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O diabetes é considerado uma das grandes epidemias mundiais do século XXI e problema de saúde pública, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento. Diabetes é um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemias resultantes de defeitos da secreção ou ação da insulina. As crescentes incidência e prevalência são atribuídas ao envelhecimento populacional e aos avanços no tratamento da doença, mas, especialmente, ao estilo de vida atual, caracterizado por inatividade física e hábitos alimentares que predispõem ao acúmulo de gordura corporal. A maior sobrevida de indivíduos diabéticos aumenta as chances de desenvolvimento das complicações crônicas da doença, estreitamente associadas ao tempo de exposição à hiperglicemia. Tais complicações - macroangiopatia, retinopatia, nefropatia e neuropatias - podem ser muito debilitantes ao indivíduo e são muito onerosas ao sistema de saúde. A doença cardiovascular é a primeira causa de mortalidade de indivíduos com DM2; a retinopatia representa a principal causa de cegueira adquirida e a nefropatia uma das maiores responsáveis pelo ingresso a programas de diálise e transplante; o pé diabético se constitui em importante causa de amputações de membros inferiores. Um achado relevante na ocasião foi o de que cerca da metade dos indivíduos diagnosticados diabéticos naquela ocasião desconhecia sua condição. Isso significa que os serviços de saúde têm diagnosticado casos de DM tardiamente, dificultando o sucesso do tratamento em termos de prevenção das complicações crônicas. Pessoas que apresentam fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes devem fazer consultas médicas periódicas e exames com frequência. Você deve ficar mais atento se: o Tem hipertensão; o For sedentário; o Não tiver uma dieta alimentar adequada; o Tem colesterol alto ou alterações na taxa de triglicerídeos no sangue; o Está acima do peso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura; o Tem um pai ou irmão com diabetes; o Tem alguma outra condição de saúde que pode estar associada ao diabetes, como a doença renal crônica; o Tem síndrome de ovários policísticos; Retirado do E-book 2.0 – Diabetes na prática clínica. Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em http://www.diabetes.org.br/ebook/ o Tem apneia do sono; O DM pode se apresentar com sintomas característicos, como sede (polidipsia), aumento da frequência urinaria (poliúria), visão turva, perda ponderal e aumento da ingesta alimentar (hiperfagia). Frequentemente, os sintomas não são evidentes ou estão ausentes. Desta forma, hiperglicemia pode já estar presente muito tempo antes do diagnóstico de DM. Consequentemente, o diagnóstico de DM é frequentemente descoberto em decorrência de resultados anormais de exames de sangue ou de urina realizados em avaliação laboratorial, ou quando da descoberta de complicação relacionada ao DM. Estima-se que o número de casos não diagnosticados seja igual ao dos diagnosticados. Aplica-se o termo pré-diabetes àqueles indivíduos com glicemia de jejum alterada (GJA) e/ou tolerância à glicose diminuída (TGD). Define-se GJA valores de glicemia em jejum mais elevados do que o valor de referência normal, porém inferiores aos níveis diagnósticos de DM: GJ entre 100 e 125 mg/dL. Já a TGD é caracterizada por uma alteração na regulação da glicose no estado pós-sobrecarga - TOTG: teste oral de tolerância à glicose com 75 g de dextrosol -. Níveis glicêmicos 2 horas após o TOTG entre 140 e 199 mg/dL definem a TGD. Recentemente a ADA - American Diabetes Association - incluiu como critério de diagnóstico para Pré-DM a HbA1c entre 5,7 e 6,4 %. Além disso devemos salientar que se faz necessário sempre a repetição do teste diagnóstico para confirmar a condição de pré-DM Com relação ao diagnóstico de DM, há décadas vem se baseando na glicemia de jejum e no teste oral de tolerância a glicose, utilizando os níveis de glicemia de jejum e sua associação com retinopatia para se definir o ponto de corte acima do qual o risco de comprometimento da retina aumenta. Com base nisso, chegou-se aos pontos de corte de 126 mg/dL em jejum e 200 mg/dL após a sobrecarga de glicose. Além deste, é possível realizar o diagnóstico de diabetes com uma glicemia randômica maior ou igual a 200mg/dL na presença de sintomas clássicos de hiperglicemia. A hemoglobina glicada, também conhecida como glicohemoglobina ou HbA1C é um marcador de hiperglicemia crônica, refletindo a média dos níveis glicêmicos nos últimos 2 a 3 meses. Com base nisso valores de A1C maiores ou iguais a 6,5% indicam o diagnóstico. Na prática clínica, a avaliação do controle glicêmico é feita através da utilização de dois recursos laboratoriais: os testes de glicemia e os testes de hemoglobina glicada (A1C). Os testes de glicemia refletem o nível glicêmico atual e instantâneo no momento exato do teste, enquanto que os testes de A1C refletem a glicemia média pregressa dos últimos 2 a 4 meses. As metas sugeridas para caracterização do bom controle glicêmico pela Sociedade Brasileira de Diabetes. É preciso compreender que o processo da Educação em Diabetes não pode ser de responsabilidade de apenas um dos profissionais do serviço e, sim incorporado e utilizado por toda a equipe profissional responsável pelo acompanhamento das pessoas com diabetes desde o primeiro contato com estas. Neste contato inicial é que são identificadas as condições gerais da pessoa bem como a fase do diagnóstico em que se encontra, as informações que já têm sobre a doença, seu perfil sociocultural, sua forma de enfrentar a situação apresentada bem como o contexto em que se encontra. O Objetivo principal deste processo é que seu portador, familiares e/ou cuidadores assimilem conhecimentos e técnicas, desenvolvam habilidades, atitudes e comportamentos para o manejo do diabetes, melhorando a qualidade de vida e evitando e/ou adiando as complicações. Tais como: o Incorporar hábitos saudáveis de alimentação e atividade física; o Compreender a ação dos medicamentos e da insulina; o Monitorar a glicemia; o Manusear e fazer a aplicação da insulina adequadamente o Tomar as medicações regularmente; o Desenvolver comportamentos para evitar o risco de complicações agudas (hipo ou hiperglicemias) e crônicas (retinopatias, nefropatias e outras); o Resolver problemas (corrigindo adequadamente as hipo e hiperglicemias); Na equipe multiprofissional deve haver a atuação conjunta dos profissionais das mais diversas áreas, proporcionando uma intervenção diagnóstica, educacional e terapêutica de caráter integrado, em que o responsável de cada área avalia as condições e necessidades de cada paciente e discute as intervenções necessárias com os outros profissionais. Educar em diabetes é um processo ativo e contínuo através do qual profissionais, pacientes e familiares aprendem sobre o diabetes para a sobrevivência e melhoria da qualidade de vida. O controle da hiperglicemia em longo prazo é essencial para a manutenção de qualidade de vida e prevenção das complicações crônicas, tanto micro como macrovasculares. Muitos pacientes no início da doença acreditam que a ausência de sintomas significa bom controle. Esse é um dos motivos pelo qual as equipes cuidadoras precisam estimular que pacientes com diabetes tipo 2 se acostumem com a automonitorização e com a necessidade de atingir alvos glicêmicos e metabólicosdefinidos pela equipe. O processo de controle envolve a necessidade de mudança do estilo de vida, manutenção de peso ideal e o uso de agentes antidiabéticos. Entre os medicamentos orais para o tratamento do diabetes a classe dos secretagogos de insulina estão entre os mais utilizados, embora a maioria das recomendações das sociedades médicas preconize a utilização inicial de sensibilizadores como a metformina. Esta classe é representada pelas sulfoniluréias (gliblenclamida). Elas agem estimulando a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas e estão, em princípio, indicadas para pacientes não obesos ou pacientes obesos cuja glicemia não foi controlada por mudanças do estilo de vida e metformina. Os inibidores da alfa-glicosidase, no Brasil representados pela acarbose, interferem com a digestão de carboidratos complexos e retardam a velocidade de absorção dos monossacarídeos. Essa diminuição da velocidade de absorção resulta em uma diminuição da elevação da glicemia após as refeições. Sensibilizadores de insulina são agentes que diminuem a resistência insulínica e que melhoram a ação da insulina no metabolismo dos carboidratos. A metformina é uma biguanida que melhora a captação muscular de glicose estimulada pela insulina, assim como em outros tecidos periféricos. Do ponto de vista clínico a metformina é bastante eficaz no controle da glicemia e da hemoglobina glicada em pacientes com diabetes tipo 2. A redução da glicemia deve-se principalmente às suas ações hepáticas e musculares. A abordagem da terapêutica com uso da insulina é muito variável e a estratégia deve ser adaptada a cada paciente, dependendo do controle glicêmico, estilo de vida do paciente, preferência do paciente e possibilidade de aderência. Para isso, existem insulinas que, por suas diferentes características farmacocinéticas e farmacodinâmicas, devem ou não ser prescritas para um determinado paciente. O tratamento do diabetes conta com estratégias terapêuticas e o uso da insulina humana é uma de suas possíveis formas. A insulinoterapia pode ser estabelecida com insulinas de durações longa, intermediária e curta. As insulinas de ação intermediária (insulina NPH) e prolongada visam simular a demanda basal e controle da glicemia interprandial, enquanto aquelas de ação rápida (insulina regular) ou ultrarrápida visam o controle da glicemia pós-prandial. A nefropatia diabética é a causa principal de insuficiência renal crônica terminal no mundo, acomete de 20 a 40% dos indivíduos com diabetes. Nota-se diminuição da frequência de nefropatia na população com o aumento da implementação do controle glicêmico intensivo e com a ampla aplicação da triagem precoce e de medidas de prevenção eficazes. As medidas de educação ao paciente são cruciais, pois o reconhecimento e o tratamento precoces diminuem o risco e retardam a evolução da nefropatia. A nefropatia diabética é assintomática. Sua detecção se baseia na triagem laboratorial. A evidência clínica mais precoce é o aparecimento de níveis baixos, mas anormais, de microalbuminúria. Com a progressão da doença a proteinúria clínica progride. No diabetes mellitus tipo 1 se inicia geralmente com mais de 10 anos do diabetes e a progressão pelos estágios da doença é mais evidente, pois o início da doença clínica é sabido, mesmo assim, é observada no diabetes mellitus tipo 2. Para evitar esta complicação algumas orientações devem ser dadas ao paciente, como melhora do controle da glicemia, realizar exames de sangue e de urina anuais são a única maneira para detectar o início silencioso da doença renal diabética, a hipertensão prejudica os rins, precipitando e acelerando a doença renal (tratamento medicamentoso, perda de peso, restrição de sódio- ajudam na prevenção e retardam a progressão da nefropatia) e orientar sobre o risco aumentado de infecções do trato urinário. Úlceras nos pés e amputação são complicações frequentes em portadores de diabetes (neste grupo, o risco de amputação de membros inferiores é aproximadamente 40 vezes maior que na população geral). Com isso, em termos globais, a complicação do diabetes conhecida como "Pé Diabético" ocupa os primeiros lugares entre os principais problemas de saúde, afligindo vários países do mundo e causando grande impacto sócio econômico. A Organização Mundial da Saúde define o "pé diabético" como "situação de infecção, ulceração ou também destruição dos tecidos profundos dos pés, associada a anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica, nos membros inferiores de pacientes com diabetes mellitus". É importante ressaltar que nas fases adiantadas da doença o paciente pode apresentar o pé totalmente insensível aos mais variados traumas. O diagnóstico é clínico, realizado através da avaliação de alterações neurológicas, vasculares e mecânicas que permitem avaliar e classificar o pé de acordo com o risco de ocorrência de úlceras. A úlcera é a mais importante e frequente complicação da SPD. Sua associação com infecções e amputações é indiscutível. Quanto mais precoce e adequado for o tratamento da úlcera, maiores serão as possibilidades de sucesso e menores os riscos de amputação. A prevenção é o elemento principal na abordagem da SPD. Cerca de 85% de todos os desfechos desfavoráveis podem ser reduzidos com práticas de educação e intervenção precoce no início das complicações. São necessários cuidados que incluem desde orientações de autoexame, como de rotinas de higiene diária, restrições ao caminhar descalço e orientações sobre calçados adequados, podendo chegar até à prescrição de calçados especiais e sob medida.
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