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FACULDADE GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES [ 1 ] FEOCROMOCITOMA LUCAS MA GALH ÃES DE OLIVEIRA – FAG OC – 2018/2 DEFINIÇÃO ® É uma neoplasia das células cromafins (células que sintetizam as catecolaminas – adrenalina e noradrenalina). Em condições normais, as células cromafins produzem e secretam muito mais adrenalina (90%) do que noradrenalina. - Os pequenos tumores intra-adrenais secretam predominantemente adrenalina, enquanto os tumores maiores produzem, sobretudo, noradrenalina. - Por outro lado, os feocromocitomas extra- adrenais produzem apenas noradrenalina, por não possuir a enzima PNMT (presente nas células cromafins e que tem função de converter noradrenalina em adrenalina). ® Os feocromocitomas tem ocorrência rara e incidência semelhante em ambos os sexos, com predomínio entre 30-50 anos. Na grande maioria dos casos são benignos, unilaterais e de origem não familiar. ® São tumores hipervascularizados e de tamanhos variados, podendo conter em seu interior áreas hemorrágicas ou císticas. ® A conhecida “Regra dos 10” ajuda na memorização das frequências aproximadas do feocromocitoma, apesar de recentes estudos demonstrarem que esses valores podem variar muito. REGRA DOS 10 10% dos tumores são bilaterais 10% dos tumores são extra-adrenais 10% dos tumores extra-adrenais estão localizados no tórax 10% dos pacientes tem menos de 20 anos de idade 10% são malignos 10% cursam sem hipertensão 10% recidivam após a retirada cirúrgica 10% se apresentam como incidentalomas adrenais ® Os feocromocitomas podem ter origem esporádica (de causa não conhecida) ou familiar (10% dos casos). Esses últimos são geralmente bilaterais e tendem a aparecer em idades mais precoces. CLÍNICA ® Pacientes com feocromocitomas apresentam-se classicamente com crises paroxísticas de hipertensão arterial acompanhadas de cefaleia, sudorese profunda, palpitações, palidez e sensação de morte iminente. ® Em cerca de 60% dos casos os pacientes apresentam hipertensão mantida com elevações ainda maiores e paroxísticas dos níveis tensionais. Nos outros 40%, os indivíduos são normotensos entre as crises, evoluindo episodicamente com paroxismos hipertensivos. ® IMP! Apesar do feocromocitoma ser caracteristicamente uma causa de hipertensão arterial (secundária), vale ressaltar que estes pacientes são bastante hipovolêmicos, devido à contrição de todo o sistema vascular. Estes pacientes fazem frequentemente hipotensão postural e podem evoluir para o choque, que só responde à vigorosa reposição volêmica. Isso é importante, pois o preparo pré-operatório deve incluir uma hidratação generosa para evitar a hipotensão que se desenvolve após o clampeamento da veia suprarrenal do lado do tumor (ocorre rápida queda dos níveis de catecolaminas, com vasodilatação sistêmica). ® A piora da hipertensão arterial com o uso de antagonistas beta-adrenérgicos é uma importante pista para o diagnóstico e se deve ao bloqueio do estímulo beta-2 de vasodilatação muscular. ® Outros sinais e sintomas menos frequentes são: Tonteira, tremor, náuseas e vômitos, dor torácica e abdominal, dispneia, massa abdominal, febre, insuficiência cardíaca e anormalidades do ECG. ® Além das catecolaminas, o tumor pode secretar produtos biologicamente ativos como DOPA, dopamina, neuropeptídios, encefalinas, eritropoietina (Policitemia), renina, ACTH (Síndrome de Cushing), PTH (Hipercalcemia) e interleucina-6 (Febre), modificando o quadro clínico de maneira significativa. DIAGNÓSTICO ® Dosagem de catecolaminas e metanefrinas (metabolitos das catecolaminas), no plasma e/ou na urina. - A demonstração de um aumento inequívoco dessas substâncias (>3x o nível sérico) essencialmente sela o diagnóstico, independentemente do método diagnóstico utilizado. - Atualmente, o método mais sensível para o diagnóstico bioquímico do feocromocitoma é a dosagem plasmática de metanefrinas fracionadas (sensibilidade de aproximadamente 100%). Valores normais permitem o afastamento do diagnóstico. - Valores de referência: metanefrinas >0.3nmol/L; normetanefrina > 0.66 nmol/L. ® O passo subsequente quando o rastreio bioquímico é positivo consiste na localização do tumor com o uso de métodos de imagem. VALORES QUE SUGEREM FEOCROMOCITOMA (URINA/24H) ADRENALINA > 35 mcg/24h NORADRENALINA > 170 mcg/24h DOPAMINA > 700 mcg/24h METANEFRINA > 400 mcg/24h NORMETANEFRINA > 900 mcg/24h ® RARAMENTE podem haver feocromocitomas não- secretores, nesses casos, as dosagens de metanefrinas e catecolaminas serão negativas. O diagnóstico, então, pode ser confirmado através de outro marcador, a metoxitiramina plasmática. ® Localização Anatômica: As lesões podem ser visualizadas com precisão pela tomografia computadorizada (TC) ou pela ressonância magnética (RNM). - Tumores intratorácicos são identificados pela TC de tórax ou mesmo pela radiografia simples. - Tumores abdominais podem ser topografados tanto com TC quanto com RNM. FACULDADE GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES [ 2 ] - A cintilografia (MIBG) é recomendada quando todos os outros exames falham em localizar o sítio tumoral. TRATAMENTO ® A cirurgia, com retirada total de todos os focos de tecido tumoral, constitui o único tratamento definitivo para o feocromocitoma. ® O preparo pré-operatório adequado com drogas bloqueadoras alfa-adrenérgicas reduziu de maneira importante o risco cirúrgico desses pacientes. ® Controle Pré-Operatório: É realizado bloqueio alfa- adrenérgico por um período de 10 a 14 dias antes do procedimento cirúrgico (a droga empregada é um bloqueador alfa não seletivo – fenoxibenzamina oral 20- 240mg/dia). - São efeitos colaterais de fenoxibenzamina: taquiarritimia e hipotensão ortostática (pós-OP). - Em casos de intolerância a fenoxibenzamina, substituir por prazosina (0,5-20mg, 2-4x/dia). - O ressurgimento de hipotensão arterial é o sinal clínico de que o bloqueio alfa está sendo efetivo. O beta-bloqueador deve ser iniciado somente após o bloqueio alfa ser conseguido. ® A via de acesso de eleição para realização de adrenalectomia unilateral é a laparoscópica. Nos casos de feocromocitomas bilaterais, uma opção cirúrgica é a adrenalectomia que poupa o córtex adrenal, retirando somente a medula bilateralmente (essa conduta evita que ocorra insuficiência adrenal). ® Controle Operatório: As elevações intraoperatórias da PA são tratadas geralmente com fentolamina, nitroprussiato de sódio intravenoso ou propranolol em caso de taquicardia ou ectopia ventricular. ® Controle Pós-Operatório: Os principais problemas no pós-operatório são: - (1) Hipotensão: Resulta de hipovolemia e responde à infusão de solução salina. - (2) Hipertensão: Pode resultar dos níveis ainda presentes das catecolaminas circulantes, da presença de tumor residual ou dano renal prévio. A determinação das catecolaminas urinárias duas semanas após a retirada do tumor geralmente define diagnóstico. ® O tratamento do feocromocitoma maligno (10% dos casos) consiste no bloqueio alfa e beta adrenérgico e na utilização de um inibidor tirosina hidroxilase (alfametilparatirosina) nos casos refratários. - Os locais mais comuns de metástases incluem o retroperitônio, ossos, linfonodos e fígado. - Quimioterapia e radioterapia possuem valor secundário no tratamento desses pacientes. A sobrevida em cinco anos é inferior a 50%. CONCEITOS ® Os feocromocitomas extra-adrenais secretam preferencialmente noradrenalina. ® Os feocromocitomas associados às NEM são bilaterais, raramente malignos, intra-adrenais e secretam adrenalina.® O melhor exame de triagem é a dosagem cirúrgica das metanefrinas urinárias. ® O tratamento do feocromocitoma é cirúrgico (adrenalectomia laparoscópica). ® O controle pré-operatório é realizado com drogas bloqueadoras alfa-adrenérgicas (fenoxibenzamina e prazosina).
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