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Protetor solar Anderson Wilbur Lopes Andrade INTRODUÇÃO A redução da camada de ozônio e a exposição frequente ao sol (radiações ultravioletas atingem a superfície terrestre) - são responsáveis pelo surgimento de cânceres cutâneos que atingem muitos indivíduos, cuja freqüência tem aumentado nos últimos anos. Devido a isto tornou-se evidente a necessidade de filtros solares com fatores de proteção solar (FPS) cada vez mais altos. ASPECTO HISTÓRICO - utilizavam roupas (algodão) e tinham o costume de usar chapéus, luvas e até mesmo sombrinhas GREGOS E EGÍPCIOS - cobriam o corpo com uma combinação de ervas, o que hoje pode ser considerado um filtro solar TIBETANOS A preocupação do ser humano em se proteger do sol existe desde os primeiros tempos e acompanhou a evolução da humanidade, retratando os diferentes períodos e costumes pelos quais o homem passou até chegar nos dias de hoje. ASPECTO HISTÓRICO NA GRÉCIA ANTIGA: A pele branca diferenciava a nobreza da classe pobre trabalhadora. tinham na pele clara um padrão de beleza e os primeiros cosméticos surgidos tinha, por objetivo, clarear a pele. Este padrão manteve-se até o século XX. Em torno de 1800, os efeitos da radiação já eram estudados e Sir Willian Herschel descreveu o eczema solar. ASPECTO HISTÓRICO Seguiram-se vários estudos, como o de Windmarr, que provou que o eritema solar era causado pela radiação ultravioleta (UV), através de um experimento com solução ácida de sulfato de quinina. Anos mais tarde, Hammer indicou a solução ácida de quinina como filtro solar e descreveu doenças causadas pela fotossensibilização. Em seguida, Paul Unna sugeriu o extrato de Aesculus, como fotoprotetor, que passou a ser comercializado pelos nomes de Zeozon® e Ultrazeozon®. ASPECTO HISTÓRICO As pesquisas em torno dos efeitos provocados pela radiação solar, bem como de sua proteção, continuaram evoluindo. O PABA é insolúvel em água e dificilmente removido, porém mostrou-se alergênico e possivelmente cancerígeno, sendo praticamente retirado do mercado na década de 80, gerando uma busca por novos produtos denominados PABA-free. Durante a II Guerra Mundial foi desenvolvido aquele que, por muitos anos, foi considerado o filtro favorito nos EUA - o PABA (ácido p-aminobenzóico) e seus derivados que absorvem na faixa de 260 a 313 nm. ASPECTO HISTÓRICO Em 1962, a benzofenona (ácido 3-benzil,4-hidróxi,6-metóxi-benzenosulfônico) foi introduzida como filtro solar por absorver na região UVA. Após o PABA foram desenvolvidos vários filtros solares mais modernos como a: óxi-benzona (benzofenona-3), octocrileno, salicilatos, antranilatos, cinamatos. além dos filtros físicos ou inorgânicos, como o dióxido de titânio e o óxido de zinco, que são bastante eficazes. 7 FILTROS SOLARES DEFINIÇÃO - são substâncias que possuem a propriedade físico-química de interferirem à uma determinada faixa de radiação solar, através de absorção, espalhamento ou reflexão dos raios incidentes. Devem absorver ou refletir no mínimo 95% da irradiação UV - B 290-320 nm para serem considerados como preventivos de eritemas (Fotoprotetores UV-B). Para serem considerados filtros bronzeadores, devem absorver ou refletir pelo menos 85% na faixa UV-B e transmitir na faixa do UV-A (320-400nm). RADIAÇÃO UV E OS FILTROS SOLARES O espectro eletromagnético da radiação solar compreende desde os curtos raios cósmicos, até as longas ondas de rádio. A radiação não ionizante compreende a ultravioleta (UV), com comprimento de onda entre 100 e 400 nm, a luz visível, de 400 a 800 nm, e a infravermelha, de 800 a 1700 nm. RADIAÇÃO UV E OS FILTROS SOLARES A radiação UV é divida em três partes: UVC (100-280 nm) UVB (280-320 nm) UVA (320-400 nm) A radiação ultravioleta é a principal responsável pelos fotodanos cutâneos possui energia elevada associada ao seu menor comprimento de onda. é altamente lesiva ao homem, com efeitos carcinogênicos e mutagênicos. é absorvida em sua maioria pela camada de ozônio - a quantidade dessa radiação que atinge a população é muito pequena. RADIAÇÕES UV - C RADIAÇÃO UV E OS FILTROS SOLARES menor comprimento de onda e com menor poder de penetração na pele - intensamente absorvidas pela epiderme, mais nociva, causa danos ao DNA. são as mais energéticas - responsáveis pelos danos agudos e crônicos à pele, tais como manchas, queimaduras (vermelhidão e até bolhas), descamação e câncer de pele. RADIAÇÕES UV - B de maior comprimento de onda, são menos energéticas. penetram mais profundamente na pele atingindo a derme – provoca o bronzeado direto e imediato. originam radicais livres oxidativos, sendo responsáveis pelo envelhecimento cutâneo precoce (fotoenvelhecimento ou envelhecimento actínico), por doenças de fotossensibilidade e também contribuem para o desenvolvimento do câncer. RADIAÇÕES UV - A FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR - FPS A eficácia de um filtro solar é definida como sendo a capacidade de proteger a pele contra a queimadura causada pela radiação UV. Esta capacidade é expressa em FPS (Fator de Proteção Solar) que é a relação entre o tempo de formar eritema com proteção e sem proteção. Teoricamente é definido como a razão entre: FPS = Dose Eritematógena Mínima (DEM) da pele protegida DEM da pele desprotegida Na prática, significa quantas vezes mais uma pessoa pode ficar exposta ao sol com filtro sem se queimar em relação ao tempo que queimaria sem filtro. Se, na ausência de proteção solar, o eritema começa a ser observado após 10 minutos de exposição a radiação UV, ao usar corretamente um protetor solar FPS 8, um indivíduo poderá ficar exposta com segurança durante 80 minutos. FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR - FPS De acordo com as características da pele (fototipos) obtém-se o índice prognóstico do risco esperado da exposição exagerada ao sol. Os fototipos I, II, III, IV, V e VI são os seguintes: Uma formulação de filtro solar faz-se necessário a determinação do FPS, uma vez que seu valor deve constar no rótulo, conforme normas da resolução n.237, de 22 de agosto de 2002. Com o avanço da tecnologia ficou muito comum serem encontrados fotoprotetores de alto FPS como 40 e 50. Parece claro, porém, que não há necessidade destes produtos no mercado. Formulações com FPS 25 bloqueiam 96 % do efeito da radiação, enquanto que produtos com FPS 50 bloqueiam apenas 2 % a mais. FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR - FPS FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE A pele oferece certa proteção contra a radiação. O estrato córneo (camada mais externa) - atua como uma barreira e a própria melanina protege contra os raios dos tipos UVA e B. Esta proteção, no entanto, não é suficiente e, para complementá-la, são usados os filtros solares que podem agir de duas formas: absorvendo a energia luminosa e emitindo a mesma em outras formas de energia, como calor (filtros orgânicos/químicos). refletindo a radiação (filtros físicos/ inorgânicos). FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE A formulação de um fotoprotetor exige a observação de diversos fatores que são responsáveis pela obtenção de um produto ideal como: Fotoprotetor com alto FPS, Resistência à água, Seguro, Estável, Econômico. O tipo de filtro solar (substância ativa) é apenas um destes fatores, sendo a fotoproteção também influenciada pelo veículo escolhido e seus componentes, bem como pela espessura e uniformidade do filme formado sobre a pele. FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE A composição do excipiente pode afetar a transmissão da luz através da camada córnea. VEÍCULO: normalmente na forma de emulsão, deve ser homogêneo e permitir a obtenção de um produto estável, dotado de resistência à água, não gorduroso, não ressecante ou irritante à pele, inodoro, de fácil aplicação e capaz de potencializar o efeito do filtro solar. FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE Os emolientes e emulsionantes atuam sobre: a espalhabilidade, capacidade de penetração na pele (especialmente no estrato córneo) no espectro de absorçãode determinados filtros solares. A eficácia do fotoprotetor está relacionada com a espessura do filme e sua espalhabilidade. Tanto o emulsionante quanto o emoliente apresentam comportamento diferenciado para tipos de filtros diferentes e devem ser selecionados de acordo com o resultado desejado . FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE O filtro solar deve permanecer retido na superfície da pele (estrato córneo) para ser efetivo. Deve formar um filme sobre a pele (estrato córneo) e permear o mínimo possível para a circulação sistêmica. A fotoproteção é perdida se o filtro for absorvido através das células dérmicas e chega à circulação. Veículos oleosos e emulsões O/A aumentam a proteção contra a ação da luz formando uma película de revestimento com propriedade emoliente, hidratando a pele e criando um obstáculo à penetração luminosa. FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE Num sistema de dois ou mais emulsionantes, o equilíbrio entre as concentrações destes deve levar em consideração: a medida do diâmetro das esferas emulsionadas, o ponto de inversão de fases, a influência deste perfil na distribuição dos filtros solares no interior da fase lipofílica dispersa. Uma fase oleosa, que apresenta baixa viscosidade e diferentes tensões superficiais entre seus componentes, pode provocar concentração desigual das moléculas dos filtros solares, deixando as regiões mais altas superfície cutânea desprotegidas, reduzindo a eficiência do produto. FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE Os fotoprotetores devem ser hidrorresistentes, ou seja, não podem ser removidos pelo suor ou pela água. A hidrorrepelência é obtida através da formação de filme ou de uma barreira hidrofóbica e as emulsões do tipo A/O são as mais indicadas para este fim. Fotoprotetores hidrorrepelentes são mais irritantes aos olhos porque os agentes de hidrorresistência mantêm o fotoprotetor na mucosa dos olhos causando irritações graves e duradouras. FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE O PA 18® (resina polianidra) é um hidrorrepelente com características ideais: propicia resistência à água, é barato e topicamente seguro, porém está sob patente da Coppertone®. Outros produtos são utilizados com este objetivo, como, por exemplo: FORMADORES DE FILME: copolímero PVP - hexadeceno, copolímero PVP - eicoseno, tricontanil PVP, crospolímero acrilato/C 10-30 alquil acrilato, copolímero acrilato/ toctilpropenamida FORMADORES DE BARREIRAS HIDROFÓBICAS: cetil - dimeticona, derivado maléico do óleo de soja. FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE O filtro solar deve ser dissolvido ou solubilizado na fase interna da emulsão, garantindo maior proteção e fotoestabilidade. A radiação UV produz ativação da energia e induz a uma degradação parcial ou alteração no filtro, que tem sua capacidade de proteção da pele reduzida ou perdida completamente FOTODEGRADAÇÃO A fotodegradação varia de um filtro para outro e é muito afetada pelo solvente utilizado, sendo que o uso de sistemas co-solventes pode amenizar o problema FORMULAÇÃO E FOTOESTABILIDADE Alguns solventes como: butil-octil-salicilato podem estabilizar o filtro contra a fotodegradação, mas o ideal é selecionar o solvente mais adequado para cada filtro. Outro problema muito freqüente relacionado à fotoestabilidade é a fotooxidação do produto. As modificações químicas causadas pela incidência de luz nos componentes da formulação na pele podem ser a causa de fototoxicidade e de alterações no FPS dos produtos FILTROS SOLARES INORGÂNICOS Os filtros inorgânicos mais utilizados são: Óxido de zinco Dióxido de titânio o primeiro atua, principalmente, refletindo a radiação UV- A, enquanto o segundo a radiação UV-B. Possuem baixo potencial alergênico, podendo ser especialmente importante para formulações de produtos infantis, para uso diário e para indivíduos com peles sensíveis. São disponibilizados na forma de pó ou pré-dispersões e seus usos apresentam vantagens e desvantagens e a escolha final, dependerá de quais fatores são mais importantes para o formulador. FILTROS SOLARES ORGÂNICOS São geralmente, compostos aromáticos conjugados com um grupo carbonila. Estes produtos, diferentes dos anteriores, têm a vantagem de serem invisíveis após aplicação. A estrutura química dos filtros orgânicos permite a absorção dos raios UV nocivo ao ser humano, ou seja, radiação com alta energia, convertendo-a numa radiação inócua com baixa energia. FILTROS SOLARES ORGÂNICOS Ao trabalhar formulações com filtros orgânicos deve se tomar cuidado com qualquer fator que possa alterar a capacidade de ressonância do filtro orgânico o que prejudica a performance do FPS. Estes filtros, quando não solubilizados, cristalizam e não atuam como absorvedores, além de deixarem o produto final com sensação arenosa. As combinações de filtros inorgânicos com orgânicos aumentam o espectro de proteção, permitindo maiores FPS com redução do custo e potencial de reações irritantes. PROMOTORES DO FPS (BOOSTER/ENHARCERS ) Tem se pesquisado métodos para aumentar o FPS sem aumentar a quantidade de filtro solar, tornando o produto mais barato e com potencial irritante menor. Estas substâncias, capazes de elevar o FPS, são chamadas de enhancers ou boosters. Os silicones têm desempenhado este papel com resultados satisfatórios. PROMOTORES DO FPS (BOOSTER/ENHARCERS ) polímeros de silicone são: altamente resistentes à água, tem boa aplicação (espalhabilidade) reduzem o potencial irritante dos fotoprotetores, por reduzir sua concentração de uso. A cetil-dimeticona copoliol é eficaz na formulação de emulsões A/O. AS PLANTAS E OS EXTRATOS VANTAGENS DOS FILTROS NATURAIS Apresentam boa solubilidade em veículos aquosos. Não são potencialmente foto sensibilizantes. Possuem boas propriedades aplicativas cosmeticamente. São excelentes hidrantes. Sequestram os radicais livres. Fornecem precursores biológicos para manutenção da epiderme. DESVANTAGENS DOS FILTROS NATURAIS Apresentam variações físico-químicas devido à diferenças climáticas, estações do ano, e processamentos que as plantas receberam. Os princípios ativos das plantas não se encontram em altas concentrações se comparados a um produto sintético. AS PLANTAS E OS EXTRATOS CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância da proteção contra a radiação solar é cada vez mais evidente e o desenvolvimento de novos produtos, aliado ao aperfeiçoamento de técnicas conhecidas, é apenas uma maneira de aumentar a utilização de fotoprotetores no mercado, bem como, sua efetividade. A cultura e a forma de utilização dos filtros solares podem determinar o FPS atingido por cada produto. Desta forma, difundir a utilização correta de fotoprotetores é tão importante quanto as pesquisas por produtos mais eficientes. REFERÊNCIAS JOHNCOCK, W. Interação de Formulações com Filtro Solar. Coxmet. & Toiletries, v. 12, n. 4, p. 40-50, 2000. RANGEL, V.L.B.I.; CORRÊA, M.A. Foroproteção. Cosmet. & Toiletries, v.13, p.88-95, 2000. PINHEIRO DE AQUINO, M.C.; LAMBALOT, R.P. Fator de proteção solar e concentração de agentes antisolares. Aerosol & Cosméticos, p.8-15, 1989. GARCIA, C.R. O farmacêutico e a proteção solar. Ifarma, v.13, n.11/12, p.81-86, 2001. OBRIGADO!