formar uma cobertura mais efetiva sobre a área de solda. É ionizado facilmente, com boa ignição e estabilidade de arco. Muito leve, se dissipa rapidamente, vazões altas são necessárias. Ignição difícil e estabilidade ruim do arco elétrico. Arco mais quente. Alta condutividade térmica, resultando em uma penetração tipo “concha”. 1,39 15,7 eV 0,015 0,14 24,6 eV 0,130 A R G Ô N IO H É L IO Densidade relativa Condutividade térmica1 Potencial ionização 1(cm³/0C/sec) Comparação Gases de Proteção Mário Bittencourt – 2017.2 34 4.4 Classificação dos Gases de Proteção Norma ISO 14175 Símbolo 1) Composição em volume (%) A (plicação Típica Observação Grupo Número de Identificação Oxidante Inerte Redutor Não reativo CO2 O2 Ar He H2 N2 R 1 2 Balanço 2) Balanço 2) >0 a 15 >15 a 35 TIG, soldagem plasma, corte plasma, gás de purga RedutorI 1 2 3 100 Balanço 100 >0 a 95 MIG, TIG, soldagem plasma, gás de purga Inerte M1 1 2 3 4 >0 a 5 >0 a 5 >0 a 5 >0 a 3 >0 a 3 Balanço 2) Balanço 2) Balanço 2) Balanço 2) >0 a 5 MAG Levemente oxidante M2 1 2 3 4 >5 a 25 >0 a 5 >5 a 25 >3 a 10 >3 a 10 >0 a 8 Balanço 2) Balanço 2) Balanço 2) Balanço 2) Fortemente oxidante M3 1 2 3 >25 a 50 >5 a 50 >10 a 15 >8 a 15 Balanço 2) Balanço 2) Balanço 2) C 1 2 >0 a 30 F 1 2 >0 a 50 100 Balanço Corte plasma e gás de purga Não reativo Redutor 1) Para componentes que não estejam listados nos grupos desta tabela, a mistura é considerada como especial, e o prefixo S deverá ser utilizado. 2) Balanço refere-se ao gás que completa a mistura. velocidade e custos da soldagem queima de elementos de liga e propriedades mecânicas 4.5 Influência dos Gases de Proteção Os gases de proteção influenciam: quantidade de respingos e fumos metálicos tipo de transferência metálica aspecto e geometria do cordão de solda Mário Bittencourt – 2017.2 35 Sua escolha depende: processo de soldagem material de base espessura da chapa estabilidade do arco elétrico tipo de transferência desejado penetração e geometria do cordão velocidade de soldagem acabamento 4.6 Escolha dos Gases de Proteção Depende de uma série de fatores, incluindo: - Peso específico do gás - Fluxo (vazão) - Tipo de junta - Diâmetro do bocal - Comprimento do arco - Superfície da peça 4.7 Eficácia do Gás de Proteção Mário Bittencourt – 2017.2 36 A vazão de gás de proteção deve ser estabelecida em função de: deslocamento de ar, do tamanho do bocal e da dimensão da poça de fusão. 4.7 Eficácia do Gás de Proteção Utilização de gráficos Ø Bocal (mm) F o n te : D V S Corrente (A) Alumínio Aço Modo prático: Vazão (l/min.) = Ø Bocal (mm) 4.7 Eficácia do Gás de Proteção Mário Bittencourt – 2017.2 37 Porosidade Vazio formado pelo aprisionamento de gás durante a solidificação. Pode ser esférico ou cilindrico (alongado). 4.7 Eficácia do Gás de Proteção Proteção Gasosa Insuficiente CAUSA: Corrente de ar que impede a proteção completa da poça de fusão do gás de proteção SOLUÇÃO: Proteger o posto de soldagem da corrente de ar AR 4.7 Eficácia do Gás de Proteção Mário Bittencourt – 2017.2 38 Vazão Excessiva 4.7 Eficácia do Gás de Proteção CAUSA: Obstrução do bico de contato/bocal por acúmulo de respingos, provocando turbulência do gás SOLUÇÃO: Manter o bico e o bocal livre de respingos 4.7 Eficácia do Gás de Proteção Mário Bittencourt – 2017.2 39 CAUSA: Desalinhamento do bico de contato em relação ao bocal e a poça de fusão. SOLUÇÃO: Realizar manutenção adequada nas tochas, centralizando corretamente o bico de contato/bocal. 4.7 Eficácia do Gás de Proteção VAZAMENTO EM TUBULAÇÕES: • verificar sempre mangueiras e conexões para evitar aspiração de ar pelo furo. VAZAMENTO NAS TOCHAS: • qualquer saída de gases, é também uma entrada de impurezas. * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 4.7 Eficácia do Gás de Proteção Mário Bittencourt – 2017.2 40 Transferência Metálica 5. Transferência Metálica BOCAL GÁS DE PROTEÇÃO CORRENTE ELÉTRICA ARAME MIG POÇA DE FUSÃO TRANSFERÊNCIA METÁLICA TUBO DE CONTATO CORDÃO DE SOLDA 5. Transferência Metálica Mário Bittencourt – 2017.2 41 No processo GMAW a deposição do metal de solda é realizada através transferência de “gotas”de metal através da coluna do arco. O tamanho,forma e freqüência desta deposição caracteriza um determinado tipo de transferência metálica. A gravidade e o efeito “PINCH” são as forças mais consideradas numa descrição simples do mecanismo de transferência. 5. Transferência Metálica 5.1 Efeito PINCH É um estrangulamento momentâneo da gota líquida na extremidade do arame que ocorre em função dos efeitos eletro-magnéticos da corrente. Mário Bittencourt – 2017.2 42 5.2 Tipos de Transferência Tipos de transferência mais comuns: CURTO CIRCUITO GLOBULAR SPRAY Neste tipo de transferência ocorrem curto-circuitos intermitentes entre o arame eletrodo e o metal de base Apresenta a taxa de alimentação do arame excedendo muito pouco a taxa de fusão. Utiliza regulagens com menores faixas de corrente e tensão. 5.2.1 Transferência Curto-circuito Mário Bittencourt – 2017.2 43 INICIA-SE A FORMAÇÃO DA GOTA A GOTA AVANÇA EM DIREÇÃO AO METAL BASE A GOTA ENTRA CONTATO COM A POÇA DE FUSÃO CAUSANDO UM CURTO-CIRCUITO O CIRCUITO É INTERROMPIDO E INICIA- SE A FORMAÇÃO DE UMA NOVA GOTA 5.2.1 Transferência Curto-circuito Faixa de Regulagem: tensão baixa (abaixo de 20V) arco curto Arame eletrodo Ø de 1,0 mm Gás de proteção: Mistura e C02 Poça de fusão densa e viscosa 5.2.1 Transferência Curto-circuito Mário Bittencourt – 2017.2 44 Principais Características: Solidificação rápida da poça de fusão. Indicado para a soldagem de seções finas e soldagem fora de posição (sobre cabeça). Pequena distorção das peças soldadas. 5.2.1 Transferência Curto-circuito Neste tipo de transferência, gotas com diâmetro maior do que o do arame transferem-se (geralmente com alguns curto-circuitos). Densidade de corrente e tensão relativamente baixas, mas maiores do que na transferência por curto-circuito. 5.2.2 Transferência Globular Mário Bittencourt – 2017.2 45 respingos respingos 5.2.2 Transferência Globular Faixa de Regulagem: tensão alta (acima de 20V) arco longo Arame eletrodo Ø 1,0 mm Gás de proteção: Dióxido de Carbono (C02) Poça de fusão pouco densa 5.2.2 Transferência Globular Mário Bittencourt – 2017.2 46 Transferência por gotas, em maior quantidade e menor tamanho que nos outros modos de transferência. São necessários valores altos de tensão e corrente, associados com o tipo adequado de gás de proteção. 5.2.3 Transferência Spray o arco elétrico não extingue 5.2.3 Transferência Spray Mário Bittencourt – 2017.2 47 Faixa de Regulagem: tensão alta (acima de 25V) Arame eletrodo Ø de 1,0 mm Gás de proteção: Mistura ou Argônio Poça de fusão bastante fluida 5.2.3 Transferência Spray Principais Características: Apresenta alta taxa de deposição, com grande penetração e diluição conveniente para peças espessas e na posição plana. 5.2.3 Transferência Spray Mário Bittencourt – 2017.2 48 5.2.4 Transferência Pulsada Transferência metálica estável, com baixa incidência de respingos e isento de curto-circuito. 1) Arco em baixa corrente, a extremidade do arame inicia sua fusão; 2) Através da intensidade da corrente pulsada cresce o volume da gota na extremidade do arame, ao mesmo tempo aumenta o efeito pinch para destacar a gota; 5.2.4 Transferência Pulsada Mário Bittencourt – 2017.2 49 3) A gota se destaca e passa sem curto-circuitopara o banho de fusão; 5.2.4 Transferência Pulsada 4) A intensidade da corrente é diminuída para a intensidade da corrente de base; 5) O arco queima até o próximo pulso de intensidade da corrente, com a intensidade da corrente de base, que inicia a fusão do arame, mais sem causar destacamento da gota. 5.2.4 Transferência Pulsada Mário Bittencourt – 2017.2 50 menor-----------------------frequência de pulso------------------------------maior menor--------------------corrente de soldagem efetiva-----------------------maior menor---------------------obter potência de fusão-----------------------------maior Efeito da variação da frequência de pulsos: 5.2.4 Transferência Pulsada Controlam a geometria do cordão, acabamento, estabilidade do arco e a taxa de deposição. Depende de fatores, tais como: tipo de gás de proteção, material e diâmetro do arame e ajuste da corrente e tensão. 6. Variáveis de Soldagem São determinadas em função do metal de base, posição de soldagem, tipo de transferência metálica desejada, taxa de deposição, etc. Mário Bittencourt – 2017.2 51 As principais variáveis do processo são: Intensidade da Corrente (I) Tensão do Arco (V) Stickout Velocidade de soldagem Ângulo da tocha 6. Variáveis de Soldagem 6.1 Intensidade da Corrente (A) A corrente controla a penetração. Está diretamente ligada à velocidade de alimentação do arame. Aumento na velocidade de alimentação do arame provoca aumento da corrente. Influência da variação da velocidade de alimentação do arame para uma tensão fixa: CORRENTE BAIXA MENOR PENETRAÇÃO CORRENTE ALTA MAIOR PENETRAÇÃO Mário Bittencourt – 2017.2 52 Controla o comprimento do arco. Controla a largura e altura do cordão de solda. Influência da variação da tensão com velocidade alimentação arame fixa: 6.2 Tensão do Arco (V) TENSÃO ALTA CORDÃO LARGO E BAIXO TENSÃO BAIXA CORDÃO ESTREITO E ALTO 6.3 Velocidade de Soldagem Influência direta sobre a penetração e acabamento do cordão de solda. Controla taxa de deposição de material. Mário Bittencourt – 2017.2 53 ALTA falta de deposição cordão estreito falta de penetração baixa resistência. BAIXA excesso deposição cordão largo e alto calor concentrado empenos mordeduras. 6.3 Velocidade de Soldagem 6.4 Stickout Stickout ou extensão livre do arame é a parte do arame que conduz a corrente elétrica. A tensão do arco elétrico é diretamente dependente do comprimento do arco. Mário Bittencourt – 2017.2 54 COMPRIMENTO ARCO STICKOUT TUBO DE CONTATO BOCAL ARAME MIG 6.4 Stickout Maior penetração Poucos respingos Aquecimento baixo do arame por resistência Menor penetração Muitos respingos Aquecimento alto do arame por resistência Mesmo comprimento do arco elétrico para variações da distância do bico de contato para a peça, afastando a tocha. 6.4 Stickout Mário Bittencourt – 2017.2 55 6.5 Ângulo da Tocha É a posição da tocha de soldagem em relação à junta. É definida por dois ângulos: transversal (positivo), quando a solda é “puxada” e longitudinal (negativo), quando a solda é “empurrada”. SENTIDO DA SOLDAGEM ÂNGULO NEGATIVO (empurrando) NEUTRO ÂNGULO POSITIVO (puxando) 6.5 Ângulo da Tocha Mário Bittencourt – 2017.2 56 7. Vantagem do Processo Versatilidade Facilidade de operação e automação Alta taxa de deposição (produtividade) Fácil estocagem e manuseio dos consumíveis Baixo custo Qualidade Baixo “heat imput” Facilidade de operação e automação 7. Vantagem do Processo Mário Bittencourt – 2017.2 57 Facilidade de operação e automação 7. Vantagem do Processo Facilidade de operação e automação 7. Vantagem do Processo Mário Bittencourt – 2017.2 58 Facilidade de operação e automação 7. Vantagem do Processo Equipamento mais complexo Aplicações ao ar livre mais limitadas Acesso difícil, pelo formato da tocha Velocidade de resfriamento elevada com possibilidades de trincas 8. Limitações do Processo Mário Bittencourt – 2017.2 59 SILVA, F. J. G., Tecnologia da soldadura, 1 ed., Porto, PRT, Editora Publindústria, 2014. WAINER, E.; BRANDI, S.; MELLO, F., Soldagem: processos e metalurgia, São Paulo, SP, Editora Blucher, 2013. SENAI-SP, Soldagem, 1 ed., São Paulo, SP, Editora SENAI-SP, 2013. MARQUES, P. V.; MODENESI, P. J.; BRACARENSE, A. Q., Soldagem fundamentos e tecnologia, 3 ed., Belo Horizonte, MG, Editora UFMG, 2009. GROOVER, M. P., Introdução aos processos de fabricação, 1 ed., Rio de Janeiro, RJ, LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora, 2014. 9. Bibliografia AMERICAN WELDING SOCIETY, Gas Metal Arc Welding. In: Welding Handbook, 9 ed., v.2, chapter 4, Miami, USA, 2004. AMERICAN SOCIETY FOR METALS, Gas Metal Arc Welding - MIG Welding. In: Metals Handbook, 8 ed., v. 6, chapter 1, Ohio, USA, 1981. INTERNATIONAL ORGANIZATION for STANDARDIZATION, Welding consumables - Shielding gases for arc welding and cutting. ISO/DIS 14175, Switzerland, 1995. CRAMER, H., BAUM, L. e DUDZIAK, M., Uma revisão dos métodos de soldagem a arco com gás de proteção e as transições entre materiais. In: Corte e Conformação de Metais, pp 44-57, BR, junho 2013. 9. Bibliografia
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