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Acadêmico: Renato de Almeida Souto RA: D379CD-3 Turma: Sala: Disciplina: Responsabilidade Civil. Professor: RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO ECOLÓGICO OU AMBIENTAL Atividade complementar entregue como requisito parcial para composição da nota NP2 da disciplina Responsabilidade Civil. Manaus – AMAZONAS 2018 INTRODUÇÃO Vivemos em uma era que sabemos da tamanha importância e necessidade em preservar aquilo que, sem ele, a humanidade não sobreviveria: o meio ambiente. A dificuldade em preservá-lo e mesmo responsabilizar aqueles que causaram danos é um desafio a ser alcançado. O direito ao meio-ambiente é um direito coletivo. Um direito que pertence a todos, e ao mesmo tempo a cada um, pois todos têm o direito de viver num meio circundante ecologicamente equilibrado, um habitat, que ainda seja natural, e que forneça ao homem a melhor qualidade de vida possível. Mas é impossível tal ambiente, se não reinar na consciência mundial a preservação e a reparação do meio-ambiente natural e artificial. ASPECTOS DIREITOS AMBIENTAL A proteção ao meio ambiente no Direito Brasileiro, seguindo tendência internacional, conta com instrumentos cada vez mais eficazes. Na década de 80 foram publicadas as Leis nºs 6.938/87, conhecida como Política Nacional do Meio Ambiente e 7.347/85. Posteriormente, a Carta Constitucional de 1.988 consagrou o direito a um meio- ambiente sadio, que no seu artigo 225 garante a responsabilização dos infratores em reparar os danos causados (§3º, art. 225, CF/88). A Lei dos Crimes Ambientais, n.º 9.605/98, além da visão sistêmica de meio ambiente natural, alarga o conceito e protege expressamente o meio ambiente artificial e cultural, ao arrolar os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural. Para tanto, é necessário entender os conceitos relacionados ao instittuto da responsabilidade, principalmente a responsabilidade civil, já que é ela quem assegura o restabelecimento do estado anterior ao dano ou então, a reparação pecuniária satisfátoria ao dano causado. RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL Até o advento da Lei nº 6.938/1981, a caracterização e responsabilização do dano ecológico era realizada por intermédio da aplicação da responsabilização civil encontrada no direito comum, porém, com o passar do tempo o legislador percebeu que estas não eram suficientes para resguardar e proteger o meio ambiente de forma adequada, haja vista o amplo espectro de indivíduos que eram atingidos pelas atividades dos poluidores, bem como a difícil tarefa que encontravam as vítimas para conseguir comprovar a culpa dos responsáveis pelo evento danoso. Frente ao desafio suso mencionado, o legislador trouxe à baila a responsabilidade objetiva em matéria ambiental, com fundamento na teoria do risco integral. Diz-se que esta é integral, pois a responsabilização pelo dano ambiental não admite excludente de ilicitude bastando o exercício de qualquer atividade ensejadora de risco para caracterizar a obrigação de reparar o dano ecológico, fato este que buscou dar à matéria um tratamento à altura de sua importância. A Lei nº 6.938, de 21.8.81, instituidora da Política Nacional do Meio Ambiente, foi o primeiro instrumento jurídico a prever a aplicação da responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental. Como se denota, esta lei foi constituída ainda sob a égide da Constituição anterior a de 1988. Por seu turno esta lei foi recepcionada pela Carta Política de 1988, tanto que a própria Constituição previu em seu texto original a aplicação da responsabilidade civil objetiva em algumas áreas. Posteriormente, a mesma sistemática objetivista foi adotada em outras leis como, por exemplo: a Lei nº 6.453, de 17.10.1977, que dispõe sobre a resposabilidade civil por danos, mais precisamente no artigo 4º; a Lei nº 10.406, de 10.01.2002, que institui o nosso atual Código Civil, no parágrafo único do artigo 927; e, por último, a Lei nº 11.105, de 24.03.2005, que instituiu a denominada Lei da Biossegurança, que regulamentou os incisos II, IV, e Vdo § 1º do artigo 225 da Constituição Federal, no seu artigo 20. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO POLUIDOR Como regra geral, o causador do dano será obrigado a reparar caso demostrado a culpa em lato sensu, ou seja, que a pessoa agiu com dolo, imperícia, imprudência e negligência. Ademais, é preciso demonstrar que a conduta é ilícita, dano e de que existe o nexo de causalidade entre eles. Dessa maneira, a responsabilidade será subjetiva, intrinsecamente ligado à culpa. Por mais que o poluidor seja responsabilizado pelos danos causados, de modo crítico, sabemos que não é exatamente o que se verifica em termos de era capitalista. Por mais que se busque por soluções que diminuam os danos causados ao meio ambiente ou a outrem, pouco se faz, ainda, para preservá-lo e repará-lo. Para ser mais exato, o que se entende é que o meio ambiente, no século atual, é deixado em segundo plano. A preocupação em evitar “crises econômicas” de um Estado, valha qualquer custo, dentre o qual sacrificar o ecossistema. Tentar revogar decreto de preservação ambiental, de suma importância ecológica, na Amazônia, para fins de mineração; ou, desfazer decreto de política ambiental para frear o aquecimento global, nos EUA; poluir rios e mares com esgoto industrial e urbano por ser oneroso aos cofres públicos e privado; florestas sendo facilmente desmatadas, por cortes em orçamentos, no que tange fiscalização são situações que mostram um pouco do tanto que o meio ambiente é tratado com descaso. É evidente a preocupação com interesse econômico de hoje, sem se atentar com o desfecho ambiental, no amanhã. Entretanto, é preciso fazer valer a lei. E para dificultar um pouco da não responsabilidade, há a chamada responsabilidade objetiva que é aquela que independe de culpa, podendo apenas demonstrar o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado. E é esta responsabilidade que se aplica aos danos causados pelo poluidor ao meio ambiente. Mesmo que não haja culpa ou intenção de praticar atos, basta que seja demonstrado a atividade danosa e o nexo de causalidade entre este e a atividade. A EXCLUDENTE DO CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR A responsabilidade objetiva se baseia na teoria do risco, mais especificamente a integral, no que tange a danos ambientais. Expresso no art. 927 do código civil, que tem cuja redação: “ haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para o direito de outrem”. Nela integra-se a ideia de atividade perigosa como fundamento da responsabilidade civil. No que tange ao caso fortuito e a força maior são causas que excluem a responsabilidade. São acontecimentos, que mesmo havendo total diligência da empresa, escapa da vontade daquele que exerce atividade de risco, imprevisíveis ou mesmo inevitáveis, como são os fatos da natureza. Por conseguinte, a realização de determinadas atividades que possa desencadear algum tipo de perigo, faz com que o agente assuma a obrigação em ressarcir os danos que, por ventura, ocasionar a terceiros. Em síntese, o poluidor deve, de maneira integral, assumir todos os riscos que advém de sua atividade, devendo indenizar terceiros, mesmo que se que fala em danos causados pelo caso fortuito ou força maior, que neste caso, o poluidor ambiental, não fará jus ao benefício da excludente de causalidade, subsistindo a teoria do risco integral. Podemos citar como exemplo a mineradora Samarco que por ter assumido o risco, teve a obrigação de indenizar aqueles que foram lesados pelo dano, decorrente de sua atividade. INSTRUMENTOSDE TUTELA DOS INTERESSES DIFUSOS O art. 225, caput, da Magna Carta assegura o interesse difuso ao meio ambiente, estabelecendo concepções fundamentais sobre o Direito Ambiental, pois indica o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito de todos e dispõe a natureza jurídica dos bens ambientais como de uso comum do povo e impõe tanto ao poder Público quanto à coletividade o dever de defender e preservar os bens ambientais para as presentes e futuras gerações. A complexidade e a evolução da sociedade moderna fizeram com que uma terceira geração de direitos se delineasse, Inclue -se dentro desta nova geração direitos como o do consumidor e o próprio ambiental. Caracterizam-se pela titularidade coletiva, complexidade o bem protegido e obrigatoriedade de intervenção estatal — por meio de regulação — em matérias antes estritamente restritas ao âmbito da autonomia privada. Com isso, novas formas de tutela e proteção dos interesses e direitos que já não conseguem mais ser individualizados passam a exigir uma reestruturação da teoria clássica do direito, abrindo espaço para novas disciplinas jurídicas, dentre elas, o direito ambiental. I — interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; “Os direitos e interesses difusos caracterizam-se pela indivisibilidade de seu objeto (elemento objetivo) e pela indeterminabilidade de seus titulares (elemento subjetivo), que estão ligados entre si por circunstâncias de fato (elemento comum). REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL Existindo um dano ambiental, há o dever de repará-lo. A reparação é composta de dois elementos: a reparação “in natura” do estado anterior do bem ambiental afetado e a reparação pecuniária, ou seja, a restituição em dinheiro. Quando não for possível o retorno ao “status quo”, recairá sobre o poluidor a condenação de um “quantum” pecuniário, responsável pela recomposição efetiva e direta do ambiente lesado. Porém, na legislação pátria, não há critérios objetivos para a determinação do referido “quantum” imposto ao agente degradador do meio- ambiente. A doutrina, entretanto, dá alguns rumos que devem ser seguidos, como, por exemplo, a reparação integral do dano, não podendo o agente degradador ressarcir parcialmente a lesão material, imaterial e jurídica causada. Na tentativa de recuperação do “status quo ante”, a Constituição Federal Brasileira, no seu artigo 225, IV, disciplinou o estudo do impacto ambiental que tem entre suas finalidades precípuas traçar uma solução técnica adequada à recomposição do ambiente modificado por atividade licenciada. Assim sendo, uma avaliação prévia dos danos facilitaria uma posterior reparação ao ambiente impactado. CF/88, art. 225, § 1º, IV: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade." É de grande valia ressaltar que, nem todo dano se indeniza. É impossivel determinar o montante a ser pago no caso da extinção de uma forma de vida, da contaminação de um lençol freático ou da devastação de uma floresta. Nesses casos, a composição monetária é absolutamente insatisfatória. Há ainda que se examinar a questão do dano extrapatrimonial ambiental e sua reparação. O dano moral ao meio-ambiente é a lesão que desvaloriza imaterialmente o meio-ambiente ecologicamente equilibrado e também os valores ligados à saúde e à qualidade de vida das pessoas. Se o meio-ambiente é um direito imaterial, incorpóreo, de interesse da coletividade, pode ele ser objeto do dano moral, pois este é determinada pela dor física ou psicológica acarretada à vítima. É possível afirmar a partir dai, que a degradação ambiental geradora de mal-estar e ofensa à consciência psiquica das pessoas físicas ou jurídicas pode resultar em obrigações de indenizar aos seus geradores. Os danos causados ao meio ambiente poderão ser tutelados por diversos instrumentos jurídicos, com destaque para a ação civil pública, ação popular e mandado de segurança coletivo. Dentre estes, a ação civil publica ambiental tem sido a ferramenta processual mais adequada para apuração da responsabilidade civil ambiental. CONSIDERAÇÕES FINAIS No dano ambiental, assim exposto, a regra é a responsabilidade civil objetiva, na qual aquele que atravpes de sua atividade cria um risco de dano para terceiro dece ser obrigado a repará-lo, ainda que sua atividade e seu comportamento sejam insetos de culpa. Portanto, se faz necessário a responsabilização pelo dano ambiental. Primeiro para que haja reparação no dano causado, e também para coibir a ação desordenada do homem, pois uma vez causado o dano dificil será sua reparação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES. Paulo Bessa, Direito Ambiental. 2 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1998. LEITE, José Rubens Morato. Dano Ambiental:do individual ao coletivo extrapatrimonial. São Paulo: RT, 2000. BENJAMIN, Antônio Herman V. "Responsabilidade Civil pelo Dano Ambiental". In Revista de Direito Ambiental nº 9. São Paulo: RT. 1998. CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DA REPUBLICA – 1998 VADE MECUM – 13ª Edição – Ed. RIDEEL – 2017.
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