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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARACAJU/SE PROCESSO Nº... ASTROGILDO SHOW, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado, com endereço profissional na rua..., bairro..., nº..., nesta cidade, onde deverá ser intimado para dar andamento aos atos processuais e endereço eletrônico, vem à presença de Vossa Excelência oferecer CONTESTAÇÃO em AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS movida por Enza Gabrielly Oficial, igualmente qualificada nos autos do mesmo processo, com base nos fatos e fundamentos a seguir expostos: I – BREVE SÍNTESE DA INICIAL Na petição inicial a autora afirma que sofreu um acidente em razão da participação no evento promovido pelo réu, realizado em 21 de junho do corrente ano. Alega a autora que ao ser convidada para subir ao palco do evento, acabou, distraída, e caindo e tendo algumas lesões e com estas sofreu alguns prejuízos físicos e financeiros por ter que passar algum tempo afastada de suas atividades normais de lazer e trabalho. A autora afirma que o acidente se deu, exclusivamente, por culpa do réu, afirmando que o palco não tinha estrutura adequada e tampouco sinalizações de segurança. Conclui informando que deseja audiência de conciliação, requerendo a citação do réu bem como a procedência do pedido para reparação dos possíveis danos morais e matérias, atribuindo à causa o valor de R$70.000,00 (setenta mil reais) II – PRELIMINARES a) Da inépcia da inicial Conforme exposto na petição inicial, percebe-se que a autora não juntou documentos necessários que comprovem o alegado. Assim, não consta Boletim de Ocorrência que comprove o exposto, tampouco notas fiscais das despesas hospitalares. Consequentemente, a ausência de tais requisitos (expressos nos art. 319, 320 e 321, CPC) que são documentos essenciais à prova do direito alegado conduz à questão do mérito, resvalando na improcedência do pedido. Essa é a posição de doutrina e jurisprudências. Observa-se no caso em tela que a requerente se refere à falsa acusação, porém, não junta à exordial o Boletim de Ocorrência e Notas Fiscais das despesas médicas. Neste caso, o mérito está prejudicado, tendo em vista que a requerente não conseguiu provar o que alega, sendo que o ônus da prova cabe justamente a ela. III – DO MÉRITO Em homenagem ao princípio da eventualidade (NCPC, art. 335, caput), caso não seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva acima, o réu passa à impugnação do mérito da demanda e à exposição das razões de fato e de direito com que impugna os pedidos pretendidos pelo autor. a) Da impugnação ao reconhecimento de responsabilidade objetiva A autora não apresentou documentos e nem boletim de ocorrência que comprovem a existência do fato, assim, ainda que o requerido tivesse culpa, deve-se pesar o fato de este dispor de uma competente equipe de segurança e manutenção de seus equipamentos e, o fato de nunca ter havido um outro acidente em sua empresa. Assim, é notório que o fato se deu, exclusivamente, por total falta de atenção da requerente. Não comprovando a matéria de fato, a requerente não de cobrar nada do requerido. b) Da impugnação ao dano material O pedido da autora não encontra embasamento fático, haja vista a não anexação de documentos que comprovem os gastos obtidos. Além disso, a quantia solicitada em razão de danos materiais é exorbitante, o que causaria enriquecimento ilícito da parte autora e o consequentemente um prejuízo fatal a parte ré, tendo em vista se tratar de uma empresa de pequeno porte, em que seus rendimentos anuais não passam de R$50.000,00, conforme comprovação em anexo. c) Da impugnação ao dano moral Também, sem prejuízo da impugnação ao pedido de dano material, bem como da impugnação ao valor deste, convém, na ocasião, impugnar, igualmente, o dano mora supostamente sofrido pelo autor. Assim, como assevera Carlos Roberto Gonçalves: “(...) Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a intimidade, a imagem (...) e que acarreta ao lesado (...) tristeza, vexame e humilhação (...) (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 4: responsabilidade civil – 7. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012, versão digital, p. 353)”. Para a configuração de dano moral, mostra-se necessário um acontecimento que lese a honra, a dignidade, a intimidade e a imagem, o que, data vênia, não ocorreu no presente caso, notadamente porque a autora não comprovou o nexo causal entre o acidente e a culpa do réu, tampouco anexou os documentos comprovem possíveis danos materiais. Ainda, cumpre salientar que o valor pedido em razão de danos morais pela autora, é exorbitante e não condiz com a realidade dos fatos. No entanto, em homenagem ao princípio da eventualidade, caso o douto juízo acolha a pretensão de dano moral da autora, impõe-se a minoração do valor do referido dano para 20%, porque pleiteado originalmente em quantum excessivamente oneroso, distante da realidade, o que produziria enriquecimento ilícito, vedado no direito brasileiro. Nessa ótica é o magistério de Fábio Ulhoa Coelho: “(...) Enriquecimento sem causa é a vantagem patrimonial auferida por um sujeito de direito sem fundamento jurídico (...) A coibição do enriquecimento sem causa não é uma questão moral. Ao contrário, ela deve ser feita com vistas à adequada distribuição de riquezas e recursos em sociedade (...) (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2: obrigações: responsabilidade civil – 5. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012, versão digitala, pp. 497/498)”. IV – DOS PEDIDOS a) Que seja a preliminar acolhida e o feito julgado improcedente sem o julgamento do mérito; b) Não sendo acolhida a preliminar, que seja o feito julgado totalmente improcedente, pois não se perfazem os requisitos para a configuração de responsabilidade civil do réu, condenando-se o autor ao pagamento das custas processuais; c) Em sendo superado o pedido acima, o que não se espera, pugna o réu pela improcedência parcial do pedido inicial, tendo em vista que o valor pleiteado pela parte autora à título de indenização por danos morais e materiais é desproporção ao contexto em questão; d) Que seja a requerente condenada ao pagamento de honorários no valor de 20% do valor da causa. Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente pelos documentos que a essa segue anexos, bem como a oitiva da autora, depoimento de testemunhas, se necessário. Desde já, fica requerido. Termos em que, pede e espera deferimento Aracaju/SE, 21 de novembro de 2018 JHONNY VIEIRA DA TRINDADE OAB/SE 1919.
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