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A RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA COMO REGRA GERAL DO NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

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INTENSIVO III 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula: 02 
 Prof.: Cristiano Chaves 
 Data: 18/02/2009 
 
 
 
- 1 – 
MATERIAL DE APOIO – MONITORIA 
 
 
Índice 
1. Artigos Correlatos 
2. Jurisprudência Correlata 
3. Assista 
3.1 A responsabilidade Civil por ato de educando 
3.2 Como funciona a responsabilidade civil do construtor e do empreiteiro? 
4. Simulado 
 
1. Artigo Correlato 
A RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA COMO REGRA GERAL DO NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO. 
FLÁVIO TARTUCE. 
 
A responsabilidade civil surge em face do descumprimento obrigacional, pela deso-
bediência de uma regra estabelecida em um contrato, ou por deixar, determinada pessoa, de observar 
um preceito normativo que regula a vida. Segundo MARIA HELENA DINIZ, a responsabilidade civil está 
relacionado com “a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial 
causado a terceiros, em razão de ato próprio imputado, de pessoas por quem ele responde, ou de fato 
de coisa ou animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva) ou, ainda, de simples imposição legal 
(responsabilidade objetiva)”.1 
Na realidade, o conceito de responsabilidade sempre esteve relacionado à lesão do 
direito, segundo ensinava há muito tempo o clássico SAN TIAGO DANTAS 
“Quando é que existe lesão do direito? Existe em todas as vezes em que, o direito de al-
guém é frustado pela circunstância de não ser cumprido o dever jurídico que a ele corres-
pondia. 
................................................................................................................................ 
Esta noção de lesão do direito, é fundamental para compreender-se bem o tema que se 
passará a estudar, o tema da defesa dos direitos. 
Sempre que se verifica uma lesão do direito, isto é, sempre que se infringe um dever jurídi-
co correspondente a um direito, qual é a primeira conseqüência que daí advém? 
Já se sabe: nasce a responsabilidade.” (Programa de Direito Civil. Rio de Janeiro: Editora 
Rio, 1979, p. 376). 
Nesse contexto, tem-se, inicialmente, a responsabilidade civil contratual, situada 
no âmbito da inexecução obrigacional e com o dever de cumprir com o pactuado. Regra já prevista no 
direito romano, a força obrigatória dos contrato traz princípio pelo qual as cláusulas contratuais devem 
ser respeitadas, sob pena de responsabilidade daquele que as descumprir, por dolo ou culpa. O contra-
to faz, em regra, lei entre as partes, podendo o seu inadimplemento gerar perdas e danos. O funda-
mento principal desta regra, na atual lei codificada brasileira, está nos artigo 389 a 391 do novo Códi-
go Civil. 
Paralela à responsabilidade obrigacional está a responsabilidade civil extracontratu-
al – denominada “aquiliana” pelos romanos diante da “lex aquilia de damno”, conceito que resiste -, 
oriunda do desrespeito ao direito alheio e às normas que regem a conduta. Representando tal respon-
 
1
 Curso de Direito Civil Brasileiro. Volume VII. Responsabilidade Civil. São Paulo: Editora Saraiva, 12ª Edição, 1998, p. 34. 
 INTENSIVO III 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula: 02 
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 Data: 18/02/2009 
 
 
 
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sabilidade qualquer inobservância de regra legal, tem previsão nos artigos 186 e 927, “caput”, do no-
vo Código Civil. 
Pela doutrina clássica francesa e pela tradução do art. 1.382 do Código Napoleônico, 
os elementos tradicionais da responsabilidade civil são a conduta do agente (comissiva ou omissiva), a 
culpa em sentido amplo (englobando o dolo e a culpa “stricto sensu”), o nexo de causalidade e o dano 
causado.2 
Seguindo essa concepção, nosso direito civil consagra como regra geral a responsa-
bilidade com culpa, tida como responsabilidade civil subjetiva. Ao nosso ver essa era a regra geral an-
terior, totalmente mantida pela Lei nº 10.406, de 2002. 
Afastando tal regra como preceito máximo, o direito comparado - principalmente o 
direito francês, precursor da maior parte das idéias socializantes -, passou a admitir uma outra moda-
lidade de responsabilidade civil, aquela sem culpa. Dos estudos de SALEILLES e JOSSERAND, pela aplica-
ção da teoria do risco3, surgem, no ano de 1897, as primeiras publicações sobre a responsabilidade 
civil objetiva. 
O “estrondo” capitalista sentido na Europa com a segunda revolução industrial, per-
cursora de um novo modelo produtivo, trouxe conseqüências jurídicas importantes: pela teoria do risco 
iniciaram-se os debates para responsabilização daqueles que fornecem atividades à coletividade. Veri-
ficou-se, a par dessa industrialização, uma maior atividade estatal, bem como a exploração econômica 
na sociedade massificada, o que justificaria a aplicação daquela teoria emergente. 
Mesmo com resistências na própria França, a teoria da responsabilidade sem culpa 
vingou no direito comparado, atingindo também a legislação do nosso País. O art. 15 do Código Civil 
de 1.916 representa a primeira tentativa “moderna” em consagrar a nova regra, trazendo a responsa-
bilidade civil do Estado por atos comissivos de seus agentes. Emerge, portanto, a “responsabilidade 
civil por ato de outrem”, conceito ligado à responsabilidade sem culpa. 
Importante lembrar que, em complemento a tal dispositivo civil, a Norma Funda-
mental de 1988, em seu art. 37, §6º, reforça a responsabilidade civil objetiva do Estado, regra geral 
no nosso ordenamento jurídico, aplicada aos entes públicos. Interessante perceber, nesse contexto, 
que o Poder Público foi o primeiro ente atingido pela responsabilidade sem culpa, pela amplitude de 
sua atuação frente aos cidadãos, o que passou a criar riscos de eventuais prejuízos. 
Tal possibilidade sepulta de vez o conceito do “Estado Mal” da Idade Média, aquele 
que punia o mal pagador de impostos, justamente pela sobreposição de um novo conceito de Estado 
soberano; o “Estado Provedor”, muitas vezes intervencionista, reproduzido após as interferências inte-
lectuais e filosóficas da revolução francesa e da independência norte-americana. 
No direito comparado, com a massificação dos contratos e o surgimento da “mass 
consumption society”, a teoria do risco mergulhou no âmbito privado, pela previsão da responsabilida-
de civil objetiva dos prestadores e fornecedores, por danos causados aos consumidores vulneráveis. 
 Passou-se a admitir, também, ao lado do dever de indenizar independente de culpa, 
a tutela coletiva dos prejudicados e a prevenção de danos ao meio social. Sente-se uma nova revolu-
ção das relações privadas, com o surgimento de tendências socializantes, abraçadas aos direitos indi-
viduais homogêneos, coletivos e difusos. 
Em nosso País, o aperfeiçoamento destes direitos sociais dá-se após o “milagre brasi-
leiro” dos anos 70, com a massificação das atividades privadas e o incremento do movimento consu-
merista. Em 1985, surge a Lei 7.347, que possibilita a defesa coletiva, intentada por órgãos legitima-
 
2
 “Tout fait quelconque de l’homme, Qui cause à autrui un dommage, oblige celui par faute duquel il est arrivé, a lé réparer” 
3
 CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA aponta que entre os franceses a conscientização da teoria do risco deu-se porque não mais se 
acreditava quanto a efetividade da teoria da culpa, insuficiente pelas mudanças sociais sentidas no começo do século na Europa. 
(Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Editora Forense, 4ª Edição, 1993, p. 19) 
 INTENSIVO IIIDisciplina: Direito Civil 
 Aula: 02 
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dos, como o Ministério Público. Logo após, a Constituição de 1988 trouxe em seu bojo todas as ten-
dências socializantes, como a defesa dos consumidores como norma principiológica (artigo 5º, XXXII), 
a reparação de danos imateriais ou morais (artigo 5º, V e X), o conceito de função social da proprieda-
de (artigo 5º, XXII e XXIII), a proteção do “bem ambiental” (artigo 225), a proteção da dignidade da 
pessoa humana como preceito fundamental (artigo 1º, III), a solidariedade social como preceito má-
ximo de justiça (art. 3º I) e a isonomia ou igualdade “lato sensu” (art. 5º, “caput”). 
Mais tarde, em 1990, o Código de Defesa do Consumidor consagra a responsabilida-
de sem culpa como princípio inerente à defesa dos vulneráveis desse relação negocial. Com tal previ-
são, pode-se concluir que houve a consagração da responsabilidade sem culpa também nas relações 
privadas. Ao lado do movimento consumerista, surgiu no direito comparado a tendência de proteção do 
bem ambiental, tendo como fiel escudeira a responsabilidade sem culpa dos causadores de danos am-
bientais. A previsão legal de responsabilidade civil objetiva por danos ao meio ambiente é anterior à 
própria Lei Consumerista, pela regra sintomática do art. 14, §1º, da Lei 6.938, de 1.981.4 
Diante dessa nova realidade, a nova codificação não poderia cometer o grave equí-
voco de não regular a responsabilidade independentemente de culpa, sendo certo que o art. 927, pa-
rágrafo único, passou a prever em sentido amplo a responsabilidade independentemente de culpa (ob-
jetiva) nos “casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor 
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. 
Dúvidas pairam no ar em relação ao risco da atividade constante no comando acima 
visualizado, defendendo alguns autores, diante da nova codificação, a possibilidade de doutrina e juris-
prudência trazerem casos de responsabilidade objetiva, tese com a qual concordamos. Isso porque que 
o dispositivo prevê que a responsabilidade objetiva pode estar presente em outros casos, além dos 
previstos em lei, já que é utilizada a conjunção adversativa “ou”. 
Nesse sentido, cabe transcrever a interpretação dada ao dispositivo pelo corpo de ju-
ristas integrantes do grupo de trabalhos da “I Jornada de Direito Civil”, promovida pelo Centro de Es-
tudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, a quem coube interpretar e enunciar sobre tal artigo: 
“Enunciado nº 38 – Art. 927: a responsabilidade fundada no risco da atividade, como pre-
vista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil, configura-se 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa deter-
minada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade”.5 
Sob outro prisma, lembramos que outros dispositivos trazem hipóteses de responsa-
bilidade objetiva na nova codificação, de forma explícita ou implicitamente, inclusive pela comum in-
terpretação doutrinária e jurisprudencial que se tem dado há tempos a tais hipóteses, pela própria a-
plicação da teoria do risco. 
a) O artigo 43 do novo Código Civil, que eqüivale ao já citado artigo 15 do Código de 1916, traz, de 
maneira implícita, a responsabilidade objetiva dos entes públicos por atos de seus agentes, em re-
forço ao que já prevê a Constituição Federal de 1988 (art. 37, §6º). 
b) O artigo 931 do novo Código Civil prevê a responsabilidade objetiva das empresas que fornecem 
produtos ao mercado de consumo. Tal dispositivo não revogou o que prevê a Lei nº 8.078/90, em 
seus artigos 12, 17, 18 e 19; sendo certo que somente foi mantido tal comando na nova codifica-
 
4
 Mais tarde, os ambientalistas encontraram reforço legal na lei da ação civil pública, e também na Constituição Federal que 
traz a proteção ao ambiente como norma fundamental, sem prejuízos de outras legislações ordinárias que previam a imputação 
penal por crimes contra o ambiente natural e artificial. 
5
 Enunciado aprovado na I Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justi-
ça Federal, no período de 11 a 13 de setembro de 2002. 
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ção porque quando da sua elaboração o Código de Defesa do Consumidor ainda não existia em 
nosso ordenamento jurídico.6 
c) O artigo 932 traz as hipóteses, na esfera privada, de responsabilidade civil objetiva por atos de 
outrem, mesmas situações antes previstas pelo artigo 1.521 do Código de 1916. Inovação impor-
tante é que o artigo 933 do novo Código prevê agora que tais casos não são mais de responsabili-
dade subjetiva por culpa presumida (“culpa in vigilando” e “culpa in eligendo”), mas de responsabi-
lidade independentemente de culpa. Tal orientação, na verdade, vai de encontro com a evolução 
doutrinária e jurisprudencial que se teve quanto ao tema, apontada inclusive RUI STOCO, citando 
CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA: 
“No resumo desse excepcional autor, ‘a responsabilidade indireta do empregador percorre 
uma curva de cento e oitenta graus, partindo da concorrência da culpa, caracterizada pela 
culpa in eligendo ou in vigilando; passando pela presunção da culpa do preponente, e mar-
chando para a responsabilidade objetiva, que de iure condenado, será a meta próxima com 
a aplicação da teoria do risco’ (Caio Mário, cit., p. 96)’.” 7 
d) O artigo 936 do novo Código Civil traz a responsabilidade objetiva do dono ou detentor de animal. 
Contrariando alguns autores de renome – entre os quais as Professoras MARIA HELENA DINIZ (Código 
Civil Anotado. São Paulo: Editora Saraiva, 2003) e REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA (Novo Código Ci-
vil. São Paulo: Editora Saraiva, 2003), ousamos entender não ser este mais caso de culpa presumi-
da (“culpa in custodiando”), mas de responsabilidade objetiva, por aplicação analógica do artigo 
933 e pelo fato do dispositivo prever como excludentes de responsabilidade somente a culpa da ví-
tima e a força maior. 
e) O artigo 937 do novo Código Civil prevê implicitamente a responsabilidade objetiva do dono de 
prédio por sua ruína, quando for patente a sua falta de conservação e a necessidade de obras ur-
gentes. Aqui, seguimos o entendimento de NELSON NERY JR. e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY que ano-
tam ser este, caso justamente de responsabilidade independentemente de culpa.8 
f) O artigo 938 do novo Código Civil prevê também implicitamente a responsabilidade civil objetiva 
por “efusis et dejectis”, hipótese em que o possuidor de prédio rústico ou urbano responde por ob-
jeto sólido ou líquido que do mesmo cair, atingindo e prejudicando terceiro. Como a lei prevê a res-
ponsabilidade do habitante da moradia, está excluída a responsabilidade do locador no caso de ar-
rendamento do mesmo. Em casos em que não se pode determinar de onde caiu o objeto, a juris-
prudência tem responsabilizado objetivamente o condomínio (STJ-RT 767/194 e RSTJ 116/258). 
g) Os artigos 734 e 750 trazem a responsabilidade objetiva do transportador, nos casos de transporte 
de pessoas e coisas, respectivamente; hipóteses já prevista pela doutrina e jurisprudência, pela a-
plicação analógica do Decreto-lei nº 2.681/12 – dispositivo revogado pelo novo Código Civil -, e do 
próprio Código de Defesa do Consumidor. Fica excluída a responsabilidade do condutor no caso de 
transporte benévolo ou carona, pelo que prevê o art. 736 da nova codificação, inovaçãointeressan-
te também já analisada pela melhor jurisprudência (súmula 145 do STJ). 
h) A primeira interpretação que se dá ao conceito de abuso de direito como ato ilícito, previsto no art. 
187 do novo Código Civil, é que o mesmo gera a responsabilidade independentemente de culpa. 
Esse o entendimento do Enunciado número 37 da I Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro 
de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, no período de 11 a 13 de setembro de 2002. 
 
6
 Sobre o art. 931 do nCC, interessante verificar o bate-boca, constante dessa mesma seção do site. 
7
 Responsabilidade Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, , 4ª Edição, 199, p. 479. 
8
 Código Civil Anotado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2ª Edição, 2003, página 494, nota 937. 2. 
 
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Também dessa maneira entende o casal NERY, citando farta doutrina e jurisprudência, pretensio-
samente aplicada a essa hipótese. 9 
Como vários são os casos de responsabilidade independentemente de culpa no 
novo Código, alguns autores e articulistas passaram a defender que a objetivação é regra geral 
de responsabilidade, pela própria adoção do princípio da socialidade, diante da valorização da 
dignidade da pessoa humana. GUSTAVO TEPEDINO, um dos maiores civilistas da atualidade, por e-
xemplo, defende a existência de uma convivência entre a responsabilidade subjetiva e objetiva, 
não sendo possível apontar que a primeira constituiria regra geral. São suas palavras: 
“““OOO CCCóóódddiiigggooo CCCiiivvviii lll dddeee 222000000222 nnnãããooo fffiiicccooouuu aaalllhhheeeiiiooo aaaooosss 
dddiii tttaaammmeeesss cccooonnnssstttiii tttuuuccciiiooonnnaaaiiisss... AAAlllééémmm dddeee ppprrreeevvveeerrr 
nnnooovvvaaasss hhhiiipppóóóttteeessseeesss eeessspppeeecccííí fff iiicccaaasss dddeee ooobbbjjjeeetttiiivvvaaaçççãããooo dddaaa 
rrreeessspppooonnnsssaaabbbiii lll iiidddaaadddeee,,, pppooosssiii ttt iiivvvooouuu uuummmaaa cccllláááuuusssuuulllaaa 
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CCCooonnnssstttiii tttuuuccciiiooonnnaaalll ,,, ooofffeeerrreeeccciiidddooo pppeeelllaaa PPPUUUCCC///MMMGGG eeennntttrrreee 
jjjuuulllhhhooo eee dddeeezzzeeemmmbbbrrrooo dddeee 222000000444... DDDiiissspppooonnnííívvveeelll nnnooo sssiii ttteee::: 
wwwwwwwww...iiidddccciiivvviii lll ...cccooommm...bbbrrr)))... 
Entretanto, apesar de respeitar esse posicionamento, com ele não concorda-
mos. 
Primeiro, pela própria organização do Código, já que a parte geral traz como 
regra, em seu artigo 186, a responsabilização somente nos casos em que a culpa em sentido 
amplo estiver presente. Desse modo, para que o agente indenize o prejudicado necessária a 
prova do elemento culpa, ônus que cabe, regra geral, ao autor da demanda, pelo que prevê o 
artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil. 
Em reforço, cumpre lembrar que, de acordo com a ordem natural das coisas, a 
regra vem sempre antes da exceção. Nesse sentido, percebe-se que o artigo 927, “caput”, traz 
primeiro a responsabilidade com culpa, estando a responsabilização objetiva prevista em seu pa-
rágrafo único, nos casos ali taxados, justamente nas hipóteses em que não se aplica a primeira 
regra legal. 
Segundo, porque entendemos que adotar a responsabilidade objetiva como re-
gra pode trazer abusos, beneficiando inclusive o enriquecimento sem causa, ato unilateral vedado 
pela nova codificação, entre os artigos 884 a 886. Se hoje já se fala em “indústria do dano mo-
ral”, por exemplo, imaginemos então o impacto social gerado pela adoção desse entendimento. 
Terceiro e por último, apontando razão histórica, cumpre lembrar que a “lex 
aquilia de damno”, aprovada no III século antes de Cristo, previa como regra geral a responsabi-
lidade subjetiva, tendo surgido justamente em época em que se tinha como regra a responsabili-
zação independentemente de culpa, não aprovada pelos romanos, pelo que mostrou a prática 
jurisdicional.10 
 
9
 Código Civil Anotado, ob. cit. p. 255, notas 187.6 e 7. 
10
 CORREIA ALEXANDRE E SCIASCIA GAETANO. Manual de Direito Romano. Rio de Janeiro: Sedegra Editora e Gráfica, 1968, 
páginas 223 a 228). 
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Se a responsabilidade objetiva não foi aprovada em uma sociedade rudimentar 
como a da época, imaginemos o estrago que poderia gerar se fosse adotada como regra na soci-
edade atual, tão complexa e massificada. 
Por tais razões, entendemos que a nova codificação continua adotando como 
regra geral a necessidade do elemento culpa para fazer surgir a responsabilidade civil e o conse-
qüente dever de indenizar. Isso, ao nosso ver, vai inclusive vai de acordo com o próprio princípio 
da socialidade, pelo caos que poderia gerar a adoção de teoria ao contrário. 
2. Jurisprudência correlata 
1) Responsabilidade civil. Recurso especial. Transporte aéreo. Atraso de vôo internacional. Prazo deca-
dencial. Art. 26, I, do CDC. 
Inaplicabilidade. Precedentes. Danos morais. Quantum. Afastamento de tarifação. Aplicação do CDC. 
- O prazo decadencial de 30 dias do CDC não se aplica às ações indenizatórias decorrentes de atrasos 
em vôos. Precedentes do STJ. 
Não seria razoável entender-se que o CDC teria diminuído, em prejuízo ao consumidor, os prazos de-
cadenciais e prescricionais do Código Civil; 
- Em casos análogos, a jurisprudência do STJ, em diversas oportunidades, reduziu o quantum indeniza-
tório, de 4.150 Direitos Especiais de Saque – DES para 332 DES por passageiro; 
- Comparado com a jurisprudência do STJ, o valor arbitrado em segundo grau de jurisdição mostra-se 
exagerado; 
- A incidência do CDC nas situações de prestação deficiente no transporte aéreo, contudo, afasta qual-
quer possibilidade de tarifação. 
Recurso especial parcialmente conhecido e, na extensão, provido. 
(REsp 877.446/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/12/2008, DJe 
03/02/2009). 
2) RESPONSABILIDADE CIVIL. HOTEL. ROUBO NO ESTACIONAMENTO. DEVER DE VIGILÂNCIA E 
GUARDA. EXCLUDENTE DE FORÇA MAIOR NÃO CARACTERIZADA. 
- Empresa que não toma precauções mínimas tendentes a evitar ocorrências de tal natureza. Falta ao 
dever de vigilância e guarda. 
Recurso especial não conhecido. 
(REsp 227.014/GO, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 16/10/2001, DJ 
25/03/2002 p. 289) 
3) CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Responsabilidade do fornecedor. 
Culpa concorrente da vítima. Hotel. Piscina. Agência de viagens. 
- Responsabilidadedo hotel, que não sinaliza convenientemente a profundidade da piscina, de acesso 
livre aos hóspedes. Art. 14 do CDC. 
- A culpa concorrente da vítima permite a redução da condenação imposta ao fornecedor . Art. 12, § 
2º, III, do CDC. 
- A agência de viagens responde pelo dano pessoal que decorreu do mau serviço do hotel contratado 
por ela para a hospedagem durante o pacote de turismo. 
Recursos conhecidos e providos em parte. 
(REsp 287.849/SP, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 17/04/2001, 
DJ 13/08/2001 p. 165) 
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4) RESPONSABILIDADE CIVIL. HÓSPEDE DE HOTEL QUE LESIONA O GERENTE. 
CULPA PRESUMIDA DO DONO DO ESTABELECIMENTO. ART. 1.521, IV, DO CC. 
INEXISTÊNCIA DE DISSÍDIO COM A SÚMULA 229/STF. 
 1. Segundo a jurisprudência desta Corte, a partir da edição da Lei 6.367/76, não mais prevalece o 
enunciado da Súmula 229/STF, bastando a culpa leve do empregador para embasar a sua responsabi-
lidade. 
 2. A lei presume a culpabilidade do hoteleiro por ato do seu hóspede. Cabe ao estabelecimento to-
mar todas as medidas de segurança e precaução, por cuja falta ou falha é responsável. 
 3. Em sede de recurso especial não se reexamina matéria probatória. (Súmula 07/STJ). 
 4. "Nas indenizações por ato ilícito, os juros compostos somente são devidos por aquele que praticou 
o crime" (Súmula 186/STJ). 
 Recurso especial conhecido, em parte, e provido. 
(REsp 69.437/SP, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 06/10/1998, DJ 
14/12/1998 p. 242) 
 
3. Assista 
3.1 A responsabilidade Civil por ato de educando 
http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=2008062315532845 
3.2 Como funciona a responsabilidade civil do construtor e do empreiteiro? 
http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=2008061215234111 
4. Simulado 
Julgue os itens abaixo: 
1. São credores pignoratícios, independentemente de convenção: os hospedeiros, ou fornecedores 
de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumido-
res ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou 
consumo que aí tiverem feito. 
Certo 
2. Aquele que demandar por dívida já paga,desde que no todo, sem ressalvar as quantias 
recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, 
o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver 
prescrição. 
Errado 
3. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o 
permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros 
correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro. 
Certo

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