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TRABALHO PSICOGERONTOLOGIA - O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO AO IDOSO NO BRASIL

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JÚLIA MARIA ALMEIDA DA SILVA
JÚLIA SANTOS DE FARIA
JÚLIA SOUZA DE LIMA
LAÍNE RAFAELLE BARBOSA
LARA LEAL FÉLIX SIMÕES
LARISSA ALVES LIMA
LAURA CONTI
O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO AO IDOSO NO BRASIL
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ
POUSO ALEGRE – MG 
2018
JÚLIA MARIA ALMEIDA DA SILVA
JÚLIA SANTOS DE FARIA
JÚLIA SOUZA DE LIMA
LAÍNE RAFAELLE BARBOSA
LARA LEAL FÉLIX SIMÕES
LARISSA ALVES LIMA
LAURA CONTI
O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO AO IDOSO NO BRASIL
Trabalho apresentado à disciplina de Psicogerontologia, do curso de Psicologia, da Faculdade de Ciências Médicas Doutor José Antônio Garcia Coutinho, da Universidade do Vale do Sapucaí.
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ
POUSO ALEGRE – MG
2018
SUMÁRIO
CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO .............................................................................. 4
LEI ORGÂNICA DA SAÚDE ...................................................................................... 5
POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA ....................................... 7
O ESTATUTO DO IDOSO ........................................................................................... 9
O ESTADO ................................................................................................................. 10
PAPEL DO ESTADO ................................................................................................. 11
PAPEL DA FAMÍLIA ................................................................................................ 12
 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 13
CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO 
Willing, Lenardt e Méier (2012, p. 575) evidencia que diante do contexto brasileiro a prestação de assistência específica ao idoso no Brasil se iniciou com a criação em 1975, do Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS, que referenciou as questões direcionadas à saúde, à renda, e prevenção do alisamento. Junto disso, tem-se que foi no ano de 1994 que se instituiu a política nacional (PNI) que atende o grupo de pessoas idosas na sua especificidade; apesar de o Governo Federal ter iniciativas para com esse grupo desde os anos 70, como por exemplo a criação de benefícios não contributivos como as aposentadorias para os trabalhadores rurais e a renda mensal vitalícia para os necessitados urbanos e rurais com mais de 70 anos que não recebiam benefício da Previdência Social.
Carboni e Reppettto & (2007, p. 258) consideram que a promoção da saúde é estabelecida por ações direcionadas a grupos sociais e indivíduos através de políticas públicas quais incluem o ambiente físico, social e político, econômico e cultural e do esforço comunitário, na busca de melhores condições de vida para a população em questão, aqui sendo o público idoso. Como tivemos no Brasil a implementação da Lei nº 8.842/94 – cria Conselho Nacional do Idoso que inclusive considera a participação do mesmo na formulação das políticas públicas. 
As políticas públicas governamentais têm procurado implementar modalidades de atendimento aos idosos pontua Mendes, Gusmão, Faro e Leite (2005, p. 425) tais como, Centros de Convivência – espaço destinado à prática de atividade física, cultural, educativa, social e de lazer, como forma de estimular sua participação no contexto social que se está inserido e que não se encontra na situação ideal de acolhimento para com o idoso. Assim se compreende que a realidade é de que a atuação governamental é pouco efetiva, é sabido que mesmo as iniciativas de cunho privado estão mais direcionadas para o assistencialismo, o que conduz a uma tendência de afastar os idosos de realizar atividades criadoras, favorecendo assim o seu isolamento da sociedade a qual pertence.
Fica evidente que o envelhecimento da população exige programas específicos de políticas públicas, além da de saúde, para enfrentar os problemas sociais nas diferentes regiões brasileiras.
LEI ORGÂNICA DA SAÚDE 
O direito a saúde é estabelecido em território brasileiro pela Lei Orgânica de Saúde (LOS), também é conhecida como Lei 8.080 foi sancionada em 1990 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providencias. A LOS ressalta em seu art. 1º que a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
Por meio desta lei, as ações de saúde passaram a ser regulamentadas em todo território nacional. A participação da iniciativa privada no SUS é aceita em caráter complementar com prioridade das entidades filantrópicas sobre as privadas lucrativas. A descentralização político-administrativa é reforçada na forma da municipalização dos serviços e das ações de saúde, com redistribuição de atribuições e recursos em direção aos municípios.
Apesar dos muitos avanços no que diz respeito ao Sistema Único de Saúde (SUS) e das diversas leis que garantem o direito a saúde, ainda existem muitas dificuldades a serem vencidas para a real efetivação e implementação de qualidade dos serviços públicos de saúde, o que afeta impreterivelmente a saúde do idoso. Como afirma Araújo: “apesar de avanços em termos de leis e políticas que regulamentam os direitos dos idosos, a realidade está aquém de tais garantias” (Araújo et al, 2008, p. 123).
Alguns desses obstáculos são apontados por Ranzi (2013) e Lima, Garbin e Moimaz (2010) como a burocracia e verticalização, a precariedade de investimentos públicos na qualificação dos profissionais, em especial no que diz respeito às necessidades específicas da população idosa, a falta de instalações adequadas, a carência de programas específicos e de recursos humanos inclusos na gestão participativa.
Sabemos que o fenômeno do envelhecimento vem crescendo cada vez mais no Brasil, diante disso Portinho afirma que “o envelhecimento acelerado da população brasileira vem produzindo necessidades e demandas sociais que requerem respostas políticas adequadas do Estado e da sociedade civil” (Portinho, 2013, p. 36).
O crescimento expressivo da população idosa no país acarretou muitos problemas no âmbito social, econômico e na saúde. Araújo et al. (2008) pondera que o envelhecimento é um processo natural da vida e se apresenta de maneira única em cada indivíduo, dessa forma é necessário conhecer os fatores determinantes desse processo em sua magnitude e complexidade de forma que assim se desenvolvam políticas de saúde especiais voltadas especificamente para a promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso.
A partir desta lei, observamos que algumas das atuações do SUS são: assistência terapêutica integral e farmacêutica, vigilância epidemiológica, nutricional e sanitária, participação na preparação de recursos humanos, orientação familiar.
Trata da gestão dos recursos financeiros, condicionando a existência de conta específica para os recursos da saúde e a fiscalização da movimentação bancária pelo Conselho Municipal de Saúde. Define os critérios para a transferência de recursos: perfil demográfico e epidemiológico, características quantitativas e qualitativas da rede, desempenho técnico e econômico-financeiro no período anterior e nível de participação orçamentária para a saúde, além de definir que o Plano Municipal de Saúde é a base das atividades e da programação de cada nível de direção do SUS. Para concluir, uma coisa fundamental também tratada nesta lei é a garantia da gratuidade das ações e dos serviços nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados.
POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA
O ESTATUTO DO IDOSO 
O Estatuto do Idoso foi criado pela Lei 10. 741 no ano de 2003. Ele regulamenta os direitos assegurados a todos os cidadãos com idade igual ou superior a 60 anos e visa garantir a proteção à pessoa idosa.É um documento extenso, possui ao todo 118 artigos, e dialoga com a Política Nacional do Idoso, Lei 8.842 de 1994 e a Constituição Federal, de 1988, criados anteriormente.
Um ponto importante a ser destacado no Estatuto do Idoso, é o seu artigo 3º. Ele reivindica a atuação de todos (Poder Público, Família, Comunidade e Sociedade) para os cuidados com a pessoa idosa, ou seja, não é apenas o Poder Público que possui essa responsabilidade, mas toda a população brasileira. Portanto, constitui um dever social se preparar para o amparo aos idosos, de modo a oferecer um envelhecimento com dignidade. 
O artigo 3º do Estatuto do Idoso, trata também de alguns dos direitos referentes à pessoa idosa, como “o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”. Essa proteção integral, abrangendo o idoso em vários sentidos, assegura-lhe oportunidades e facilidades para preservação de sua saúde e funcionalidade, principalmente nos aspectos físicos (alimentação saudável, prática de exercícios, etc.), mentais (mantendo o cérebro ativo) e sociais (participação na sociedade).
É juntamente assegurando no artigo 3º, a absoluta prioridade na execução dos direitos sociais e humanos relativos a pessoa idosa, exemplificado nos incisos II e III do mesmo artigo. O inciso II diz que o idoso tem “preferência na formulação e efetivação de políticas sociais públicas específicas”, e o inciso III traz que o idoso possui “destinação privilegiada de recursos públicos” nas áreas que se relacionam com a sua proteção. 
Segundo Fernandes e Soares (2012, p.5), existem muitas políticas com foco no idoso, porém, as dificuldades na implementação compreendem desde a “captação precária de recursos ao frágil sistema de informação para a análise das condições de vida e de saúde, como também a capitação inadequada de recursos humanos”. A questão dos recursos humanos é abordada mais especificamente no artigo 18º do Estatuto do Idoso. De acordo com esse artigo, as instituições de saúde devem se adequar aos mínimos exigidos para o atender às necessidades do idoso, além de promover o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientar cuidadores familiares e grupos de autoajuda. 
Na prática, observa-se que falta a base do conhecimento, que é o ensino, para a posterior inserção adequada dos profissionais de saúde no mercado de trabalho. Segundo Diogo (2004), algumas das limitações presentes nos cursos de graduação da área da saúde são: a falta de conhecimento gerontogeriátrico dos profissionais, a ausência de sintonia da maioria das Instituições de Ensino Superior com o atual processo de transição demográfica e as consequências médico-sociais, a carência de conteúdo gerontogeriátrico nos currículos e a inexperiência do corpo docente. O artigo 22º do Estatuto do Idoso, é o que trata da necessidade de inserção nos currículos, dos diversos níveis de ensino formal, conteúdos sobre o envelhecimento, a eliminação de preconceitos e a valorização social dos idosos. 
Verificou-se através do Estatuto que o bem-estar do idoso é composto por conjunto de direitos. Como afirmam Fernandes e Soares (2012), esse bem-estar não se restringe apenas à prevenção de doenças e promoção da saúde, mas consiste na interação entre saúde física e mental, capacidade funcional e suporte social. De acordo com Fernandes e Soares (2012), é preciso destinar verbas também para esses outros setores, que incluem a educação, cultura, lazer, meio ambiente, incentivo ao trabalho, etc., e retomar constantemente a luta pela efetivação dos direitos sociais e humanos da pessoa idosa. Dessa forma, poderia ser oferecido uma melhor qualidade de vida para esse grupo.
O ESTADO
Do ponto de vista conceitual as iniciativas que conformam o sistema de proteção social no país guardam sintonia com o conceito de sistema de proteção social, elaborado por Giovanni (2008, p. 01), quando designa como sistema de proteção social, “as formas, às vezes mais às vezes menos, institucionalizadas que as sociedades constituem para proteger parte ou o conjunto de seus membros. Tais sistemas decorrem de certas vicissitudes da vida natural ou social, tais como a velhice, a doença, o infortúnio, e as privações.” O autor inclui também neste conceito as formas seletivas de distribuição e redistribuição de bens materiais (como a comida e o dinheiro) e os bens culturais (como os saberes), que na sua ótica permitirão a sobrevivência e a integração, sobre várias formas, na vida social. Nesta perspectiva reforça ainda que a proteção social exercida através do Estado é socialmente assumida como função do poder público e representa a existência de um conjunto de garantias, mais ou menos extensas, através de intervenção política e administrativa. Isso supõe a correção de rumos e estratégias no atendimento às necessidades sociais identificadas, superando um modelo de proteção social seletivo e excludente. Nesta mesma linha de raciocínio Yazbek (2010, p. 9) menciona que: de modo geral o padrão de desenvolvimento do sistema de proteção social brasileiro assim como dos países latino-americanos, foi bem diverso daquele observado nos países europeus , pois as peculiaridades da sociedade brasileira, de sua formação histórica e de suas dificuldades em adiar permanentemente a modernidade democrática, pesaram fortemente nesse processo. Assim sendo, o acesso a bens e serviços sociais caracterizou-se por ser desigual, heterogêneo e fragmentado. No Brasil e nos demais países latino-americanos a construção do Estado Social teve a sua conformação articulada ao modelo de desenvolvimento econômico que caracterizou a sociedade capitalista na sua especificidade neste continente, cuja realidade foi marcada historicamente por processo de exclusão social e desigualdade no acesso às riquezas socialmente produzidas. Ao considerar-se a densidade populacional dos países latino-americanos nas duas últimas décadas com realce para a realidade brasileira, percebe-se o crescente aumento do contingente de cidadãos idosos. No Brasil, de acordo com o censo 2010 do IBGE, a população idosa é estimada em aproximadamente 14 milhões de pessoas que completaram 65 anos e mais. O referido Censo registra o crescimento da participação relativa da população nesta faixa etária que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010, denotando que nas últimas décadas, o Brasil tem registrado redução significativa na participação da população com idades até 25 anos e aumento no número de idosos. Em 2010, ainda de acordo com a Sinopse do censo do IBGE, a expectativa do brasileiro nascido neste ano alcançou 73,5 anos de vida. Nos demais países da América Latina, este crescimento do percentual do envelhecimento populacional se revela uma realidade em franca expansão e um desafio que tensiona o estágio de desenvolvimento sócio econômico alcançado por cada nação no continente. O que antes era considerado eventualidade ou mesmo contingência atingir-se esta faixa etária, hoje é uma realidade inconteste, passando a exigir do Estado Social ações que possam representar para além da cobertura dos riscos sociais, a garantia efetiva de bem estar social aos cidadãos depois de completada a sua jornada de trabalho, corrigindo ausências e distorções que caracterizaram os sistemas de proteção social nessa região.
PAPEL DO ESTADO 
De acordo com Andrade e Ramalho (2008), o Estado desempenha um papel fundamental, não único, no atendimento e proteção aos idosos. A expectativa de vida do brasileiro, por exemplo, aumentou devido as diversas melhorias na área da saúde pública, médicas, saneamento básico, dentre outras.
Conforme as políticas públicas criadas pelo Estado e os direitos fundamentais dispostos pelo estatuto, todo e qualquer indivíduo tem o direito à vida, que até então, está assegurado pela atenção integral a saúde, por meio do Sistema Único de Saúde – SUS. No entanto, o atendimento prestado por essedispositivo tem levantado várias críticas no que se refere o direito de viver e envelhecer com dignidade (Andrade & Ramalho, 2008).
Segundo Paz (2005), a compreensão entorno do problema social da velhice e a proposta de políticas públicas se deu a partir de um diálogo entre os agentes das políticas (Estado e instituições) e os sujeitos do problema (sociedade e o movimento dos idosos). No entanto, para Borges (2002), o Estado brasileiro não garantiu bem o acesso das políticas públicas para a população mais vulnerável e desprivilegiada do país. Para o autor, por exemplo, apenas os idosos que detêm renda mais alta suprem suas necessidades e resolvem seus problemas no âmbito privado, deixando assim, a população idosa mais pobre ou de baixa renda, em situação de extrema vulnerabilidade (Borges 2002).
Além disso, as políticas de proteção social, no Brasil, ainda estão restritas à oferta de serviços e programas de saúde pública e o Estado, por exemplo, transfere à família a responsabilidade maior dos cuidados desenvolvidos no domicílio para o idoso frágil, fazendo com que suas responsabilidades sejam reduzidas (Fernandes & Soares, 2012). Ainda de acordo com as autoras, o Estado é falho quanto a inexistência de políticas mais veementes referentes aos papéis atribuídos às famílias e aos apoios que cabem a uma rede de serviços a serem oferecidos ao idoso dependente e aos seus familiares cuidadores. Dessa maneira, o que se surge é o apoio e a rede de suporte ao idoso de forma informal. 
Em suma, devido ao aumento da necessidade de tratamento e de assistência para os sujeitos que envelhecem no Brasil, o Estado deve pensar, criar e colocar em prática as políticas que forneçam durante toda a vida do indivíduo: a saúde, bem como sua promoção, ambientes sadios, prevenção de doenças e de aprimoramento de tecnologias de assistência. Além disso, O Estado deve ter um olhar mais pontual sobre os cuidados para a reabilitação de idosos e sobre os serviços da saúde mental que podem reduzir, a longo prazo, os graus de incapacidades relacionados à velhice, os quais intervém altamente nos orçamentos públicos (Fernandes & Soares, 2012).
 PAPEL DA FAMÍLIA
A família e o Estado são demandados de diferentes formas para atender as intercorrências deste período, a terceira idade. Com o aumento da população idosa no brasil, o número de famílias que tem se confrontado com as particularidades do envelhecimento e/ou adoecimento de um de seus membros cresce progressivamente, como consequência desse processo. 
Esse processo de envelhecimento requer medidas e serviços especializados de apoio social, que consiste em acesso à informação fornecido às famílias, e cuidadores, a oferta de serviços básicos e cursos profissionalizantes. Pois, em todas as fases da vida a família exerce uma importância fundamental no fortalecimento das relações, tendo uma relevante importância na existência de seus membros, embora muitas vezes tenha dificuldades em aceitar e entender o envelhecimento de um ente, tornando o relacionamento familiar mais difícil. Há uma necessidade de preparação familiar para o envelhecimento. 
O Estado, sociedade e família necessitam de uma interação bem planejada, trabalho articulado, organizado e eficaz em torno de um objetivo comum para a garantia das políticas públicas e atendimento à pessoa idosa. 
A família tem direitos e obrigações de várias espécies com seus membros, possuindo grande valor em todas as camadas socias, tendo em vista que sua principal função é cuidar, zelar e proteger seus membros (Anderson, 1997). Com esta carga social sobre o núcleo familiar, o Estado, de forma visível e significativa, se esquiva do compromisso e responsabilidade com a proteção social da população. A família ganha centralidade no debate sobre a produção do bem-estar no campo da política social e é tida como provedora, como se ela se bastasse sem necessitar de assistência, a qual tem direito. Esse quadro aparece como estimulador da autonomia familiar, e acaba com uma redução de bens e serviços a seus dispor. 
Como efeito dessa situação, pode nascer o excesso de zelo na relação com o idoso, e este vai se tornando progressivamente mais dependente, sobrecarregando os parentes com atividades que poderiam, na maioria, ser executadas pelo longevo. Esse processo gera um ciclo vicioso. 
Com foco no envelhecimento com dependência, que é um desafio a ser encarado pela Saúde Pública, Haddad (1993) destacou que, com a falência do sistema previdenciário, a família vem progressivamente se tornando a única fonte de recursos disponível para o cuidado do idoso dependente. Saad (1991), aponta que há uma carência de redes de suporte formais ao idoso. A autora afirma que, diante dos dados apresentados em seu estudo, fica claro que a tarefa de amparar os idosos está quase que exclusivamente sob a responsabilidade das famílias, já que a organização comunitária também se mostra bastante incipiente. 
E é preciso destacar que, embora o cuidado familiar seja um aspecto importante, ele não se aplica a todos os idosos. Existem idosos que não têm família. Há outros cujas famílias são muito pobres ou seus familiares precisam trabalhar e não podem deixar o mercado de trabalho para cuidar deles.
Caldas (2002) afirma que um cuidado que se apresenta de forma inadequada, ineficiente ou mesmo inexistente, é observado em situações nas quais os membros da família não estão disponíveis, estão despreparados ou estão sobrecarregados por essa responsabilidade.
Portanto, é necessário lembrar que, embora a legislação e as políticas públicas afirmem e a própria sociedade acredite que os idosos devam ser cuidados pela família (por questões morais, econômicas ou éticas), não se pode garantir que a família prestará um cuidado humanizado.
No Brasil, é notória a inexistência de um programa de governo direcionado para a população idosa que desenvolve dependência, apesar da existência de uma Política Nacional de Saúde do Idoso (Brasil, 1999), cujo Decreto-Lei foi promulgado em 1999.
Embora a Constituição Federal (Brasil, 1988), a Política Nacional do Idoso (Brasil, 1994) e a Política Nacional de Saúde do Idoso (Brasil, 1999) apontem a família como responsável pelo o atendimento às necessidades do idoso, até agora o delineamento de um sistema de apoio às famílias e a definição das responsabilidades das instâncias de cuidados formais e informais, na prática, não aconteceram.
Assim, pesquisas, investigações e estudos que busquem atualizar os conhecimentos e procurem estabelecer informações sobre o problema são relevantes e podem se transformar em fontes de contribuição para a gestão dos formuladores da política sanitária, quer sejam públicos ou privados. Afinal, de acordo com Mendes (2001) a crescente demanda de assistência à saúde da faixa etária que irá mais crescer nesse século e a existência de alternativas de atenção colocam importantes questionamentos a quem formula, planeja, executa e, principalmente, a quem financia os serviços de saúde. Insistir exclusivamente no modelo hospitalar e asilar significa uma total falta de sintonia com o que está acontecendo no mundo, como um desprezo pela realidade do idoso no Brasil.
Outro estudo sobre o suporte domiciliar aos adultos com perda da independência, realizada de 1991 a 1995 no Município de São Paulo com famílias de baixa renda (Karsch, 1998), aponta que mais de 90% das famílias não receberam ajuda de serviços, organizações ou grupos voluntários e/ou agências particulares, mas cerca de 30% delas confirmaram que se pudessem receber esse tipo de auxílio ficariam satisfeitas.
Caldas (2000) e Harvis & Rabins (1989) indicam que a família apresenta necessidades que vão desde os aspectos materiais até os emocionais, passando pela necessidade de informações. O aspecto material inclui recursos financeiros, questões de moradia, transporte e acesso a serviços de saúde. Por outro lado, essa família-cuidadora necessita de informação sobre como realizar os cuidados, incluindo a adaptação do ambiente ao idoso. Além disso, são importanteso suporte emocional, uma rede de cuidados que ligue a família aos serviços de apoio e meios que garantam qualidade de vida aos cuidadores principais.
Neto e Silvestre (2002) apontam que todas as fases da vida a família exerce uma importância fundamental no fortalecimento das relações, embora muitas vezes tenha dificuldades em aceitar e entender o envelhecimento de um ente, tornando o relacionamento familiar mais difícil. Reconhece-se que para cada família o envelhecimento assume diferentes valores que, dentro de suas peculiaridades, pode apresentar tanto aspectos de satisfação como de pesadelo. Ou seja, a família representa influência significativa para a segurança emocional. 
Outro aspecto importante consiste na estimulação do engajamento do idoso em atividades que o faça se sentir útil, pois este necessita disso para uma boa qualidade de vida. Essa estimulação tem que partir de todas as esferas da sociedade. 
Portanto, a solução do problema representado pelo envelhecimento com dependência inclui o delineamento de uma política que envolva todos os setores da sociedade, e não apenas o governo, e o estabelecimento de programas que atendam aos idosos independentes a fim de prevenir a dependência. E isso deve ser parte dos programas de promoção da saúde.
REFERÊNCIAS
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Araújo, M. A. S. et al (2008). Atenção básica à saúde do idoso no Brasil: limitações e desafios. Revista Geriatria & Gerontologia.
Borges, C. M. M. (2002). Gestão participativa em organizações de idosos: instrumento para a promoção da cidadania. In: E, Freitas et al. (Org.). Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara.
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Constituição da República Federativa do Brasil: Promulgada em 5 de outubro de 1988. (2003). (32a ed.). São Paulo: Saraiva.
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Fernandes, M. T. O, & Soares, S. M. (2012). O desenvolvimento de políticas públicas de atenção ao idoso no Brasil. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 46(6), p. 1494-1502.
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