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apostila economia parte 2

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1 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA 
 
 
Professor: Lauro Aloysio Marmitt 
 
 
 
 
Aluno: _______________________________________________ 
 
 
 
Esta Apostila contém uma 
compilação de textos e exercícios 
de diversos autores e foi elaborado 
com o objetivo específico de servir 
como material de apoio didático 
para o aluno em sala de aula. 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
 
O SFN é o conjunto de instituições intermediadoras de recursos na economia, 
que visam a transferência de recursos dos agentes econômicos superavitários 
para os agentes econômicos deficitários da economia. 
 
Bancos Comerciais: Os Bancos Comerciais são intermediários financeiros que 
transferem recursos dos agentes superavitários para os agentes deficitários, 
mecanismo esse que acaba por criar moeda através do efeito multiplicador. 
Os Bancos Comerciais podem descontar títulos, realizar operações de abertura 
de crédito simples ou em conta corrente, realizar operações especiais de crédito 
rural, de câmbio e comércio internacional, captar depósitos à vista e a prazo fixo, 
obter recursos junto às instituições oficiais para repasse aos clientes, etc. 
 
 
 
AUTORIDADES MONETÁRIAS 
 
Conselho Monetário Nacional: O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o 
órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. Ao CMN compete: 
• Estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e 
creditícia; 
• Regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das 
instituições financeiras; 
• Disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial. 
 
O CMN é constituído pelo Ministro da Fazenda, pelo Ministro do Planejamento e 
Orçamento e pelo Presidente do Banco Central do Brasil. O CMN reúne-se 
ordinária e/ou extraordinariamente para discutir assuntos de interesse do SFN e 
suas decisões são tomadas através de Resoluções. É presidido pelo Ministro da 
Fazenda. 
 
 
3 
 
Entre suas principais atribuições podemos destacar as seguintes: 
 
• Adaptar o volume de meios de pagamento às reais necessidades da 
economia e de seu processo de desenvolvimento; 
• Regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos 
inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões 
econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais; 
• Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos 
do País, tendo em vista a melhor utilização dos recursos em moeda 
estrangeira; 
• Orientar a melhor aplicação dos recursos das instituições financeiras públicas 
e privadas nas diferentes regiões do País, gerando condições favoráveis ao 
desenvolvimento da economia nacional; 
• Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; 
• Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida 
pública interna e externa, em conjunto com o Congresso Nacional; 
• Autorizar as emissões de papel-moeda pelo BACEN e as normas reguladoras 
do meio circulante; 
• Fixar diretrizes e normas da política cambial; 
• Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações 
creditícias; 
• Determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições 
financeiras. 
 
 
Banco Central do Brasil: É uma autarquia federal criada pela Lei 4.595, de 
31.12.64, competindo-lhe cumprir e fazer cumprir as disposições que lhe são 
atribuídas pela legislação em vigor e as normas expedidas pelo Conselho 
Monetário Nacional. O BACEN é o órgão responsável pela execução das normas 
que regulam o SFN. 
 
São suas atribuições agir como banco dos bancos, gestor do SFN, executor da 
política monetária, banco emissor e banqueiro do Governo. 
 
4 
 
 Principais atribuições: 
• Emitir moeda de acordo com condições do CMN; 
• Executar os serviços do meio circulante; 
• Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos; 
• Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras 
preservando a liquidez do sistema bancário; 
• Regular a compensação de cheques e outros papéis; 
• Efetuar política monetária através da compra e venda de títulos federais; 
• Exercer o controle de crédito; 
• Fiscalizar as instituições financeiras; 
• Autorizar o funcionamento e operacionalidade das instituições; 
• Controlar o fluxo de capitais estrangeiros; 
• Administrar as Reservas Internacionais; 
• Atuar como regulador do mercado cambial. 
 
 
COPOM – Comitê de Política Monetária 
 
O Comitê de Política Monetária foi criado em junho de 1996, com o objetivo de 
estabelecer as diretrizes da política monetária brasileira e definir o nível de taxa 
de juros da economia. A criação do Copom tinha como premissa básica 
proporcionar maior transparência e ritmo adequado aos processos decisórios 
das autoridades monetárias. 
 
Os objetivos do Copom são estabelecer as diretrizes de política monetária, 
definir a meta da Taxa Selic e seu viés e analisar o relatório de Inflação. A taxa 
de juros fixada nas reuniões do Copom é a meta para a taxa Selic, a qual vigora 
até a realização da próxima reunião. Entretanto, o Copom pode também definir 
o viés da taxa de juros, que é a prerrogativa dada ao Presidente do Banco Central 
para alterar a taxa Selic a qualquer momento, antes da próxima reunião. 
 
Se o viés for de baixa, significa que o Presidente do Bacen pode baixar a taxa 
de juros Selic antes da data marcada para a próxima reunião. Se for de alta, o 
5 
 
Presidente do Bacen pode elevar a taxa Selic. E se o viés for neutro, somente 
quando da realização da próxima reunião é possível alterar a taxa de juros Selic. 
 
Atualmente, as reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias, iniciando-se numa 
terça-feira e terminando ao final da quarta-feira, quando então é anunciada a 
decisão sobre a taxa de juros Selic, ocorrendo, portanto, 8 reuniões anuais. 
 
No primeiro dia da reunião, os chefes de departamento do Bacen apresentam 
uma análise da conjuntura econômica, abrangendo inflação, nível de atividade, 
evolução dos agregados monetários, finanças públicas, balanço de pagamentos, 
ambiente externo, mercado doméstico de câmbio, situação da liquidez bancária, 
mercado monetário, operações de mercado aberto e avaliação das tendências 
de inflação. 
No segundo dia, o diretor de Política Monetária do Bacen apresenta propostas 
de diretrizes de política monetária e alternativas para a taxa de juros, baseadas 
na avaliação da conjuntura econômica. Em seguida, os demais membros da 
Diretoria fazem suas ponderações e apresentam suas proposições. 
Ao final, ocorre a votação das propostas, buscando-se, sempre que possível, o 
consenso. Ao final da reunião, em torno de 18 horas da quarta-feira, o Bacen 
informa a nova taxa Selic e seu eventual viés. 
 
Oito dias após a reunião, o Bacen divulga a Ata da Reunião, onde consta a 
decisão tomada pelo Comitê, tendo como foco a transparência e o compromisso 
de prestar contas à sociedade. Para reforçar o compromisso com a 
transparência, se a decisão do Copom não tiver sido por consenso, as opiniões 
alternativas dos membros da Diretoria são destacadas. 
 
O Copom é composto pelos oito membros da Diretoria Colegiada do Banco 
Central do Brasil, com direito a voto, sendo presidido pelo Presidente do Banco 
Central, que tem o voto de qualidade. Também participam das reuniões sem 
direito a voto, os chefes de departamento da instituição. 
 
Portanto, são nove os membros do Colegiado do Bacen que constituem o 
Copom: o Presidente do Bacen e os diretores de Política Monetária, de Política 
6 
 
Econômica, de Estudos Especiais, de Assuntos Internacionais, de Normas e 
Organização do Sistema Financeiro, de Fiscalização, de Liquidações e 
Desestatizaçãoe de Administração. 
 
A partir de junho de 1999, a política monetária passou a adotar o conceito de 
“Inflation Targeting”, ou Meta de Inflação, como diretriz. Desde então, as 
decisões do Copom passaram a ter como um dos objetivos cumprir as metas 
para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional. 
 As metas de inflação são definidas anualmente pelo Conselho Monetário 
Nacional por proposta do Ministro da Fazenda. O índice oficial adotado pelo 
Brasil é o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado, calculado 
e apurado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 
Este índice mede a variação nos preços de produtos e serviços consumidos 
pelas famílias com renda entre zero e quarenta salários mínimos, apurado entre 
o primeiro e o último dia de cada mês. A coleta dos dados abrange as regiões 
metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São 
Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Distrito Federal, além do município 
de Goiânia. A divulgação do IPCA ocorre até o dia 15 do mês seguinte. 
 
A cada trimestre civil, o Bacen divulga um Relatório de Inflação. Este relatório 
aborda o desempenho do sistema de metas, os resultados das decisões 
anteriores de política monetária e uma avaliação futura de tendência de inflação. 
Havendo necessidade, o Bacen utiliza estas informações para correção de sua 
trajetória na busca do controle da inflação. 
 
Para o sistema financeiro, a política monetária é de fundamental importância, 
visto que pelos seus canais de transmissão que todas as decisões se refletirão 
na economia. Todos os instrumentos de política monetária são transferidos para 
a sociedade por meio do sistema financeiro. 
 
A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional para os anos de 
2017 e 2018 foi fixada em 4,50%. Para o ano de 2016, o intervalo de tolerância 
estabelecido era de 2% para cima ou para baixo. Para o ano de 2017 e 2018, 
7 
 
este intervalo de tolerância foi alterado para 1,50%. Portanto, o teto máximo de 
inflação estabelecido pelo CMN para 2017 e 2018 foi fixado em 6% ao ano. 
 
Em junho de 2017 o CMN definiu a meta de inflação para os anos seguintes. 
 
Ano Meta Tolerância Piso Teto 
2016 4,50% 2,00% 2,50% 6,50% 
2017 4,50% 1,50% 3,00% 6,00% 
2018 4,50% 1,50% 3,00% 6,00% 
2019 4,25% 1,50% 2,75% 5,75% 
2020 4,00% 1,50% 2,50% 5,50% 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA 
 
Ao Bacen, como depositário dos recursos da União, compete a emissão de 
moeda, com exclusividade. Emite títulos de responsabilidade própria, de acordo 
com as condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e também 
realiza operações de compra e venda de títulos públicos federais, como 
instrumentos para a execução da Política Monetária. Através dos instrumentos 
de política monetária, o Governo controla a oferta de moeda em nível suficiente 
para adequar o desenvolvimento econômico e a liquidez do sistema financeiro. 
 
Existem quatro instrumentos, pelos quais o Banco Central realiza a política 
monetária: Operações de Mercado Aberto, Depósito Compulsório, Taxa de 
Redesconto e Controle e Seleção do Crédito. 
 
O Banco Central muitas vezes se encontra em situações nas quais necessita por 
determinadas razões expandir ou contrair a base monetária, entendida como a 
quantidade de moeda que circula na economia. Muitas vezes, o Governo tem o 
interesse de fomentar a atividade econômica interna e, para isso, pode utilizar 
uma política monetária expansionista, que estimule o crescimento econômico. 
Da mesma maneira, quando o interesse do Governo é frear a atividade 
econômica, o Banco Central pode, através de determinados instrumentos de 
política monetária, contrair a base monetária. 
 
Quando o Governo deseja expandir o crescimento econômico, pode realizar um 
deles ou todos simultaneamente. Uma prática comum é combinar tais políticas 
monetárias com políticas fiscais. 
 
 
 
 
 
9 
 
Operações de Mercado Aberto, ou Open Market 
 
Consiste na compra e venda de títulos públicos pelo Bacen. Quando o Governo 
objetiva aumentar a oferta de moeda, realiza operações de resgate dos títulos 
em circulação. E quando deseja reduzir a oferta de moeda, realiza operações de 
colocação de títulos no mercado. 
 
O Banco Central muitas vezes entra no mercado para comprar ou vender títulos. 
Este instrumento de política monetária é conhecido por open market, ou 
operação de mercado aberto. Quando o Banco Central tem o objetivo de 
expandir a base monetária, entra no mercado comprando títulos. 
 
Ao fazer isto, ele coloca em circulação um determinado montante de dinheiro 
que estava em seu poder. Com um volume maior de dinheiro na economia, ou 
seja, com uma renda maior, a população irá gastar mais. 
 
Isso tem um efeito muito positivo para o crescimento econômico, já que os 
vendedores irão encomendar mais de seus fornecedores, estes irão por sua vez 
comprar mais mercadorias das fábricas. 
 
Os empresários irão contratar mais pessoas para realizar a produção e por sua 
vez encomendar mais matéria prima. Isto contribui de forma significativa para o 
crescimento do nível de empregos. 
 
A situação contrária ocorre quando o Banco Central coloca títulos à venda. Ao 
vender títulos, o Banco Central recolhe dinheiro das mãos da população. As 
pessoas se sentem menos estimuladas a gastar e com isso o nível de atividade 
da economia tende a diminuir. 
 
 
10 
 
O esquema abaixo ilustra de forma simplificada a situação onde o Bacen vende 
títulos ao mercado: 
 
BACEN vende títulos 
A compra é paga em R$ 
REDUZ o volume de moeda em circulação 
REDUZ a oferta de moeda 
Consequência: Aumenta a Dívida Pública 
 
Com uma quantidade maior de títulos em circulação, o Governo terá que pagar 
os juros referentes a estes papéis e com isso a dívida pública é afetada 
diretamente. As operações de Open Market constituem-se no mecanismo mais 
utilizado pelo BACEN para fazer frente ao controle diário de oferta de moeda. 
 
 
Depósito Compulsório 
Percentual sobre os depósitos recolhido pelos Bancos ao Bacen. Poderoso 
instrumento de controle do efeito multiplicador da moeda. 
 
O depósito compulsório é uma taxa fixada pelo Banco Central, que determina 
que uma parte dos depósitos à vista feita pela população nos bancos comerciais 
vai para o caixa do Banco Central. O Bacen pode aumentar ou diminuir a taxa 
do depósito compulsório, de acordo com seus interesses. 
 
Quando o Banco Central diminui a taxa do compulsório, o montante que os 
bancos comerciais devem enviar para o Banco Central diminui. Com isso, eles 
conseguem reter um montante maior para emprestar. Ou seja, a quantidade de 
crédito disponível à população aumenta. Com isso, mais dinheiro fica disponível 
para a população e a base monetária se expande, e a partir daí, os gastos 
aumentam e a economia cresce como um todo. 
 
Quando o Banco Central aumenta a taxa do compulsório, ocorre a situação 
inversa. Os bancos comerciais vão dispor de menos recursos para emprestar. O 
crédito disponível para a população diminui e a base monetária se contrai, 
11 
 
desacelerando a economia. A elevação do compulsório também eleva a taxa de 
juros dos empréstimos, em função da escassez de recursos disponíveis para 
empréstimos. 
 
 
Taxa de Redesconto ou Empréstimo de Liquidez 
 
Linha de crédito do Bacen destinada a suprir eventuais necessidades de caixa 
dos Bancos. 
A taxa de redesconto é a taxa de juros cobrada pelo Banco Central nos 
empréstimos aos bancos comerciais. Muitas vezes os bancos comerciais 
necessitam de empréstimos de curto prazo para cumprir alguns compromissos 
que, por falta de liquidez no período, não teriamcomo cumprir. O Banco Central 
funciona como uma espécie de emprestador de última instância para os bancos 
comerciais. Para compensar perdas de reservas, as instituições recorrem ao 
mercado interbancário. Em último caso, recorrem ao redesconto junto ao Bacen, 
que atua como o Banco dos Bancos. 
 
Quando o intuito do Banco Central é injetar dinheiro no mercado, ou seja, 
expandir a base monetária, ele reduz a taxa de redesconto. Os bancos 
comerciais se sentirão mais estimulados a pegar mais empréstimos com o Banco 
Central e com isso, irão reservar uma parte maior de seus recursos para 
empréstimos e reservarão uma menor parte para as necessidades de curto 
prazo. Como consequência, o crédito disponível aumenta e a economia é 
aquecida. 
 
Uma taxa de redesconto menor que a taxa Selic, por exemplo, permitiria aos 
Bancos captar esses recursos para financiar suas operações e com isso 
aumentaria a liquidez do sistema. 
Entretanto, normalmente a taxa de redesconto é superior à taxa de juros 
praticada pelo mercado, razão pela qual os bancos só recorrem ao redesconto 
em última instância. 
 
12 
 
A utilização da linha de Redesconto tem um caráter punitivo, pois sinaliza uma 
situação de desequilíbrio da instituição financeira tomadora e sendo assim, 
possui um custo mais elevado. O Bacen monitora o acesso a esta linha de 
financiamento. Se determinada instituição financeira acessá-la com determinada 
frequência, poderá ser interpelada pelo Bacen. 
 
Portanto, existem dois tipos de redesconto: 
Redesconto de Liquidez: visa socorrer os bancos quando ocorrer eventual saldo 
negativo na conta de depósitos, em função de estar com problemas de liquidez; 
Redesconto Especial: utilizado para incentivar setores específicos da economia. 
O Bacen abre uma linha de crédito especial aos bancos comerciais, cujos 
recursos somente podem ser canalizados para esta finalidade específica, como 
por exemplo, incentivo aos exportadores. 
 
 
Controle e Seleção do Crédito 
 
Este instrumento estabelece de forma direta os controles do volume e o preço 
do crédito. 
O controle e a seleção do crédito impõe, de certa forma, algumas restrições ao 
livre funcionamento das forças de mercado. Quando o Governo restringe o 
crédito, está controlando o volume e seu destino; está também controlando o 
nível de taxas de juros e fixando limites e condições para o crédito. Com este 
tipo de medida, o Governo reduz as possibilidades dos agentes econômicos 
efetuarem compras e vendas através da utilização do crédito. 
 
Por outro lado, quando o Governo aumenta o volume de crédito no mercado, 
está incentivando a demanda por bens e serviços. Esse mecanismo gera uma 
maior oferta de bens e serviços na economia, podendo resultar em aumento dos 
preços e consequentemente pode gerar um aumento da inflação. Portanto, este 
instrumento pode ser utilizado com a finalidade de inibir os efeitos inflacionários 
na economia. 
 
 
13 
 
I N F L A Ç Ã O 
 
A inflação pode ser conceituada como o aumento contínuo e generalizado no 
nível geral de preços. É um fenômeno dinâmico e de natureza monetária, 
caracterizado por uma elevação apreciável e persistente do nível geral de 
preços. 
Dito de outra forma: elevação apreciável e persistente do nível geral de preços. 
A inflação é um sintoma do mau funcionamento do dinheiro na economia. 
 
A inflação representa a elevação no preço de todos os bens produzidos na 
economia e não o aumento do preço de determinado bem específico, por isso 
dizemos que a inflação é o aumento generalizado e contínuo no nível de preços. 
Na atualidade são 356 itens medidos para cálculo da inflação. 
 
Os movimentos inflacionários representam elevação de preços em todos os bens 
produzidos pela economia, de forma contínua, depreciando o valor da moeda à 
medida que o tempo vai passando. 
 
A inflação representa um conflito distributivo existente na economia mal 
administrada e a disputa dos agentes econômicos pela distribuição da renda 
representa a questão básica no fenômeno inflacionário. 
 
Um dos maiores desafios dos governos é o controle da inflação, que é medida 
através de índices. Os índices de inflação correspondem à média das variações 
dos preços dos produtos consumidos pelas famílias, cuja medição difere da 
entidade responsável pela coleta dos dados e da região abrangida. 
 
O processo inflacionário pode resultar de outros tipos de conflito. Um 
extremamente importante está relacionado às relações entre salários e preços, 
onde ocorre uma disputa entre trabalhadores e empresários, tornando instável a 
relação entre salários e preços. 
 
Outro problema do processo inflacionário pode ter origem nas transações 
comerciais internacionais. A crise do petróleo na década de 1970 foi responsável 
14 
 
pela elevação da inflação no Brasil, em função da necessidade de importação 
do produto. 
 
Outra variável a ser considerada refere-se ao fator tempo. Talvez uma elevação 
de preços durante um curto período de tempo está muito mais relacionada a uma 
oscilação pontual do mercado do que a inflação. Podemos aqui citar o caso da 
economia dos Estados Unidos, no período de 1957 a 1967, quando os índices 
acumularam 14,8% nos onze anos, ou 1,26% ao ano, ou ainda 0,104% ao mês. 
Neste caso, é possível concluir que houve apenas uma insignificante variação 
de preços atribuível a fatores não inflacionários. 
 
A variação média dos preços durante o prolongado período de tempo 
considerado não foi expressiva para caracterizar o que se entende por inflação. 
Em função disso, alguns economistas preferem conceituar a inflação como uma 
elevação apreciável nos níveis de preços. 
 
Mais uma vez é possível verificar que fica difícil determinar a magnitude mínima 
da taxa de elevação dos preços, a partir da qual estará caracterizado o processo 
inflacionário. Os 25 países integrantes da OCDE (Organização para Cooperação 
e Desenvolvimento Econômico) conseguiram manter o nível de aumento dos 
preços no intervalo entre 1,81% e 2,43% ao ano nos últimos 50 anos, o que pode 
ser considerado razoável. 
 
No Brasil, a meta de inflação nos últimos anos estabelecida pelo CMN é de 
4,50% ao ano. Para os anos de 2017 e 2018, a meta continua em 4,50% ao ano, 
com intervalo de tolerância de 1,50% para cima ou para baixo. 
 
A tabela abaixo mostra a série histórica de nossa inflação, a partir de 1986. Vale 
relembrar que o índice oficial adotado pelo Brasil para medição da inflação é o IPCA – 
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado. 
 
 
 
 
15 
 
ANO IPCA IGP-M INPC IPC-FIPE 
1986 79,65 59,22 68,08 
1987 363,41 394,62 367,12 
1988 980,22 993,29 891,67 
1989 1.972,91 805,76 1.863,56 1.635,85 
1990 1620,96 1.699,87 1.585,18 1.639,08 
1991 472,69 458,38 475,11 458,61 
1992 1.119,09 1.174,67 1.149,05 1.129,45 
1993 2.477,15 2.567,34 2.489,11 2.490,99 
1994 916,40 869,74 929,32 941,25 
1995 22,41 15,23 21,98 23,17 
1996 9,56 9,18 9,12 10,04 
1997 5,22 7,73 4,34 4,83 
1998 1,65 1,78 2,49 -1,79 
1999 8,94 20,10 8,43 8,64 
2000 5,97 9,95 5,27 4,38 
2001 7,67 10,37 9,44 7,12 
2002 12,53 25,31 14,74 9,92 
2003 9,30 8,71 10,38 8,17 
2004 7,60 12,41 6,13 6,56 
2005 5,69 1,21 5,05 4,53 
2006 3,14 3,83 2,81 2,54 
2007 4,46 7,75 5,16 4,38 
2008 5,90 9,81 6,48 6,16 
2009 4,31 -1,72 4,11 3,65 
2010 5,91 11,32 6,47 6,40 
2011 6,50 5,10 6,08 5,81 
2012 5,84 7,82 6,20 5,10 
2013 5,91 5,51 5,56 8,56 
2014 6,41 3,69 6,23 6,91 
2015 10,67 10,54 11,28 12,58 
2016 6,29 7,17 6,58 8,11 
2017 2,85 - 0,53 2,07 2,27 
 
OBS.: No período de julho a dezembro/1994, quando iniciou o Plano Real, a inflação medida 
pelo IPCA foi de 18,57%. 
O IGP-M começou a ser calculado a partir de junho/1989. 
 
 
 
 
 
 
16 
 
O quadro abaixo mostra a composiçãodos principais índices de medição da 
inflação brasileira. 
 
INDICE INSTITUTO RENDA ABRANGÊNCIA COLETA DIVULGAÇÃO 
IPCA IBGE 1 a 40 SM 
11 maiores 
regiões 
metropolitanas 
Dia 1º ao dia 30 
do mês 
Até dia 15 do mês 
seguinte 
INPC IBGE 1 a 8 SM 
11 maiores 
regiões 
metropolitanas 
Dia 1º ao dia 30 
do mês 
Até dia 15 do mês 
seguinte 
IGP-M FGV 1 a 33 SM 
12 maiores 
regiões 
metropolitanas 
Dia 21 do mês 
anterior ao dia 
20 do mês em 
referência. 
1ª prévia: 21 a 
30 
2ª prévia: 21 a 
10 
Até o dia 30 do 
mês referência. 
1ª prévia: até dia 
10 
2ª prévia: até dia 
20 
IPC-
FIPE FIPE 1 a 20 SM 
Município de São 
Paulo 
Dia 1º ao dia 30 
do mês de 
referência 
Até dia 10 do mês 
seguinte 
 
O IPCA é o índice oficial da inflação brasileira. 
 
O INPC é muito utilizado nos dissídios salariais, por representar a variação de 
preços das famílias que ganham até 8 salários mínimos, faixa onde se situa a 
maioria dos trabalhadores brasileiros. 
 
O IGP-M é muito utilizado para reajuste de contratos, principalmente aluguéis 
comerciais e residenciais. 
 
O IPC-FIPE é calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da 
Universidade de São Paulo (USP) e mede a inflação das famílias paulistanas 
que ganham de um a vinte salários mínimos. 
 
 
 
 
 
17 
 
A Inflação de Demanda 
 
A inflação de demanda, considerada o tipo mais clássico de inflação, refere-se 
ao excesso de demanda agregada, em relação à produção disponível de bens e 
serviços. Intuitivamente, pode ser entendida como dinheiro demais à procura de 
poucos produtos disponíveis no mercado. 
A inflação de demanda é causada por um excesso de procura em relação à 
oferta disponível. 
 
O Governo pode agir tanto direta como indiretamente para reduzir o processo de 
inflação de demanda. A atuação direta acontece pela redução dos próprios 
gastos, com efeito imediato e eficaz sobre a demanda agregada. Já a atuação 
indireta ocorre por meio de políticas que desencorajam o consumo e o 
investimento privado. 
 
Como exemplo, podemos citar uma política monetária que restrinja o crédito, ou 
então uma política fiscal que aumenta a carga tributária das famílias e das 
empresas. 
 
A inflação de demanda tem origem basicamente em três fatores: 
• Aumento no nível de Renda dos trabalhadores originária de reajustes 
salariais; 
• Redução da carga tributária, aumentando o poder aquisitivo dos 
trabalhadores, o que pressiona o consumo em níveis superiores à 
capacidade produtiva, induzindo a uma elevação dos preços; 
• Redução das taxas de juros, que incentivam as compras parceladas e 
acabam estimulando a inflação. 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
A Inflação de Custos 
 
A inflação de custos pode ser associada a uma inflação de oferta. O nível de 
demanda permanece praticamente o mesmo, mas os custos dos insumos 
necessários para a elaboração do produto final aumentam e acabam sendo 
repassados aos preços dos produtos. 
 
O preço dos bens e serviços estão relacionados com seu custo de produção. Se 
os custos de produção aumentam, mais cedo ou mais tarde o preço de venda do 
bem tende também a aumentar. 
 
Uma das razões mais frequente para o aumento dos custos são os reajustes 
salariais. Se o aumento salarial for maior que o nível de produtividade, os custos 
de produção vão aumentar, resultando em inflação de custos. 
 
Algumas razões que contribuem para o aumento dos custos e podem elevar o 
nível de preços, gerando inflação: 
• Desvalorização cambial: muitos processos produtivos utilizam matéria-
prima importada. O aumento da taxa de câmbio torna estes produtos mais 
caros dentro do território nacional e com isso os custos aumentam e 
tendem a ser repassados; 
• Aumento do custo da mão-de-obra: quando ocorre aumentos salariais, os 
custos se elevam; 
• Aumento de impostos: o aumento das alíquotas dos impostos provoca 
aumento dos custos de produção, tendendo a serem repassados; 
• Aumento da taxa de juros: dado que a maioria das empresas são 
tomadoras de crédito, o aumento dos juros resulta em aumento de custos; 
• Preços externos: os produtos importados podem subir de preços em 
dólares, ampliando os gastos com os insumos necessários para a 
produção. 
 
Por outro lado, a inflação de custos pode ocorrer pela formação de monopólio, 
ou oligopólio. Essas empresas têm condições de elevar seus preços acima do 
19 
 
aumento dos custos de produção e com isso elevar suas margens de lucro. 
Nesse caso, a inflação de custos também é conhecida como inflação de lucros. 
 
Muitos economistas acreditam que o fenômeno da estagflação (recessão 
econômica com inflação) esteja associado ao processo de inflação de lucros. 
 
A estagflação ocorre quando se tem paralelamente taxas significativas de 
inflação e recessão econômica com considerável nível de desemprego. O nível 
de produto e de empregos está reduzindo e mesmo assim os preços estão 
subindo, muitas vezes impulsionados pelo poder do monopólio ou oligopólio. 
 
 
 
Deflação 
 
Conceituada como a queda persistente do nível geral de preços, ou seja, é o 
oposto da inflação. 
Caracteriza-se pela baixa oferta de moeda em relação à oferta de bens e 
serviços ou pela queda na demanda agregada, que pode ser associada, por 
exemplo, a um maior índice de poupança por parte dos consumidores. 
 
O excesso de oferta de bens, ou carência de demanda, aumenta o índice de 
capacidade ociosa na economia e causa um acirramento da concorrência entre 
os produtores, que disputam os poucos consumidores disponíveis, o que leva a 
uma rápida queda nos preços. 
 
Como consequência, o nível de investimentos é reduzido e ocorre queda no 
produto real e aumento no desemprego. A deflação pode acabar provocando 
depressão. Normalmente, combate-se a deflação por meio de um aumento nos 
gastos públicos e um maior grau de endividamento público, como forma de 
aumentar a demanda agregada. 
 
 
 
20 
 
Estagflação 
 
A estagflação ocorre quando se tem paralelamente taxas significativas de 
inflação e recessão econômica com considerável nível de desemprego. O nível 
de produto e de empregos está reduzindo e mesmo assim os preços estão 
subindo, muitas vezes impulsionados pelo poder do monopólio ou oligopólio. 
 
 
HIPERINFLAÇÃO 
 
Fala-se em hiperinflação normalmente quando a taxa de inflação supera algo em 
torno de 30% ao mês, ou algo ao redor de 1% ao dia. A acumulação desse nível 
elevado de inflação ao longo de vários meses resulta num aumento incrível no 
nível geral de preços. 
 
Os custos da hiperinflação são significativos para a sociedade. Quando o 
dinheiro perde valor rapidamente, os executivos acabam dedicando muito tempo 
e esforço na administração do caixa das empresas, em detrimento de atividades 
mais importantes, como por exemplo, decisões de produção e novos 
investimentos. Isso torna a economia menos eficiente. 
 
A velocidade com que as empresas necessitam reajustar os preços impede a 
elaboração de catálogos com preços dos produtos. Durante a hiperinflação na 
Alemanha nos anos 20, o garçom tinha que ir à mesa a cada 30 minutos para 
anunciar os novos preços. 
 
Numa economia onde os preços mudam muito rapidamente, fica muito difícil 
para os consumidores pesquisar melhores preços e perde-se o referencial. Outro 
episódio ocorrido durante a hiperinflação alemã relata que quando os clientes 
entravam no bar, costumavam pedir duas cervejas, pagando imediatamente. 
Assim, ainda que a segunda cerveja perdesse um pouco de valor por esquentar 
na mesa, esta perda era menor do que a do dinheiro da carteira deste cliente. 
 
21 
 
A arrecadação tributária dos governos também acaba sendo prejudicada em 
regime de inflação elevada,pela defasagem de tempo entre o cálculo do imposto 
e a data de recolhimento. O valor real da receita tributária acaba se reduzindo 
significativamente. 
 
Ninguém deve subestimar o grande inconveniente de viver num regime de 
hiperinflação. Quando carregar dinheiro ao mercado fica tão difícil quanto trazer 
as compras para casa, é sinal de que o sistema monetário não está cumprindo 
seu papel de facilitar as transações comerciais. O Governo tenta contornar esse 
problema adicionando mais zeros às cédulas e não consegue conter a explosão 
do nível de preços. 
 
Os custos da hiperinflação se tornam insuportáveis. Com o tempo, a moeda 
perde seu papel de meio de troca e reserva de valor, dando lugar à fixação de 
preços a moedas não-oficiais, como por exemplo, o dólar. Isso aconteceu no 
Brasil, notadamente no período entre 1988 a 1993, onde a inflação mostrou-se 
extremamente elevada, conforme mostrado na tabela anterior. 
 
 
As Causas da Hiperinflação 
 
A hiperinflação é causada pela excessiva expansão da oferta monetária, quando 
o Banco Central emite moeda aceleradamente. Para frear esse processo, 
bastaria que o Banco Central reduzisse a taxa de crescimento da oferta de 
moeda. 
 
Entretanto, esta resposta é incompleta, pois não explica o motivo que leva o 
Banco Central a emitir tanta moeda. A maior parte dos casos de hiperinflação 
começa quando o Governo precisa emitir moeda para cobrir seus gastos, o 
chamado déficit público. 
Ainda que o setor público possa financiar seu déficit orçamentário via colocação 
de títulos públicos no mercado, isto talvez possa se tornar inviável, pois os 
credores observam neste endividamento um risco de crédito crescente. 
 
22 
 
Na dificuldade de colocação de seus títulos no mercado, então só resta ao 
Governo a opção de emitir moeda, acelerando a expansão monetária e 
causando a hiperinflação. 
 
Enquanto a hiperinflação está a caminho, o desequilíbrio fiscal aumenta, pela 
defasagem temporal na arrecadação, perdendo valor real. Assim, cresce a 
necessidade do Governo de recorrer à prática da senhoriagem (receita do 
Governo levantada através da emissão de moeda). A aceleração da emissão de 
moeda leva à hiperinflação, conduzindo a um déficit público maior, resultando 
em novas emissões de moeda, e assim sucessivamente. 
 
O fim da hiperinflação quase sempre coincide com uma reforma fiscal de cunho 
recessivo, onde o Governo consegue apoio político necessário para reduzir 
gastos e aumentar os impostos. Essa reforma fiscal reduz a necessidade de 
senhoriagem, permitindo diminuir a emissão monetária. Portanto, mesmo que a 
inflação sempre seja um fenômeno monetário, o fim da hiperinflação acaba 
sendo também um fenômeno fiscal. 
 
 
 
 
 
23 
 
PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) 
 
As economias modernas produzem uma imensa variedade de bens e serviços. 
Para medir a produção total, os economistas combinam em uma única medida 
de produção as quantidades de produtos agrícolas (como, trigo, feijão, arroz, 
soja, frutas), de bens industrializados (como vestuário, calçados, 
eletrodomésticos, automóveis) e os serviços (cabeleireiros, faxineiras, serviços 
médicos) dentre tantos outros. 
Esta medida é relevante, pois além de refletir o nível de produção de um País, 
permite avaliar seu grau de crescimento, ao comparar a produção de dois 
períodos. Esta medida é o PIB – Produto Interno Bruto. 
 
O PIB de um País representa o valor monetário de todos os bens e serviços 
finais produzidos para o mercado em um período de tempo, normalmente um 
ano, dentro das fronteiras de um País. 
 
Valor monetário: Os bens e serviços que integram o PIB não são medidos em 
quantidades produzidas e sim no valor em moeda corrente do País. Isso se 
justifica porque como existem muitos tipos diferentes de bens e serviços e cada 
um é mensurado por uma unidade diferente (metros, toneladas, unidades, litros), 
seria difícil encontrar uma unidade comum para somá-los. Porém, ao utilizar o 
valor monetário é possível combinar todos os produtos e serviços em um único 
valor. 
 
Bens e Serviços Finais: a medição do PIB é limitada aos bens e serviços finais, 
ou seja, os bens e serviços disponíveis ao consumidor final. Essa limitação existe 
para evitar o problema da dupla contagem. 
Desse modo, no cálculo do PIB considera-se o valor agregado em cada estágio 
de produção. Entende-se por valor agregado, a diferença entre o valor da 
produção e o valor dos bens intermediários utilizados nesta produção. 
 
Produzidos para o mercado: No PIB são computados apenas os bens e 
serviços produzidos. Assim, compras de terrenos e de ativos financeiros como 
24 
 
ações e títulos não são incluídos, pois são um direito de propriedade e de 
recebimento futuro, mas não representam bens e serviços. 
Também não entram no cálculo do PIB compras de segunda mão, como por 
exemplo, automóveis usados, uma vez que já foram produzidos em períodos 
anteriores e computados no cálculo quando da primeira venda. 
 
O PIB ainda inclui apenas os bens e serviços que serão destinados à venda, ou 
seja, que são produzidos para o mercado. Se você mesmo limpa sua própria 
casa, está produzindo um serviço final: a faxina, mas você está produzindo este 
serviço para si e não para vendê-lo no mercado, por isso não entra no cálculo do 
PIB. Agora se você contratar uma faxineira para executar o serviço, então o 
serviço deve ser incluído, pois passa a representar uma transação de mercado. 
 
Em um período de tempo, normalmente um ano: O PIB é uma variável fluxo, 
ou seja, reflete o processo que se desenvolve no decorrer do tempo. Por 
exemplo, se perguntarmos a uma empresa qual o seu nível de lucro, sua 
resposta não será a mesma se a pergunta fizer referência ao mês ou ao ano. 
O mesmo acontece com o PIB: é importante definir o período de tempo 
considerado e, por tradição, usa-se o horizonte temporal de um ano. 
 
Dentro das fronteiras de um País: O PIB mede o que foi produzido dentro das 
fronteiras de um País, independentemente da nacionalidade dos proprietários 
das unidades produtoras destes bens e serviços. 
Um exemplo é o que acontece com os jogadores de futebol brasileiros: muitos 
vão jogar em times fora do Brasil. Os serviços destes jogadores brasileiros em 
um time da Espanha, por exemplo, formam parte do PIB espanhol e não do 
Brasil, pois o serviço foi gerado dentro do território espanhol. 
 
 
A dupla contagem: 
Na economia existem os bens finais, que chegam ao consumidor final, e os bens 
intermediários, que são utilizados no processo de produção de outros bens. O 
valor dos bens intermediários já está incluído no preço dos bens finais. 
25 
 
Por exemplo, se uma fábrica produz papel que a outra usará para fazer um 
caderno, o papel é chamado de bem intermediário, e o caderno é o bem final. 
Se considerarmos toda a produção de cadernos e de papel no cálculo do PIB, 
estaremos contando duplamente a produção de papel, já que seu valor está 
embutido na produção de cadernos. 
 
 
PIB x PNB: 
É importante distinguir a diferença entre PIB e PNB (Produto Nacional Bruto). O 
PIB representa a produção interna do País, enquanto o PNB representa a 
produção realizada apenas por nacionais. A diferença entre eles é denominada 
de Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLE), a qual se divide em Renda enviada 
ao exterior e renda recebida do exterior. 
 
Podemos definir a seguinte relação: PIB = PNB + RLE 
 
Uma multinacional instalada no Brasil gera produção interna (incluída no PIB), 
mas como uma parte da remuneração dessa empresa será enviada ao exterior 
a título de remessa de lucros, esta remessa não faz parte do PNB porque não é 
remuneração dos fatores de produção de propriedade nacional. Como o Brasil é 
receptor de capitais internacionais, seja como investimentosou empréstimos, a 
renda líquida enviada ao exterior é maior do que a recebida e por isso o PNB 
brasileiro é menor que o PIB. 
 
 
Como o PIB é medido? 
O PIB mede três coisas ao mesmo tempo: o total produzido, a renda total de 
todas as pessoas da economia e a despesa total com os bens e serviços 
produzidos na economia, uma vez que a renda total e a despesa total têm na 
verdade o mesmo valor. Com base nisso, existem três formas de medir a 
atividade econômica de um País, dentre elas podemos destacar: 
 
 
 
26 
 
Ótica da Produção: 
 
Pela ótica da produção, é possível chegar ao PIB somando os valores 
monetários de todos os bens e serviços finais produzidos pela economia em 
determinado período de tempo. Assim, 
 
 PIB = QaPa + QbPb + QcPc +... QnPn 
 
Para chegarmos ao valor monetário total de cada produto, é preciso multiplicar 
a quantidade vendida pelo seu preço. Isso deve ser feito para todos os produtos 
e devem ser somados para encontrar o valor produzido pelo País. Vale lembrar 
que somente devem ser considerados os produtos finais para evitar o problema 
da dupla contagem. 
 
Exemplo: Numa economia que produz somente cinco tipos de produtos, o PIB 
pode ser calculado de acordo com a fórmula acima: 
 
Produto Medida Preço Unitário R$ Quantidade PIB 
A Quilos 50 1.000 50.000 
B Arrobas 100 30 3.000 
C Litros 25 200 5.000 
D Metros 
lineares 
5 2.000 10.000 
E Metros 
cúbicos 
75 200 15.000 
 
O PIB desta economia corresponde a R$ 83.000,00 
 
 
27 
 
Ótica das Despesas 
 
O PIB pode ser medido como sendo a despesa total com a produção final da 
economia, ou seja, é possível considerar todas as despesas de cada setor para 
adquirir e produzir os bens e serviços. O valor monetário total das despesas é 
igual ao valor monetário total da produção. 
A Despesa pode ser dividida em: gastos pessoais em consumo; gastos com 
investimentos efetuados pelas empresas; gastos do Governo e exportações 
líquidas. 
 
• Despesas das famílias = Consumo (C) 
As despesas com consumo efetuadas pelas famílias se constituem no maior 
componente da demanda agregada e podem ser divididos em: 
Bens duráveis, como geladeiras, móveis, carros, etc.; 
Bens não duráveis, como alimentos, bebidas, combustíveis, roupas, etc.; 
Serviços, como educação, assistência médica, salão beleza, etc. 
 
• Despesas das empresas = Investimentos (I) 
O Investimento é a despesa com bens que aumentam a capacidade produtiva 
da economia, pois esses bens são utilizados para produzir outros bens e 
serviços. 
Inclui despesas em edificações e novos equipamentos e também a variação nos 
estoques de bens mantidos pelas empresas. Os bens produzidos e não vendidos 
constituem o estoque, que representam bens que foram produzidos no período 
e por isso devem ser incluídos no PIB. Quando as empresas acumulam estoques 
de seus produtos, os mesmos são considerados como bens comprados pela 
própria empresa, fazendo com que o produto que assume a forma de estoque 
seja igual a uma despesa no valor do produto. Isso é chamado de investimentos 
em estoques e deve ser computado no PIB. 
 
• Despesas do Governo (G) 
As despesas do Governo em bens e serviços também se constituem em um 
componente da demanda agregada da economia. Neste item entram despesas 
com educação, segurança, infraestrutura (estradas, hospitais, aeroportos, etc.) 
28 
 
• Exportações líquidas: Exportações (X) menos as importações (M) 
As exportações representam os gastos do setor externo na compra de bens e 
serviços produzidos por empresas brasileiras. 
As importações representam a compra de brasileiros no exterior, ou seja, quanto 
é gasto com o resto do mundo e representa uma saída de renda. 
 
Desse modo, temos a seguinte equação: PIB = C + I + G + (X – M) 
 
Esta relação também é chamada de Demanda Agregada ou ainda de Despesa 
Nacional. Demanda Agregada: Quantidade demandada de bens e serviços de 
consumo pelas famílias (C), pela demanda de Investimentos por parte das 
Empresas (I), demanda do Governo (G) e pela demanda líquida do setor externo 
(X – M). 
 
 
Ótica da Renda 
A ótica da renda consiste na análise dos fatores que recebem para produzir o 
produto total. O total do produto pode ser calculado computando-se as despesas 
de cada setor e, como as despesas de um setor constituem renda para outro, o 
valor total do produto pode ser analisado computando-se a renda de todos os 
setores da economia. 
PIB = S + J + L + A + T + D - Subsídios 
Salários S Remuneração do Trabalho 
Juros J Remuneração do proprietário do Capital financeiro 
Lucros L Remuneração da capacidade empresarial, 
representando o ganho das empresas e a renda de seus 
proprietários. 
Aluguéis A Renda da cessão do uso de propriedade, como por 
exemplo, terras, lojas, residências, fazendas, etc. 
Tributos 
Indiretos 
Ti Arrecadação do Governo 
Depreciação D Consumo de parte do estoque de Capital 
Subsídios S Ajuda do Governo 
29 
 
Produto Nacional Bruto (PNB) x Produto Nacional Líquido (PNL) 
 
O PN Líquido representa a produção líquida total gerada na economia de um 
País no período de um ano. Quando o PNB está sendo produzido, está sendo 
consumido parte do estoque de capital existente na economia, que nada mais é 
do que a depreciação. 
Dessa forma o PN Líquido considera o efeito da depreciação do capital. 
 
PNB = PNL + Depreciação. 
 
Do mesmo modo, ao considerarmos o investimento (I) da economia, estamos 
nos referindo ao investimento total, incluindo as despesas necessárias para 
repor os bens de capital consumidos na produção. 
O investimento líquido é o investimento bruto menos a depreciação do capital e 
também é chamado de formação de capital de uma Economia. 
 
 
Renda Nacional (RN) 
 
Para chegarmos à renda nacional, partindo do PNL, é preciso diminuir os 
impostos indiretos e somar os subsídios. 
 
Renda Nacional = PNL – impostos indiretos + subsídios 
 
 
 
Produto Interno Líquido (PIL) 
O produto Interno Líquido é obtido subtraindo-se do Produto Interno Bruto a 
Depreciação. 
 
PIL = PIB - Depreciação 
 
A nomenclatura abaixo ajuda a melhor interpretar os conceitos econômicos aqui 
abordados: 
30 
 
Produto Interno Bruto (PIB) 
( - ) Renda enviada ao Exterior 
( + ) Renda recebida do Exterior 
( = ) Produto Nacional Bruto (PNB) 
( - ) Depreciação 
( = ) Produto Nacional Líquido (PNL) 
( - ) Impostos indiretos 
( + ) Subsídios 
( = ) Renda Nacional (RN) 
 
 
31 
 
PIB per capita: 
Quando se divide o PIB pelo número de pessoas na economia teremos o 
resultado do PIB per capita, indicando a proporção de riqueza gerada 
correspondente a cada habitante do País. 
 
PIB Nominal X PIB Real 
O PIB nominal mede o valor total da produção durante o período a preços 
correntes. Quando o PIB cresce de um ano para outro temos duas 
possibilidades: 
• a economia está produzindo uma quantidade maior de bens e serviços, 
ou 
• os bens e serviços estão sendo vendidos a preços mais elevados, 
existindo inflação nesta economia. 
 
Para que estes dois efeitos sejam separados, os economistas devem isolar o 
efeito das variações de preços desses bens e serviços. Por isso os economistas 
utilizam a medida do PIB Real. 
 
O PIB Real apresenta o valor dos bens e serviços produzidos este ano caso 
fossem avaliados aos preços vigentes em algum outro ano específico do 
passado. 
Para obter uma medida do montante produzido que não seja afetada pelas 
variações dos preços, é usado o PIB Real, que é a produção dos bens e serviços 
avaliada a preços constantes. Para calcular o PIB Real, é preciso primeiro 
selecionar um ano como ano-base. 
 
Utiliza-se então os preços de um bem no ano-base para calcular o valor dos bens 
e serviços em todos os anos. Em outraspalavras, os preços do ano-base 
fornecem a base para comparar quantidades em diferentes anos. 
 
Portanto, o PIB Real representa o PIB descontando-se o efeito da inflação. Como 
o PIB Real não é afetado pela variação dos preços, as variações do PIB Real 
refletem apenas mudanças nas quantidades produzidas, e, portanto, é uma 
medida da produção de bens e serviços da economia. 
32 
 
Exercícios 
 
1. A contabilidade de determinado País apresentou os dados abaixo. 
 
PIL 650.000 
Impostos indiretos 75.000 
Subsídios 20.000 
Depreciação 35.000 
Renda Líquida enviada ao Exterior 12.000 
 
Calcular o PIB; PNB; PNL e RN 
 
 
 
2. A contabilidade de determinado País apresentou os dados abaixo: 
 
PNL 260.000 
Impostos indiretos 80.000 
Subsídios 20.000 
Depreciação 80.000 
Renda Líquida enviada ao Exterior 50.000 
 
Calcular: PIB; PNB; PNL; RN. 
 
 
 
3. A contabilidade de determinado País apresentou os dados abaixo: 
PNB 510.000 
Renda Líquida enviada ao Exterior 75.000 
Impostos Indiretos 120.000 
Subsídios 30.000 
Depreciação 90.000 
 
Calcular o PNL e a RN deste País. (420.000 e 330.000) 
 
 
 
 
33 
 
O MODELO “IS-LM” NA POLÍTICA MONETÁRIA 
 
O modelo IS-LM foi desenvolvido por John Hicks em 1937. Este modelo se 
fundamenta num conjunto de equações através do qual se estabelecem as 
condições necessárias para o equilíbrio no mercado de bens e serviços e no 
mercado monetário, visando o equilíbrio geral da economia. Posteriormente, a 
análise de John Hicks foi ampliada por Alvin Hansen. 
 
Para a maioria dos economistas, o modelo IS-LM ainda representa um elemento 
constitutivo básico que capta grande parte do que ocorre na economia no curto 
e médio prazo. Por isso, esse modelo é ensinado e utilizado até hoje. 
 
A origem das letras IS-LM se referem a: 
• I: Investimentos; 
• S: corresponde a poupança (saving); 
• L: corresponde a liquidez (liquidity); 
• M: corresponde a moeda (money). 
 
O Governo utiliza-se de diversos instrumentos de políticas macroeconômicas, 
executados pela política monetária, política fiscal, política externa e política de 
rendas. Cada uma dessas políticas tem sua própria dinâmica na condução das 
atividades econômicas, porém todas estão identificadas com a política global do 
País. 
Os principais objetivos macroeconômicos a serem atingidos com a execução da 
política monetária são os seguintes: 
 
• Promoção do crescimento e desenvolvimento econômico; 
• Promoção do nível de emprego e manutenção de sua estabilidade; 
• Estabilidade dos preços via controle da inflação; 
• Melhor distribuição da riqueza e da renda dos trabalhadores; 
• Equilíbrio do balanço de pagamentos com o exterior, principalmente as 
transações correntes. 
 
 
34 
 
A Política Monetária pode ser definida como o controle da oferta de moeda 
e do nível de taxas de juros, visando garantir a liquidez para cada momento 
da economia. 
 
Para melhor entendimento do mercado de moeda, vamos analisar a curva LM, 
que representa a relação existente entre a taxa de juros e o nível de renda que 
se estabelece no mercado monetário. 
 
A taxa de juros é o custo de oportunidade de guardar moeda, ou seja, é o que 
se perde quando se guarda moeda que não rende juros, ao invés de aplicá-la no 
mercado financeiro. Quando os juros se elevam, as pessoas e as empresas 
desejam manter uma menor quantidade de sua riqueza em forma de moeda. 
Sempre que possível, a maior parte é canalizada para aplicações financeiras que 
rendem juros, visando a manutenção do poder de compra da moeda. 
 
A curva LM mostra o nível da taxa de juros que equilibra o mercado de moeda a 
cada nível de renda dado. A teoria da preferência pela liquidez mostra que a taxa 
de juros de equilíbrio depende da oferta de moeda. Se o Banco Central altera a 
oferta de moeda, a curva LM vai se deslocar. 
 
A teoria da preferência pela liquidez indica que uma redução na oferta de moeda 
resulta no aumento da taxa de juros. Por outro lado, um aumento na oferta de 
moeda provoca uma redução na taxa de juros. 
 
A curva LM representa o equilíbrio no mercado monetário, enquanto a curva IS 
representa o equilíbrio no mercado de bens e serviços. Em conjunto, o modelo 
IS-LM determina a renda nacional no curto prazo. Neste capítulo, vamos procurar 
entender as causas das flutuações da renda nacional, ou seja, como essas 
variáveis afetam a economia no curto prazo. 
 
 
A curva LM mostra a relação existente entre a taxa de juros e o nível de 
renda que ocorre no mercado monetário. 
 
35 
 
O gráfico abaixo representa o ponto de equilíbrio no mercado monetário, onde 
“Y” representa a renda e “i” o nível de taxa de juros. A interseção das curvas IS-
LM representa o equilíbrio simultâneo nos mercados de bens e serviços e de 
saldos monetários. 
 
 
 
Ocorrendo um aumento na oferta de moeda pelas autoridades monetárias, a 
curva LM se deslocará para a direita, ou para baixo. O novo ponto de equilíbrio 
se desloca do ponto “A” para o ponto “B”. 
 
A renda aumenta de “Y” para “Y1” e a taxa de juros reduz de “i” para “i1”. 
É importante notar que a colocação de maior volume de moeda na economia 
provoca um crescimento dos meios de pagamentos e consequentemente da 
liquidez da economia. 
 
Esse movimento caracteriza uma Política Monetária Expansionista, 
influenciando positivamente o nível de consumo da população, visto que acarreta 
uma evolução no nível da atividade econômica. 
A diminuição da taxa de juros combinado com o aumento do nível de renda eleva 
os investimentos e o nível geral de empregos. 
36 
 
 
Vamos agora analisar um exemplo de Política Monetária Recessiva. Uma 
política monetária restritiva por parte do Governo afeta negativamente a 
atividade econômica. Supondo que o Governo resolva reduzir a oferta de moeda 
na economia, essa medida acarreta numa política monetária recessiva, ou 
restritiva. 
A redução da oferta de moeda provoca o aumento da taxa de juros e a redução 
do nível de renda. 
 
A curva LM se desloca para a esquerda e para cima, conforme demonstrado no 
gráfico anterior. O novo ponto de equilíbrio passa do ponto “A” para o ponto “B”. 
A taxa de juros se eleva do ponto “i” para o ponto “i1 “ e a renda diminui do ponto 
“Y” para o ponto “Y1”. 
37 
 
O MODELO “IS-LM” NA POLÍTICA FISCAL 
 
A política fiscal está ligada à arrecadação tributária e aos gastos do Governo. 
Os principais objetivos da política fiscal são: 
• Acelerar ou desacelerar o ritmo de crescimento econômico; 
• Acelerar ou desacelerar o ritmo de crescimento do consumo, via 
política tributária; 
• Estimular as exportações, através de incentivos fiscais; 
• Desestimular as importações, através de tarifas alfandegárias. 
 
A política fiscal representa todos os instrumentos de que o Governo dispõe para 
a arrecadação de tributos (política tributária) e o controle de suas despesas 
(política de gastos). 
Entende-se por política fiscal a atuação do Governo no que diz respeito à 
arrecadação dos impostos e administração dos seus gastos. 
A forma como as políticas tributárias e de gastos são utilizadas afeta diretamente 
o comportamento da economia. 
Quando o Governo tem por objetivo estimular o crescimento econômico e a 
criação de empregos, adota medidas fiscais para elevar a demanda agregada 
da economia, ou seja, adota uma política fiscal expansionista, caracterizada por 
um aumento nos gastos públicos e/ou redução nos impostos. 
 
Quando o Governo tem por objetivo o controle da inflação, as medidas fiscais 
vão no sentido inverso: é adotada uma política fiscal contracionista, recessiva ou 
restritiva, com a ampliação da carga tributária, inibindo o consumo das famílias 
e o investimento dasempresas e/ou a redução dos gastos públicos. 
 
Se o objetivo for melhorar a distribuição da renda, esses instrumentos são 
usados de forma seletiva, em benefício das pessoas menos favorecidas, como 
por exemplo, gastos públicos concentrados em regiões mais pobres da cidade, 
ou a cobrança de impostos proporcional à renda das pessoas (quem ganha mais 
pagaria mais impostos e quem ganha menos, pagaria menos). 
 
A curva IS está diretamente ligada à política fiscal utilizada pelo Governo. 
Representa o mercado de bens e serviços. 
38 
 
A curva IS mostra a relação existente entre taxa de juros e o nível de renda 
que se estabelece no mercado de bens e serviços. 
 
A curva IS é traçada para uma determinada política fiscal. Alterações na política 
fiscal que aumentem a demanda por bens e serviços deslocam a curva IS para 
a direita. Por outro lado, alterações na política fiscal que reduzem a demanda 
por bens e serviços deslocam a curva IS para a esquerda. 
 
Uma redução nas despesas governamentais ou um aumento na carga tributária 
reduzem a renda, deslocando a curva IS para a esquerda. 
 
Já um aumento nas despesas do Governo ou uma redução dos impostos reduz 
a poupança nacional, qualquer que seja o nível de renda. 
 
É importante lembrar que a curva IS não determina nem a renda, nem a taxa de 
juros. A curva IS apenas apresenta a relação existente entre a renda e o nível 
de taxa de juros no mercado de bens e serviços. 
 
Para melhor entendimento dos efeitos da curva IS na política fiscal, vamos 
analisar os gráficos abaixo. No primeiro exemplo, vamos considerar um aumento 
nas despesas do Governo. Esse é um típico caso de política fiscal expansionista, 
considerando que o aumento das despesas por parte do Governo deve gerar um 
aumento na renda dos trabalhadores. Será que isso ocorre realmente? 
39 
 
 
 
O aumento nas despesas do Governo desloca a curva IS para a direita, ou para 
cima. O novo ponto de equilíbrio passa do ponto “A” para o ponto “B”. A renda 
aumenta de “Y” para “Y1”. Entretanto, observe que a taxa de juros aumenta de 
“i” para “i1 “. 
 
Quando a taxa de juros sobe, o nível de investimentos na economia tende a se 
reduzir. Portanto, uma expansão fiscal aumenta a taxa de juros e reduz o 
investimento. 
 
Agora, vamos analisar um modelo de política fiscal recessiva, ou restritiva. Nesse 
caso, a curva IS se desloca para a esquerda, ou para baixo, provocando uma 
redução no nível de renda e também uma redução da taxa de juros. 
 
 
40 
 
Vamos analisar agora um exemplo de aumento da carga tributária: 
 
 
O aumento nos impostos desloca a curva IS para a esquerda, ou para baixo. O 
novo ponto de equilíbrio passa do ponto “A” para o ponto “B”. A renda diminui de 
“Y” para “Y1” e a taxa de juros baixa de “i” para “i1 “. 
Quando a taxa de juros baixa, o nível de investimentos na economia tende a se 
elevar. 
 
É preciso saber que é muito difícil para as autoridades do Governo trabalhar 
isoladamente com a política fiscal ou com a política monetária, porque uma 
medida acaba refletindo ou interferindo entre as políticas. Por isso, o ideal é a 
utilização conjunta das políticas monetária e fiscal, assunto que será abordado 
no próximo item. 
 
41 
 
POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL: O MODELO “IS-LM” 
 
O uso conjunto das políticas monetária e fiscal é conhecido como a combinação 
das políticas. Às vezes as políticas monetária e fiscal são utilizadas com um 
objetivo comum. Entretanto, em certas ocasiões a combinação dessas políticas 
é causada por tensões ou mesmo desacordos entre o Governo (encarregado 
pela condução da política fiscal) e do Banco Central, responsável pela política 
monetária. 
 
Para entendimento da conjugação das políticas monetária e fiscal, vamos 
analisar uma situação hipotética, mas que poderia ser utilizada como realidade 
para os governantes. 
 
Por exemplo, se o Governo lançar um pacote fiscal, para reduzir o déficit público 
via aumento de impostos. Qual seria o impacto dessa medida sobre a economia? 
A resposta depende muito da reação do Banco Central a esse aumento de 
impostos. 
 
Na realidade, são três os resultados possíveis, os quais serão analisados 
mediante interpretação dos modelos gráficos adiante: 
 
No gráfico acima, o Banco Central manteve constante a oferta de moeda, ou 
seja, não modificou a política monetária. O aumento dos impostos desloca a 
42 
 
curva IS para a esquerda, ou para baixo, reduzindo a renda e a taxa de juros. 
 
Já no próximo gráfico, o Banco Central mantém constante a taxa de juros. Neste 
caso, quando a taxa de juros desloca a curva IS para a esquerda, o Bacen deve 
reduzir a oferta de moeda para garantir a permanência da taxa de juros em seu 
nível original. Isto desloca a curva LM para a esquerda, ou para cima. A taxa de 
juros não se reduz, mas a renda cai muito. 
 
 
O exemplo acima pode ser considerado uma combinação de uma política fiscal 
recessiva com uma política monetária também recessiva, ou restritiva. 
 
No próximo gráfico, o Banco Central procura impedir a queda da renda da 
população, decorrente do aumento dos impostos. Por isso, aumenta a oferta de 
moeda. Neste caso, o aumento dos impostos não chega a provocar uma 
recessão, mas causa uma grande redução nas taxas de juros. A renda não 
sofreu alteração. 
Enquanto o aumento dos impostos reduz o consumo, a queda das taxas de juros 
estimulam novos investimentos, gerando novas oportunidades de emprego. 
 
 
43 
 
 
O exemplo acima pode ser considerado uma combinação de uma política fiscal 
recessiva com uma política monetária expansionista. A combinação de uma 
política monetária expansionista com uma política fiscal recessiva provoca uma 
redução na taxa de juros e mantém a renda constante. 
 
A partir dos exemplos analisados, é possível verificar que o impacto de uma 
mudança na política fiscal depende da política monetária adotada pelo Banco 
Central, ou seja, depende de se procurar manter constante a oferta de moeda, a 
taxa de juros ou o nível de renda. 
 
Sempre que analisarmos as mudanças decorrentes de uma política, devemos 
verificar sua repercussão ou impacto sobre a outra política. As diversas 
hipóteses sobre o caminho mais adequado a ser adotado dependem da situação 
concreta e das diversas variáveis que estão por trás da formulação da política 
econômica. 
 
Portanto, vários fatores podem provocar flutuações econômicas, deslocando 
tanto a curva IS como a curva LM. Entretanto, se as alterações nas políticas 
forem tempestivas, os choques nas curvas IS e LM podem inibir flutuações na 
renda ou no emprego. 
 
A tabela abaixo mostra os efeitos das políticas monetária e fiscal na economia, 
através do modelo IS-LM. 
44 
 
 
 Deslocamento 
IS 
Deslocamento 
LM 
Flutuação 
na Renda 
Variação 
Taxa Juros 
Aumento Impostos Esquerda Nenhum Redução Diminui 
Diminuição 
Impostos 
Direita Nenhum Aumento Aumenta 
Aumento Gastos 
Públicos 
Direita Nenhum Aumento Aumenta 
Diminuição Gastos 
Públicos 
Esquerda Nenhum Redução Diminui 
Aumento oferta 
Moeda 
Nenhum Direita Aumento Diminui 
Redução oferta 
Moeda 
Nenhum Esquerda Redução Aumenta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
POLÍTICA CAMBIAL e BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 
Na política cambial, a determinação da taxa de câmbio no mercado envolve 
diversas variáveis, com ênfase para as exportações e importações. O mercado 
de câmbio envolve a negociação de moedas estrangeiras. No Brasil, as 
operações de câmbio não podem ser praticadas livremente e devem ser 
conduzidas através de um banco autorizado a operar com câmbio. 
 
Os participantes do mercado de câmbio se dividem nos produtores e nos 
cedentes de divisas. Os que produzem divisassão principalmente os 
exportadores, enquanto que os que cedem divisas são os importadores. 
 
No mercado de câmbio existe também os corretores de câmbio, que são os 
intermediários nas operações, pois funcionam como um elo de ligação entre os 
clientes e os bancos autorizados a operar neste mercado. A principal função dos 
corretores é procurar no mercado o melhor negócio com as melhores taxas para 
seu cliente efetuar o fechamento do câmbio. 
 
Atualmente, o mercado de câmbio no Brasil está dividido em: 
• Mercado de Taxas Livres – Dólar Comercial: Destinado às 
operações comerciais de exportação e importação de mercadorias e 
também as operações financeiras de empréstimos e investimentos 
externos. 
• Mercado de Taxas Flutuantes – Dólar Turismo: Criado para 
legitimar um segmento de mercado destinado a clientes que viajam 
para o exterior. 
As operações de câmbio são basicamente a troca da moeda de um País pela 
moeda de outro País. Todas as operações de câmbio têm um enorme reflexo 
sobre o Balanço de Pagamentos do País. 
 
O Balanço de Pagamentos é o registro sistemático de todas as transações 
econômicas que os residentes do País fazem com o resto do mundo durante o 
ano. É uma espécie de contabilidade, ou livro-caixa da nação, envolvendo tanto 
transações com bens e serviços bem como transações com capitais físicos e 
46 
 
financeiros. A Estrutura do Balanço de Pagamentos está abaixo: 
 
BALANÇO DE PAGAMENTOS 
A – BALANÇA COMERCIAL 
 Exportações 
 Importações 
 
B – BALANÇA DE SERVIÇOS E RENDA 
Viagens Internacionais (turismo, negócios) 
Transportes (fretes) 
Seguros 
Juros 
Lucros e Dividendos 
Royalties e Licenças 
Serviços Governamentais (embaixadas, consulados) 
Outros Serviços 
 
 
C – TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS 
 Donativos enviados e/ou recebidos 
 
 
D – BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES 
 Soma dos itens (A + B + C) 
 
 
E – BALANÇA DE CAPITAIS AUTÔNOMOS 
 Investimento Direto Líquido (Participação no capital de firmas 
estrangeiras no País) 
 Reinvestimentos (Reinvestimento de firma estrangeira já instalada no 
País) 
 Empréstimos e Financiamentos 
 Amortizações de Empréstimos e Financiamentos 
 
 
F – ERROS E OMISSÕES 
 
 
G – SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 Resultado Líquido (D + E + F) 
 
 
H – VARIAÇÃO DE RESERVAS 
 Balança de Capitais Compensatórios, que corresponde a ( - G) 
 
 
 
47 
 
Vamos analisar as principais contas do Balanço de Pagamentos, para melhor 
entendimento do assunto, conhecido como Transações Correntes. Nesta 
primeira parte do Balanço de Pagamentos, a Conta de Transações Correntes 
envolve a Balança Comercial, a Balança de Serviços e as Transferências 
Unilaterais. 
 
A Balança Comercial registra os valores das exportações e das importações. 
Registra as operações de compra e venda de mercadorias, ou seja, inclui as 
exportações e as importações de mercadorias. 
 
As Exportações correspondem à venda para outros países de mercadorias 
produzidas internamente, isto é, corresponde à demanda de não residentes por 
mercadorias produzidas no País. Representam uma entrada de capital, uma 
receita em moeda estrangeira. 
As Importações correspondem à compra de mercadorias produzidas em outro 
País. Representam uma saída de capital, uma despesa em moeda estrangeira. 
 
Se o total das exportações superar o das importações, a balança comercial 
apresenta um superávit. Se acontecer o contrário, teremos um déficit. Uma série 
de fatores influi sobre a ocorrência de um déficit ou superávit na balança 
comercial. Entre os mais importantes, podemos citar a evolução dos preços das 
exportações e importações de um País e a evolução dos volumes importados e 
exportados. 
 
A Balança de Serviços e Rendas registra as receitas e despesas de diversos 
tipos de transações, destacando-se os transportes, fretes, seguros, turismo, 
royalties, lucros, juros recebidos e enviados ao exterior. 
 
• Fretes e Seguros: As mercadorias transacionadas com o exterior 
envolvem despesas com fretes internacionais e seguros. Se o frete e o 
seguro for realizado por uma empresa brasileira, então ocorre entrada de 
divisas. 
 
• Juros: Representa os juros devidos por empréstimos realizados no 
48 
 
exterior. O Brasil é tomador de empréstimos no exterior e com base nisso 
esta conta apresenta saldo negativo, representando saída de divisas da 
nação. 
 
• Lucros: Representam os lucros auferidos por empresas multinacionais 
instaladas no País e enviados ao exterior. 
 
• Viagens Internacionais: Saldo líquido dos gastos efetuados pelos 
brasileiros em viagens ao exterior, menos os gastos efetuados pelos 
estrangeiros em viagens ao Brasil. 
 
No caso de países endividados, a Balança de Serviços e Rendas apresenta-se 
geralmente deficitária, devido ao pagamento de juros e pela remessa de lucros 
e dividendos de empresas multinacionais. 
 
Os serviços que representam remuneração aos fatores de produção externos, 
como juros, lucros, royalties e assistência técnica são a Renda Líquida Enviada 
ao Exterior, resultando na diferença entre PIB e PNB. 
 
As Transferências Unilaterais envolvem doações, donativos, remessas e 
outros valores que não terão retorno para o País. Registram o saldo de todas 
as transações que não envolvem obrigações de retorno em contrapartida. São 
contabilizados nesta conta, além dos donativos e doações, os alimentos e 
medicamentos destinados a populações afetadas por desastres naturais, 
recursos destinados a reparações de guerras, dentre outros. 
Essa conta também é chamada de Rendas Secundárias, de acordo com nova 
metodologia. 
 
 
 
Balança de Transações Correntes: 
 
O saldo da conta de Transações Correntes resulta do somatório da Balança 
Comercial + Balança de Serviços e Rendas + Transferências Unilaterais, 
49 
 
podendo ser positivo ou negativo. O ideal para a nação é que este saldo seja 
positivo. 
Se o saldo da conta Transações Correntes for negativo, indica que o País 
comprou do exterior mais do que vendeu em bens e serviços, aumentando suas 
obrigações com o resto do mundo. 
 
Por outro lado, se o saldo da conta Transações Correntes for positivo, indica que 
o País vendeu mais bens e serviços do que comprou, resultando em ingresso 
líquido de reservas. 
 
É o item mais importante do balanço de pagamentos, à medida que mostra as 
necessidades de recursos que o País terá de buscar no exterior para não perder 
reservas internacionais. Um déficit muito elevado nesta conta torna o País 
vulnerável a qualquer mudança no contexto internacional. 
 
 
Balança de Capitais Autônomos: 
 
É a conta que indica as alternativas de cobertura do déficit em transações 
correntes, envolvendo as operações que modificam a estrutura de direitos e 
obrigações de um País em relação ao resto do mundo. É dividida em: 
 
• Investimentos e reinvestimentos: Representa o ingresso de capitais 
estrangeiros (investimentos feitos por não residentes no País - entrada de 
dólares) e/ou o capital de residentes aplicados no exterior (saída de dólares). 
Podem ser investimentos diretos, quando o capital estrangeiro migra para o 
mercado produtivo (por exemplo, o capital entra no País por meio da construção 
de uma multinacional), ou investimento em carteira, quando o capital estrangeiro 
migra para o mercado financeiro. 
• Empréstimos e Financiamentos: Registra empréstimos recebidos do exterior 
pelo FMI, Banco Mundial, bancos privados no exterior, tanto para o setor público 
como para o privado e ainda o lançamento de títulos de empresas públicas e 
privadas no exterior. 
50 
 
• Amortizações: Pagamento do principal referente aos empréstimos e 
financiamentos obtidos no exterior ou ainda, recebimentos do principal feito por 
não residentes referentes aosempréstimos concedidos pelo País ao exterior. 
 
A principal variável a explicar o movimento de capitais entre os países é a taxa 
de juros. Quanto maior a taxa de juros de um País em relação aos demais, maior 
o estímulo à entrada de capitais externos neste País. 
 
 
Erros e Omissões: 
Surge em função de equívocos existentes no registro das operações do País 
com o exterior. Na verdade, algumas contas são registradas com valores 
estimados. Este item entra no balanço para corrigir os erros estatísticos e as 
transações não registradas. 
 
Saldo do Balanço de Pagamentos: 
 
Somadas todas as contas anteriores temos o saldo do Balanço de Pagamentos. 
Se negativo, significa que a saída de divisas foi superior à entrada, gerando um 
déficit. Se positivo, temos um superávit. O resultado nesta conta reflete a 
variação das reservas internacionais. 
 
O superávit significa que há mais divisas do que as necessárias para cobrir as 
saídas e esta sobra representa um aumento nas reservas internacionais do País. 
Já o déficit mostra que as entradas não foram suficientes e tal resultado negativo 
poderá ser coberto por uma saída de divisas do País, reduzindo as reservas 
internacionais. 
 
 
51 
 
Exercícios: 
 
1. Um País apresentou os registros abaixo em seu Balanço de Pagamentos em 
determinado ano: 
Exportações 200.000 
Importações 100.000 
Transferências Unilaterais Recebidas 10.000 
Saldo Transações Correntes - 50.000 
 
Calcular o saldo da Balança de Serviços. Resposta: ( - 160.000) 
 
 
2. Um País apresentou os registros abaixo em seu Balanço de Pagamentos em 
determinado ano: 
Exportações 300.000 
Importações 100.000 
Transferências Unilaterais Recebidas 20.000 
Juros pagos ao Exterior 80.000 
Calcular o saldo da Balança de Transações Correntes. Resposta: (140.000) 
 
 
3. Um País apresentou os registros abaixo em seu Balanço de Pagamentos em 
determinado ano: 
Exportações ............................................220.000 
Importações ............................................110.000 
Transferências Unilaterais Recebidas .....20.000 
Juros pagos ao Exterior ...........................40.000 
Fretes e Seguros recebidos ......................10.000 
Calcular o saldo da Balança de Transações Correntes. Resposta: (100.000) 
 
 
4. De acordo com os dados abaixo, informe o saldo de Transações Correntes. 
 
Transferências Unilaterais recebidas 350 
Viagens Internacionais 100 
Lucros enviados 100 
Juros pagos 50 
Balança Comercial 200 
 
 a) 50 
 b) 400 
 c) 250 
 d) 300 
 
52 
 
Mercado de Câmbio e Taxas de Câmbio 
 
O mercado de câmbio ou de divisas é o mercado no qual se compram e vendem 
as moedas dos diferentes países. Por ser um mercado como outro qualquer, 
existem compradores e vendedores: 
 
Compradores de Moeda Estrangeira Vendedores de Moeda Estrangeira 
Importadores Exportadores 
Quem viaja ao exterior Viajantes estrangeiros ao Brasil 
Investidores no exterior Investidores estrangeiros no Brasil 
Quem precisa pagar dívidas no exterior Quem paga dívidas com o Brasil 
Quem aposta na valorização da moeda 
estrangeira 
Quem aposta na desvalorização da 
moeda estrangeira 
 
 
A Taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda 
estrangeira. É o preço de uma moeda expressa em termos de outra. 
Exemplo: Quando falamos que o dólar americano vale três reais e cinquenta 
centavos, já estamos expressando a taxa de câmbio entre duas moedas: 
US$ 1,00 = R$ 3,50. 
 
Do mesmo modo que definimos a taxa de câmbio do dólar, existem taxas de 
câmbio para as diversas moedas estrangeiras (euro, libra, iene, peso, etc.). 
Quanto maior a oferta de divisas, menor será a taxa de câmbio e, quanto maior 
a demanda por divisas, maior será a taxa de câmbio. Define-se como valorização 
cambial ou apreciação cambial, o aumento do poder de compra da moeda 
nacional perante as outras moedas (quando um real compra mais dólares), ou 
seja, quando a taxa de câmbio cai (por exemplo, quando o valor do dólar cai). 
 
Por raciocínio análogo, uma desvalorização cambial ocorre quando há perda do 
poder de compra da moeda nacional (quando um real compra menos dólares). 
Cabe distinguir variações nominais e variações reais na taxa de câmbio. Taxa 
de câmbio Real é a taxa de câmbio nominal (a divulgada pelo mercado), 
deflacionada pela razão entre a taxa de inflação doméstica e externa. 
53 
 
A taxa de câmbio nominal reflete o valor de uma moeda em relação a outra. Já 
a taxa de câmbio real oportuniza a comparação de preços em uma única moeda, 
ou seja, permite saber a quantidade de produtos estrangeiros que se pode 
adquirir em troca de uma unidade do produto similar nacional. 
 
A fórmula para obtenção da taxa real de câmbio é: (E.P*)/P 
Sendo: 
E = taxa de câmbio nominal 
P* = preço do produto estrangeiro 
P = preço do produto nacional 
 
Exemplo 1: Um produto no Brasil custa R$ 90,00 e que nos EUA é vendido por 
US$ 45,00. Se a taxa de câmbio estiver em US$ 1,00 = R$ 2,40, a taxa de câmbio 
real entre os dois países será 1,20. Isso significa que nos EUA o produto está 
20% mais caro que no Brasil (US$ 45 x 2,40 = R$ 108,00) e R$ 90 + 20% resulta 
em R$ 108,00. No nosso exemplo, para o preço se igualar, a cotação do dólar 
deveria estar em R$ 2,00. Com a cotação de R$ 2,40/US$ 1,00 nossa moeda 
está desvalorizada perante o dólar, tornando os produtos estrangeiros mais 
caros que os brasileiros. Por outro lado, isso estimula as exportações brasileiras. 
 
Exemplo 2: Um produto no Brasil custa R$ 100,00 e nos EUA é vendido por US$ 
40,00. Se a taxa de câmbio estiver em US$ 1,00 = R$ 2,00, a taxa de câmbio 
real entre os dois países será 0,80. Isso significa que nos EUA o produto está 
20% mais barato que no Brasil (US$ 40 x 2,00 = R$ 80,00) e R$ 100 - 20% 
resultam em R$ 80,00. Neste exemplo, para o preço se igualar, a cotação do 
dólar deveria estar em R$ 2,50. Com a cotação de R$ 2,00/US$ 1,00 nossa 
moeda está valorizada perante o dólar, tornando os produtos estrangeiros mais 
baratos para os brasileiros e isso estimula as importações brasileiras. 
A taxa de câmbio é uma variável muito importante dentro de uma economia, pois 
pode influenciar o nível de produção e de inflação, além do próprio comércio 
internacional e dos movimentos de capitais entre os países. 
Ocorrendo uma desvalorização cambial (aumento na taxa de câmbio), os efeitos 
serão os seguintes: 
 
54 
 
Exportadores Importadores 
Aumenta a produção de bens Reduz a importação de produtos para 
consumo 
Aumenta o nível de empregos Aumenta o custo de produção dos 
produtos para produção de outros bens. 
Desestimula as importações 
 
Um aumento na taxa de câmbio faz com que os compradores estrangeiros, com 
os mesmos dólares comprem mais produtos brasileiros, o que estimula as 
exportações. Se as exportações subirem de forma representativa, provocará um 
aumento na produção interna dos produtos brasileiros, o que estimula o emprego 
nestes mercados exportadores. 
 
Em contrapartida, os produtos importados ficam mais caros (são necessários 
mais reais para pagar um produto em dólar). A importação de produtos 
destinados aos consumidores finais tende a diminuir, já que os consumidores 
podem adquirir produtos nacionais similares por um preço mais acessível. 
Já a importação de bens intermediários (que serão usados como matérias primas 
na produção de outros bens) não é facilmente retraída. A quantidade importada 
se mantém, porém a um custo maior, o que tende a ser repassado para os 
preços, provocando inflação. 
Uma forma de reduzir a taxa de câmbio é aumentar a taxa de juros da economia. 
Juros mais altos atraem capital estrangeiro para investir no Brasil, aumenta a 
oferta de dólares e com isso

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