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RDE_Familia_e_Sociedade_Tema_06

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1 
 
ROTEIRO DE ESTUDO 
 
Curso: SERVIÇO SOCIAL 
Série: 1ª 
Disciplina: FAMILIA E SOCIEDADE 
Professor EAD: Ma. Ana Lúcia Americo Antonio 
Tema: Tema 6: Escola, Ordem Social e Família 
Conteúdo:  A relação entre educação e letramento. 
 O papel da educação como instrumento social. 
 A relação entre educação e trabalho. 
 A escola como reprodutora da ordem social. 
 
Roteiro do 
Tema 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este tema deve possibilitar que você analise: 
 Oque é letramento 
 O papel da escola/educação na sociedade 
 A diferença entre educação para a instrução e educação para o 
conhecimento 
 Como a educação para o trabalho nem sempre pode significar 
transformação social 
 
Escola, Ordem Social e Família 
 
 Em linhas gerais, letramento associa-se à 
aquisição, utilização e funções da leitura e escrita em 
sociedades letradas, como habilidades e 
conhecimentos que precisam ser ensinados e 
aprendidos, estando relacionado também com a 
escolarização e abrangendo processos educativos que 
ocorrem em situações tanto escolares quanto não 
escolares. (MORTATTI, 2004: 11) 
 
 Portanto, a ideia de letramento é mais abrangente que a de 
alfabetização e está relacionada aos conhecimentos e atitudes necessários ao 
uso efetivo e competente da leitura e da escrita nas práticas sociais que 
envolvem a língua escrita. 
 Cabe ao Estado garantir a educação, promovendo o acesso de todos os 
indivíduos ao direito de ler e escrever, já que estas são uma das formas de 
inclusão social e de construção da democracia. Mas, no Brasil, há um grande 
 
 
 
 
 
 
2 
 
abismo entre a teoria e a prática, entre os direitos e a efetivação dos mesmos. 
 
 A escola está longe de garantir a inserção social dos indivíduos, uma vez 
que o ensino é, por si só, hierarquizante e mantenedor das desigualdades 
sociais. Muitos discursos apreendem o iletrado como um deficiente. 
 
 Outras teorias lutam contra o chamado iletrismo, compreendendo o 
advento como resultado (e causa intermitente) da pobreza, esta visão valoriza 
somente a escrita, deixando de lado a capacidade de apreender o mundo, os 
contextos. 
 
 Os dados mostram que realmente a educação é um grande problema 
que não se restringe somente aos bancos escolares, pois como o indivíduo vai 
trabalhar? Agir politicamente? Conhecer e exigir seus direitos? A “falta” da 
educação mantém a estrutura social hierarquizada e impede que grande parte 
da população atinja condições sociais e materiais dignas. 
 
De acordo com o sociólogo francês Pierre Bourdieu, as instituições 
mantenedoras das hierarquias e distinções sociais são: 
• A Escola. 
• A Família. 
• A Igreja. 
• O Estado. 
 O campo da cultura é apreendido por Bourdieu como um espaço de 
lutas e tensões. A posse de bens simbólicos é como a posse de bens materiais, é 
um símbolo de distinção, um signo de diferenciação, é um elemento que 
hierarquiza e cria barreiras entre os indivíduos de diferentes grupos sociais, 
possuidores de diferentes recursos. 
 
 A cultura pode ser compreendida como fonte de saber legitimado, 
institucionalizado. Ela é um sistema que separa, hierarquiza e que, no limite, 
atua como instrumento ideológico de dominação. 
 
 A cultura escolar institucionalizada e o acesso diferenciado a ela 
expressam uma dimensão política na medida em que assumem o poder de criar 
hierarquias e barreiras sociais entre os grupos: escolarizados versus iletrados. 
 
 
 Desde a Antiguidade Clássica a relação entre educação e trabalho, 
cultura e trabalho, ensino e trabalho teve como fundamento a ideia de exclusão. 
Em outros termos, quem estuda ou ensina deve “viver” em outro mundo, que 
não é o do trabalho físico ou dos negócios. 
 Na Idade Média, com a educação monástica, também se verifica essa 
relação: de um lado, os que se dedicam ao trabalho manual e produtivo, e de 
outro, aqueles que se preocupam em “cultivar o espírito”, por meio da leitura, 
da reflexão. O trabalho manual está sempre associado às funções que 
domesticam o corpo, que martirizam. 
 Com a consolidação do modo de produção capitalista, que subentende a 
redefinição da concepção de trabalho, também se redefine a ideia de educação 
e a relação que se estabelece entre ambos. 
 Instituiu-se (principalmente após a Reforma Protestante), gradualmente, 
a ideia de que o trabalho educa, investindo-se de um caráter pedagógico 
significativo. Há duas correntes de pensamento, desenvolvidas no contexto da 
sociedade capitalista, voltadas para a investigação das relações entre trabalho e 
 
 
 
 
 
 
3 
 
educação. 
 São elas: 
• A educação é considerada um mero instrumento para transformar as pessoas 
em sujeitos mais produtivos no processo de trabalho. Essa corrente representa o 
pensamento de muitos industriais e tem Henry Ford (1863-1947) como figura 
emblemática. A Educação é vista somente como instrução. 
 
• O trabalho é considerado um princípio educativo, sendo essa relação analisada 
em termos do processo de formação e de educação mais amplo e integral do 
sujeito. A Educação é vista como conhecimento. 
 O pensador responsável pelo desenvolvimento dessa linha de 
pensamento foi o italiano Antonio Gramsci (1891-1937). 
 
A primeira vertente possibilita compreender o processo de ensino falho e 
excludente, que caracteriza a sociedade brasileira. A generalização da 
escolarização é correspondente ao arrefecimento da educação. O que isso quer 
dizer? Que para uma parcela dos capitalistas, é interessante que todos os 
trabalhadores saibam ler, escrever, contar, mas não é desejável que sejam 
críticos e esclarecidos. Cria-se assim o binômio: expandir a escolarização e 
inviabilizar a educação. É contra essa posição que a segunda vertente se 
desenvolve. 
 O pensamento de Gramsci não separa trabalho e educação, tomando-os 
como conceitos complementares e indissociáveis. Para o pensador, era 
fundamental unificar o mundo do trabalho ao da cultura, a escola 
profissionalizante com a de estudos literários e humanistas, que não tinham 
como interesse exclusivo a produtividade. Gramsci questionava o método de 
ensino das escolas profissionalizantes, porque, para ele, elas marcavam a ferro o 
destino social dos trabalhadores. 
 
. Desde meados do século XIX, o Brasil esteve preocupado em atrelar 
educação e trabalho. As escolas fundadas em meados do século XIX não tinham 
vínculo algum com as indústrias, pois estavam voltadas para uma educação 
predominantemente literária e retórica, desvinculada das questões práticas e 
utilitárias, pelo simples fato de atender à elite e à aristocracia. Basta dar o 
exemplo do Liceu de Artes e Ofícios, fundado em 1856, no Rio de Janeiro, então 
capital federal. 
 No final do século XIX, houve, por parte de alguns industriais brasileiros, 
o interesse em treinar a força de trabalho, o que anunciava o risco de fornecer 
aos trabalhadores condições que os levassem a reivindicar seus direitos. No 
Brasil, as escolas técnicas tiveram como propósito a introdução das crianças no 
mundo do trabalho, especialmente os filhos dos trabalhadores. Em 1942, é 
criado o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), organizado e 
mantido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e, em 1946, o SENAC 
(Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). Tais sistemas de ensino 
obtiveram êxito, até porque, os alunos recebiam uma ajuda de custo para 
estudar, o que era um atrativo para as classes populares. 
 
No entanto, esse sistema particular, financiado pelos empresários acaba sendo 
pago pelos próprios trabalhadores em geral, pois o custo de sua manutenção é 
integralmente repassado aos preços dos produtos. Assim, quando os 
trabalhadores adquirem um produto, estão indiretamente financiando o custo 
desse ensino profissional que, em um primeiro momento, se afigura como uma 
doaçãodos empresários. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 O trabalho profissionalizante foi, em certa medida, um entrave para o 
trabalhador, pois não o profissionalizou de fato, e ao mesmo tempo retirou-lhe a 
oportunidade de ter um ensino mais aprofundado dos conteúdos curriculares, 
que lhes seriam muito válidos, contribuindo para uma vida mais consciente e 
participativa na sociedade e na política nacional. Instruir o trabalhador, 
no sentido de torná-lo mais produtivo, tal como defendia Henry Ford, faz as 
vezes do ensino voltado para a formação ampla e integral do trabalhador, tal 
como propunha Gramsci. 
 Não há dúvida de que a educação transforma o homem, mas é este que 
determina, socialmente, a extensão das funções sociais construtivas da 
educação em sua vida. Há uma interdependência estrutural e dinâmica entre a 
educação e a sociedade, em consequência da qual: 
• A educação forma o homem. 
• O homem define o valor social da educação. 
 A importância da educação como técnica social e as funções que ela 
chega a desempenhar na formação da personalidade dependem estreitamente 
do modo pelo qual os homens entendem socialmente, por conta de suas 
concepções de mundo e condições de existência, as relações que devem ser 
estabelecidas entre a educação e a vida humana. 
 
Considerando um conjunto de sociedades que partilham de uma mesma herança 
cultural, as escolas que propendem para modelos básicos semelhantes 
produzem rendimentos muito diferentes, pois as atitudes dos homens diante da 
educação escolarizada não são padronizadas, o que evidencia que a capacidade 
por eles adquirida de utilizar os recursos educacionais varia de sociedade para 
sociedade. 
 
 Desde o passado colonial brasileiro até o fim da Primeira República, a 
socialização do homem para a vida se fazia, quase que exclusivamente, 
independentemente e acima das instituições escolares. Apenas nas elites das 
camadas dominantes a escola possuía alguma importância, como veículo de 
transmissão de hábitos intelectuais conspícuos ou como símbolo social da 
condição de civilizados (ou seja, de pessoa instruída e culta). 
Assim, nesses restritos círculos, a educação se revelava como uma peça 
essencial na preparação do homem para a vida. O fundamental e indispensável 
aprendia-se no lar ou na vida prática, pois era por meio do convívio com os mais 
velhos e pela experiência prática que se adquiria traquejo para desempenhar os 
papéis sociais referentes às carreiras abertas aos jovens cultos das camadas 
dominantes. 
 
A grande massa populacional não carecia de nenhuma espécie de educação 
escolarizada, para poder ajustar-se às condições de vida imperantes. Em suma, 
era acanhado, até esse período, o uso que se fazia da educação escolarizada. 
Essa situação se alterou principalmente em virtude dos surtos de crescimento 
urbano, ocorridos a partir das últimas décadas do século XIX (industrialização, 
democratização do poder político, crescimentos demográfico, formação de novos 
padrões de vida, intensificação dos contatos entre as diversas áreas da 
sociedade). 
 
Mas estas transformações não foram tão intensas a ponto de promoverem uma 
revolução na educação escolarizada. Por conta disso, os vícios “congênitos” de 
um sistema educacional estruturado para atender às necessidades socioculturais 
de uma sociedade patrimonialista e tradicional perpetuam-se de maneira 
ostensiva e disfarçada. É fundamental reconhecer esse quadro se quiser obter 
 
 
 
 
 
 
5 
 
um diagnóstico preciso da situação educacional brasileira e buscar modificá-la. 
 
 Para melhor compreender e aperfeiçoar seu conhecimento sobre o tema 
reflita a Leitura Complementar que se apresenta no PLT 267, Política 
Social, Família e Juventude, dos autores Mione Apolinário Sales, Maurílio 
Castro de Matos e Maria Cristina Leal, editora Cortez, 2010. 
 
 Faça a Leitura Obrigatória no Como você leu no capítulo 2 (parte 2) de 
seu Livro-Texto, o trabalho surge da diferença e é fonte de diferenças, a 
qualificação estritamente profissional cria dependência e transforma-se 
em um gerador de diferenças e até, em algumas instâncias, de 
violência, correspondente ao tema 6 do caderno de atividades. 
. 
 Realize as atividades propostas no Caderno de Atividades para o Tema 
6: “Escola, Ordem Social e Família”. As atividades são um valioso 
instrumento para que você não apenas fixe os conceitos abordados pelo 
tema, mas os transforme em competências sólidas na sua formação 
profissional. 
Bibliografia Básica 
MATOS, Sales (org.). Política Social, família e juventude : Uma questão de direitos. 6ª ed. São Paulo: 
Cortez, 2010. 
Bibliografia Complementar 
 
LÉVI-STRAUSS, Claude. As Estruturas Elementares do Parentesco. Vozes: São Paulo, 1976. 
ENGELS. F. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Bertrand Brasil: São Paulo, 
1995. 
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os 
homens. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 
BOURDIEU. Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1999. 
CARVALHO, Inaiá Maria Moreira de; ALMEIDA, Paulo Henrique. Família e Proteção Social. In: São 
Paulo em Perspectiva, 17 (2): 109-122, 2003. 
PERROT, Michele. “Os Atores”. In: História da vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira 
Guerra. vol. 4; Cia das Letras: São Paulo, 1991. 
 
Quer saber mais sobre o assunto? Então: 
Acesse o artigo: Educação e Trabalho: bases para debater a Educação Profissional Emancipadora. 
Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/8463>. Acesso em: 7 
out. 2014.

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